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A LUTERIA ELETRÔNICA COMO AGENCIADORA DE SONS E GESTOS
Laboratório de Construção
de Instrumentos Musicais
RESUMO
Esta pesquisa foi desenvolvida com a intenção de possibilitar a construção de um instrumento eletrônico analógico no âmbito da luteria
experimental, além de proporcionar reflexões acerca do gesto sonoro e as relações que estes estabelecem com o referido instrumento. O
desenvolvimento deste instrumento tornou-se possível, sobretudo, a partir do estudo e aplicação de parte do conteúdo presente no livro
Handmade Eletronic Music: the art of hardware hacking, de Nicolas Collins (2006). O instrumento será integrado aos trabalhos de criação e
improvisação musical desenvolvidos pelo Projeto AQUARPA no Laboratório de Construção de Instrumentos Musicais do Departamento de Artes e
Comunicação da Universidade Federal de São Carlos. Serão apresentados aqui alguns dos principais resultados obtidos na pesquisa.
O CIRCUITO ELETRÔNICO DO INSTRUMENTO: COMPONENTES E VIAS DE CONEXÃO
O circuito eletrônico do instrumento final produzido neste trabalho foi montado sobre três placas de fenolite. Em uma
das placas, montamos em torno do CI CD4093, um gerador de ruídos brancos¹. Na segunda placa, foi construído em torno
do CI CD40106, um esquema a fim de gerar sonoridades que intitulamos Pios e Estalos². Sobre a terceira placa montamos
um circuito com possibilidade de gerar dois sons simultâneos em registros distintos – grave e agudo³, utilizando para tanto
os CI’s CD40106 e CD4040.
REFERÊNCIAS
COLLINS, N. Handmade eletronic music: the art of hardware hacking. Published
Taylor & Francis Group. New York, 2006.
NESPOLI, E. Reflexões acerca da metamorfose maquínica nos instrumentos
sonoros. IV Seminário Musica Ciência e Tecnologia: Fronteiras e Rupturas. 2012.
CADOZ, C.; WANDERLEY, M. M. Gesture – Music. In: Trends in General Control of Music.
M.M. Wanderley e M. Battier (Eds.), Ircam - Centre Pompidou, 2000.
ZAGONEL, B. O que é gesto musical?. São Paulo. Editora Brasiliense. 1992
Thiago Salas Gomes
Eduardo Nespoli
LUTERIA ELETRÔNICA EXPERIMENTAL E GESTO SONORO
François Delalande ao definir aspectos do gesto
instrumental classifica estes em três tipos: O gesto efetivo, o
gesto acompanhante, e o gesto figurativo. Poderíamos inferir
que os dois primeiros estão ligados ao gesto físico por manter
como referência fundamental o corpo do músico em ação, e o
último corresponderia a uma figuração sugerida pelo som
remetendo assim ao gesto mental (ZAGONEL, 1992).
Claude Cadoz (2000), também aborda o conceito de gesto
instrumental trazendo em sua definição ideias ligadas ao fluxo
energético muscular do músico na atuação sobre o
instrumento.
Eduardo Nespoli (2012) utiliza-se do termo “transdução” em
um ensaio que analisa aspectos sobre a tecnologia e a criação
experimental de instrumentos sonoros. Para o autor a relação
entre o corpo e o fenômeno sonoro ocorre em um processo de
forças que transpassam por diferentes meios
1- Ruídos brancos 2- Pios e Estalos 3- Grave e Agudo
transformando-se em outros sinais e forças de diferentes
naturezas.
Para o tipo de instrumento que tratamos neste trabalho,
por ser comumente utilizado em práticas musicais que lidam
com improvisação e indeterminação, faz-se conveniente
pensarmos o fluxo de energia que se transfere entre o gesto
físico e o fenômeno sonoro, tornando-se novamente gesto ao
realimentar a escuta, como um complexo de relações que se
compõe em práticas musicais singulares e contextualizadas.
Podemos entender a relação entre corpo e instrumento
musical como uma continuidade. Na performance musical o
gesto que manipula o instrumento depende da ação integrada
entre os planos motor, psíquico, sensorial e intelectual,
realimentadas na percepção das perturbações causadas por
este corpo no espaço sonoro.

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  • 1. A LUTERIA ELETRÔNICA COMO AGENCIADORA DE SONS E GESTOS Laboratório de Construção de Instrumentos Musicais RESUMO Esta pesquisa foi desenvolvida com a intenção de possibilitar a construção de um instrumento eletrônico analógico no âmbito da luteria experimental, além de proporcionar reflexões acerca do gesto sonoro e as relações que estes estabelecem com o referido instrumento. O desenvolvimento deste instrumento tornou-se possível, sobretudo, a partir do estudo e aplicação de parte do conteúdo presente no livro Handmade Eletronic Music: the art of hardware hacking, de Nicolas Collins (2006). O instrumento será integrado aos trabalhos de criação e improvisação musical desenvolvidos pelo Projeto AQUARPA no Laboratório de Construção de Instrumentos Musicais do Departamento de Artes e Comunicação da Universidade Federal de São Carlos. Serão apresentados aqui alguns dos principais resultados obtidos na pesquisa. O CIRCUITO ELETRÔNICO DO INSTRUMENTO: COMPONENTES E VIAS DE CONEXÃO O circuito eletrônico do instrumento final produzido neste trabalho foi montado sobre três placas de fenolite. Em uma das placas, montamos em torno do CI CD4093, um gerador de ruídos brancos¹. Na segunda placa, foi construído em torno do CI CD40106, um esquema a fim de gerar sonoridades que intitulamos Pios e Estalos². Sobre a terceira placa montamos um circuito com possibilidade de gerar dois sons simultâneos em registros distintos – grave e agudo³, utilizando para tanto os CI’s CD40106 e CD4040. REFERÊNCIAS COLLINS, N. Handmade eletronic music: the art of hardware hacking. Published Taylor & Francis Group. New York, 2006. NESPOLI, E. Reflexões acerca da metamorfose maquínica nos instrumentos sonoros. IV Seminário Musica Ciência e Tecnologia: Fronteiras e Rupturas. 2012. CADOZ, C.; WANDERLEY, M. M. Gesture – Music. In: Trends in General Control of Music. M.M. Wanderley e M. Battier (Eds.), Ircam - Centre Pompidou, 2000. ZAGONEL, B. O que é gesto musical?. São Paulo. Editora Brasiliense. 1992 Thiago Salas Gomes Eduardo Nespoli LUTERIA ELETRÔNICA EXPERIMENTAL E GESTO SONORO François Delalande ao definir aspectos do gesto instrumental classifica estes em três tipos: O gesto efetivo, o gesto acompanhante, e o gesto figurativo. Poderíamos inferir que os dois primeiros estão ligados ao gesto físico por manter como referência fundamental o corpo do músico em ação, e o último corresponderia a uma figuração sugerida pelo som remetendo assim ao gesto mental (ZAGONEL, 1992). Claude Cadoz (2000), também aborda o conceito de gesto instrumental trazendo em sua definição ideias ligadas ao fluxo energético muscular do músico na atuação sobre o instrumento. Eduardo Nespoli (2012) utiliza-se do termo “transdução” em um ensaio que analisa aspectos sobre a tecnologia e a criação experimental de instrumentos sonoros. Para o autor a relação entre o corpo e o fenômeno sonoro ocorre em um processo de forças que transpassam por diferentes meios 1- Ruídos brancos 2- Pios e Estalos 3- Grave e Agudo transformando-se em outros sinais e forças de diferentes naturezas. Para o tipo de instrumento que tratamos neste trabalho, por ser comumente utilizado em práticas musicais que lidam com improvisação e indeterminação, faz-se conveniente pensarmos o fluxo de energia que se transfere entre o gesto físico e o fenômeno sonoro, tornando-se novamente gesto ao realimentar a escuta, como um complexo de relações que se compõe em práticas musicais singulares e contextualizadas. Podemos entender a relação entre corpo e instrumento musical como uma continuidade. Na performance musical o gesto que manipula o instrumento depende da ação integrada entre os planos motor, psíquico, sensorial e intelectual, realimentadas na percepção das perturbações causadas por este corpo no espaço sonoro.