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A A R Q U I T E T U R A J E S U Í T I C A N O B R A S I L
A atividade da Companhia de Jesus no Brasil Colônia iniciou-se em 1549 e
prosseguiu até 1759. Como em outros lugares do império português, os jesuítas
foram os primeiros missionários enviados aos nativos, papel pioneiro que no
México foi desempenhado pelos franciscanos.
. O problema foi avaliado de maneira realista pelos jesuítas, que se aplicaram de forma
sistemática e infatigável na solução de assentar e concentrar os índios em aldeias.
. O aldeamento tornava os índios mais vulneráveis à captura e mais valiosos como
escravos do que seus irmãos selvagens na floresta.
Uma vez realizada a tarefa básica de assentamento dos índios, os jesuítas
voltaram sua energia para a educação, como fator concomitante essencial da
conversão
• As características desse estilo no Brasil foram bem
sintetizadas pelo eminente historiador de arte e
arquiteto brasileiro Lúcio Costa:
• “[...] enquanto para os hispano-americanos, onde a
ação da Companhia prosseguiu ininterruptamente
durante todo o século XVIII, a idéia de arte jesuítica
abrange o ciclo barroco completo, para nós, no Brasil,
onde a atividade dos padres, já atenuada na primeira
metade do século, foi definitivamente interrompida em
1759, as obras dos jesuítas, ou pelo menos grande
parte delas, apresentam o que temos de mais ‘antigo’.
Conseqüentemente, quando [um brasileiro] fala em
‘estilo jesuítico’ o que quer significar, de preferência,
são as composições mais renascentistas, mais
moderadas, regulares e frias, ainda imbuídas do
espírito severo da Contra-reforma”3.
A A R Q U I T E T U R A D O M A N E I R I S M O
• A arquitetura do maneirismo tem uma história bastante precisa na Itália.
Desenvolvida na década de 1520, com Michelangelo como seu expoente pioneiro,
suplantou o estilo da alta Renascença de Bramante e Rafael, sendo por sua vez
eclipsada nos primeiros anos do século XVII pelo barroco.
• Os arquitetos do Renascimento visavam estabelecer uma correlação entre as proporções
familiares e satisfatórias do corpo humano e as construções, cujas plantas e proporções
espaciais eram baseadas nas figuras geométricas regulares mais simples – quadrado, círculo,
cubo, cilindro e esfera.
• Cada elemento da composição era completo em si e servia para um propósito único e
evidente. Não se ressaltava uma parte às expensas de outra. Os objetivos renascentistas
eram racionais e os resultados, simétricos, harmoniosos, estáticos, limitados e, acima de
tudo, serenos.
• Os objetivos do barroco eram emocionais, e os resultados comoventes, turbulentos,
hipnóticos, buscando atingir a ilusão do ilimitado.
• A arquitetura do maneirismo, ao contrário, apresenta temas ambivalentes e funções duplas.
O mesmo edifício é um palácio e um monastério, a mesma pilastra sustenta o entablamento
e funciona como moldura lateral de um painel de parede.
Arquitetura maneirista, arquiteto bolonhês
Filippo Terzi, convidado por D. Sebastião em
1576 e empregado pelos jesuítas para
confecção da fachada de sua igreja de São
Roque.
A P R I M E I R A F A S E D A A R Q U I T E T U R A J E S U Í T I C A
N O B R A S I L
Construção 1560 (construção)
1622 (reconstrução)
Capela de São Miguel Arcanjo
Volutas Sobreverga da fachada da Igreja de
Nossa Senhora d…
Homem Vitruviano é o nome de um desenho
icônico feito por Leonardo da Vinci (1452 -
1519), e representa o ideal clássico do
equilíbrio, da beleza, da harmonia e da
perfeição das proporções do corpo humano.
A Igreja de Gesù em Roma . Edificada entre 1568 e 1580 para ser a sede da Ordem
Jesuítica, com projeto de Giacomo della Porta e G. Barozzi da Vignola, serviu de
modelo para várias igrejas da Europa, Ásia e do Novo Mundo, incluindo o Brasil.
Não é fácil admirar a monumentalidade de seus espaços internos e externos
(defronte a um Largo estreito). É necessário olhar para o alto... para ver a pintura
de Giovanni Battista Gaulli (chamado de Baciccio).
Interior da Igreja de Jesus, Roma (Giacomo
Vignola). A arquitetura barroca é caracterizada
pela complexidade na construção do espaço e
pela busca de efeitos impactantes e teatrais,
pelo uso de contrastes entre cheios e vazios,
entre formas convexas e côncavas, pela
exploração de efeitos dramáticos de luz e
sombra, e pela integração entre a arquitetura e
a pintura, a escultura e as artes decorativas em
geral.
Paço Patriarcal de São Vicente Igreja de São Vicente, São Tomé e Salvador Estilo dominante
ManeiristaArquiteto Juan de Herrera/Filippo Terzi Início da construção 1582
Inauguração1629 (394 anos)Proprietário inicial Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho Função
inicial Mosteiro masculino Proprietário atual Estado Português Função atual Igreja paroquial, paço
episcopal, panteão
As volutas do frontão não reduzem nem se sobrepõem. O frontão tem o contorno em curvas,
seguindo o modelo dos pequenos frontões sobre as três portas de Santo Alexandre,
A I N F L U Ê N C I A D O “ E S T I L O J E S U Í T I C O ”
Pará
A Igreja de São Francisco, onde também
funciona o convento de mesmo nome, está
entre as mais belas igrejas do Brasil, sendo
visita imperdível para quem está em Salvador.
Grandiosa e com interior riquíssimo, a Igreja de
São Francisco é considerada um dos mais
lindos exemplos do barroco português em
todo o mundo.
D E C O R A Ç Ã O I N T E R I O R
• Foi ressaltado por Lúcio Costa o caráter paradoxal da expressão estilo
jesuítico, como designação de todo um estilo artístico e não apenas
arquitetônico. São estas suas palavras:
•
“Apesar das diferenças, por vezes tão sensíveis, e mesmo das aparentes
contradições que se podem observar (diferenças e contradições que se
acentuam à medida que as obras se vão afastando dos padrões mais
definidos de fins do século XVI e da primeira metade do século XVII),
apesar das mudanças de forma, das mudanças de material e das
mudanças de técnica, a personalidade inconfundível dos padres, o
‘espírito’ jesuítico, vem sempre à tona: é a marca, o cachet que identifica
todas elas e as diferencia, à primeira vista, das demais. E é precisamente
essa constante que persiste, sem embargo das acomodações impostas
pela experiência e pela moda, ora perdida no conjunto da composição, ora
escondida numa ou noutra particularidade dela, essa presença irredutível
e acima de todas as modalidades de estilo porventura adotado é que
constitui, no fundo, o verdadeiro ‘estilo’ dos padres da Companhia”.
• Um pouco mais adiante, na parte dedicada à talha, o
eminente arquiteto brasileiro nos dá sua interpretação
do espírito jesuítico tal como ele se manifesta na arte:
• “[é claro] que a arquitetura da Companhia, no Brasil,
foi quase sempre inimiga dos derramamentos
plásticos, despretensiosa, muitas vezes pobre,
obedecendo, em suas linhas gerais, a uns tantos
padrões uniformes. E se devêssemos resumir, numa só
palavra, qual o traço marcante da arquitetura dos
padres, diríamos que foi a ‘sobriedade’. Sobriedade
presente também nos retábulos, mesmo os mais ricos.
Sobriedade que se impõe apesar do gongorismo da
obra de talha de um determinado período, como nos
púlpitos esplêndidos de Santo Alexandre. Sobriedade
que ainda souberam manter no mais pretensioso de
seus templos, a atual Sé da Bahia”
• Em primeiro lugar, há o estilo jesuítico mais típico, do
fim do século XVI, cujo caráter pertence ao final do
maneirismo acadêmico e formal, no tratamento plano
e retangular da composição. A ornamentação é
restrita, tecnicamente bem realizada e precisa no
delineamento.
• Em segundo lugar, temos o estilo dos últimos anos do
século XVII e da primeira década do XVIII, tipicamente
franciscano, embora adotado por todos os decoradores
de igrejas daquele período, inclusive pelos jesuítas. Ele
é protobarroco na opulência e no esplendor dos
ornamentos (tecnicamente um tanto grosseiros), no
vigoroso tratamento tridimensional, nas robustas
curvas do desenho e nas freqüentes e volumosas
colunas salomônicas – muito prezadas na época –
carregadas de motivos decorativos em alto-relevo.
• É protobarroca também a rejeição das restritivas
divisões horizontais e ordens superpostas do
estilo anterior, abandonadas em favor da
liberdade de uma única ordem de colunas.
Mesmo assim, ainda há uma certa severidade e
concisão evidenciada, por exemplo, no compacto
contorno que delimita a turbulenta composição,
tolhendo com firmeza a expansividade tão
característica do barroco. A fachada da igreja da
Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, é
uma perfeita exteriorização, executada em pedra,
da linguagem protobarroca da talha em madeira.
• Em terceiro e último lugar, temos o estilo de meados do
século XVIII, de caráter autenticamente barroco. As
arquivoltas concêntricas do estilo anterior são rompidas e
transformadas em volutas numa triunfal erupção, como
que abrindo o retábulo a elevados e infinitos horizontais
supraterrestres. O dossel parece flutuar, apenas tocado e
não sustentado pelas mãos estendidas dos anjos que voam
para o céu. O espaçamento entre colunas foi ampliado para
dar lugar às esculturas, e as próprias colunas, menos
maciças que no estilo anterior, são às vezes substituídas por
figuras de anjos. A ornamentação possui uma elegância,
delicadeza e sofisticação mais próxima do maneirismo do
que do protobarroco. No entanto, esses retábulos barrocos
apresentam linhas ondulantes e expressão sentimental que
os distinguem dos retábulos maneiristas, essencialmente
severos nas formas e expressão

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Arquitetura Jesuítica no Brasil

  • 1. A A R Q U I T E T U R A J E S U Í T I C A N O B R A S I L A atividade da Companhia de Jesus no Brasil Colônia iniciou-se em 1549 e prosseguiu até 1759. Como em outros lugares do império português, os jesuítas foram os primeiros missionários enviados aos nativos, papel pioneiro que no México foi desempenhado pelos franciscanos. . O problema foi avaliado de maneira realista pelos jesuítas, que se aplicaram de forma sistemática e infatigável na solução de assentar e concentrar os índios em aldeias. . O aldeamento tornava os índios mais vulneráveis à captura e mais valiosos como escravos do que seus irmãos selvagens na floresta. Uma vez realizada a tarefa básica de assentamento dos índios, os jesuítas voltaram sua energia para a educação, como fator concomitante essencial da conversão
  • 2. • As características desse estilo no Brasil foram bem sintetizadas pelo eminente historiador de arte e arquiteto brasileiro Lúcio Costa: • “[...] enquanto para os hispano-americanos, onde a ação da Companhia prosseguiu ininterruptamente durante todo o século XVIII, a idéia de arte jesuítica abrange o ciclo barroco completo, para nós, no Brasil, onde a atividade dos padres, já atenuada na primeira metade do século, foi definitivamente interrompida em 1759, as obras dos jesuítas, ou pelo menos grande parte delas, apresentam o que temos de mais ‘antigo’. Conseqüentemente, quando [um brasileiro] fala em ‘estilo jesuítico’ o que quer significar, de preferência, são as composições mais renascentistas, mais moderadas, regulares e frias, ainda imbuídas do espírito severo da Contra-reforma”3.
  • 3. A A R Q U I T E T U R A D O M A N E I R I S M O • A arquitetura do maneirismo tem uma história bastante precisa na Itália. Desenvolvida na década de 1520, com Michelangelo como seu expoente pioneiro, suplantou o estilo da alta Renascença de Bramante e Rafael, sendo por sua vez eclipsada nos primeiros anos do século XVII pelo barroco. • Os arquitetos do Renascimento visavam estabelecer uma correlação entre as proporções familiares e satisfatórias do corpo humano e as construções, cujas plantas e proporções espaciais eram baseadas nas figuras geométricas regulares mais simples – quadrado, círculo, cubo, cilindro e esfera. • Cada elemento da composição era completo em si e servia para um propósito único e evidente. Não se ressaltava uma parte às expensas de outra. Os objetivos renascentistas eram racionais e os resultados, simétricos, harmoniosos, estáticos, limitados e, acima de tudo, serenos. • Os objetivos do barroco eram emocionais, e os resultados comoventes, turbulentos, hipnóticos, buscando atingir a ilusão do ilimitado. • A arquitetura do maneirismo, ao contrário, apresenta temas ambivalentes e funções duplas. O mesmo edifício é um palácio e um monastério, a mesma pilastra sustenta o entablamento e funciona como moldura lateral de um painel de parede.
  • 4. Arquitetura maneirista, arquiteto bolonhês Filippo Terzi, convidado por D. Sebastião em 1576 e empregado pelos jesuítas para confecção da fachada de sua igreja de São Roque.
  • 5. A P R I M E I R A F A S E D A A R Q U I T E T U R A J E S U Í T I C A N O B R A S I L Construção 1560 (construção) 1622 (reconstrução) Capela de São Miguel Arcanjo
  • 6. Volutas Sobreverga da fachada da Igreja de Nossa Senhora d…
  • 7.
  • 8. Homem Vitruviano é o nome de um desenho icônico feito por Leonardo da Vinci (1452 - 1519), e representa o ideal clássico do equilíbrio, da beleza, da harmonia e da perfeição das proporções do corpo humano.
  • 9. A Igreja de Gesù em Roma . Edificada entre 1568 e 1580 para ser a sede da Ordem Jesuítica, com projeto de Giacomo della Porta e G. Barozzi da Vignola, serviu de modelo para várias igrejas da Europa, Ásia e do Novo Mundo, incluindo o Brasil. Não é fácil admirar a monumentalidade de seus espaços internos e externos (defronte a um Largo estreito). É necessário olhar para o alto... para ver a pintura de Giovanni Battista Gaulli (chamado de Baciccio).
  • 10. Interior da Igreja de Jesus, Roma (Giacomo Vignola). A arquitetura barroca é caracterizada pela complexidade na construção do espaço e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e côncavas, pela exploração de efeitos dramáticos de luz e sombra, e pela integração entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral.
  • 11. Paço Patriarcal de São Vicente Igreja de São Vicente, São Tomé e Salvador Estilo dominante ManeiristaArquiteto Juan de Herrera/Filippo Terzi Início da construção 1582 Inauguração1629 (394 anos)Proprietário inicial Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho Função inicial Mosteiro masculino Proprietário atual Estado Português Função atual Igreja paroquial, paço episcopal, panteão
  • 12. As volutas do frontão não reduzem nem se sobrepõem. O frontão tem o contorno em curvas, seguindo o modelo dos pequenos frontões sobre as três portas de Santo Alexandre,
  • 13. A I N F L U Ê N C I A D O “ E S T I L O J E S U Í T I C O ” Pará
  • 14. A Igreja de São Francisco, onde também funciona o convento de mesmo nome, está entre as mais belas igrejas do Brasil, sendo visita imperdível para quem está em Salvador. Grandiosa e com interior riquíssimo, a Igreja de São Francisco é considerada um dos mais lindos exemplos do barroco português em todo o mundo.
  • 15. D E C O R A Ç Ã O I N T E R I O R • Foi ressaltado por Lúcio Costa o caráter paradoxal da expressão estilo jesuítico, como designação de todo um estilo artístico e não apenas arquitetônico. São estas suas palavras: • “Apesar das diferenças, por vezes tão sensíveis, e mesmo das aparentes contradições que se podem observar (diferenças e contradições que se acentuam à medida que as obras se vão afastando dos padrões mais definidos de fins do século XVI e da primeira metade do século XVII), apesar das mudanças de forma, das mudanças de material e das mudanças de técnica, a personalidade inconfundível dos padres, o ‘espírito’ jesuítico, vem sempre à tona: é a marca, o cachet que identifica todas elas e as diferencia, à primeira vista, das demais. E é precisamente essa constante que persiste, sem embargo das acomodações impostas pela experiência e pela moda, ora perdida no conjunto da composição, ora escondida numa ou noutra particularidade dela, essa presença irredutível e acima de todas as modalidades de estilo porventura adotado é que constitui, no fundo, o verdadeiro ‘estilo’ dos padres da Companhia”.
  • 16. • Um pouco mais adiante, na parte dedicada à talha, o eminente arquiteto brasileiro nos dá sua interpretação do espírito jesuítico tal como ele se manifesta na arte: • “[é claro] que a arquitetura da Companhia, no Brasil, foi quase sempre inimiga dos derramamentos plásticos, despretensiosa, muitas vezes pobre, obedecendo, em suas linhas gerais, a uns tantos padrões uniformes. E se devêssemos resumir, numa só palavra, qual o traço marcante da arquitetura dos padres, diríamos que foi a ‘sobriedade’. Sobriedade presente também nos retábulos, mesmo os mais ricos. Sobriedade que se impõe apesar do gongorismo da obra de talha de um determinado período, como nos púlpitos esplêndidos de Santo Alexandre. Sobriedade que ainda souberam manter no mais pretensioso de seus templos, a atual Sé da Bahia”
  • 17. • Em primeiro lugar, há o estilo jesuítico mais típico, do fim do século XVI, cujo caráter pertence ao final do maneirismo acadêmico e formal, no tratamento plano e retangular da composição. A ornamentação é restrita, tecnicamente bem realizada e precisa no delineamento. • Em segundo lugar, temos o estilo dos últimos anos do século XVII e da primeira década do XVIII, tipicamente franciscano, embora adotado por todos os decoradores de igrejas daquele período, inclusive pelos jesuítas. Ele é protobarroco na opulência e no esplendor dos ornamentos (tecnicamente um tanto grosseiros), no vigoroso tratamento tridimensional, nas robustas curvas do desenho e nas freqüentes e volumosas colunas salomônicas – muito prezadas na época – carregadas de motivos decorativos em alto-relevo.
  • 18. • É protobarroca também a rejeição das restritivas divisões horizontais e ordens superpostas do estilo anterior, abandonadas em favor da liberdade de uma única ordem de colunas. Mesmo assim, ainda há uma certa severidade e concisão evidenciada, por exemplo, no compacto contorno que delimita a turbulenta composição, tolhendo com firmeza a expansividade tão característica do barroco. A fachada da igreja da Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, é uma perfeita exteriorização, executada em pedra, da linguagem protobarroca da talha em madeira.
  • 19. • Em terceiro e último lugar, temos o estilo de meados do século XVIII, de caráter autenticamente barroco. As arquivoltas concêntricas do estilo anterior são rompidas e transformadas em volutas numa triunfal erupção, como que abrindo o retábulo a elevados e infinitos horizontais supraterrestres. O dossel parece flutuar, apenas tocado e não sustentado pelas mãos estendidas dos anjos que voam para o céu. O espaçamento entre colunas foi ampliado para dar lugar às esculturas, e as próprias colunas, menos maciças que no estilo anterior, são às vezes substituídas por figuras de anjos. A ornamentação possui uma elegância, delicadeza e sofisticação mais próxima do maneirismo do que do protobarroco. No entanto, esses retábulos barrocos apresentam linhas ondulantes e expressão sentimental que os distinguem dos retábulos maneiristas, essencialmente severos nas formas e expressão