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Matéria de Capa




                          Brasil é
             OFF ROAD
Fotos: Divulgação




                12 - JUNHO 2011
Pista de Julgamento e Fórmula 1:
                uma semelhança questionável
                          William Koury Filho*




É
     freqüente ouvirmos a comparação das pistas de julgamento com
     a F1. A analogia, realmente, faz muito sentido, tanto pelo am-
     biente tecnológico quanto pela performance dos animais. Contu-
do, é preciso aprofundarmos a reflexão.
    Desde jovem, a arte de olhar para o gado de maneira crítica (jul-
gar, classificar, apartar e selecionar) me fascina. Criado numa família
que vive da pecuária, assisti meu pai frequentando pistas na década de
1970, e tatersais de leilões desde os primeiros anos de 1980. Também
acompanhei o deslocamento da atividade da família do estado de São
Paulo para o Mato Grosso do Sul, deixando as pistas e focando na co-
mercialização de touros. Em meados da década de 1990, subimos no
mapa, alcançando o Mato Grosso. Lá, aumentamos o rebanho, e, com
a implementação de novas tecnologias em melhoramento genético,
imprimimos maior pressão de seleção.
    Durante quase 40 anos observei a pecuária bovina do Brasil pela
janela de casa, interagindo com a perspectiva de muitos mestres (com
ou sem formação acadêmica). Por isso, sempre destaco a importância
da Universidade conciliada à prática de campo na escola da vida.
    Hoje, já estou com os cabelos brancos e, portanto, com a experi-
ência que me permite escrever sobre assuntos polêmicos – sem que-
rer ditar regras. Acredito ser muito importante que técnicos, jurados,
criadores e associações, juntos, conduzam discussões sadias em prol
do sucesso das criticadas pistas de julgamento. Na minha opinião, as
pistas são um momento único de apreciação da qualidade morfológi-




                                                                          REVISTA AG - 13
Matéria de Capa

ca detalhada dos animais de uma deter-    uma curva de crescimento diferencia-      rações que chegam a custar mais de
minada raça e têm a função de apontar     da, adequada para uma pecuária de ci-     R$100,00 o saco, além de suplementos
para modelos morfológicos a serem         clo curto.                                requintados, de instalações, tratadores,
adotados para desempenhar uma deter-           E sobre o tamanho moderado: será     apresentadores e casqueadores que po-
minada função na pecuária nacional.       que os animais da raça Nelore que ga-     dem definir, no detalhe, a performance
    O problema é que a maioria das        nham as atuais pistas são medianos?       de um time de ponta.
associações tem se omitido em apon-           Citei como exemplo a raça porque          Pois é, parece mesmo uma equipe
tar um biotipo, e, também, em definir     neste mês julguei Brahman e Guzerá        de F1, onde, embora muito importan-
prioridades nos critérios de julgamen-    ao lado da pista de Nelore, em Uberaba    te, não basta a habilidade do piloto:
to, jogando toda essa responsabilidade    e em Curvelo/MG, respectivamente,         também contam o volume de investi-
para os jurados.                          e pude ver o quanto os animais desta      mento, o combustível, o pneu ou um
    Nas pistas, o discurso é de equilí-   raça estão grandes. É muita perna!        detalhe tecnológico que pode definir a
brio entre profundidade de costelas e         Particularmente, há alguns anos eu    equipe campeã naquele ano.
altura de membros; de tamanho mode-       considerava que um animal poderia ser
rado e de funcionalidade. Mas na práti-   até de porte maior, contanto que tives-      Genótipo x Ambiente:
ca não é bem assim.                       se boas proporções em suas medidas.          Difícil interAção
    Bezerros com muita profundidade       Hoje, trabalhos científicos demonstram
de costelas e pouca perna param logo      que animais de porte grande são mais          Nas exposições, independentemen-
de crescer e podem não dar o peso ade-    exigentes em ambiente e que a maior       te das sinalizações anteriores de tabelas
quado de abate, assim como animais        necessidade de mantença se reflete no     de peso máximo, ou mesmo colocando
adultos com 50% de costelas e 50% de      desempenho reprodutivo quando não         algumas regras para que seja alcan-
pernas são tardios para qualquer raça     se tem aporte nutricional suficiente.     çado um mínimo em desempenho re-
bovina. Então, o que é um animal equi-        Uma das maiores dificuldades que      produtivo, os animais de ponta têm de
librado?                                  temos num julgamento é não nos im-        corresponder muito bem como grandes
    E aquelas críticas sobre o animal     pressionarmos com o tamanho dos ani-      ganhadores de peso. Situação análoga
que estava se desenvolvendo bem, mas      mais que foram criados num sistema de     acontece na F1, na qual se busca ve-
parou de crescer? O que se deseja são     produção muito diferente da realidade     locidade em um circuito que possui
animais precoces ou tardios? Se preco-    brasileira. O ideal é premiar aqueles     muitas curvas, ou seja, não basta maior
ces, talvez o bom mesmo é o que para      indivíduos que realmente possam ter       rapidez nas retas, é também necessário
de crescer (ponto B), apresentando        bom desempenho a campo, pois a com-       um carro com estabilidade para obter
                                          petitividade mundial da nossa pecuária    também melhor desempenho nas cur-
                                          deve-se, em grande parte, ao capim e      vas.
                                          seus baixos custos para a produção de         No entanto, os autódromos são per-
                                          carne e leite. O número de animais ter-   feitos quanto à qualidade do asfalto,
                                          minados em confinamento é crescente,      com o mínimo de irregularidades que
                                          mas a manutenção das matrizes e a re-     possam comprometer o desempenho
                                          cria dos animais são a pasto.             dos carros. Sendo assim, dá para ima-
                                              O ambiente de pasto vem melhoran-
                                          do nos últimos anos, com suplementos        O momento é oportuno para que
                                          e pastagens melhor manejadas, mas
                                          está cada vez mais distante da tecnolo-
                                                                                      seja proposto o biótipo ideal nas
                                          gia aplicada nas cocheiras, que utiliza     diferentes raças zebuínas




14 - JUNHO 2011
ANÚNCIO



          REVISTA AG - 15
Matéria de Capa

ginar um carro de F1 nas rodovias con-
vencionais da Europa ou dos Estados                                                      Nas raças bovinas o retorno
Unidos? E nas estradas de asfalto mal                                                    econômico se dá com a venda de
conservadas da região Centro-Oeste do                                                    touros e sêmen
Brasil? E na terra?
    O fato é que, enquanto o rebanho
de quase 200 milhões de animais no
Brasil tem de pegar muita poeira e
lama nas estradas de chão (ambiente a
pasto), o preparo para a pista está cada
vez mais sofisticado. O resultado é um
gado com performance nos autódro-
mos (cocheira), mas incapaz de obter
bom desempenho em estradas precá-
rias, sob seca ou chuva, onde há lama,
buracos, e com muita poeira e trepida-
ção nas “costelas de vaca”.
    Esse distanciamento pode ser ob-
servado no tamanho ou frame size das
matrizes e reprodutores da raça Nelore
que geram os atuais campeões. O resul-
tado dos touros líderes do ranking para    É necessário atentar para as caracterís-      chegada de variabilidade genética impor-
esta raça, e seus desempenhos médios       ticas indicadoras de fertilidade, para a      tada da Índia. Todavia, esse material gené-
em programas de melhoramento, é uma        cria ao pé e quanto a qualidade do pro-       tico não deverá acompanhar o desempe-
comprovação técnica. Esses animais vão     duto deveria influenciar na premiação         nho em ganho de peso dos animais líderes
muito bem na reta (DEPs de crescimento     da matriz.                                    dos atuais rankings de pista (selecionados
ou peso), mas, quando vão para as curvas       No encontro de fevereiro passa-           para ambiente ultraprivilegiado). Mesmo
(DEPs de perímetro escrotal e habilidade   do, promovido pela ABCZ, o assunto            assim, os indianos podem contribuir, além
materna), se complicam. Além disso, se     modelo a ser adotado veio à tona, mas         de heterose, para características de adap-
precisarem ir para estradas esburacadas    respostas mais objetivas não surgiram         tação, fertilidade e raça, já que no país de
ou de terra, aí constatamos que de fato    ainda.                                        origem são duramente colocados a situa-
tem muita coisa a se modificar no motor,       Um caso bem atual é o do Gir Lei-         ções de ambiente restritivo.
suspensão, chassi e aerodinâmica. Ou       teiro, que definiu que a função de pro-           Sei que não é fácil propor critérios de
seja, o desenho e as proporções corpo-     duzir leite era o principal atributo a        julgamento e apontar para uma referên-
rais (DEPs morfológicas e de carcaça)      ser ponderado. O mercado respondeu            cia de animal “ideal” (True Type), e que
deverão ser muito diferentes.              muito bem, animais que não apresenta-         cada raça tem suas qualidades e defeitos
    Algumas raças estão com o tama-        ram produção de leite perderam valor,         específicos a serem trabalhados num es-
nho e desenho mais distantes do bió-       independente da “beleza estética”. Ini-       paço de tempo, mas não se pode negar a
tipo que apresenta saúde no campo          cialmente, o trabalho passou por cima         distância da genética utilizada nas pistas
(proporções corporais – relação entre      de detalhes raciais – embora não abrin-       de hoje – por exemplo, na raça Nelore –,
comprimento, profundidade de coste-        do mão do enquadramento racial – mas          com a genética de melhores resultados a
las, altura de pernas, arqueamento de      assumindo que a aptidão de produção           campo.
costelas, abertura de peito, perímetro     leiteira era o objetivo primordial. Fo-           Assim, a tecnologia desenvolvida na
torácico, musculosidade e característi-    ram realizados estudos morfométricos          F1 (pistas) precisa chegar aos carros de
cas sexuais secundárias). O que esta-      no campo e foi proposta uma referên-          passeio (campo). Retorno econômico
mos chamando de “saúde” no campo é         cia de modelo de vaca com desenho             aos patrocinadores, espaço nas mídias e
adaptabilidade, chamada por alguns de      produtivo, estrutura forte sem exagero,       valorização da marca pagam a conta na
rusticidade, ou seja, é o que garante a    tamanho moderado, feminina e perfeita         F1. Nas raças bovinas, isso se faz com a
eficiência em reprodução.                  no padrão racial.                             venda de touros e sêmen que serão utili-
    Mesmo com toda a dificuldade da            Seguindo o exemplo do Gir Leiteiro,       zados no universo de 70 milhões de vacas
interação genótipo-ambiente, que fa-       o momento é muito oportuno para que o         no Brasil. Estamos lidando com um país
vorece determinadas linhagens em           biótipo ideal nas diferentes raças zebuínas   onde, sem dúvida, a vocação produtiva é
situações privilegiadas, as associações    seja proposto por dois importantes moti-      a pasto, na qual o ambiente é totalmente
de raças deveriam estudar mais o as-       vos: o primeiro é que contamos com pro-       Off Road.
sunto, compor comissões com técni-         gramas de melhoramento genético geran-
                                                                                                *Diretor da BrasilcomZ – Zootecnia
cos e criadores (mercado) e propor um      do DEPs e valores moleculares cada vez                Tropical - www.brasilcomz.com.br
desenho, uma referência de tamanho.        mais precisos; o segundo é aproveitar a                  Colaborou Luciano Bitencourt.


16 - JUNHO 2011

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Brasil é Off Road

  • 1. Matéria de Capa Brasil é OFF ROAD Fotos: Divulgação 12 - JUNHO 2011
  • 2. Pista de Julgamento e Fórmula 1: uma semelhança questionável William Koury Filho* É freqüente ouvirmos a comparação das pistas de julgamento com a F1. A analogia, realmente, faz muito sentido, tanto pelo am- biente tecnológico quanto pela performance dos animais. Contu- do, é preciso aprofundarmos a reflexão. Desde jovem, a arte de olhar para o gado de maneira crítica (jul- gar, classificar, apartar e selecionar) me fascina. Criado numa família que vive da pecuária, assisti meu pai frequentando pistas na década de 1970, e tatersais de leilões desde os primeiros anos de 1980. Também acompanhei o deslocamento da atividade da família do estado de São Paulo para o Mato Grosso do Sul, deixando as pistas e focando na co- mercialização de touros. Em meados da década de 1990, subimos no mapa, alcançando o Mato Grosso. Lá, aumentamos o rebanho, e, com a implementação de novas tecnologias em melhoramento genético, imprimimos maior pressão de seleção. Durante quase 40 anos observei a pecuária bovina do Brasil pela janela de casa, interagindo com a perspectiva de muitos mestres (com ou sem formação acadêmica). Por isso, sempre destaco a importância da Universidade conciliada à prática de campo na escola da vida. Hoje, já estou com os cabelos brancos e, portanto, com a experi- ência que me permite escrever sobre assuntos polêmicos – sem que- rer ditar regras. Acredito ser muito importante que técnicos, jurados, criadores e associações, juntos, conduzam discussões sadias em prol do sucesso das criticadas pistas de julgamento. Na minha opinião, as pistas são um momento único de apreciação da qualidade morfológi- REVISTA AG - 13
  • 3. Matéria de Capa ca detalhada dos animais de uma deter- uma curva de crescimento diferencia- rações que chegam a custar mais de minada raça e têm a função de apontar da, adequada para uma pecuária de ci- R$100,00 o saco, além de suplementos para modelos morfológicos a serem clo curto. requintados, de instalações, tratadores, adotados para desempenhar uma deter- E sobre o tamanho moderado: será apresentadores e casqueadores que po- minada função na pecuária nacional. que os animais da raça Nelore que ga- dem definir, no detalhe, a performance O problema é que a maioria das nham as atuais pistas são medianos? de um time de ponta. associações tem se omitido em apon- Citei como exemplo a raça porque Pois é, parece mesmo uma equipe tar um biotipo, e, também, em definir neste mês julguei Brahman e Guzerá de F1, onde, embora muito importan- prioridades nos critérios de julgamen- ao lado da pista de Nelore, em Uberaba te, não basta a habilidade do piloto: to, jogando toda essa responsabilidade e em Curvelo/MG, respectivamente, também contam o volume de investi- para os jurados. e pude ver o quanto os animais desta mento, o combustível, o pneu ou um Nas pistas, o discurso é de equilí- raça estão grandes. É muita perna! detalhe tecnológico que pode definir a brio entre profundidade de costelas e Particularmente, há alguns anos eu equipe campeã naquele ano. altura de membros; de tamanho mode- considerava que um animal poderia ser rado e de funcionalidade. Mas na práti- até de porte maior, contanto que tives- Genótipo x Ambiente: ca não é bem assim. se boas proporções em suas medidas. Difícil interAção Bezerros com muita profundidade Hoje, trabalhos científicos demonstram de costelas e pouca perna param logo que animais de porte grande são mais Nas exposições, independentemen- de crescer e podem não dar o peso ade- exigentes em ambiente e que a maior te das sinalizações anteriores de tabelas quado de abate, assim como animais necessidade de mantença se reflete no de peso máximo, ou mesmo colocando adultos com 50% de costelas e 50% de desempenho reprodutivo quando não algumas regras para que seja alcan- pernas são tardios para qualquer raça se tem aporte nutricional suficiente. çado um mínimo em desempenho re- bovina. Então, o que é um animal equi- Uma das maiores dificuldades que produtivo, os animais de ponta têm de librado? temos num julgamento é não nos im- corresponder muito bem como grandes E aquelas críticas sobre o animal pressionarmos com o tamanho dos ani- ganhadores de peso. Situação análoga que estava se desenvolvendo bem, mas mais que foram criados num sistema de acontece na F1, na qual se busca ve- parou de crescer? O que se deseja são produção muito diferente da realidade locidade em um circuito que possui animais precoces ou tardios? Se preco- brasileira. O ideal é premiar aqueles muitas curvas, ou seja, não basta maior ces, talvez o bom mesmo é o que para indivíduos que realmente possam ter rapidez nas retas, é também necessário de crescer (ponto B), apresentando bom desempenho a campo, pois a com- um carro com estabilidade para obter petitividade mundial da nossa pecuária também melhor desempenho nas cur- deve-se, em grande parte, ao capim e vas. seus baixos custos para a produção de No entanto, os autódromos são per- carne e leite. O número de animais ter- feitos quanto à qualidade do asfalto, minados em confinamento é crescente, com o mínimo de irregularidades que mas a manutenção das matrizes e a re- possam comprometer o desempenho cria dos animais são a pasto. dos carros. Sendo assim, dá para ima- O ambiente de pasto vem melhoran- do nos últimos anos, com suplementos O momento é oportuno para que e pastagens melhor manejadas, mas está cada vez mais distante da tecnolo- seja proposto o biótipo ideal nas gia aplicada nas cocheiras, que utiliza diferentes raças zebuínas 14 - JUNHO 2011
  • 4. ANÚNCIO REVISTA AG - 15
  • 5. Matéria de Capa ginar um carro de F1 nas rodovias con- vencionais da Europa ou dos Estados Nas raças bovinas o retorno Unidos? E nas estradas de asfalto mal econômico se dá com a venda de conservadas da região Centro-Oeste do touros e sêmen Brasil? E na terra? O fato é que, enquanto o rebanho de quase 200 milhões de animais no Brasil tem de pegar muita poeira e lama nas estradas de chão (ambiente a pasto), o preparo para a pista está cada vez mais sofisticado. O resultado é um gado com performance nos autódro- mos (cocheira), mas incapaz de obter bom desempenho em estradas precá- rias, sob seca ou chuva, onde há lama, buracos, e com muita poeira e trepida- ção nas “costelas de vaca”. Esse distanciamento pode ser ob- servado no tamanho ou frame size das matrizes e reprodutores da raça Nelore que geram os atuais campeões. O resul- tado dos touros líderes do ranking para É necessário atentar para as caracterís- chegada de variabilidade genética impor- esta raça, e seus desempenhos médios ticas indicadoras de fertilidade, para a tada da Índia. Todavia, esse material gené- em programas de melhoramento, é uma cria ao pé e quanto a qualidade do pro- tico não deverá acompanhar o desempe- comprovação técnica. Esses animais vão duto deveria influenciar na premiação nho em ganho de peso dos animais líderes muito bem na reta (DEPs de crescimento da matriz. dos atuais rankings de pista (selecionados ou peso), mas, quando vão para as curvas No encontro de fevereiro passa- para ambiente ultraprivilegiado). Mesmo (DEPs de perímetro escrotal e habilidade do, promovido pela ABCZ, o assunto assim, os indianos podem contribuir, além materna), se complicam. Além disso, se modelo a ser adotado veio à tona, mas de heterose, para características de adap- precisarem ir para estradas esburacadas respostas mais objetivas não surgiram tação, fertilidade e raça, já que no país de ou de terra, aí constatamos que de fato ainda. origem são duramente colocados a situa- tem muita coisa a se modificar no motor, Um caso bem atual é o do Gir Lei- ções de ambiente restritivo. suspensão, chassi e aerodinâmica. Ou teiro, que definiu que a função de pro- Sei que não é fácil propor critérios de seja, o desenho e as proporções corpo- duzir leite era o principal atributo a julgamento e apontar para uma referên- rais (DEPs morfológicas e de carcaça) ser ponderado. O mercado respondeu cia de animal “ideal” (True Type), e que deverão ser muito diferentes. muito bem, animais que não apresenta- cada raça tem suas qualidades e defeitos Algumas raças estão com o tama- ram produção de leite perderam valor, específicos a serem trabalhados num es- nho e desenho mais distantes do bió- independente da “beleza estética”. Ini- paço de tempo, mas não se pode negar a tipo que apresenta saúde no campo cialmente, o trabalho passou por cima distância da genética utilizada nas pistas (proporções corporais – relação entre de detalhes raciais – embora não abrin- de hoje – por exemplo, na raça Nelore –, comprimento, profundidade de coste- do mão do enquadramento racial – mas com a genética de melhores resultados a las, altura de pernas, arqueamento de assumindo que a aptidão de produção campo. costelas, abertura de peito, perímetro leiteira era o objetivo primordial. Fo- Assim, a tecnologia desenvolvida na torácico, musculosidade e característi- ram realizados estudos morfométricos F1 (pistas) precisa chegar aos carros de cas sexuais secundárias). O que esta- no campo e foi proposta uma referên- passeio (campo). Retorno econômico mos chamando de “saúde” no campo é cia de modelo de vaca com desenho aos patrocinadores, espaço nas mídias e adaptabilidade, chamada por alguns de produtivo, estrutura forte sem exagero, valorização da marca pagam a conta na rusticidade, ou seja, é o que garante a tamanho moderado, feminina e perfeita F1. Nas raças bovinas, isso se faz com a eficiência em reprodução. no padrão racial. venda de touros e sêmen que serão utili- Mesmo com toda a dificuldade da Seguindo o exemplo do Gir Leiteiro, zados no universo de 70 milhões de vacas interação genótipo-ambiente, que fa- o momento é muito oportuno para que o no Brasil. Estamos lidando com um país vorece determinadas linhagens em biótipo ideal nas diferentes raças zebuínas onde, sem dúvida, a vocação produtiva é situações privilegiadas, as associações seja proposto por dois importantes moti- a pasto, na qual o ambiente é totalmente de raças deveriam estudar mais o as- vos: o primeiro é que contamos com pro- Off Road. sunto, compor comissões com técni- gramas de melhoramento genético geran- *Diretor da BrasilcomZ – Zootecnia cos e criadores (mercado) e propor um do DEPs e valores moleculares cada vez Tropical - www.brasilcomz.com.br desenho, uma referência de tamanho. mais precisos; o segundo é aproveitar a Colaborou Luciano Bitencourt. 16 - JUNHO 2011