O documento discute a geografia das religiões, definindo-a como o estudo do impacto da geografia nas crenças religiosas. Também aborda a geografia religiosa e a geografia bíblica. Explica brevemente alguns conceitos como politeísmo, monoteísmo e as principais religiões atuais como cristianismo, islamismo e hinduísmo. Por fim, discute a relação entre religião, fanatismo e conflitos atuais em diversas partes do mundo.
2. O que é?
Geografia da religião é o estudo do impacto da geografia, ou seja, do lugar e do
espaço, na crença religiosa.
Outro aspecto da relação entre religião e geografia é a "geografia religiosa", na
qual as ideias geográficas são influenciadas pela religião, como na fabricação de
mapas e a "geografia bíblica", que se desenvolveu no século XVI para identificar
locais citados na Bíblia.
3. Geografia Religiosa
Isodoro (570-636 d.C.), bispo de Sevilha, criou o mapa
etimologias, também conhecido como mapa T-0. Este mapa
esquemático tinha o seguinte significado: o "T" representava
os três cursos d'água que dividiam o ecúmero, o
Mediterrâneo, que separa a Europa da África; o Nilo,
separando a África da Ásia; e o Don, entre a Ásia e a Europa.
O ecúmero teria sido dividido por Noé entre seus três filhos
após o Dilúvio. Além disso, o "T" também simbolizava a cruz
e na sua junção estaria localizada Jerusalém, centro do
mundo. Esses mapas, em sua maioria, eram circulares e
emoldurados por um grande oceano.
Este mapa com as letras T e O, abstrai o mundo conhecido
da sociedade para uma cruz inscrita num orbe, refaz a
geografia a serviço do cristão, e identifica os três continentes
conhecido como povoados pelos descendentes de Sem,
Cam, e Jafé.
4. Geografia Bíblica
Sodoma e Gomorra (do hebraico דֹום ְס
Sodom e ה ָמֹורֲעAmorah ) são, de acordo
com a Bíblia judaica, duas cidades que
teriam sido destruídas por Deus com
fogo e enxofre caídos do céu. Segundo
o relato bíblico, as cidades e os seus
habitantes foram destruídos por Deus
devido à prática de atos imorais,
segundo a moral da Antiga Israel;
Entretanto, arqueologistas nunca
encontraram nenhuma evidência
significativa da existência de Sodoma e
Gomorra.
5. Religião: definição
A palavra religião deriva do termo latino Re-Ligare, que significa religação com o
divino. Essa definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico
e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas
de pensamentos que tenham como característica fundamental um conteúdo
metafísico, ou seja, além do mundo físico.
As religiões são formadas por histórias, muitas vezes mitos de personagens que, de
alguma forma, conseguiram convencer as pessoas de que há um ser maior – ou
vários seres maiores, no caso das religiões politeístas – que criou tudo e tudo
controla. Desde que o ser humano passou a se organizar em cidades, impérios e
grupos cada vez maiores, as crenças são difundidas, incorporam traços culturais de
outros povos conquistados e sofrem transformações ao longo dos anos.
6. Tipos de religiões: Politeísmo
Politeísmo: sistema ou crença religiosa que admite mais de um deus.
Deusesegípcios.
7. Tipos de religiões: Monoteísmo
Monoteísmo: doutrina religiosa que defende a existência de uma única divindade.
Culto ou adoração de um único deus.
9. Principais religiões: Cristianismo
Cristianismo: 29% da população mundial é
adepta ao Cristianismo. A religião que tem
como única divindade Jeová – ou Javé –
possui algumas vertentes, como o
Protestantismo, idealizado por Martinho
Lutero e o Cristianismo Ortodoxo, que
surgiu após a separação do Império
Romano em 476 d.C. A Igreja Católica
Romana está mais presente nas Américas
(com exceção dos Estados Unidos, que
possui grande maioria protestante), na
África Central e na Europa Ocidental. A
Igreja Ortodoxa possui mais adeptos na
Europa Oriental e na Rússia. Já o
Protestantismo está presente na Austrália,
no sul da África e nos países escandinavos;
10. Principais religiões: Islamismo
Islamismo: 23% da população mundial segue
a tradição do Islamismo, que tem em Alá sua
divindade e em Maomé, o principal nome
profético. A distribuição de pessoas que têm
como religião o Islamismo é feita
principalmente no Norte da África, em todo o
Oriente Médio e no sudoeste asiático. Há
duas principais vertentes do Islã: os xiitas e os
sunitas. Embora haja seguidores das duas
vertentes em quase todo o Oriente Médio, a
concentração de xiitas é muito menor e
resume-se ao Iraque, ao Irã e ao Iêmen.
Outras vertentes menos conhecidas também
existem, mas possuem poucos seguidores.
11. Principais religiões: Hinduísmo
Hinduísmo: a religião tradicional indiana é praticada por mais de um bilhão de
pessoas em todo o mundo, ou seja, aproximadamente 15% da população mundial.
Mais da metade vive na Índia e no Nepal, mas há praticantes em mais de 15 países
em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. A principal divindade é o Brâman,
mas há várias divindades adoradas e cultuadas pelos praticantes do Hinduísmo.
Brâman, na verdade, pode assumir vários avatares e representar várias entidades, o
que faz com que o Hinduísmo seja de certa forma politeísta.
12. Budismo: é uma religião criada por Buda, um príncipe chamado Sidarta Gautama.
Surgiu na Índia, no século VI a.C. Dentro do budismo não existe hierarquia, até
porque não há um deus, somente um líder espiritual, que é o Buda. No mundo
existem cerca de 400 mil seguidores, sobretudo, na Ásia.
Principais religiões: Budismo
13. Ateísmo e Agnosticismo
Agnosticismo: doutrina que reputa inacessível ou incognoscível ao entendimento
humano a compreensão dos problemas propostos pela metafísica ou religião (a
existência de Deus, o sentido da vida e do universo etc.), na medida em que
ultrapassam o método empírico de comprovação científica.
Ateísmo: doutrina ou atitude de espírito que nega
categoricamente a existência de Deus, asseverando a
inconsistência de qualquer saber ou sentimento direta ou
indiretamente religioso, seja aquele calcado na fé ou
revelação, seja o que se propõe alcançar a divindade em
uma perspectiva racional ou argumentativa.
Denominação atribuída às concepções heterodoxas ou
dubitativas a respeito da existência da divindade, tais
como o panteísmo, o ceticismo, o deísmo enciclopedista
etc.
14. Religião e globalização
Atualmente a geografia das religiões é bem
definida, mas, com a globalização atingindo
um nível surpreendente de câmbio entre os
povos, é possível encontrar seguidores de
uma religião do extremo oriente do planeta
morando no extremo ocidente e vice-versa.
A disposição dos povos nos dias atuais é
importante para entendermos a geografia
das religiões e como estas religiões exercem
influências positivas e negativas sobre os
povos do mundo.
15. A religião e o fanatismo
Fanatismo religioso é uma forma de fanatismo caracterizada pela devoção
incondicional, exaltada e completamente isenta de espírito crítico, a uma ideia ou
concepção religiosa. Em geral, o fanatismo religioso também se caracteriza pela
intolerância em relação às demais crenças religiosas. Um fanático religioso é,
muitas vezes, um indivíduo disposto a se utilizar de qualquer meio para afirmar a
primazia da sua fé sobre as demais.
16. Fanatismo religioso
Há na história mundial vários exemplos de pessoas que usam a religião como
preceito para praticar atos de crueldade e “seleção” daqueles que – segundo os
“conceitos da religião” – são as únicas pessoas dignas de permanecer. Casos
como as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, pelo Nazismo, pelas
Cruzadas, entre tantos outros, são exemplos de que o fanatismo religioso,
sobretudo aquele que não leva em conta as crenças alheias, pode provocar
diversos sentimentos – inclusive ódio e insensibilidade – nas pessoas que
praticam religiões. O poder de interpretação que o ser humano tem é o que torna
as diversas crenças tão importantes, mas tão perigosas para a manutenção da
ordem e da vida na Terra.
17. Religiões e conflitos atuais
Depois da II Guerra Mundial, a ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que colocava em pauta o “respeito universal e observância dos direitos
humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua
ou religião”. O ideal foi reforçado em 1999, ano em que líderes budistas,
protestantes, católicos, cristãos ortodoxos, judeus, muçulmanos e de várias outras
religiões se reuniram para assinar o Apelo Espiritual de Genebra. O documento
pedia aos líderes políticos e religiosos algo simples: a garantia de que a religião
não fosse mais usada para justificar a violência.
Passados muitos anos e outras muitas tentativas de garantir a liberdade religiosa,
grande parte dos conflitos que hoje acontecem no mundo ainda envolve crenças e
doutrinas, que se misturam a uma complexa rede de fatores políticos, econômicos,
raciais e étnicos. De “A a T”, conheça alguns conflitos atuais que têm, entre suas
motivações, a intolerância religiosa
18. Afeganistão
Grupos em conflito: fundamentalistas radicais muçulmanos e não-
muçulmanos
O Afeganistão é um campo de batalhas desde a época em que Alexandre, o
Grande, passava por lá, em meados de 300 a.C. Atualmente, dois grupos
disputam o poder no país, em um conflito que se desenrola há anos. De um
lado está o Talibã, movimento fundamentalista islâmico que governou o país
entre 1996 e 2001. Do outro lado está a Aliança do Norte, organização
político-militar que une diversos grupos demográficos afegãos que buscam
combater o Regime Talibã.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a Aliança do Norte passou a
receber o apoio dos Estados Unidos, que invadiram o Afeganistão em busca
do líder do Al-Qaeda, Osama Bin Laden, estabelecendo uma nova república
no país. Em 2011, americanos e aliados comemoraram a captura e morte do
líder do grupo fundamentalista islâmico responsável pelo ataque às Torres
Gêmeas, mas isso não acalmou os conflitos internos no país, que continua
sendo palco de constantes ataques talibãs.
19. Nigéria
Grupos em conflito: cristãos e muçulmanos
Não é apenas o rio Níger que divide o país africano: a população
nigeriana, de aproximadamente 148 milhões de habitantes, está
distribuída em mais de 250 grupos étnicos, que ocuparam diferentes
porções do país ao longo dos anos, motivando constantes disputas
territoriais. Divididos espacialmente e ideologicamente estão também os
muçulmanos, que vivem no norte da Nigéria, e cristãos, que habitam as
porções centro e sul. Desde 2002, conflitos religiosos têm se acirrado no
país, motivados principalmente pela adoção da sharia, lei islâmica, como
principal fonte de legislação nos estados do norte. A violência no país já
matou mais de 10 mil pessoas e deixou milhares de refugiados.
20. Iraque
Grupos em conflito: xiitas e sunitas
Diferentes milícias, combatentes e motivações se misturam no conflito
que tem lugar em território iraquiano. Durante os anos de 2006 e 2008, a
Guerra do Iraque incluía conflitos armados contra a presença do exército
dos Estados Unidos e também violências voltadas aos grupos étnicos do
país. Mas a retirada das tropas norte-americanas, em dezembro de 2011,
não cessou a tensão interna. Desde então, grupos militantes têm liderado
uma série de ataques à maioria xiita do país. O governo iraquiano estima
que, entre 2004 e 2011, cerca de 70 mil pessoas tenham sido mortas.
21. Israel
Grupos em conflito: judeus e mulçumanos
Em 1947, a ONU aprovou a divisão da Palestina em um Estado judeu e outro árabe. Um
ano depois, Israel foi proclamado país. A oposição entre as nações árabes estourou uma
guerra, que, com o crescimento do território de Israel, deixou os palestinos sem Estado.
Como tentativa de dar fim à tensão, foi assinado em 1993 o Acordo de Oslo, que deu
início às negociações para criação de um futuro Estado Palestino. Tudo ia bem até chegar
a hora de negociar sobre a situação da Cisjordânia e da parte oriental de Jerusalém – das
quais nem os palestinos nem os israelenses abrem mão.
Na Palestina, as eleições parlamentares de 2006 colocaram no poder o grupo
fundamentalista islâmico Hamas. O grupo é considerado uma organização terrorista pelas
nações ocidentais e fracassou em formar um governo ao lado do Fatah – partido que
prega a reconciliação entre palestinos e israelenses. O Hamas assumiu o poder da Faixa
de Gaza. E o Fatah chegou ao da Cisjordânia, em conflitos que se prolongaram até
fevereiro de 2012, quando os dois grupos fecharam um acordo para a formação de um
governo. Mas segundo o site da Al Jazeera, rede de notícias do Oriente Médio, a rixa
continua. Eleições parlamentares e presidenciais serão conduzidas nos dois territórios e a
tensão internacional permanece pela possibilidade do Hamas voltar a vencer no processo
eleitoral.
22. Sudão
Grupos em conflito: muçulmanos e não-muçulmanos
A guerra civil no Sudão já se prolonga há mais de 46 anos. Estima-se que
os conflitos, que misturam motivações étnicas, raciais e religiosas, já
tenham deixado mais de 1 milhão de sudaneses refugiados. Em maio de
2006 o governo e o principal grupo rebelde, o Movimento de Libertação
do Sudão, assinaram o Acordo de Paz de Darfur, que previa o
desarmamento das milícias árabes, chamadas janjawid, e visava dar fim à
guerra. No mesmo ano, no entanto, um novo grupo deu continuidade
àquela que foi chamada de “a pior crise humanitária do século” e
considerada genocídio pelo então secretário de estado norte-americano
Colin Powell, em 2004.
23. Tailândia
Grupos em conflito: budistas e mulçumanos
Um movimento separatista provoca constantes e violentos ataques no sul
da Tailândia e criou uma atmosfera de suspeita e tensão entre
muçulmanos e budistas. Apesar dos conflitos atingirem os dois grupos,
eles representam parcelas bastante desiguais do país: segundo dados do
governo tailandês, quase 90% da população do país é budista e cerca de
10% muçulmana.
24. Tibete
Grupos em conflito: Partido Comunista da China e budistas
A regulação governamental aos monastérios budistas teve início
quando o Partido Comunista da China marchou rumo ao Tibete,
assumindo o controle do território e anexando-o como província, em
1950. Mais de meio século se passou desde a violenta invasão, que
matou milhares de tibetanos e causou a destruição de quase seis mil
templos, mas a perseguição religiosa permanece. Um protesto pacífico
iniciado por monges em 2008 deu início a uma série de protestos no
território considerado região autônoma da República Popular da China.
28. Religião no Brasil
A religião no Brasil é muito diversificada e caracteriza-
se pelo sincretismo. A Constituição prevê a liberdade
de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente
separados, sendo o Brasil um Estado laico. A
legislação brasileira proíbe qualquer tipo de
intolerância, sendo a prática religiosa geralmente livre
no país. Segundo o Relatório Internacional de
Liberdade Religiosa de 2005, elaborado pelo
Departamento de Estado dos Estados Unidos, a
"relação geralmente amigável entre religiões contribui
para a liberdade religiosa" no Brasil. O Brasil é um país
religiosamente diverso, com a tendência de
mobilidade entre as religiões e o sincretismo religioso.
29. Principais religiões e crenças no Brasil e
seus seguidores (ano de 2000, IBGE)
Religião ou Crença Nº de seguidores no Brasil
Igreja Católica Apostólica Romana 124.980.132
Igreja Católica Ortodoxa 38.060
Igreja Batista 3.162.691
Igreja Luterana 1.062.145
Igreja Presbiteriana 981.064
Igreja Metodista 340.963
Assembleia de Deus 8.418.140
Congregação Cristã do Brasil 2.489.113
Igreja Universal do Reino de Deus 2.101.887
Igreja do Evangelho Quadrangular 1.318.805
Igreja Deus é Amor 774.830
Outros Penteconstais / Neopentecostais 2.514.532
Igreja Adventista do Sétimo Dia 1.209.842
Testemunhas de Jeová 1.104.886
Mórmons 199.645
Espiritismo 2.262.401
Umbanda 397.431
Budismo 214.873
Candomblé 127.582
Igreja Messiânica 109.310
Judaísmo 86.825
Tradições esotéricas 58.445
Islamismo 27.239
Crenças Indígenas 17.088
Orientais (bahaísmo, hare krishna, hinduísmo,taoísmo, xintoísmo, seicho-no-iê) 52.507
Outras religiões 41.373
Sem declaração / não determinadas 741.601
Sem religião 12.492.403
30. Dados de 2010 (Censo do IBGE):
Católica Apostólica Romana: 64,6%
Evangélicas: 22,2%
Espírita: 2%
Umbanda e Candomblé: 0,3%
Sem religião 8%
Outras religiosidades: 2,7%
Não sabe / não declarou: 0,1%