O documento discute planejamento estratégico para entidades de classe. Em três pontos principais, enfatiza a importância de (1) definir o projeto político/ideológico e ocupar espaços para diálogo, (2) comunicar claramente esse projeto de forma não previsível para engajar associados, e (3) assegurar finanças transparentes que viabilizem o projeto político.
Planejamento estratégico FENALE - Ação política, comunicação e finanças
1. Planejamento estratégico - Encontro da FENALE
Apresentação:
Guilherme Coelho de Souza Nascimento - Professor da rede
Pública, Dirigente do CAPESP, da FESPESP, Coordenador da
CCM IAMSPE Região Litoral.
Inicialmente gostaria de agradecer ao Gaspar e a diretoria da FENALE
pelo convite. Venho aqui para conversar com pessoas que,
possivelmente, são mais experientes que eu, onde eu tenho mais a
ouvir do que falar.
A minha modesta intenção é mostrar a minha forma de pensar e de
atuar.
Entendo que quando falamos em planejamento estratégico numa
entidade devemos definir seu projeto político/ideológico.
(Se estivéssemos na sala dos professores, diria que teríamos que
pensar no projeto político pedagógico da Escola).
Para uma entidade de classe (associação ou sindicato) diria que
devemos definir o plano de ação político, que só é colocado em
funcionamento em sintonia com a comunicação da entidade e das
finanças.
O Plano de ação político é a bússola da entidade.
Para onde a entidade quer ir? Essa é a pergunta que devemos ter em
mente quando atuamos...
Não basta termos a visão de administrar a entidade, de crescer o
quadro associativo, de estabilizar as finanças ou montar uma boa rede
de prestação de serviços...
Numa entidade, a ação política é a sua alma.
2. Claro que a ação esta diretamente relacionada com a capacidade de
mobilização e representação... Porém, mesmo uma entidade pequena
e com poucos recursos pode "alimentar" sua "alma"...
Entendo que Federações devem desempenhar seu papel de
interlocutoras de suas associações filiadas...
Uma vez estabelecido o “caminho” da entidade, isto deve estar
presente nas mentes de seus diretores. E por consequência, não se
pode temer o debate com outras forças, sejam elas quais forem...
Política, de qualquer tipo, sempre será feita através do diálogo. A
Política associativa não se exclui dessa verdade. Vejo como um dos
maiores entraves no crescimento das entidades, na capacidade de
mobilização de suas bases, o receio, a má vontade em dialogar com
segmentos que tenham uma visão político-ideológica diferente da
“nossa”... E aí, os riscos são vários: desde a entidade caminhar para o
“gueto”, perder o debate político por ausência, até perder a sua base
de apoio (perdendo seus associados com as graves consequências
financeiras).
Conversar, dialogar... Esse é o caminho para não ser passado para
trás.
E para isso, devemos Ocupar Espaços!
Isso é uma das coisas que mais defendo no interior da FESPESP:
devemos ocupar cada espaço político possível... Dialogando com
outras Federações, com as Centrais, Partidos Políticos (TODOS, sem
distinção) ou Governo (seja Estadual ou Federal)...
Participando de Audiências Públicas, encontros, seminários, cursos,
congressos... Enfim, onde houver um “microfone”, lá estaremos nós,
sempre prontos para defender o serviço público (seja a FENALE, a
FESPESP ou A CNSP), os usuários do serviço público (nossos
aliados) e as nossas metas enquanto entidades com um Projeto
Político/Ideológico.
3. Portando, nesta primeira parte, devemos responder a algumas
questões:
O que a FENALE quer?
Como será ouvida?
Como fortalecer/mobilizar as bases?
Há condições, hoje, de um movimento unificado em todo território
Nacional? Ou ao menos em alguma Unidade da Federação?
Quais são as pautas unificadoras da FENALE em relação às
entidades associadas?
Bom, com esse ‘”QUEBRA-CABEÇA” em mente, passamos para outro
ponto:
A comunicação...
Evidentemente, não irei repetir aqui, o que o Sylvio Micelli já
conversou com vocês pela manhã... Meu enfoque será outro...
O projeto político da Federação deve ser claro para seus associados...
E é esse o papel das comunicações de nossas entidades.
Se não conseguirmos explicitar nossas ideias, não teremos apoio...
Quantas vezes não ouvimos (ou dizemos): "o pessoal não quer nem
saber"... "Querem que a diretoria faça tudo por eles"... "Caramba, na
minha entidade nem os diretores comparecem, quem dirá os
associados"... Tudo isso é verdadeiro, sem dúvida...
Porém, acredito que boa parte destas frases perderia o sentido se a
nossa relação com os associados ou sindicalizados fosse mais
eficiente... Se o nosso projeto político de entidade fosse mais claro.
Gostaria de fazer um parêntese...
Acho que isso é mal de professor... Se meu aluno "vai mal", tenho que
dar um jeito dele "ir bem"... Tenho que usar outra linguagem, tenho
4. que me fazer entender... Tenho que "ganhar" o aluno... Não posso
abandoná-lo à sua "ignorância" (se bem que muitas vezes dá vontade,
sem dúvida nenhuma).
Em poucas palavras, tenho que melhorar minha comunicação...
Se com um livro o aluno não entende, tenho que apelar para
quadrinhos, desenho, filme, vídeo, música, contar uma história... Se o
aluno não me entende, tenho que ajustar meu vocabulário,
entusiasmar meu aluno, tenho que "fisgar" meu aluno...
Eu tinha uma tática em sala de aula... Era: "não posso ser previsível"
É difícil... Muitas vezes ficava previsível mesmo... Mas quando eu
chegava com uma simples tabela periódica gigante em sala, por algum
tempo eles paravam e prestavam atenção... Minha tarefa passava a
ser "esticar" essa atenção... Quando eu pedia para que os alunos
montassem um veículo que se movimentasse sem a utilização de um
combustível fóssil a molecada quebrava a cabeça...
Enfim, as aulas que davam certo eram as aulas não previsíveis, ou
aqueles onde o aluno participava de maneira mais contundente...
Fechei o parêntese...
Para as entidades, penso de forma análoga... Se a entidade for
totalmente previsível e não participativa, ela não atrai... Ela não
mobiliza... Para não ser previsível ela precisa ter um bom canal de
comunicação e criar mecanismos de atração, participação...
E a comunicação não pode mais ser previsível...
No entanto, não podemos cair na inovação da “falsa
imprevisibilidade”... Lembro quando recebi um jornal de um sindicato e
que a Presidente escrevia algo como... "Neste friozinho gostaria de
compartilhar com vocês uma xícara de chocolate e um bolo de fubá..."
Ou pior, "falar da filha que completou mais um ano de vida"...
Realmente, são textos não previsíveis, mas não creio que sejam
eficientes, ou exatamente atrativos...
5. Comunicação clara, eficiente, buscando evitar as fórmulas prontas de
nossos veículos de comunicação... Essa é a comunicação que
concebo como positiva.
Participação do associado, com responsabilidade, compromisso e,
claro, ganhos (normalmente de modo indireto, através de benefícios
conquistados).
Finalmente, a mãe de todas as questões...
O maior problema e a maior solução (solução no sistema Capitalista)...
DINHEIRO!
Além dos recursos que nós usamos para arrecadação de finanças
para as nossas entidades (taxas, prestações de serviços, festas,
convênios...) e a óbvia administração responsável... Creio que a
participação do associado/conselho é essencial para que fique
explícito que os recursos estão sendo aplicados dentro do projeto
político/ideológico da Entidade. Muitas vezes esse é um caminho
difícil... Mas, entendo como necessário para que as “coisas” caminhem
bem e com coerência.
Portanto, no caso das finanças, a democratização e a transparência
são importantes para que o planejamento estratégico de nossas
entidades saia do papel e seja vivenciado pela base.
Enfim, creio que seriam essas as ideias principais...
Não tenho a fórmula mágica... Até por que nas entidades que atuo, os
problemas são vários, nesta mesma área!
Nem sempre a gente consegue colocar em prática aquilo que
entendemos como o mais correto... Porém a reflexão nos leva a
diminuir erros... Sei que falei algumas vezes o óbvio... Porém muitas
vezes não fazemos o óbvio...
Essa é a minha contribuição...
1 - Ação Política (Nossa Alma, a bússola).
6. - Quem somos nós e para onde queremos levar nossa entidade (junto
com o associado);
- Dialogar;
- Ocupar espaços.
2 – Comunicação (Material de convencimento e de expansão)
- Não podemos previsíveis;
- Temos que "fisgar" o nosso associado;
- Participação da base.
3 – Finanças (Viabilizadora do projeto político/ideológico)
- Como mostrar quem somos, para onde vamos, sem ser previsível e
gastando "pouco";
- Participação;
- Transparência.
Creio que seja isso... Obrigado à Plenária... Obrigado à FENALE pelo
convite e espero que tenha contribuído.