O documento descreve a história da Viação Aérea São Paulo (VASP), começando em 1933 com dois aviões monomotores e expandindo para voos regionais. A VASP cresceu ao longo dos anos com a aquisição de novos aviões como Junkers, DC-3 e 737. Após a privatização em 1990, a VASP expandiu internacionalmente, mas enfrentou dificuldades financeiras e cancelou rotas até encerrar operações em 2005.
2. O início
Em 1933 um grupo de empresários e
pilotos criou a Viação Aérea São Paulo
Seus primeiros aviões, baseados no
Campo de Marte, foram dois Monospar
ST-4 ingleses, batizados Bartholomeu de
Gusmão (PP-SPA) e Edu Chaves (PP-SPB),
com capacidade para três passageiros –
esses aviões voaram até 1937
Em 12 de novembro daquele ano, foram
inauguradas as duas primeiras linhas,
de São Paulo a São José do Rio
Preto com escala em São Carlos, e São
Paulo a Uberaba com escala em Ribeirão
Preto.
3. Mudança para Congonhas
Em 1934, passou a operar no recém
inaugurado aeroporto de Congonhas, que
ficou conhecido como “Campo da VASP”
Em 1935, com problemas financeiros, foi
estatizada pelo governo do Estado, que
aportou recursos para a compra de dois
Junkers Ju-52, alemães, para 16
passageiros.
Eram conhecidos na Alemanha como "Tante
Ju“ (Tia Ju) e foram extensivamente
utilizados na 2ª Guerra Mundial – voavam
a 250 km/h
4. Voando para o Rio
Em 1936 estabeleceu a
primeira linha entre São
Paulo e Rio de Janeiro, e
em 1937 recebeu seu
terceiro Junkers.
O PP-SPD, mostrado no
anúncio, sofreu um
acidente ao decolar do
Santos Dumont: colidiu com
o prédio da Escola Naval,
partiu-se em dois e uma das
partes caiu no mar, matando
18 das 21 pessoas a bordo
(27.8.1943)
5. No Rio, a primeira tragédia
Esse Junkers sofreu o primeiro grande acidente de nossa aviação: em 8
de novembro de 1939, chocou-se, após a decolagem do aeroporto
Santos Dumont, com um De Havilland 90 Dragonfly (como o da foto)
pertencente à Shell argentina, que fazia acrobacias como parte de um
festival aéreo – não houve sobreviventes, o Junkers caiu no mar.
6. A modernização: chegam os DC-3
Mais de 10.000 foram construídos, sendo a robustez sua principal
qualidade. Após a Guerra, foram vendidos pelo governo americano a
preços atrativos, tendo sido a principal ferramenta para o
desenvolvimento da aviação comercial da época
Concebido para uso militar, foi
extensivamente utilizado na
Segunda Guerra Mundial, quando
era chamado C-47 ou Dakota.
7. Expandindo cada vez mais suas linhas, a VASP comprou os
suecos Saab Scandia 90, que serviram à empresa entre
1950 e 1966
9. Vaspinha
Em 1952 foi criada a VASP
Aerofotogrametria,
visando apoiar os
trabalhos do governo do
Estado de S. Paulo
Utilizou os DHC-2 Beaver
canadenses, modelo que
foi usado também na
Guerra do Vietnam para
observação;
transportava piloto e
sete passageiros, 255
km/h
10. Em 1955 chegou o inglês Viscount, primeiro turbo hélice a
voar para uma empresa brasileira (75 passageiros, 550 km/h)
– o último deles saiu de serviço em 1975
11. Crescendo
Em 1962, a VASP comprou o Grupo Lloyd,
constituído pelo Lloyd Aéreo Nacional,
Navegação Aérea Brasileira, Lemke S.A.
(empresa especializada em revisão de
motores) e a Transportes Aéreos
Bandeirante.
Com essa compra a VASP recebeu toda
frota de aviões que pertencia ao grupo
Lloyd que era constituída de oito DC-4
de quatro motores, quatro DC-6, seis
DC-3 e 13 Curtiss Comander C-46 – em
1966, a VASP chegou a ter 58 aviões.
DC-4
DC-6
A empresa passou a servir, 72 cidades de 23 estados e territórios, respondendo por
mais de 25% do tráfego aéreo interno no Brasil.
Mas a compra trouxe problemas, especialmente pela despadronização de
equipamentos, procedimentos etc.
12. Para substituir o DC-3, a VASP comprou o japonês YS 11, a que
chamou Samurai e que manteve em operação até 1977.
Há uma história diferente envolvendo o Samurai: em 1971, ao pousar em Aragarças, o piloto percebeu a
presença de outro avião na pista e desviou-se, acabando por atolar o Samurai. À noite, dois guardas que
estavam a bordo acenderam uma vela, acabando por incendiar o avião – os dois morreram...
13. BAC 1-11 (One-Eleven) - a era
do jato puro
O 1-11 foi concebido para substituir o Viscount, tendo chegado à
VASP em 1968. Com capacidade para até 120 passageiros,
chegava a quase 900 km/k
Há um caso interessante envolvendo esse avião: em 1990, um
BAC 1-11 da British Airways que voava
entre Birmingham (Inglaterra) e Málaga (Espanha) sofreu
descompressão após uma parte do para brisas, mal instalada, se
soltar. O piloto Tim Lancaster foi sugado, ficando com parte do
corpo para fora da aeronave. Enquanto o restante da tripulação
segurava o piloto, o copiloto Alastair Atchison fez um pouso de
emergência - o único ferido foi Lancaster
14. Bandeirante: o único nacional
Entre 1973 e 1976 a VASP utilizou dez Bandeirantes em
suas linhas regionais
Conta-se que os adquiriu por pressão do governo
federal, que queria dar força à Embraer
Foram construídos 521 Bandeirantes, que
transportavam até 21 passageiros à velocidade
máxima de 426 km/k
15. Entre 1969 e 1986 a VASP adquiriu inúmeros 737, de diversos modelos; na foto, um
737-300 aproxima-se do Santos Dumont, no Rio
A era do 737: ainda em produção, o Boeing 737 é o avião mais vendido
em toda a história da aviação civil – mais de 7.000 já foram entregues.
16. No final dos anos 1970, chegaram os Boeing 727
• Foram utilizados dez destes aviões, entre cargueiros e
versões para passageiros – até 189 passageiros e 1102 km/h
• Pode operar em pistas ruins, e é muito querido pelos
pilotos por ser muito manobrável
18. Após a privatização
• Em 1990, a VASP foi privatizada – à época era
a segunda empresa aérea do Brasil e detinha
a maior fatia do mercado interno
• Seus novos controladores iniciaram uma
agressiva expansão
internacional:Ásia, Estados Unidos, Europa e
África passaram a ser atendidos
• A frota foi aumentada tendo sido trazidos,
entre outros, três DC-10 e dez MD-11
19. Após a privatização
• Após a aquisição do
controle do Lloyd
Aéreo Boliviano,
Ecuatoriana de
Aviación e da argentina
Transportes Aéreos
Neuquén, foi criado o
VASP Air System
20. DC-10-30
• Autonomia de 10.010 km, até 380 passageiros, 15
tripulantes, velocidade máxima de 982 km/h
• A versão "Convertible" podia ser rapidamente configurada
para o transporte de carga (453 metros cúbicos )
21. DC-8
• Entre 1991 e 1993 a VASP operou três DC-8, para
transporte de cargas.
•Foram devolvidos por falta de pagamento do leasing.
22. A VASPEX era uma subsidiária da VASP, criada para
entrega rápida de encomendas.
Começou a operar em 1996 mas fechou as portas junto
com a empresa-mãe
23. • a VASP operou nove do modelo convencional e um do
modelo de longo alcance (MD-11ER). Faziam as rotas de
longa distância
• transportavam até 410 passageiros, voando a 945 km/h
MD-11
incorporados em 1992, foram retirados da frota em
meados de de 2000, em função dos problemas financeiros
que a companhia vinha sofrendo
24. O fim
Quem assumiu a
VASP
privatizada foi
Wagner
Canhedo – a
capa de VEJA
diz tudo...
25. O fim
• A empresa não conseguiu sustentar o crescimento. Deixou
de pagar obrigações, salários, leasings e até taxas de
navegação.
• Começou a cancelar as rotas internacionais (o VASP Air
System foi desfeito) e a canibalizar aeronaves
• A frota foi reduzida, restando os antigos 737-200 e os
cansados A300 para servir uma rede doméstica cada vez
menor.
• Em setembro de 2004, o Departamento de Aviação Civil
(DAC) suspendeu as operações de oito 737, pois a VASP não
fizera revisões e manutenção obrigatórias. Sem dinheiro
para fazer os trabalhos, a VASP decidiu encostar os esses
jatos que, em seguida, começaram a ser canibalizados para
oferecer peças aos outros 737 ainda em operação.
26. O fim
Com uma imagem arranhada e uma frota
obsoleta, a empresa foi perdendo terreno
- operou em novembro de 2004 apenas
18% dos voos programados.
Nessa época, quando enfrentou a primeira
paralisação de funcionários e começou a
ter problemas para abastecer suas
aeronaves, sua fatia de mercado caiu
para 1,39%. A ocupação também era
pequena: as únicas três aeronaves da
VASP que voaram em novembro de 2004
saíram com 47% dos assentos vendidos.
No final de janeiro de 2005 parou de voar; os
aviões que restaram foram sucateados
mais tarde.