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Lição 9 – 2EM

Leia o texto abaixo e faça um resumo. Em seguida, faça um comentário crítico do texto (10 linhas).

“Discorrer sobre O Morro dos Ventos Uivantes é analisar uma das maiores e mais profundas obras
da literatura mundial. De fato, poucas publicações tiveram o poder de chocar a princípio uma
sociedade conservadora e puritana, para com o passar dos anos ser cultuada e considerada por
muitos simplesmente a maior de todas as obras da literatura britânica.
Seu enredo poderia ter se tornado uma simples estória de amor não correspondido se tivesse sido
escrito por autores amadores. Mas a introvertida Emily Brontë o transformou numa fábula épica
sobre a influência do sofrimento e da vingança no amor e nas virtudes da moral humana.
Tudo começa numa noite enluarada, em que os ventos ruidosos faziam os galhos das árvores bater
furiosamente nas janelas daquela soturna residência localizada no cume de um monte provinciano
inglês, rendendo à casa o adequado nome de Morro dos Ventos Uivantes. A família Earnshaw
esperava ansiosamente a chegada do patriarca, que viajara a negócios para Liverpool.
Mas a chegada do Sr. Earnshaw trouxera consigo uma surpresa: ele não viera sozinho. Junto com
ele estava Heathcliff, um menino que fora encontrado por ele vagando sem rumos pelas ruas.
Apiedado, o Sr. Earnshaw o levou para casa e passou a trata-lo como filho, despertando a
compaixão de Catherine e o ciúme de Hindley, seus outros rebentos.
Enquanto o Sr. Earnshaw era vivo, Heathcliff era tratado como seu filho legítimo, tal qual os outros
dois. Mas após a sua morte, Hindley assumiu o controle da casa e transformou Heathcliff num mero
empregado, rebaixando-o até o limite de proibi-lo de freqüentar a igreja e estudar. Ele se tornou, aos
poucos, um mendigo intruso em sua própria casa.
Entretanto, a compaixão sentida por Catherine foi se fortalecendo em afeição profunda com o
passar dos anos. Quando Hindley estava ausente, ela e Heathcliff estavam constantemente juntos,
brincando, conversando, conhecendo as bonitas paisagens das redondezas e conhecendo melhor a si
mesmos. Era como se fossem o Raio e o Trovão, o Frio e a Neve; onde um estava, logo o outro
aparecia. Catherine era o único raio de sol na tempestuosa vida de Heathcliff, permeada pelas
humilhações e maus-tratos constantes de Hindley por muitos anos.
E tal tempestade ainda pôde ser agravada, quando Catherine conheceu Edgar Linton, um jovem,
bonito e rico rapaz das redondezas. A moça ficou encantada e deslumbrada com aquele novo mundo
que conhecera na residência dos Linton, cheia de luxo, festas e ostentação. Embora Catherine
dividisse seu tempo entre o novo amigo e Heathcliff, ele sentia muitos ciúmes. E ficou desesperado
ao entreouvir a conversa entre Catherine e a governanta do Morro dos Ventos Uivantes, numa certa
noite tempestuosa. Tal diálogo representa uma das mais bonitas e filosóficas passagens da
Literatura.
Catherine fora pedida em casamento por Edgar Linton. Mas embora tivesse aceitado, em seu
coração e em sua alma ela estava convencida de que agira mal. Mesmo que amasse Edgar e todo o
seu prestígio, jovialidade e dinheiro, ela jamais pensaria em aceitar se Hindley não houvesse
rebaixado tanto Heathcliff até a degradação, pois ambos seriam mendigos caso se casassem.
Heathcliff ouve tais sentenças e foge noite à fora. E nunca chega a ouvir o que veio a seguir.
Ainda assim, Catherine o amava de uma forma que nunca amaria Edgar, pois ambos só eram um no
outro, num lampejo filosófico em que ela própria afirma: “Eu sou Heathcliff”. Seu amor por Edgar
era como a folhagem das árvores, ele mudaria com o tempo. Mas seu amor por Heathcliff era como
as eternas rochas que jazem sob a terra, uma fonte de prazer pouco visível, porém necessária.
Após proferir tais linhas poéticas, Catherine é informada pela governanta de que Heathcliff ouvira
parte de seu discurso. Desnorteada e desesperada, Catherine sai correndo sob a tempestade em
busca de sua alma gêmea. Mas ela não o encontra, e volta para o Morro dos Ventos Uivantes no dia
seguinte, ensopada e com uma forte pneumonia.
Informado a respeito do estado de Catherine, Edgar a leva para sua casa e sua família cuida dela. E
de lá a moça nunca mais saiu.
3 anos se passam desde aquela fatídica noite tempestuosa. A antiga Catherine Earnshaw já se
chamava Catherine Linton e residia na bonita e rica Granja dos Tordos, quando um fantasma do
passado decidiu bater em sua porta.
Era Heathcliff, completamente irreconhecível. Nada nele lembrava o maltrapilha e sujo empregado
que fora antes. Ele estava elegante, bonito e muito rico. Nunca se soube o que ele fizera durante sua
ausência. Só se sabia que estava de volta, completamente mudado e que gostaria de manter relações
amigáveis com a Granja dos Tordos.
Mas se alguém pudesse ver a amargura latente em seu coração e sua mente, saberia que Heathcliff
voltara em busca de vingança. E ele a consegue, de forma que leva muitos leitores a contestar sua
humanidade e sua sanidade.
Heathcliff toma para si o Morro dos Ventos Uivantes, pagando todas as dívidas de jogo do seu
desafeto Hindley e transformando-o em empregado, tal qual fora feito consigo mesmo no passado.
E após a morte de Hindley, usa o filho dele para perpetuar a vingança.
Heathcliff também almejava se vingar de Edgar Linton, por roubar a única pessoa que o amava. Ele
então seduz e se casa com a irmã de Edgar, e a maltrata pior que a um animal peçonhento.
Tal afronta de Heathcliff ofende profundamente Edgar, que corta quaisquer relações com a irmã e o
cunhado. Em profundas tristeza, agonia e melancolia por ver tudo o que seu amado faz, a grávida
Catherine cai enferma, requerendo todos os cuidados do marido e dos empregados.
Sabendo da doença de sua bem-amada Catherine, Heathcliff aproveita uma oportunidade para
encontra-la a sós, na Granja. Quando finalmente se encontram sozinhos, não parecem seres
humanos. Se perdem entre tantos beijos, carícias e abraços apertados, enquanto trocam juras de
amor eterno, lamentações e reclamações quanto às condutas de cada um. Mas tamanha emoção foi
demais para o fraco estado físico de Catherine, que desmaia nos braços de Heathcliff no momento
em que seu marido adentra no recinto, encerrando a cena mais forte de todo o livro.
Algumas horas mais tarde, Catherine falece e sua filhinha nasce. Sentindo-se emocionalmente
vazio, Heathcliff roga uma praga contra a alma de sua amada, para que ela o persiga constantemente
e jamais tenha paz. Pois ele só conseguiria viver se pudesse sentir a presença de Catherine por
perto.
Durante os dezoito anos seguintes, não houve qualquer contato entre o Morro dos Ventos Uivantes e
a Granja dos Tordos. Heathcliff teve um filho com sua esposa, que fugiu para Londres e lá faleceu.
E os filhos de Hindley e Edgar também cresceram.
Sem o único cordão que o ligava à humanidade e à bondade, Heathcliff se tornou um homem frio,
egoísta e inescrupuloso. Ele parecia ter prazer em apreciar a depreciação de seus inimigos em suas
mãos. Utilizando seu filho e a filha de Catherine como meros fantoches em seu ambicioso teatro
sádico, Heathcliff se torna dono da Granja dos Tordos, unificando as duas residências cujos antigos
donos foram os responsáveis por sua degradação moral.
E assim ele seguiu com suas atitudes sádicas, maltratando todos ao seu redor e sentindo a presença
de Catherine vagando perto de si. Se a ele foi permitida uma redenção final em sua morte, ele e
Catherine puderam finalmente ficar juntos. No céu, na Terra ou no inferno, em qualquer lugar eles
seriam felizes, desde que estivessem juntos. Pois como disse Catherine na triste noite em que
Heathcliff fugiu, “Não tenho o direito de estar no céu assim como não tenho o direito de casar com
Edgar, pois minha alma só seria feliz onde Heathcliff estiver”.
O Morro dos Ventos Uivantes é bem sucedido na medida em que retrata e analisa a mesquinha
sociedade interiorana da Inglaterra e seus costumes ortodoxos, contrastando com as ações chocantes
de certos personagens. A narrativa é bem interessante e nos força a ler através das entrelinhas, pois
o livro inteiro é narrado sob o ponto de vista da governanta do Morro dos Ventos Uivantes, o que
nos leva a crer que, inevitavelmente, a imparcialidade não fez parte da estrutura de narração dos
fatos.
O incesto e o casamento por conveniência retratados na obra trouxeram à lume práticas conhecidas
porém disfarçadas por aquela sociedade puritana e mesquinha do séc. XIX, fazendo o livro ser
taxado por muitos críticos de então como uma obra cruel e demoníaca. Um grande equívoco, visto
que nele o amor é descrito de forma bela e crua, sem fazer nenhuma alusão a cenas de sexo ou
palavras rudes.
Somente com o passar dos anos é que o mundo soube apreciar a beleza e a profundidade dessa obra,
tendo como consequências críticas entusiastas até mesmo de escritores do porte de Virginia Wolf e
seis adaptações cinematográficas, além de inúmeras referências em outros livros e filmes (ex.:
Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Cold Mountain, Eu sou o Mensageiro etc) e também sendo tema de
uma tocante canção da cantora estrangeira Kate Bush (Wuthering Heights).
Se Heathcliff aprendeu alguma lição, foi a de que a vingança nunca é plena, pois mata a alma e
envenena. Pois como o próprio afirma tristemente em seu leito de morte: “(...) Eu lutei para realizar
e assistir a degradação de meus inimigos, e agora que finalmente o consegui, não sinto prazer algum
com isso.”.
Felizmente, nós, leitores em pleno séc. XXI, ainda sentimos muito prazer em ler e reler tão
magnífica obra e em aprender através dos erros e acertos de seus personagens multidimensionais.

Thiago quot;Jamesquot; Leite Cruz
Disponível em: http://cienciadiplomatica.blogspot.com/2009/03/o-morro-dos-ventos-uivantes-uma-
analise.html. Acesso em 05/04/2009.

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O Morro dos Ventos Uivantes análise

  • 1. Lição 9 – 2EM Leia o texto abaixo e faça um resumo. Em seguida, faça um comentário crítico do texto (10 linhas). “Discorrer sobre O Morro dos Ventos Uivantes é analisar uma das maiores e mais profundas obras da literatura mundial. De fato, poucas publicações tiveram o poder de chocar a princípio uma sociedade conservadora e puritana, para com o passar dos anos ser cultuada e considerada por muitos simplesmente a maior de todas as obras da literatura britânica. Seu enredo poderia ter se tornado uma simples estória de amor não correspondido se tivesse sido escrito por autores amadores. Mas a introvertida Emily Brontë o transformou numa fábula épica sobre a influência do sofrimento e da vingança no amor e nas virtudes da moral humana. Tudo começa numa noite enluarada, em que os ventos ruidosos faziam os galhos das árvores bater furiosamente nas janelas daquela soturna residência localizada no cume de um monte provinciano inglês, rendendo à casa o adequado nome de Morro dos Ventos Uivantes. A família Earnshaw esperava ansiosamente a chegada do patriarca, que viajara a negócios para Liverpool. Mas a chegada do Sr. Earnshaw trouxera consigo uma surpresa: ele não viera sozinho. Junto com ele estava Heathcliff, um menino que fora encontrado por ele vagando sem rumos pelas ruas. Apiedado, o Sr. Earnshaw o levou para casa e passou a trata-lo como filho, despertando a compaixão de Catherine e o ciúme de Hindley, seus outros rebentos. Enquanto o Sr. Earnshaw era vivo, Heathcliff era tratado como seu filho legítimo, tal qual os outros dois. Mas após a sua morte, Hindley assumiu o controle da casa e transformou Heathcliff num mero empregado, rebaixando-o até o limite de proibi-lo de freqüentar a igreja e estudar. Ele se tornou, aos poucos, um mendigo intruso em sua própria casa. Entretanto, a compaixão sentida por Catherine foi se fortalecendo em afeição profunda com o passar dos anos. Quando Hindley estava ausente, ela e Heathcliff estavam constantemente juntos, brincando, conversando, conhecendo as bonitas paisagens das redondezas e conhecendo melhor a si mesmos. Era como se fossem o Raio e o Trovão, o Frio e a Neve; onde um estava, logo o outro aparecia. Catherine era o único raio de sol na tempestuosa vida de Heathcliff, permeada pelas humilhações e maus-tratos constantes de Hindley por muitos anos. E tal tempestade ainda pôde ser agravada, quando Catherine conheceu Edgar Linton, um jovem, bonito e rico rapaz das redondezas. A moça ficou encantada e deslumbrada com aquele novo mundo que conhecera na residência dos Linton, cheia de luxo, festas e ostentação. Embora Catherine dividisse seu tempo entre o novo amigo e Heathcliff, ele sentia muitos ciúmes. E ficou desesperado ao entreouvir a conversa entre Catherine e a governanta do Morro dos Ventos Uivantes, numa certa noite tempestuosa. Tal diálogo representa uma das mais bonitas e filosóficas passagens da Literatura. Catherine fora pedida em casamento por Edgar Linton. Mas embora tivesse aceitado, em seu coração e em sua alma ela estava convencida de que agira mal. Mesmo que amasse Edgar e todo o seu prestígio, jovialidade e dinheiro, ela jamais pensaria em aceitar se Hindley não houvesse rebaixado tanto Heathcliff até a degradação, pois ambos seriam mendigos caso se casassem. Heathcliff ouve tais sentenças e foge noite à fora. E nunca chega a ouvir o que veio a seguir. Ainda assim, Catherine o amava de uma forma que nunca amaria Edgar, pois ambos só eram um no outro, num lampejo filosófico em que ela própria afirma: “Eu sou Heathcliff”. Seu amor por Edgar era como a folhagem das árvores, ele mudaria com o tempo. Mas seu amor por Heathcliff era como as eternas rochas que jazem sob a terra, uma fonte de prazer pouco visível, porém necessária. Após proferir tais linhas poéticas, Catherine é informada pela governanta de que Heathcliff ouvira parte de seu discurso. Desnorteada e desesperada, Catherine sai correndo sob a tempestade em busca de sua alma gêmea. Mas ela não o encontra, e volta para o Morro dos Ventos Uivantes no dia seguinte, ensopada e com uma forte pneumonia. Informado a respeito do estado de Catherine, Edgar a leva para sua casa e sua família cuida dela. E de lá a moça nunca mais saiu. 3 anos se passam desde aquela fatídica noite tempestuosa. A antiga Catherine Earnshaw já se
  • 2. chamava Catherine Linton e residia na bonita e rica Granja dos Tordos, quando um fantasma do passado decidiu bater em sua porta. Era Heathcliff, completamente irreconhecível. Nada nele lembrava o maltrapilha e sujo empregado que fora antes. Ele estava elegante, bonito e muito rico. Nunca se soube o que ele fizera durante sua ausência. Só se sabia que estava de volta, completamente mudado e que gostaria de manter relações amigáveis com a Granja dos Tordos. Mas se alguém pudesse ver a amargura latente em seu coração e sua mente, saberia que Heathcliff voltara em busca de vingança. E ele a consegue, de forma que leva muitos leitores a contestar sua humanidade e sua sanidade. Heathcliff toma para si o Morro dos Ventos Uivantes, pagando todas as dívidas de jogo do seu desafeto Hindley e transformando-o em empregado, tal qual fora feito consigo mesmo no passado. E após a morte de Hindley, usa o filho dele para perpetuar a vingança. Heathcliff também almejava se vingar de Edgar Linton, por roubar a única pessoa que o amava. Ele então seduz e se casa com a irmã de Edgar, e a maltrata pior que a um animal peçonhento. Tal afronta de Heathcliff ofende profundamente Edgar, que corta quaisquer relações com a irmã e o cunhado. Em profundas tristeza, agonia e melancolia por ver tudo o que seu amado faz, a grávida Catherine cai enferma, requerendo todos os cuidados do marido e dos empregados. Sabendo da doença de sua bem-amada Catherine, Heathcliff aproveita uma oportunidade para encontra-la a sós, na Granja. Quando finalmente se encontram sozinhos, não parecem seres humanos. Se perdem entre tantos beijos, carícias e abraços apertados, enquanto trocam juras de amor eterno, lamentações e reclamações quanto às condutas de cada um. Mas tamanha emoção foi demais para o fraco estado físico de Catherine, que desmaia nos braços de Heathcliff no momento em que seu marido adentra no recinto, encerrando a cena mais forte de todo o livro. Algumas horas mais tarde, Catherine falece e sua filhinha nasce. Sentindo-se emocionalmente vazio, Heathcliff roga uma praga contra a alma de sua amada, para que ela o persiga constantemente e jamais tenha paz. Pois ele só conseguiria viver se pudesse sentir a presença de Catherine por perto. Durante os dezoito anos seguintes, não houve qualquer contato entre o Morro dos Ventos Uivantes e a Granja dos Tordos. Heathcliff teve um filho com sua esposa, que fugiu para Londres e lá faleceu. E os filhos de Hindley e Edgar também cresceram. Sem o único cordão que o ligava à humanidade e à bondade, Heathcliff se tornou um homem frio, egoísta e inescrupuloso. Ele parecia ter prazer em apreciar a depreciação de seus inimigos em suas mãos. Utilizando seu filho e a filha de Catherine como meros fantoches em seu ambicioso teatro sádico, Heathcliff se torna dono da Granja dos Tordos, unificando as duas residências cujos antigos donos foram os responsáveis por sua degradação moral. E assim ele seguiu com suas atitudes sádicas, maltratando todos ao seu redor e sentindo a presença de Catherine vagando perto de si. Se a ele foi permitida uma redenção final em sua morte, ele e Catherine puderam finalmente ficar juntos. No céu, na Terra ou no inferno, em qualquer lugar eles seriam felizes, desde que estivessem juntos. Pois como disse Catherine na triste noite em que Heathcliff fugiu, “Não tenho o direito de estar no céu assim como não tenho o direito de casar com Edgar, pois minha alma só seria feliz onde Heathcliff estiver”. O Morro dos Ventos Uivantes é bem sucedido na medida em que retrata e analisa a mesquinha sociedade interiorana da Inglaterra e seus costumes ortodoxos, contrastando com as ações chocantes de certos personagens. A narrativa é bem interessante e nos força a ler através das entrelinhas, pois o livro inteiro é narrado sob o ponto de vista da governanta do Morro dos Ventos Uivantes, o que nos leva a crer que, inevitavelmente, a imparcialidade não fez parte da estrutura de narração dos fatos. O incesto e o casamento por conveniência retratados na obra trouxeram à lume práticas conhecidas porém disfarçadas por aquela sociedade puritana e mesquinha do séc. XIX, fazendo o livro ser taxado por muitos críticos de então como uma obra cruel e demoníaca. Um grande equívoco, visto que nele o amor é descrito de forma bela e crua, sem fazer nenhuma alusão a cenas de sexo ou palavras rudes.
  • 3. Somente com o passar dos anos é que o mundo soube apreciar a beleza e a profundidade dessa obra, tendo como consequências críticas entusiastas até mesmo de escritores do porte de Virginia Wolf e seis adaptações cinematográficas, além de inúmeras referências em outros livros e filmes (ex.: Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse, Cold Mountain, Eu sou o Mensageiro etc) e também sendo tema de uma tocante canção da cantora estrangeira Kate Bush (Wuthering Heights). Se Heathcliff aprendeu alguma lição, foi a de que a vingança nunca é plena, pois mata a alma e envenena. Pois como o próprio afirma tristemente em seu leito de morte: “(...) Eu lutei para realizar e assistir a degradação de meus inimigos, e agora que finalmente o consegui, não sinto prazer algum com isso.”. Felizmente, nós, leitores em pleno séc. XXI, ainda sentimos muito prazer em ler e reler tão magnífica obra e em aprender através dos erros e acertos de seus personagens multidimensionais. Thiago quot;Jamesquot; Leite Cruz Disponível em: http://cienciadiplomatica.blogspot.com/2009/03/o-morro-dos-ventos-uivantes-uma- analise.html. Acesso em 05/04/2009.