2. José Paulo Netto, nascido no ano de 1947, é Professor titular da Escola de Serviço
Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Doutor em Serviço Social, exerceu o
magistério na Europa e na América Latina. É membro do Conselho Editorial de vários
periódicos profissionais e da área das Ciências Humanas e tem mais de uma dezena de
livros publicados.
Jean Ziegler nasceu na Suiça (Thum, 19 de abril de 1934), frequentou as Universidades
de Berna e Genebra, faz-se duplamente doutor (Direito e Sociologia), exerceu a
docência em seu país e na França (Genebra, Sorbonne e Grenoble) e articulou o seu
profícuo trabalho intelectual (expresso também em mais de 20 livros, traduzidos em
vários idiomas) com uma ativa intervenção política (foi membro do Parlamento suíço
entre 1981 e 1999). Ziegler, um social democrata consequente, sempre se caracterizou
por pensar o mundo. Ainda na Universidade de Genebra, criou um laboratório de
Sociologia voltado para o estudo do que então se denominava Terceiro Mundo. No
parlamento, presidiu o grupo ''Suiça-terceiro mundo''. Publicista, denunciou a banca de
seu país como engrenagem funcional ao sistema internacional de negócios escusos
(inclusive os ligados à corrupção política do bas fond capitalista). Pensando o mundo,
Ziegler tornou-se um cidadão do mundo: entre 2000 e 2008, consultor da ONU, foi o
corajoso relator do ''Direito à alimentação" e, depois, eleito para o Conselho de Direitos
Humanos da instituição
3. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) é a agência
especializada do Sistema ONU que trabalha no combate à fome e à pobreza por meio da
melhoria da segurança alimentar e do desenvolvimento agrícola.
Criada em 1945, a FAO também atua como fórum de negociação para debater políticas e
impulsionar iniciativas ligadas à erradicação da fome e da insegurança alimentar.
Nesse sentido, a Agência busca apoiar os países em desenvolvimento com a formulação e
a execução de políticas e projetos de assistência técnica em apoio a programas nas áreas
alimentar e agrícola, incluindo todas as atividades primárias (agricultura, pecuária,
extrativismo, pesca, outros).
Para isso, a Organização trabalha em parceria com outras agências das Nações Unidas,
organismos internacionais diversos bem como governos nacionais.
Constituída por 191 países membros e pela União Europeia, a FAO possui cinco oficinas
regionais e 78 escritórios nacionais.
Entre as ações realizadas pelo escritório da FAO no Brasil, desenvolvidas em parceria com
o Governo brasileiro, podem ser citados o Programa Fome Zero, o Programa Nacional de
Florestas (PNF), o Programa de Organização Produtiva de Comunidades (PRODUZIR), o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), entre outros.
4. Artigo 11º do Pacto Internacional sobre os
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
O Direito à alimentação é ter direito acesso regular, permanente, livre, diretamente ou
por meio de compras monetárias, a um alimento qualitativamente adequado e suficiente,
que corresponda as tradições culturais do povo de que é originário o consumidor e que
lhe assegure uma vida psíquica e física, individual e coletiva, livre de angústia,
satisfatória e digna.
Quase um bilhão de seres humanos, dentre os 6,7 bilhões que vivem no planeta,
padecem de fome permanentemente.
5.
6.
7. ...Um homem pode viver normalmente três minutos sem
respirar, três dias sem beber e três semanas sem comer.
Não mais!
8. • FOME ESTRUTURAL: É a própria das estruturas de produção insuficientemente
desenvolvidas dos países do sul. Ela é permanente, pouco espetacular e se
reproduz biologicamente: a cada ano, milhões de mães dão a luz milhões de
crianças deficientes. A fome estrutural significa destruição física e psíquica,
aniquilação da dignidade, sofrimento sem fim.
• FOME CONJUNTURAL: É altamente visível, irrompe periodicamente nas telas da
TV. Ela se produz quando, repentinamente, uma catástrofe natural – gafanhotos,
seca ou inundações assolam uma região – ou uma guerra destrói o tecido social,
arruína a economia, empurra centenas de milhares de vitimas aos acampamentos de
pessoas deslocadas no interior do país ou de refugiados para além das fronteiras.
Nessas circunstâncias não se pode semear nem colher. São destruídos os
mercados, as estradas são bloqueadas e as pontes bombardeadas. As instituições
estatais deixam de funcionar. Para os milhões de vítimas amontoadas nos
acampamentos, a última salvação está no Programa Alimentar Mundial (PAM).
9. • Os três grupos mais vulneráveis (FAO): Os pobres rurais; os Pobres
urbanos e as vítimas de catástrofes.
• Dos 6,7 milhões de pessoas que habitam o planeta, pouco menos da
metade vive em zonas rurais.
• As populações camponesas estão na primeira fila das vítimas da miséria e
da fome.
• As três razões: Trabalhadores migrantes ou sem terras ou arrendatários
super explorados; Se têm terras, não possuem títulos de propriedade
suficientemente sólidos; Se possuem terra própria, a dimensão e a
qualidade desta são insuficientes para que possam alimentar
decentemente a sua família.
10. • Tornou-se o movimento social brasileiro mais importante, defendendo a
reforma agrária, a soberania alimentar, a impugnação do livre-comércio e
do modelo de produção e consumo agroindustriais dominante, a promoção
da agricultura de víveres, a solidariedade e o internacionalismo.
• Reúne, em todo o mundo, 200 milhões de meeiros, pequenos camponeses
(1 hectare ou menos), trabalhadores rurais sazonais, criadores migrantes
ou sedentários e pescadores artesanais.
• A Via Campesina é hoje um dos movimentos revolucionários mais
impressionantes do Terceiro Mundo.
11. • Poucos homens e mulheres trabalham tanto e com condições tão adversas
como os camponeses do hemisfério sul;
• 90% dos camponeses do sul só tem como instrumento de trabalho, a
exada, a foice e o machete;
• Mais de um milhão deles não tem animais de tração nem tratores;
• Condições diferentes e produções desiguais;
• Acesso a sementes de qualidade e insumos minerais;
• 25% das colheitas mundiais são destruídas pelas intepéries ou pelos
roedores;
• Escoamento das colheitas;
• Problemas com falta crédito agrícola, endividamento,;
• Violência endemica,etc.
12.
13.
14. • Má nutrição, esta que vêm da carência em matéria de
micronutrientes – vitaminas e sais minerais.
• Vários milhões de crianças de menos de 10 anos morrem
anualmente de má nutrição aguda e severa.
• A falta de nutrientes e responsável por diversas doenças e mortes,
dentre elas: a anemia; a cegueira; o beribéri; escorbuto; transtornos
de crescimento, desordens mentais; problemas nas faculdades
motoras e cerebrais,etc.
15.
16. • Durante uma “crise prolongada”, a fome estrutural e a fome
conjuntural conjugam seus efeitos. O país não consegue recuperar-
se. Não consegue retornar o mínimo de equilíbrio. O estado de
urgência converte-se em normalidade na vida dos habitantes.
• Características: Longa duração, ex. Afeganistão, Somália e Sudão;
Os conflitos Armados, ex. Urganda, Níger, Sri Lanka; Fragilidade
das instituições.
• Atualmente, 21 países respondem aos critérios da crise prolongada.
• O Caso do Níger: é uma neocolônia francesa, o segundo mais
pobre do planeta (PNUD) e no entanto, imensas riquezas estão
adormecidas em seu subsolo. Depois do Canadá, o Níger é o maior
produtor de urânio do mundo.
17. • Mais de 1,5 milhão de palestinos se comprimem atualmente nos 365
quilômetros quadrados da faixa de Gaza, na grande maioria refugiados ou
descendentes de refugiados das guerras israeolo - Árabes de 1947, 1967
e 1973.
• Gaza se converteu na maior prisão a céu aberto do mundo.
• Organização da sub alimentação e a má nutrição como estratégias do
governo de Tel Aviv com intenção de fazer os habitantes do gueto sofrerem
para que se sub levem ao poder do Hamas.
18. • Os dois rios da fronteira ficam cobertos de gelo uma parte do ano, de
maneira que milhares de refugiados, desafiando a feroz repressão norte-
coreana, conseguem a duras penas atravessar um ou outro para alcançar a
Mandchúria – onde vive, uma forte diáspora coreana. Naquela fronteira
pessoas são presas pelos policiais chineses e devolvidos as autoridades,
onde são imediatamente fuzilados ou desaparecem nos campos de
reeducação.
19. • Crateús é um município do sertão do estado do Ceará. Abarca mais de
2.000 quilômetros quadrados e reúne, basicamente na cidade, 72.000
habitantes. Nas proximidades das grandes fazendas e na periferia
miserável da cidade se erguem os casebres dos boias frias e suas famílias,
os trabalhadores sem terra. Os feitores, capatazes dos grandes
proprietários, observam a multidão famélica. Escolhem nela os
trabalhadores que serão contratados, por um dia ou uma semana, para
escavar um canal de irrigação, ajudar na construção de um dique ou fazer
qualquer outra tarefa na fazenda.
• Um boia fria do Ceará ganha em
média dois reais por dia, ou seja,
pouco menos de um euro.
20. • Crise financeira de 2009 e suas consequências. Em 2009 o mundo se
deparou com uma imensa crise econômica, em que ocorreram muitas
falências, fechamento de empresas privadas, desempregos, etc. A
economia mundial estagnou e em alguns casos chegou a regredir. A África
também foi fortemente afetada.
• Agricultura da chuva.
21. • A Suíça proclama aos quatro ventos, e a quem queira escutá-la, seu
compromisso com a luta contra a fome no mundo.
• O país oferece elevado padrão de vida. Conforme dados divulgados em
2010 pela ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) suíço, com
média de 0,874, é o 13° maior do mundo. A expectativa de vida é a terceira
maior do planeta (81,4 anos), inferior apenas à do Japão (82,4 anos) e da
Islândia (81,6 anos). Somente 1% dos habitantes com idade superior a 15
anos não são alfabetizados; a taxa de mortalidade infantil é de 4 óbitos a
cada mil nascidos vivos.
• A economia nacional é impulsionada pela produção de relógios, que são
conhecidos mundialmente pela qualidade. Outros segmentos importantes
do setor industrial são o químico, mecânico e metalúrgico. Outro destaque
da Suíça é o papel financeiro internacional que o país desempenha, sendo
o principal centro bancário do mundo. O turismo é desenvolvido
principalmente nas estações de esqui localizadas na cordilheira dos Alpes.
(Brasil escola em 28/02/14).
22. • Noma procede do grego nomein, que significa devorar. Seu nome científico
é cancrum oris. É uma forma de gangrena fulminante, que se desenvolve
na boca e destrói os tecidos do rosto. Sua causa primeira é a má nutrição.
A noma devora o rosto das crianças que sofrem de má nutrição. Na maioria
das sociedades tradicionais da África Negra, das montanhas do Sudeste
asiático e dos altiplanos andinos, sobre as vítimas da noma pesa um tabu:
são rejeitadas como se fossem uma punição111 e ocultadas dos vizinhos.
• crianças de um a seis anos, que vivem na África Subsaariana. A proporção
de sobreviventes oscila em torno de 10% o que significa que, todos os
anos, mais de 120.000 pessoas morrem com a noma.
23.
24. • Como alimentar essas massas de proletários, seus filhos numerosos, sem
colocar em risco o abastecimento de toda a sociedade? a população cresce
sem cessar, o alimento e a terra que o produz são limitados. A fome reduz o
número de homens ela garante o equilíbrio entre as necessidades que
não podem ser restringidas e os bens disponíveis. De um mal, Deus ou a
Providência (ou a Natureza) fizeram um bem.
• Para Malthus, a redução da população pela fome era a única solução
possível para evitar a catástrofe econômica final. A fome, pois, resulta da lei
da necessidade.
25. Josué de Castro (1908-1973) foi um pensador e ativista político brasileiro nascido
na cidade de Recife. Apesar de não ser geógrafo de formação (sua graduação era
em medicina), tornou-se um dos maiores pensadores da Geografia, em virtude,
principalmente, das obras Geografia da Fome e Geopolítica da Fome.
Castro caracterizou seu pensamento por romper com algumas falsas convicções
que imperavam em seu período (e que ainda se fazem presentes nos dias atuais)
de que a fome e a miséria do mundo eram resultantes do excesso populacional e
da escassez de recursos naturais.
Em suas obras, provou que a questão da fome não se tratava do quantitativo de
alimentos ou do número de habitantes, mas sim da má distribuição das riquezas,
concentradas cada vez mais nas mãos de menos pessoas. Por isso, acreditava
que a problemática da fome não seria resolvida com a ampliação da produção de
alimentos, mas com a distribuição não só dos recursos, como também da terra
para os trabalhadores nela produzirem, tornando-se um ferrenho defensor da
reforma agrária.
em 1942, foi eleito Presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição e criou o
Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS). Tornou-se mundialmente
conhecido ao publicar os livros Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome
(1951), obras traduzidas em 24 idiomas.
28. • À medida que a Alemanha invadia os diferentes países da Europa, ia
aplicando a sua organizada política da fome [...]. A ideia central desta
política consistia em determinar o nível das restrições alimentares das
populações europeias repartindo entre elas conforme os objetivos políticos
e militares alemães as parcas rações que as necessidades prioritárias do
Reich167 deixavam disponíveis. (Castro)
• Batalha do Abastecimento de Adolf Ritler
29.
30. Os sofrimentos, as privações, a subalimentação e a fome experimentadas
pelos europeus durante os anos sombrios da ocupação nazista tornaram-nos
mais receptíveis as analises de Josué Castro, engajaram-se na campanha
contra a fome e na construção de organizações internacionais encarregadas
de conduzir esse combate. Porém, diz que hoje a ONU é incapaz de responder
as necessidades, expectativas e esperanças dos povos, visto que não
desperta nenhum interesse popular, apesar de na sua criação ao fim da
Guerra estava diretamente ligada à luta contra a fome.
31. Josué de Castro foi nomeado embaixador junto a sede europeia das Nações
Unidas, em Genebra pelo então presidente da Republica brasileira, João
Goullart. Castro demonstrou-se um chefe de missão eficaz e consciencioso.
Com a destruição da democracia no Brasil, em 1964 pelo General Castelo
Branco, Castro entrou na lista de “inimigos da Pátria”, passou a ser perseguido
pela ditadura militar, junto com outros, que se tornaram símbolos da luta contra
a fome, em toda a América Latina. Josué de Castro morreu, vitima de uma
parada cardíaca, em 24 de setembro de 1973, aos 65 anos de idade em Paris.
Seu corpo retornou ao Brasil, após difícil negociação por parte de seus filhos e
apesar da multidão que o esperava, ninguém pôde acercar-se do seu caixão,
tamanha era a ressonância do morto no coração dos brasileiros que os
ditadores temiam seu caixão como se fosse uma peste.
32. • ZIEGLER, J. DESTRUIÇÃO EM MASSA: GEOPOLITICA DA
FOME. TRAD. JOSÉ PAULO NETO. 1ª ED. CORTEZ. SÃO PAULO,
2013.