Talvez a Planner Summit deste ano tenha sido o evento mais importante e intenso que
fizemos nestes 8 anos de Media Education.
Sabemos sobre a nossa responsabilidade diária de formar pessoas, sermos curadores de
conhecimento e trazer discussões que julgamos relevantes e entendemos que era hora de
trazer isso para o nosso palco de forma menos sútil. Não bastava mais apenas colocar um
painel cheio de mulheres na parte da tarde e achar que isso é a mudança. Estava na hora de
criar um evento menos técnico e mais focado em pessoas, mas não quaisquer pessoas.
É preciso dar voz a quem é esquecido, a quem a propaganda ainda usa para tirar sarro, cheia
de estereótipos. Mais: é preciso dar espaço a estas pessoas dentro das agências! Elas não
apenas são consumidores, mas também são profissionais.
Porém, nem nós mesmos imaginávamos o impacto que este evento teria - até agora ainda
não conseguimos digerir tudo isso. Um ótimo sinal: o Planner Summit conseguiu escancarar
o problema para todos nós ainda mais e, de quebra, trouxe novos questionamentos para
nossa vida, seja como publicitários ou como seres humanos. Foi intenso, mas foi muito
necessário!
Qual o seu papel daqui para frente? Você já parou para pensar nisso?
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Alexandre Formagio
Media Education
PLANNERSUMMIT2017
"95% das pessoas não comprarão marcas
ou produtos que, de alguma forma, não
respeite a diversidade"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"79% afirmam que não aceitam calados
qualquer tipo de preconceito na
comunicação"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"54% da população do Brasil se declara
negra, mas a comunicação ainda trata
esse público como se fosse nicho"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"85% apoiariam iniciativas de empresas que
promovessem igualdade de oportunidades"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"70% dos brasileiros afirmam que
propagandas que ridicularizam
homossexuais estão ultrapassadas"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"65% das mulheres não se sentem
representadas pela publicidade"
ISABELAQUINO
HeadsPropaganda
REPRESENTATIVIDADE
Mais da metade da população não se sente representada com a
publicidade atual.
De acordo com pesquisas apresentadas tanto por Isabel Aquino, da Heads,
quanto por Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, foi constatado que
mais de 50% da população não se sente representada com os comerciais de
televisão. Estamos criando uma imagem irreal da sociedade brasileira e
excluindo do contexto social negros, amarelos e indígenas.
"Nas propagandas apenas 26% das
protagonistas são mulheres. Sendo 84%
brancas e 12% negras"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
LUCROXPRECONCEITO
Preconceito não gera lucro. Por que, então, continuamos a reforçar
estereótipos dentro da comunicação?
Essa violência indireta às minorias – a invisibilidade que a propaganda
dá a pessoas que julgam 'fora do padrão’ já imposto pela publicidade –
influencia todo o pensamento de uma sociedade, onde continuamos a
reforçar estereótipos e alimentar a exclusão das pessoas. Se para
entendermos a situação precisamos falar de dinheiro, serve a máxima
dita por Renato Meirelles: "Preconceito não gera lucro”. A maioria dos
entrevistados disseram que não aceitam mais propagandas que
ridicularizam ou minimizam grupos, minorias ou coletivos.
"2/3 das pessoas dentro de agências são
homens brancos de classe A/B"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
QUEMFAZAPROPAGANDA?
Mudar de dentro pra fora: 2/3 das pessoas dentro de agências são
homens brancos de classe A/B.
A falta de diversidade cria uma bolha dentro da agência: as pessoas não
têm contato com diferentes estilos de vida, não vivenciaram a
experiência do outro e isso faz com que as campanhas sejam sempre
mais do mesmo. Por isso, dar oportunidades para que o local de
trabalho tenha sempre pessoas de diferentes backgrounds enriquece
não apenas o lado pessoal, como também o social e principalmente o
profissional, com campanhas mais reais e humanas.
(RE)CRIEOAMBIENTE
Crie um ambiente acolhedor e aberto na sua agência, um local aberto à
diversidade produzirá melhor.
Quando observamos tanto o case de Skol quanto o case de Avon,
conseguimos ver que ambas empresas já possuem um pensamento
voltado para um futuro com propagandas menos estereotipadas e com
mais diversidade. Isso também possui influência devido ao fato de que
essas equipes já são diversas e com pessoas com o core voltado para isso.
VÁALÉM!
Crie inclusão real dentro das agências.
Você fez um projeto contra o racismo e buscou a ajuda e a opinião de
pessoas negras – ótimo! Trouxe pessoas LGBT de fora para tratar
assuntos da causa – excelente!
Esses profissionais, entretanto, não deveriam ser vistos apenas como
"consultores". São comunicadores e publicitários que possuem
conhecimento muito mais amplo e que deveriam integrar a equipe
continuamente.
ACEITEOPASSADO!
Nunca renegue o passado da sua marca. Apenas aceite-o e siga em frente.
As pessoas, elas não esquecem. Por isso é importante que estejamos
sempre questionando – as marcas e a nós mesmos – aceitando o
passado e sempre seguindo em frente, mostrando que apesar dos
erros, estamos sempre em processo de desconstruir, em busca de
fazer uma comunicação melhor e mais inteligente.
"Para uma sociedade se desenvolver,
precisamos de equidade"
ISABELAQUINO
HeadsPropaganda
"É preciso levar a discussão de diversidade
para o alto escalão das empresas e não ficar
só entre os planejadores"
ANACORTAT
Hybrid
"O leão de Cannes não significa nada pra
quem tem quem tem que matar um leão
por dia"
RENATOMEIRELLES
InstitutoLocomotiva
"Incentivo que outras pessoas façam, que
não só questionar, mas constranger
empresas e agências que estão se
apropriando de causas sérias e não estão
trazendo nenhuma contrapartida"
IANBLACK
NewVegas
1#ENTENDERSEUSPRIVILÉGIOS
Precisamos entender que somos diferentes e que cada um possuí
privilégios dentro de sua vida e jornada!
Nosso sonho é a igualdade. Mas tratar o próximo de igual pra igual não
quer dizer que todos vão pensar, agir e fazer a mesma coisa. Precisamos
compreender que cada um de nós tem privilégios e por isso, temos causas
e lutas diferentes. Não podemos diminuir a luta do próximo, não podemos
comparar e não podemos falar pelo outro.
Devemos respeitar, ouvir, aprender e nos esforçar para ter empatia.
A partir do momento que assumirmos que temos sim privilégios, fica mais
fácil entender o próximo e o mundo a nossa volta. Isso é ter empatia.
2#ESTARATENTOÀCONTRATAÇÃO
Talvez hoje você não contrate, mas fique atento, pois você poderá fazer a
diferença!
Você já parou para pensar como seleciona currículos ou fornecedores?
Esteja mais atento, talvez você sempre dê prioridade para o mesmo perfil
de contratados. Aprenda a olhar com mais carinho os CVs e dar mais
oportunidades. Quebre a matrix de contratação.
E não é apenas neste momento. Você paga o mesmo montante para homem
e mulher com o mesmo nível hierárquico? Não? Por que? Pense nisso.
Se você ainda não contrata, pode ficar atento às pessoas à sua volta: quão
diverso é seu ciclo de amizade? E na hora de indicar alguém que você
enxerga que teria menos oportunidade, se não fosse o seu
‘empurrãozinho”? Cada um tem um papel importante para gerar mudanças.
3#SUGERIRMUDANÇAS
Preste mais atenção no ambiente a sua volta e nas criações de sua
empresa!
Talvez você não seja o gestor(a) responsável por mudanças radicais dentro
da empresa, mas você pode sugerir mudanças e sinalizar possíveis
problemas.
Traga estudos, incite discussões, dê sugestões, faça um exemplo de peça,
converse com o RH. Não importa. Tente!
4#INCITARDISCUSSÕES
Não são apenas eventos e grandes publicações que são responsáveis por
discussões.
A cada dia surgem novos coletivos focados em discutir problemas, mas
você não precisa fundar um para gerar resultados. Que tal mandar um
email para seus colaboradores sugerindo uma nova discussão interna
quinzenalmente, por exemplo?
Na R/GA Brasil as próprias funcionárias começaram a organizar encontros
internos trazendo convidados de fora.
Você foi a algum evento que trouxe alguma provocação interessante? Junte
sua equipe e discuta isso dentro de sua empresa. São pequenos gestos que
fazem a diferença e abrem a cabeça de todos.
O que você pode fazer a partir de agora?
Existem excelentes coletivos fazendo bons trabalhos, iniciativas precisando
de doações ou qualquer tipo de apoio, além de existir a possibilidade de
criar novos projetos. Dê o próximo passo.
Não sabe qual será este próximo passo ainda? Tudo bem, continue abrindo
a mente, respeitando o próximo, lendo, conversando, ouvindo,
perguntando. Isso já ajuda muito a gerar mudanças sutis no dia-a-dia!
5#APOIECAUSASEFAÇA
O Planner Summit foi apenas o início!
Estamos há meses coletando uma série de materiais para nossos próximos
projetos e também para entendermos tudo que está acontecendo, afinal a
Media Education é feita de pessoas (para pessoas).
Por isso, resolvemos compartilhar alguns destes links com vocês, pois
entendemos que mais do que nunca este é um momento de trocas,
aprendizados, dúvidas e perguntas.
Em breve teremos novas compilações. Fique de olho!
Ah, se tiver qualquer material que ache necessário estar presente
futuramente, por favor nos envie!
UMAAVALANCHEDECONTEÚDO
MATERIAISADICIONAIS
Planner Summit 2017: o que teve? - Tuany Carvalho
Um excelente resumo do evento com vários links adicionais
feito pela Tuany Carvalho.
Planner Summit 2017: diversidade em pauta - Anna
Martinez
Outro excelente resumo do evento com vários links e tweets
adicionais feito pela Anna Martinez.
Faça Acontecer - Mulheres, trabalho e a vontade de liderar
Excelente livro da diretora do Facebook, que conta os
desafios diários das mulheres e como todos nós podemos
com pequenos gestos respeitar o papel das mulheres.
65/10 por Thais Fabris e Maria Guimarães
O coletivo responsável pela cerveja feminista e outros
materiais super bacanas citado por André Chaves.
Manas e Monas por Pedro Tavares
Projeto que ajuda a dar visibilidade a trabalhos artísticos de
mulheres e pessoas lgbt.
MOOC
Coletivo negro que ajuda as marcas a entenderem as
mudanças, mas também a criar campanhas mais realistas.
Coletivo sistema negro
O Sistema Negro é um coletivo formado por produtores,
artistas, empreendedores e educadores negros, que mescla
cultura e ação, no combate ao racismo.
A revolta da lâmpada
Um coletivo LGBT que luta pelo corpo livre das pessoas,
MATERIAISADICIONAIS
Revista AzMina
Jornalismo independente feito de mulheres para mulheres.
Batekoo
Movimento negro que se expressa através da dança, da
musica, do corpo, buscando representatividade dentro de
qualquer espaço.
Somos - Comunicação, saúde e sexualidade
Organização formada por uma equipe multidisciplinar que
trabalha por uma cultura de respeito às sexualidades através
da educação da sociedade e afirmação de direitos.
Open.tv
Plataforma que empodera e incentiva produtores e artistas
indianos a criarem suas próprias séries.
Dear White People
Nova série da Netflix que causou polêmica por trazer
provocação as pessoas brancas.
A máscara em que você vive
Um documentário que aborda a masculinidade e mostra
como os homens são criados para cultivar a masculinidade e
como isso tem afetado não só eles, como a sociedade.
3% Conference
Conferência americana que aborda o papel da mulher na
comunicação.
Elephant on mad avenue
Report da 3% Conference que traz dados importantes e
relatos do que é ser mulher na comunicação.
MATERIAISADICIONAIS
Precisamos falar com os homens
Documentário do Papo de Homem e na ONU, sobre a
importância de se falar sobre o conceito de masculinidade.
Quem Sou Eu?
O Fantástico mostra, em quatro episódios, os momentos da
vida de indivíduos transgêneros.
data_labe
Um laboratório permanente de dados na favela da Maré (RJ).
criado por moradores da periferia buscando entender o
território através de dados públicos.
Afroguerrilha
Afroguerrilha é uma plataforma de criação e comunicação
que produz conteúdo e cria canais que possibilitam diálogos
e conexões entre o povo negro.
Plano Feminino por Viviane Duarte
Projeto que ajuda marcas a se conectarem com mulheres,
além de possuir projeto que empodera meninas em Capão
Redondo.
ETNUS - Planejamento e pesquisa
Consultoria especializada na tradução da linguagem cultural
e investigação de tendências de consumo dos
Afrodescendentes.
PrograMaria
Projeto que incentiva e traz mulheres para o mundo da
programação.
Nós, mulheres da periferia
Projeto idealizado por mulheres que conhecem e vivenciam o
universo feminino de comunidades e bairros da periferia.
MATERIAISADICIONAIS
Creative initiatives made by women, for women
Uma coleção de projetos criados por mulheres para
mulheres, listado pela agência Huge.
Empresas levam diversidade do discurso para a prática
Matéria da Meio&Mensagem destacando grandes
corporações que estão gerando mudanças na prática.
We live in a Mad Men world
Documento da Shift-Balance que mostra como a publicidade
ainda cria pensando em estereótipos utrapassados.
Preta e Acadêmica
Projeto construído coletivamente por mulheres negras e
acadêmicas que busca dar visibilidade aos inúmeros casos de
racismo nas instituições de ensino.
Minas programam
Projeto que auxilia mulheres a entrarem no mundo da
programação.
Mural - Agência de jornalismo das periferias
Agência de notícias, de informação e de inteligência sobre as
periferias de São Paulo.
Capitolina
Revista online independente para garotas adolescentes, que
sentiam falta de ter suas experiências representadas na mídia
para este público.
(F)Empowerment
Documento da TrendWatching sobre a importância de se
empoderar mulheres e o quanto as empresas estão perdendo
em não saberem se relacionar verdadeiramente com elas.
MATERIAISADICIONAIS
Google diversity
Site do Google que compartilha os projetos internos de
empoderamento e incentivo a diversidade.
Double the women headliners
Projeto da Vice que busca incentivar o aumento de mulheres
no line-up de festivais pelo mundo.
UOL TAB - Trans
Matéria do UOL TAB que explica didaticamente sobre
pessoas trans.
Mulheres invisíveis
Site que mostra quem são as mulheres que não são retratadas
pela publicidade brasileira.
A presença dos negros nas agências de publicidade
Estudo que mostra a presença dos negros nas 50 maiores
agências do Brasil.
GERE - Núcleo de Estudos de gênero, raça e etnia
Núcleo multidisciplinar que busca estudar questões que
envolvem gênero, raça e etnia.
Think Olga
ONG feminista responsável por estudos e campanhas como
"chega de fiu fiu".
Deixando o X para trás na linguagem neutra de gênero
A ideia de usar o X como uma letra neutra é bacana, mas
existem formas mais inclusivas de se fazer isso.