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Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo)
1
©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira
Ficha de trabalho
Poesia trovadoresca
Duas cantigas de amigo – questionário com soluções
[Esta cantigainsere-se,tematicamente,notópicoprogramáticoda variedade do sentimento
amoroso.]
I
D. Dinis
Ai fals'amig'e sem lealdade,
ora vej'eu a gram falsidade
com que mi vós há gram
temp'andastes,
ca doutra sei eu já por verdade
5 a que vós atal pedra lançastes.
Amigo fals'e muit'encoberto,
ora vej'eu o gram mal deserto
com que mi vós há gram
temp'andastes,
ca doutra sei eu já bem por certo
10 a que vós atal pedra lançastes.
Ai fals'amig', eu nom me temia
do gram mal e da sabedoria
com que mi vós há gram
temp'andastes,
ca doutra sei eu, que o bem sabia,
15 a que vós atal pedra lançastes.
E de colherdes razom seria
da falsidade que semeastes.
1. Identifica,justificando,otemadacantiga.
2. Elaborauma caracterizaçãopsicológica
a) da amiga;
b) do amigo.
3. Explicitaosentidodaúnicametáforapresente no refrão.
Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo)
2
©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira
SOLUÇÕES
1. A amiga queixa-se das traições do amigo, acusando-o de ter como prática enganar as
namoradas.
2. a) A amiga apresenta-sezangadae revoltadaporcausadocarátertraidordo amigo,que
elasabe que enganououtra.[Nodísticofinal,aamigaexprimeodesejode queeleacabe
por colhero castigo merecido.] b) O amigo é caracterizado como falso e dissimulado.
3. A única metáfora presente no refrão ocorre no seu verso final: «a que vós a tal pedra
lançaste»,em«pedra»:trata-sede umametáforaextremamenteexpressiva:domesmo
modo que quem atira uma pedra a alguém magoa essa pessoa, também o amigo
magoava as namoradas ao trai-las.
Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo)
3
©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira
[Esta cantiga de amigo insere-se, tematicamente, nos tópicos programáticos da confidência
amorosa e variedade do sentimento amoroso.]
II
D. Dinis
- Amiga, faço-me maravilhada
como pode meu amigo viver
u os meus olhos nom pode veer
ou como pod'alá fazer tardada;
5 ca nunca tam gram maravilha vi:
poder meu amigo viver sem mi;
e, par Deus, é cousa mui desguisada.
- Amiga, estad[e] ora calada
um pouco, e leixad'a mim dizer:
10 per quant'eu sei cert'e poss'entender,
nunca no mundo foi molher amada
come vós de voss'amig'; e assi,
se el tarda, sol nom é culpad'i;
se nom, eu quer'en ficar por culpada.
15 - Ai amiga, eu ando tam coitada
que sol nom poss'em mi tomar prazer,
cuidand'em como se pode fazer
que nom é já comigo de tornada;
e, par Deus, porque o nom vej'aqui,
20 que é morto gram sospeita tom'i,
e, se mort'é, mal dia eu fui nada.
- Amiga fremosa e mesurada,
nom vos dig'eu que nom pode seer
voss'amigo, pois hom'é, de morrer;
25 mais, por Deus, nom sejades sospeitada
doutro mal del, ca des quand'eu naci,
nunca doutr'home tam leal oí
falar, e quem end'al diz, nom diz nada.
Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo)
4
©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira
1. Esclarece a relaçãoentre as duaspessoasque dialogamnacantiga.
2. Explicita,justificando,acrítica feitanaprimeiraestrofe ou cobla.
3. Refere asqualidadesdo amigo apresentadaspelasegundainterlocutora.
SOLUÇÕES
1. As duas pessoas que dialogam na cantiga são duas jovens mulheres, sendo a segunda
confidente daprimeira:estaconta-lhedoseuespantoporoseu amigo não terregressadopara
estar junto dela, demorando-se onde se encontra – : «como pod'alá fazer tardada», v. 4. O
argumentodo qual ela se serve para justificara sua admiração é liricamente de grande beleza:
«como pode meu amigo viver / u os meus olhos nom pode veer», vv. 5 e 6. A segunda
interlocutora,aconfidente,sossegaaamigagarantindo-lheafidelidade doamigo–[se nãoveio
ainda é de certeza porque não pode].
2. Respondidoparcialmenteem1.Mas a amigacriticao amigo por ele nãoteraindaregressado
para junto dela, não entende como ele pode viver sem ela.
3. Para ela, ao amigo ausente não pode ser assacada qualquer culpa. Ela faz-lhe um grande
elogio, mostrando-se conhecedoradogrande amor que ela temà sua amiga e caracterizando-
-ocomo fiel;desculpa-oouexplicaasuaausênciadizendoque se aindanãoveiode onde estáé
porque não conseguiu; no último verso da cantiga chega mesmo a dizer que quem disser mal
dele não sabe o que anda a dizer…

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  • 2. Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo) 2 ©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira SOLUÇÕES 1. A amiga queixa-se das traições do amigo, acusando-o de ter como prática enganar as namoradas. 2. a) A amiga apresenta-sezangadae revoltadaporcausadocarátertraidordo amigo,que elasabe que enganououtra.[Nodísticofinal,aamigaexprimeodesejode queeleacabe por colhero castigo merecido.] b) O amigo é caracterizado como falso e dissimulado. 3. A única metáfora presente no refrão ocorre no seu verso final: «a que vós a tal pedra lançaste»,em«pedra»:trata-sede umametáforaextremamenteexpressiva:domesmo modo que quem atira uma pedra a alguém magoa essa pessoa, também o amigo magoava as namoradas ao trai-las.
  • 3. Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo) 3 ©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira [Esta cantiga de amigo insere-se, tematicamente, nos tópicos programáticos da confidência amorosa e variedade do sentimento amoroso.] II D. Dinis - Amiga, faço-me maravilhada como pode meu amigo viver u os meus olhos nom pode veer ou como pod'alá fazer tardada; 5 ca nunca tam gram maravilha vi: poder meu amigo viver sem mi; e, par Deus, é cousa mui desguisada. - Amiga, estad[e] ora calada um pouco, e leixad'a mim dizer: 10 per quant'eu sei cert'e poss'entender, nunca no mundo foi molher amada come vós de voss'amig'; e assi, se el tarda, sol nom é culpad'i; se nom, eu quer'en ficar por culpada. 15 - Ai amiga, eu ando tam coitada que sol nom poss'em mi tomar prazer, cuidand'em como se pode fazer que nom é já comigo de tornada; e, par Deus, porque o nom vej'aqui, 20 que é morto gram sospeita tom'i, e, se mort'é, mal dia eu fui nada. - Amiga fremosa e mesurada, nom vos dig'eu que nom pode seer voss'amigo, pois hom'é, de morrer; 25 mais, por Deus, nom sejades sospeitada doutro mal del, ca des quand'eu naci, nunca doutr'home tam leal oí falar, e quem end'al diz, nom diz nada.
  • 4. Ficha de trabalhopara EducaçãoLiterária │ Poesiatrovadoresca (Cantiga de amigo) 4 ©Edições ASA 2015  Entre Palavras 10  AntónioVilas-Boas e Manuel Vieira 1. Esclarece a relaçãoentre as duaspessoasque dialogamnacantiga. 2. Explicita,justificando,acrítica feitanaprimeiraestrofe ou cobla. 3. Refere asqualidadesdo amigo apresentadaspelasegundainterlocutora. SOLUÇÕES 1. As duas pessoas que dialogam na cantiga são duas jovens mulheres, sendo a segunda confidente daprimeira:estaconta-lhedoseuespantoporoseu amigo não terregressadopara estar junto dela, demorando-se onde se encontra – : «como pod'alá fazer tardada», v. 4. O argumentodo qual ela se serve para justificara sua admiração é liricamente de grande beleza: «como pode meu amigo viver / u os meus olhos nom pode veer», vv. 5 e 6. A segunda interlocutora,aconfidente,sossegaaamigagarantindo-lheafidelidade doamigo–[se nãoveio ainda é de certeza porque não pode]. 2. Respondidoparcialmenteem1.Mas a amigacriticao amigo por ele nãoteraindaregressado para junto dela, não entende como ele pode viver sem ela. 3. Para ela, ao amigo ausente não pode ser assacada qualquer culpa. Ela faz-lhe um grande elogio, mostrando-se conhecedoradogrande amor que ela temà sua amiga e caracterizando- -ocomo fiel;desculpa-oouexplicaasuaausênciadizendoque se aindanãoveiode onde estáé porque não conseguiu; no último verso da cantiga chega mesmo a dizer que quem disser mal dele não sabe o que anda a dizer…