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O vampiro vegetariano
Carlo Frabetti
Tradução Heitor Ferraz Mello
Temas Importância da amizade; Respeito pela diferença; Tolerância
Guia de leitura
para o professor
O livro O senhor Lucarda é assustador; sempre vestido
de preto, não fala com ninguém e seus olhos escuros
e penetrantes parecem adivinhar o pensamento das
pessoas. Tomás, um garoto de 10 anos, morador do
mesmo prédio do senhor Lucarda, não tem dúvidas:
seu vizinho é um vampiro. E ele tenta provar à sua
amiga Lúcia que esta teoria está correta. Para os garotos,
as desconfianças acabam virando certeza no dia em
que eles encontram o senhor Lucarda com a boca suja
de sangue no quarto de Camila, uma jovem e bela
moradora do prédio em que eles vivem.
O autor Carlo Frabetti nasceu em Bolonha,
Itália, em 1945, mas mora na Espanha.
Escritor e matemático, ele é membro da
Academia de Ciências de Nova York.
Também é diretor de diversos programas
de televisão. Frabetti tem mais de 40 livros
publicados, muitos dos quais para crianças e
jovens. Apesar de ser italiano, seus livros são
geralmente escritos na língua espanhola.
A ilustradora Meritxell Duran nasceu em
Barcelona, Espanha, em 1964. Trabalha
como ilustradora e é também escultora.
Desde 1990 ela colabora intensamente com
vários jornais e editoras espanholas.
Série Laranja nº 5
112 páginas
2008996275072
O vampiro vegetariano Carlo Frabetti
Interpretando o texto
Amizade e diferença
O vampiro vegetariano conta, com humor e suspense, as aven-
turas de dois garotos, Lúcia e Tomás, às voltas com um novo vi-
zinho, que suspeitam ser um vampiro, um assassino de crianças.
Por causa dele, os dois amigos realizam investigações, envolvem-
se em perigos para salvar inocentes, concebem planos mirabo-
lantes, constroem armadilhas, enfim, agem como espiões, deteti-
ves e caça-vampiros.
A narrativa inicia-se quando o senhor Lucarda torna-se vizi-
nho dos garotos. Alto, magro, sempre vestido de preto, vive so-
zinho e nunca fala com ninguém. Sua estranha aparência, seus
olhos escuros e penetrantes, que parecem ler o pensamento das
pessoas, amedrontam Tomás. Este descobre que, além de ter um
caixão em casa, o esquisito personagem olha sua bela vizinha Ca-
mila com demasiado interesse e resolve observá-lo de perto.
A história prossegue, em tom de crescente suspense, com as
investigações dos garotos levando-os a novas e desconcertantes
descobertas: o nome Lucarda é um anagrama (palavra formada
pela transposição das letras de outra palavra) de Drácula, há um
laboratório misterioso na casa do suspeito, ocorrem ataques a
habitantes do prédio, a bela Camila é uma das vítimas. Munidos
de um arsenal antivampiros, os garotos planejam mil formas de
acabar com o perigoso personagem.
A solução do mistério é totalmente inesperada: o senhor Lu-
carda é mesmo um vampiro, mas inofensivo: alimenta-se de um
composto vitamínico produzido com suco de tomate e procura
descobrir um sangue vegetal, capaz de livrar os vampiros de boa
índole da imperiosa necessidade de chupar o sangue das pessoas.
E a bela Camila, a tão diáfana e encantadora criatura com quem
tanto se preocupavam os garotos, é a verdadeira vampira.
Além de momentos de suspense e humor adequados à fai-
xa etária, o livro oferece excelente ocasião para se discutir com
os alunos sobre a importância da aparência na formação dos
juízos. Quantas vezes as pessoas se deixam levar, como Lúcia e
Tomás, pela aparência, pelo status ou pela situação econômica
de alguém? Quantas vezes perdem-se excelentes oportunidades
de aproximação em função de as pessoas se impressionarem
com um defeito físico ou com uma aparência anticonvencional?
Quantas vezes as pessoas se afastam apenas pelo que os outros
dizem, pelo que os outros comentam?
a lenda do conde drácula
A figura do conde Drácula é cercada
de mistério e fascínio. Sua origem
é incerta, mas sabe-se que lendas
populares de vampiros tiveram grande
influência nas várias versões já
apresentadas sobre o personagem.
Na Romênia (país da Europa oriental,
cuja capital é Bucareste e onde fica
a bacia da Transilvânia), acreditava-
se que pessoas que morriam
amaldiçoadas, excomungadas,
crianças ilegítimas ou não batizadas
e também bruxas estavam condenadas
a viver eternamente alimentando-se
de sangue humano. Também na
América do Sul existem lendas sobre
uma criatura que se transforma em
uma luz azul e invade as casas durante
a noite para sugar o sangue de suas
vítimas até a morte.
vlad tepes
Nasceu na Transilvânia em 1431.
Príncipe que reinou na Valáquia,
região da Romênia, no século XV,
era conhecido por sua crueldade e
por empalar seus inimigos nos
arredores de seu palácio. Na história
de Bram Stocker, Tepes se transforma
em um poderoso vampiro após a
morte de sua esposa, culpando e
blasfemando contra Deus e fazendo
um pacto com o Demônio.
Há controvérsias sobre a verdadeira
natureza de Vlad Tepes. De acordo
com historiadores romenos, sua fama
e de seus descendentes teria sido
fruto do profundo preconceito com
que os europeus trataram a família
durante séculos. Fundada em panfletos
difamatórios e inverdades históricas,
Mergulhando
na temática
O vampiro vegetariano Carlo Frabetti
Esse tema central leva ao tema da amizade. No final da his-
tória os meninos tornam-se amigos tanto do senhor Lucarda
como dos verdadeiros vampiros. Esse desfecho permite discutir
se é possível a amizade entre pessoas completamente diferentes
umas das outras.As pessoas podem se enganar a respeito de uma
amizade? O que é um verdadeiro amigo? O que é necessário para
manter uma amizade? A solidão do senhor Lucarda, que vivia
sem amigos apenas por ser estranho, também pode propor dis-
cussão sobre a importância da amizade. Como se sente alguém
que não tem amigos? Ou alguém que sofre as conseqüências do
preconceito provocado pela sua aparência estranha? Por que é
tão difícil para algumas pessoas fazerem amigos? E o que se pode
fazer em situações como essas?
A história e seu gênero
O livro explora tema (os vampiros estão entre nós), perso-
nagens (humanos versus vampiros) e cenários (quarto com cai-
xão, laboratório misterioso, cemitério, cripta) característicos dos
contos de terror, adequando-os à faixa etária do público infan-
to-juvenil, que é a grande platéia de filmes e histórias de mons-
tros, personagens fantasmagóricos e forças sobrenaturais. Sem
carregar nas tintas, de maneira bem-humorada e nada mórbida,
o autor estrutura sua narrativa de forma a criar expectativa e
suspense, elegendo vampiros como personagens centrais.
Esses seres, que povoam o imaginário popular há séculos, são
criaturas imortais, que se alimentam de sangue humano, cravan-
do seus enormes caninos em pobres mortais, amaldiçoando-os e
condenando-os também à condição de vampiro. No século XIX,
essa figura ganha perfil próximo ao que a caracteriza nos dias de
hoje com a publicação de Drácula, obra mundialmente conheci-
a origem dos Drácula vem sendo
reconstituída na Romênia por alguns
historiadores.
http://www.draculascastle.com.
bram stocker
(1847-1912), escritor irlandês que
criou uma das versões mais conhecidas
do conde Drácula. Para escrever o
livro Drácula (1897), o autor baseou-se
em lendas rurais romenas e em fatos
históricos que envolveram um príncipe
da região da Valáquia, o príncipe Vlad
Tepes, no século XV, o que deu um
toque de realismo à história.
por que o nome drácula?
Existem várias versões das razões
pelas quais Vlad Tepes recebeu o
apelido de Drácula. A versão mais
coerente é a de que o apelido se
origina na Ordem dos Dragões, da
qual o pai de Vlad era cavaleiro. O
próprio Vlad assinava o nome Drácula,
por causa da Ordem. Segundo alguns
estudiosos, o fato de drákul significar
demônio é apenas coincidência.
drácula no cinema
No cinema, o conde Drácula foi
incorporado de forma marcante
por Bela Lugosi, ator húngaro que
imortalizou a imagem de aristocrata
sensual e cortês, de cabelos
pretíssimos, sempre elegantemente
vestido de preto. O filme Drácula
foi criado em 1931 e tornou-se
um clássico do gênero, devido
principalmente à atuação do ator.
Há a versão em vídeo no Brasil: seria
interessante escolher algumas cenas
para que os alunos pudessem visualizar
a analogia que fazem os personagens
da obra entre Lugosi e o vampiro
Lucarda. Há várias outras versões cinematográficas
posteriores, destacando-se a dirigida por Francis Ford
Coppola, Drácula, de Bram Stoker, de 1992, que
também poderia ter algumas cenas selecionadas e
exibidas aos alunos para que pudessem perceber como
um mesmo personagem é representado de diferentes
formas, em diferentes épocas, por diferentes atores e
diretores, que usam recursos muito diversos para criar a
ambientação e o suspense.
*Os destaques remetem ao item Mergulhando na temática.
O vampiro vegetariano Carlo Frabetti

da, do escritor inglês Bram Stocker. (Há uma referência sobre o
livro e seu autor na p. 14.) A primeira versão de Drácula foi leva-
da ao cinema em 1931 e ficou famosa, sobretudo pela atuação de
Bela Lugosi, que contribuiu muito para imortalizar a figura de
Drácula (o filme é citado nas pp. 11 e 12).
Dialogando com os alunos
Antes da leitura
Para motivar a leitura, pode-se:
•	 Propor que os alunos folheiem o livro, observando as ilus-
trações e formulando hipóteses a respeito do que será nar-
rado. Quem serão os personagens ilustrados na capa? Qual
seria sua participação na história?
•	 Fazer a leitura do início da história, até p. 3, interrompen-
do-a no trecho em que diz: “... e, de repente, batem à por-
ta”. Perguntar aos alunos: quem seria? O que pretenderia?
Ouvir a resposta dos alunos e, propondo que se comparem
as hipóteses apresentadas à versão do autor, continuar a
leitura até a descrição do senhor Lucarda, no final da p.
4. Perguntar sobre o personagem: quem seria? Que papel
teria na história? Seria mesmo um assassino de crianças?
Que poderia ele fazer aos personagens? (Somente depois
de ouvir as hipóteses da classe, recomendar a continuação
da leitura.).
Durante a leitura
Continuando com a formulação e confirmação de hipóteses,
sugerir a leitura até o final do cap. 5:
•	 Comentar a importância do ponto de vista na descrição.
Comparar a descrição de Tomás (pp. 4 e 5: “um assassino
de crianças”, “um desses criminosos que fazem ungüentos
mágicos com a gordura das crianças”), a de Rosaura (p. 6:
“ele é bem cavalheiro, mas é um tanto esquisito”; p. 7: “Às
vezes, ele olha de um jeito que dá medo, como se quisesse
hipnotizar ou ler o pensamento”) e a de Camila (p. 7:“Para
mim, parece um homem muito agradável. Tão elegante,
tão reservado”). Por que as descrições são tão diversas en-
tre si? Qual se revelará a mais adequada aos acontecimen-
tos que virão?
•	 Pode-se verificar de que forma os alunos interpretam os
rumos que o autor está dando à história e propor-lhes que
continuem formulando hipóteses a respeito do que ocor-
O vampiro vegetariano Carlo Frabetti
rerá em seguida. Sugere-se que fique combinada com a
classe a necessidade de não adiantar a leitura além do pon-
to previamente acordado, para não prejudicar o prazer da
descoberta, para não estragar o jogo.
•	 É interessante ler o cap. 6 com a classe, até o momento
em que se iniciará a carta de Camila e novamente avaliar
o rumo que os fatos estão tomando. O que acontecerá a
seguir? O título atribuído seria apenas uma forma de des-
pistar o leitor? Seria uma ironia?
Depois da leitura
Comentadas as soluções dadas pelo autor, pode-se:
•	 Perguntar aos alunos se gostaram ou não da história, o que
mais apreciaram, de que não gostaram, o que mudariam
se fossem os autores. É importante que sempre justifiquem
suas opiniões.
•	 Comentar a importância do foco narrativo adotado (ter-
ceira pessoa, narrador onisciente) na construção da histó-
ria, lembrando que o importante não é identificar o tipo
de foco utilizado, mas fazer refletir sobre sua utilização.
Assim, é possível:
	 3 perguntar aos alunos: a história poderia ser narrada por
Lúcia? Por Tomás? Pelo senhor Lucarda? Por Camila? O
que a escolha das duas últimas hipóteses acarretaria na
construção do suspense?
	 3 selecionar trechos que mostram que o autor conhece os
pensamentos de alguns personagens (por exemplo, de
Lúcia, no início do cap. 6; de Tomás, no início do cap.
4; do senhor Oliva, p. 17) e verificar se os alunos perce-
bem a importância dessa escolha na construção de uma
história de suspense: por que o autor utiliza tantas vezes
esse recurso quando se trata de Lúcia? Por que a utili-
zação nos trechos selecionados? Seria possível utilizar
esse foco narrativo e mostrar ao leitor o que pensam o
senhor Lucarda e Camila? Por quê?
•	 Pedir aos alunos que, por escrito, proponham desfechos
diversos para a história vivida por Lúcia e Tomás. Depois,
reunidos em grupos, lerão seus textos finais aos colegas,
que escolherão o mais interessante de cada equipe para
apresentar à classe. Não deixar de lembrar a importância
de adaptar o título à nova solução.
•	 Propor aos alunos que, em duplas, criem uma história de
suspense na qual o nome das personagens seja construído
a partir de anagramas. Nesta atividade, seria importante
orientar a produção, passo a passo:
O vampiro vegetariano Carlo Frabetti
Elaboração do guia Dileta Delmanto;
coordenação Ivone Daré Rabello; revisão
pedagógica e preparação Miró Editorial
	 3 pensar na história que querem contar, planejando-a
oralmente antes de passá-la para o papel. Insistir na im-
portância de ter o final bem delineado antes de começar
a escrever.
	 3 escolher um título bem adequado ao texto e que não
atrapalhe o suspense.
	 3 criar os anagramas.
	 3 escrever a história e, depois, relê-la, fazendo as corre-
ções necessárias.
	 3 ler o texto para a classe ou para o grupo. (Os colegas
podem tentar decifrar os anagramas e também opinar
sobre os textos lidos. Refeitos, estes poderão constar de
uma antologia de histórias de suspense, ilustrada e en-
cadernada.).
Pressupostos para um projeto de ensino/estudo
da literatura infantil
	 1.	Concepção da criança como um ser educável: o ser humano é (ou
deve ser) um aprendiz de cultura, enquanto dura o seu ciclo vital.
	 2.	Concepção da literatura como um fenômeno de linguagem resul-
tante de uma experiência existencial/social/cultural.
	 3.	Valorização das relações existentes entre literatura, história e cul-
tura.
	 4.	Compreensão da leitura como um diálogo entre leitor e texto, ati-
vidade fundamental que estimula o ser em sua globalidade (emo-
ções, intelecto, imaginário, etc.), e pode levá-lo da informação
imediata (através da“história”,“situação”ou“conflito”...) à forma-
ção interior, a curto, médio ou longo prazo (pela fruição de emo-
ções e gradativa conscientização dos valores ou desvalores que se
defrontam no convívio social).
	 5.	Compreensão da escrita como ato-fruto da leitura assimilada e/ou
da criatividade estimulada pelos dados de uma determinada cul-
tura.
	 6.	Certeza de que os meios didáticos (métodos, processos, estratégias,
técnicas...) são neutros. Isto é, sua eficácia depende do grau de co-
nhecimento da matéria que o usuário possua; da adequação entre
esses meios didáticos e a matéria a ser trabalhada, e da intenciona-
lidade de quem os escolhe e manipula.
	 7.	Certeza de que a escola é o espaço privilegiado, em que devem ser
colocados os alicerces do processo de auto-realização vital/cultu-
ral, que o ser humano inicia na infância e prolonga até a velhice.
Diante desse elenco de princípios ou pressupostos educacionais,
ressalta a responsabilidade da escola e, acima de tudo, do professor.
Nelly Novaes Coelho Literatura infantil — teoria, análise, didática.
São Paulo, Moderna, 2000. p. 17-8

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Guia de leitura o vampiro vegetariano

  • 1. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti Tradução Heitor Ferraz Mello Temas Importância da amizade; Respeito pela diferença; Tolerância Guia de leitura para o professor O livro O senhor Lucarda é assustador; sempre vestido de preto, não fala com ninguém e seus olhos escuros e penetrantes parecem adivinhar o pensamento das pessoas. Tomás, um garoto de 10 anos, morador do mesmo prédio do senhor Lucarda, não tem dúvidas: seu vizinho é um vampiro. E ele tenta provar à sua amiga Lúcia que esta teoria está correta. Para os garotos, as desconfianças acabam virando certeza no dia em que eles encontram o senhor Lucarda com a boca suja de sangue no quarto de Camila, uma jovem e bela moradora do prédio em que eles vivem. O autor Carlo Frabetti nasceu em Bolonha, Itália, em 1945, mas mora na Espanha. Escritor e matemático, ele é membro da Academia de Ciências de Nova York. Também é diretor de diversos programas de televisão. Frabetti tem mais de 40 livros publicados, muitos dos quais para crianças e jovens. Apesar de ser italiano, seus livros são geralmente escritos na língua espanhola. A ilustradora Meritxell Duran nasceu em Barcelona, Espanha, em 1964. Trabalha como ilustradora e é também escultora. Desde 1990 ela colabora intensamente com vários jornais e editoras espanholas. Série Laranja nº 5 112 páginas 2008996275072
  • 2. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti Interpretando o texto Amizade e diferença O vampiro vegetariano conta, com humor e suspense, as aven- turas de dois garotos, Lúcia e Tomás, às voltas com um novo vi- zinho, que suspeitam ser um vampiro, um assassino de crianças. Por causa dele, os dois amigos realizam investigações, envolvem- se em perigos para salvar inocentes, concebem planos mirabo- lantes, constroem armadilhas, enfim, agem como espiões, deteti- ves e caça-vampiros. A narrativa inicia-se quando o senhor Lucarda torna-se vizi- nho dos garotos. Alto, magro, sempre vestido de preto, vive so- zinho e nunca fala com ninguém. Sua estranha aparência, seus olhos escuros e penetrantes, que parecem ler o pensamento das pessoas, amedrontam Tomás. Este descobre que, além de ter um caixão em casa, o esquisito personagem olha sua bela vizinha Ca- mila com demasiado interesse e resolve observá-lo de perto. A história prossegue, em tom de crescente suspense, com as investigações dos garotos levando-os a novas e desconcertantes descobertas: o nome Lucarda é um anagrama (palavra formada pela transposição das letras de outra palavra) de Drácula, há um laboratório misterioso na casa do suspeito, ocorrem ataques a habitantes do prédio, a bela Camila é uma das vítimas. Munidos de um arsenal antivampiros, os garotos planejam mil formas de acabar com o perigoso personagem. A solução do mistério é totalmente inesperada: o senhor Lu- carda é mesmo um vampiro, mas inofensivo: alimenta-se de um composto vitamínico produzido com suco de tomate e procura descobrir um sangue vegetal, capaz de livrar os vampiros de boa índole da imperiosa necessidade de chupar o sangue das pessoas. E a bela Camila, a tão diáfana e encantadora criatura com quem tanto se preocupavam os garotos, é a verdadeira vampira. Além de momentos de suspense e humor adequados à fai- xa etária, o livro oferece excelente ocasião para se discutir com os alunos sobre a importância da aparência na formação dos juízos. Quantas vezes as pessoas se deixam levar, como Lúcia e Tomás, pela aparência, pelo status ou pela situação econômica de alguém? Quantas vezes perdem-se excelentes oportunidades de aproximação em função de as pessoas se impressionarem com um defeito físico ou com uma aparência anticonvencional? Quantas vezes as pessoas se afastam apenas pelo que os outros dizem, pelo que os outros comentam? a lenda do conde drácula A figura do conde Drácula é cercada de mistério e fascínio. Sua origem é incerta, mas sabe-se que lendas populares de vampiros tiveram grande influência nas várias versões já apresentadas sobre o personagem. Na Romênia (país da Europa oriental, cuja capital é Bucareste e onde fica a bacia da Transilvânia), acreditava- se que pessoas que morriam amaldiçoadas, excomungadas, crianças ilegítimas ou não batizadas e também bruxas estavam condenadas a viver eternamente alimentando-se de sangue humano. Também na América do Sul existem lendas sobre uma criatura que se transforma em uma luz azul e invade as casas durante a noite para sugar o sangue de suas vítimas até a morte. vlad tepes Nasceu na Transilvânia em 1431. Príncipe que reinou na Valáquia, região da Romênia, no século XV, era conhecido por sua crueldade e por empalar seus inimigos nos arredores de seu palácio. Na história de Bram Stocker, Tepes se transforma em um poderoso vampiro após a morte de sua esposa, culpando e blasfemando contra Deus e fazendo um pacto com o Demônio. Há controvérsias sobre a verdadeira natureza de Vlad Tepes. De acordo com historiadores romenos, sua fama e de seus descendentes teria sido fruto do profundo preconceito com que os europeus trataram a família durante séculos. Fundada em panfletos difamatórios e inverdades históricas, Mergulhando na temática
  • 3. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti Esse tema central leva ao tema da amizade. No final da his- tória os meninos tornam-se amigos tanto do senhor Lucarda como dos verdadeiros vampiros. Esse desfecho permite discutir se é possível a amizade entre pessoas completamente diferentes umas das outras.As pessoas podem se enganar a respeito de uma amizade? O que é um verdadeiro amigo? O que é necessário para manter uma amizade? A solidão do senhor Lucarda, que vivia sem amigos apenas por ser estranho, também pode propor dis- cussão sobre a importância da amizade. Como se sente alguém que não tem amigos? Ou alguém que sofre as conseqüências do preconceito provocado pela sua aparência estranha? Por que é tão difícil para algumas pessoas fazerem amigos? E o que se pode fazer em situações como essas? A história e seu gênero O livro explora tema (os vampiros estão entre nós), perso- nagens (humanos versus vampiros) e cenários (quarto com cai- xão, laboratório misterioso, cemitério, cripta) característicos dos contos de terror, adequando-os à faixa etária do público infan- to-juvenil, que é a grande platéia de filmes e histórias de mons- tros, personagens fantasmagóricos e forças sobrenaturais. Sem carregar nas tintas, de maneira bem-humorada e nada mórbida, o autor estrutura sua narrativa de forma a criar expectativa e suspense, elegendo vampiros como personagens centrais. Esses seres, que povoam o imaginário popular há séculos, são criaturas imortais, que se alimentam de sangue humano, cravan- do seus enormes caninos em pobres mortais, amaldiçoando-os e condenando-os também à condição de vampiro. No século XIX, essa figura ganha perfil próximo ao que a caracteriza nos dias de hoje com a publicação de Drácula, obra mundialmente conheci- a origem dos Drácula vem sendo reconstituída na Romênia por alguns historiadores. http://www.draculascastle.com. bram stocker (1847-1912), escritor irlandês que criou uma das versões mais conhecidas do conde Drácula. Para escrever o livro Drácula (1897), o autor baseou-se em lendas rurais romenas e em fatos históricos que envolveram um príncipe da região da Valáquia, o príncipe Vlad Tepes, no século XV, o que deu um toque de realismo à história. por que o nome drácula? Existem várias versões das razões pelas quais Vlad Tepes recebeu o apelido de Drácula. A versão mais coerente é a de que o apelido se origina na Ordem dos Dragões, da qual o pai de Vlad era cavaleiro. O próprio Vlad assinava o nome Drácula, por causa da Ordem. Segundo alguns estudiosos, o fato de drákul significar demônio é apenas coincidência. drácula no cinema No cinema, o conde Drácula foi incorporado de forma marcante por Bela Lugosi, ator húngaro que imortalizou a imagem de aristocrata sensual e cortês, de cabelos pretíssimos, sempre elegantemente vestido de preto. O filme Drácula foi criado em 1931 e tornou-se um clássico do gênero, devido principalmente à atuação do ator. Há a versão em vídeo no Brasil: seria interessante escolher algumas cenas para que os alunos pudessem visualizar a analogia que fazem os personagens da obra entre Lugosi e o vampiro Lucarda. Há várias outras versões cinematográficas posteriores, destacando-se a dirigida por Francis Ford Coppola, Drácula, de Bram Stoker, de 1992, que também poderia ter algumas cenas selecionadas e exibidas aos alunos para que pudessem perceber como um mesmo personagem é representado de diferentes formas, em diferentes épocas, por diferentes atores e diretores, que usam recursos muito diversos para criar a ambientação e o suspense. *Os destaques remetem ao item Mergulhando na temática.
  • 4. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti da, do escritor inglês Bram Stocker. (Há uma referência sobre o livro e seu autor na p. 14.) A primeira versão de Drácula foi leva- da ao cinema em 1931 e ficou famosa, sobretudo pela atuação de Bela Lugosi, que contribuiu muito para imortalizar a figura de Drácula (o filme é citado nas pp. 11 e 12). Dialogando com os alunos Antes da leitura Para motivar a leitura, pode-se: • Propor que os alunos folheiem o livro, observando as ilus- trações e formulando hipóteses a respeito do que será nar- rado. Quem serão os personagens ilustrados na capa? Qual seria sua participação na história? • Fazer a leitura do início da história, até p. 3, interrompen- do-a no trecho em que diz: “... e, de repente, batem à por- ta”. Perguntar aos alunos: quem seria? O que pretenderia? Ouvir a resposta dos alunos e, propondo que se comparem as hipóteses apresentadas à versão do autor, continuar a leitura até a descrição do senhor Lucarda, no final da p. 4. Perguntar sobre o personagem: quem seria? Que papel teria na história? Seria mesmo um assassino de crianças? Que poderia ele fazer aos personagens? (Somente depois de ouvir as hipóteses da classe, recomendar a continuação da leitura.). Durante a leitura Continuando com a formulação e confirmação de hipóteses, sugerir a leitura até o final do cap. 5: • Comentar a importância do ponto de vista na descrição. Comparar a descrição de Tomás (pp. 4 e 5: “um assassino de crianças”, “um desses criminosos que fazem ungüentos mágicos com a gordura das crianças”), a de Rosaura (p. 6: “ele é bem cavalheiro, mas é um tanto esquisito”; p. 7: “Às vezes, ele olha de um jeito que dá medo, como se quisesse hipnotizar ou ler o pensamento”) e a de Camila (p. 7:“Para mim, parece um homem muito agradável. Tão elegante, tão reservado”). Por que as descrições são tão diversas en- tre si? Qual se revelará a mais adequada aos acontecimen- tos que virão? • Pode-se verificar de que forma os alunos interpretam os rumos que o autor está dando à história e propor-lhes que continuem formulando hipóteses a respeito do que ocor-
  • 5. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti rerá em seguida. Sugere-se que fique combinada com a classe a necessidade de não adiantar a leitura além do pon- to previamente acordado, para não prejudicar o prazer da descoberta, para não estragar o jogo. • É interessante ler o cap. 6 com a classe, até o momento em que se iniciará a carta de Camila e novamente avaliar o rumo que os fatos estão tomando. O que acontecerá a seguir? O título atribuído seria apenas uma forma de des- pistar o leitor? Seria uma ironia? Depois da leitura Comentadas as soluções dadas pelo autor, pode-se: • Perguntar aos alunos se gostaram ou não da história, o que mais apreciaram, de que não gostaram, o que mudariam se fossem os autores. É importante que sempre justifiquem suas opiniões. • Comentar a importância do foco narrativo adotado (ter- ceira pessoa, narrador onisciente) na construção da histó- ria, lembrando que o importante não é identificar o tipo de foco utilizado, mas fazer refletir sobre sua utilização. Assim, é possível: 3 perguntar aos alunos: a história poderia ser narrada por Lúcia? Por Tomás? Pelo senhor Lucarda? Por Camila? O que a escolha das duas últimas hipóteses acarretaria na construção do suspense? 3 selecionar trechos que mostram que o autor conhece os pensamentos de alguns personagens (por exemplo, de Lúcia, no início do cap. 6; de Tomás, no início do cap. 4; do senhor Oliva, p. 17) e verificar se os alunos perce- bem a importância dessa escolha na construção de uma história de suspense: por que o autor utiliza tantas vezes esse recurso quando se trata de Lúcia? Por que a utili- zação nos trechos selecionados? Seria possível utilizar esse foco narrativo e mostrar ao leitor o que pensam o senhor Lucarda e Camila? Por quê? • Pedir aos alunos que, por escrito, proponham desfechos diversos para a história vivida por Lúcia e Tomás. Depois, reunidos em grupos, lerão seus textos finais aos colegas, que escolherão o mais interessante de cada equipe para apresentar à classe. Não deixar de lembrar a importância de adaptar o título à nova solução. • Propor aos alunos que, em duplas, criem uma história de suspense na qual o nome das personagens seja construído a partir de anagramas. Nesta atividade, seria importante orientar a produção, passo a passo:
  • 6. O vampiro vegetariano Carlo Frabetti Elaboração do guia Dileta Delmanto; coordenação Ivone Daré Rabello; revisão pedagógica e preparação Miró Editorial 3 pensar na história que querem contar, planejando-a oralmente antes de passá-la para o papel. Insistir na im- portância de ter o final bem delineado antes de começar a escrever. 3 escolher um título bem adequado ao texto e que não atrapalhe o suspense. 3 criar os anagramas. 3 escrever a história e, depois, relê-la, fazendo as corre- ções necessárias. 3 ler o texto para a classe ou para o grupo. (Os colegas podem tentar decifrar os anagramas e também opinar sobre os textos lidos. Refeitos, estes poderão constar de uma antologia de histórias de suspense, ilustrada e en- cadernada.). Pressupostos para um projeto de ensino/estudo da literatura infantil 1. Concepção da criança como um ser educável: o ser humano é (ou deve ser) um aprendiz de cultura, enquanto dura o seu ciclo vital. 2. Concepção da literatura como um fenômeno de linguagem resul- tante de uma experiência existencial/social/cultural. 3. Valorização das relações existentes entre literatura, história e cul- tura. 4. Compreensão da leitura como um diálogo entre leitor e texto, ati- vidade fundamental que estimula o ser em sua globalidade (emo- ções, intelecto, imaginário, etc.), e pode levá-lo da informação imediata (através da“história”,“situação”ou“conflito”...) à forma- ção interior, a curto, médio ou longo prazo (pela fruição de emo- ções e gradativa conscientização dos valores ou desvalores que se defrontam no convívio social). 5. Compreensão da escrita como ato-fruto da leitura assimilada e/ou da criatividade estimulada pelos dados de uma determinada cul- tura. 6. Certeza de que os meios didáticos (métodos, processos, estratégias, técnicas...) são neutros. Isto é, sua eficácia depende do grau de co- nhecimento da matéria que o usuário possua; da adequação entre esses meios didáticos e a matéria a ser trabalhada, e da intenciona- lidade de quem os escolhe e manipula. 7. Certeza de que a escola é o espaço privilegiado, em que devem ser colocados os alicerces do processo de auto-realização vital/cultu- ral, que o ser humano inicia na infância e prolonga até a velhice. Diante desse elenco de princípios ou pressupostos educacionais, ressalta a responsabilidade da escola e, acima de tudo, do professor. Nelly Novaes Coelho Literatura infantil — teoria, análise, didática. São Paulo, Moderna, 2000. p. 17-8