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1
MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E
TRANSPORTES
PROFESSOR: LUÍS DO ROSÁRIO COSTA
SÃO LUÍS – 2012
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO
DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR - DESU
DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E MATERIAIS - DMM
2
INDICE
1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO
1.1. Normas Técnicas e Critérios de Cálculo
1.2. Projeto de Máquinas – Desenho Técnico
1.3. Seleção e Especificação de Componentes
1.4. Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte
2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE
2.1. Determinação da Potência de Translação
2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento
2.1.2. Seleção da Motorização e Freio
2.1.3. Exemplo de Cálculo
2.2. Dimensionamento da Estrutura
2.2.1. Definição da Geometria do Veículo
2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis
2.2.3. Exemplo de Cálculo
2.3. Projeto do Sistema de Acionamento
2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento
2.3.2. Cálculo da Redução
2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão.
2.3.4. Exemplo de Cálculo.
3. MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO
3.1. Meios de Elevação
3.1.1. Elementos de Máquina para Transmissão por Cabos de Aço.
3.1.2. Dispositivos destinados ao Manuseio de Carga.
3.1.3. Guinchos.
3.1.4. Determinação da Potência do Motor do Sistema de Levantamento.
3.1.5. Seleção e Dimensionamento dos Componentes Mecâncios da Elevação.
3.1.6. Exemplo de Cálculo.
3.2. Mecanismos de Translação
3.2.1. Potência do Motor de Translação.
3.2.2. Arranjo do Mecanismo de Translação.
3.2.3. Dimensionamento de Rodas e Trilhos.
3
3.2.4. Exemplo de Cálculo.
3.3. Estrutura Metálica das Máquinas de Levantamento
3.3.1. Considerações Gerais para Estrutura de Pontes Rolantes.
3.3.2. Cargas e Forças.
3.3.3. Considerações Básicas para as Tensões Admissíveis.
3.3.4. Estrutura da Ponte e do Carro.
3.3.5. Exemplo de Dimensionamento da Viga Principal da Ponte Rolante.
4. TRANSPORTADORES CONTÍNUOS
4.1. Transportadores de Correia.
4.1.1. Informações Iniciais.
4.1.2. Características Básicas da Correia e dos Roletes.
4.1.3. Cálculo da Potência de Acionamento.
4.1.4. Cálculo das Tensões na Correia.
4.1.5. Especificação da Correia.
4.1.6. Cálculo e Dimensionamento dos Tambores.
4.1.7. Esticador do Transportador.
4.1.8. Especificação do Conjunto de Acionamento.
4.1.9. Especificação dos Freios e Contra Recuo.
4.1.10. Projeto da Estrutura do Transportador.
4.2. Outros Transportadores Contínuos.
4.3. Exemplo de Dimensionamento de um Transportador.
5. PLANO DE RIGGING
4
PREFÁCIO
A disciplina de Máquinas de Elevação e Transportes esta presente no programa
de graduação das escolas de Engenharia Mecânica, ainda hoje esta disciplina faz parte
da maioria destes cursos. A necessidade de movimentação de cargas nos diversos
ambientes de mineração, industrial, portuário e de comércio aumenta proporcionalmente
ao crescimento econômico exigindo equipamentos específicos que necessitam uma
grande aplicação dos conhecimentos de engenharia.
Os equipamentos de movimentação de carga existentes nas empresas modernas
apresentam uma grande diversidade de formas construtivas devido à variedade de suas
aplicações. Esta condição torna praticamente impossível a abordagem de todos os tipos
de equipamentos dentro das aulas disponíveis para o curso. Os temas de estudo
selecionados têm como objetivo a aplicação dos conceitos de engenharia mecânica na
construção dos equipamentos que estão mais presentes nas empresas modernas. Os
conceitos utilizados nestes equipamentos poderão auxiliar no estudo de outras aplicações
mais específicas.
A crescente necessidade de aumento de produtividade das empresas vem exigindo
a implementação de processos automatizados que incorporam alta tecnologia no projeto
dos equipamentos. As máquinas de movimentação de carga representam um dos tipos de
equipamentos que sofreram a maior necessidade de modernização. Esta fora do escopo
deste curso o estudo dos sistemas de acionamentos elétricos e equipamentos eletrônicos
de controle e automação das máquinas de elevação e transporte.
A disciplina de Máquinas de Elevação e Transporte do IFMA-MA será
desenvolvida através do estudo de três equipamentos de movimentação de carga. Neste
estudo serão utilizados os métodos de dimensionamento e projeto de componentes
apresentados nas disciplinas básicas do curso de engenharia, associados à utilização das
normas e critérios de cálculos especificados pelas principais normas de máquinas de
elevação e transportes. Durante o desenvolvimento dos exemplos poderá ser observada a
necessidade do domínio dos principais conceitos de resistência dos materiais, desenho
técnico, elementos de máquinas, vibrações mecânicas, tecnologia de soldagem e de
outras disciplinas para obter os melhores resultados na especificação, projeto e
construção dos equipamentos de manuseio de cargas.
5
1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO
1.1- Normas Técnicas e Critérios de Cálculo
Para garantir o desempenho dos equipamentos de transporte e elevação o seu
dimensionamento, projeto e fabricação devem seguir normas e critérios de cálculo que
estabeleçam as condições necessárias, com base inclusive na experiência de
equipamentos existentes.
Atualmente existem diversas entidades que já desenvolveram normas, manuais e
critérios aplicados às máquinas de elevação e transporte. Uma das primeiras etapas no
desenvolvimento ou especificação de um equipamento para estas aplicações consiste
nesta definição. A escolha da norma ou critério pode influenciar em todas as
características do equipamento, principalmente no que diz respeito à segurança, custos
do investimento, desempenho e custos de manutenção.
Durante o desenvolvimento do curso serão apresentadas as principais literaturas
disponíveis para cada assunto em estudo.
1.2 - Projeto de Máquinas – Desenho Técnico
A definição da geometria do equipamento consiste em outra etapa fundamental para
garantir que sejam alcançados os objetivos requeridos. Inicialmente devem ser
identificadas todas as especificações básicas para cada tipo de equipamento.
Considerando os requisitos de dimensionamento o equipamento deve ser projetado de tal
forma a atender todas as condições referentes äs suas especificações com dimensões
compatíveis ao local de instalação. Além disso, devem ser atendidos outros requisitos
como: segurança, custos de fabricação, meio ambiente, ergonomia, facilidades e custo de
manutenção.
Nesta etapa a criatividade dos responsáveis pelo desenvolvimento da máquina é o
fator fundamental, sendo necessário o conhecimento do desenho técnico e das técnicas
de projeto de máquinas
Atualmente a utilização do computador tornou-se uma importante ferramenta para o
desenvolvimento destas máquinas, facilitando a análise de interferências inclusive em três
dimensões.
6
1.3- Seleção e Especificação de Componentes
Durante o desenvolvimento de um equipamento é necessária a utilização de
componentes disponíveis no mercado. O grau de utilização destes componentes pode
variar desde a seleção e especificação de elementos de máquina, como por exemplo:
parafusos, rolamentos ou acoplamentos; até a especificação de um equipamento
completo, disponível no mercado, que atenda todos os requisitos especificados.
Atualmente a pesquisa na internet consiste em uma importante ferramenta para
conhecer os principais fornecedores, sendo inclusive em muitos casos disponíveis
catálogos eletrônicos dos componentes. Durante o curso e o desenvolvimento do projeto
serão apresentados os principais fornecedores de equipamentos para a movimentação de
carga.
Nesta etapa é importante observar que o fornecedor também deve atender as normas
e critérios de cálculo que garantam o desempenho do equipamento. Portanto, é
importante analisar nos dados técnicos dos catálogos os procedimentos utilizados no
projeto dos componentes selecionados.
1.4- Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte
O crescente desenvolvimento das atividades de mineração, indústria e do intercâmbio
comercial tornam necessários o desenvolvimento de inúmeros equipamentos destinados
à movimentação de cargas.
Considerando a diversidade das aplicações existentes nas atividades modernas, estes
equipamentos receberam diversas classificações. Estas classificações têm como objetivo
principal facilitar a especificação destes equipamentos, sendo que o seu conhecimento
detalhado será abordado em cada item específico deste curso.
Os equipamentos a serem estudados nesta disciplina englobam os meios de
movimentação de carga utilizados dentro do ambiente industrial, áreas de mineração,
armazéns, depósitos e locais restritos de uma maneira geral.
A seguir é apresentada uma classificação geral das principais Máquinas de Elevação e
Transporte que possuem grande aplicação na atualidade:
I. Veículos de Transporte
A) Veículos para transporte manual (carrinhos, carros)
B) Veículos motorizados (carro, trator, empilhadeira). Elétricos, diesel ou gás.
7
II. Meios de Elevação
A) Talhas
- Polias
- Talhas helicoidais
- Talhas de engrenagem frontal
- Talhas elétricas
- Carros de ponte para talhas
B) Guinchos
- Guinchos de cremalheira
- Macaco de rosca
- Macaco hidráulico
- Guinchos manuais
- Guincho móvel manual
- Guinchos acionados por motor elétrico
C) Guindastes
- Guindastes de ponte (pontes rolantes)
- Guindastes móveis de paredes
- Guindastes de cavaletes (pórticos e semi-pórticos)
- Pontes de embarque
- Guindaste de cabo
III. Transportadores Contínuos
A) Correias Transportadoras.
B) Transportadores Articulados: Esteira Articulada, Transportador de Canecas,
Transportador Circular, Transportador Raspador e Transportador de Correntes.
C) Hélices Transportadoras.
D) Transportadores Oscilantes.
E) Mesas de Rolos
F) Instalações Pneumáticas e Hidráulicas de Transporte.
8
2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE
O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A
superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos.
Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento,
normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não
ultrapassa uma tonelada.
Os veículos manuais são utilzados para transporte em horários e percursos
irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso.
O projeto e construção destes veículos é relativamente simples, sendo os principais
tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico).
Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial.
O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido
e gás.
As características construtivas apresentam grande diversidade em função da
aplicação e capacidade requerida.
Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras.
A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a
acomodação da carga, como por exemplo: paletes, contêineres ou caixas.
A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo,
sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos
conforme os tópicos apresentados.
(1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido
(2) Capacidade de Carga
Carga Máxima de 200 Toneladas
Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas
Peso da Panela de 70 Toneladas
(3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas
(4) Velocidade de Translação 40 m/min
(5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz
Tabela 1: Especificações do Veículo
9
2.1. Determinação da Potência de Translação
2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento
A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr ,
resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a
resistência à aceleração Fa.
a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento
em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e
da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teoricamente em função das
características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de
R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios.
- Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre
Asfalto R = 0,012 a 0,014
- Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016
- Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre
Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025
- Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006
- Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020
Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento
No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas
referências (Dubbel e Ernst Vol. I).
b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a
influência da aceleração da gravidade no plano inclinado.
c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de
translação (Fat) e massas de rotação (Far).
2.1.2. Seleção da Motorização e Freio
O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência
ao movimento.
10
a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph):
Deve ser calculado na expressão a seguir:
(W)
η
VF
P r
h


Onde:
Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons)
V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo)
η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional)
b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso
devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o
cálculo é obtida a seguir:
(W)
η
V)α(SenF
η
V)α(CosF
P tr
i




Onde:
α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%)
c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a
partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a
velocidade de translação.
Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e
rotação.
O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira:
- Massas em Translação: Neste caso aplica-se os conceitos básicos da mecânica,
obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a
aceleração da gravidade em metros/segundos2
:
(W)
ηtg
VF
P
a
2
t
at



11
- Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de
acionamento, das engrenagens, acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma
força perimetral:
(Newtons)
r
a
ΘεΘ
r
1
ω
ω
εΘ..........
ω
ω
εΘ
ω
ω
εΘ
r
1
F 2redTrred
Tr
n
nn
Tr
2
22
Tr
1
11ar









2
Tr
n
n
2
Tr
2
2
2
Tr
1
1red
ω
ω
Θ............
ω
ω
Θ
ω
ω
ΘΘ 
























Onde:
Far = Resistência a Aceleração das Massas de Rotação – (Newtons)
Θ = Momento de Inércia do Componente Rotativo – (kgxm2
)
ε = Aceleração Angular – (1/s2
)
ω = Velocidade Angular – (1/s)
Θred = Momento de Inércia Reduzido para o Eixo da Roda Motriz - (kgxm2
)
εTr = Aceleração Angular da Roda Motriz – (1/s2
)
ωTr = Velocidade Angular da Roda Motriz - (1/s)
r = Raio da Roda Motriz – (m)
a = Aceleração – (m/s2
)
O valor da Potência de Aceleração das Massas de Rotação será:
(W)
η
ωT
P Trar
ar


Onde:
Tar = Torque de Aceleração das Massas Rotativas
O valor do Torque de Aceleração é definido por:
m)(NrFT arar

Considerando o tempo de aceleração ta em segundos e substituiindo o valor da
velocidade angular, temos:
a
Tr
t
V
ae
r
V
ω 
(W)
ηtr
VΘ
P
a
2
2
red
ar



12
O cálculo da Potência de Aceleração Pa é obtido pela soma de Pat e Par.
(W)
ηtr
VΘ
ηtg
VF
P
a
2
2
red
a
2
t
a






Considerando as dificuldades para o cálculo de todas as inércias dos corpos em
rotação do mecanismo de translação do veículo, podemos utilizar a expressão:
(W)
ηtg
VF
x)2,1até1,1(P
a
2
t
a



A potência mínima requerida para o motor deve ser escolhida com as seguintes
condições:
(1) Quando Ph > Pa ou Pi > Pa:
Pm = Ph ou Pm = Pi
(2) Quando Pa ≥ Ph ou Pa ≥ Pi
Pm = (Ph + Pa)/(1,7 a 2,0) ou Pm = (Pi + Pa)/(1,7 a 2,0)
Para a especificação da rotação do motor deve ser definido o valor da redução para
obter a velocidade especificada para o veículo.
Após a definição da rotação deve ser escolhido o motor no catálogo dos fornecedores.
O freio do veículo é montado no eixo do motor da translação. A especificação do freio
depende do torque do motor especificado. Para o freio eletromagnético o torque mínimo
de frenagem deve corresponder a 50% do torque do motor.
2.1.3. Exemplo de Cálculo:
Calcular o motor do carro de transferência de panela de aço conforme especificação.
Para o dimensionamento considerar os seguintes valores complementares:
Resistência estacionária ao movimento: 0,025
Tempo de Aceleração: 4 segundos
Rendimento da Transmissão: 0,75
Superfície Plana.
Aceleração da Gravidade: g = 10 (m/s2
)
13
Solução:
Temos que:
Peso Total: Ft = 2600000 (N)
Velocidade de Translação: 0,667 (m/s)
a) Cálculo da potência para velocidade constante em superfície plana.
(W)57807
75,0
667,0025,02600000
Ph



b) Cálculo da potência para aceleração.
(W)46268
75,04
667,0
10
2600000
2,1P
2
a



Considerando que o valor de Ph é superior ao valor de Pa, a potência mínima requerida
para o motor de translação deve ser de 57,81 (KW).
No caso específico deste equipamento outras condições da aplicação também são
consideradas para o dimensionamento do motor. Este carro foi dimensionado para
rebocar um outro veículo motorizado para situação de emergência. Neste caso a potência
real do motor especificado foi de 75 (KW).
No cálculo do valor de Ph foi adotado um elevado valor para a resistência ao
movimento (R), correspondente a 0,025. Este valor refere-se às condições do local da
aplicação que pode ter sujeira sobre o trilhos, aumento a resistência ao movimento. O
valor adotado corresponde ao maior valor da tabela.
Para a especificação do tipo de motor também deve ser considerado o equipamento
elétrico utilizado para o controle da velocidade. Atualmente existem diversas alternativas
para este controle, para maiores esclarecimentos deste assunto devem ser consultadas
as especificaçoes sobre o acionamento das máquinas elétricas.
2.2. Dimensionamento da Estrutura:
2.2.1. Definição da Geometria do Veículo:
A construção de um veículo para determinada aplicação pode seguir diversas
geometrias diferentes.
A definição das dimensões da estrutura deve observar as seguintes condições
básicas:
14
- Garantir a acomodação da carga;
- Permitir a colocação e retirada da carga no veículo com os recursos
disponíveis;
- Não interferir com a instalação existente;
- Permitir a instalação do conjunto de acionamento;
- Facilitar o acesso para a manutenção.
Além dos fatores descritos acima, as características da geometria pode influenciar nos
esforços estruturais, principalmente no que se refere a concentração de tensões.
A escolha de uma geometria adequada também pode permitir a redução do peso da
estrutura.
A figura 1 mostra duas formas construtivas para um veículo usado em uma mesma
aplicação. A figura 1.a mostra um tipo de construção onde o conjunto de acionamento
esta aciplado a apenas dois conjuntos de rodas. Na figura 1.b o veículo pode ter até 4
conjuntos de motorizações independentes acoplados diretamente aos conjuntos de rodas.
Esta condição garante uma maior confiabilidade ao veículo 1.b, porém o custo do
investimento é muito superior.
Figura 1.a: Carro com 1 Motorização e 2 Conjuntos de Rodas Motrizes
15
Figura 1.b: Carro com 4 Motorizações e 4 Conjuntos de Rodas Motrizes
Figura 1: Modelos de Carros de Transferência
2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis.
O projeto de um novo equipamento envolve considerações preliminares para o início
do dimensionamento. Durante o processo de cálculo e desenho são feitas as correções,
com a finalidade de alcançar todos os objetivos esperados.
A estimativa de peso normalmente é feita com base em equipamentos similares já
construídos. As considerações sobre a geometria, realizada no item 2.2.1., podem auxiliar
no cálculo da estimativa. Após a definição das estruturas é feita uma revisão nos cálculos
e caso necessário, alterações na geometria do veículo.
As condições de carregamento são muito importantes para o dimensionamento da
estrutura. Esta informação deve levar em consideração, além das cargas estáticas como
o peso da carga e o peso próprio, todas as demais solicitações dinâmicas, como por
exemplo, as cargas de impacto, dilatação térmica e o vento, que estarão presentes
durante a utilização do equipamento. As condições ambientais também devem ser
analisadas, fatores como temperatura ambiente e corrosão podem alterar as solicitações
na estrutura.
Um outro fator que deve ser considerado é o ciclo de trabalho do equipamento, que
pode variar em função da utilização. A influência destes diversos fatores nas condições de
16
carregamento podem ser determinadas com base em normas para a construção deste
tipo de equipamento, para este caso recomenda-se o uso da NBR 8400.
A construção de um veículo de transporte envolve o uso de materiais e métodos de
fabricação que devem garantir a resistência da estrutura às diversas solicitações de
carregamento. Para a grande maioria das aplicações já existem os materias e métodos
normalizados que garantem o desempenho da máquina. Através de ensaios mecânicos,
incluindo testes de fadiga, são definidos os limites de resistência à ruptura, escoamento e
fadiga dos materiais. Aplicando as condições de carregamento na estrutura do
equipamento, são calculadas as tensões de trabalho. Com base nas propriedades dos
materiais e considerando os fatores de segurança da aplicação e as concentrações de
tensões, são definidas as tensões admissíveis para o projeto. A Norma NBR 8400
apresenta critérios para a definição da tensão admissível para diversos materiais
utilizados na construção de equipamentos para a movimentação de cargas.
No dimensionamento da estrutura do equipamento devem ser considerados os
diferentes critérios de dimensionamento que envolvem: a ruptura, o desgaste ou a fadiga
do equipamento. Em função do critério adotado deve ser comparada a tensão de trabalho
calculada com a respectiva tensão admissível referente ao material. Por exemplo, a
estrutura dimensionada pelo critério de fadiga deve levar em consideração a carga que
representa o ciclo médio de trabalho do equipamento. Porém, a mesma estrutura deverá
suportar as condições extremas de solicitação, que são representadas pelas cargas
máximas. Pelo critério da fadiga a tensão calculada é comparada com a tensão
admissível à fadiga, pelo critério de ruptura a tensão máxima calculada é comparada com
a tensão admissível à ruptura.
2.2.3. Exemplo de Cálculo:
Calcular a tensão máxima atuante na viga principal do carro de transferência de
panela de aço, representado na figura 1.a, considerando as especificações descritas na
Tabela 1.
A viga principal coresponde à parte do veículo que distribui o peso do carro e da carga
sobre as rodas de apoio. Esta parte da estrutura deve ser dimensionada para suportar as
cargas estáticas e dinâmicas do equipamento e garantir a durabilidade prevista em função
do ciclo de trabalho e das condições ambientes.
De uma maneira geral o dimensionamento da estrutura principal deve considerar os
seguintes passos:
17
(1) Determinar os pontos de aplicação da carga;
(2) Calcular as reações de apoio;
(3) Calcular o momento máximo;
(4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo;
(5) Calcular os níveis de tensões nos pontos críticos da secção;
(6) Comparar com a tensão admissível do material.
(1) Determinar os pontos de aplicação das cargas: Com base na figura 1.a são
definidas as cargas aplicadas à estrutura, conforme figura 2.
Figura 2: Condições de Carregamento para o Veículo
Na figura 2 temos:
W1 = Peso da Carga, 200 Toneladas
W2 = Peso da Estrutura, 37 Toneladas
W3 = Peso da Estrutura de Proteção, 8,5 Toneladas
W4 = Peso do Acionamento, 5,2 Toneladas
(2) Cálculo das reações de apoio: Considerando a viga principal bi-apoiada no
centro dos conjuntos de roda do veículo, temos:
∑F = 0
∑MdireitaA = ∑MesquerdaA
18
Considerando os dados da figura 2 são obtidas as equações:
432121
WWWWRR 
(N)2507000RR 21

Obs: O valor de 260 toneladas considera o peso dos 4 conjuntos de rodas que não
estão apoiados sobre a estrutura do carro.
432121
W0,8W15,8W7,4W9,3R0,1R7,4 
Obs: Para o cálculo dos momentos as cargas distribuídas foram consideradas
concentradas em seus respectivos centros de gravidade. Foi considerado o
momento na extremidade direita do veículo considerando a figura 2.
Resolvendo as equações acima são obtidas as reações nos apoios:
R1 = 1272000 (N)
R2 = 1235000 (N)
(3) Calculo do momento máximo: No caso de estruturas complexas com
carregamento e geometria não uniforme a determinação exata do momento máximo
requer um procedimento de cálculo detalhado. Normalmente são utilizados critérios de
aproximação para facilitar o cálculo, porém as aproximações são feitas sempre a favor da
segurança do dimensionamento.
No caso deste veículo, observando a figura 2, pode ser verificado que o centro de
gravidade da carga máxima (W1 = 200 toneladas) esta próximo ao centro da viga
principal, portanto a secção crítica será considerada em A.
O momento MA da secção crítica será:
8
W5,1
4
w9,3
xR9,2M 1q
2
2A




Obs: O valor wq corresponde à carga distribuída W2 na extensão de 9,4 metros da
viga principal. Portanto: wq = W2/9,4 = 39361,7 (N/m).
Substituindo os valores tem-se:
MA = 3056833,6 (Nxm) = 305683360 (kgfxmm)
19
(4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo: Para o cálculo da
tensão máxima deve ser calculado o módulo de resistência à flexão.
A figura 3 apresenta as dimensões da secção crítica A.
A seguir é apresentado o cálculo do módulo de resistência à flexão da viga (ZA). Neste
caso a viga é simétrica em relação ao eixo horizontal, portanto o módulo de resistência
superior e inferior são iguais. A seccão da viga foi subdividida em componentes (a, b, c, d,
e), sendo calculado primeiramente os momentos de inércia individuais e posteriormente o
módulo de resistência à flexão combinado.
a
b c d
e
Figura 3: Secção da Viga Principal na Região Crítica
a
I 
22
5,457119025251190
12
1
 6228410417
b
I 
3
89019
12
1
 1116200917
c
I 
3
89022
12
1
 1292443167
d
I 
3
89022
12
1
 1292443167
e
I 
22
5,457119025251190
12
1
 6228410417
I 16157908090
Tabela 3: Cálculo do Momento de Inércia da Secção Crítica
20
Com o valor de I calcula-se o valor de ZA.
mm)940(H
)2/H(
I
Z A

Substituindo os valores tem-se:
ZA = 34378528 (mm3
)
(5) Calculo da tensão na secção crítica: Com o valor do momento e do módulo de
resistência à flexão é calculada a tensão de flexão máxima na secção crítica. Deve ser
observado que o valor do momento deve ser dividido entre as duas vigas principais,
conforme equação abaixo:
)mm/kgf(45,4
34378528x2
305683360
Z2
M
σ
2
A
A
A



A tensão de trabalho deve levar em consideração alguns fatores relacionados às
condições da aplicação. Estes fatores são estabelecidos em normas.
No caso deste carro é utilizada a NBR 8400/1984 item 5. Serão considerados o
coeficiente dinâmico Ψ e o coeficiente de majoração da carga Mx nos seus valores
máximos:
Ψ = 1,60 (considera o impacto de colocação da carga)
Mx = 1,45
)(kgf/mm324,1045,16,145,4Mψσσ
2
xAtA

Portanto, a tensão na secção crítica a ser considerada é:
σtA = 10,324 (kgf/mm2
)
(6) Tensão admissível do material: A definição da tensão admissível está
diretamente relacionada com o critério de dimensionamento do equipamento. Este critério
é estabelecido entre o cliente e fornecedor e deve seguir alguma norma de construção
aplicada ao tipo de equipamento.
Neste caso o material de construção da estrutura é o ASTM A36, cujas propriedades
são:
σescoamento = 250 Mpa = 25,5 (kgf/mm2
)
σruptura = 400 Mpa = 40,8 (kgf/mm2
)
21
A tensão admissível conforme NBR 8400 para σescoamento/ σruptura = 0,625 < 0,7, será:
σadm. = σescoamento/1,5 = 17 (kgf/mm2
)
A tensão admissível com relação à fadiga é definida nos gráficos e tabelas do Anexo
G da NBR 8400. Para o aço ASTM A36 obtemos que o valor de tensão admissível quanto
a fadiga para estrutura de construção soldada é da ordem de 16 (kgf/mm2
).
Verificamos que os valores das tensões admissíveis são superiores ao valor da tensão
de trabalho.
O dimensionamento dos demais componentes da estrutura do veículo também deve
seguir o mesmo procedimento adotado para a viga principal. Algumas partes estão
sujeitas a esforços elevados Estas regiões estão localizadas nos suportes da panela e
nos apoios da estrutura sobre os conjuntos de acionamento. Nestes casos devem ser
previstos reforços para garantir que não sejam ultrapassadas as tensões admissíveis.
Para cálculos mais precisos, principalmente devido a influência de concentração de
tensões, existem os programas de elementos finitos.
2.3. Projeto do Sistema de Acionamento:
2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento:
O sistema de acionamento do veículo é constituído pelo motor, eixos de transmissão,
acoplamentos, redutores, engrenagens, rodas e demais componentes responsáveis pelo
movimento de translação.
Existem diversos tipos de acionamentos para veículos. As principais variações
existentes estão no tipo de motor utilizado, número de rodas motrizes e na quantidade de
motores para um mesmo veículo.
A instalação do acionamento na estrutura requer uma série de cuidados de projeto,
principalmente para garantir facilidades de instalação, manutenção e boa estabilidade
durante o deslocamento.
A figura 4 apresenta um arranjo típico de acionamento, o qual é adotado no carro de
transferência de panela da figura 1.a. Este sistema apresenta simplicidade para a
instalação. Porém, algumas características deste acionamento podem ter desvantagens
com relação a outras soluções. A motorização única requer cuidados, pois a falha do
motor impedirá o funcionamento do equipamento. As engrenagens e pinhão sem
22
protenção apresentam desgaste excessivo, o que requer trocas periódica destes
componentes.
A figura 1.b apresenta uma vista em planta de um veículo com quatro conjuntos de
acionamento independentes. Para situações de emergência este equipamento esta
dimensionado para trabalhar com apenas dois conjuntos motrizes. A redução é feita por
redutor fechado, não existindo nenhuma engrenagem exposta. Os custos de instalação
deste sistema é superior ao representado na figura 4, porém a confiabilidade será muito
superior.
Figura 4: Arranjo de um Sistema de Motorização para um Carro de Transferência de Panelas
2.3.2. Cálculo da Redução:
A redução do sistema de acionamento deve garantir que a velocidade do veículo
esteja dentro do valor estabelecido na especificação. Os fatores que influenciam no
dimensionamento são: rotação do motor e diâmetro da roda.
Considerando um veículo com velocidade de translação V, a rotação nr da roda de
diâmetro dr deverá ser:
r
r
dπ
V
n


Considerando um motor de rotação nm, a taxa de redução total it será:
23
r
m
t
n
n
i 
Substituindo a equação da rotação da roda tem-se:
V
ndπ
i mr
t


A redução pode ser feita em um único redutor (figura 1.b) ou em reduções
consecutivas (figura 1.a e figura 4).
2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão:
A translação do veículo é obtida pela transmissão do conjugado do motor (torque) até
as rodas motrizes através de um conjunto de elementos mecânicos dimensionados para
atender às condições da aplicação.
Na construção da transmissão existem componentes que são selecionados nos
catálogos dos fabricantes e outros projetados para atender as condições específicas da
aplicação. Para alguns casos o conjunto de transmissão pode ser padronizado, sendo
selecionado no catálogo do fabricante com base nas condições de carga e adaptado à
geometria do veículo (figura 5 aplicado no carro 1.b). Determinadas aplicações exigem
que alguns componentes, como eixos, engrenagens e às vezes o próprio redutor, sejam
projetados para as condições específicas (figura 4 aplicado no carro 1.a).
Todos os componentes do sistema de transmissão, especificados através de
catálogos ou projetados, devem atender aos requisitos da norma adotada para o
dimensionamento do veículo. Para este caso existem normas específicas deste tipo de
equipamento (NBR 8400) e normas aplicadas ao projeto de elementos mecânicos
(AGMA, DIN e a própria NBR).
Na análise dos esforços da transmissão são definidas as tensões de trabalho, que
devem levar em consideração fatores como: tipo de aplicação, ciclo de operação e fator
de segurança. Os elementos mecânicos, com base nas características do projeto e
material especificado, devem possuir tensões admissíveis superiores às tensões de
trabalho. O critério de dimensionamento aplicado pode considerar a ruptura, fadiga ou o
desgaste, dependendo do tipo de componente. Na determinação das tensões admissíveis
são considerados, além das propriedades do material, fatores como: dimensões da peça,
concentração de tensões, corrosão e acabamento superficial.
24
Figura 5: Motorização aplicada no Veículo da Figura 1.b – Acionamento direto na roda
2.3.4. Exemplo de Cálculo:
Para exemplificar o cálculo de um sistema de transmissão será utilizado o
acionamento representado na figura 4.
A seguir são apresentados os cálculos e especificações dos principais elementos
deste sistema de transmissão.
a) Especificação do Motor:
No item 2.1.3. foi calculada a potência mínima requerida para o motor elétrico, sendo
obtido o valor de 57,81 (KW). Para as condições reais da aplicação este veículo também
deve ser utilizado para algumas operações de emergência. Nestas situações este veículo
será utilizado para rebocar outro equipamento no mesmo caminho de rolamento (ver
memorial de cálculo Kawasaki). Nesta condição será necessária uma potência de 75
(KW), já considerando a disponibilidade de motores padronizados.
A especificação da rotação do motor depende do diâmetro da roda e da redução total
do sistema. O valor do diâmetro da roda é definido em função do peso total do veículo e
da carga, conforme item e.1.4 este valor é de 800 mm. A taxa de redução é definida em
conjunto com a rotação do motor. A rotação do motor é definida pelo número de polos.
Neste caso será adotado um motor de 900 rpm, 8 pólos. Para motores com rotação
superior seria necessária uma taxa de redução muito elevada para o espaço disponível.
Com este motor a taxa de redução total será de 1/56,55, conforme equação do item 2.3.2.
25
A especificação completa do motor é a seguinte:
Item Valor Observação
Potência 75 KW Dimernsionamento
Número de Polos 8 Define a rotação
Fator ED 40% Classe de Utilização
Rotação 900 rpm Definido pela velocidade
Carcaça Normalizada 315 M Ver catálogo fornecedor
Classe de Isolação F Característica da Aplicação
Voltagem 440 V Alimentação elétrica
Frequência 60 Hz Alimentação elétrica
GD2
24 kgxm2
Θ = GD2
/4 (ver. unidades)
Corrente máxima do motor 130 Ampéres Especificação do motor
Torque máximo do motor 81 kgfxm x 150% Controle do Painel
Torque na partida 81 kgfxm x 100% Controle do Painel
Tabela 4: Especificações do Motor de Acionamento
A escolha do motor é feita nos catálogos dos fabricantes com base nas
especificações da tabela.
b) Especificação do Freio:
As especificações do freio devem seguir as características do motor. Para esta
aplicação o torque nominal do freio deve ser o mesmo do motor.
Item Valor Observação
Tipo Freio Eletromagnético Freio de Sapatas
Torque de Frenagem 81 kgfxm Dimensionamento
Fator ED 40% Classe de Utilização
Frequência Utilização 300 frenagens/hora Aplicação
GD2
6,3 kgxm2
Voltagem 440 V Alimentação elétrica
Frequência 60 Hz Alimentação elétrica
Tabela 5: Especificações do Freio
26
c) Redutor:
O dimensionamento do redutor deve atender as características geométricas e a
capacidade de carga requerida do equipamento.
As dimensões do redutor têm grandes influencia no dimensionamento dos demais
componentes do sistema de acionamento.
Preferencialmente deve ser verificada a possibilidade de um redutor padronizado.
Neste caso o redutor é selecionado em um catálogo do fabricante, observando
criteriosamente as condições exigidas na utilização, tais como: potência, rotação,
lubrificação, vedações, fator de serviço, capacidade térmica, dimensões de eixos de
entrada e saída.
Determinadas situações podem exigir um redutor especial, projetado para atender as
condições específicas do equipamento. O projeto deve observar todos os detalhes
referentes à aplicação, seguindo os critérios previstos nas normas de referência.
O critério mais utilizado no dimensionamento dos redutores é definido pelas Normas
AGMA (American Gear Manufactures Association).
Na sequência para o dimensionamento do redutor, o primeiro fator a ser considerado é
a redução necessária. Este valor, calculado pela relação entre a rotação de saída e
entrada, define o número ideal de pares de engrenamento com os respectivos número de
dentes. Em seguida podem ser verificadas as dimensões das engrenagens pela
capacidade de carga requerida pelo equipamento.
Após a definição das dimensões das engrenagens, são calculados os eixos,
rolamentos, chavetas e demais componentes da carcaça do redutor. Este cálculo deve
atender os critérios de dimensionamento mencionados anteriormente.
A figura 6 apresenta os componentes rotativos do redutor do veiculo que serão
dimensionados em seguida:
27
Rolamento Eixo de Saída
Rolamento Eixo Interm ediária
Rolamento Eixo de Entrada
Eixo de Saída
Engrenagem Interm ediária
Eixo Pinhão Intermediário
Eixo Pinhão de Entrada
Engrenagem de Saída
M otor de Acionamento
Saída p/RodasSaída p/Rodas
Figura 6: Conjunto Rotativo do Redutor do Veículo
C.1) Dimensionamento das Engrenagens:
Este redutor terá a redução total de 1/28,91, sendo a redução final realizada pela
transmissão por engrenagem das rodas.
Os critérios de cálculo seguem a Norma AGMA 420.04 (Practice for Enclosesd Speed
Reducers or Increasers Using Spur, Helical, Herringbone and Spiral Bevel Gears).
A tabela 6 a seguir apresenta as características geométricas básicas para a
verificação do dimensionamento das engrenagens.
O dimensionamento destas engreagens deve atender dois requisitos para garantir o
desempenho requerido:
- Resistência do dente à fadiga: (AGMA 420.04 e AGMA 221.02)
- Resistência do dente ao desgaste: (AGMA 420.04 e AGMA 211.02)
Especificação Dados Para Projeto
Potência Requerida de Projeto 75 KW (104 HP)
Rotação de Entrada 900 rpm
Rotação de Saída 31,14 rpm (3,26 rd/s)
Redução 1/28,9
Aplicação Translação de Carro de Transferência
28
Dados Gerais das Engrenagens
Ref. Nome
Primeiro Par Segundo Par
Pinhão Coroa Pinhão Coroa
- Tipo de Engrenagem Engrenagem Helicoidal Engrenagem Helicoidal
D.P. Diametral Pitch Normal (1)
4,233 3,175
Φn Ângulo de Pressão Normal 20o
20o
Φa Ângulo de Pressão Axial 20o
33’ 20o
12’
N Número de Dentes 16 (LH) 89 (RH) 15 (RH) 78 (LH)
ψ Ângulo de Hélice (2)
13o
32’10” 13o
32’10” 8o
21’53” 8o
21’53”
d Diâmetro Primitivo (Pitch Diam.)
(3)
3,8875 21,624 4,775 24,831
- Material A322
(4140)
A576(1045) A322(4140) A576(1045)
HB Dureza Brinell 320o
10o
260o
10o
320o
10o
260o
10o
1) O Diametral Pitch relaciona-se com o módulo da engrenagem do sistema métrico na
expressão (valores na direção normal ao dente):
)
N
ΨCosd
(m;
ΨCosd
N
DP nn




2) Ângulo de hélice de engrenagens helicoidais:
RH → Hélice à Direita (Right)
LH → Hélice à Esquerda (Left)
3) O “Pitch Diameter” é o mesmo que o circulo primitivo. As engrenagens não sofreram
correção nos dentes.
Observação: Existem recomendações sobre as dimensões básicas para engrenagens.
Recomenda-se para estas informações de projeto as seguintes literaturas
complementares:
Darle W. Dudley, Gear Handbook, McGrawHill.
Joseph Edward Shigley, Mechanical Engineering Design, McGrawHill.
29
1) Resistência do dente à fadiga: refere-se à capacidade da engrenagem transmitir a
potência requerida sem que ocorra a ruptura do dente por fadiga:
221.02)(AGMA
KK
KS
PK
J
K
F
K126000
Kdn
P
TR
Laf
dsmo
vp
af








420.04)(AGMA
P
J
KKKP
d
321af

No caso do dimensionamento pela AGMA 420.04 a Potência de Serviço será obtida
por:
SF
af
C
P
ServiçodePotência 
CSF corresponde ao fator de serviço conforme a aplicação (ver AGMA 420.04).
Os valores referentes aos cálculos das engrenagens da figura 6 são mostrados na
tabela 6.
Tabela 6: Especificações Gerais do Redutor – Requisitos da Aplicação e Condições de Projeto
Ref. Nome 1.o
Par 2.o
Par Observação
np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor
d Diâmetro Primitivo pinhão/coroa
(in)
3,8875/21,624 4,775/24,831 ver desenho
Kv Fator Dinâmico )v(7878  0,85 0,92 AGMA 221.02 pag. 6
Ko Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 3
F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho
Km Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 221.02 item 6
J (1)
Fator de Geometria
Pinhão/Coroa
0,42/0,58 0,40/0,57 AGMA 221.02 apend.
Ks Fator de Trabalho 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 7
Pd Diametral Pitch Transversal 4,115 3,175 AGMA 221.02 item 2
Saf Tensão Admissível Fadiga P/C 49000/42800 49000/42800 AGMA A221.02 fig 7
KL Fator de Vida 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 6
KR Fator de Segurança 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 4
KT Fator de Temperatura 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 12
V Velocidade Tangencial PD
(ft/min)
915,6 202,26 V = π.d.n/12
30
K1 v
p
K
126000
dn


0,025 0,005 AGMA 420.04 fig. C4
K2
m
K
F
3,7 6,9 AGMA 420.04 fig. C7
K3 Laf
KS  49000/42800 49000/42800 AGMA 420.04 fig. C9
(1) O valor de J é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 221.02.
Tabela 7: Valores Referentes ao Cálculo de Resistência à Fadiga
AGMA 420.04 e AGMA 221.02
Substituindo os valores nas fórmulas tem-se:
Primeiro Par
AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente – Fadiga
- Pinhão: 11
149000
115,41
42,0
5,1
724,4
0,1126000
85,08875,3900
Paf








(HP)75,371Paf

- Engrenagem: 11
142800
115,41
58,0
5,1
724,4
1126000
85,0624,2179,161
Paf








(HP)40,448Paf

AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga
- Pinhão: 115,4
42,0
490007,3025,0Paf

(HP)60,462Paf

- Engrenagem 115,4
58,0
428007,3025,0Paf

(HP)00,558Paf

Todos os valores obtidos acima são superiores ao valor requerido de 104 HP.
No caso da AGMA 420.04 está previsto a utilização do fator CSF, cujo valor máximo
neste casoé 2. Neste caso o valor mínimo de potência será 231,3 HP (considerando o
pinhão) que é superior ao valor requerido de 104 HP.
31
No caso da AGMA 221.02 o fator Ko considerado com valor superior a 1, sendo o valor
máximo da tabela 3 igual a 2,25. Neste caso a potência admissível será de 165,22 HP
(considerando o pinhão), que ainda é superior ao valor requerido de 104 HP.
Portanto, mesmo considerando as condições mais severas de dimensionamento, o
primeiro par de engrenagens atende às condições com relação à ruptura do dente por
fadiga.
Para o caso do segundo par, os valores são obtidos a seguir:
Segundo Par
AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga
- Pinhão: 11
149000
175,31
40,0
5,1
10
0,1126000
92,0775,479,161
Paf








(HP)15,232Paf

-
Engrenagem
11
142800
175,31
57,0
5,1
10
1126000
92,0831,2414,31
Paf








(HP)20,289Paf

AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga
- Pinhão: 175,3
40,0
490009,6005,0Paf

(HP)98,212Paf

-
Engrenagem
175,3
57,0
428009,6005,0Paf

(HP)10,265Paf

Considerando os valores anteriores para os coeficientes de serviço, tem-se:
AGMA 221.02: Paf = 103,17 (no limite).
AGMA 420.04: Paf = 106,49 (no limite).
2) Resistência do dente ao desgaste: neste caso é verificada a capacidade de
transmissão de potência sem que ocorra o desgaste das superfícies de contato dos
dentes do pinhão, conforme o ciclo de trabalho considerado no cálculo.
211.02)(AGMA
CC
CC
C
dS
CCCC
CI
126000
Fn
P
RT
HL
p
ac
ofms
vp
ac

















32
420.04)(AGMACCCCP 4321ac

Ref. Nome 1.o
Par 2.o
Par Observação
np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor
F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho
I(1)
Fator de Geometria 0,237 0,230 AGMA 211.02
Cv Fator Dinâmico  V7878  0,72 0,85 AGMA 211.02 fig. 6
Cs Fator de Tamanho 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 7
Cm Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 211.02 tab. 1
Cf Fator de Condição da Superfície 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 8
Co Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 211.02 tab. 2
Saf Tensão Admissível de Contato 120000 120000 AGMA 211.02 tab. 5
d Diâmetro Primitivo Pinhão/Coroa (in) 3,8875 4,775 ver desenho
CP Coeficiente de Elasticidade 2300 2300 AGMA 211.02 tab. 6
CL Fator de Vida 1,0 1,0 AGMA 211.02 fig. 7
CH Fator de Relação de Dureza 1,01 1,01 AGMA 211.02 fig. 8
CT Fator de Temperatura 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 13
CR Fator de Segurança 1,0 1,0 AGMA 211.02 tab. 2
C1 126000Cdn v
2
p
 0,075 0,023
AGMA 420.04 fig.
A8/A14
C2 m
C/F 3,5 7,4
AGMA 420.04 fig.
A15
C3 

















p
ac
G
G
C
S
1m
m
225,0 720 710
AGMA 420.04 fig.
A18
C4  2
L
C 1 1
AGMA 420.04 fig.
A20
(1) O valor de I é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 211.02 de fev.
1969.
33
Tabela 8:Valores Referentes ao Cálculo de Resistência ao Desgaste
AGMA 420.04 e AGMA 211.02
Pinhão do Primeiro Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente -
Desgaste
AGMA 211.02
2
ac
11
01,11
2300
72,0120000
115,11
72,0237,0
126000
724,4900
P 















(HP)0,161Pac

AGMA 420.04
17205,3075,0Pac

(HP)189Pac

Pinhão do Segundo Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente -
Desgaste
AGMA 211.02
2
ac
11
01,11
2300
775,4120000
115,11
85,023,0
126000
1079,161
P 















(HP)106Pac

AGMA 420.04
17104,7023,0Pac

(HP)8,120Pac

Neste caso o pinhão do segundo par esta no limite de dimensionamento. O fator de
sobrecarga (AGMA 211.02) e o fator de serviço (AGMA 420.04) foram considerados
iguais a 1.
c.2) Dimensionamento dos Eixos e Rolamentos:
c.2.1) Eixo de Entrada:
W t
W r
W a
W
n
t
I II
W t1
R1R2
W a
900 rpm
Forças Atuantes no Dente
Figura 7: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Entrada
34
c.2.1.1) Cálculo das Forças de Engrenamento:
Com base na figura 7 obtemos os seguintes valores para as forças de engrenamento:
Força Radial Wr = W.SenΦn
Força Tangencial Wt = W.CosΦn.Cosψ
Força Axial Wa = W.CosΦn.Senψ
Φn = 20o
e ψ = 13,54o
.
O valor da Força Tangencial pode ser obtida na equação do torque transmitido:
m)(N8,795
s)rd(94,25
(W)75000
ω
P
T
1
1

(N)16119
4,258875,3
100028,795
d
2T
W
1p
1
t1






Os valores das forças de engrenamento são:
Força Radial: Wr1 = 6.034,6 (N)
Força Tangencial: Wt1 = 16.119 (N)
Força Normal: W1 = 17.644 (N)
Força Axial: Wa1 = 3.882 (N)
c.2.1.2) Reações de Apoio:
As forças serão divididas em dois planos: plano das forças radiais e forças
tangenciais.
ΣF = 0
ΣM = 0
6,6034RR r2r1

375R105R r1r2

16119RR t2t1

375R105R t1t2

35
Plano Radial R1r = 1320 (N) R2r = 4715 (N)
Plano Tangencial R1t = 3526 (N) R2t = 12593 (N)
c.2.1.3) Verificação da secção I, cálculo da tensão equivalente:
Cálculo do momento na secção crítica I.
4125755,3771875,7897625,62W5,167RM 1rr2Ir

11018905,10074375,21093275,62W5,167RM 1tt2It

Flexão)de(Momento(Nxmm)7,1176596MMM
2
It
2
IrIf

Torção)de(Momento(Nxmm)795800TM 1It

Aplicando o critério de resistência para tensões compostas, temos:





 
2
t
2
ffe
MMM
2
1
M
Para facilidade de cálculo será utilizado o valor de Mf e Mt em Kgfxcm:
Mf = 11994 (Kgfxcm)
Mt = 8112 (Kgfxcm)
  cm)(Kgf1323781121199411994
2
1
M
22
Ie

O valor da tensão equivalente na secção crítica, com diâmetro de 83 mm, será obtida
na equação:
)(Kgf/cm236σ
3,8π
3213237
dπ
32M
Z
M
σ
2
Ie33
I
Ie
fI
Ie
Ie







)(Kgf/mm36,2σ
2
Ie

A Tensão Admissível de Fadiga da Secção I (σIaf) será considerada conforme
recomendações da NBR 8400 Apêndice H.
If
Ifa
Iaf
K
σ
σ 
36
O Limite de Resistência à Fadiga do Material (σIfa) é obtido nos gráficos de
propriedades do material. Considerando a NBR 8400, para o aço de 70 daN/mm2
(Figura
40), tem-se:
)(Kgf/mm7,35)(daN/mm35σ
22
Ifa

O Coeficiente de Concentração de Tensões da Secção I (KIf), conforme NBR 8400, é
definido por:
IcIuIdIsIf
KKKKK 
Os valores dos coeficientes são:
Coeficiente de Forma K1s = 2 Figuras 41 e 42
Coeficiente de Dimensão K1d = 1,65 Item H.3.2
Coeficiente de Rugosidade K1u = 1 Figura 43
Coeficiente de Corrosão K1c = 1 Figura 43
O valor do Coeficiente de Concentração de Tensões é:
30,31165,12K If

O valor da Tensão Admissível de Fadiga será:
14,64)deéAGMApelavalor(Este)(Kgf/mm82,10
30,3
7,35
K
σ
σ
2
If
Ifa
Iaf

Portanto:
)(Kgf/mm36,2σσ
2
IeIaf

O valor da Tensão Admissível de Fadiga é superior ao valor da Tensão Equivalente.
C.2.1.4) Verificação da secção II, cálculo da torção:
Cálculo da tensão de cisalhamento devido à torção na secção II de 80 mm de
diâmetro.
)(Kgf/mm81,0
8π
168112
Z
M
τ
2
3
t1
It
IIt




A Tensão Admissível de Fadiga, com relação ao cisalhamento, também pode ser
obtida através da NBR 8400, sendo o valor para este caso de τIIaf = 6,18 (Kgf/mm2
).
Portanto, para a secção II a tensão admissível é superior ao valor da tensão aplicada.
37
C.2.1.5) Esmagamento da Chaveta:
Fe
Figura 8: Esforço na Chaveta do Eixo de Entrada
Considerando a equação do torque para a região da chaveta, tem-se:
(Kgf)2028F
4
8112
2/8
8112
2d
T
F e
1
e

A força é aplicada na face da chaveta, causando a tensão de compressão:
)(Kgf/mm54,2σ
1147
2028
σ
2
ecec



Considerando a chaveta de AISI 1045 a Tensão Admissível na Chaveta, conforme
AGMA 420.04, é de: σac = 21,43 (Kgf/mm2
).
A Tensão Admissível é superior ã tensão de esmagamento na chaveta. Mesmo
considerando um Fator de Serviço igual a 2, não existe problema de esmagamento na
chaveta.
C.2.1.6) Rolamento do Eixo de Entrada:
As dimensões do eixo definem o diâmetro interno do rolamento. Para estes redutores
normalmente são utilizados rolamentos de rolos cônicos ou autocompensadores de rolo.
Neste caso é utilizado o rolamento autocompensador de rolos 22218. No
dimensionamento do rolamento deve ser definida a vida útil quanto a fadiga, que depende
da aplicação. Para veículos com utilização de 24 horas diárias em serviço contínuo,
recomenda-se a vida mínima quanto a fadiga com confiabilidade de 90% (L10h) de 40.000
horas.
Os critérios de cálculo estão de acordo com o Catálogo Geral da SKF 1990-00 número
4000 PB.
38
Primeiramente deve ser determinada a Carga Dinâmica Equivalente (Ver item c.2.1.1 e
c.2.1.2).
ar
FYFXP 
Para a condição de melhor distribuição de carga o rolamento fixo, que recebe a carga
axial, neste caso deve ficar do lado de menor carga radial. A reação R1 é menor do que
R2, portanto a carga axial deve ser aplicada do lado de R1.
(Kgf)384FRRF 1r
2
t1
2
r1r1

(Kgf)396FWF aaa

Pelo critério de dimensionamento, sendo Fa/Fr = 1,03 > e (e = 0,24), tem-se:
X = 0,67 e Y = Y2 = 4,40.
(Kgf)20004.174228,25739640,438467,0P1

A Capacidade de Carga Dinâmica do Rolamento é: C = 253000 (N) = 25790 (Kgf)
Aplicando a equação é calculada a vida para o rolamento fixo na posição 1 do eixo de
entrada:
3
10
3
10
1
10h1
2000
25790
90060
000.000.1
P
C
n60
000.000.1
L 


















horas112.93L 10h1

O rolamento atende a aplicação pois o valor calculado é superior a 40.000 horas.
No caso da posição 2, que somente recebe a carga radial (rolamento livre) tem-se:
(Kgf)1371FRRF 2rt2r2r2

(Kgf)1371FP r22

A vida com relação a fadiga será:
horas834.327L
1371
25790
90060
000.000.1
L 10h2
3
10
10h2









39
C.2.2) Eixo Intermediário:
Os cálculos seguem procedimento semelhante ao item c.2.1. A figura 9 apresenta a
distribuição das forças.
Verificar neste caso o sentido dos ângulos de hélice das engrenagens, que garantem
uma compensação das cargas axiais no rolamento fixo (autocompensador 22220).
Para a construção dos planos de ação das forças radiais e tangenciais devem ser
observadas as condições do primeiro e segundo engrenamento.
As seccões críticas também estão apresentadas na figura 9.
R4 R3
W a1 W a2
W r1
W t1
III IV
W r2
W t2
161,80 rpm
16,94 rd/s
Forças de Engrenam ento
Esquem a das
Figura 9: Distribuição de Forças no Eixo Intermediário
C.2.3) Eixo de Saída:
Os cálculos referentes ao eixo de saída devem levar em consideração os dados da
figura 10. O rolamento utilizado é o autocompensador 23034. Para o dimensionamento
devem ser efetuadas as mesmas considerações dos eixos anteriores.
As forças radial, tangencial e axial correspondem aos mesmos valores do pinhão do
eixo intermediário.
Neste eixo o torque é transmitido nas duas pontas de eixo, devendo ser efetuada a
verificação da chaveta.
40
VI V VI
3,26 rd/s 3,26 rd/s
W a2
R6 R5
Figura 10: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Saída
C.3) Componentes Diversos:
Após o dimensionamento dos componentes principais, eixos e engrenagens, a carcaça
deve ser projetada e os demais componentes do redutor devem ser especificados. Estes
componentes são: tampas, elementos de junção (porca, parafusos, arruelas), elementos
de vedação (retentores e juntas), espaçadores, visor de nível de óleo e respiros.
Posteriormente deve ser analisado o sistema de lubrificação a ser utilizado.
Normalmente o método de lubrificação é o banho de óleo. Para condições mais severas
pode ser necessária a lubrificação circulatória, incluido o resfriamento do óleo. Esta
condição pode ser avaliada através da norma AGMA 420.04, considerando o cálculo da
potência térmica do redutor.
d) Acoplamentos e Eixos de Transmissão:
Estes componentes são utilizados para transmitir o torque desde o motor, passando
pelo redutor até atingir o eixo de acionamento das rodas motrizes.
Os fatores que determinam o dimensionamento são: torque e rotação.
No caso dos acoplamentos devem ser utilizados componentes padronizados. Existem
diversos tipos e modelos de acoplamentos que podem ser aplicados nos equipamentos de
movimentação de carga. Atualmente existem modelos com elastômeros que ocupam
espaço nas diversas partes da transmissão, este tipo de acoplamento não necessitam a
lubrificação.
Para os equipamentos de maior capacidade normalmente o acoplamento mais
utilizado é o de engrenagens. A especificação feita com utilização do catálogo do
41
fabricante, considerando o torque e a rotação no ponto da instalação, também deve
considerar o fator de serviço para a aplicação. Porém, na maioria das aplicações o fator
determinante para a especificação destes acoplamentos é o diâmetro do eixo no local da
instalação. Estes componentes tem a limitação do furo máximo no cubo, sendo em muitos
casos necessário um acoplamento com capacidade de transmissão de torque superior ao
especificado em função da limitação do furo. Recomenda-se para maiores detalhes utilizar
o catálogo dos fabricantes.
Considerando como exemplo o acoplamento entre o motor e o redutor, o torque
transmitido é de 8112 (Kgfxcm). Para um fator de serviço de dois, o torque para
especificação é de 16224 (Kgfxcm). Este torque pode ser transmitido por um acoplamento
do tamanho 1015G, porém o furo máximo neste caso é de 65 mm, sendo que o eixo do
redutor tem 80 mm e o redutor 95 mm. Para atender esta condição é especificado um
acoplamento tamanho 1030G, que pode transmitir até 123343 (kgfxcm).
Estes dados foram obtidos do catálogo da PTI.
No caso dos eixos de transmissão deve ser verificada a tensão máxima de trabalho
devido ao torque em relação a tensão admissível do material. No dimensionamento do
redutor foi descrito o procedimento para esta análise. Além da verificação da tensão, estes
eixos devem ser verificados com relação ao ângulo de torção. Para algumas aplicações
pode ser necessário eixo de comprimento elevado, colocando em risco a estabilidade do
eixo devido ao ângulo de torção acima do admissível. Neste caso é necessário subdividir
o eixo de transmissão de acordo com a necessidade do sistema de acionamento.
e) Conjuntos de Rodas:
A figura 4 mostra o arranjo escolhido para o sistema de acionamento e conjuntos de
rodas. Neste modelo serão utilizados dois conjuntos de rodas motrizes e dois conjuntos de
rodas movidos. A seguir são apresentados os critérios para o dimensionamento destes
componentes.
e.1) Conjunto de Rodas Motrizes:
A figura 11 apresenta as características do conjunto de rodas motrizes. As cargas
aplicadas neste componente são provenientes do acionamento do eixo pinhão e do peso
aplicado às rodas.
42
e.1.1) Eixo Pinhão do Acionamento:
O carro possui dois conjuntos de rodas motrizes, conforme construção da figura 4. O
torque de saída do redutor é divido para os dois eixos de transmissão, 50% para cada
lado.
Para calcular a tensão máxima de trabalho devem ser analisados os esforços
aplicados ao eixo pinhão de acionamento. Estes esforços são constituidos pelo torque
transmitido pelo redutor e pelas forças de engrenamento. O torque é definido pela
seguinte expressão:
c
3
3
K
ω
P
2
1
T 








Torque de Saída T3 = 14.950 (N x m) 50% para cada lado
Potência do Motor P = 75.000 (watts) sem considerar eficiência
Veloc. Ang. De Saída ω3 = 3,26 (rd/s)
Fator de Choque Kc = 1,3 movimento com reversão
A partir do valor do torque podem ser calculados os valores das forças de
engrenamento. Em seguida são obtidas as tensões de flexão, torção e a tensão
combinada. Este valor é comparado com a tensão admissível do material do eixo de
transmissão.
43
Figura 11: Conjunto de Rodas Motriz
e.1.2) Engrenamento da Roda:
O pinhão aciona duas rodas simultaneamente, através de engrenagens de dentes
retos acopladas diretamente ao eixo das rodas motrizes.
Os dados dimensionais das engrenagens são definidos na tabela abaixo:
Engrenamento do Conjunto de Rodas
Pinhão Engrenagem
Tipo de Dente Dentes Retos
Perfil Módulo Normal
Forma do Dente Perfil Envolvente
Módulo 13
Ângulo de Pressão 20o
Número de Dentes 28 54
Diâmetro Primitivo 364 702
Backlash 0,2
Ferramenta HOB
Precisão (DIN) Grau 9
Dureza (HB) 320o
10 280o
10
Tabela 9: Engrenamento do Conjunto de Rodas
Para o cálculo das potências admissíveis quanto à fadiga e o desgaste devem ser
utilizadas as normas AGMA.
44
e.1.3) Rolamentos do Eixo Pinhão:
Para o cálculo dos rolamentos devem ser utilizadas as reações de apoio calculadas no
dimensionamento do eixo, item e.1.1. A vida útil recomendada quanto a fadiga deve ser
superior a 40.000 horas.
e.1.4) Rodas:
As rodas recebem os esforços devido ao peso próprio do carro e o peso da carga, que
totaliza 260 toneladas para este veículo. As rodas não recebem exatamente o mesmo
valor da carga, pois o centro de gravidade do conjunto não é simétrico. No item 2.2.3 foi
calculada a reação dos apoios na estrutura. Apesar da diferença entre R1 e R2, podemos
verificar que os valores são próximos. Além disso as rodas suportam o peso próprio do
conjunto de rodas. A carga máxima aplicada em uma roda motriz (que corresponde ao
maior valor de carga) é de 325000 (N).
O dimensionamento da roda é feito com base na expressão básica descrita abaixo:
BD
P
K r
f


Pressão de Contato Kf = 4,836 (N/mm2
) Deve ser menor que a Pressão Limite (1)
Carga aplicada Pr = 325.000 (N) Calculada a partir da carga total.
Diâmetro da Roda D = 800 (mm) Dimensão da roda.
Largura de Contato com Trilho B = 84 (mm) Dimensão do trilho.
A Pressão de Contato define o material a ser especificado para a roda. Esta especificação
deve ser efetuada com referência nos catálogos dos fabricantes especializados, que
estabelecem as condições para a Pressão Limite (1)
.
A Norma NBR 8400 também estabelece o critério para determinação do material da
roda com base na Pressão Limite (1)
(ver item 6.7.4 da Norma).
Considerando o critério da NBR 8400 temos:
21limf
ccPK 
Os valores dos coeficientes obtidos na norma são: c1 = 1,09 e c2 = 0,8. Portanto:
21
f
lim
cc
K
P


45
O que determina uma Plim 5,55 (N/mm2
). A tensão de ruptura do material deverá ser
superior a 600 (N/mm2
) (NBR 8400 – Tabela 30).
e.1.5) Eixo das Rodas:
Os eixos das rodas também devem ser calculados considerando como uma viga bi-
apoiada. Os valores das cargas e reações de apoio são obtidos a partir da carga aplicada
à roda (Pr).
e.1.6) Rolamentos das Rodas:
Normalmente são aplicados rolamentos autocompensadores de rolos. Para alguns
casos também são utilizados rolamentos de rolos cilindricos e rolamentos de rolos
cônicos. No cálculo da carga dinâmica equivalente deve ser considerada a carga radial
devido ao esforço aplicado na roda e a carga axial deve ser considerada em torno de 10%
da carga radial, pois existem esforços devido ao contato entre a aba da roda e o trilho. O
esforço axial não pode ser determinado com precisão através de cálculos, porém o valor
de 10% da carga radial é normalmente utilizado para este tipo de cálculo. A vida com
relação a fadiga deve ser superior a 40.000 horas para esta aplicação.
Para este caso ocorre a mesma situação do dimensionamento dos rolamentos
anteriores, normalmente o diâmetro do eixo acaba sendo o fator determinante para a
escolha do rolamento.
e.1.7) Estrutura do Conjunto de Rodas:
A trnsferência das cargas da estrutura principal do carro para as rodas é efetuada
através da estrutura do conjunto de rodas. No caso do conjunto motriz esta estrutura
também suporta o sistema de acionamento das rodas.
O projeto da estrutura do conjunto de rodas requer alguns cuidados especiais
principalmente nas regiões de apoio dos rolamentos e dos eixos das rodas, que devem
ser reforçados para garantir rigidez suficiente durante a translação do carro.
A seguir é apresentada a verificação da secção crítica. A figura 12 apresenta a
aplicação das cargas sobre a estrutura do conjunto de rodas.
A força F3 corresponde à reação R1 calculada no item 2.2.3, cálculo da estrutura
principal. Nos conjutos de rodas motrizes o peso é maior devido ao acionamento e a
proteção.
46
Considerando que temos dois conjuntos de rodas motrizes a força F3 será:
F3
R3 R3
B
B
R3 R3
F3
Figura 12: Estrutura do Conjunto de Rodas – Distribuição de Cargas
(Kgf)63600F
2
127200
2
R
F 3
1
3

Considerando a distribuição de cargas da figura 12 obtem-se o valor de R3:
(Kgf)31800R
2
63600
R 33

Portanto, o momento em B será:
mm)(Kgf14310000M
4
90063600
4
LF
M B
3
B





As tensões máximas devem ocorrer em B, secção crítica (figura 13).
A secção B não é simétrica, portanto devemos inicialmente determinar o centro de
gravidade da secção para obtermos a linha neutra em relação a direção do carregamento
vertical.
Os valores d1, d2 e d3 representam a distância dos componentes individuais da secção
ao centro de gravidade procurado:
Temos que: (S1, S2 e S3 são as áreas das secções individuais):
0dSdSdS 332211

175dd
5,152dd
5,327dd
21
23
21



47
1
3
2
CG
L
Figura 13: Secção Crítica do Conjunto de Rodas
Substituindo os valores:
0)d5,327()6025()d175()28022(d)7070( 111

Resolvendo as equações obtem-se: d1, d2 e d3
d1 = 327,5 (mm)
d2 = 50 (mm)
d3 = 202,5 (mm)
O momento de inércia das secções individuais são obtidos abaixo:
CG
3
dS
12
hb
I 


)(mm78563333I1257070
12
7070
I
4
1
2
3
1



)(mm55645333I5028022
12
28022
I
4
2
2
3
2



)(mm61587500I5,2022560
12
2560
I
4
3
2
3
3



O valor de I para a secção B é a soma dos momentos de inércia dos componentes:
)(mm195796166IIIII
4
321

48
Os módulos de resistência a flexão superior e inferior são obtidos em função da
distância do CG, conforme descrito abaixo:
ICG
IB
SCG
SB
d
I
Ze
d
I
Z 
Os valores das distâncias ao CG são:
(mm)16035125d SCG

(mm)2155,125,202d ICG

Substituindo os valores tem-se:
Módulo de Resistência a Flexão Superior ZSB = 1.222.726 (mm3
)
Módulo de Resistência a Flexão Superior ZIB = 910.680 (mm3
)
As tensões atuantes devido as cargas de flexão são:
)(Kgf/mm85,5σ
12237262
14310000
Z2
M
σ
2
SB
SB
B
SB





)(Kgf/mm86,7σ
9106802
14310000
Z2
M
σ
2
IB
IB
B
IB





A tensão é dividida por 2 porque o conjunto de rodas possui duas vigas principais de
sustentação.
Aplicando os mesmos conceitos do item 2.2.3 para a secção B tem-se:
)(kgf/mm24,1845,16,186,7Mψσσ
2
xIBtIB

Neste caso observamos que a tensão de trabalho calculada é superior à tensão
admissível quanto à fadiga para o aço ASTM A36, que é de 16 (Kgf/mm2
). A tensão
calculada é inferior à tensão de escoamento do material, 25,5 (Kgf/mm2
), o que admite a
aprovação das características geométricas da estrutura do conjunto de rodas. Para uma
condição mais segura do desempenho contínuo do equipamento deve-se melhorar as
características do conjunto de rodas para obter-se uma tensão inferior a tensão admissível
quanto a fadiga.
e.2) Conjunto de Rodas Movidas:
Os mesmos critérios de dimensionamento aplicados ao conjunto de rodas motrizes
devem ser aplicados ao conjunto de rodas movidas. Para este conjunto de rodas os
49
cálculos são simplificados pois não existe o conjunto de engrenamento para a transmissão
do movimento.
2 - VEÍCULOS DE TRANSPORTE
O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A
superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos.
Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento,
normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não
ultrapassa uma tonelada.
Os veículos manuais são utilizados para transporte em horários e percursos
irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso.
O projeto e construção destes veículos são relativamente simples, sendo os principais
tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico).
Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial.
O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido
e gás.
As características construtivas apresentam grande diversidade em função da
aplicação e capacidade requerida.
Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras.
A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a
acomodação da carga, como por exemplo: paletes, conteiners ou caixas.
A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo,
sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos
conforme os tópicos apresentados.
Tabela 1: Especificações do Veículo
(1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido
(2) Capacidade de Carga
Carga Máxima de 200 Toneladas
Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas
Peso da Panela de 70 Toneladas
(3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas
(4) Velocidade de Translação 40 m/min
(5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz
50
2.1- Determinação da Potência de Translação
2.1.1 - Cálculo da Resistência ao Movimento
A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr ,
resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a
resistência à aceleração Fa.
a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento
em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e
da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teóricamente em função das
características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de
R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios.
Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento
- Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,012 a 0,014
- Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016
- Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025
- Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006
- Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020
No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas
referências (Dubbel e Ernst Vol. I).
b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a
influência da aceleração da gravidade no plano inclinado.
c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de
translação (Fat) e massas de rotação (Far).
2.1.2 - Seleção da Motorização e Freio
O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência
ao movimento.
a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph):
Deve ser calculado na expressão a seguir:
51
(W)
η
VF
P r
h


Onde:
Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons)
V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo)
η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional)
b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso
devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o
cálculo é obtida a seguir:
(W)
η
V)α(SenF
η
V)α(CosF
P tr
i




Onde:
α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%)
c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a
partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a
velocidade de translação.
Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e
rotação.
O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira:
- Massas em Translação: Neste caso aplicam-se os conceitos básicos da mecânica,
obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a
aceleração da gravidade em metros/segundos2
:
(W)
ηtg
VF
P
a
2
t
at



- Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de
acionamento, das engrenagens, acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma
força perimetral:
(Newtons)
r
a
ΘεΘ
r
1
ω
ω
εΘ..........
ω
ω
εΘ
ω
ω
εΘ
r
1
F 2redTrred
Tr
n
nn
Tr
2
22
Tr
1
11ar









2
Tr
n
n
2
Tr
2
2
2
Tr
1
1red
ω
ω
Θ............
ω
ω
Θ
ω
ω
ΘΘ 
























52
Onde:
Far = Resistência a Aceleração das Massas de Rotação – (Newtons)
Θ = Momento de Inércia do Componente Rotativo – (kgxm2
)
ε = Aceleração Angular – (1/s2
)
ω = Velocidade Angular – (1/s)
Θred = Momento de Inércia Reduzido para o Eixo da Roda Motriz - (kgxm2
)
εTr = Aceleração Angular da Roda Motriz – (1/s2
)
ωTr = Velocidade Angular da Roda Motriz - (1/s)
r = Raio da Roda Motriz – (m)
a = Aceleração – (m/s2
)
O valor da Potência de Aceleração das Massas de Rotação será:
(W)
η
ωT
P Trar
ar


Onde:
Tar = Torque de Aceleração das Massas Rotativas
O valor do Torque de Aceleração é definido por:
m)(NrFT arar

Considerando o tempo de aceleração ta em segundos e substituiindo o valor da
velocidade angular, temos:
a
Tr
t
V
ae
r
V
ω 
(W)
ηtr
VΘ
P
a
2
2
red
ar



O cálculo da Potência de Aceleração Pa é obtido pela soma de Pat e Par.
(W)
ηtr
VΘ
ηtg
VF
P
a
2
2
red
a
2
t
a






Considerando as dificuldades para o cálculo de todas as inércias dos corpos em
rotação do mecanismo de translação do veículo, podemos utilizar a expressão:
(W)
ηtg
VF
x)2,1até1,1(P
a
2
t
a



53
A potência mínima requerida para o motor deve ser escolhida com as seguintes
condições:
(1) Quando Ph > Pa ou Pi > Pa:
Pm = Ph ou Pm = Pi
(2) Quando Pa ≥ Ph ou Pa ≥ Pi
Pm = (Ph + Pa)/(1,7 a 2,0) ou Pm = (Pi + Pa)/(1,7 a 2,0)
Para a especificação da rotação do motor deve ser definido o valor da redução para
obter a velocidade especificada para o veículo.
Após a definição da rotação deve ser escolhido o motor no catálogo dos fornecedores.
O freio do veículo é montado no eixo do motor da translação. A especificação do freio
depende do torque do motor especificado. Para o freio eletromagnético o torque mínimo
de frenagem deve corresponder a 50% do torque do motor.
2.1.3 - Exemplo de Cálculo:
Calcular o motor do carro de transferência de panela de aço conforme especificação.
Para o dimensionamento considerar os seguintes valores complementares:
Resistência estacionária ao movimento: 0,025
Tempo de Aceleração: 4 segundos
Rendimento da Transmissão: 0,75
Superfície Plana.
Aceleração da Gravidade: g = 10 (m/s2
)
Solução:
Temos que:
Peso Total: Ft = 2600000 (N)
Velocidade de Translação: 0,667 (m/s)
a) Cálculo da potência para velocidade constante em superfície plana.
(W)57807
75,0
667,0025,02600000
Ph



54
b) Cálculo da potência para aceleração.
(W)46268
75,04
667,0
10
2600000
2,1P
2
a



Considerando que o valor de Ph é superior ao valor de Pa, a potência mínima requerida
para o motor de translação deve ser de 57,81 (KW).
No caso específico deste equipamento outras condições da aplicação também são
consideradas para o dimensionamento do motor. Este carro foi dimensionado para
rebocar um outro veículo motorizado para situação de emergência. Neste caso a potência
real do motor especificado foi de 75 (KW).
No cálculo do valor de Ph foi adotado um elevado valor para a resistência ao
movimento (R), correspondente a 0,025. Este valor refere-se às condições do local da
aplicação que pode ter sujeira sobre o trilhos, aumento a resistência ao movimento. O
valor adotado corresponde ao maior valor da tabela.
Para a especificação do tipo de motor também deve ser considerado o equipamento
elétrico utilizado para o controle da velocidade. Atualmente existem diversas alternativas
para este controle, para maiores esclarecimentos deste assunto devem ser consultadas
as especificações sobre o acionamento das máquinas elétricas.
2.2 - Dimensionamento da Estrutura:
2.2.1 Definição da Geometria do Veículo:
A construção de um veículo para determinada aplicação pode seguir diversas
geometrias diferentes.
A definição das dimensões da estrutura deve observar as seguintes condições
básicas.
- Garantir a acomodação da carga;
- Permitir a colocação e retirada da carga no veículo com os recursos
disponíveis;
- Não interferir com a instalação existente;
- Permitir a instalação do conjunto de acionamento;
- Facilitar o acesso para a manutenção.
Além dos fatores descritos acima, as características da geometria pode influenciar nos
esforços estruturais, principalmente no que se refere a concentração de tensões.
55
A escolha de uma geometria adequada também pode permitir a redução do peso da
estrutura.
A figura 1 mostra duas formas construtivas para um veículo usado em uma mesma
aplicação. A figura 1.a mostra um tipo de construção onde o conjunto de acionamento
esta aciplado a apenas dois conjuntos de rodas. Na figura 1.b o veículo pode ter até 4
conjuntos de motorizações independentes acoplados diretamente aos conjuntos de rodas.
Esta condição garante uma maior confiabilidade ao veículo 1.b, porém o custo do
investimento é muito superior.
Figura 1.a: Carro com 1 Motorização e 2 Conjuntos de Rodas Motrizes
Figura 1.b: Carro com 4 Motorizações e 4 Conjuntos de Rodas Motrizes
Figura 1: Modelos de Carros de Transferência
56
2.2.2 - Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis.
O projeto de um novo equipamento enolve considerações preliminares para o início do
dimensionamento. Durante o processo de cálculo e desenho são feitas as correções, com
a finalidade de alcançar todos os objetivos esperados.
A estimativa de peso normalmente é feita com base em equipamentos similares já
construídos. As considerações sobre a geometria, realizada no item 2.2.1., podem auxiliar
no cálculo da estimativa. Após a definição das estruturas é feita uma revisão nos cálculos
e caso necessário, alterações na geometria do veículo.
As condições de carregamento são muito importantes para o dimensionamento da
estrutura. Esta informação deve levar em consideração, além das cargas estáticas como
o peso da carga e o peso próprio, todas as demais solicitações dinâmicas, como por
exemplo as cargas de impacto, dilatação térmica e o vento, que estarão presentes
durante a utilização do equipamento. As condições ambientais também devem ser
analisadas, fatores como temperatura ambiente e corrosão podem alterar as solicitações
na estrutura.
Um outro fator que deve ser considerado é o ciclo de trabalho do equipamento, que
pode variar em função da utilização. A influência destes diversos fatores nas condições de
carregamento podem ser determinadas com base em normas para a construção deste
tipo de equipamento, para este caso recomenda-se o uso da NBR 8400.
A construção de um veículo de transporte envolve o uso de materiais e métodos de
fabricação que devem garantir a resistência da estrutura às diversas solicitações de
carregamento. Para a grande maioria das aplicações já existem os materias e métodos
normalizados que garantem o desempenho da máquina. Através de ensaios mecânicos,
incluindo testes de fadiga, são definidos os limites de resistência à ruptura, escoamento e
fadiga dos materiais. Aplicando as condições de carregamento na estrutura do
equipamento, são calculadas as tensões de trabalho. Com base nas propriedades dos
materiais e considerando os fatores de segurança da aplicação e as concentrações de
tensões, são definidas as tensões admissíveis para o projeto. A Norma NBR 8400
apresenta critérios para a definição da tensão admissível para diversos materiais
utilizados na construção de equipamentos para a movimentação de cargas.
No dimensionamento da estrutura do equipamento devem ser considerados os
diferentes critérios de dimensionamento que envolve: a ruptura, o desgaste ou a fadiga do
equipamento. Em função do critério adotado deve ser comparada a tensão de trabalho
calculada com a respectiva tensão admissível referente ao material. Por exemplo, a
estrutura dimensionada pelo critério de fadiga deve levar em consideração a carga que
57
representa o ciclo médio de trabalho do equipamento. Porém, a mesma estrutura deverá
suportar as condições extremas de solicitação, que são representadas pelas cargas
máximas. Pelo critério da fadiga a tensão calculada é comparada com a tensão
admissível à fadiga, pelo critério de ruptura a tensão máxima calculada é comparada com
a tensão admissível à ruptura.
2.2.3 Exemplo de Cálculo:
Calcular a tensão máxima atuante na viga principal do carro de transferência de
panela de aço, representado na figura 1.a, considerando as especificações descritas na
Tabela 1.
A viga principal coresponde à parte do veículo que distribui o peso do carro e da carga
sobre as rodas de apoio. Esta parte da estrutura deve ser dimensionada para suportar as
cargas estáticas e dinâmicas do equipamento e garantir a durabilidade prevista em função
do ciclo de trabalho e das condições ambientes.
De uma maneira geral o dimensionamento da estrutura principal deve considerar os
seguintes passos:
(1) Determinar os pontos de aplicação da carga;
(2) Calcular as reações de apoio;
(3) Calcular o momento máximo;
(4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo;
(5) Calcular os níveis de tensões nos pontos críticos da secção;
(6) Comparar com a tensão admissível do material.
(1) Determinar os pontos de aplicação das cargas: Com base na figura 1.a são
definidas as cargas aplicadas à estrutura, conforme figura 2.
58
R1
W 3
W 4
A
R2
W 1
W 2
Figura 2: Condições de Carregamento para o Veículo
Na figura 2 temos:
W1 = Peso da Carga, 200 Toneladas
W2 = Peso da Estrutura, 37 Toneladas
W3 = Peso da Estrutura de Proteção, 8,5 Toneladas
W4 = Peso do Acionamento, 5,2 Toneladas
(2) Cálculo das reações de apoio: Considerando a viga principal bi-apoiada no centro
dos conjuntos de roda do veículo, temos:
∑F = 0
∑MdireitaA = ∑MesquerdaA
Considerando os dados da figura 2 são obtidas as equações:
432121
WWWWRR 
(N)2507000RR 21

Obs: O valor de 260 toneladas considera o peso dos 4 conjuntos de rodas que
não estão apoiados sobre a estrutura do carro.
432121
W0,8W15,8W7,4W9,3R0,1R7,4 
Obs: Para o cálculo dos momentos as cargas distribuídas foram consideradas
concentradas em seus respectivos centros de gravidade. Foi considerado o
momento na extremidade direita do veículo considerando a figura 2.
59
Resolvendo as equações acima são obtidas as reações nos apoios:
R1 = 1272000 (N)
R2 = 1235000 (N)
(3) Calculo do momento máximo: No caso de estruturas complexas com carregamento
e geometria não uniforme a determinação exata do momento máximo requer um
procedimento de cálculo detalhado. Normalmente são utilizados critérios de aproximação
para facilitar o cálculo, porém as aproximações são feitas sempre a favor da segurança do
dimensionamento.
No caso deste veículo, observando a figura 2, pode ser verificado que o centro de
gravidade da carga máxima (W1 = 200 toneladas) esta próximo ao centro da viga
principal, portanto a secção crítica será considerada em A.
O momento MA da secção crítica será:
8
W5,1
4
w9,3
xR9,2M 1q
2
2A




Obs: O valor wq corresponde à carga distribuída W2 na extensão de 9,4 metros
da viga principal. Portanto: wq = W2/9,4 = 39361,7 (N/m).
Substituindo os valores tem-se:
MA = 3056833,6 (Nxm) = 305683360 (kgfxmm)
(4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo: Para o cálculo da
tensão máxima deve ser calculado o módulo de resistência à flexão.
A figura 3 apresenta as dimensões da secção crítica A.
A seguir é apresentado o cálculo do módulo de resistência à flexão da viga (ZA). Neste
caso a viga é simétrica em relação ao eixo horizontal, portanto o módulo de resistência
superior e inferior são iguais. A seccão da viga foi subdividida em componentes (a, b, c, d,
e), sendo calculado primeiramente os momentos de inércia individuais e posteriormente o
módulo de resistência à flexão combinado.
60
a
b c d
e
Figura 3: Secção da Viga Principal na Região Crítica
Tabela 3: Cálculo do Momento de Inércia da Secção Crítica
a
I 
22
5,457119025251190
12
1
 6228410417
b
I 
3
89019
12
1
 1116200917
c
I 
3
89022
12
1
 1292443167
d
I 
3
89022
12
1
 1292443167
e
I 
22
5,457119025251190
12
1
 6228410417
I 16157908090
Com o valor de I calcula-se o valor de ZA.
mm)940(H
)2/H(
I
Z A

Substituindo os valores tem-se:
ZA = 34378528 (mm3
)
(5) Calculo da tensão na secção crítica: Com o valor do momento e do módulo de
resistência à flexão é calculada a tensão de flexão máxima na secção crítica. Deve ser
observado que o valor do momento deve ser dividido entre as duas vigas principais,
conforme equação abaixo:
)mm/kgf(45,4
34378528x2
305683360
Z2
M
σ
2
A
A
A



61
A tensão de trabalho deve levar em consideração alguns fatores relacionados às
condições da aplicação. Estes fatores são estabelecidos em normas.
No caso deste carro é utilizada a NBR 8400/1984 item 5. Serão considerados o
coeficiente dinâmico Ψ e o coeficiente de majoração da carga Mx nos seus valores
máximos:
Ψ = 1,60 (considera o impacto de colocação da carga)
Mx = 1,45
)(kgf/mm324,1045,16,145,4Mψσσ
2
xAtA

Portanto, a tensão na secção crítica a ser considerada é:
σtA = 10,324 (kgf/mm2
)
(6) Tensão admissível do material: A definição da tensão admissível está diretamente
relacionada com o critério de dimensionamento do equipamento. Este critério é
estabelecido entre o cliente e fornecedor e deve seguir alguma norma de construção
aplicada ao tipo de equipamento.
Neste caso o material de construção da estrutura é o ASTM A36, cujas propriedades
são:
σescoamento = 250 Mpa = 25,5 (kgf/mm2
)
σruptura = 400 Mpa = 40,8 (kgf/mm2
)
A tensão admissível conforme NBR 8400 para σescoamento/ σruptura = 0,625 < 0,7, será:
σadm. = σescoamento/1,5 = 17 (kgf/mm2
)
A tensão admissível com relação à fadiga é definida nos gráficos e tabelas do Anexo
G da NBR 8400. Para o aço ASTM A36 obtemos que o valor de tensão admissível quanto
a fadiga para estrutura de construção soldada é da ordem de 16 (kgf/mm2
).
Verificamos que os valores das tensões admissíveis são superiores ao valor da tensão
de trabalho.
O dimensionamento dos demais componentes da estrutura do veículo também deve
seguir o mesmo procedimento adotado para a viga principal. Algumas partes estão
62
sujeitas a esforços elevados Estas regiões estão localizadas nos suportes da panela e
nos apoios da estrutura sobre os conjuntos de acionamento. Nestes casos devem ser
previstos reforços para garantir que não sejam ultrapassadas as tensões admissíveis.
Para cálculos mais precisos, principalmente devido a influência de concentração de
tensões, existem os programas de elementos finitos.
3. MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO
As máquinas de elevação representam uma grande variedade de equipamentos
utilizados em todos os setores da atividade industrial.
A classificação destes equipamentos necessitaria inúmeras considerações para que
fossem incluídas todas as formas construtivas da atualidade.
Os principais equipamentos que fazem parte das máquinas de elevação são:
guindastes, pontes rolantes, elevadores e guinchos.
O projeto e construção de máquinas de elevação requerem a aplicação de normas
específicas, que determinam as condições básicas que devem ser obedecidas.
A especificação das características do equipamento é muito importante para a
definição das condições da aplicação. A seguir são apresentadas as especificações
principais de uma ponte rolante que servirá como exemplo para os estudos que serão
desenvolvidos neste capítulo.
Capacidade Nominal 60/25 toneladas
Serviço Manuseio de Panela Vazia
Classificação AISE 6 – Classe 3
Temperatura Ambiente 50o
C
Velocidade do Levantamento Principal 10 m/min.
Velocidade do Levantamento Auxiliar 10 m/min.
Velocidade de Translação do Carro Principal 30 m/min.
Velocidade do Carro Auxiliar 40 m/min.
Velocidade de Translação da Ponte 80 m/min.
Vão da Ponte 16500 mm
Altura de Elevação Principal 14500 mm
Altura de Elevação Auxiliar 16250 mm
Peso da Ponte 108,2 toneladas
Peso do Carro Principal 33,3 toneladas
Peso do Carro Auxiliar 14,9 toneladas
Peso da Barra de Carga (Levantamento
Principal)
7 toneladas
Peso do Gancho (Levantamento Auxiliar) 1 tonelada
Alimentação AC 440 V – 60 Hz – Trifásico
Tensão de Comando 230 Vcc
Regime 40% ED – 150 man./hora
Tabela 9: Especificações Básica da Ponte Rolante
63
A figura 14 apresenta uma vista geral das dimensões básicas do equipamento que
devem ser consideradas na fase do projeto. Nesta figura são apresentadas algumas
limitações referentes ao local da instalação.
3.1. Meios de Elevação:
O sistema de elevação da carga corresponde à parte construtiva que diferencia este
equipamento em relação aos demais utilizados na movimentação de cargas.
A construção do sistema de elevação das principais máquinas apresenta algumas
características comuns, as quais serão analisadas neste item.
a
b
G
Nível do Piso
L
T
Figura 14: Especificações Básicas para Instalação de uma Ponte Rolante
Figura 15: Ponte Rolante Siderúrgica para Manuseio de Panela (Capacidade 300 Toneladas)
64
Elementos de Máquina para Transmissão por Cabos de Aço:
a) Cabo de Aço:
Os cabos de aço estão presentes na maioria dos equipamentos de elevação de carga.
Outros elementos de sustentação, como por exemplo: correntes de elos redondos,
correntes articuladas e cordas de cânhamo são utilizados em aplicações específicas,
porém na construção dos equipamentos o cabo de aço é o principal elemento utilizado.
As características que garantem ao cabo de aço esta grande utilização são: boa
flexibilidade, grande capacidade de carga, durabilidade e padronização.
O elemento de construção dos cabos é o arame de aço. Os arames utilizados na
construção do cabo possuem resistência à ruptura por tração que pode variar de 160 a
220 (Kgf/mm2
). Para garantir uma solicitação uniforme para todos os arames, o
entrelaçamento utilizado para a formação do cabo deve seguir uma orientação correta
para evitar desgaste prematuro e sobrecarga em alguns arames.
As principais características construtivas do cabo são:
- Número de pernas e número de arames (Seale, Filler e Warrington);
- Tipo de Alma (Aço ou Fibra);
- Sentido e Tipo de Torção (Direita/Esquerda e Regular/Lang);
- Passo;
- Lubrificação;
- Pré formação;
- Resistência do Cabo.
Durante a especificação do cabo de aço para uma aplicação em um equipamento de
elevação os fatores a serem analisados são:
- Escolha da construção e função da aplicação;
- Diâmetros indicados para polias e tambores;
- Ângulo de desvio máximo de um cabo de aço;
- Fator de segurança da aplicação.
A utilização dos cabos de aço nos equipamentos de elevação requer a utilização de
dispositivos e acessórios que devem ser especificados no projeto dos equipamentos, os
principais são: sapatas, manilhas, grampos, soquetes e terminais.
65
Para maiores detalhes referentes ao projeto e especificação referentes aos cabos de
aço recomenda-se consultar as normas específicas (ex. NBR 13541 e 6327) e os
catálogos dos principais fabricantes (ex. CIMAF).
b) Polias:
As polias são os componentes que guiam e sustentam o cabo de aço. Na construção
do sistema de elevação as polias podem ser móveis (passagem) ou compensadoras
(equalizadoras). As polias móveis apresentam rotação que acompanha a velocidade de
movimento do cabo enquanto as polias compensadoras apenas ajustam o movimento do
cabo.
A combinação de polias permite que a capacidade de um sistema de elevação seja
multiplicada, reduzindo a velocidade de elevação. Este sistema é conhecido como moitão.
Um fator importante a ser observado nestas construções é o rendimento da transmissão
(ver exemplo de cálculo item 3.1.6).
A especificação da polia esta diretamente relacionada com o diâmetro do cabo de aço
a ser utilizado, seguindo as recomendações normalizadas para a aplicação. A NBR 8400,
item 6.7.3, apresenta as recomendações para a determinação do diâmetro mínimo de
enrolamento para as polias. A norma AISE 6 e CMAA também apresentam as
recomendações a serem obedecidas na especificação de polias aplicadas em pontes
rolantes.
As demais dimensões de polias também são normalizadas, visando atender as
capacidades requeridas para os respectivos cabos de aço. O projeto da ranhura de
passagem do cabo é muito importante para garantir desgaste reduzido do cabo e da polia.
Para a especificação completa das polias, incluindo materiais e processo de fabricação,
recomenda-se consultar os manuais dos fabricantes (ex. Miguel Abad), normas de
dimensões (ex. DIN 15061, 15062 e AISE 6) e referências indicadas.
Na construção do sistema de polias outros componentes também devem ser
especificados. O eixo deve ser calculado para suportar a carga de trabalho e os
rolamentos devem ser especificados para a vida útil requerida. Os principais tipos de
rolamentos utilizados nestas construções são: cargas leves rolamentos de esferas; cargas
elevadas rolamentos de rolos cilíndricos ou rolamentos de rolos cônicos.
66
c) Tambor (Dromo):
O Tambor é o elemento do sistema de elevação que tem a função de acomodar o cabo
de aço entre os cursos mínimo e máximo. Esta condição, juntamente com o diâmetro
especificado para o cabo, determina as características dimensionais para o tambor (ver
exemplo item 3.1.6).
O dimensionamento do tambor deve levar em consideração três condições de
carregamento:
1) Solicitação de compressão e flexão por causa do enrolamento;
2) Solicitação de flexão devido à tração do cabo;
3) Solicitação de rotação que produz um momento de torção.
Os detalhes de cálculo do tambor são apresentados no exemplo do item 3.1.6. Os
tambores são formados basicamente pelo corpo, onde são executadas as ranhuras, as
paredes laterais e o eixo de apoio. A transmissão do movimento de rotação para o tambor
pode ser feita diretamente pelo eixo de saída do redutor ou através de uma engrenagem
acoplado a uma das paredes laterais (principalmente em guinchos). Na construção de
acionamento direto, normalmente o mancal do lado acoplado é o próprio mancal de saída
do redutor. O mancal do lado oposto ao acionamento é montado sobre um pedestal fixo a
estrutura do equipamento.
Na condição máxima de desenrolamento do cabo devem ser previstas pelo menos
duas espiras ainda enroladas sobre o tambor, desta forma a fixação do cabo fica isenta
da força de tração. A extremidade do cabo é fixa no corpo do tambor através de grampos
parafusados.
Para muitos tambores de guincho, com grande extensão de cabo, o enrolamento
ocorre em mais de uma camada de cabos. Neste caso ocorre o enrolamento de cabo
sobre cabo.
Dispositivos destinados ao Manuseio de Carga:
A diversidade de tipos de cargas e materiais a serem movimentados pelos
equipamentos de elevação exigem para alguns casos o projeto de dispositivos especiais.
O elemento mais comum é o gancho forjado. Estes componentes são normalizados e
podem ser encontrados nos catálogos dos fabricantes especializados. Além dos ganchos
alguns dispositivos como laços, manilhas, olhais
67
Para aplicações em instalações siderúrgicas são necessários uma grande variedade de
dispositivos de manuseio de carga. Para os materiais granulados, como por exemplo o
descarregamento de carvão e minério de ferro dos navios e escória de alto forno, são
utilizadas as caçambas, conhecidas como “grabs”. Este equipamento exige um dispositivo
especial para comandar a abertura e fechamento das caçambas. No manuseio de
panelas e calhas de sucata de aciaria, são utilizadas as barras de carga com ganchos
lamelares. Nas áreas de laminações existe grande variedade de dispositivos. O manuseio
de placas e chapas grossas é feito por eletroímã ou tenazes do tipo pinça. As bobinas de
aço são movimentadas por gancho laminado tipo “C” ou tenazes de bobinas. Os
dispositivos com acionamento elétrico exigem um enrolador para o cabo de alimentação.
Nas instalações portuárias os dispositivos para o manuseio das cargas variam desde
simples laços até dispositivos automatizados para o movimento de containers. Para
cargas especiais pode ser necessário o projeto de dispositivos especiais para aumentar a
produtividade dos trabalhos de carga e descarga.
Figura 16: Mastro Telescópico de Ponte Rolante para Manuseio de Bobinas de Alumínio
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  • 1. 1 MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E TRANSPORTES PROFESSOR: LUÍS DO ROSÁRIO COSTA SÃO LUÍS – 2012 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO DEPARTAMENTO DE ENSINO SUPERIOR - DESU DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E MATERIAIS - DMM
  • 2. 2 INDICE 1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO 1.1. Normas Técnicas e Critérios de Cálculo 1.2. Projeto de Máquinas – Desenho Técnico 1.3. Seleção e Especificação de Componentes 1.4. Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte 2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE 2.1. Determinação da Potência de Translação 2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento 2.1.2. Seleção da Motorização e Freio 2.1.3. Exemplo de Cálculo 2.2. Dimensionamento da Estrutura 2.2.1. Definição da Geometria do Veículo 2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis 2.2.3. Exemplo de Cálculo 2.3. Projeto do Sistema de Acionamento 2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento 2.3.2. Cálculo da Redução 2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão. 2.3.4. Exemplo de Cálculo. 3. MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO 3.1. Meios de Elevação 3.1.1. Elementos de Máquina para Transmissão por Cabos de Aço. 3.1.2. Dispositivos destinados ao Manuseio de Carga. 3.1.3. Guinchos. 3.1.4. Determinação da Potência do Motor do Sistema de Levantamento. 3.1.5. Seleção e Dimensionamento dos Componentes Mecâncios da Elevação. 3.1.6. Exemplo de Cálculo. 3.2. Mecanismos de Translação 3.2.1. Potência do Motor de Translação. 3.2.2. Arranjo do Mecanismo de Translação. 3.2.3. Dimensionamento de Rodas e Trilhos.
  • 3. 3 3.2.4. Exemplo de Cálculo. 3.3. Estrutura Metálica das Máquinas de Levantamento 3.3.1. Considerações Gerais para Estrutura de Pontes Rolantes. 3.3.2. Cargas e Forças. 3.3.3. Considerações Básicas para as Tensões Admissíveis. 3.3.4. Estrutura da Ponte e do Carro. 3.3.5. Exemplo de Dimensionamento da Viga Principal da Ponte Rolante. 4. TRANSPORTADORES CONTÍNUOS 4.1. Transportadores de Correia. 4.1.1. Informações Iniciais. 4.1.2. Características Básicas da Correia e dos Roletes. 4.1.3. Cálculo da Potência de Acionamento. 4.1.4. Cálculo das Tensões na Correia. 4.1.5. Especificação da Correia. 4.1.6. Cálculo e Dimensionamento dos Tambores. 4.1.7. Esticador do Transportador. 4.1.8. Especificação do Conjunto de Acionamento. 4.1.9. Especificação dos Freios e Contra Recuo. 4.1.10. Projeto da Estrutura do Transportador. 4.2. Outros Transportadores Contínuos. 4.3. Exemplo de Dimensionamento de um Transportador. 5. PLANO DE RIGGING
  • 4. 4 PREFÁCIO A disciplina de Máquinas de Elevação e Transportes esta presente no programa de graduação das escolas de Engenharia Mecânica, ainda hoje esta disciplina faz parte da maioria destes cursos. A necessidade de movimentação de cargas nos diversos ambientes de mineração, industrial, portuário e de comércio aumenta proporcionalmente ao crescimento econômico exigindo equipamentos específicos que necessitam uma grande aplicação dos conhecimentos de engenharia. Os equipamentos de movimentação de carga existentes nas empresas modernas apresentam uma grande diversidade de formas construtivas devido à variedade de suas aplicações. Esta condição torna praticamente impossível a abordagem de todos os tipos de equipamentos dentro das aulas disponíveis para o curso. Os temas de estudo selecionados têm como objetivo a aplicação dos conceitos de engenharia mecânica na construção dos equipamentos que estão mais presentes nas empresas modernas. Os conceitos utilizados nestes equipamentos poderão auxiliar no estudo de outras aplicações mais específicas. A crescente necessidade de aumento de produtividade das empresas vem exigindo a implementação de processos automatizados que incorporam alta tecnologia no projeto dos equipamentos. As máquinas de movimentação de carga representam um dos tipos de equipamentos que sofreram a maior necessidade de modernização. Esta fora do escopo deste curso o estudo dos sistemas de acionamentos elétricos e equipamentos eletrônicos de controle e automação das máquinas de elevação e transporte. A disciplina de Máquinas de Elevação e Transporte do IFMA-MA será desenvolvida através do estudo de três equipamentos de movimentação de carga. Neste estudo serão utilizados os métodos de dimensionamento e projeto de componentes apresentados nas disciplinas básicas do curso de engenharia, associados à utilização das normas e critérios de cálculos especificados pelas principais normas de máquinas de elevação e transportes. Durante o desenvolvimento dos exemplos poderá ser observada a necessidade do domínio dos principais conceitos de resistência dos materiais, desenho técnico, elementos de máquinas, vibrações mecânicas, tecnologia de soldagem e de outras disciplinas para obter os melhores resultados na especificação, projeto e construção dos equipamentos de manuseio de cargas.
  • 5. 5 1. INTRODUÇÃO – BASES PRINCIPAIS DO ESTUDO 1.1- Normas Técnicas e Critérios de Cálculo Para garantir o desempenho dos equipamentos de transporte e elevação o seu dimensionamento, projeto e fabricação devem seguir normas e critérios de cálculo que estabeleçam as condições necessárias, com base inclusive na experiência de equipamentos existentes. Atualmente existem diversas entidades que já desenvolveram normas, manuais e critérios aplicados às máquinas de elevação e transporte. Uma das primeiras etapas no desenvolvimento ou especificação de um equipamento para estas aplicações consiste nesta definição. A escolha da norma ou critério pode influenciar em todas as características do equipamento, principalmente no que diz respeito à segurança, custos do investimento, desempenho e custos de manutenção. Durante o desenvolvimento do curso serão apresentadas as principais literaturas disponíveis para cada assunto em estudo. 1.2 - Projeto de Máquinas – Desenho Técnico A definição da geometria do equipamento consiste em outra etapa fundamental para garantir que sejam alcançados os objetivos requeridos. Inicialmente devem ser identificadas todas as especificações básicas para cada tipo de equipamento. Considerando os requisitos de dimensionamento o equipamento deve ser projetado de tal forma a atender todas as condições referentes äs suas especificações com dimensões compatíveis ao local de instalação. Além disso, devem ser atendidos outros requisitos como: segurança, custos de fabricação, meio ambiente, ergonomia, facilidades e custo de manutenção. Nesta etapa a criatividade dos responsáveis pelo desenvolvimento da máquina é o fator fundamental, sendo necessário o conhecimento do desenho técnico e das técnicas de projeto de máquinas Atualmente a utilização do computador tornou-se uma importante ferramenta para o desenvolvimento destas máquinas, facilitando a análise de interferências inclusive em três dimensões.
  • 6. 6 1.3- Seleção e Especificação de Componentes Durante o desenvolvimento de um equipamento é necessária a utilização de componentes disponíveis no mercado. O grau de utilização destes componentes pode variar desde a seleção e especificação de elementos de máquina, como por exemplo: parafusos, rolamentos ou acoplamentos; até a especificação de um equipamento completo, disponível no mercado, que atenda todos os requisitos especificados. Atualmente a pesquisa na internet consiste em uma importante ferramenta para conhecer os principais fornecedores, sendo inclusive em muitos casos disponíveis catálogos eletrônicos dos componentes. Durante o curso e o desenvolvimento do projeto serão apresentados os principais fornecedores de equipamentos para a movimentação de carga. Nesta etapa é importante observar que o fornecedor também deve atender as normas e critérios de cálculo que garantam o desempenho do equipamento. Portanto, é importante analisar nos dados técnicos dos catálogos os procedimentos utilizados no projeto dos componentes selecionados. 1.4- Classificação das Principais Máquinas de Elevação e Transporte O crescente desenvolvimento das atividades de mineração, indústria e do intercâmbio comercial tornam necessários o desenvolvimento de inúmeros equipamentos destinados à movimentação de cargas. Considerando a diversidade das aplicações existentes nas atividades modernas, estes equipamentos receberam diversas classificações. Estas classificações têm como objetivo principal facilitar a especificação destes equipamentos, sendo que o seu conhecimento detalhado será abordado em cada item específico deste curso. Os equipamentos a serem estudados nesta disciplina englobam os meios de movimentação de carga utilizados dentro do ambiente industrial, áreas de mineração, armazéns, depósitos e locais restritos de uma maneira geral. A seguir é apresentada uma classificação geral das principais Máquinas de Elevação e Transporte que possuem grande aplicação na atualidade: I. Veículos de Transporte A) Veículos para transporte manual (carrinhos, carros) B) Veículos motorizados (carro, trator, empilhadeira). Elétricos, diesel ou gás.
  • 7. 7 II. Meios de Elevação A) Talhas - Polias - Talhas helicoidais - Talhas de engrenagem frontal - Talhas elétricas - Carros de ponte para talhas B) Guinchos - Guinchos de cremalheira - Macaco de rosca - Macaco hidráulico - Guinchos manuais - Guincho móvel manual - Guinchos acionados por motor elétrico C) Guindastes - Guindastes de ponte (pontes rolantes) - Guindastes móveis de paredes - Guindastes de cavaletes (pórticos e semi-pórticos) - Pontes de embarque - Guindaste de cabo III. Transportadores Contínuos A) Correias Transportadoras. B) Transportadores Articulados: Esteira Articulada, Transportador de Canecas, Transportador Circular, Transportador Raspador e Transportador de Correntes. C) Hélices Transportadoras. D) Transportadores Oscilantes. E) Mesas de Rolos F) Instalações Pneumáticas e Hidráulicas de Transporte.
  • 8. 8 2. VEÍCULOS DE TRANSPORTE O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos. Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento, normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não ultrapassa uma tonelada. Os veículos manuais são utilzados para transporte em horários e percursos irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso. O projeto e construção destes veículos é relativamente simples, sendo os principais tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico). Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial. O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido e gás. As características construtivas apresentam grande diversidade em função da aplicação e capacidade requerida. Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras. A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a acomodação da carga, como por exemplo: paletes, contêineres ou caixas. A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo, sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos conforme os tópicos apresentados. (1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido (2) Capacidade de Carga Carga Máxima de 200 Toneladas Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas Peso da Panela de 70 Toneladas (3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas (4) Velocidade de Translação 40 m/min (5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz Tabela 1: Especificações do Veículo
  • 9. 9 2.1. Determinação da Potência de Translação 2.1.1. Cálculo da Resistência ao Movimento A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr , resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a resistência à aceleração Fa. a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teoricamente em função das características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios. - Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,012 a 0,014 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025 - Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006 - Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020 Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas referências (Dubbel e Ernst Vol. I). b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a influência da aceleração da gravidade no plano inclinado. c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de translação (Fat) e massas de rotação (Far). 2.1.2. Seleção da Motorização e Freio O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência ao movimento.
  • 10. 10 a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph): Deve ser calculado na expressão a seguir: (W) η VF P r h   Onde: Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons) V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo) η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional) b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o cálculo é obtida a seguir: (W) η V)α(SenF η V)α(CosF P tr i     Onde: α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%) c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a velocidade de translação. Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e rotação. O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira: - Massas em Translação: Neste caso aplica-se os conceitos básicos da mecânica, obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a aceleração da gravidade em metros/segundos2 : (W) ηtg VF P a 2 t at   
  • 11. 11 - Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de acionamento, das engrenagens, acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma força perimetral: (Newtons) r a ΘεΘ r 1 ω ω εΘ.......... ω ω εΘ ω ω εΘ r 1 F 2redTrred Tr n nn Tr 2 22 Tr 1 11ar          2 Tr n n 2 Tr 2 2 2 Tr 1 1red ω ω Θ............ ω ω Θ ω ω ΘΘ                          Onde: Far = Resistência a Aceleração das Massas de Rotação – (Newtons) Θ = Momento de Inércia do Componente Rotativo – (kgxm2 ) ε = Aceleração Angular – (1/s2 ) ω = Velocidade Angular – (1/s) Θred = Momento de Inércia Reduzido para o Eixo da Roda Motriz - (kgxm2 ) εTr = Aceleração Angular da Roda Motriz – (1/s2 ) ωTr = Velocidade Angular da Roda Motriz - (1/s) r = Raio da Roda Motriz – (m) a = Aceleração – (m/s2 ) O valor da Potência de Aceleração das Massas de Rotação será: (W) η ωT P Trar ar   Onde: Tar = Torque de Aceleração das Massas Rotativas O valor do Torque de Aceleração é definido por: m)(NrFT arar  Considerando o tempo de aceleração ta em segundos e substituiindo o valor da velocidade angular, temos: a Tr t V ae r V ω  (W) ηtr VΘ P a 2 2 red ar   
  • 12. 12 O cálculo da Potência de Aceleração Pa é obtido pela soma de Pat e Par. (W) ηtr VΘ ηtg VF P a 2 2 red a 2 t a       Considerando as dificuldades para o cálculo de todas as inércias dos corpos em rotação do mecanismo de translação do veículo, podemos utilizar a expressão: (W) ηtg VF x)2,1até1,1(P a 2 t a    A potência mínima requerida para o motor deve ser escolhida com as seguintes condições: (1) Quando Ph > Pa ou Pi > Pa: Pm = Ph ou Pm = Pi (2) Quando Pa ≥ Ph ou Pa ≥ Pi Pm = (Ph + Pa)/(1,7 a 2,0) ou Pm = (Pi + Pa)/(1,7 a 2,0) Para a especificação da rotação do motor deve ser definido o valor da redução para obter a velocidade especificada para o veículo. Após a definição da rotação deve ser escolhido o motor no catálogo dos fornecedores. O freio do veículo é montado no eixo do motor da translação. A especificação do freio depende do torque do motor especificado. Para o freio eletromagnético o torque mínimo de frenagem deve corresponder a 50% do torque do motor. 2.1.3. Exemplo de Cálculo: Calcular o motor do carro de transferência de panela de aço conforme especificação. Para o dimensionamento considerar os seguintes valores complementares: Resistência estacionária ao movimento: 0,025 Tempo de Aceleração: 4 segundos Rendimento da Transmissão: 0,75 Superfície Plana. Aceleração da Gravidade: g = 10 (m/s2 )
  • 13. 13 Solução: Temos que: Peso Total: Ft = 2600000 (N) Velocidade de Translação: 0,667 (m/s) a) Cálculo da potência para velocidade constante em superfície plana. (W)57807 75,0 667,0025,02600000 Ph    b) Cálculo da potência para aceleração. (W)46268 75,04 667,0 10 2600000 2,1P 2 a    Considerando que o valor de Ph é superior ao valor de Pa, a potência mínima requerida para o motor de translação deve ser de 57,81 (KW). No caso específico deste equipamento outras condições da aplicação também são consideradas para o dimensionamento do motor. Este carro foi dimensionado para rebocar um outro veículo motorizado para situação de emergência. Neste caso a potência real do motor especificado foi de 75 (KW). No cálculo do valor de Ph foi adotado um elevado valor para a resistência ao movimento (R), correspondente a 0,025. Este valor refere-se às condições do local da aplicação que pode ter sujeira sobre o trilhos, aumento a resistência ao movimento. O valor adotado corresponde ao maior valor da tabela. Para a especificação do tipo de motor também deve ser considerado o equipamento elétrico utilizado para o controle da velocidade. Atualmente existem diversas alternativas para este controle, para maiores esclarecimentos deste assunto devem ser consultadas as especificaçoes sobre o acionamento das máquinas elétricas. 2.2. Dimensionamento da Estrutura: 2.2.1. Definição da Geometria do Veículo: A construção de um veículo para determinada aplicação pode seguir diversas geometrias diferentes. A definição das dimensões da estrutura deve observar as seguintes condições básicas:
  • 14. 14 - Garantir a acomodação da carga; - Permitir a colocação e retirada da carga no veículo com os recursos disponíveis; - Não interferir com a instalação existente; - Permitir a instalação do conjunto de acionamento; - Facilitar o acesso para a manutenção. Além dos fatores descritos acima, as características da geometria pode influenciar nos esforços estruturais, principalmente no que se refere a concentração de tensões. A escolha de uma geometria adequada também pode permitir a redução do peso da estrutura. A figura 1 mostra duas formas construtivas para um veículo usado em uma mesma aplicação. A figura 1.a mostra um tipo de construção onde o conjunto de acionamento esta aciplado a apenas dois conjuntos de rodas. Na figura 1.b o veículo pode ter até 4 conjuntos de motorizações independentes acoplados diretamente aos conjuntos de rodas. Esta condição garante uma maior confiabilidade ao veículo 1.b, porém o custo do investimento é muito superior. Figura 1.a: Carro com 1 Motorização e 2 Conjuntos de Rodas Motrizes
  • 15. 15 Figura 1.b: Carro com 4 Motorizações e 4 Conjuntos de Rodas Motrizes Figura 1: Modelos de Carros de Transferência 2.2.2. Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis. O projeto de um novo equipamento envolve considerações preliminares para o início do dimensionamento. Durante o processo de cálculo e desenho são feitas as correções, com a finalidade de alcançar todos os objetivos esperados. A estimativa de peso normalmente é feita com base em equipamentos similares já construídos. As considerações sobre a geometria, realizada no item 2.2.1., podem auxiliar no cálculo da estimativa. Após a definição das estruturas é feita uma revisão nos cálculos e caso necessário, alterações na geometria do veículo. As condições de carregamento são muito importantes para o dimensionamento da estrutura. Esta informação deve levar em consideração, além das cargas estáticas como o peso da carga e o peso próprio, todas as demais solicitações dinâmicas, como por exemplo, as cargas de impacto, dilatação térmica e o vento, que estarão presentes durante a utilização do equipamento. As condições ambientais também devem ser analisadas, fatores como temperatura ambiente e corrosão podem alterar as solicitações na estrutura. Um outro fator que deve ser considerado é o ciclo de trabalho do equipamento, que pode variar em função da utilização. A influência destes diversos fatores nas condições de
  • 16. 16 carregamento podem ser determinadas com base em normas para a construção deste tipo de equipamento, para este caso recomenda-se o uso da NBR 8400. A construção de um veículo de transporte envolve o uso de materiais e métodos de fabricação que devem garantir a resistência da estrutura às diversas solicitações de carregamento. Para a grande maioria das aplicações já existem os materias e métodos normalizados que garantem o desempenho da máquina. Através de ensaios mecânicos, incluindo testes de fadiga, são definidos os limites de resistência à ruptura, escoamento e fadiga dos materiais. Aplicando as condições de carregamento na estrutura do equipamento, são calculadas as tensões de trabalho. Com base nas propriedades dos materiais e considerando os fatores de segurança da aplicação e as concentrações de tensões, são definidas as tensões admissíveis para o projeto. A Norma NBR 8400 apresenta critérios para a definição da tensão admissível para diversos materiais utilizados na construção de equipamentos para a movimentação de cargas. No dimensionamento da estrutura do equipamento devem ser considerados os diferentes critérios de dimensionamento que envolvem: a ruptura, o desgaste ou a fadiga do equipamento. Em função do critério adotado deve ser comparada a tensão de trabalho calculada com a respectiva tensão admissível referente ao material. Por exemplo, a estrutura dimensionada pelo critério de fadiga deve levar em consideração a carga que representa o ciclo médio de trabalho do equipamento. Porém, a mesma estrutura deverá suportar as condições extremas de solicitação, que são representadas pelas cargas máximas. Pelo critério da fadiga a tensão calculada é comparada com a tensão admissível à fadiga, pelo critério de ruptura a tensão máxima calculada é comparada com a tensão admissível à ruptura. 2.2.3. Exemplo de Cálculo: Calcular a tensão máxima atuante na viga principal do carro de transferência de panela de aço, representado na figura 1.a, considerando as especificações descritas na Tabela 1. A viga principal coresponde à parte do veículo que distribui o peso do carro e da carga sobre as rodas de apoio. Esta parte da estrutura deve ser dimensionada para suportar as cargas estáticas e dinâmicas do equipamento e garantir a durabilidade prevista em função do ciclo de trabalho e das condições ambientes. De uma maneira geral o dimensionamento da estrutura principal deve considerar os seguintes passos:
  • 17. 17 (1) Determinar os pontos de aplicação da carga; (2) Calcular as reações de apoio; (3) Calcular o momento máximo; (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo; (5) Calcular os níveis de tensões nos pontos críticos da secção; (6) Comparar com a tensão admissível do material. (1) Determinar os pontos de aplicação das cargas: Com base na figura 1.a são definidas as cargas aplicadas à estrutura, conforme figura 2. Figura 2: Condições de Carregamento para o Veículo Na figura 2 temos: W1 = Peso da Carga, 200 Toneladas W2 = Peso da Estrutura, 37 Toneladas W3 = Peso da Estrutura de Proteção, 8,5 Toneladas W4 = Peso do Acionamento, 5,2 Toneladas (2) Cálculo das reações de apoio: Considerando a viga principal bi-apoiada no centro dos conjuntos de roda do veículo, temos: ∑F = 0 ∑MdireitaA = ∑MesquerdaA
  • 18. 18 Considerando os dados da figura 2 são obtidas as equações: 432121 WWWWRR  (N)2507000RR 21  Obs: O valor de 260 toneladas considera o peso dos 4 conjuntos de rodas que não estão apoiados sobre a estrutura do carro. 432121 W0,8W15,8W7,4W9,3R0,1R7,4  Obs: Para o cálculo dos momentos as cargas distribuídas foram consideradas concentradas em seus respectivos centros de gravidade. Foi considerado o momento na extremidade direita do veículo considerando a figura 2. Resolvendo as equações acima são obtidas as reações nos apoios: R1 = 1272000 (N) R2 = 1235000 (N) (3) Calculo do momento máximo: No caso de estruturas complexas com carregamento e geometria não uniforme a determinação exata do momento máximo requer um procedimento de cálculo detalhado. Normalmente são utilizados critérios de aproximação para facilitar o cálculo, porém as aproximações são feitas sempre a favor da segurança do dimensionamento. No caso deste veículo, observando a figura 2, pode ser verificado que o centro de gravidade da carga máxima (W1 = 200 toneladas) esta próximo ao centro da viga principal, portanto a secção crítica será considerada em A. O momento MA da secção crítica será: 8 W5,1 4 w9,3 xR9,2M 1q 2 2A     Obs: O valor wq corresponde à carga distribuída W2 na extensão de 9,4 metros da viga principal. Portanto: wq = W2/9,4 = 39361,7 (N/m). Substituindo os valores tem-se: MA = 3056833,6 (Nxm) = 305683360 (kgfxmm)
  • 19. 19 (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo: Para o cálculo da tensão máxima deve ser calculado o módulo de resistência à flexão. A figura 3 apresenta as dimensões da secção crítica A. A seguir é apresentado o cálculo do módulo de resistência à flexão da viga (ZA). Neste caso a viga é simétrica em relação ao eixo horizontal, portanto o módulo de resistência superior e inferior são iguais. A seccão da viga foi subdividida em componentes (a, b, c, d, e), sendo calculado primeiramente os momentos de inércia individuais e posteriormente o módulo de resistência à flexão combinado. a b c d e Figura 3: Secção da Viga Principal na Região Crítica a I  22 5,457119025251190 12 1  6228410417 b I  3 89019 12 1  1116200917 c I  3 89022 12 1  1292443167 d I  3 89022 12 1  1292443167 e I  22 5,457119025251190 12 1  6228410417 I 16157908090 Tabela 3: Cálculo do Momento de Inércia da Secção Crítica
  • 20. 20 Com o valor de I calcula-se o valor de ZA. mm)940(H )2/H( I Z A  Substituindo os valores tem-se: ZA = 34378528 (mm3 ) (5) Calculo da tensão na secção crítica: Com o valor do momento e do módulo de resistência à flexão é calculada a tensão de flexão máxima na secção crítica. Deve ser observado que o valor do momento deve ser dividido entre as duas vigas principais, conforme equação abaixo: )mm/kgf(45,4 34378528x2 305683360 Z2 M σ 2 A A A    A tensão de trabalho deve levar em consideração alguns fatores relacionados às condições da aplicação. Estes fatores são estabelecidos em normas. No caso deste carro é utilizada a NBR 8400/1984 item 5. Serão considerados o coeficiente dinâmico Ψ e o coeficiente de majoração da carga Mx nos seus valores máximos: Ψ = 1,60 (considera o impacto de colocação da carga) Mx = 1,45 )(kgf/mm324,1045,16,145,4Mψσσ 2 xAtA  Portanto, a tensão na secção crítica a ser considerada é: σtA = 10,324 (kgf/mm2 ) (6) Tensão admissível do material: A definição da tensão admissível está diretamente relacionada com o critério de dimensionamento do equipamento. Este critério é estabelecido entre o cliente e fornecedor e deve seguir alguma norma de construção aplicada ao tipo de equipamento. Neste caso o material de construção da estrutura é o ASTM A36, cujas propriedades são: σescoamento = 250 Mpa = 25,5 (kgf/mm2 ) σruptura = 400 Mpa = 40,8 (kgf/mm2 )
  • 21. 21 A tensão admissível conforme NBR 8400 para σescoamento/ σruptura = 0,625 < 0,7, será: σadm. = σescoamento/1,5 = 17 (kgf/mm2 ) A tensão admissível com relação à fadiga é definida nos gráficos e tabelas do Anexo G da NBR 8400. Para o aço ASTM A36 obtemos que o valor de tensão admissível quanto a fadiga para estrutura de construção soldada é da ordem de 16 (kgf/mm2 ). Verificamos que os valores das tensões admissíveis são superiores ao valor da tensão de trabalho. O dimensionamento dos demais componentes da estrutura do veículo também deve seguir o mesmo procedimento adotado para a viga principal. Algumas partes estão sujeitas a esforços elevados Estas regiões estão localizadas nos suportes da panela e nos apoios da estrutura sobre os conjuntos de acionamento. Nestes casos devem ser previstos reforços para garantir que não sejam ultrapassadas as tensões admissíveis. Para cálculos mais precisos, principalmente devido a influência de concentração de tensões, existem os programas de elementos finitos. 2.3. Projeto do Sistema de Acionamento: 2.3.1. Definição do Arranjo do Sistema de Acionamento: O sistema de acionamento do veículo é constituído pelo motor, eixos de transmissão, acoplamentos, redutores, engrenagens, rodas e demais componentes responsáveis pelo movimento de translação. Existem diversos tipos de acionamentos para veículos. As principais variações existentes estão no tipo de motor utilizado, número de rodas motrizes e na quantidade de motores para um mesmo veículo. A instalação do acionamento na estrutura requer uma série de cuidados de projeto, principalmente para garantir facilidades de instalação, manutenção e boa estabilidade durante o deslocamento. A figura 4 apresenta um arranjo típico de acionamento, o qual é adotado no carro de transferência de panela da figura 1.a. Este sistema apresenta simplicidade para a instalação. Porém, algumas características deste acionamento podem ter desvantagens com relação a outras soluções. A motorização única requer cuidados, pois a falha do motor impedirá o funcionamento do equipamento. As engrenagens e pinhão sem
  • 22. 22 protenção apresentam desgaste excessivo, o que requer trocas periódica destes componentes. A figura 1.b apresenta uma vista em planta de um veículo com quatro conjuntos de acionamento independentes. Para situações de emergência este equipamento esta dimensionado para trabalhar com apenas dois conjuntos motrizes. A redução é feita por redutor fechado, não existindo nenhuma engrenagem exposta. Os custos de instalação deste sistema é superior ao representado na figura 4, porém a confiabilidade será muito superior. Figura 4: Arranjo de um Sistema de Motorização para um Carro de Transferência de Panelas 2.3.2. Cálculo da Redução: A redução do sistema de acionamento deve garantir que a velocidade do veículo esteja dentro do valor estabelecido na especificação. Os fatores que influenciam no dimensionamento são: rotação do motor e diâmetro da roda. Considerando um veículo com velocidade de translação V, a rotação nr da roda de diâmetro dr deverá ser: r r dπ V n   Considerando um motor de rotação nm, a taxa de redução total it será:
  • 23. 23 r m t n n i  Substituindo a equação da rotação da roda tem-se: V ndπ i mr t   A redução pode ser feita em um único redutor (figura 1.b) ou em reduções consecutivas (figura 1.a e figura 4). 2.3.3. Cálculo dos Elementos da Transmissão: A translação do veículo é obtida pela transmissão do conjugado do motor (torque) até as rodas motrizes através de um conjunto de elementos mecânicos dimensionados para atender às condições da aplicação. Na construção da transmissão existem componentes que são selecionados nos catálogos dos fabricantes e outros projetados para atender as condições específicas da aplicação. Para alguns casos o conjunto de transmissão pode ser padronizado, sendo selecionado no catálogo do fabricante com base nas condições de carga e adaptado à geometria do veículo (figura 5 aplicado no carro 1.b). Determinadas aplicações exigem que alguns componentes, como eixos, engrenagens e às vezes o próprio redutor, sejam projetados para as condições específicas (figura 4 aplicado no carro 1.a). Todos os componentes do sistema de transmissão, especificados através de catálogos ou projetados, devem atender aos requisitos da norma adotada para o dimensionamento do veículo. Para este caso existem normas específicas deste tipo de equipamento (NBR 8400) e normas aplicadas ao projeto de elementos mecânicos (AGMA, DIN e a própria NBR). Na análise dos esforços da transmissão são definidas as tensões de trabalho, que devem levar em consideração fatores como: tipo de aplicação, ciclo de operação e fator de segurança. Os elementos mecânicos, com base nas características do projeto e material especificado, devem possuir tensões admissíveis superiores às tensões de trabalho. O critério de dimensionamento aplicado pode considerar a ruptura, fadiga ou o desgaste, dependendo do tipo de componente. Na determinação das tensões admissíveis são considerados, além das propriedades do material, fatores como: dimensões da peça, concentração de tensões, corrosão e acabamento superficial.
  • 24. 24 Figura 5: Motorização aplicada no Veículo da Figura 1.b – Acionamento direto na roda 2.3.4. Exemplo de Cálculo: Para exemplificar o cálculo de um sistema de transmissão será utilizado o acionamento representado na figura 4. A seguir são apresentados os cálculos e especificações dos principais elementos deste sistema de transmissão. a) Especificação do Motor: No item 2.1.3. foi calculada a potência mínima requerida para o motor elétrico, sendo obtido o valor de 57,81 (KW). Para as condições reais da aplicação este veículo também deve ser utilizado para algumas operações de emergência. Nestas situações este veículo será utilizado para rebocar outro equipamento no mesmo caminho de rolamento (ver memorial de cálculo Kawasaki). Nesta condição será necessária uma potência de 75 (KW), já considerando a disponibilidade de motores padronizados. A especificação da rotação do motor depende do diâmetro da roda e da redução total do sistema. O valor do diâmetro da roda é definido em função do peso total do veículo e da carga, conforme item e.1.4 este valor é de 800 mm. A taxa de redução é definida em conjunto com a rotação do motor. A rotação do motor é definida pelo número de polos. Neste caso será adotado um motor de 900 rpm, 8 pólos. Para motores com rotação superior seria necessária uma taxa de redução muito elevada para o espaço disponível. Com este motor a taxa de redução total será de 1/56,55, conforme equação do item 2.3.2.
  • 25. 25 A especificação completa do motor é a seguinte: Item Valor Observação Potência 75 KW Dimernsionamento Número de Polos 8 Define a rotação Fator ED 40% Classe de Utilização Rotação 900 rpm Definido pela velocidade Carcaça Normalizada 315 M Ver catálogo fornecedor Classe de Isolação F Característica da Aplicação Voltagem 440 V Alimentação elétrica Frequência 60 Hz Alimentação elétrica GD2 24 kgxm2 Θ = GD2 /4 (ver. unidades) Corrente máxima do motor 130 Ampéres Especificação do motor Torque máximo do motor 81 kgfxm x 150% Controle do Painel Torque na partida 81 kgfxm x 100% Controle do Painel Tabela 4: Especificações do Motor de Acionamento A escolha do motor é feita nos catálogos dos fabricantes com base nas especificações da tabela. b) Especificação do Freio: As especificações do freio devem seguir as características do motor. Para esta aplicação o torque nominal do freio deve ser o mesmo do motor. Item Valor Observação Tipo Freio Eletromagnético Freio de Sapatas Torque de Frenagem 81 kgfxm Dimensionamento Fator ED 40% Classe de Utilização Frequência Utilização 300 frenagens/hora Aplicação GD2 6,3 kgxm2 Voltagem 440 V Alimentação elétrica Frequência 60 Hz Alimentação elétrica Tabela 5: Especificações do Freio
  • 26. 26 c) Redutor: O dimensionamento do redutor deve atender as características geométricas e a capacidade de carga requerida do equipamento. As dimensões do redutor têm grandes influencia no dimensionamento dos demais componentes do sistema de acionamento. Preferencialmente deve ser verificada a possibilidade de um redutor padronizado. Neste caso o redutor é selecionado em um catálogo do fabricante, observando criteriosamente as condições exigidas na utilização, tais como: potência, rotação, lubrificação, vedações, fator de serviço, capacidade térmica, dimensões de eixos de entrada e saída. Determinadas situações podem exigir um redutor especial, projetado para atender as condições específicas do equipamento. O projeto deve observar todos os detalhes referentes à aplicação, seguindo os critérios previstos nas normas de referência. O critério mais utilizado no dimensionamento dos redutores é definido pelas Normas AGMA (American Gear Manufactures Association). Na sequência para o dimensionamento do redutor, o primeiro fator a ser considerado é a redução necessária. Este valor, calculado pela relação entre a rotação de saída e entrada, define o número ideal de pares de engrenamento com os respectivos número de dentes. Em seguida podem ser verificadas as dimensões das engrenagens pela capacidade de carga requerida pelo equipamento. Após a definição das dimensões das engrenagens, são calculados os eixos, rolamentos, chavetas e demais componentes da carcaça do redutor. Este cálculo deve atender os critérios de dimensionamento mencionados anteriormente. A figura 6 apresenta os componentes rotativos do redutor do veiculo que serão dimensionados em seguida:
  • 27. 27 Rolamento Eixo de Saída Rolamento Eixo Interm ediária Rolamento Eixo de Entrada Eixo de Saída Engrenagem Interm ediária Eixo Pinhão Intermediário Eixo Pinhão de Entrada Engrenagem de Saída M otor de Acionamento Saída p/RodasSaída p/Rodas Figura 6: Conjunto Rotativo do Redutor do Veículo C.1) Dimensionamento das Engrenagens: Este redutor terá a redução total de 1/28,91, sendo a redução final realizada pela transmissão por engrenagem das rodas. Os critérios de cálculo seguem a Norma AGMA 420.04 (Practice for Enclosesd Speed Reducers or Increasers Using Spur, Helical, Herringbone and Spiral Bevel Gears). A tabela 6 a seguir apresenta as características geométricas básicas para a verificação do dimensionamento das engrenagens. O dimensionamento destas engreagens deve atender dois requisitos para garantir o desempenho requerido: - Resistência do dente à fadiga: (AGMA 420.04 e AGMA 221.02) - Resistência do dente ao desgaste: (AGMA 420.04 e AGMA 211.02) Especificação Dados Para Projeto Potência Requerida de Projeto 75 KW (104 HP) Rotação de Entrada 900 rpm Rotação de Saída 31,14 rpm (3,26 rd/s) Redução 1/28,9 Aplicação Translação de Carro de Transferência
  • 28. 28 Dados Gerais das Engrenagens Ref. Nome Primeiro Par Segundo Par Pinhão Coroa Pinhão Coroa - Tipo de Engrenagem Engrenagem Helicoidal Engrenagem Helicoidal D.P. Diametral Pitch Normal (1) 4,233 3,175 Φn Ângulo de Pressão Normal 20o 20o Φa Ângulo de Pressão Axial 20o 33’ 20o 12’ N Número de Dentes 16 (LH) 89 (RH) 15 (RH) 78 (LH) ψ Ângulo de Hélice (2) 13o 32’10” 13o 32’10” 8o 21’53” 8o 21’53” d Diâmetro Primitivo (Pitch Diam.) (3) 3,8875 21,624 4,775 24,831 - Material A322 (4140) A576(1045) A322(4140) A576(1045) HB Dureza Brinell 320o 10o 260o 10o 320o 10o 260o 10o 1) O Diametral Pitch relaciona-se com o módulo da engrenagem do sistema métrico na expressão (valores na direção normal ao dente): ) N ΨCosd (m; ΨCosd N DP nn     2) Ângulo de hélice de engrenagens helicoidais: RH → Hélice à Direita (Right) LH → Hélice à Esquerda (Left) 3) O “Pitch Diameter” é o mesmo que o circulo primitivo. As engrenagens não sofreram correção nos dentes. Observação: Existem recomendações sobre as dimensões básicas para engrenagens. Recomenda-se para estas informações de projeto as seguintes literaturas complementares: Darle W. Dudley, Gear Handbook, McGrawHill. Joseph Edward Shigley, Mechanical Engineering Design, McGrawHill.
  • 29. 29 1) Resistência do dente à fadiga: refere-se à capacidade da engrenagem transmitir a potência requerida sem que ocorra a ruptura do dente por fadiga: 221.02)(AGMA KK KS PK J K F K126000 Kdn P TR Laf dsmo vp af         420.04)(AGMA P J KKKP d 321af  No caso do dimensionamento pela AGMA 420.04 a Potência de Serviço será obtida por: SF af C P ServiçodePotência  CSF corresponde ao fator de serviço conforme a aplicação (ver AGMA 420.04). Os valores referentes aos cálculos das engrenagens da figura 6 são mostrados na tabela 6. Tabela 6: Especificações Gerais do Redutor – Requisitos da Aplicação e Condições de Projeto Ref. Nome 1.o Par 2.o Par Observação np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor d Diâmetro Primitivo pinhão/coroa (in) 3,8875/21,624 4,775/24,831 ver desenho Kv Fator Dinâmico )v(7878  0,85 0,92 AGMA 221.02 pag. 6 Ko Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 3 F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho Km Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 221.02 item 6 J (1) Fator de Geometria Pinhão/Coroa 0,42/0,58 0,40/0,57 AGMA 221.02 apend. Ks Fator de Trabalho 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 7 Pd Diametral Pitch Transversal 4,115 3,175 AGMA 221.02 item 2 Saf Tensão Admissível Fadiga P/C 49000/42800 49000/42800 AGMA A221.02 fig 7 KL Fator de Vida 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 6 KR Fator de Segurança 1,00 1,00 AGMA 221.02 tab. 4 KT Fator de Temperatura 1,00 1,00 AGMA 221.02 item 12 V Velocidade Tangencial PD (ft/min) 915,6 202,26 V = π.d.n/12
  • 30. 30 K1 v p K 126000 dn   0,025 0,005 AGMA 420.04 fig. C4 K2 m K F 3,7 6,9 AGMA 420.04 fig. C7 K3 Laf KS  49000/42800 49000/42800 AGMA 420.04 fig. C9 (1) O valor de J é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 221.02. Tabela 7: Valores Referentes ao Cálculo de Resistência à Fadiga AGMA 420.04 e AGMA 221.02 Substituindo os valores nas fórmulas tem-se: Primeiro Par AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente – Fadiga - Pinhão: 11 149000 115,41 42,0 5,1 724,4 0,1126000 85,08875,3900 Paf         (HP)75,371Paf  - Engrenagem: 11 142800 115,41 58,0 5,1 724,4 1126000 85,0624,2179,161 Paf         (HP)40,448Paf  AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 115,4 42,0 490007,3025,0Paf  (HP)60,462Paf  - Engrenagem 115,4 58,0 428007,3025,0Paf  (HP)00,558Paf  Todos os valores obtidos acima são superiores ao valor requerido de 104 HP. No caso da AGMA 420.04 está previsto a utilização do fator CSF, cujo valor máximo neste casoé 2. Neste caso o valor mínimo de potência será 231,3 HP (considerando o pinhão) que é superior ao valor requerido de 104 HP.
  • 31. 31 No caso da AGMA 221.02 o fator Ko considerado com valor superior a 1, sendo o valor máximo da tabela 3 igual a 2,25. Neste caso a potência admissível será de 165,22 HP (considerando o pinhão), que ainda é superior ao valor requerido de 104 HP. Portanto, mesmo considerando as condições mais severas de dimensionamento, o primeiro par de engrenagens atende às condições com relação à ruptura do dente por fadiga. Para o caso do segundo par, os valores são obtidos a seguir: Segundo Par AGMA 221.02. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 11 149000 175,31 40,0 5,1 10 0,1126000 92,0775,479,161 Paf         (HP)15,232Paf  - Engrenagem 11 142800 175,31 57,0 5,1 10 1126000 92,0831,2414,31 Paf         (HP)20,289Paf  AGMA 420.04. Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Fadiga - Pinhão: 175,3 40,0 490009,6005,0Paf  (HP)98,212Paf  - Engrenagem 175,3 57,0 428009,6005,0Paf  (HP)10,265Paf  Considerando os valores anteriores para os coeficientes de serviço, tem-se: AGMA 221.02: Paf = 103,17 (no limite). AGMA 420.04: Paf = 106,49 (no limite). 2) Resistência do dente ao desgaste: neste caso é verificada a capacidade de transmissão de potência sem que ocorra o desgaste das superfícies de contato dos dentes do pinhão, conforme o ciclo de trabalho considerado no cálculo. 211.02)(AGMA CC CC C dS CCCC CI 126000 Fn P RT HL p ac ofms vp ac                 
  • 32. 32 420.04)(AGMACCCCP 4321ac  Ref. Nome 1.o Par 2.o Par Observação np,ng Rotação pinhão/coroa (rpm) 900/161,79 161,79/31,14 Especificação Motor F Largura Efetiva do Dente 4,724 10 ver desenho I(1) Fator de Geometria 0,237 0,230 AGMA 211.02 Cv Fator Dinâmico  V7878  0,72 0,85 AGMA 211.02 fig. 6 Cs Fator de Tamanho 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 7 Cm Fator de Distribuição de Carga 1,50 1,50 AGMA 211.02 tab. 1 Cf Fator de Condição da Superfície 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 8 Co Fator de Sobrecarga 1,00 1,00 AGMA 211.02 tab. 2 Saf Tensão Admissível de Contato 120000 120000 AGMA 211.02 tab. 5 d Diâmetro Primitivo Pinhão/Coroa (in) 3,8875 4,775 ver desenho CP Coeficiente de Elasticidade 2300 2300 AGMA 211.02 tab. 6 CL Fator de Vida 1,0 1,0 AGMA 211.02 fig. 7 CH Fator de Relação de Dureza 1,01 1,01 AGMA 211.02 fig. 8 CT Fator de Temperatura 1,0 1,0 AGMA 211.02 item 13 CR Fator de Segurança 1,0 1,0 AGMA 211.02 tab. 2 C1 126000Cdn v 2 p  0,075 0,023 AGMA 420.04 fig. A8/A14 C2 m C/F 3,5 7,4 AGMA 420.04 fig. A15 C3                   p ac G G C S 1m m 225,0 720 710 AGMA 420.04 fig. A18 C4  2 L C 1 1 AGMA 420.04 fig. A20 (1) O valor de I é obtido com precisão no Apêndice A da norma AGMA 211.02 de fev. 1969.
  • 33. 33 Tabela 8:Valores Referentes ao Cálculo de Resistência ao Desgaste AGMA 420.04 e AGMA 211.02 Pinhão do Primeiro Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Desgaste AGMA 211.02 2 ac 11 01,11 2300 72,0120000 115,11 72,0237,0 126000 724,4900 P                 (HP)0,161Pac  AGMA 420.04 17205,3075,0Pac  (HP)189Pac  Pinhão do Segundo Par - Capacidade de Potência pela Resistência do Dente - Desgaste AGMA 211.02 2 ac 11 01,11 2300 775,4120000 115,11 85,023,0 126000 1079,161 P                 (HP)106Pac  AGMA 420.04 17104,7023,0Pac  (HP)8,120Pac  Neste caso o pinhão do segundo par esta no limite de dimensionamento. O fator de sobrecarga (AGMA 211.02) e o fator de serviço (AGMA 420.04) foram considerados iguais a 1. c.2) Dimensionamento dos Eixos e Rolamentos: c.2.1) Eixo de Entrada: W t W r W a W n t I II W t1 R1R2 W a 900 rpm Forças Atuantes no Dente Figura 7: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Entrada
  • 34. 34 c.2.1.1) Cálculo das Forças de Engrenamento: Com base na figura 7 obtemos os seguintes valores para as forças de engrenamento: Força Radial Wr = W.SenΦn Força Tangencial Wt = W.CosΦn.Cosψ Força Axial Wa = W.CosΦn.Senψ Φn = 20o e ψ = 13,54o . O valor da Força Tangencial pode ser obtida na equação do torque transmitido: m)(N8,795 s)rd(94,25 (W)75000 ω P T 1 1  (N)16119 4,258875,3 100028,795 d 2T W 1p 1 t1       Os valores das forças de engrenamento são: Força Radial: Wr1 = 6.034,6 (N) Força Tangencial: Wt1 = 16.119 (N) Força Normal: W1 = 17.644 (N) Força Axial: Wa1 = 3.882 (N) c.2.1.2) Reações de Apoio: As forças serão divididas em dois planos: plano das forças radiais e forças tangenciais. ΣF = 0 ΣM = 0 6,6034RR r2r1  375R105R r1r2  16119RR t2t1  375R105R t1t2 
  • 35. 35 Plano Radial R1r = 1320 (N) R2r = 4715 (N) Plano Tangencial R1t = 3526 (N) R2t = 12593 (N) c.2.1.3) Verificação da secção I, cálculo da tensão equivalente: Cálculo do momento na secção crítica I. 4125755,3771875,7897625,62W5,167RM 1rr2Ir  11018905,10074375,21093275,62W5,167RM 1tt2It  Flexão)de(Momento(Nxmm)7,1176596MMM 2 It 2 IrIf  Torção)de(Momento(Nxmm)795800TM 1It  Aplicando o critério de resistência para tensões compostas, temos:        2 t 2 ffe MMM 2 1 M Para facilidade de cálculo será utilizado o valor de Mf e Mt em Kgfxcm: Mf = 11994 (Kgfxcm) Mt = 8112 (Kgfxcm)   cm)(Kgf1323781121199411994 2 1 M 22 Ie  O valor da tensão equivalente na secção crítica, com diâmetro de 83 mm, será obtida na equação: )(Kgf/cm236σ 3,8π 3213237 dπ 32M Z M σ 2 Ie33 I Ie fI Ie Ie        )(Kgf/mm36,2σ 2 Ie  A Tensão Admissível de Fadiga da Secção I (σIaf) será considerada conforme recomendações da NBR 8400 Apêndice H. If Ifa Iaf K σ σ 
  • 36. 36 O Limite de Resistência à Fadiga do Material (σIfa) é obtido nos gráficos de propriedades do material. Considerando a NBR 8400, para o aço de 70 daN/mm2 (Figura 40), tem-se: )(Kgf/mm7,35)(daN/mm35σ 22 Ifa  O Coeficiente de Concentração de Tensões da Secção I (KIf), conforme NBR 8400, é definido por: IcIuIdIsIf KKKKK  Os valores dos coeficientes são: Coeficiente de Forma K1s = 2 Figuras 41 e 42 Coeficiente de Dimensão K1d = 1,65 Item H.3.2 Coeficiente de Rugosidade K1u = 1 Figura 43 Coeficiente de Corrosão K1c = 1 Figura 43 O valor do Coeficiente de Concentração de Tensões é: 30,31165,12K If  O valor da Tensão Admissível de Fadiga será: 14,64)deéAGMApelavalor(Este)(Kgf/mm82,10 30,3 7,35 K σ σ 2 If Ifa Iaf  Portanto: )(Kgf/mm36,2σσ 2 IeIaf  O valor da Tensão Admissível de Fadiga é superior ao valor da Tensão Equivalente. C.2.1.4) Verificação da secção II, cálculo da torção: Cálculo da tensão de cisalhamento devido à torção na secção II de 80 mm de diâmetro. )(Kgf/mm81,0 8π 168112 Z M τ 2 3 t1 It IIt     A Tensão Admissível de Fadiga, com relação ao cisalhamento, também pode ser obtida através da NBR 8400, sendo o valor para este caso de τIIaf = 6,18 (Kgf/mm2 ). Portanto, para a secção II a tensão admissível é superior ao valor da tensão aplicada.
  • 37. 37 C.2.1.5) Esmagamento da Chaveta: Fe Figura 8: Esforço na Chaveta do Eixo de Entrada Considerando a equação do torque para a região da chaveta, tem-se: (Kgf)2028F 4 8112 2/8 8112 2d T F e 1 e  A força é aplicada na face da chaveta, causando a tensão de compressão: )(Kgf/mm54,2σ 1147 2028 σ 2 ecec    Considerando a chaveta de AISI 1045 a Tensão Admissível na Chaveta, conforme AGMA 420.04, é de: σac = 21,43 (Kgf/mm2 ). A Tensão Admissível é superior ã tensão de esmagamento na chaveta. Mesmo considerando um Fator de Serviço igual a 2, não existe problema de esmagamento na chaveta. C.2.1.6) Rolamento do Eixo de Entrada: As dimensões do eixo definem o diâmetro interno do rolamento. Para estes redutores normalmente são utilizados rolamentos de rolos cônicos ou autocompensadores de rolo. Neste caso é utilizado o rolamento autocompensador de rolos 22218. No dimensionamento do rolamento deve ser definida a vida útil quanto a fadiga, que depende da aplicação. Para veículos com utilização de 24 horas diárias em serviço contínuo, recomenda-se a vida mínima quanto a fadiga com confiabilidade de 90% (L10h) de 40.000 horas. Os critérios de cálculo estão de acordo com o Catálogo Geral da SKF 1990-00 número 4000 PB.
  • 38. 38 Primeiramente deve ser determinada a Carga Dinâmica Equivalente (Ver item c.2.1.1 e c.2.1.2). ar FYFXP  Para a condição de melhor distribuição de carga o rolamento fixo, que recebe a carga axial, neste caso deve ficar do lado de menor carga radial. A reação R1 é menor do que R2, portanto a carga axial deve ser aplicada do lado de R1. (Kgf)384FRRF 1r 2 t1 2 r1r1  (Kgf)396FWF aaa  Pelo critério de dimensionamento, sendo Fa/Fr = 1,03 > e (e = 0,24), tem-se: X = 0,67 e Y = Y2 = 4,40. (Kgf)20004.174228,25739640,438467,0P1  A Capacidade de Carga Dinâmica do Rolamento é: C = 253000 (N) = 25790 (Kgf) Aplicando a equação é calculada a vida para o rolamento fixo na posição 1 do eixo de entrada: 3 10 3 10 1 10h1 2000 25790 90060 000.000.1 P C n60 000.000.1 L                    horas112.93L 10h1  O rolamento atende a aplicação pois o valor calculado é superior a 40.000 horas. No caso da posição 2, que somente recebe a carga radial (rolamento livre) tem-se: (Kgf)1371FRRF 2rt2r2r2  (Kgf)1371FP r22  A vida com relação a fadiga será: horas834.327L 1371 25790 90060 000.000.1 L 10h2 3 10 10h2         
  • 39. 39 C.2.2) Eixo Intermediário: Os cálculos seguem procedimento semelhante ao item c.2.1. A figura 9 apresenta a distribuição das forças. Verificar neste caso o sentido dos ângulos de hélice das engrenagens, que garantem uma compensação das cargas axiais no rolamento fixo (autocompensador 22220). Para a construção dos planos de ação das forças radiais e tangenciais devem ser observadas as condições do primeiro e segundo engrenamento. As seccões críticas também estão apresentadas na figura 9. R4 R3 W a1 W a2 W r1 W t1 III IV W r2 W t2 161,80 rpm 16,94 rd/s Forças de Engrenam ento Esquem a das Figura 9: Distribuição de Forças no Eixo Intermediário C.2.3) Eixo de Saída: Os cálculos referentes ao eixo de saída devem levar em consideração os dados da figura 10. O rolamento utilizado é o autocompensador 23034. Para o dimensionamento devem ser efetuadas as mesmas considerações dos eixos anteriores. As forças radial, tangencial e axial correspondem aos mesmos valores do pinhão do eixo intermediário. Neste eixo o torque é transmitido nas duas pontas de eixo, devendo ser efetuada a verificação da chaveta.
  • 40. 40 VI V VI 3,26 rd/s 3,26 rd/s W a2 R6 R5 Figura 10: Distribuição de Forças no Eixo Pinhão de Saída C.3) Componentes Diversos: Após o dimensionamento dos componentes principais, eixos e engrenagens, a carcaça deve ser projetada e os demais componentes do redutor devem ser especificados. Estes componentes são: tampas, elementos de junção (porca, parafusos, arruelas), elementos de vedação (retentores e juntas), espaçadores, visor de nível de óleo e respiros. Posteriormente deve ser analisado o sistema de lubrificação a ser utilizado. Normalmente o método de lubrificação é o banho de óleo. Para condições mais severas pode ser necessária a lubrificação circulatória, incluido o resfriamento do óleo. Esta condição pode ser avaliada através da norma AGMA 420.04, considerando o cálculo da potência térmica do redutor. d) Acoplamentos e Eixos de Transmissão: Estes componentes são utilizados para transmitir o torque desde o motor, passando pelo redutor até atingir o eixo de acionamento das rodas motrizes. Os fatores que determinam o dimensionamento são: torque e rotação. No caso dos acoplamentos devem ser utilizados componentes padronizados. Existem diversos tipos e modelos de acoplamentos que podem ser aplicados nos equipamentos de movimentação de carga. Atualmente existem modelos com elastômeros que ocupam espaço nas diversas partes da transmissão, este tipo de acoplamento não necessitam a lubrificação. Para os equipamentos de maior capacidade normalmente o acoplamento mais utilizado é o de engrenagens. A especificação feita com utilização do catálogo do
  • 41. 41 fabricante, considerando o torque e a rotação no ponto da instalação, também deve considerar o fator de serviço para a aplicação. Porém, na maioria das aplicações o fator determinante para a especificação destes acoplamentos é o diâmetro do eixo no local da instalação. Estes componentes tem a limitação do furo máximo no cubo, sendo em muitos casos necessário um acoplamento com capacidade de transmissão de torque superior ao especificado em função da limitação do furo. Recomenda-se para maiores detalhes utilizar o catálogo dos fabricantes. Considerando como exemplo o acoplamento entre o motor e o redutor, o torque transmitido é de 8112 (Kgfxcm). Para um fator de serviço de dois, o torque para especificação é de 16224 (Kgfxcm). Este torque pode ser transmitido por um acoplamento do tamanho 1015G, porém o furo máximo neste caso é de 65 mm, sendo que o eixo do redutor tem 80 mm e o redutor 95 mm. Para atender esta condição é especificado um acoplamento tamanho 1030G, que pode transmitir até 123343 (kgfxcm). Estes dados foram obtidos do catálogo da PTI. No caso dos eixos de transmissão deve ser verificada a tensão máxima de trabalho devido ao torque em relação a tensão admissível do material. No dimensionamento do redutor foi descrito o procedimento para esta análise. Além da verificação da tensão, estes eixos devem ser verificados com relação ao ângulo de torção. Para algumas aplicações pode ser necessário eixo de comprimento elevado, colocando em risco a estabilidade do eixo devido ao ângulo de torção acima do admissível. Neste caso é necessário subdividir o eixo de transmissão de acordo com a necessidade do sistema de acionamento. e) Conjuntos de Rodas: A figura 4 mostra o arranjo escolhido para o sistema de acionamento e conjuntos de rodas. Neste modelo serão utilizados dois conjuntos de rodas motrizes e dois conjuntos de rodas movidos. A seguir são apresentados os critérios para o dimensionamento destes componentes. e.1) Conjunto de Rodas Motrizes: A figura 11 apresenta as características do conjunto de rodas motrizes. As cargas aplicadas neste componente são provenientes do acionamento do eixo pinhão e do peso aplicado às rodas.
  • 42. 42 e.1.1) Eixo Pinhão do Acionamento: O carro possui dois conjuntos de rodas motrizes, conforme construção da figura 4. O torque de saída do redutor é divido para os dois eixos de transmissão, 50% para cada lado. Para calcular a tensão máxima de trabalho devem ser analisados os esforços aplicados ao eixo pinhão de acionamento. Estes esforços são constituidos pelo torque transmitido pelo redutor e pelas forças de engrenamento. O torque é definido pela seguinte expressão: c 3 3 K ω P 2 1 T          Torque de Saída T3 = 14.950 (N x m) 50% para cada lado Potência do Motor P = 75.000 (watts) sem considerar eficiência Veloc. Ang. De Saída ω3 = 3,26 (rd/s) Fator de Choque Kc = 1,3 movimento com reversão A partir do valor do torque podem ser calculados os valores das forças de engrenamento. Em seguida são obtidas as tensões de flexão, torção e a tensão combinada. Este valor é comparado com a tensão admissível do material do eixo de transmissão.
  • 43. 43 Figura 11: Conjunto de Rodas Motriz e.1.2) Engrenamento da Roda: O pinhão aciona duas rodas simultaneamente, através de engrenagens de dentes retos acopladas diretamente ao eixo das rodas motrizes. Os dados dimensionais das engrenagens são definidos na tabela abaixo: Engrenamento do Conjunto de Rodas Pinhão Engrenagem Tipo de Dente Dentes Retos Perfil Módulo Normal Forma do Dente Perfil Envolvente Módulo 13 Ângulo de Pressão 20o Número de Dentes 28 54 Diâmetro Primitivo 364 702 Backlash 0,2 Ferramenta HOB Precisão (DIN) Grau 9 Dureza (HB) 320o 10 280o 10 Tabela 9: Engrenamento do Conjunto de Rodas Para o cálculo das potências admissíveis quanto à fadiga e o desgaste devem ser utilizadas as normas AGMA.
  • 44. 44 e.1.3) Rolamentos do Eixo Pinhão: Para o cálculo dos rolamentos devem ser utilizadas as reações de apoio calculadas no dimensionamento do eixo, item e.1.1. A vida útil recomendada quanto a fadiga deve ser superior a 40.000 horas. e.1.4) Rodas: As rodas recebem os esforços devido ao peso próprio do carro e o peso da carga, que totaliza 260 toneladas para este veículo. As rodas não recebem exatamente o mesmo valor da carga, pois o centro de gravidade do conjunto não é simétrico. No item 2.2.3 foi calculada a reação dos apoios na estrutura. Apesar da diferença entre R1 e R2, podemos verificar que os valores são próximos. Além disso as rodas suportam o peso próprio do conjunto de rodas. A carga máxima aplicada em uma roda motriz (que corresponde ao maior valor de carga) é de 325000 (N). O dimensionamento da roda é feito com base na expressão básica descrita abaixo: BD P K r f   Pressão de Contato Kf = 4,836 (N/mm2 ) Deve ser menor que a Pressão Limite (1) Carga aplicada Pr = 325.000 (N) Calculada a partir da carga total. Diâmetro da Roda D = 800 (mm) Dimensão da roda. Largura de Contato com Trilho B = 84 (mm) Dimensão do trilho. A Pressão de Contato define o material a ser especificado para a roda. Esta especificação deve ser efetuada com referência nos catálogos dos fabricantes especializados, que estabelecem as condições para a Pressão Limite (1) . A Norma NBR 8400 também estabelece o critério para determinação do material da roda com base na Pressão Limite (1) (ver item 6.7.4 da Norma). Considerando o critério da NBR 8400 temos: 21limf ccPK  Os valores dos coeficientes obtidos na norma são: c1 = 1,09 e c2 = 0,8. Portanto: 21 f lim cc K P  
  • 45. 45 O que determina uma Plim 5,55 (N/mm2 ). A tensão de ruptura do material deverá ser superior a 600 (N/mm2 ) (NBR 8400 – Tabela 30). e.1.5) Eixo das Rodas: Os eixos das rodas também devem ser calculados considerando como uma viga bi- apoiada. Os valores das cargas e reações de apoio são obtidos a partir da carga aplicada à roda (Pr). e.1.6) Rolamentos das Rodas: Normalmente são aplicados rolamentos autocompensadores de rolos. Para alguns casos também são utilizados rolamentos de rolos cilindricos e rolamentos de rolos cônicos. No cálculo da carga dinâmica equivalente deve ser considerada a carga radial devido ao esforço aplicado na roda e a carga axial deve ser considerada em torno de 10% da carga radial, pois existem esforços devido ao contato entre a aba da roda e o trilho. O esforço axial não pode ser determinado com precisão através de cálculos, porém o valor de 10% da carga radial é normalmente utilizado para este tipo de cálculo. A vida com relação a fadiga deve ser superior a 40.000 horas para esta aplicação. Para este caso ocorre a mesma situação do dimensionamento dos rolamentos anteriores, normalmente o diâmetro do eixo acaba sendo o fator determinante para a escolha do rolamento. e.1.7) Estrutura do Conjunto de Rodas: A trnsferência das cargas da estrutura principal do carro para as rodas é efetuada através da estrutura do conjunto de rodas. No caso do conjunto motriz esta estrutura também suporta o sistema de acionamento das rodas. O projeto da estrutura do conjunto de rodas requer alguns cuidados especiais principalmente nas regiões de apoio dos rolamentos e dos eixos das rodas, que devem ser reforçados para garantir rigidez suficiente durante a translação do carro. A seguir é apresentada a verificação da secção crítica. A figura 12 apresenta a aplicação das cargas sobre a estrutura do conjunto de rodas. A força F3 corresponde à reação R1 calculada no item 2.2.3, cálculo da estrutura principal. Nos conjutos de rodas motrizes o peso é maior devido ao acionamento e a proteção.
  • 46. 46 Considerando que temos dois conjuntos de rodas motrizes a força F3 será: F3 R3 R3 B B R3 R3 F3 Figura 12: Estrutura do Conjunto de Rodas – Distribuição de Cargas (Kgf)63600F 2 127200 2 R F 3 1 3  Considerando a distribuição de cargas da figura 12 obtem-se o valor de R3: (Kgf)31800R 2 63600 R 33  Portanto, o momento em B será: mm)(Kgf14310000M 4 90063600 4 LF M B 3 B      As tensões máximas devem ocorrer em B, secção crítica (figura 13). A secção B não é simétrica, portanto devemos inicialmente determinar o centro de gravidade da secção para obtermos a linha neutra em relação a direção do carregamento vertical. Os valores d1, d2 e d3 representam a distância dos componentes individuais da secção ao centro de gravidade procurado: Temos que: (S1, S2 e S3 são as áreas das secções individuais): 0dSdSdS 332211  175dd 5,152dd 5,327dd 21 23 21   
  • 47. 47 1 3 2 CG L Figura 13: Secção Crítica do Conjunto de Rodas Substituindo os valores: 0)d5,327()6025()d175()28022(d)7070( 111  Resolvendo as equações obtem-se: d1, d2 e d3 d1 = 327,5 (mm) d2 = 50 (mm) d3 = 202,5 (mm) O momento de inércia das secções individuais são obtidos abaixo: CG 3 dS 12 hb I    )(mm78563333I1257070 12 7070 I 4 1 2 3 1    )(mm55645333I5028022 12 28022 I 4 2 2 3 2    )(mm61587500I5,2022560 12 2560 I 4 3 2 3 3    O valor de I para a secção B é a soma dos momentos de inércia dos componentes: )(mm195796166IIIII 4 321 
  • 48. 48 Os módulos de resistência a flexão superior e inferior são obtidos em função da distância do CG, conforme descrito abaixo: ICG IB SCG SB d I Ze d I Z  Os valores das distâncias ao CG são: (mm)16035125d SCG  (mm)2155,125,202d ICG  Substituindo os valores tem-se: Módulo de Resistência a Flexão Superior ZSB = 1.222.726 (mm3 ) Módulo de Resistência a Flexão Superior ZIB = 910.680 (mm3 ) As tensões atuantes devido as cargas de flexão são: )(Kgf/mm85,5σ 12237262 14310000 Z2 M σ 2 SB SB B SB      )(Kgf/mm86,7σ 9106802 14310000 Z2 M σ 2 IB IB B IB      A tensão é dividida por 2 porque o conjunto de rodas possui duas vigas principais de sustentação. Aplicando os mesmos conceitos do item 2.2.3 para a secção B tem-se: )(kgf/mm24,1845,16,186,7Mψσσ 2 xIBtIB  Neste caso observamos que a tensão de trabalho calculada é superior à tensão admissível quanto à fadiga para o aço ASTM A36, que é de 16 (Kgf/mm2 ). A tensão calculada é inferior à tensão de escoamento do material, 25,5 (Kgf/mm2 ), o que admite a aprovação das características geométricas da estrutura do conjunto de rodas. Para uma condição mais segura do desempenho contínuo do equipamento deve-se melhorar as características do conjunto de rodas para obter-se uma tensão inferior a tensão admissível quanto a fadiga. e.2) Conjunto de Rodas Movidas: Os mesmos critérios de dimensionamento aplicados ao conjunto de rodas motrizes devem ser aplicados ao conjunto de rodas movidas. Para este conjunto de rodas os
  • 49. 49 cálculos são simplificados pois não existe o conjunto de engrenamento para a transmissão do movimento. 2 - VEÍCULOS DE TRANSPORTE O acionamento dos veículos de transporte pode ser manual ou motorizado. A superfície de translação pode ser feita com ou sem trilhos. Os veículos manuais são utilizados para pequenas distâncias de deslocamento, normalmente em trajetos de até 50 m. A capacidade de carga normalmente não ultrapassa uma tonelada. Os veículos manuais são utilizados para transporte em horários e percursos irregulares, apresentando grande flexibilidade de uso. O projeto e construção destes veículos são relativamente simples, sendo os principais tipos normalizados pela DIN (ver detalhes no Dubbel, Manual do Engenheiro Mecânico). Os veículos motorizados apresentam uma vasta aplicação no ambiente industrial. O acionamento pode ser: gasolina, diesel, elétrico/bateria, elétrico/rede, ar comprimido e gás. As características construtivas apresentam grande diversidade em função da aplicação e capacidade requerida. Os principais tipos de veículos são: carros de transferência, tratores e empilhadeiras. A utilização destes veículos pode incluir o uso de dispositivos especiais para a acomodação da carga, como por exemplo: paletes, conteiners ou caixas. A seguir serão apresentadas as principais considerações para o projeto de um veículo, sendo apresentado o exemplo de cálculo para este veículo motorizado sobre trilhos conforme os tópicos apresentados. Tabela 1: Especificações do Veículo (1) Aplicação: Carro de Transferência para Panela de Aço Líquido (2) Capacidade de Carga Carga Máxima de 200 Toneladas Peso do Aço Líquido de 130 Toneladas Peso da Panela de 70 Toneladas (3) Peso do Carro Aproximadamente 60 Toneladas (4) Velocidade de Translação 40 m/min (5) Alimentação Corrente Alternada, 440 Volts, 60 Hz
  • 50. 50 2.1- Determinação da Potência de Translação 2.1.1 - Cálculo da Resistência ao Movimento A resistência ao movimento em marcha se compõe de resistência ao rolamento Fr , resistência à inclinação Fi e para os veículos motorizados deve ser considerada a resistência à aceleração Fa. a) Resistência ao Rolamento (Fr): O valor de R representa a resistência ao movimento em um trecho horizontal e pode variar em função das características da roda do veículo e da superfície de translação. O valor de R pode ser calculado teóricamente em função das características de projeto de cada equipamento. A tabela a seguir apresenta os valores de R para as principais aplicações, conhecidos através de dados práticos e ensaios. Tabela 2: Valores de R – Resistência ao Movimento - Roda Maciça de Borracha com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,012 a 0,014 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Asfalto R = 0,014 a 0,016 - Roda Pneumática com Mancais de Rolamento sobre Paralelepípedo R = 0,020 a 0,025 - Roda de Aço com Mancal de Rolamento sobre Trilho R ≈ 0,006 - Roda de Aço com Mancal de Deslizamento sobre Trilho R ≈ 0,020 No caso de rodas de aço sobre trilhos os cálculos detalhados podem ser obtidos nas referências (Dubbel e Ernst Vol. I). b) Resistência à Inclinação (Fi): Neste caso devem ser consideradas as forças devido a influência da aceleração da gravidade no plano inclinado. c) Resistência à Aceleração (Fa): Este valor é dividido em duas partes: massas de translação (Fat) e massas de rotação (Far). 2.1.2 - Seleção da Motorização e Freio O cálculo da potência do motor é efetuado considerando as condições de resistência ao movimento. a) Potência do Motor para Velocidade Constante e Trecho Horizontal (Ph): Deve ser calculado na expressão a seguir:
  • 51. 51 (W) η VF P r h   Onde: Fr = Ft x R (Ft corresponde ao peso total sobre as rodas de apoio) – (Newtons) V = Velocidade de Translação do Veículo – (metros/segundo) η = Rendimento da Transmissão Mecânica – (admensional) b) Potência do Motor para Velocidade Constante com Inclinação (Pi): Neste caso devem ser consideradas as forças conforme um plano inclinado. A expressão para o cálculo é obtida a seguir: (W) η V)α(SenF η V)α(CosF P tr i     Onde: α = Inclinação da pista, (normalmente deve ser considerado valor mínimo de 5%) c) Potência do Motor para a Aceleração do Veículo em Trecho Horizontal: Durante a partida do veículo é necessário vencer as forças de inércia do sistema para alcançar a velocidade de translação. Nesta fase do funcionamento é necessário acelerar as massas em translação e rotação. O cálculo da potência de aceleração pode ser efetuado da seguinte maneira: - Massas em Translação: Neste caso aplicam-se os conceitos básicos da mecânica, obtendo-se a expressão, considerando ta o tempo de aceleração em segundos e g a aceleração da gravidade em metros/segundos2 : (W) ηtg VF P a 2 t at    - Massas em Rotação: A aceleração das massas em rotação do motor de acionamento, das engrenagens, acoplamentos, etc. requer, no raio da roda motriz uma força perimetral: (Newtons) r a ΘεΘ r 1 ω ω εΘ.......... ω ω εΘ ω ω εΘ r 1 F 2redTrred Tr n nn Tr 2 22 Tr 1 11ar          2 Tr n n 2 Tr 2 2 2 Tr 1 1red ω ω Θ............ ω ω Θ ω ω ΘΘ                         
  • 52. 52 Onde: Far = Resistência a Aceleração das Massas de Rotação – (Newtons) Θ = Momento de Inércia do Componente Rotativo – (kgxm2 ) ε = Aceleração Angular – (1/s2 ) ω = Velocidade Angular – (1/s) Θred = Momento de Inércia Reduzido para o Eixo da Roda Motriz - (kgxm2 ) εTr = Aceleração Angular da Roda Motriz – (1/s2 ) ωTr = Velocidade Angular da Roda Motriz - (1/s) r = Raio da Roda Motriz – (m) a = Aceleração – (m/s2 ) O valor da Potência de Aceleração das Massas de Rotação será: (W) η ωT P Trar ar   Onde: Tar = Torque de Aceleração das Massas Rotativas O valor do Torque de Aceleração é definido por: m)(NrFT arar  Considerando o tempo de aceleração ta em segundos e substituiindo o valor da velocidade angular, temos: a Tr t V ae r V ω  (W) ηtr VΘ P a 2 2 red ar    O cálculo da Potência de Aceleração Pa é obtido pela soma de Pat e Par. (W) ηtr VΘ ηtg VF P a 2 2 red a 2 t a       Considerando as dificuldades para o cálculo de todas as inércias dos corpos em rotação do mecanismo de translação do veículo, podemos utilizar a expressão: (W) ηtg VF x)2,1até1,1(P a 2 t a   
  • 53. 53 A potência mínima requerida para o motor deve ser escolhida com as seguintes condições: (1) Quando Ph > Pa ou Pi > Pa: Pm = Ph ou Pm = Pi (2) Quando Pa ≥ Ph ou Pa ≥ Pi Pm = (Ph + Pa)/(1,7 a 2,0) ou Pm = (Pi + Pa)/(1,7 a 2,0) Para a especificação da rotação do motor deve ser definido o valor da redução para obter a velocidade especificada para o veículo. Após a definição da rotação deve ser escolhido o motor no catálogo dos fornecedores. O freio do veículo é montado no eixo do motor da translação. A especificação do freio depende do torque do motor especificado. Para o freio eletromagnético o torque mínimo de frenagem deve corresponder a 50% do torque do motor. 2.1.3 - Exemplo de Cálculo: Calcular o motor do carro de transferência de panela de aço conforme especificação. Para o dimensionamento considerar os seguintes valores complementares: Resistência estacionária ao movimento: 0,025 Tempo de Aceleração: 4 segundos Rendimento da Transmissão: 0,75 Superfície Plana. Aceleração da Gravidade: g = 10 (m/s2 ) Solução: Temos que: Peso Total: Ft = 2600000 (N) Velocidade de Translação: 0,667 (m/s) a) Cálculo da potência para velocidade constante em superfície plana. (W)57807 75,0 667,0025,02600000 Ph   
  • 54. 54 b) Cálculo da potência para aceleração. (W)46268 75,04 667,0 10 2600000 2,1P 2 a    Considerando que o valor de Ph é superior ao valor de Pa, a potência mínima requerida para o motor de translação deve ser de 57,81 (KW). No caso específico deste equipamento outras condições da aplicação também são consideradas para o dimensionamento do motor. Este carro foi dimensionado para rebocar um outro veículo motorizado para situação de emergência. Neste caso a potência real do motor especificado foi de 75 (KW). No cálculo do valor de Ph foi adotado um elevado valor para a resistência ao movimento (R), correspondente a 0,025. Este valor refere-se às condições do local da aplicação que pode ter sujeira sobre o trilhos, aumento a resistência ao movimento. O valor adotado corresponde ao maior valor da tabela. Para a especificação do tipo de motor também deve ser considerado o equipamento elétrico utilizado para o controle da velocidade. Atualmente existem diversas alternativas para este controle, para maiores esclarecimentos deste assunto devem ser consultadas as especificações sobre o acionamento das máquinas elétricas. 2.2 - Dimensionamento da Estrutura: 2.2.1 Definição da Geometria do Veículo: A construção de um veículo para determinada aplicação pode seguir diversas geometrias diferentes. A definição das dimensões da estrutura deve observar as seguintes condições básicas. - Garantir a acomodação da carga; - Permitir a colocação e retirada da carga no veículo com os recursos disponíveis; - Não interferir com a instalação existente; - Permitir a instalação do conjunto de acionamento; - Facilitar o acesso para a manutenção. Além dos fatores descritos acima, as características da geometria pode influenciar nos esforços estruturais, principalmente no que se refere a concentração de tensões.
  • 55. 55 A escolha de uma geometria adequada também pode permitir a redução do peso da estrutura. A figura 1 mostra duas formas construtivas para um veículo usado em uma mesma aplicação. A figura 1.a mostra um tipo de construção onde o conjunto de acionamento esta aciplado a apenas dois conjuntos de rodas. Na figura 1.b o veículo pode ter até 4 conjuntos de motorizações independentes acoplados diretamente aos conjuntos de rodas. Esta condição garante uma maior confiabilidade ao veículo 1.b, porém o custo do investimento é muito superior. Figura 1.a: Carro com 1 Motorização e 2 Conjuntos de Rodas Motrizes Figura 1.b: Carro com 4 Motorizações e 4 Conjuntos de Rodas Motrizes Figura 1: Modelos de Carros de Transferência
  • 56. 56 2.2.2 - Estimativa do Peso. Condições de Carregamento. Tensões Admissíveis. O projeto de um novo equipamento enolve considerações preliminares para o início do dimensionamento. Durante o processo de cálculo e desenho são feitas as correções, com a finalidade de alcançar todos os objetivos esperados. A estimativa de peso normalmente é feita com base em equipamentos similares já construídos. As considerações sobre a geometria, realizada no item 2.2.1., podem auxiliar no cálculo da estimativa. Após a definição das estruturas é feita uma revisão nos cálculos e caso necessário, alterações na geometria do veículo. As condições de carregamento são muito importantes para o dimensionamento da estrutura. Esta informação deve levar em consideração, além das cargas estáticas como o peso da carga e o peso próprio, todas as demais solicitações dinâmicas, como por exemplo as cargas de impacto, dilatação térmica e o vento, que estarão presentes durante a utilização do equipamento. As condições ambientais também devem ser analisadas, fatores como temperatura ambiente e corrosão podem alterar as solicitações na estrutura. Um outro fator que deve ser considerado é o ciclo de trabalho do equipamento, que pode variar em função da utilização. A influência destes diversos fatores nas condições de carregamento podem ser determinadas com base em normas para a construção deste tipo de equipamento, para este caso recomenda-se o uso da NBR 8400. A construção de um veículo de transporte envolve o uso de materiais e métodos de fabricação que devem garantir a resistência da estrutura às diversas solicitações de carregamento. Para a grande maioria das aplicações já existem os materias e métodos normalizados que garantem o desempenho da máquina. Através de ensaios mecânicos, incluindo testes de fadiga, são definidos os limites de resistência à ruptura, escoamento e fadiga dos materiais. Aplicando as condições de carregamento na estrutura do equipamento, são calculadas as tensões de trabalho. Com base nas propriedades dos materiais e considerando os fatores de segurança da aplicação e as concentrações de tensões, são definidas as tensões admissíveis para o projeto. A Norma NBR 8400 apresenta critérios para a definição da tensão admissível para diversos materiais utilizados na construção de equipamentos para a movimentação de cargas. No dimensionamento da estrutura do equipamento devem ser considerados os diferentes critérios de dimensionamento que envolve: a ruptura, o desgaste ou a fadiga do equipamento. Em função do critério adotado deve ser comparada a tensão de trabalho calculada com a respectiva tensão admissível referente ao material. Por exemplo, a estrutura dimensionada pelo critério de fadiga deve levar em consideração a carga que
  • 57. 57 representa o ciclo médio de trabalho do equipamento. Porém, a mesma estrutura deverá suportar as condições extremas de solicitação, que são representadas pelas cargas máximas. Pelo critério da fadiga a tensão calculada é comparada com a tensão admissível à fadiga, pelo critério de ruptura a tensão máxima calculada é comparada com a tensão admissível à ruptura. 2.2.3 Exemplo de Cálculo: Calcular a tensão máxima atuante na viga principal do carro de transferência de panela de aço, representado na figura 1.a, considerando as especificações descritas na Tabela 1. A viga principal coresponde à parte do veículo que distribui o peso do carro e da carga sobre as rodas de apoio. Esta parte da estrutura deve ser dimensionada para suportar as cargas estáticas e dinâmicas do equipamento e garantir a durabilidade prevista em função do ciclo de trabalho e das condições ambientes. De uma maneira geral o dimensionamento da estrutura principal deve considerar os seguintes passos: (1) Determinar os pontos de aplicação da carga; (2) Calcular as reações de apoio; (3) Calcular o momento máximo; (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo; (5) Calcular os níveis de tensões nos pontos críticos da secção; (6) Comparar com a tensão admissível do material. (1) Determinar os pontos de aplicação das cargas: Com base na figura 1.a são definidas as cargas aplicadas à estrutura, conforme figura 2.
  • 58. 58 R1 W 3 W 4 A R2 W 1 W 2 Figura 2: Condições de Carregamento para o Veículo Na figura 2 temos: W1 = Peso da Carga, 200 Toneladas W2 = Peso da Estrutura, 37 Toneladas W3 = Peso da Estrutura de Proteção, 8,5 Toneladas W4 = Peso do Acionamento, 5,2 Toneladas (2) Cálculo das reações de apoio: Considerando a viga principal bi-apoiada no centro dos conjuntos de roda do veículo, temos: ∑F = 0 ∑MdireitaA = ∑MesquerdaA Considerando os dados da figura 2 são obtidas as equações: 432121 WWWWRR  (N)2507000RR 21  Obs: O valor de 260 toneladas considera o peso dos 4 conjuntos de rodas que não estão apoiados sobre a estrutura do carro. 432121 W0,8W15,8W7,4W9,3R0,1R7,4  Obs: Para o cálculo dos momentos as cargas distribuídas foram consideradas concentradas em seus respectivos centros de gravidade. Foi considerado o momento na extremidade direita do veículo considerando a figura 2.
  • 59. 59 Resolvendo as equações acima são obtidas as reações nos apoios: R1 = 1272000 (N) R2 = 1235000 (N) (3) Calculo do momento máximo: No caso de estruturas complexas com carregamento e geometria não uniforme a determinação exata do momento máximo requer um procedimento de cálculo detalhado. Normalmente são utilizados critérios de aproximação para facilitar o cálculo, porém as aproximações são feitas sempre a favor da segurança do dimensionamento. No caso deste veículo, observando a figura 2, pode ser verificado que o centro de gravidade da carga máxima (W1 = 200 toneladas) esta próximo ao centro da viga principal, portanto a secção crítica será considerada em A. O momento MA da secção crítica será: 8 W5,1 4 w9,3 xR9,2M 1q 2 2A     Obs: O valor wq corresponde à carga distribuída W2 na extensão de 9,4 metros da viga principal. Portanto: wq = W2/9,4 = 39361,7 (N/m). Substituindo os valores tem-se: MA = 3056833,6 (Nxm) = 305683360 (kgfxmm) (4) Determinar as propriedades da secção de momento máximo: Para o cálculo da tensão máxima deve ser calculado o módulo de resistência à flexão. A figura 3 apresenta as dimensões da secção crítica A. A seguir é apresentado o cálculo do módulo de resistência à flexão da viga (ZA). Neste caso a viga é simétrica em relação ao eixo horizontal, portanto o módulo de resistência superior e inferior são iguais. A seccão da viga foi subdividida em componentes (a, b, c, d, e), sendo calculado primeiramente os momentos de inércia individuais e posteriormente o módulo de resistência à flexão combinado.
  • 60. 60 a b c d e Figura 3: Secção da Viga Principal na Região Crítica Tabela 3: Cálculo do Momento de Inércia da Secção Crítica a I  22 5,457119025251190 12 1  6228410417 b I  3 89019 12 1  1116200917 c I  3 89022 12 1  1292443167 d I  3 89022 12 1  1292443167 e I  22 5,457119025251190 12 1  6228410417 I 16157908090 Com o valor de I calcula-se o valor de ZA. mm)940(H )2/H( I Z A  Substituindo os valores tem-se: ZA = 34378528 (mm3 ) (5) Calculo da tensão na secção crítica: Com o valor do momento e do módulo de resistência à flexão é calculada a tensão de flexão máxima na secção crítica. Deve ser observado que o valor do momento deve ser dividido entre as duas vigas principais, conforme equação abaixo: )mm/kgf(45,4 34378528x2 305683360 Z2 M σ 2 A A A   
  • 61. 61 A tensão de trabalho deve levar em consideração alguns fatores relacionados às condições da aplicação. Estes fatores são estabelecidos em normas. No caso deste carro é utilizada a NBR 8400/1984 item 5. Serão considerados o coeficiente dinâmico Ψ e o coeficiente de majoração da carga Mx nos seus valores máximos: Ψ = 1,60 (considera o impacto de colocação da carga) Mx = 1,45 )(kgf/mm324,1045,16,145,4Mψσσ 2 xAtA  Portanto, a tensão na secção crítica a ser considerada é: σtA = 10,324 (kgf/mm2 ) (6) Tensão admissível do material: A definição da tensão admissível está diretamente relacionada com o critério de dimensionamento do equipamento. Este critério é estabelecido entre o cliente e fornecedor e deve seguir alguma norma de construção aplicada ao tipo de equipamento. Neste caso o material de construção da estrutura é o ASTM A36, cujas propriedades são: σescoamento = 250 Mpa = 25,5 (kgf/mm2 ) σruptura = 400 Mpa = 40,8 (kgf/mm2 ) A tensão admissível conforme NBR 8400 para σescoamento/ σruptura = 0,625 < 0,7, será: σadm. = σescoamento/1,5 = 17 (kgf/mm2 ) A tensão admissível com relação à fadiga é definida nos gráficos e tabelas do Anexo G da NBR 8400. Para o aço ASTM A36 obtemos que o valor de tensão admissível quanto a fadiga para estrutura de construção soldada é da ordem de 16 (kgf/mm2 ). Verificamos que os valores das tensões admissíveis são superiores ao valor da tensão de trabalho. O dimensionamento dos demais componentes da estrutura do veículo também deve seguir o mesmo procedimento adotado para a viga principal. Algumas partes estão
  • 62. 62 sujeitas a esforços elevados Estas regiões estão localizadas nos suportes da panela e nos apoios da estrutura sobre os conjuntos de acionamento. Nestes casos devem ser previstos reforços para garantir que não sejam ultrapassadas as tensões admissíveis. Para cálculos mais precisos, principalmente devido a influência de concentração de tensões, existem os programas de elementos finitos. 3. MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO As máquinas de elevação representam uma grande variedade de equipamentos utilizados em todos os setores da atividade industrial. A classificação destes equipamentos necessitaria inúmeras considerações para que fossem incluídas todas as formas construtivas da atualidade. Os principais equipamentos que fazem parte das máquinas de elevação são: guindastes, pontes rolantes, elevadores e guinchos. O projeto e construção de máquinas de elevação requerem a aplicação de normas específicas, que determinam as condições básicas que devem ser obedecidas. A especificação das características do equipamento é muito importante para a definição das condições da aplicação. A seguir são apresentadas as especificações principais de uma ponte rolante que servirá como exemplo para os estudos que serão desenvolvidos neste capítulo. Capacidade Nominal 60/25 toneladas Serviço Manuseio de Panela Vazia Classificação AISE 6 – Classe 3 Temperatura Ambiente 50o C Velocidade do Levantamento Principal 10 m/min. Velocidade do Levantamento Auxiliar 10 m/min. Velocidade de Translação do Carro Principal 30 m/min. Velocidade do Carro Auxiliar 40 m/min. Velocidade de Translação da Ponte 80 m/min. Vão da Ponte 16500 mm Altura de Elevação Principal 14500 mm Altura de Elevação Auxiliar 16250 mm Peso da Ponte 108,2 toneladas Peso do Carro Principal 33,3 toneladas Peso do Carro Auxiliar 14,9 toneladas Peso da Barra de Carga (Levantamento Principal) 7 toneladas Peso do Gancho (Levantamento Auxiliar) 1 tonelada Alimentação AC 440 V – 60 Hz – Trifásico Tensão de Comando 230 Vcc Regime 40% ED – 150 man./hora Tabela 9: Especificações Básica da Ponte Rolante
  • 63. 63 A figura 14 apresenta uma vista geral das dimensões básicas do equipamento que devem ser consideradas na fase do projeto. Nesta figura são apresentadas algumas limitações referentes ao local da instalação. 3.1. Meios de Elevação: O sistema de elevação da carga corresponde à parte construtiva que diferencia este equipamento em relação aos demais utilizados na movimentação de cargas. A construção do sistema de elevação das principais máquinas apresenta algumas características comuns, as quais serão analisadas neste item. a b G Nível do Piso L T Figura 14: Especificações Básicas para Instalação de uma Ponte Rolante Figura 15: Ponte Rolante Siderúrgica para Manuseio de Panela (Capacidade 300 Toneladas)
  • 64. 64 Elementos de Máquina para Transmissão por Cabos de Aço: a) Cabo de Aço: Os cabos de aço estão presentes na maioria dos equipamentos de elevação de carga. Outros elementos de sustentação, como por exemplo: correntes de elos redondos, correntes articuladas e cordas de cânhamo são utilizados em aplicações específicas, porém na construção dos equipamentos o cabo de aço é o principal elemento utilizado. As características que garantem ao cabo de aço esta grande utilização são: boa flexibilidade, grande capacidade de carga, durabilidade e padronização. O elemento de construção dos cabos é o arame de aço. Os arames utilizados na construção do cabo possuem resistência à ruptura por tração que pode variar de 160 a 220 (Kgf/mm2 ). Para garantir uma solicitação uniforme para todos os arames, o entrelaçamento utilizado para a formação do cabo deve seguir uma orientação correta para evitar desgaste prematuro e sobrecarga em alguns arames. As principais características construtivas do cabo são: - Número de pernas e número de arames (Seale, Filler e Warrington); - Tipo de Alma (Aço ou Fibra); - Sentido e Tipo de Torção (Direita/Esquerda e Regular/Lang); - Passo; - Lubrificação; - Pré formação; - Resistência do Cabo. Durante a especificação do cabo de aço para uma aplicação em um equipamento de elevação os fatores a serem analisados são: - Escolha da construção e função da aplicação; - Diâmetros indicados para polias e tambores; - Ângulo de desvio máximo de um cabo de aço; - Fator de segurança da aplicação. A utilização dos cabos de aço nos equipamentos de elevação requer a utilização de dispositivos e acessórios que devem ser especificados no projeto dos equipamentos, os principais são: sapatas, manilhas, grampos, soquetes e terminais.
  • 65. 65 Para maiores detalhes referentes ao projeto e especificação referentes aos cabos de aço recomenda-se consultar as normas específicas (ex. NBR 13541 e 6327) e os catálogos dos principais fabricantes (ex. CIMAF). b) Polias: As polias são os componentes que guiam e sustentam o cabo de aço. Na construção do sistema de elevação as polias podem ser móveis (passagem) ou compensadoras (equalizadoras). As polias móveis apresentam rotação que acompanha a velocidade de movimento do cabo enquanto as polias compensadoras apenas ajustam o movimento do cabo. A combinação de polias permite que a capacidade de um sistema de elevação seja multiplicada, reduzindo a velocidade de elevação. Este sistema é conhecido como moitão. Um fator importante a ser observado nestas construções é o rendimento da transmissão (ver exemplo de cálculo item 3.1.6). A especificação da polia esta diretamente relacionada com o diâmetro do cabo de aço a ser utilizado, seguindo as recomendações normalizadas para a aplicação. A NBR 8400, item 6.7.3, apresenta as recomendações para a determinação do diâmetro mínimo de enrolamento para as polias. A norma AISE 6 e CMAA também apresentam as recomendações a serem obedecidas na especificação de polias aplicadas em pontes rolantes. As demais dimensões de polias também são normalizadas, visando atender as capacidades requeridas para os respectivos cabos de aço. O projeto da ranhura de passagem do cabo é muito importante para garantir desgaste reduzido do cabo e da polia. Para a especificação completa das polias, incluindo materiais e processo de fabricação, recomenda-se consultar os manuais dos fabricantes (ex. Miguel Abad), normas de dimensões (ex. DIN 15061, 15062 e AISE 6) e referências indicadas. Na construção do sistema de polias outros componentes também devem ser especificados. O eixo deve ser calculado para suportar a carga de trabalho e os rolamentos devem ser especificados para a vida útil requerida. Os principais tipos de rolamentos utilizados nestas construções são: cargas leves rolamentos de esferas; cargas elevadas rolamentos de rolos cilíndricos ou rolamentos de rolos cônicos.
  • 66. 66 c) Tambor (Dromo): O Tambor é o elemento do sistema de elevação que tem a função de acomodar o cabo de aço entre os cursos mínimo e máximo. Esta condição, juntamente com o diâmetro especificado para o cabo, determina as características dimensionais para o tambor (ver exemplo item 3.1.6). O dimensionamento do tambor deve levar em consideração três condições de carregamento: 1) Solicitação de compressão e flexão por causa do enrolamento; 2) Solicitação de flexão devido à tração do cabo; 3) Solicitação de rotação que produz um momento de torção. Os detalhes de cálculo do tambor são apresentados no exemplo do item 3.1.6. Os tambores são formados basicamente pelo corpo, onde são executadas as ranhuras, as paredes laterais e o eixo de apoio. A transmissão do movimento de rotação para o tambor pode ser feita diretamente pelo eixo de saída do redutor ou através de uma engrenagem acoplado a uma das paredes laterais (principalmente em guinchos). Na construção de acionamento direto, normalmente o mancal do lado acoplado é o próprio mancal de saída do redutor. O mancal do lado oposto ao acionamento é montado sobre um pedestal fixo a estrutura do equipamento. Na condição máxima de desenrolamento do cabo devem ser previstas pelo menos duas espiras ainda enroladas sobre o tambor, desta forma a fixação do cabo fica isenta da força de tração. A extremidade do cabo é fixa no corpo do tambor através de grampos parafusados. Para muitos tambores de guincho, com grande extensão de cabo, o enrolamento ocorre em mais de uma camada de cabos. Neste caso ocorre o enrolamento de cabo sobre cabo. Dispositivos destinados ao Manuseio de Carga: A diversidade de tipos de cargas e materiais a serem movimentados pelos equipamentos de elevação exigem para alguns casos o projeto de dispositivos especiais. O elemento mais comum é o gancho forjado. Estes componentes são normalizados e podem ser encontrados nos catálogos dos fabricantes especializados. Além dos ganchos alguns dispositivos como laços, manilhas, olhais
  • 67. 67 Para aplicações em instalações siderúrgicas são necessários uma grande variedade de dispositivos de manuseio de carga. Para os materiais granulados, como por exemplo o descarregamento de carvão e minério de ferro dos navios e escória de alto forno, são utilizadas as caçambas, conhecidas como “grabs”. Este equipamento exige um dispositivo especial para comandar a abertura e fechamento das caçambas. No manuseio de panelas e calhas de sucata de aciaria, são utilizadas as barras de carga com ganchos lamelares. Nas áreas de laminações existe grande variedade de dispositivos. O manuseio de placas e chapas grossas é feito por eletroímã ou tenazes do tipo pinça. As bobinas de aço são movimentadas por gancho laminado tipo “C” ou tenazes de bobinas. Os dispositivos com acionamento elétrico exigem um enrolador para o cabo de alimentação. Nas instalações portuárias os dispositivos para o manuseio das cargas variam desde simples laços até dispositivos automatizados para o movimento de containers. Para cargas especiais pode ser necessário o projeto de dispositivos especiais para aumentar a produtividade dos trabalhos de carga e descarga. Figura 16: Mastro Telescópico de Ponte Rolante para Manuseio de Bobinas de Alumínio