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Por Uma Crítica Positiva
por Dominique Venner
AS FALHAS DA OPOSIÇÃO NACIONAL
A ação tomada após o fracasso de Abril de 1961 fez uso de novos meios. Mobilizou um grande
número de partisans e perseguiu resolutamente um caminho violento e clandestino. Essa
transformação das formas de luta, entretanto, não afetou os fundamentos dos métodos anteriormente
aplicados. Continuou em conformidade às características das lutas “nacionais”, marcadas por atos
de coragem e por fracassos lamentáveis. Em 1917, Lênin correu o risco de uma derrota militar para
criar as condições necessárias à Revolução Bolchevique. Franco marcou o seu domínio sobre o
comando insurrecional em 1936 com a execução do seu próprio primo, que se recusou a segui-lo.
Esses são dois exemplos de comportamento oposto ao dos “nacionais”.
Em contraste, a recusa em realmente levar a ação à França Metropolitana em 22 de Abril de 1961,
como a manifestação sangrenta e fútil de 6 de Fevereiro de 1934, é típica da mentalidade
“nacional”.
DEFEITOS CONCEITUAIS
Os “nacionais” que usam a palavra “revolução”, sem saber o seu significado, acreditam em um
espontâneo “despertar nacional”! Eles também acreditam que “o exército tomará ação”.
Acreditando nesses dois sonhos irrealizáveis, considerados como curas miraculosas, eles não
concebem a necessidade de educar os partisans com uma sólida doutrina que explique as causas da
decadência ocidental, que proponha uma solução e que sirva como um leme para o pensamento e a
ação. É por isso que chafurdam em uma série de moléstias políticas que são responsáveis pelos seus
fracassos.
Confusão Ideológica
Os “nacionais” atacam os efeitos do mal, não as suas raízes. Eles são anticomunistas, mas se
esquecem que o capitalismo e os regimes liberais são os principais agentes de propagação do
comunismo. Eles são hostis à política Argelina do governo, mas se esquecem que essa política foi
produto de um regime, de sua ideologia, de seus interesses, de seus mestres financeiros e
tecnocratas, assim como de suas estruturas políticas e econômicas. Eles queriam salvar a Argélia
Francesa do regime, mas colocaram nos cálculos os seus princípios e mitos. Você é capaz de
imaginar os primeiros Cristãos adorando deuses pagãos e os comunistas louvando o capitalismo?
Conformismo
Todos os “nacionais” têm o seu bom Gaullista, seu bom tecnocrata e seu bom ministro. Rendendo-
se a um velho reflexo burguês, eles temem a “aventura” e o “caos”. Logo que um homem do regime
ergue a bandeira, dão-lhe sua confiança. Preferem o conforto da cegueira à lucidez. O
sentimentalismo e o paroquialismo sempre prevalecem sobre o raciocínio político. Na vã esperança
de satisfazer todos, recusam-se a tomar lado e satisfazem ninguém.
Arcaísmo
Devido à falta de imaginação, os “nacionais” continuam a soprar a corneta de Déroulède, o que não
incentiva muitas pessoas a agirem. Programas e slogans são feitos com a bandeira tricolor do pré-
guerra. Do exército no poder para o anticomunismo negativo, pela contrarrevolução e
corporativismo, as “fórmulas nacionais” repelem mais do que cativam. Esse arsenal político data de
meio século atrás. Não tem mais efeito sobre nosso povo.
DEFEITOS ORGANIZACIONAIS
As razões que fazem os “nacionais” negarem a necessidade de ideias no combate político também
faz com que eles neguem a necessidade de organização. A sua ação está viciada por falhas que
explicam todos os seus colapsos.
Oportunismo
Os notáveis “nacionais”, membros do parlamento e outros, militares e civis, são oportunistas pela
ambição pessoal. O pretexto geralmente invocado para camuflar sua ambição é o “pragmatismo”. É
em nome do pragmatismo que os “nacionais” apoiaram o referendo de 1958 e os empreendimentos
de políticos desde então. Atrás de cada uma dessas posições, há a esperança de uma medalha, de um
cargo bem pago ou uma eleição. Eles sentem o vento e se tornam violentos, até mesmo revoltosos,
quando algo parece vantajoso. Os seus discursos violentos não assustam ninguém. Eles atacam um
homem, um governo, mas são cuidadosos em não atacar o princípio, que é o próprio regime. A
Argélia era um bom trampolim e uma ocasião para fazer fortuna dos subsídios generosamente
dados, enquanto os militantes tinham que lutar com suas próprias mãos. Se o vento muda, não
hesitam em trair a sua bandeira e os seus camaradas. O assento no parlamento não é um meio, mas
um fim em si mesmo: deve ser mantido a qualquer custo. Os simples partisans são oportunistas por
falta de doutrina e formação. Eles dão a sua confiança ao bom locutor e a impressões superficiais
em vez de dá-la à análise política de ideias e fatos, são dedicados a serem enganados.
Mitomania
A leitura de novelas de espionagem, as memórias da Resistência e de outros serviços especiais, as
histórias de conspirações, Gaullistas e outros, mergulham os “nacionais” numa atmosfera de sonhos
permanentes. Um jogo de ponte com um general aposentado, um membro do parlamento, ou um
sargento da reserva se tornam uma conspiração obscura e poderosa. Se eles recrutam uns dez
estudantes de segundo grau, veem-se como Mussolini. Se se vangloriam de comandar um grupo de
cinco mil homens organizados, significa que eles possuem uma ralé de vândalos em centenas. Se,
por acaso, recebem uma carta de uma instituição militar, mostram o envelope com o ar de
conspiradores, suspiros e silêncios com implicações ameaçadoras. São partisans pela unidade e
possuem apenas uma vergonha amarga do sectarismo de militantes que se recusam a levá-los a
sério. Os mesmos “nacionais”, em um período de genuína clandestinidade, são presos com listas de
endereços e documentos e começam a falar assim que a polícia ergue sua voz.
Terrorismo
A falha análise de uma situação, a ausência de doutrina e formação que empurram alguns ao
oportunismo, jogam outros dentro de violência e terrorismo contraproducentes. A pobre digestão de
estudos primitivos, dedicados a certos aspectos da subversão comunista da Frente de Libertação
Nacional, aumentou essa tendência. Os detonadores colocados debaixo das janelas dos porteiros não
trouxeram nem mesmo um partisan para a causa da Argélia Francesa. Terrorismo cego é o melhor
meio de se isolar da população. É um ato desesperado. Embora a ação clandestina e o uso calculado
de força possam ser indispensáveis quando uma nação não possui outro meio de se defender, caso
em que a ação visa fazer as pessoas participarem na luta, o terrorismo coloca aqueles que dele
fazem uso fora da comunidade popular e está condenado ao fracasso.
Anarquismo
Os “nacionais” que admiram tanto a disciplina nos outros são, na prática, verdadeiros anarquistas.
Incapazes de identificar a sua situação na luta, possuem um gosto pela ação desordeira. A sua
vaidade os leva a atos individuais gratuitos, mesmo que a sua causa sofra por eles. Ignoram a sua
palavra de honra e ninguém consegue prever onde as suas fantasias os levarão. Eles rigorosamente
seguem um chefe de bando e florescem em pequenos clãs. A ausência de uma referência ideológica
comum aumenta a sua difusão e impede a sua unidade.
POR UMA NOVA TEORIA REVOLUCIONÁRIA
Antes mesmo de pensar em definir qualquer coisa construtiva, esta crítica das falhas dos
“nacionais” é indispensável. Alguns, por falta de maturidade política, não serão capazes de
compreendê-la. Aqueles que aprenderam as lições de sua própria experiência, por outro lado,
reconhecerão sua necessidade.
A Revolução não é o ato de violência que às vezes acompanha a tomada de poder. Nem é uma
simples mudança de instituições ou um clã político. A Revolução é menos sobre a tomada de poder
que seu uso para a construção de uma nova sociedade.
Esta imensa tarefa não pode ser prevista entre pensamento e ação desorganizados. Demanda um
vasto aparato de preparação e formação. O combate “nacional” está empacado nas velhas rotinas de
meio século atrás. Antes de mais nada, uma nova teoria revolucionária deve ser desenvolvida.
NÃO EXISTEM REVOLUÇÕES ESPONTÂNEAS
É sempre possível agir, é menos fácil ter sucesso. É ainda mais difícil em uma luta revolucionária,
uma luta até a morte contra um inimigo todo poderoso, astuto e experiente, que se deve combater
mais por ideias e perspicácia que por força. É frequente, entretanto, ouvir a oposição da ação e
pensamento. Isso equivale a acreditar na espontaneidade da ação revolucionária. O exemplo da
revolução fascista na Itália é citado. Porém esquecem que quando os “fascios” se formaram em
1919, Mussolini já estava lutando há mais de doze anos como um agitador e jornalista. Esquecem
das condições especiais da luta na Itália após o armistício de 1918, que não são nada como as
condições na França hoje.
Na Itália, como em muitas outras nações europeias, o poder do estado era extremamente fraco,
totalmente incapaz de impôr sua própria lei sobre as facções armadas que lutavam pelo país. O
estado tinha que lidar com cada um dos verdadeiros exércitos políticos. Em outubro de 1922, o
exército dos “camisa negras” era o mais forte e tomou o estado. Hoje, os “regimes liberais” do
ocidente são caracterizados por uma ampla e privilegiada casta, agentes de grupos financeiros, que
controlam todas as alavancas políticas, administrativas e econômicas e são unidos por sua estreita
cumplicidade. Podem contar com um aparato administrativo gigante que gerencia rigorosamente a
população, especialmente através dos serviços sociais. Eles mantêm um monopólio do poder
político e econômico. Controlam a maior parte da mídia e são os mestres do pensamento. São
defendidos com a vasta força das polícias. Transformaram os cidadãos em ovelhas dóceis. Apenas
oposições ficcionais são toleradas.
Ao fim da primeira guerra mundial, uma revolução comunista era uma ameaça imediata para toda a
Europa. O perigo sempre determina um movimento de defesa: os movimentos fascistas tomaram
vantagem disso. A única força capaz de se opor à violência dos vermelhos, o fascismo recebeu
apoio poderoso e a aderência de um grande número de partisans. Hoje, os sovietes de fábricas, os
Chekas, são coisa do passado. Os comunistas do ocidente se tornaram burgueses, são parte do
cenário, são os mais firmes defensores do regime. O homem com uma faca entre os dentes não é
mais o comunista, mas o ativista. Enquanto a Rússia é vista como um novo mercado pelos
capitalistas.
Contrário à primeira metade do século XX, a satisfação de necessidades básicas está ao alcance de
todos. As cozinhas comunitárias, as greves relâmpago, estão esquecidas. Com exceção de minorias
ameaçadas, a grande massa de assalariados está convencida de que eles têm mais a perder que
ganhar tomando violentamente coisas que demandas pacíficas e o tempo inevitavelmente lhes
darão.
O jugo das leis sociais e a chantagem do crédito fazem o resto perder toda a sua combatividade. O
espírito público, a coragem cívica e política, estão hoje limitados a uma pequena minoria, da qual os
meios legais de expressão foram sistematicamente reduzidos. Isso nos leva muito longe da Itália dos
anos 20. O gênio pessoal de Mussolini foi o suficiente para reunir e mobilizar uma massa fanática e
conquistar um estado incapaz de se defender. Não é mais a situação na Europa e na França. Como o
poder pertence ao adversário, uma estratégia superior é necessária. Enquanto o “grande homem”
(apesar de inexistente) é demasiadamente depreciado, deve-se acreditar na equipe. A qualidade de
combatentes, o combate metódico e pensado, a direção colegial precisa de educação, doutrina.
Desde 1947, o exército francês lutou para defender territórios além-mar, foi vitorioso no campo de
batalha e forçado em sucessivas capitulações pelo grupo de forças políticas e econômicas que
constituem o regime. Foi necessário esperar até o mês de abril de 1961, catorze anos, por um
pequeníssimo número de dirigentes discernir os seus verdadeiros inimigos. Um inimigo que não
estava nos campos de batalha, sob a aparência de um vietcong ou um falaq, mas na própria França,
nas mesas de diretores, bancos, escritórios editoriais, assembleias e gabinetes ministeriais. Esse
sentimento hostil foi contra uma França Metropolitana mítica e decadente em vez da realidade do
regime. Essa percepção limitada durou pouco tempo.
Para conquistar, é necessário compreender o que é o regime, descobrir os seus métodos,
desmascarar os seus cúmplices. Aqueles que estão camuflados como patriotas. É necessário
determinar as soluções positivas que permitirão a construção da sociedade do amanhã. Isso
necessita de um autoexame cuidadoso, uma revisão detalhada das verdades aceitas, uma consciência
revolucionária.
UMA CONSCIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA
Nada é menos espontâneo que uma consciência revolucionária. O revolucionário é totalmente
consciente da luta engajada entre o Nacionalismo, detentor dos valores criativos e espirituais do
Ocidente, e o Materialismo sob a sua forma liberal ou marxista. Ele está livre de preconceitos, de
falsidades e de reflexos condicionados com os quais o regime se defende. A educação política que
permite tornar-se livre de tais coisas é obtida com experiência pessoal, é claro, mas especialmente
com o aprendizado que apenas o estudo pode trazer. Sem educação, o homem mais corajoso e audaz
é apenas uma marionete manipulada pelo regime. Dependendo das circunstâncias, o regime puxa as
cordas que regula esse comportamento: patriotismo, anticomunismo cego, ameaça fascista,
legalismo, a unidade do exército, etc. Com uma propaganda permanente voltada para um lado, para
o qual todos estão sujeitos desde a infância, o regime, em seus vários aspectos, intoxicou
progressivamente o povo Francês. Todas as nações sob governo democrático estão nesse ponto.
Qualquer inteligência crítica, qualquer reflexão pessoal, é destruída. É suficiente que as palavras
chaves sejam pronunciadas para despertar os reflexos condicionados e suprimir qualquer reflexão.
A espontaneidade permite aos reflexos condicionados permanecerem. Leva apenas a revoltas, tão
fáceis de se controlar com algumas poucas concessões superficiais, alguns ossos para roer, ou
algumas poucas mudanças de cenário. E assim foi muitas vezes com os franceses argelinos, o
exército e os “nacionais”. Na face do perigo mortal, é possível montar uma frente defensiva. A
Resistência no final da última guerra e a Organização de Armas Secreta são exemplos. O problema
da luta era uma questão de vida ou morte: a luta física contra a força física do adversário visível
pode ser total, sem piedade. Supondo que a revolta triunfe, assim que o perigo se acaba, a frente se
explode em múltiplos clãs e a massa de partisans, não tendo mais razão para lutar, retorna às suas
tarefas familiares, se desmobiliza e confia a cidade que haviam perdido àqueles que haviam-na
perdido em primeiro lugar.
A França e a Europa devem cumprir a sua revolução nacionalista para sobreviver. Mudanças
superficiais não atingirão o que é mal. Nada será feito até que os germes do regime sejam
extirpados até a última raiz. Para isso, é necessário destruir a sua organização política, acabar com
seus ídolos e dogmas, eliminar os seus oficiais e mestres secretos, mostrar ao povo o quanto ele foi
enganado, explorado e manchado. Assim, reconstrução. Não construções no papel, mas na elite
jovem e revolucionária, imbuída em uma nova concepção de mundo. É possível que a ação que
deverá impor essa revolução seja concebida sem a direção de uma doutrina revolucionária?
Certamente não. Como se pode fazer oposição a um adversário que está armado com uma dialética
bem testada, rica, de longa experiência, poderosamente organizada, sem ideologia, sem método?
SEM DOUTRINA REVOLUCIONÁRIA, SEM REVOLUÇÃO!
Mesmo quando toma formas militares, a luta revolucionária é acima de tudo psicológica. Como
conduzi-la, como converter e inspirar novos partisans, sem uma clara definição da nova ideologia,
sem doutrina? Uma doutrina entendida, não como um grupo de abstrações, mas como um leme para
o pensamento e ação.
Mantendo a ofensiva moral de seus próprios partisans, comunicando suas convicções a pessoas
hesitantes, são duas condições indispensáveis para o desenvolvimento do Nacionalismo. Foi
provado que na ação ou prisão, quando a desmoralização está perto, quando o adversário parece
triunfar, os militantes educados, dos quais o pensamento coerente apoia sua fé, possuem poderes
superiores de resistência.
Um novo desenvolvimento doutrinário é a única resposta para as infinitas divisões de ativistas. Não
há dúvida sobre o valor unificador da ação. É óbvio. Mas essa unificação não pode ser durável e útil
sem a unificação ideológica em volta de uma doutrina sólida. O editor do Observador da França, o
funcionário do Partido Socialista da França, o comunista, todos têm a mesma ideologia em comum:
marxismo. A sua referência doutrinária é, portanto, a mesma. Eles pertencem à mesma família.
Apesar de suas profundas divisões em ação, todos concorrentemente impõem a mesma ideologia.
Não é assim na oposição nacional. Os ativistas não reconhecem nenhum ancestral em comum.
Alguns são fascistas, outros Maurrasianos, outros integralistas e todas essas categorias possuem
muitas variantes. A sua única unidade é negativa: anticomunismo, anti-Gaullismo. Não entendem
um ao outro. As palavras que usam – revolução, contrarrevolução, nacionalismo, Europa, etc. -
possuem significados diferentes e, de fato, opostos. Como seria possível não oporem-se uns aos
outros? Como seria possível terem a mesma ideologia? A unidade revolucionária é impossível sem
unidade de doutrina. Os trabalhos de Marx são imensos, prolixos e obscuros. Um Lênin foi
necessário para extrair uma doutrina clara e transformar essa enorme confusão em uma arma eficaz
de guerra política. O Nacionalismo tem por por trás de si o seu Marx coletivo, tão prolixo e
inadequado quanto a companhia de Engels poderia ser para a Rússia de 1903. É imperativo criar um
Lênin coletivo.
O Nacionalismo é o herdeiro de um grande conjunto de intelectuais, mas é muito diverso,
incompleto e viciado em arcaísmo. Chegou a hora de realizar uma síntese e adicionar os atributos,
as afirmações qualificadoras, impostos pela chegada de novos problemas. Por exemplo, um estudo
documentado sobre as altas finanças, ou as doutrinas do Nacionalismo, constituiriam uma
aproximação excelente a esses problemas.
As causas que precipitaram, no fim do século XIX, o nascimento do Nacionalismo como ideologia
política (e não simplesmente o despertar de uma consciência nacional em sentido estreito) não
mudaram muito desde então. O Nacionalismo nasceu como uma crítica à sociedade liberal do
século XIX. Mais tarde, se opôs ao marxismo, o filho ilegítimo do liberalismo.
Vindo após os contra-enciclopedistas, após os positivistas, após Taine e Renan, dos quais os
trabalhos restam em parte no Nacionalismo, Drumont e Barrès traçaram as características
permanentes dessa ideologia, à qual Charles Maurras, José Antonio Primo de Rivera, Robert
Brasillach, Alexis Carrel e muitos outros na Europa deram colaborações de seus próprios gênios.
Fundado numa concepção heróica da vida, o Nacionalismo é um retorno às fontes de uma
comunidade popular, que visa criar novas relações sociais em uma base comunitária e construir uma
ordem política sobre a hierarquia de mérito e valor. Tirado do pequeno envelope imposto por uma
era, o Nacionalismo se tornou uma nova filosofia política. Europeu em suas concepções e
perspectivas, traz uma solução universal aos problemas impostos à humanidade pela revolução
tecnológica.
PERSPECTIVAS NACIONALISTAS
A passividade da opinião pública e a covardia das elites tradicionais em face aos acontecimentos da
Argélia abriram os olhos de todos os homens capazes de reflexão. Frequentemente a custo de
revisões dolorosas, em ruptura com suas convicções passadas, eles se reagrupam em volta de novas
definições de Nacionalismo. Esse não é o momento de tentar um teste doutrinário. Estudos e
confrontações serão necessários. É, embora, possível traçar as proposições fundamentais.
CRÍTICA DO LIBERALISMO E MARXISMO
O liberalismo pode convencer, por um tempo, pela sua aparência e generosidade. A realidade
dissipou esse sonho. Essa ideia morta é hoje a camuflagem da ditadura hipócrita do capitalismo
internacional, abarcando todas as democracias ocidentais.
A oligarquia capitalista nasceu ao fim do século XVIII. As ideias liberais se espalharam nesse
momento na França e foram usadas para justificar os interesses combinados da alta aristocracia e
dos ricos contra a autoridade do poder central que por um longo tempo os deixou em cheque. Essa
luta de grandes interesses contra o poder popular (nesse caso a monarquia francesa) é encontrada
consistentemente durante as eras. Em sociedades organizadas, assim que o envelope institucional
das formas monárquicas ou republicanas que escondem realidades são removidos, é possível
discernir dois principais tipos de poder: o primeiro é baseado no povo e assim contém os grandes
interesses, feudais ou financeiros, o segundo está nas mãos de grandes interesses para explorar o
povo. O primeiro se identifica com a comunidade popular e se torna servo de seu destino, o segunda
subjuga a comunidade popular para a única satisfação de seu apetite.
As democracias modernas, que pertencem ao segundo tipo, seguiram a evolução do capitalismo, do
qual foram apenas a emanação política. O capitalismo perdendo a sua forma pessoal e nacional para
se tornar financeiro e sem estado, e as democracias caindo sob o controle dos grupos financeiros
internacionais. As poucas diferenças que restam entre aquele cessam assim que a ameaça de um
despertar popular aparece. Se as mentiras e os artifícios nos quais eles se tornaram mestres
mostram-se insuficientes, eles empregam as armas mais mortais, as mais violentas repressões. Eles
nunca recuaram frente ao genocídio, bombas atômicas, campos de concentração, tortura e terror
psicológico.
A oligarquia capitalista é indiferente ao destino das comunidades nacionais. O seu objetivo é
satisfazer o desejo de poder através da dominação econômica do mundo. A humanidade e suas
civilizações são sacrificadas em nome de seus desígnios puramente materialistas, que são paralelos
àqueles dos marxistas. Para os tecnocratas assim como os comunistas, o homem é um animal
econômico dotado de duas funções: produzir e consumir. O que não pode ser medido por uma regra
de cálculo é classificado como supérfluo. O supérfluo deve ser submetido ao essencial: a produção
econômica. As tendências individualistas, que são uma inconveniência para a edificação e aplicação
de planos, devem desaparecer. Em sociedades materialistas, há espaço apenas para as massas
perfeitamente dóceis, homogêneas e estandardizadas.
Aqueles que não aceitam o condicionamento de mentes e a castração das massas devem carregar
consigo o rótulo de “fascistas”. Duvidar da sinceridade dos mestres da opinião em uma democracia
ou desafiar as contradições da “linha” em um regime comunista, se recusando a comparar a cultura
do ocidente com a lamentação pre-histórica da negritude ou a decomposição mórbida de um certo
modernismo, desprezando a “consciência universal”, sorrindo quando alguém fala dos direitos de
autodeterminação dos povos, são provas de um espírito suspeito e rebelde. A rebelião leva à
eliminação física em um regime comunista e à eliminação social em um regime liberal. Assim, um
ou outro destrói o individualista criativo e as raízes populares, a verdadeira essência da homem e
sua comunidade. Comprometem a humanidade a um inevitável fim, o pior tipo de regressão.
A história da humanidade é um grande esforço para se libertar das leis da matéria. A religião, a arte,
a ciência e os códigos éticos são todas conquistas do espírito e da vontade humana. A permanência
dessas vitórias fez nascer as civilizações. Criações arbitrárias da sensibilidade, da inteligência e da
energia dos povos, civilizações se desenvolvem e amadurecem enquanto elas mantiverem o seu
poder criativo. As pessoas que lhes deram a luz perdem a força para se defender contra investidas
externas quando suas virtudes originais e sua energia vital desaparecem e assim a sua civilização cai
em aniquilação ou decadência.
Assim, vem o resultado lógico da exploração da humanidade pela casta dos tecnocratas ou pela
“nova classe governante”. Essas duas forças vêm da mesma filosofia. O liberalismo e o marxismo
tomaram diferentes rumos que os levaram a se oporem, mas que levam ao mesmo resultado: a
sujeição dos primeiros povos desorientados pelos mitos democráticos. A democracia é o novo ópio
do povo.
UM HUMANISMO VIRIL
Os povos europeus construíram uma civilização única na história. O seu poder criativo, apesar de
milênios, não diminuiu. Aqueles que são seus inimigos declarados reconhecem implicitamente a sua
universalidade. Entre o oriente tradicional submisso a leis metafísicas e as novas sociedades
materialistas, a civilização europeia sintetiza aspirações espirituais e necessidades materiais. Mesmo
quando a uniformidade da massa é proclamada como um ideal em qualquer lugar do mundo, ela
exalta o individualismo dos fortes, o triunfo da qualidade humana sobre a mediocridade.
Ela resume em si mesma o equilíbrio a ser estabelecido como uma solução às perturbações criadas
pela revolução tecnológica na vida da humanidade. Fundada sobre os valores do indivíduo e da
comunidade, essa nova harmonia pode ser definida como um humanismo viril.
Como um novo conjunto de valores, esse humanismo viril rejeita as falsas leis dos números e busca
submeter o poder da técnica e da economia à vontade civilizatória do homem europeu. Ele
encontrará mais uma vez, em chão familiar, dentro de sua linhagem e na cultura original de seu
povo, um mundo para medir. Ele descobrirá o significado de sua vida no cumprimento de seu
próprio destino, na fidelidade a uma forma de vida fundada na ética europeia de honra.
A ética da honra é oposta à mentalidade de escravo do materialismo liberal ou marxista. Ela afirma
que a vida é uma batalha. Ela exalta o valor do sacrifício. Acredita no poder da vontade sobre os
eventos. Apoia a relação entre homens da mesma comunidade sobre a lealdade e a solidariedade.
Atribui ao trabalho uma importância independente do lucro. Resgata o sentido da verdadeira
dignidade do homem, não dada, mas conquistada por um esforço permanente. Desenvolve no
homem europeu a consciência de suas responsabilidades em relação à humanidade da qual ele é o
organizador natural.
UMA ORDEM VIVA
A legitimidade de um poder não pode ser resumida à observância de leis escritas eminentemente
variáveis ou ao consenso das massas obtido por pressão psicológica ou propaganda. Um poder é
legítimo quando observa os direitos da nação, suas leis não escritas reveladas pela história.
Um poder é ilegítimo quando foge do destino nacional e destrói as realidades nacionais. Assim, a
legitimidade pertence àqueles que lutam para restaurar os direitos da nação. Uma minoria lúcida,
formam a elite revolucionária na qual está o futuro.
O mundo não se rende a um sistema, mas a uma vontade. Não é pelo sistema que se deve buscar,
mas pela vontade. É claro, a real estrutura de um estado deve ser conceitualizada em torno a alguns
princípios guias: autoridade, continuidade, o poder dos propósitos são combinados em uma forma
responsável; deve vir de um corpo hierárquico de quadros políticos, assistidos por uma
representação verdadeiramente popular das profissões e das comunidades regionais qualificadas
para deliberar sobre seus próprios problemas. Mas é especialmente importante forjar os homens
sobre os quais a comunidade e a civilização se estabelecerão.
Não são nem equipamentos eletrônicos e nem cientistas que decidirão o destino da humanidade. Os
imensos problemas apresentados pelos novos desenvolvimentos tecnológicos demandam uma elite
política eleita por vocação, dotada de uma vontade de ferro à serviço de uma consciência limpa de
sua missão histórica. Essa enorme responsabilidade demandará com razão mais deles que de outros
homens.
Cinco por cento dos indivíduos, os sociólogos admitem, são profundamente pervertidos, loucos e
depravados. No outro extremo, pode-se observar a mesma proporção de homens que possuem,
naturalmente e de forma desenvolvida, qualidades particulares de energia e auto-sacrifício que os
predispõem a servir à comunidade e liderá-la. As democracias que instalam o reino da fraude e
dinheiro são, em grande parte, dominadas por aquela minoria. A revolução nacionalista terá de
eliminar aquela e impor esta minoria.
A seleção e educação, desde a juventude, dessa elite de homens estará entre as primeiras
preocupações da nova sociedade. A sua formação estimulará o vigor do seu caráter, desenvolverá o
espírito de sacrifício e abrirá a sua inteligência às disciplinas intelectuais. Mantidos na sua pureza
original, não só pelo seu compromisso de honra, mas também por uma regra estrita e especial,
formarão uma ordem viva constantemente renovada pelo tempo, mas sempre similar em espírito.
Assim, o poder dos financeiros será substituído pelo dos devotos e combatentes.
UMA ECONOMIA ORGÂNICA
A economia não é um fim em si mesma. É um elemento na vida das sociedades, entre os principais,
mas apenas um elemento. Não é a fonte da explicação da evolução da humanidade. É um agente ou
uma consequência. É na psicologia dos povos, na sua energia e nas suas virtudes políticas que se
encontra a explicação da história.
A economia deve ser sujeita à vontade política. Se esta desaparece – como é característico de
regimes liberais – as forças descontroladas da economia conduzem a sociedade à anarquia.
Ainda, o imenso problema da economia é, naturalmente, parte da revolução nacionalista. Seria uma
reversão aos erros mortais dos “nacionais” negar a sua importância ou acabar com ela por alguma
palavra miraculosa também sujeita à confusão e disputas, como “corporativismo”, por exemplo.
O capitalismo criou um mundo artificial em que o homem está mal ajustado. Em outros aspectos, a
comunidade popular é explorada por uma pequena casta que monopoliza todo o poder e aspira à
supremacia internacional. Finalmente, o capitalismo se esconde sob um deboche de novas palavras
e uma concepção anacrônica em que a economia carrega todas as consequências. As críticas
também se aplicam palavra por palavra ao comunismo.
A solução para o mal ajustamento do homem em um mundo que não é feito para ele, como já
vimos, é um problema político. O desenvolvimento tecnológico e econômico não encontra em si
mesmo a sua própria justificativa; isso depende de sua utilização. O novo estado sujeitará a
economia aos seus desígnios, para torná-la uma ferramenta de uma nova primavera europeia.
Criando valores civilizados, forjando armas de poder necessário, elevando a qualidade do povo,
tudo isso será seus objetivos.
É com uma transformação total da estrutura da empresa (falamos apenas da empresa que o
capitalismo financeiro absorveu, não a empresa de uma pequena família que deve ser preservada e
na qual não há problemas) e a organização geral da economia que residem os meios para destruir o
poder exorbitante da casta tecnocrata, para suprimir a exploração dos trabalhadores, para
estabelecer a verdadeira justiça, para alcançar mais uma vez a verdadeira economia e o
funcionamento saudável.
Em um regime capitalista assim como num regime comunista, a empresa é a propriedade exclusiva
de financeiros no primeiro e do estado no segundo. Para os assalariados, sejam gerentes ou simples
trabalhadores, os resultados são os mesmos: são roubados, a riqueza produzida pelo seu trabalho é
absorvida pelo capital. Essa posição privilegiada dá ao capital todos os poderes da empresa: direção
e gerenciamento, mesmo quando são externos e visam antes de tudo criar lucro financeiro, ás vezes
em detrimento da produção e da própria empresa.
As famosas palavras de Proudhon encontram seu verdadeiro significado aqui: “A propriedade é
roubo!” Abolir a apropriação é a solução justa que dará luz ao empreendimento comunitário. O
capital então tomará seu devido lugar como um elemento de produção, lado a lado com o trabalho.
Um ou outro participarão, com um poder proporcional a sua importância na empresa, no
compromisso ou na chefia, na sua gerência econômica e na distribuição de lucros reais.
Essa revolução na empresa se encaixará em uma nova organização da economia tendo como base as
profissões e a estrutura geográfica regional. Para acabar com os parasitas e o poder dos
especuladores, criará um grupo de corpos intermediários. Essas novas estruturas, capazes de serem
facilmente integradas na Europa, não encontrarão definição melhor que “economia orgânica”.
UMA EUROPA JOVEM
A vitória americana e soviética em 1945 colocou um fim nos conflitos das nações europeias. A
ameaça de adversários e os perigos comuns, uma óbvia solidariedade do destino em bons e maus
dias e interesses similares desenvolveram um sentimento de unidade.
Esse sentimento é confirmado por raciocínio. A unidade é indispensável ao futuro das nações
europeias. Elas perderam a supremacia de números; unidas, recuperariam a civilização, o gênio
criativo, o poder organizador e o poder econômico. Divididas, seus territórios estarão condenados a
serem invadidos e seus exércitos derrotados; unidas, constituiriam uma força invencível.
Isoladas, se tornarão satélites, com a certeza de caírem, como algumas já o fizeram, sob o domínio
soviético. A civilização europeia sofrerá um ataque sistemático e será o fim da evolução da
humanidade. Unidas, terão, ao contrário, os meios de impor e garantir a sua missão civilizatória.
A unidade não significa a continuidade de organismos políticos e financeiros instituídos após a
guerra. O seu propósito é estender o poder internacional da tecnocracia que controla todos os seus
mecanismos e preservar os privilégios políticos e econômicos que estão escondidos por trás das
propagandas da democracia. Essas instituições trazem hoje, em escala europeia, os vícios e palavras
geradas pelo regime em cada nação, e os multiplica. Em nome da Europa, o desenvolvimento dessas
instituições acelera o seu declínio.
A unidade não significa nivelamento. A estandardização e o cosmopolitismo destruiriam a Europa.
A sua unidade será construída em volta de realidades nacionais que cada povo pretende defender:
comunidade histórica, cultura original e apego à terra. Limitar a Europa na influência latina ou
germânica seria manter a sua divisão, até mesmo criar uma nova hostilidade. Mas acima de tudo,
seria negar a realidade europeia realizada por Roma e pela era medieval na fusão de suas duas
correntes, continental e mediterrânea.
Imaginar a Europa sob a hegemonia de uma nação seria renovar o novo sonho sangrento do qual a
história traz cicatrizes recentes. A diversidade de línguas e de origens não é um obstáculo. Muitos
estados são multilíngues e o Império Romano, que construiu a primeira unidade europeia em
relação aos povos agregados e suas culturas, tinha imperadores nascidos em Roma e também na
Gália, na Ilíria e na Espanha.
As fronteiras europeias não terminam no limite artificial da cortina de ferro imposta pelos
vencedores de 1945. Elas incluem a totalidade das nações e povos europeus. Pensar em união é, em
primeiro lugar, pensar na libertação de todas as nações cativas desde a Ucrânia até a Alemanha. O
destino da Europa está no leste: romper as correntes, vencer a tirania soviética, marchar até o lado
asiático.
Fora do bloco continental da Europa, os povos e estados que pertencem a sua civilização formam o
ocidente. A Europa é a sua alma. A sua completa solidariedade se afirmará, notavelmente com os
centros ocidentais da África. Essas posições são as bases para uma nova organização do continente
africano, cujo destino está preso ao da Europa.
Na construção da Europa, os povos subdesenvolvidos encontrarão um exemplo e solução para as
suas próprias dificuldades. Não é de esmolas que eles precisam, mas organização. A Europa possui
um corpo incomparável de quadros especializados em questões intercontinentais. Nenhum outro
poder poderia competir com o talento organizacional desses quadros juntos ao dinamismo europeu
desperto. Eles tirarão esses povos da miséria e anarquia e os trarão de volta ao ocidente. Não serão
tratados econômicos que unificarão a Europa, mas a aderência de seus povos ao nacionalismo. Os
obstáculos que parecem insuperáveis são resultados das estruturas democráticas. Assim que o
regime for varrido, esses falsos problemas desaparecerão por si mesmos. Portanto é óbvio que sem
revolução não há união europeia possível.
O sucesso da revolução em uma nação da Europa – e a França é a única que possui todas as
condições necessárias – permitirá uma rápida extensão a outras nações. A unidade de duas nações
independentes do regime desenvolverá tamanha força de sedução e dinamismo que o velho sistema,
a cortina de ferro e as fronteiras entrarão em colapso. O primeiro passo da unidade será político e
criará um único estado comum em uma forma evolucionária. Os demais passos, militares e
econômicos, se seguirão. Os movimentos nacionalistas da Europa serão os agentes dessa unidade e
o coração da futura ordem viva da Europa.
Assim a Jovem Europa, fundada sobre a mesma civilização, o mesmo espaço e o mesmo destino,
será o centro ativo do ocidente e da ordem mundial. A juventude da Europa terá novas catedrais a
construir e um novo império a erguer.
ORGANIZAÇÃO E AÇÃO
A luta conduzida em torno aos acontecimentos na Argélia mostrou que os “nacionais” podem
contribuir na criação de uma situação favorável. Mas a demonstração é igualmente clara (sem voltar
aos acontecimentos anteriores à segunda guerra mundial) da sua total importância em transformar
uma revolta popular em uma revolução. A organização nacionalista embrionária, apesar dos
esforços dos militantes, não acompanhou a revolta espontânea. Assim, as concepções “nacionais”
prevaleceram e a nova resistência engajada sob condições políticas favoráveis após o dia 22 de abril
de 1961, com uma abundância de partisans e meios, afundou no ridículo e na desonra.
Entretanto, esse período de luta clandestina e repressão forjou combatentes revolucionários, na sua
maioria jovens, e as circunstâncias do colapso educaram um bom número de partisans que
colocaram sua confiança em métodos “nacionais”. É por isso que o nacionalismo encontrará
amanhã os militantes e os quadros de que precisava no passado.
A juventude francesa será marcada por anos pelas últimas lutas conduzidas pela defesa da
integridade do território nacional na Argélia. O seus melhores elementos participaram ativamente.
Se arriscaram à tortura, prisão e morte. A condenação dos métodos terroristas não se aplica àqueles
que corajosamente executaram ordens e que são exemplos, mas aos chefes que decidiram usar tais
métodos. A revolta da Juventude contra uma sociedade senil e hostil é uma realidade.
Ninguém previu nem a onda Poujadista de 1955 nem as revoltas camponesas de 1961. Apesar dos
refrigeradores e televisões, homens, em centenas de milhares, foram às ruas. A maleficência do
regime criará no futuro novas explosões populares. Desorganizadas, essas revoltas colapsarão como
as anteriores. Toda a ação deve, portanto, colocar o fermento na massa.
O trabalho de organização, penetração e educação popular é sempre lento. Devemos lembrar que
todos os revolucionários do século XX tiveram que lutar por um longo tempo antes de triunfar:
Lênin chegou perto de trinta anos, Hitler treze, Mao Zedong trinta e três… Nas dificuldades da luta,
as massas adquirem uma consciência revolucionária, novos quadros emergem, a organização é
aberta e reforçada.
O desenvolvimento da ação revolucionária não é nunca progressiva e harmoniosa. Similar a uma
linha tracejada, é feita de sucessos parciais, contratempos, recuperações, novas quedas e aparentes
estagnações. Todos os movimentos revolucionários conheceram reveses catastróficos quando a
vitória estava perto: os bolcheviques em 1905, os nacional socialistas em 1923 e os comunistas
chineses em 1927 e 1931. O seu sucesso foi devido a sua capacidade de analisar as causas desses
contratempos, aprender as lições e corrigirem si mesmos e se adaptarem às novas condições de luta.
Os bolcheviques abandonaram a exclusiva ilegalidade para explorar as oportunidades legais e
ilegais. Os nacional socialistas rejeitaram o caminho insurrecional para tomar a conquista legal do
poder. Mao Zedong deixou o proletariado urbano e se dirigiu para campanhas de guerrilha. A ação
revolucionária, como a guerra, obedece a leis imperativas. Os nacionalistas devem buscá-las à luz
de sua própria experiência e se adaptar a elas para a nova situação.
LÍDERES FAMOSOS OU MILITANTES
Por um homem ou uma ideia?
O eleitor, o simples partisan, segue os cartazes eleitorais, um nome famoso, o salvador do dia. Os
“nacionais” gostam de facilidade. Rebanhos passivos, esperam tudo de um homem miraculoso.
Mesmo os pequenos grupos têm o seu ídolo. O desaparecimento inevitável do grande homem deixa
os ingênuos tristes e desencorajados. O nacionalista não ajuda os seguidores, mas os militantes que
são definidos em relação a uma doutrina, não em relação a um homem. Ele não luta por um pseudo-
salvador, mas pelo salvador em si mesmo. Aqueles que assumem a direção da luta podem
desparecer ou cometer erros, mas o valor da causa não é manchado por isso, eles são substituídos.
Os militantes se sacrificam por ideias, não por um homem.
A organização deve ser uma comunidade de militantes, não uma propriedade pessoal. Será
administrada por oficiais que serão apenas representantes temporários para o nacionalismo. Os
oficiais dirigirão a ação dos militantes, pois mostraram ser os mais qualificados a servirem à
organização, pois sem ela eles não seriam nada.
Blefe e Eficácia
As enormes quantias de dinheiro coletadas para a causa da Argélia Francesa foram absorvidas pelos
líderes e políticos aos quais elas foram entregues. Alguns panfletos, algumas conferências, algumas
viagens, alguns cartazes fingem justificar o seu uso. Com esses meios colossais os famosos não
fizeram nada.
Durante esse tempo, os militantes estavam desenvolvendo uma atividade coerente com meios
precários vindos apenas de suas contribuições pessoais. Fizeram reuniões públicas, cobriram o país
com inscrições, fizeram cartazes à mão, realizaram ações espetaculares com pouco dinheiro,
fizeram impressões de um a outro lado da França. Fizeram muito com pouco. Isso é característico
do militante.
Os líderes famosos e as categorias e fichas
Quanto aos famosos que lideram os militantes “nacionais”, são de uma classe inferior. Não é apenas
a categoria e a ficha que serão usadas nas lutas políticas. São parte de um material eleitoral. São
peões de conspirações perenes. O seu auto-sacrifício serve como trampolim para as ambições dos
carreiristas. Se as coisas vão mal, os militantes são friamente abandonados. A organização
nacionalista acabará com esses líderes famosos. Os seus membros e seus líderes serão militantes
vindos não de gabinetes eleitorais ou de conspirações, mas do combate: as noites de colação de
cartazes, comícios, golpes, reuniões turbulentas, impressões de panfletos e a sua distribuição de
madrugada, os enquadros, os interrogatórios, as brutalidades, as prisões, os tribunais, os
desapontamentos, os insultos, a indiferença, os contratempos… Aqui, serão os mais tenazes, os mais
devotos, os mais conscientes que serão os primeiros, aqui é formada a elite revolucionária.
A UNIÃO DOS “NACIONAIS” OU A ORGANIZAÇÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS
Os inimigos camuflados
Um número de políticos, civis ou militares, por muito tempo fizeram da Argélia um trampolim para
suas ambições. Homens do regime por interesse e formação, restaram como os inimigos jurados da
revolução. São ainda mais dispostos a combatê-la, pois pareciam ser seus partisans. Os Gaullistas,
até o dia 13 de maio, alguns membros do parlamento, alguns líderes mais tarde, são os ilustradores
da infiltração da revolta pelo regime.
Um dos conspiradores de 13 de maio, Léon Delbecque, explicou abertamente esse método: “Eu era
o organizador do 13 de maio,” declarou em 6 de julho de 1958, na conferência dos Social
Republicanos. “Nos gabinetes que eu ocupava, fui solicitado a participar das conspirações dirigidas
contra a República e o regime republicano, conspirações das quais a polícia sabia, mas eram
incapazes de impedi-las. Consegui estar no lugar certo na hora certa, para desviar ao general de
Gaulle a revolta que aconteceria”.
O diretório da Organização de Armas Secreta estava repleto de tais indivíduos que “conseguiram
estar no lugar certo na hora certa” para levar a revolta a uma rua sem saída. Se a Organização
Secreta conseguisse destronar de Gaulle, os mesmos tornariam possível ao regime travestir essa
crise sem problemas, como aconteceu no dia 13 de maio.
São habilidosos ao usar a confusão nascida de metas aparentemente similares. Sabem que os
“nacionais”, sem educação política, sucumbem à união da chantagem e possuem uma inclinação
culpável pelo suposto adversário arrependido.
Aceitar o seu jogo seria cair nas sua mãos. Seria tornar-se o seu cúmplice e ficar quieto e não
revelá-los a todo o povo. Não existe união com homens do regime! Eles devem ser denunciados
com o maior vigor. Com isso, as massas deixarão de ser enganadas, os partisans perderão sua
ingenuidade natural e se tornarão militantes educados.
Zero mais Zero
Zero mais zero é sempre zero. A adição de mitomaníacos, conspiradores, nostálgicos, carreiristas e
“nacionais” nunca fará uma força coerente. Preservar a esperança de unir os incapazes é insistir no
erro. Os poucos elementos de valor são paralisados pelos desequilibrados a sua volta. A opinião
popular não se confunde aqui. Ainda, fazem um mal considerável ao nacionalismo, com o qual são
frequentemente confundidos. Fazem os elementos saudáveis fugirem e previnem qualquer
recrutamento de qualidade.
Com eles, a união está fora de questão. É necessário, ao contrário, proclamar as diferenças
fundamentais que os separam do nacionalismo. Os desequilibrados devem ser impiedosamente
tirados do caminho. Nessa condição, será possível atrair novos elementos, partisans eficazes.
Uniões e comitês de acordo
Mesmo a Organização de Armas Secreta, com a sua ação dinâmica, com a sua única direção, seus
enormes meios e um essencial objetivo em comum, não conseguiu associar na França metropolitana
os partisans da Argélia Francesa. Como se pode pensar que esse sonho, tão velho quanto a oposição
nacional, possa ser realizado no futuro com condições infinitamente menos válidas?
As uniões e as frentes têm apenas um objetivo: beneficiar aqueles que as organizam ou as
controlam. A Frente Popular favoreceu os comunistas, enquanto o agrupamento nacional serviu
Soustelle. Os outros participantes eram os enganados.
Propostas pelos líderes famosos, as uniões e comitês de acordo na maioria das vezes possuem um
fim eleitoral. Conseguem por um baixo custo coladores de cartazes e equipes de empregados; são
excelentes sifãos de dinheiro. Quando o período eleitoral se acaba, a união é deixada de lado para
esperar uma nova ocasião para explorar a credulidade inalterável dos “nacionais”.
Com a primeira dificuldade séria, por exemplo, uma decisão a ser tomada a respeito de um
acontecimento controverso, a frente explode e todos retomam sua liberdade. O sonho acabou. A luta
política, assim como a guerra, demanda manobras: dissimulação, recuo, ataque. Necessita de uma
total disciplina e de uma única direção capaz de tomar a iniciativa instantaneamente, engajando
todas suas forças. A composição heterogênea e a diversidade de concepções de seus líderes
impedem as uniões de seguirem essas leis; assim, são devotas ao oportunismo e a desintegração.
Como que um rebanho incoerente, dominado por tagarelas, carreiristas e malucos, minado por
brigas de clãs e indivíduos, é capaz de lutar contra a força organizada e superior do regime? É
verdade que essa não é uma meta dos famosos “nacionais”. Essa forma de ação é definitivamente
condenada pela experiência. As táticas do fronte não podem ser realizadas sem uma poderosa
organização nacionalista capaz de impor a sua convicção e linha política.
Organização Monolítica e Disciplinada
O trabalho dos últimos anos foi realizado por pequenos grupos, até mesmo por militantes isolados.
Esse núcleo sólido era composto de verdadeiros militantes, educados, confiáveis e competentes.
Com recursos minúsculos, mas com tenacidade e imaginação, foram os autores de todos os sucessos
parciais registrados na luta.
A prova aqui é que cinco militantes são mais valiosos que cinquenta malucos. A qualidade dos
combatentes é, de longe, preferível à quantidade. É em volta de uma equipe pequena e eficaz que as
massas se reunirão, não o contrário.
Que os movimentos revolucionários sejam minorias eficazes evidentemente não significa que todos
os grupos minoritários sejam da mesma forma revolucionários. É uma desculpa muito fácil para a
mediocridade de alguns. As minorias eficazes não são seitas estéreis, estão em contato direto com as
pessoas. Destinada a lutar, a Organização Nacionalista deve ser una, monolítica e hierárquica. Será
formada pelo agrupamento de todos os militantes convertidos ao nacionalismo, devotos e
disciplinados. A sua idade, não mais que o seu meio, não tem importância. Sejam estudantes ou
camponeses, trabalhadores ou técnicos, esses militantes serão em todos os meios os propagandistas
e organizadores da revolução.
Dependendo das circunstâncias, a sua ação será aparente ou não. Seus aspectos os capacitarão a
garantir a penetração generalizada da Organização Nacionalista, até incluir os mecanismos do
regime.
CONSPIRAÇÕES OU AÇÃO POPULAR
Atrás dos tempos
O exemplo das conspirações Gaullistas, o terrorismo sistemático da Frente de Libertação Nacional
ou do IRA na Irlanda, convenceu muitos “nacionais”. É mais fácil copiar o passado que imaginar o
futuro. Anacronismo na política, assim como no campo militar, garante a derrota; não se pode
conduzir uma guerra de trincheiras na era dos tanques.
Algumas imagens causaram grandes danos no passado. A guerra civil espanhola, a insurreição de
1936 em torno ao exército. O 13 de maio e a pseudo-revolta. O apelo aos soldados, tão caros aos
“nacionais”. O exército francês é um dos componentes do regime; seus chefes foram
cuidadosamente escolhidos por seu interesse próprio e submissão, seus quadros são, na maioria,
simples funcionários, mas não um Exército com E maiúsculo. Isso tudo só será bom para ajudar o
esforço de remendar o regime.
É por falta de autoconfiança e rejeição do esforço que os “nacionais” descartaram as suas
responsabilidades na esperança cega de conspirações militares imaginárias. É covardia intelectual,
um falso pretexto para fugir das tarefas longas e difíceis dos militantes.
Mil Quadros Revolucionários
O consenso popular, não mais que a ação nas ruas, não é suficiente para assegurar o sucesso da
revolução em uma sociedade tecnologicamente desenvolvida. Não há poder sem o controle, do
interior, dos mecanismos técnicos que garantem o funcionamento do estado moderno. A extrema
complexidade da alta administração, o seu poder encoberto e a sua colonização pela casta dos
tecnocratas o torna um mundo à parte, impenetrável e todo poderoso. Apenas a presença de quadros
revolucionários nesses mecanismos, mesmo que em pequenos números, o fará ser neutralizado e se
render à vontade nacionalista. Alguns serviços públicos de interesse vital para o funcionamento do
país, infiltrados por tecnocratas e comunistas, estão na mesma estrutura de interesse.
Em campo aberto, como o porta-bandeira do nacionalismo, o próprio movimento político terá a
tarefa de falar publicamente ao povo e convencê-lo. Se utilizará, de acordo com as necessidades do
momento, de todos os meios legais de propaganda e ação. Construído sobre um corpo de quadros e
militantes educados, organizados em uma base celular, tanto territorial quanto profissional,
conseguirá apoio amplo.
Em articulação evidente ou encoberta com o movimento político, as “bases” serão
progressivamente organizadas. Como explicado acima, o propósito das “bases” é manejar e
controlar um meio específico por meio de ação social e política, os adversários sendo eliminados e
os neutros absorvidos. Esse trabalho dará a luz a diversas associações adaptadas aos meios. Estará
completamente sobre os quadros nacionalistas, especializados e capazes de cuidar da organização.
Penetrando os mecanismos do estado, o movimento político e as bases populares serão as principais
ramificações da Organização Nacionalista. Serão feitas sobre um corpo de quadros, hierárquico,
especializado, presente em todas as organizações sociais, conectado a uma direção centralizada e
comum. A organização será assim capaz de orquestrar a mesma campanha através do país e em
todos os seus aspectos. Será capaz de se mover com disciplina e prontidão na batalha. Quadros e
militantes no povo serão como o fermento na massa. Mil quadros revolucionários darão vitória ao
nacionalismo.
SOBRE A ESCALA DO OCIDENTE
Um Pulmão Exterior
Durante todo o tempo após o 22 de abril de 1961, a ação em favor da Argélia Francesa recebeu um
apoio permanente e ativo de vários grupos de tendências nacionalistas na Europa e mesmo nos
Estados Unidos. Pela primeira vez, uma solidariedade eficaz uniu ocidentais além das fronteiras. Os
meios de propaganda desses grupos se mobilizaram para apoiar a ação conduzida na França.
Jornais, revistas, conferências, reuniões, manifestações e comitês de apoio adotaram o mesmo lema
em todas as línguas.
Diversas nações se tornaram, de alguma forma, os pulmões exteriores da resistência francesa,
permitindo-a recuperar seu fôlego. Grupos de trabalho foram criados. A hospedagem de partisans
fugitivos foi organizada. O regime entendeu o perigo. Interviu em nível diplomático para parar o
apoio aos combatentes franceses e reprimir atos de solidariedade.
Solidariedade e Organização
Frente à conspiração permanente dos regimes liberais e da organização comunista internacional, os
nacionalistas do ocidente não só persistem nesse caminho, mas também aumentam a ação e
aperfeiçoam o método. Os militantes da nação europeia devem encontrar fora de suas fronteiras o
apoio a uma propaganda que explica o seu combate, exalta sua coragem, denuncia a repressão e a
brutalidade de que são vítimas e desperta o sentimento de combate comum dos povos europeus pela
sua sobrevivência contra aqueles que buscam escravizá-los. A expansão dessas iniciativas deve
permitir uma verdadeira organização em torno a um tema central bem simples: a luta contra o
comunismo e contra todos aqueles que o apoiam.
Através de canais bem diversos – a imprensa, círculos de estudantes, sindicatos, membros do
parlamento, movimentos políticos, associações culturais, ex-militares, organizações juvenis,
comissões de intelectuais – um contra-ataque vigoroso conduzido contra os esforços soviéticos e
aqueles que indiretamente os apoiam. Assim como um acontecimento suscetível a demonstrar o
conluio do regime liberal com o comunismo, assim como outros capazes de provocar a indignação
popular, poderiam ser imediatamente revelados e encurralados, em qualquer lugar e ao mesmo
tempo. Um corpo coordenado deixando a todos a sua liberdade de ação terá de coletar informação e
distribuí-la para propósitos de exploração.
Novo Sangue
A entrada da juventude dentro do combate político, a influência das lutas conduzidas na França, os
novos problemas, aceleraram a necessidade de uma nova definição da ideologia nacionalista como
uma doutrina da Jovem Europa. Os numerosos contatos, as trocas de ideias, as conferências
conjuntas mostraram uma convergência de concepções de todos os militantes europeus. Os últimos
anos, que são uma fonte incomparável de educação para os nacionalistas da França, aparecem ao
mesmo tempo como uma experiência sem paralelos oferecida aos nacionalistas da Europa. Aqui é
forjado um método adaptado às novas condições da luta. Na crítica positiva empreendida pelos
militantes franceses, os combatentes europeus encontrarão as lições que guiarão a sua ação.
PARA COMEÇAR
Para começar, é necessário criar as condições para uma ação nova, popular e resolutamente legal.
Dessa perspectiva, os efeitos colaterais da Organização de Armas Secreta, a qual se tornou um braço
do regime, devem ser eliminados porque são nocivos.
É importante desenvolver em todos os lugares e em todos os níveis a crítica positiva da ação
anterior, para trabalhar coletivamente por uma nova definição de nacionalismo. É necessário falar,
escrever, explicar e exigir a abertura da imprensa de oposição nacional para esse trabalho. Todas as
oportunidades devem ser aproveitadas e os trabalhos pessoais devem ser inspirados por essa
preocupação e necessidade.
A ação da propaganda deve ser buscada a fim de manter presente e permanente a explicação do
nacionalismo. Chorar pelo passado ou praticar uma política de ressentimento seria contrário à meta
desejada. A responsabilidade pelo abandono da Argélia está, não com o povo enganado, mas com o
regime e os políticos (civis e militares) que dirigiram o combate “nacional”.
Da mesma forma, é necessário manter contato com todos os partisans sinceros. Ajudar aqueles que
sofreram. Ser ativamente presente ao lado de nossos compatriotas refugiados da Argélia e não
deixar a iniciativa apenas às forças do regime.
Esse período de transição deve ser bem usado para um trabalho profundo, a fim de preparar a hora
em que os militantes, antes dispersos, se juntarão para estabelecer a Organização Nacionalista,
definir o seu programa e começar a luta.
Não, as conspirações não resolvem nada, são nocivas. Os conspiradores se parecem com velhas
senhoras que se reúnem para desabafar suas angústias e sentimentos rancorosos. Conspiradores de
salões ou terroristas, se isolam de seus compatriotas. Assumem uma mentalidade confusa, tornam-
se mal-humorados e o ressentimento os domina. Assim eles se distanciam permanentemente do
nacionalismo e da vitória.
Revolucionários Teatrais
Não são os meios utilizados, mas as metas que caracterizam uma organização revolucionária. Os
meios, por si mesmos, dependem das circunstâncias. Assim, o partido bolchevique usou a
ilegalidade e violência, enquanto o partido nacional socialista, também uma organização
revolucionária, usou apenas meios legais para conquistar o poder.
A extravagância na expressão, a promessa do Apocalipse, nunca fez o nacionalismo avançar sequer
um passo, ao contrário. O adversário encontra argumentos fáceis, o povo se distancia de homens
que parecem loucos perigosos, os partisans são desencorajados ou ficam deformados. Os
revolucionários teatrais, nos seus comentários, na sua atitude e na sua ação, são inimigos da
revolução. Em especial, os elementos jovens estarão em sua guarda. Vestir roupas chamadas de
uniforme, confundir sectarismo com intransigência, mostrar violência gratuita, são práticas infantis.
Alguns veem a exaltação de um romantismo mórbido nisso. A revolução não é nem um uniforme
enfeitado e nem uma fantasia para mitomaníacos. A ação revolucionária não é a ocasião para um
aumento de purismo.
Bases no Povo
A ação busca iluminar o povo intoxicado pela poderosa propaganda do regime, propor o ideal
nacionalista e organizar a vitória. É por isso que a prioridade é dada à propaganda. Dirigida às
massas, essa ação deve ser estritamente legal.
O trabalho entre as massas não é um privilégio do comunismo. Apenas precisa de um método
viável. A penetração sistemática e paciente cobrirá os mais variados aspectos. A insatisfação dos
trabalhadores em uma empresa contra os líderes de sindicatos, a revolta dos sem teto num bairro, a
concentração de refugiados do Norte da África em um bloco de apartamentos densamente habitado,
uma abertura na federação local de fazendeiros, um grupo estudantil, as eleições numa
municipalidade favorável, um centro de instrução do exército, uma escola profissionalizante, há
tantas oportunidades para formar progressivamente, com perseverança e perfeita adaptação aos seus
meios, bases nacionalistas. O professor, o engenheiro, o policial, o sindicalista, os militantes
nacionalistas, todos serão no seu meio os organizadores dessas bases.
A organização de tais bases em meios populares implica uma especialização do trabalho e a
concentração dos esforços de todos em alguns pontos escolhidos após uma análise cuidadosa das
chances e dos meios a serem empregados. É melhor controlar em toda a França apenas uma
empresa, uma municipalidade, uma universidade, do que começar uma agitação generalizada sem
nenhum poder sobre as massas. Essas fortalezas do nacionalismo se tornarão pelo seu próprio
exemplo os melhores meios de propaganda. Serão escolas de militantes e organizadores que, por
sua vez, buscarão agir em outros meios.
É uma ação longa e exigente sem glória e sem glamour. É uma ação trabalhosa. Mas apenas essa
ação se mostrará eficaz.
PEQUENA INDÚSTRIA OU EFICÁCIA
Pequena Indústria
Na origem do combate nacionalista, o vasto número de iniciativas e a fraqueza dos meios iniciais
concentraram em um número muito pequeno de militantes a totalidade das tarefas. O que foi
necessário durante o primeiro estágio se torna catastrófico quando a organização se desenvolve.
Poucos organizadores ficam sobrecarregados com inúmeras atividades, as quais são todas tão
necessárias quanto o resto. Ao redor, está o costume de confiar neles para tudo. Devido ao medo de
ver uma tarefa sendo feita de forma errada por um membro, o organizador continua a fazer tudo
sozinho. O espírito da iniciativa desaparece e com ele o gosto pela ação. Os militantes de valor se
veem relegados a tarefas básicas; perdem a sua fé e dinamismo.
Nesse estágio de pequena indústria, todos devem saber fazer tudo e ninguém é responsável por nada
em especial. As habilidades pessoais dos militantes são ignoradas. O trabalho de pequena indústria
leva a uma perda extraordinária de energia e qualidade. Assim, temos um jornalista econômico
excelente, com bons contatos nos Estados Unidos, encarregado de distribuir panfletos da
Organização de Armas Secreta nos correios. Ele foi preso no decorrer de uma dessas operações que
partisans jovens, estudantes ou outros, poderiam fazer no seu lugar, quando ninguém podia
substituí-lo na sua especialidade, quando sua utilidade deveria parecer óbvia.
O organizador sobrecarregado, assim como o novo militante, sofre o mesmo sentimento de
ineficácia e desgosto. Ambos estão conscientes de trabalhar num vácuo. Os militantes experientes
existem em números suficientes para, no futuro, a Organização Nacionalista recusar o trabalho de
pequena indústria que resulta em sufocamento.
Divisão do Trabalho e Centralização
A variedade de atividades da organização, a diversidade dos meios que deve penetrar e o caráter
aberto e encoberto da luta impõem uma divisão de trabalho que deve chegar, em certos casos, à
compartimentalização. Essa divisão por tipos de atividade, confiada a líderes capazes, é
logicamente acompanhada por um comando único e centralizado no topo. Em cada tipo de
atividade, a divisão do trabalho e a especialização dos membros deve ser praticamente igual. Os
organizadores locais devem ser capazes e buscar o máximo de eficácia para a ação, a centralização e
especialização de tarefas deverão abrir as possibilidades. Por exemplo, o departamento de
propaganda deve ser capaz de suprir os grupos locais de material adequado, em vez das iniciativas
de pequena indústria incapazes de lutar contra a propaganda adversa.
Com os seus militantes, a Organização estará presente em todos os lugares, inclusive dentro do
adversário. A presença de militantes em certos mecanismos econômicos e administrativos pode ser
de utilidade infinitamente superior à sua participação nas atividades de um grupo de ativistas. A luta
não tem uma forma única. É por isso que a divisão do trabalho deve ser igualmente aplicada em
nível de organizações locais. Os membros devem ser elementos ativos de um trabalho em comum,
responsáveis por tarefas específicas e não simplesmente executarem ordens. Nessa condição, os
militantes eficazes, organizadores e quadros serão formados.

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Por uma crítica positiva - Dominique Venner

  • 1. Por Uma Crítica Positiva por Dominique Venner AS FALHAS DA OPOSIÇÃO NACIONAL A ação tomada após o fracasso de Abril de 1961 fez uso de novos meios. Mobilizou um grande número de partisans e perseguiu resolutamente um caminho violento e clandestino. Essa transformação das formas de luta, entretanto, não afetou os fundamentos dos métodos anteriormente aplicados. Continuou em conformidade às características das lutas “nacionais”, marcadas por atos de coragem e por fracassos lamentáveis. Em 1917, Lênin correu o risco de uma derrota militar para criar as condições necessárias à Revolução Bolchevique. Franco marcou o seu domínio sobre o comando insurrecional em 1936 com a execução do seu próprio primo, que se recusou a segui-lo. Esses são dois exemplos de comportamento oposto ao dos “nacionais”. Em contraste, a recusa em realmente levar a ação à França Metropolitana em 22 de Abril de 1961, como a manifestação sangrenta e fútil de 6 de Fevereiro de 1934, é típica da mentalidade “nacional”. DEFEITOS CONCEITUAIS Os “nacionais” que usam a palavra “revolução”, sem saber o seu significado, acreditam em um espontâneo “despertar nacional”! Eles também acreditam que “o exército tomará ação”. Acreditando nesses dois sonhos irrealizáveis, considerados como curas miraculosas, eles não concebem a necessidade de educar os partisans com uma sólida doutrina que explique as causas da decadência ocidental, que proponha uma solução e que sirva como um leme para o pensamento e a ação. É por isso que chafurdam em uma série de moléstias políticas que são responsáveis pelos seus fracassos. Confusão Ideológica Os “nacionais” atacam os efeitos do mal, não as suas raízes. Eles são anticomunistas, mas se esquecem que o capitalismo e os regimes liberais são os principais agentes de propagação do comunismo. Eles são hostis à política Argelina do governo, mas se esquecem que essa política foi produto de um regime, de sua ideologia, de seus interesses, de seus mestres financeiros e tecnocratas, assim como de suas estruturas políticas e econômicas. Eles queriam salvar a Argélia Francesa do regime, mas colocaram nos cálculos os seus princípios e mitos. Você é capaz de imaginar os primeiros Cristãos adorando deuses pagãos e os comunistas louvando o capitalismo? Conformismo Todos os “nacionais” têm o seu bom Gaullista, seu bom tecnocrata e seu bom ministro. Rendendo- se a um velho reflexo burguês, eles temem a “aventura” e o “caos”. Logo que um homem do regime ergue a bandeira, dão-lhe sua confiança. Preferem o conforto da cegueira à lucidez. O sentimentalismo e o paroquialismo sempre prevalecem sobre o raciocínio político. Na vã esperança de satisfazer todos, recusam-se a tomar lado e satisfazem ninguém.
  • 2. Arcaísmo Devido à falta de imaginação, os “nacionais” continuam a soprar a corneta de Déroulède, o que não incentiva muitas pessoas a agirem. Programas e slogans são feitos com a bandeira tricolor do pré- guerra. Do exército no poder para o anticomunismo negativo, pela contrarrevolução e corporativismo, as “fórmulas nacionais” repelem mais do que cativam. Esse arsenal político data de meio século atrás. Não tem mais efeito sobre nosso povo. DEFEITOS ORGANIZACIONAIS As razões que fazem os “nacionais” negarem a necessidade de ideias no combate político também faz com que eles neguem a necessidade de organização. A sua ação está viciada por falhas que explicam todos os seus colapsos. Oportunismo Os notáveis “nacionais”, membros do parlamento e outros, militares e civis, são oportunistas pela ambição pessoal. O pretexto geralmente invocado para camuflar sua ambição é o “pragmatismo”. É em nome do pragmatismo que os “nacionais” apoiaram o referendo de 1958 e os empreendimentos de políticos desde então. Atrás de cada uma dessas posições, há a esperança de uma medalha, de um cargo bem pago ou uma eleição. Eles sentem o vento e se tornam violentos, até mesmo revoltosos, quando algo parece vantajoso. Os seus discursos violentos não assustam ninguém. Eles atacam um homem, um governo, mas são cuidadosos em não atacar o princípio, que é o próprio regime. A Argélia era um bom trampolim e uma ocasião para fazer fortuna dos subsídios generosamente dados, enquanto os militantes tinham que lutar com suas próprias mãos. Se o vento muda, não hesitam em trair a sua bandeira e os seus camaradas. O assento no parlamento não é um meio, mas um fim em si mesmo: deve ser mantido a qualquer custo. Os simples partisans são oportunistas por falta de doutrina e formação. Eles dão a sua confiança ao bom locutor e a impressões superficiais em vez de dá-la à análise política de ideias e fatos, são dedicados a serem enganados. Mitomania A leitura de novelas de espionagem, as memórias da Resistência e de outros serviços especiais, as histórias de conspirações, Gaullistas e outros, mergulham os “nacionais” numa atmosfera de sonhos permanentes. Um jogo de ponte com um general aposentado, um membro do parlamento, ou um sargento da reserva se tornam uma conspiração obscura e poderosa. Se eles recrutam uns dez estudantes de segundo grau, veem-se como Mussolini. Se se vangloriam de comandar um grupo de cinco mil homens organizados, significa que eles possuem uma ralé de vândalos em centenas. Se, por acaso, recebem uma carta de uma instituição militar, mostram o envelope com o ar de conspiradores, suspiros e silêncios com implicações ameaçadoras. São partisans pela unidade e possuem apenas uma vergonha amarga do sectarismo de militantes que se recusam a levá-los a sério. Os mesmos “nacionais”, em um período de genuína clandestinidade, são presos com listas de endereços e documentos e começam a falar assim que a polícia ergue sua voz. Terrorismo A falha análise de uma situação, a ausência de doutrina e formação que empurram alguns ao oportunismo, jogam outros dentro de violência e terrorismo contraproducentes. A pobre digestão de estudos primitivos, dedicados a certos aspectos da subversão comunista da Frente de Libertação
  • 3. Nacional, aumentou essa tendência. Os detonadores colocados debaixo das janelas dos porteiros não trouxeram nem mesmo um partisan para a causa da Argélia Francesa. Terrorismo cego é o melhor meio de se isolar da população. É um ato desesperado. Embora a ação clandestina e o uso calculado de força possam ser indispensáveis quando uma nação não possui outro meio de se defender, caso em que a ação visa fazer as pessoas participarem na luta, o terrorismo coloca aqueles que dele fazem uso fora da comunidade popular e está condenado ao fracasso. Anarquismo Os “nacionais” que admiram tanto a disciplina nos outros são, na prática, verdadeiros anarquistas. Incapazes de identificar a sua situação na luta, possuem um gosto pela ação desordeira. A sua vaidade os leva a atos individuais gratuitos, mesmo que a sua causa sofra por eles. Ignoram a sua palavra de honra e ninguém consegue prever onde as suas fantasias os levarão. Eles rigorosamente seguem um chefe de bando e florescem em pequenos clãs. A ausência de uma referência ideológica comum aumenta a sua difusão e impede a sua unidade. POR UMA NOVA TEORIA REVOLUCIONÁRIA Antes mesmo de pensar em definir qualquer coisa construtiva, esta crítica das falhas dos “nacionais” é indispensável. Alguns, por falta de maturidade política, não serão capazes de compreendê-la. Aqueles que aprenderam as lições de sua própria experiência, por outro lado, reconhecerão sua necessidade. A Revolução não é o ato de violência que às vezes acompanha a tomada de poder. Nem é uma simples mudança de instituições ou um clã político. A Revolução é menos sobre a tomada de poder que seu uso para a construção de uma nova sociedade. Esta imensa tarefa não pode ser prevista entre pensamento e ação desorganizados. Demanda um vasto aparato de preparação e formação. O combate “nacional” está empacado nas velhas rotinas de meio século atrás. Antes de mais nada, uma nova teoria revolucionária deve ser desenvolvida. NÃO EXISTEM REVOLUÇÕES ESPONTÂNEAS É sempre possível agir, é menos fácil ter sucesso. É ainda mais difícil em uma luta revolucionária, uma luta até a morte contra um inimigo todo poderoso, astuto e experiente, que se deve combater mais por ideias e perspicácia que por força. É frequente, entretanto, ouvir a oposição da ação e pensamento. Isso equivale a acreditar na espontaneidade da ação revolucionária. O exemplo da revolução fascista na Itália é citado. Porém esquecem que quando os “fascios” se formaram em 1919, Mussolini já estava lutando há mais de doze anos como um agitador e jornalista. Esquecem das condições especiais da luta na Itália após o armistício de 1918, que não são nada como as condições na França hoje. Na Itália, como em muitas outras nações europeias, o poder do estado era extremamente fraco, totalmente incapaz de impôr sua própria lei sobre as facções armadas que lutavam pelo país. O estado tinha que lidar com cada um dos verdadeiros exércitos políticos. Em outubro de 1922, o exército dos “camisa negras” era o mais forte e tomou o estado. Hoje, os “regimes liberais” do ocidente são caracterizados por uma ampla e privilegiada casta, agentes de grupos financeiros, que controlam todas as alavancas políticas, administrativas e econômicas e são unidos por sua estreita cumplicidade. Podem contar com um aparato administrativo gigante que gerencia rigorosamente a população, especialmente através dos serviços sociais. Eles mantêm um monopólio do poder
  • 4. político e econômico. Controlam a maior parte da mídia e são os mestres do pensamento. São defendidos com a vasta força das polícias. Transformaram os cidadãos em ovelhas dóceis. Apenas oposições ficcionais são toleradas. Ao fim da primeira guerra mundial, uma revolução comunista era uma ameaça imediata para toda a Europa. O perigo sempre determina um movimento de defesa: os movimentos fascistas tomaram vantagem disso. A única força capaz de se opor à violência dos vermelhos, o fascismo recebeu apoio poderoso e a aderência de um grande número de partisans. Hoje, os sovietes de fábricas, os Chekas, são coisa do passado. Os comunistas do ocidente se tornaram burgueses, são parte do cenário, são os mais firmes defensores do regime. O homem com uma faca entre os dentes não é mais o comunista, mas o ativista. Enquanto a Rússia é vista como um novo mercado pelos capitalistas. Contrário à primeira metade do século XX, a satisfação de necessidades básicas está ao alcance de todos. As cozinhas comunitárias, as greves relâmpago, estão esquecidas. Com exceção de minorias ameaçadas, a grande massa de assalariados está convencida de que eles têm mais a perder que ganhar tomando violentamente coisas que demandas pacíficas e o tempo inevitavelmente lhes darão. O jugo das leis sociais e a chantagem do crédito fazem o resto perder toda a sua combatividade. O espírito público, a coragem cívica e política, estão hoje limitados a uma pequena minoria, da qual os meios legais de expressão foram sistematicamente reduzidos. Isso nos leva muito longe da Itália dos anos 20. O gênio pessoal de Mussolini foi o suficiente para reunir e mobilizar uma massa fanática e conquistar um estado incapaz de se defender. Não é mais a situação na Europa e na França. Como o poder pertence ao adversário, uma estratégia superior é necessária. Enquanto o “grande homem” (apesar de inexistente) é demasiadamente depreciado, deve-se acreditar na equipe. A qualidade de combatentes, o combate metódico e pensado, a direção colegial precisa de educação, doutrina. Desde 1947, o exército francês lutou para defender territórios além-mar, foi vitorioso no campo de batalha e forçado em sucessivas capitulações pelo grupo de forças políticas e econômicas que constituem o regime. Foi necessário esperar até o mês de abril de 1961, catorze anos, por um pequeníssimo número de dirigentes discernir os seus verdadeiros inimigos. Um inimigo que não estava nos campos de batalha, sob a aparência de um vietcong ou um falaq, mas na própria França, nas mesas de diretores, bancos, escritórios editoriais, assembleias e gabinetes ministeriais. Esse sentimento hostil foi contra uma França Metropolitana mítica e decadente em vez da realidade do regime. Essa percepção limitada durou pouco tempo. Para conquistar, é necessário compreender o que é o regime, descobrir os seus métodos, desmascarar os seus cúmplices. Aqueles que estão camuflados como patriotas. É necessário determinar as soluções positivas que permitirão a construção da sociedade do amanhã. Isso necessita de um autoexame cuidadoso, uma revisão detalhada das verdades aceitas, uma consciência revolucionária. UMA CONSCIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA Nada é menos espontâneo que uma consciência revolucionária. O revolucionário é totalmente consciente da luta engajada entre o Nacionalismo, detentor dos valores criativos e espirituais do Ocidente, e o Materialismo sob a sua forma liberal ou marxista. Ele está livre de preconceitos, de falsidades e de reflexos condicionados com os quais o regime se defende. A educação política que permite tornar-se livre de tais coisas é obtida com experiência pessoal, é claro, mas especialmente
  • 5. com o aprendizado que apenas o estudo pode trazer. Sem educação, o homem mais corajoso e audaz é apenas uma marionete manipulada pelo regime. Dependendo das circunstâncias, o regime puxa as cordas que regula esse comportamento: patriotismo, anticomunismo cego, ameaça fascista, legalismo, a unidade do exército, etc. Com uma propaganda permanente voltada para um lado, para o qual todos estão sujeitos desde a infância, o regime, em seus vários aspectos, intoxicou progressivamente o povo Francês. Todas as nações sob governo democrático estão nesse ponto. Qualquer inteligência crítica, qualquer reflexão pessoal, é destruída. É suficiente que as palavras chaves sejam pronunciadas para despertar os reflexos condicionados e suprimir qualquer reflexão. A espontaneidade permite aos reflexos condicionados permanecerem. Leva apenas a revoltas, tão fáceis de se controlar com algumas poucas concessões superficiais, alguns ossos para roer, ou algumas poucas mudanças de cenário. E assim foi muitas vezes com os franceses argelinos, o exército e os “nacionais”. Na face do perigo mortal, é possível montar uma frente defensiva. A Resistência no final da última guerra e a Organização de Armas Secreta são exemplos. O problema da luta era uma questão de vida ou morte: a luta física contra a força física do adversário visível pode ser total, sem piedade. Supondo que a revolta triunfe, assim que o perigo se acaba, a frente se explode em múltiplos clãs e a massa de partisans, não tendo mais razão para lutar, retorna às suas tarefas familiares, se desmobiliza e confia a cidade que haviam perdido àqueles que haviam-na perdido em primeiro lugar. A França e a Europa devem cumprir a sua revolução nacionalista para sobreviver. Mudanças superficiais não atingirão o que é mal. Nada será feito até que os germes do regime sejam extirpados até a última raiz. Para isso, é necessário destruir a sua organização política, acabar com seus ídolos e dogmas, eliminar os seus oficiais e mestres secretos, mostrar ao povo o quanto ele foi enganado, explorado e manchado. Assim, reconstrução. Não construções no papel, mas na elite jovem e revolucionária, imbuída em uma nova concepção de mundo. É possível que a ação que deverá impor essa revolução seja concebida sem a direção de uma doutrina revolucionária? Certamente não. Como se pode fazer oposição a um adversário que está armado com uma dialética bem testada, rica, de longa experiência, poderosamente organizada, sem ideologia, sem método? SEM DOUTRINA REVOLUCIONÁRIA, SEM REVOLUÇÃO! Mesmo quando toma formas militares, a luta revolucionária é acima de tudo psicológica. Como conduzi-la, como converter e inspirar novos partisans, sem uma clara definição da nova ideologia, sem doutrina? Uma doutrina entendida, não como um grupo de abstrações, mas como um leme para o pensamento e ação. Mantendo a ofensiva moral de seus próprios partisans, comunicando suas convicções a pessoas hesitantes, são duas condições indispensáveis para o desenvolvimento do Nacionalismo. Foi provado que na ação ou prisão, quando a desmoralização está perto, quando o adversário parece triunfar, os militantes educados, dos quais o pensamento coerente apoia sua fé, possuem poderes superiores de resistência. Um novo desenvolvimento doutrinário é a única resposta para as infinitas divisões de ativistas. Não há dúvida sobre o valor unificador da ação. É óbvio. Mas essa unificação não pode ser durável e útil sem a unificação ideológica em volta de uma doutrina sólida. O editor do Observador da França, o funcionário do Partido Socialista da França, o comunista, todos têm a mesma ideologia em comum: marxismo. A sua referência doutrinária é, portanto, a mesma. Eles pertencem à mesma família. Apesar de suas profundas divisões em ação, todos concorrentemente impõem a mesma ideologia. Não é assim na oposição nacional. Os ativistas não reconhecem nenhum ancestral em comum.
  • 6. Alguns são fascistas, outros Maurrasianos, outros integralistas e todas essas categorias possuem muitas variantes. A sua única unidade é negativa: anticomunismo, anti-Gaullismo. Não entendem um ao outro. As palavras que usam – revolução, contrarrevolução, nacionalismo, Europa, etc. - possuem significados diferentes e, de fato, opostos. Como seria possível não oporem-se uns aos outros? Como seria possível terem a mesma ideologia? A unidade revolucionária é impossível sem unidade de doutrina. Os trabalhos de Marx são imensos, prolixos e obscuros. Um Lênin foi necessário para extrair uma doutrina clara e transformar essa enorme confusão em uma arma eficaz de guerra política. O Nacionalismo tem por por trás de si o seu Marx coletivo, tão prolixo e inadequado quanto a companhia de Engels poderia ser para a Rússia de 1903. É imperativo criar um Lênin coletivo. O Nacionalismo é o herdeiro de um grande conjunto de intelectuais, mas é muito diverso, incompleto e viciado em arcaísmo. Chegou a hora de realizar uma síntese e adicionar os atributos, as afirmações qualificadoras, impostos pela chegada de novos problemas. Por exemplo, um estudo documentado sobre as altas finanças, ou as doutrinas do Nacionalismo, constituiriam uma aproximação excelente a esses problemas. As causas que precipitaram, no fim do século XIX, o nascimento do Nacionalismo como ideologia política (e não simplesmente o despertar de uma consciência nacional em sentido estreito) não mudaram muito desde então. O Nacionalismo nasceu como uma crítica à sociedade liberal do século XIX. Mais tarde, se opôs ao marxismo, o filho ilegítimo do liberalismo. Vindo após os contra-enciclopedistas, após os positivistas, após Taine e Renan, dos quais os trabalhos restam em parte no Nacionalismo, Drumont e Barrès traçaram as características permanentes dessa ideologia, à qual Charles Maurras, José Antonio Primo de Rivera, Robert Brasillach, Alexis Carrel e muitos outros na Europa deram colaborações de seus próprios gênios. Fundado numa concepção heróica da vida, o Nacionalismo é um retorno às fontes de uma comunidade popular, que visa criar novas relações sociais em uma base comunitária e construir uma ordem política sobre a hierarquia de mérito e valor. Tirado do pequeno envelope imposto por uma era, o Nacionalismo se tornou uma nova filosofia política. Europeu em suas concepções e perspectivas, traz uma solução universal aos problemas impostos à humanidade pela revolução tecnológica. PERSPECTIVAS NACIONALISTAS A passividade da opinião pública e a covardia das elites tradicionais em face aos acontecimentos da Argélia abriram os olhos de todos os homens capazes de reflexão. Frequentemente a custo de revisões dolorosas, em ruptura com suas convicções passadas, eles se reagrupam em volta de novas definições de Nacionalismo. Esse não é o momento de tentar um teste doutrinário. Estudos e confrontações serão necessários. É, embora, possível traçar as proposições fundamentais. CRÍTICA DO LIBERALISMO E MARXISMO O liberalismo pode convencer, por um tempo, pela sua aparência e generosidade. A realidade dissipou esse sonho. Essa ideia morta é hoje a camuflagem da ditadura hipócrita do capitalismo internacional, abarcando todas as democracias ocidentais. A oligarquia capitalista nasceu ao fim do século XVIII. As ideias liberais se espalharam nesse momento na França e foram usadas para justificar os interesses combinados da alta aristocracia e dos ricos contra a autoridade do poder central que por um longo tempo os deixou em cheque. Essa
  • 7. luta de grandes interesses contra o poder popular (nesse caso a monarquia francesa) é encontrada consistentemente durante as eras. Em sociedades organizadas, assim que o envelope institucional das formas monárquicas ou republicanas que escondem realidades são removidos, é possível discernir dois principais tipos de poder: o primeiro é baseado no povo e assim contém os grandes interesses, feudais ou financeiros, o segundo está nas mãos de grandes interesses para explorar o povo. O primeiro se identifica com a comunidade popular e se torna servo de seu destino, o segunda subjuga a comunidade popular para a única satisfação de seu apetite. As democracias modernas, que pertencem ao segundo tipo, seguiram a evolução do capitalismo, do qual foram apenas a emanação política. O capitalismo perdendo a sua forma pessoal e nacional para se tornar financeiro e sem estado, e as democracias caindo sob o controle dos grupos financeiros internacionais. As poucas diferenças que restam entre aquele cessam assim que a ameaça de um despertar popular aparece. Se as mentiras e os artifícios nos quais eles se tornaram mestres mostram-se insuficientes, eles empregam as armas mais mortais, as mais violentas repressões. Eles nunca recuaram frente ao genocídio, bombas atômicas, campos de concentração, tortura e terror psicológico. A oligarquia capitalista é indiferente ao destino das comunidades nacionais. O seu objetivo é satisfazer o desejo de poder através da dominação econômica do mundo. A humanidade e suas civilizações são sacrificadas em nome de seus desígnios puramente materialistas, que são paralelos àqueles dos marxistas. Para os tecnocratas assim como os comunistas, o homem é um animal econômico dotado de duas funções: produzir e consumir. O que não pode ser medido por uma regra de cálculo é classificado como supérfluo. O supérfluo deve ser submetido ao essencial: a produção econômica. As tendências individualistas, que são uma inconveniência para a edificação e aplicação de planos, devem desaparecer. Em sociedades materialistas, há espaço apenas para as massas perfeitamente dóceis, homogêneas e estandardizadas. Aqueles que não aceitam o condicionamento de mentes e a castração das massas devem carregar consigo o rótulo de “fascistas”. Duvidar da sinceridade dos mestres da opinião em uma democracia ou desafiar as contradições da “linha” em um regime comunista, se recusando a comparar a cultura do ocidente com a lamentação pre-histórica da negritude ou a decomposição mórbida de um certo modernismo, desprezando a “consciência universal”, sorrindo quando alguém fala dos direitos de autodeterminação dos povos, são provas de um espírito suspeito e rebelde. A rebelião leva à eliminação física em um regime comunista e à eliminação social em um regime liberal. Assim, um ou outro destrói o individualista criativo e as raízes populares, a verdadeira essência da homem e sua comunidade. Comprometem a humanidade a um inevitável fim, o pior tipo de regressão. A história da humanidade é um grande esforço para se libertar das leis da matéria. A religião, a arte, a ciência e os códigos éticos são todas conquistas do espírito e da vontade humana. A permanência dessas vitórias fez nascer as civilizações. Criações arbitrárias da sensibilidade, da inteligência e da energia dos povos, civilizações se desenvolvem e amadurecem enquanto elas mantiverem o seu poder criativo. As pessoas que lhes deram a luz perdem a força para se defender contra investidas externas quando suas virtudes originais e sua energia vital desaparecem e assim a sua civilização cai em aniquilação ou decadência. Assim, vem o resultado lógico da exploração da humanidade pela casta dos tecnocratas ou pela “nova classe governante”. Essas duas forças vêm da mesma filosofia. O liberalismo e o marxismo tomaram diferentes rumos que os levaram a se oporem, mas que levam ao mesmo resultado: a sujeição dos primeiros povos desorientados pelos mitos democráticos. A democracia é o novo ópio do povo.
  • 8. UM HUMANISMO VIRIL Os povos europeus construíram uma civilização única na história. O seu poder criativo, apesar de milênios, não diminuiu. Aqueles que são seus inimigos declarados reconhecem implicitamente a sua universalidade. Entre o oriente tradicional submisso a leis metafísicas e as novas sociedades materialistas, a civilização europeia sintetiza aspirações espirituais e necessidades materiais. Mesmo quando a uniformidade da massa é proclamada como um ideal em qualquer lugar do mundo, ela exalta o individualismo dos fortes, o triunfo da qualidade humana sobre a mediocridade. Ela resume em si mesma o equilíbrio a ser estabelecido como uma solução às perturbações criadas pela revolução tecnológica na vida da humanidade. Fundada sobre os valores do indivíduo e da comunidade, essa nova harmonia pode ser definida como um humanismo viril. Como um novo conjunto de valores, esse humanismo viril rejeita as falsas leis dos números e busca submeter o poder da técnica e da economia à vontade civilizatória do homem europeu. Ele encontrará mais uma vez, em chão familiar, dentro de sua linhagem e na cultura original de seu povo, um mundo para medir. Ele descobrirá o significado de sua vida no cumprimento de seu próprio destino, na fidelidade a uma forma de vida fundada na ética europeia de honra. A ética da honra é oposta à mentalidade de escravo do materialismo liberal ou marxista. Ela afirma que a vida é uma batalha. Ela exalta o valor do sacrifício. Acredita no poder da vontade sobre os eventos. Apoia a relação entre homens da mesma comunidade sobre a lealdade e a solidariedade. Atribui ao trabalho uma importância independente do lucro. Resgata o sentido da verdadeira dignidade do homem, não dada, mas conquistada por um esforço permanente. Desenvolve no homem europeu a consciência de suas responsabilidades em relação à humanidade da qual ele é o organizador natural. UMA ORDEM VIVA A legitimidade de um poder não pode ser resumida à observância de leis escritas eminentemente variáveis ou ao consenso das massas obtido por pressão psicológica ou propaganda. Um poder é legítimo quando observa os direitos da nação, suas leis não escritas reveladas pela história. Um poder é ilegítimo quando foge do destino nacional e destrói as realidades nacionais. Assim, a legitimidade pertence àqueles que lutam para restaurar os direitos da nação. Uma minoria lúcida, formam a elite revolucionária na qual está o futuro. O mundo não se rende a um sistema, mas a uma vontade. Não é pelo sistema que se deve buscar, mas pela vontade. É claro, a real estrutura de um estado deve ser conceitualizada em torno a alguns princípios guias: autoridade, continuidade, o poder dos propósitos são combinados em uma forma responsável; deve vir de um corpo hierárquico de quadros políticos, assistidos por uma representação verdadeiramente popular das profissões e das comunidades regionais qualificadas para deliberar sobre seus próprios problemas. Mas é especialmente importante forjar os homens sobre os quais a comunidade e a civilização se estabelecerão. Não são nem equipamentos eletrônicos e nem cientistas que decidirão o destino da humanidade. Os imensos problemas apresentados pelos novos desenvolvimentos tecnológicos demandam uma elite política eleita por vocação, dotada de uma vontade de ferro à serviço de uma consciência limpa de sua missão histórica. Essa enorme responsabilidade demandará com razão mais deles que de outros
  • 9. homens. Cinco por cento dos indivíduos, os sociólogos admitem, são profundamente pervertidos, loucos e depravados. No outro extremo, pode-se observar a mesma proporção de homens que possuem, naturalmente e de forma desenvolvida, qualidades particulares de energia e auto-sacrifício que os predispõem a servir à comunidade e liderá-la. As democracias que instalam o reino da fraude e dinheiro são, em grande parte, dominadas por aquela minoria. A revolução nacionalista terá de eliminar aquela e impor esta minoria. A seleção e educação, desde a juventude, dessa elite de homens estará entre as primeiras preocupações da nova sociedade. A sua formação estimulará o vigor do seu caráter, desenvolverá o espírito de sacrifício e abrirá a sua inteligência às disciplinas intelectuais. Mantidos na sua pureza original, não só pelo seu compromisso de honra, mas também por uma regra estrita e especial, formarão uma ordem viva constantemente renovada pelo tempo, mas sempre similar em espírito. Assim, o poder dos financeiros será substituído pelo dos devotos e combatentes. UMA ECONOMIA ORGÂNICA A economia não é um fim em si mesma. É um elemento na vida das sociedades, entre os principais, mas apenas um elemento. Não é a fonte da explicação da evolução da humanidade. É um agente ou uma consequência. É na psicologia dos povos, na sua energia e nas suas virtudes políticas que se encontra a explicação da história. A economia deve ser sujeita à vontade política. Se esta desaparece – como é característico de regimes liberais – as forças descontroladas da economia conduzem a sociedade à anarquia. Ainda, o imenso problema da economia é, naturalmente, parte da revolução nacionalista. Seria uma reversão aos erros mortais dos “nacionais” negar a sua importância ou acabar com ela por alguma palavra miraculosa também sujeita à confusão e disputas, como “corporativismo”, por exemplo. O capitalismo criou um mundo artificial em que o homem está mal ajustado. Em outros aspectos, a comunidade popular é explorada por uma pequena casta que monopoliza todo o poder e aspira à supremacia internacional. Finalmente, o capitalismo se esconde sob um deboche de novas palavras e uma concepção anacrônica em que a economia carrega todas as consequências. As críticas também se aplicam palavra por palavra ao comunismo. A solução para o mal ajustamento do homem em um mundo que não é feito para ele, como já vimos, é um problema político. O desenvolvimento tecnológico e econômico não encontra em si mesmo a sua própria justificativa; isso depende de sua utilização. O novo estado sujeitará a economia aos seus desígnios, para torná-la uma ferramenta de uma nova primavera europeia. Criando valores civilizados, forjando armas de poder necessário, elevando a qualidade do povo, tudo isso será seus objetivos. É com uma transformação total da estrutura da empresa (falamos apenas da empresa que o capitalismo financeiro absorveu, não a empresa de uma pequena família que deve ser preservada e na qual não há problemas) e a organização geral da economia que residem os meios para destruir o poder exorbitante da casta tecnocrata, para suprimir a exploração dos trabalhadores, para estabelecer a verdadeira justiça, para alcançar mais uma vez a verdadeira economia e o funcionamento saudável.
  • 10. Em um regime capitalista assim como num regime comunista, a empresa é a propriedade exclusiva de financeiros no primeiro e do estado no segundo. Para os assalariados, sejam gerentes ou simples trabalhadores, os resultados são os mesmos: são roubados, a riqueza produzida pelo seu trabalho é absorvida pelo capital. Essa posição privilegiada dá ao capital todos os poderes da empresa: direção e gerenciamento, mesmo quando são externos e visam antes de tudo criar lucro financeiro, ás vezes em detrimento da produção e da própria empresa. As famosas palavras de Proudhon encontram seu verdadeiro significado aqui: “A propriedade é roubo!” Abolir a apropriação é a solução justa que dará luz ao empreendimento comunitário. O capital então tomará seu devido lugar como um elemento de produção, lado a lado com o trabalho. Um ou outro participarão, com um poder proporcional a sua importância na empresa, no compromisso ou na chefia, na sua gerência econômica e na distribuição de lucros reais. Essa revolução na empresa se encaixará em uma nova organização da economia tendo como base as profissões e a estrutura geográfica regional. Para acabar com os parasitas e o poder dos especuladores, criará um grupo de corpos intermediários. Essas novas estruturas, capazes de serem facilmente integradas na Europa, não encontrarão definição melhor que “economia orgânica”. UMA EUROPA JOVEM A vitória americana e soviética em 1945 colocou um fim nos conflitos das nações europeias. A ameaça de adversários e os perigos comuns, uma óbvia solidariedade do destino em bons e maus dias e interesses similares desenvolveram um sentimento de unidade. Esse sentimento é confirmado por raciocínio. A unidade é indispensável ao futuro das nações europeias. Elas perderam a supremacia de números; unidas, recuperariam a civilização, o gênio criativo, o poder organizador e o poder econômico. Divididas, seus territórios estarão condenados a serem invadidos e seus exércitos derrotados; unidas, constituiriam uma força invencível. Isoladas, se tornarão satélites, com a certeza de caírem, como algumas já o fizeram, sob o domínio soviético. A civilização europeia sofrerá um ataque sistemático e será o fim da evolução da humanidade. Unidas, terão, ao contrário, os meios de impor e garantir a sua missão civilizatória. A unidade não significa a continuidade de organismos políticos e financeiros instituídos após a guerra. O seu propósito é estender o poder internacional da tecnocracia que controla todos os seus mecanismos e preservar os privilégios políticos e econômicos que estão escondidos por trás das propagandas da democracia. Essas instituições trazem hoje, em escala europeia, os vícios e palavras geradas pelo regime em cada nação, e os multiplica. Em nome da Europa, o desenvolvimento dessas instituições acelera o seu declínio. A unidade não significa nivelamento. A estandardização e o cosmopolitismo destruiriam a Europa. A sua unidade será construída em volta de realidades nacionais que cada povo pretende defender: comunidade histórica, cultura original e apego à terra. Limitar a Europa na influência latina ou germânica seria manter a sua divisão, até mesmo criar uma nova hostilidade. Mas acima de tudo, seria negar a realidade europeia realizada por Roma e pela era medieval na fusão de suas duas correntes, continental e mediterrânea. Imaginar a Europa sob a hegemonia de uma nação seria renovar o novo sonho sangrento do qual a história traz cicatrizes recentes. A diversidade de línguas e de origens não é um obstáculo. Muitos estados são multilíngues e o Império Romano, que construiu a primeira unidade europeia em
  • 11. relação aos povos agregados e suas culturas, tinha imperadores nascidos em Roma e também na Gália, na Ilíria e na Espanha. As fronteiras europeias não terminam no limite artificial da cortina de ferro imposta pelos vencedores de 1945. Elas incluem a totalidade das nações e povos europeus. Pensar em união é, em primeiro lugar, pensar na libertação de todas as nações cativas desde a Ucrânia até a Alemanha. O destino da Europa está no leste: romper as correntes, vencer a tirania soviética, marchar até o lado asiático. Fora do bloco continental da Europa, os povos e estados que pertencem a sua civilização formam o ocidente. A Europa é a sua alma. A sua completa solidariedade se afirmará, notavelmente com os centros ocidentais da África. Essas posições são as bases para uma nova organização do continente africano, cujo destino está preso ao da Europa. Na construção da Europa, os povos subdesenvolvidos encontrarão um exemplo e solução para as suas próprias dificuldades. Não é de esmolas que eles precisam, mas organização. A Europa possui um corpo incomparável de quadros especializados em questões intercontinentais. Nenhum outro poder poderia competir com o talento organizacional desses quadros juntos ao dinamismo europeu desperto. Eles tirarão esses povos da miséria e anarquia e os trarão de volta ao ocidente. Não serão tratados econômicos que unificarão a Europa, mas a aderência de seus povos ao nacionalismo. Os obstáculos que parecem insuperáveis são resultados das estruturas democráticas. Assim que o regime for varrido, esses falsos problemas desaparecerão por si mesmos. Portanto é óbvio que sem revolução não há união europeia possível. O sucesso da revolução em uma nação da Europa – e a França é a única que possui todas as condições necessárias – permitirá uma rápida extensão a outras nações. A unidade de duas nações independentes do regime desenvolverá tamanha força de sedução e dinamismo que o velho sistema, a cortina de ferro e as fronteiras entrarão em colapso. O primeiro passo da unidade será político e criará um único estado comum em uma forma evolucionária. Os demais passos, militares e econômicos, se seguirão. Os movimentos nacionalistas da Europa serão os agentes dessa unidade e o coração da futura ordem viva da Europa. Assim a Jovem Europa, fundada sobre a mesma civilização, o mesmo espaço e o mesmo destino, será o centro ativo do ocidente e da ordem mundial. A juventude da Europa terá novas catedrais a construir e um novo império a erguer. ORGANIZAÇÃO E AÇÃO A luta conduzida em torno aos acontecimentos na Argélia mostrou que os “nacionais” podem contribuir na criação de uma situação favorável. Mas a demonstração é igualmente clara (sem voltar aos acontecimentos anteriores à segunda guerra mundial) da sua total importância em transformar uma revolta popular em uma revolução. A organização nacionalista embrionária, apesar dos esforços dos militantes, não acompanhou a revolta espontânea. Assim, as concepções “nacionais” prevaleceram e a nova resistência engajada sob condições políticas favoráveis após o dia 22 de abril de 1961, com uma abundância de partisans e meios, afundou no ridículo e na desonra. Entretanto, esse período de luta clandestina e repressão forjou combatentes revolucionários, na sua maioria jovens, e as circunstâncias do colapso educaram um bom número de partisans que colocaram sua confiança em métodos “nacionais”. É por isso que o nacionalismo encontrará amanhã os militantes e os quadros de que precisava no passado.
  • 12. A juventude francesa será marcada por anos pelas últimas lutas conduzidas pela defesa da integridade do território nacional na Argélia. O seus melhores elementos participaram ativamente. Se arriscaram à tortura, prisão e morte. A condenação dos métodos terroristas não se aplica àqueles que corajosamente executaram ordens e que são exemplos, mas aos chefes que decidiram usar tais métodos. A revolta da Juventude contra uma sociedade senil e hostil é uma realidade. Ninguém previu nem a onda Poujadista de 1955 nem as revoltas camponesas de 1961. Apesar dos refrigeradores e televisões, homens, em centenas de milhares, foram às ruas. A maleficência do regime criará no futuro novas explosões populares. Desorganizadas, essas revoltas colapsarão como as anteriores. Toda a ação deve, portanto, colocar o fermento na massa. O trabalho de organização, penetração e educação popular é sempre lento. Devemos lembrar que todos os revolucionários do século XX tiveram que lutar por um longo tempo antes de triunfar: Lênin chegou perto de trinta anos, Hitler treze, Mao Zedong trinta e três… Nas dificuldades da luta, as massas adquirem uma consciência revolucionária, novos quadros emergem, a organização é aberta e reforçada. O desenvolvimento da ação revolucionária não é nunca progressiva e harmoniosa. Similar a uma linha tracejada, é feita de sucessos parciais, contratempos, recuperações, novas quedas e aparentes estagnações. Todos os movimentos revolucionários conheceram reveses catastróficos quando a vitória estava perto: os bolcheviques em 1905, os nacional socialistas em 1923 e os comunistas chineses em 1927 e 1931. O seu sucesso foi devido a sua capacidade de analisar as causas desses contratempos, aprender as lições e corrigirem si mesmos e se adaptarem às novas condições de luta. Os bolcheviques abandonaram a exclusiva ilegalidade para explorar as oportunidades legais e ilegais. Os nacional socialistas rejeitaram o caminho insurrecional para tomar a conquista legal do poder. Mao Zedong deixou o proletariado urbano e se dirigiu para campanhas de guerrilha. A ação revolucionária, como a guerra, obedece a leis imperativas. Os nacionalistas devem buscá-las à luz de sua própria experiência e se adaptar a elas para a nova situação. LÍDERES FAMOSOS OU MILITANTES Por um homem ou uma ideia? O eleitor, o simples partisan, segue os cartazes eleitorais, um nome famoso, o salvador do dia. Os “nacionais” gostam de facilidade. Rebanhos passivos, esperam tudo de um homem miraculoso. Mesmo os pequenos grupos têm o seu ídolo. O desaparecimento inevitável do grande homem deixa os ingênuos tristes e desencorajados. O nacionalista não ajuda os seguidores, mas os militantes que são definidos em relação a uma doutrina, não em relação a um homem. Ele não luta por um pseudo- salvador, mas pelo salvador em si mesmo. Aqueles que assumem a direção da luta podem desparecer ou cometer erros, mas o valor da causa não é manchado por isso, eles são substituídos. Os militantes se sacrificam por ideias, não por um homem. A organização deve ser uma comunidade de militantes, não uma propriedade pessoal. Será administrada por oficiais que serão apenas representantes temporários para o nacionalismo. Os oficiais dirigirão a ação dos militantes, pois mostraram ser os mais qualificados a servirem à organização, pois sem ela eles não seriam nada. Blefe e Eficácia As enormes quantias de dinheiro coletadas para a causa da Argélia Francesa foram absorvidas pelos
  • 13. líderes e políticos aos quais elas foram entregues. Alguns panfletos, algumas conferências, algumas viagens, alguns cartazes fingem justificar o seu uso. Com esses meios colossais os famosos não fizeram nada. Durante esse tempo, os militantes estavam desenvolvendo uma atividade coerente com meios precários vindos apenas de suas contribuições pessoais. Fizeram reuniões públicas, cobriram o país com inscrições, fizeram cartazes à mão, realizaram ações espetaculares com pouco dinheiro, fizeram impressões de um a outro lado da França. Fizeram muito com pouco. Isso é característico do militante. Os líderes famosos e as categorias e fichas Quanto aos famosos que lideram os militantes “nacionais”, são de uma classe inferior. Não é apenas a categoria e a ficha que serão usadas nas lutas políticas. São parte de um material eleitoral. São peões de conspirações perenes. O seu auto-sacrifício serve como trampolim para as ambições dos carreiristas. Se as coisas vão mal, os militantes são friamente abandonados. A organização nacionalista acabará com esses líderes famosos. Os seus membros e seus líderes serão militantes vindos não de gabinetes eleitorais ou de conspirações, mas do combate: as noites de colação de cartazes, comícios, golpes, reuniões turbulentas, impressões de panfletos e a sua distribuição de madrugada, os enquadros, os interrogatórios, as brutalidades, as prisões, os tribunais, os desapontamentos, os insultos, a indiferença, os contratempos… Aqui, serão os mais tenazes, os mais devotos, os mais conscientes que serão os primeiros, aqui é formada a elite revolucionária. A UNIÃO DOS “NACIONAIS” OU A ORGANIZAÇÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS Os inimigos camuflados Um número de políticos, civis ou militares, por muito tempo fizeram da Argélia um trampolim para suas ambições. Homens do regime por interesse e formação, restaram como os inimigos jurados da revolução. São ainda mais dispostos a combatê-la, pois pareciam ser seus partisans. Os Gaullistas, até o dia 13 de maio, alguns membros do parlamento, alguns líderes mais tarde, são os ilustradores da infiltração da revolta pelo regime. Um dos conspiradores de 13 de maio, Léon Delbecque, explicou abertamente esse método: “Eu era o organizador do 13 de maio,” declarou em 6 de julho de 1958, na conferência dos Social Republicanos. “Nos gabinetes que eu ocupava, fui solicitado a participar das conspirações dirigidas contra a República e o regime republicano, conspirações das quais a polícia sabia, mas eram incapazes de impedi-las. Consegui estar no lugar certo na hora certa, para desviar ao general de Gaulle a revolta que aconteceria”. O diretório da Organização de Armas Secreta estava repleto de tais indivíduos que “conseguiram estar no lugar certo na hora certa” para levar a revolta a uma rua sem saída. Se a Organização Secreta conseguisse destronar de Gaulle, os mesmos tornariam possível ao regime travestir essa crise sem problemas, como aconteceu no dia 13 de maio. São habilidosos ao usar a confusão nascida de metas aparentemente similares. Sabem que os “nacionais”, sem educação política, sucumbem à união da chantagem e possuem uma inclinação culpável pelo suposto adversário arrependido. Aceitar o seu jogo seria cair nas sua mãos. Seria tornar-se o seu cúmplice e ficar quieto e não
  • 14. revelá-los a todo o povo. Não existe união com homens do regime! Eles devem ser denunciados com o maior vigor. Com isso, as massas deixarão de ser enganadas, os partisans perderão sua ingenuidade natural e se tornarão militantes educados. Zero mais Zero Zero mais zero é sempre zero. A adição de mitomaníacos, conspiradores, nostálgicos, carreiristas e “nacionais” nunca fará uma força coerente. Preservar a esperança de unir os incapazes é insistir no erro. Os poucos elementos de valor são paralisados pelos desequilibrados a sua volta. A opinião popular não se confunde aqui. Ainda, fazem um mal considerável ao nacionalismo, com o qual são frequentemente confundidos. Fazem os elementos saudáveis fugirem e previnem qualquer recrutamento de qualidade. Com eles, a união está fora de questão. É necessário, ao contrário, proclamar as diferenças fundamentais que os separam do nacionalismo. Os desequilibrados devem ser impiedosamente tirados do caminho. Nessa condição, será possível atrair novos elementos, partisans eficazes. Uniões e comitês de acordo Mesmo a Organização de Armas Secreta, com a sua ação dinâmica, com a sua única direção, seus enormes meios e um essencial objetivo em comum, não conseguiu associar na França metropolitana os partisans da Argélia Francesa. Como se pode pensar que esse sonho, tão velho quanto a oposição nacional, possa ser realizado no futuro com condições infinitamente menos válidas? As uniões e as frentes têm apenas um objetivo: beneficiar aqueles que as organizam ou as controlam. A Frente Popular favoreceu os comunistas, enquanto o agrupamento nacional serviu Soustelle. Os outros participantes eram os enganados. Propostas pelos líderes famosos, as uniões e comitês de acordo na maioria das vezes possuem um fim eleitoral. Conseguem por um baixo custo coladores de cartazes e equipes de empregados; são excelentes sifãos de dinheiro. Quando o período eleitoral se acaba, a união é deixada de lado para esperar uma nova ocasião para explorar a credulidade inalterável dos “nacionais”. Com a primeira dificuldade séria, por exemplo, uma decisão a ser tomada a respeito de um acontecimento controverso, a frente explode e todos retomam sua liberdade. O sonho acabou. A luta política, assim como a guerra, demanda manobras: dissimulação, recuo, ataque. Necessita de uma total disciplina e de uma única direção capaz de tomar a iniciativa instantaneamente, engajando todas suas forças. A composição heterogênea e a diversidade de concepções de seus líderes impedem as uniões de seguirem essas leis; assim, são devotas ao oportunismo e a desintegração. Como que um rebanho incoerente, dominado por tagarelas, carreiristas e malucos, minado por brigas de clãs e indivíduos, é capaz de lutar contra a força organizada e superior do regime? É verdade que essa não é uma meta dos famosos “nacionais”. Essa forma de ação é definitivamente condenada pela experiência. As táticas do fronte não podem ser realizadas sem uma poderosa organização nacionalista capaz de impor a sua convicção e linha política. Organização Monolítica e Disciplinada O trabalho dos últimos anos foi realizado por pequenos grupos, até mesmo por militantes isolados. Esse núcleo sólido era composto de verdadeiros militantes, educados, confiáveis e competentes.
  • 15. Com recursos minúsculos, mas com tenacidade e imaginação, foram os autores de todos os sucessos parciais registrados na luta. A prova aqui é que cinco militantes são mais valiosos que cinquenta malucos. A qualidade dos combatentes é, de longe, preferível à quantidade. É em volta de uma equipe pequena e eficaz que as massas se reunirão, não o contrário. Que os movimentos revolucionários sejam minorias eficazes evidentemente não significa que todos os grupos minoritários sejam da mesma forma revolucionários. É uma desculpa muito fácil para a mediocridade de alguns. As minorias eficazes não são seitas estéreis, estão em contato direto com as pessoas. Destinada a lutar, a Organização Nacionalista deve ser una, monolítica e hierárquica. Será formada pelo agrupamento de todos os militantes convertidos ao nacionalismo, devotos e disciplinados. A sua idade, não mais que o seu meio, não tem importância. Sejam estudantes ou camponeses, trabalhadores ou técnicos, esses militantes serão em todos os meios os propagandistas e organizadores da revolução. Dependendo das circunstâncias, a sua ação será aparente ou não. Seus aspectos os capacitarão a garantir a penetração generalizada da Organização Nacionalista, até incluir os mecanismos do regime. CONSPIRAÇÕES OU AÇÃO POPULAR Atrás dos tempos O exemplo das conspirações Gaullistas, o terrorismo sistemático da Frente de Libertação Nacional ou do IRA na Irlanda, convenceu muitos “nacionais”. É mais fácil copiar o passado que imaginar o futuro. Anacronismo na política, assim como no campo militar, garante a derrota; não se pode conduzir uma guerra de trincheiras na era dos tanques. Algumas imagens causaram grandes danos no passado. A guerra civil espanhola, a insurreição de 1936 em torno ao exército. O 13 de maio e a pseudo-revolta. O apelo aos soldados, tão caros aos “nacionais”. O exército francês é um dos componentes do regime; seus chefes foram cuidadosamente escolhidos por seu interesse próprio e submissão, seus quadros são, na maioria, simples funcionários, mas não um Exército com E maiúsculo. Isso tudo só será bom para ajudar o esforço de remendar o regime. É por falta de autoconfiança e rejeição do esforço que os “nacionais” descartaram as suas responsabilidades na esperança cega de conspirações militares imaginárias. É covardia intelectual, um falso pretexto para fugir das tarefas longas e difíceis dos militantes. Mil Quadros Revolucionários O consenso popular, não mais que a ação nas ruas, não é suficiente para assegurar o sucesso da revolução em uma sociedade tecnologicamente desenvolvida. Não há poder sem o controle, do interior, dos mecanismos técnicos que garantem o funcionamento do estado moderno. A extrema complexidade da alta administração, o seu poder encoberto e a sua colonização pela casta dos tecnocratas o torna um mundo à parte, impenetrável e todo poderoso. Apenas a presença de quadros revolucionários nesses mecanismos, mesmo que em pequenos números, o fará ser neutralizado e se render à vontade nacionalista. Alguns serviços públicos de interesse vital para o funcionamento do país, infiltrados por tecnocratas e comunistas, estão na mesma estrutura de interesse.
  • 16. Em campo aberto, como o porta-bandeira do nacionalismo, o próprio movimento político terá a tarefa de falar publicamente ao povo e convencê-lo. Se utilizará, de acordo com as necessidades do momento, de todos os meios legais de propaganda e ação. Construído sobre um corpo de quadros e militantes educados, organizados em uma base celular, tanto territorial quanto profissional, conseguirá apoio amplo. Em articulação evidente ou encoberta com o movimento político, as “bases” serão progressivamente organizadas. Como explicado acima, o propósito das “bases” é manejar e controlar um meio específico por meio de ação social e política, os adversários sendo eliminados e os neutros absorvidos. Esse trabalho dará a luz a diversas associações adaptadas aos meios. Estará completamente sobre os quadros nacionalistas, especializados e capazes de cuidar da organização. Penetrando os mecanismos do estado, o movimento político e as bases populares serão as principais ramificações da Organização Nacionalista. Serão feitas sobre um corpo de quadros, hierárquico, especializado, presente em todas as organizações sociais, conectado a uma direção centralizada e comum. A organização será assim capaz de orquestrar a mesma campanha através do país e em todos os seus aspectos. Será capaz de se mover com disciplina e prontidão na batalha. Quadros e militantes no povo serão como o fermento na massa. Mil quadros revolucionários darão vitória ao nacionalismo. SOBRE A ESCALA DO OCIDENTE Um Pulmão Exterior Durante todo o tempo após o 22 de abril de 1961, a ação em favor da Argélia Francesa recebeu um apoio permanente e ativo de vários grupos de tendências nacionalistas na Europa e mesmo nos Estados Unidos. Pela primeira vez, uma solidariedade eficaz uniu ocidentais além das fronteiras. Os meios de propaganda desses grupos se mobilizaram para apoiar a ação conduzida na França. Jornais, revistas, conferências, reuniões, manifestações e comitês de apoio adotaram o mesmo lema em todas as línguas. Diversas nações se tornaram, de alguma forma, os pulmões exteriores da resistência francesa, permitindo-a recuperar seu fôlego. Grupos de trabalho foram criados. A hospedagem de partisans fugitivos foi organizada. O regime entendeu o perigo. Interviu em nível diplomático para parar o apoio aos combatentes franceses e reprimir atos de solidariedade. Solidariedade e Organização Frente à conspiração permanente dos regimes liberais e da organização comunista internacional, os nacionalistas do ocidente não só persistem nesse caminho, mas também aumentam a ação e aperfeiçoam o método. Os militantes da nação europeia devem encontrar fora de suas fronteiras o apoio a uma propaganda que explica o seu combate, exalta sua coragem, denuncia a repressão e a brutalidade de que são vítimas e desperta o sentimento de combate comum dos povos europeus pela sua sobrevivência contra aqueles que buscam escravizá-los. A expansão dessas iniciativas deve permitir uma verdadeira organização em torno a um tema central bem simples: a luta contra o comunismo e contra todos aqueles que o apoiam. Através de canais bem diversos – a imprensa, círculos de estudantes, sindicatos, membros do parlamento, movimentos políticos, associações culturais, ex-militares, organizações juvenis, comissões de intelectuais – um contra-ataque vigoroso conduzido contra os esforços soviéticos e
  • 17. aqueles que indiretamente os apoiam. Assim como um acontecimento suscetível a demonstrar o conluio do regime liberal com o comunismo, assim como outros capazes de provocar a indignação popular, poderiam ser imediatamente revelados e encurralados, em qualquer lugar e ao mesmo tempo. Um corpo coordenado deixando a todos a sua liberdade de ação terá de coletar informação e distribuí-la para propósitos de exploração. Novo Sangue A entrada da juventude dentro do combate político, a influência das lutas conduzidas na França, os novos problemas, aceleraram a necessidade de uma nova definição da ideologia nacionalista como uma doutrina da Jovem Europa. Os numerosos contatos, as trocas de ideias, as conferências conjuntas mostraram uma convergência de concepções de todos os militantes europeus. Os últimos anos, que são uma fonte incomparável de educação para os nacionalistas da França, aparecem ao mesmo tempo como uma experiência sem paralelos oferecida aos nacionalistas da Europa. Aqui é forjado um método adaptado às novas condições da luta. Na crítica positiva empreendida pelos militantes franceses, os combatentes europeus encontrarão as lições que guiarão a sua ação. PARA COMEÇAR Para começar, é necessário criar as condições para uma ação nova, popular e resolutamente legal. Dessa perspectiva, os efeitos colaterais da Organização de Armas Secreta, a qual se tornou um braço do regime, devem ser eliminados porque são nocivos. É importante desenvolver em todos os lugares e em todos os níveis a crítica positiva da ação anterior, para trabalhar coletivamente por uma nova definição de nacionalismo. É necessário falar, escrever, explicar e exigir a abertura da imprensa de oposição nacional para esse trabalho. Todas as oportunidades devem ser aproveitadas e os trabalhos pessoais devem ser inspirados por essa preocupação e necessidade. A ação da propaganda deve ser buscada a fim de manter presente e permanente a explicação do nacionalismo. Chorar pelo passado ou praticar uma política de ressentimento seria contrário à meta desejada. A responsabilidade pelo abandono da Argélia está, não com o povo enganado, mas com o regime e os políticos (civis e militares) que dirigiram o combate “nacional”. Da mesma forma, é necessário manter contato com todos os partisans sinceros. Ajudar aqueles que sofreram. Ser ativamente presente ao lado de nossos compatriotas refugiados da Argélia e não deixar a iniciativa apenas às forças do regime. Esse período de transição deve ser bem usado para um trabalho profundo, a fim de preparar a hora em que os militantes, antes dispersos, se juntarão para estabelecer a Organização Nacionalista, definir o seu programa e começar a luta. Não, as conspirações não resolvem nada, são nocivas. Os conspiradores se parecem com velhas senhoras que se reúnem para desabafar suas angústias e sentimentos rancorosos. Conspiradores de salões ou terroristas, se isolam de seus compatriotas. Assumem uma mentalidade confusa, tornam- se mal-humorados e o ressentimento os domina. Assim eles se distanciam permanentemente do nacionalismo e da vitória.
  • 18. Revolucionários Teatrais Não são os meios utilizados, mas as metas que caracterizam uma organização revolucionária. Os meios, por si mesmos, dependem das circunstâncias. Assim, o partido bolchevique usou a ilegalidade e violência, enquanto o partido nacional socialista, também uma organização revolucionária, usou apenas meios legais para conquistar o poder. A extravagância na expressão, a promessa do Apocalipse, nunca fez o nacionalismo avançar sequer um passo, ao contrário. O adversário encontra argumentos fáceis, o povo se distancia de homens que parecem loucos perigosos, os partisans são desencorajados ou ficam deformados. Os revolucionários teatrais, nos seus comentários, na sua atitude e na sua ação, são inimigos da revolução. Em especial, os elementos jovens estarão em sua guarda. Vestir roupas chamadas de uniforme, confundir sectarismo com intransigência, mostrar violência gratuita, são práticas infantis. Alguns veem a exaltação de um romantismo mórbido nisso. A revolução não é nem um uniforme enfeitado e nem uma fantasia para mitomaníacos. A ação revolucionária não é a ocasião para um aumento de purismo. Bases no Povo A ação busca iluminar o povo intoxicado pela poderosa propaganda do regime, propor o ideal nacionalista e organizar a vitória. É por isso que a prioridade é dada à propaganda. Dirigida às massas, essa ação deve ser estritamente legal. O trabalho entre as massas não é um privilégio do comunismo. Apenas precisa de um método viável. A penetração sistemática e paciente cobrirá os mais variados aspectos. A insatisfação dos trabalhadores em uma empresa contra os líderes de sindicatos, a revolta dos sem teto num bairro, a concentração de refugiados do Norte da África em um bloco de apartamentos densamente habitado, uma abertura na federação local de fazendeiros, um grupo estudantil, as eleições numa municipalidade favorável, um centro de instrução do exército, uma escola profissionalizante, há tantas oportunidades para formar progressivamente, com perseverança e perfeita adaptação aos seus meios, bases nacionalistas. O professor, o engenheiro, o policial, o sindicalista, os militantes nacionalistas, todos serão no seu meio os organizadores dessas bases. A organização de tais bases em meios populares implica uma especialização do trabalho e a concentração dos esforços de todos em alguns pontos escolhidos após uma análise cuidadosa das chances e dos meios a serem empregados. É melhor controlar em toda a França apenas uma empresa, uma municipalidade, uma universidade, do que começar uma agitação generalizada sem nenhum poder sobre as massas. Essas fortalezas do nacionalismo se tornarão pelo seu próprio exemplo os melhores meios de propaganda. Serão escolas de militantes e organizadores que, por sua vez, buscarão agir em outros meios. É uma ação longa e exigente sem glória e sem glamour. É uma ação trabalhosa. Mas apenas essa ação se mostrará eficaz. PEQUENA INDÚSTRIA OU EFICÁCIA Pequena Indústria Na origem do combate nacionalista, o vasto número de iniciativas e a fraqueza dos meios iniciais concentraram em um número muito pequeno de militantes a totalidade das tarefas. O que foi
  • 19. necessário durante o primeiro estágio se torna catastrófico quando a organização se desenvolve. Poucos organizadores ficam sobrecarregados com inúmeras atividades, as quais são todas tão necessárias quanto o resto. Ao redor, está o costume de confiar neles para tudo. Devido ao medo de ver uma tarefa sendo feita de forma errada por um membro, o organizador continua a fazer tudo sozinho. O espírito da iniciativa desaparece e com ele o gosto pela ação. Os militantes de valor se veem relegados a tarefas básicas; perdem a sua fé e dinamismo. Nesse estágio de pequena indústria, todos devem saber fazer tudo e ninguém é responsável por nada em especial. As habilidades pessoais dos militantes são ignoradas. O trabalho de pequena indústria leva a uma perda extraordinária de energia e qualidade. Assim, temos um jornalista econômico excelente, com bons contatos nos Estados Unidos, encarregado de distribuir panfletos da Organização de Armas Secreta nos correios. Ele foi preso no decorrer de uma dessas operações que partisans jovens, estudantes ou outros, poderiam fazer no seu lugar, quando ninguém podia substituí-lo na sua especialidade, quando sua utilidade deveria parecer óbvia. O organizador sobrecarregado, assim como o novo militante, sofre o mesmo sentimento de ineficácia e desgosto. Ambos estão conscientes de trabalhar num vácuo. Os militantes experientes existem em números suficientes para, no futuro, a Organização Nacionalista recusar o trabalho de pequena indústria que resulta em sufocamento. Divisão do Trabalho e Centralização A variedade de atividades da organização, a diversidade dos meios que deve penetrar e o caráter aberto e encoberto da luta impõem uma divisão de trabalho que deve chegar, em certos casos, à compartimentalização. Essa divisão por tipos de atividade, confiada a líderes capazes, é logicamente acompanhada por um comando único e centralizado no topo. Em cada tipo de atividade, a divisão do trabalho e a especialização dos membros deve ser praticamente igual. Os organizadores locais devem ser capazes e buscar o máximo de eficácia para a ação, a centralização e especialização de tarefas deverão abrir as possibilidades. Por exemplo, o departamento de propaganda deve ser capaz de suprir os grupos locais de material adequado, em vez das iniciativas de pequena indústria incapazes de lutar contra a propaganda adversa. Com os seus militantes, a Organização estará presente em todos os lugares, inclusive dentro do adversário. A presença de militantes em certos mecanismos econômicos e administrativos pode ser de utilidade infinitamente superior à sua participação nas atividades de um grupo de ativistas. A luta não tem uma forma única. É por isso que a divisão do trabalho deve ser igualmente aplicada em nível de organizações locais. Os membros devem ser elementos ativos de um trabalho em comum, responsáveis por tarefas específicas e não simplesmente executarem ordens. Nessa condição, os militantes eficazes, organizadores e quadros serão formados.