Estamos dançando em tempos estranhos. E para piorar em compasso descoordenado.
Exterminamos os artesãos, mas sobrevivemos a revolução das máquinas de fumaça das linhas de produção, nos esprememos por entre altos e baixos na era dos MBA’s e tivemos a sorte de adentrarmos o que muitos chamam de “era da experiência”, basicamente se referindo a constante busca hoje das pessoas por muito mais do que suprir suas necessidades, sua busca por significado e propósito. E cá estamos nós.
1. * Por: Tennyson Pinheiro – SócioDiretor da live|work.
Esseartigofoipublicadooriginalmente no blog da HSM Management.
Estamosdançandoem tempos estranhos.E
parapioraremcompassodescoordenado.
Exterminamososartesãos, mas sobrevivemos a revolução das máquinas de
fumaça das linhas de produção, nosesprememospor entre altos e baixosna
era dos MBA’s e tivemos a sorte de adentrarmos o quemuitoschamam de
“era da experiência”, basicamente se referindo a constantebuscahoje das
pessoaspormuitomais do quesuprirsuasnecessidades,
suabuscaporsignificado e propósito. E cáestamosnós.
Masnãoestamossozinhos. Emmeio a essaescaladaemesteroidesaotopo da
pirâmidemotivacional de Maslow, aindativemosqueencarar a sopa de
complexidadequequatrogerações, muitasvezesvivendodentro da mesma
casa ou da mesmaempresa, criadiariamente. Some a isso a explosão dos
canaisdigitais e das praçassociais, além da incrível, e óbvia, constatação de
que o planetaestásucumbindo (e que a culpa é nossa) ... ufa.
Davaparairemboranessalista.
Durante a revolução industrial gritávamos “Redução de custos a
qualquercusto!”,durante a era do conhecimentoesbravejamos “qualidade e
eficiência!”, e agora, na era da
transcendêncianosesgoelamosemplenospulmõespor “inovação, inovação,
inovação!”. Sóqueaitemos um problema.Trocamos o disco e, meioquesem
se darconta, continuamosdançandoaoritmo do anterior.
A qualidadepodeatéser a segundaestrofe da músicaredução de custos,
masinovação é outramúsica. E parapiorar, tocadaem outro tempo,
poroutrabanda e com outros instrumentos. Felizmente, aocontrário da
época das máquinas à vapor quereduziram o custo das coisas, e da
revolução dos controles de qualidadejaponesesquefizeram um
excelentetrabalhoemcommoditizar a mesma, ainovaçãosónasce das
pessoas. Máquinanãoinova.Processostambémnão.
Sabendo disso, as empresasdecidiram “estimular”
colaboradoresseremartesãosnovamente, autilizarem a mentecriativa, a
“pensaremfora da caixa”. Masosprocessos, políticas, modelos de
relacionamento e culturadessasempresasaindacheiram a fumaça.
Empresascobramqueseuscolaboradoressejamverdadeiros “artistas” dentro
de suasáreas mas quenão se esqueçam de reportar o porque da
diferençanaquantidade de tintavermelhautilizada entre um quadro e outro.
2. E caso a tintaazulnãosejautilizadaaté o final do ano, entendem, queela é um
desperdício, nuncatendosidonecessária.
Imploramqueseus “artistas” produzamobrasdiariamente, masseuslideres
se apressamparafiltrarosquadros e selecionarosqueprestam e
osquenãoprestamsegundoseuponto de vista. Um líder, um filtro, um não. E
lá se vaimaisumaMonalisa, todososdias.
Ainovação é fruto da combustãoresultante da aplicação da
criatividadeemprol de um propósito. Como inovarsempropósito? E o pior...
comosercriativoemambientesonde a diversão é o contrário da
competência? Nãodá.
Tive a oportunidade de mergulharrecentementedurantedoisdiasna
Zappos.com, e experimentar a culturacorporativamaisimpressionante da
qualjátivenotícia. Masdáresultado? O NPS (Net Promoter Score) do Call
Center deles é 92%. O da Apple é 78%. Faz a conta (sim, eudisse o do Call
Center).
As regras deles paraconquistaremessaculturafenomenal?Ciência de
foguete? Nada. Muito simples. Todas as boas
práticasestãoporaiescritasemlivrosqueprovavelmentevocêjáleu: “Good to
Great” – Jim Collins, PEAK – Chip Conley, sendoapenasdois deles.
Durante osdoisdiasemqueestiveporláelesnãopouparamesforçospara me
mostrartudo, de cabo a rabo. Mergulheinosprocessos, ouviligações no call
center, converseicom o Ceo Tony Hsieh sobre o negócio, enfim... Nada
passoudespercebido. E no fim,
possoresumirtudoqueelesfizeramcomumafrase: “Just do it”.
(semintenções, Nike, sorry ... eitamundobrandeado).
Sim, apenasfaça. Pare de imitar as regrasqueforamdefinidas a 40, 60, 100
anosatrás. Repense e implemente.Se nãofuncionar?Repense e
implemente.Se nãofuncionar? ...bemvocêentendeu.
O quevocê tem a perder, considerando o
quevocêjáestáperdendotodososdias? (incluindopessoas, dinheiro,
resultados, posicionamento...).
Não me entenda mal, naZappostambémexistecomprometimento e regra, e
aumentar o valor das ações dos investidores é também um mantra porlá.
Mas, comoeufalei antes, quemdissequeeficiência e
diversãonãopodemandar juntas? Nãofaço a menorideia,
masdevetersidoalguémbemimportanteouimpregnante.
3. Se vocêaindaachaqueisso é besteira, e queinovaçãonascemesmo é láem
P&D. Eusugiro um índice novo paravocê. Euchamei de “Curva de
Frustração e Abandono”. No eixo Y coloque a quantidade de
pessoasquesãoextremamentecriativas e agentes de mudança no
seunegócio. No X o tempo. Com a ajuda do excel, ouumacaneta, trace com
o passar do tempo a suacurva de abandono . A correlação entre aascensão
da curva e a suaperda de potencialparainovar é direta. Olhonela.
Se o seugrito é “inovação” mas voce possuiumacultura de “artevãos”
(artesãos do carvão) meuconselho: Mude o disco de voltapara “Custo,
custo, custo!” ouestejadisposto a aprender a dançar de novo.
Seusresultados, colaboradores, a sociedade e o planetaagradecem.