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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
Licenciatura em Comunicação Empresarial
Índice
Resumo...............................................................................................................................................................3
Introdução ........................................................................................................................................................ 4
Metodologias de Investigação.....................................................................................................................6
Revisão de leitura ............................................................................................................................................7
Definição de Violência no Namoro........................................................................................................7
Enquadramento legal ................................................................................................................................7
Tipos de violência no namoro.................................................................................................................8
Motivos que levam as vítimas a permaneceram numa relação violenta ..................................10
Consequências da violência no namoro .............................................................................................11
O que fazer caso conheça alguém nesta situação?........................................................................12
Como prever?........................................................................................................................................12
Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV)....................................................................13
Estatísticas da APAV ............................................................................................................................14
Caso Pessoal...............................................................................................................................................15
Questionário....................................................................................................................................................17
Análise do projeto ....................................................................................................................................18
Conclusões do questionário .................................................................................................................26
Conclusão .......................................................................................................................................................27
Fontes de Pesquisa.......................................................................................................................................28
Anexos.............................................................................................................................................................29
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Resumo
A escolha deste tema surge, sobretudo, pelo facto de a violência no namoro assumir
um grande papel na sociedade atual e com este estudo o nosso principal objetivo foi perceber
as razões pelas quais as pessoas permanecem em relações abusivas. Para além deste
propósito, tivemos também como intuitos gerais observar o conhecimento por parte da
população das linhas de apoio à vítima e de certo modo caracterizar, o fenómeno da violência
no namoro em Portugal. Para que tal pudesse acontecer realizámos um questionário on-line,
no qual, a amostra se demonstrou maioritariamente jovem e do sexo feminino. Com os
resultados obtidos, podemos assim concluir que, em termos de razões pelas quais alguém
permanece numa relação abusiva, não incluindo a opção: todas as razões apresentadas, a
razão predominantemente escolhida foi: o medo da reação do/a parceiro/a. Por fim, é de
salientar a dominância da ausência de denúncias destes casos às autoridades, revelando desta
forma a tendência negativa que já esperávamos.
Palavras chave: Violência no namoro, Reações, Consequências
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Introdução
O presente estudo teve então como objetivo a resposta à pergunta de partida “Que
fatores influenciam as vitimas a continuar numa relação abusiva?”.
A escolha desta pergunta deve-se principalmente ao facto de que, apesar de ser um
tema já conhecido do ser humano, atualmente ainda continua a assumir um grande papel na
sociedade, uma vez que, de acordo com a nossa experiência pessoal, afeta diversas faixas
etárias. Porém, apesar de ser um assunto muito debatido publicamente, não existe uma
melhoria significativa para o extermínio desde tipo de violência. Achámos, portanto,
interessante estudar um fenómeno que assume um papel fundamental na vida do ser
humano, nos seus relacionamentos e as suas características.
Atualmente, o tipo de informação existente de combate a este tipo de abuso é
abundante, na medida em que há divulgação dos centros de apoio e dos procedimentos que
as vítimas poderão seguir. No entanto, como podemos verificar pelo decorrer do nosso
estudo, só uma pequena minoria, mesmo sendo vítima de violência ou que conhece alguém
que o é, é que faz queixa às autoridades competentes. Esta conclusão revela assim uma área
débil na questão de combate a este fenómeno social, pelo que, acreditamos ser necessário
uma maior e mais eficaz divulgação das informações fulcrais relativas ao tema junto da
população.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Sendo assim, decidimos aprofundar o tema, em concreto, tentando responder à
seguinte questão:
Que fatores influenciam as vitimas a continuarem numa relação abusiva?
Numa tentativa de resposta, baseada unicamente nas nossas opiniões, conhecimentos
gerais e intuições, sem qualquer fundamento científico, estabelecemos as seguintes hipóteses:
Hipótese 1: Grande parte da população não é capaz de reconhecer o comportamento
abusivo, ou não o considera como tal, o que aliado ao baixo conhecimento da existência de
centros de apoio à vítima leva à baixa procura de ajuda.
Hipótese 2: A maioria das vítimas tem esperança que o parceiro mude o que faz com
que permaneçam na relação abusiva.
Hipótese 3: As vítimas não procuram ajuda por vergonha e por medo da reação do
parceiro.
O nosso estudo divide-se em 7 partes. Primeiramente damos a conhecer a definição
de violência, assim como o seu enquadramento legal. De seguida diferenciamos os diferentes
tipos de violência e as variáveis que uma pessoa poderá estar sujeita e que a podem levar a
permanecer neste tipo de relação. Posteriormente, recolhemos dados das várias
consequências que este tipo de abuso tem na vítima, o que, consequentemente, pode ajudar
os mais próximos a desvendar rapidamente o que se passa, e, por isso, apresentamos também
o que fazer numa situação destas. Apresentamos também várias estatísticas acerca do tema
abordado, para contextualização do problema, ou seja, com as estatísticas apresentadas,
podemos retirar de certa forma a mentalidade predominante nos portugueses em relação ao
tema. De seguida obtivemos um relato de um caso verídico, mostrando o lado pessoal do
tema. Damos a conhecer também o questionário feito on-line e a sua análise. Por último,
temos as conclusões a que chegámos com o presente estudo.
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Metodologias de Investigação
De forma a ser possível responder à pergunta de partida “Que fatores influenciam as
vitimas a continuarem numa relação abusiva?”, o estudo seguiu uma metodologia qualitativa
descritiva exploratória bibliográfica visto que o objetivo principal era conhecer o fenómeno
social de forma pormenorizada que é a violência no namoro. Para isso, foram realizadas
leituras exploratórias acerca do tema em questão em plataformas informáticas que
disponibilizaram imensa informação. De seguida foi realizada, a revisão da leitura.
Para além disso, de forma a perceber a perceção das pessoas em relação a este
assunto, foi conciliada metodologia qualitativa do estudo com a metodologia quantitativa
através da realização de um questionário online com o auxilio da ferramenta “GoogleForms”
que, com a ajuda das redes socias, foi publicitado para chegar ao máximo de inquiridos
possíveis. Foi atingido o nosso objetivo de perceber a quantidade de casos, a nível geral,
deste tipo de violência em Portugal, os fatores que levam as vitimas a
permanecerem/abandonarem uma relação violenta e o papel das associações de ajuda à
vitima bem como o conhecimento da população em relação a estas.
Este questionário contou com uma amostra de 1015 participantes anónimos, decorreu
entre 19 de dezembro de 2017 e 21 de dezembro de 2017 e, devido ao facto de não ser uma
amostra representativa da população nacional, esta não deve ser interpretada como de
conveniência dos investigadores.
A analise dos questionários foi realizada com base nas respostas adquiridas através
dos resultados, mas também com o auxilio dos conhecimentos adquiridos na área devido à
fase inicial das leituras exploratórias.
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Revisão de leitura
Definição de Violência no Namoro
Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV), a violência no namoro
é um ato de violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos)
numa relação de namoro, com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder do que a
outra pessoa envolvida na relação.
Hoje em dia, este tipo de violência é conhecido como um problema social que deve
ser rapidamente combatido. Abrange jovens de diferentes níveis formativos, socioeconómicos
e raciais e tem atingido patamares muito preocupantes e alarmantes
Enquadramento legal
Através do Código Penal português, a violência no namoro é inserida no crime de
violência doméstica sendo assim um crime público e púnido por lei. É verificado no artigo
152º, número 1, alínea b) "Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou
psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a pessoa de
outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de
namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação”.
Nestes casos o procedimento criminal instaura-se, desenvolve-se e conclui-se com a
intervenção autónoma do titular público da ação penal. Nos crimes públicos, logo que o
Ministério Público (MP) tenha conhecimento da ocorrência, este procede ao início do
inquérito, dando início à investigação dos factos. Deste modo, sendo o crime de violência
doméstica de natureza pública, a vítima mesmo que queira desisitir do procedimento criminal,
legalmente o MP é obrigado a dar seguimento ao inquérito.
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Tipos de violência no namoro
A violência no namoro pode assumir várias formas. Para além da violência física, a
mais conhecida, existem muitas outras que ameaçam o bem-estar da vitima numa relação
abusiva. É necessário estar atento a sinais que possam denunciar que algo está errado.
A violência física é entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou
saúde, por meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que pode provocar, ou não,
lesões externas, internas ou ambas. As formas mais comuns de provocar a violência física no
namoro são estalos, socos, empurrões, mordidas, pontapés, queimaduras, cortes,
estrangulamento, puxões de cabelo, entre muitas outras.
A violência verbal é utilizada para incomodar e amedrontar a vitima. É realizada
através de insultos, comentários cruéis, berros, humilhações, intimidações e ameaças.
Para além destas, existem também a violência sexual. É caracterizada por qualquer
comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a protagonizar atos sexuais que
não deseja. Alguns exemplos da violência sexual são toques não desejados, forçar a atos
sexuais que não deseja, forçar a ter relações sexuais com outras pessoas, exigir sexo quando
está doente, cansada ou depois de uma agressão.
Existe também a violência psicológica que afeta a autoestima da vitima, provocando
vergonha através de insultos, chantagens e ameaças. Controla as ações, comportamentos,
crenças e decisões. Causa constrangimento e humilhação, limita a liberdade da vitima através
da manipulação, isolamento, vigilância constante, ridicularização ou outro meio que lhe cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
Já a violência emocional é o tipo de violência que faz com que a vitima se sinta com
medo ou inútil. Usualmente inclui comportamentos como ameaçar os filhos, magoar os
animais de estimação, humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em público, ter
atitudes de extremo ciúme, insultar pessoas de quem gosta, amigas/os ou familiares, entre
outras atitudes.
Entende-se por violência social qualquer comportamento que pretende controlar a
vida social do(a) companheiro(a), através de, por exemplo, utilizar o telemóvel do parceiro(a)
sem a sua autorização, impedir que este visite familiares ou amigos, tentar humilhar a vitima
em publico.
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A violência económica visa a controlar a vitima através do dinheiro ou posses.
Exemplos como tirar o dinheiro (ordenado, subsídios e pensões), negar o acesso à conta
bancária, obrigar a pedir dinheiro e a prestar contas, controlar as despesas (o que comprou,
quanto gastou, o uso do carro, o uso do telefone) são formas de controlar a vitima.
Uma vez que existem tantos tipos de violência, é necessário estar atento a um grande
conjunto de sinais que nos podem indicar que alguém está a sofrer numa relação abusiva.
Existem, contudo, algumas particularidades a que temos de prestar atenção.
Quando numa relação violenta fisicamente a vitima apresenta sintomas de que algo
não está bem. Devemos estar atentos a lesões físicas incompatíveis com a explicação, a
marcas em locais pouco comuns, a marcas evidentes de maus tratos, a versões sucessivas e
inconsistentes do mesmo “acidente”, a fraturas e/ou lesões em diferentes graus de
cicatrização, a demora na procura de cuidados médicos, e ainda, ao medo claro na presença
do/a parceiro ou quando o nome do/a parceiro/a é referido por outra pessoa.
Devemos também ter em conta os maus tratos que afetam o estado emocional, que
são os mais difíceis de identificar. Este dano psicológico está presente na violencia verbal, na
violência psicológica, na violência social, na violência emocional. As vitimas são regulamente
humilhadas em frente a outras pessoas, as suas ações são sempre criticadas e o agressor faz
piadas inapropriadas e até ofensivas usando a vitima como foco dessas piadas. Tudo o que
faz tende a ser controlado pela outra pessoa, o olhar da outra pessoa está sempre a aprovar
ou desaprovar as suas ações, fazendo com que a vitima se sinta desconfortável. A vitima está
sempre a receber indicações discretas do que deve, ou não, fazer por parte do agressor.
Por fim, existem os sinais que podem denunciar o abuso sexual numa relação.
Comportamentos como problemas na saúde sexual e reprodutiva, linguagem sexual precoce,
envolvimento na prostituição, preocupação constante acerca do tema da sexualidade, são
alguns indicadores de que a vitima pode estar a ser alvo de abusos sexuais.
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Motivos que levam as vítimas a permaneceram numa relação
violenta
Geralmente, quando alguém permanece numa relação abusiva temos que considerar
algumas variáveis, isto é, o tipo de personalidade da vítima, o seu estado emocional, a pressão
social a que está sujeita, e entre outros, o género e a idade. Isto porquê? Todos estes fatores
influenciam a probabilidade da vítima permanecer ou não na relação. Um outro fator, por
exemplo é a falta de conhecimento aliada a uma personalidade de certa forma facilmente
manipulável, isto é, grande parte das vítimas não são completamente capazes de reconhecer
o comportamento abusivo na relação ou simplesmente são persuadidas pelo parceiro a
acreditar que não se trata de um comportamento abusivo, o que consequentemente faz com
que a vítima não procure ajuda.
As principais razões, segundo a APAV, para alguém permanecer num relacionamento
violento, baseiam-se, de igual forma, nas variáveis já referidas. Estas razões são então o receio
de serem discriminados por se assumirem como vítimas de violência ao procurar ajuda, ter
esperança que a situação se resolva e que o parceiro deixe de ser violento; o desejo de
continuar a investir no relacionamento devido a uma dependência emocional em relação ao
parceiro, e sobretudo, o medo da reação do mesmo caso decidam agir.
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Consequências da violência no namoro
A violência no namoro pode vir a ter graves consequências, quer físicas, quer
psicológicas na saúde de qualquer faixa etária. Uma vez que existem vários tipos de violência,
vão existir diversas consequências.
Algumas consequências que advêm desta violência são a ansiedade e por sua vez o
nervosismo que geralmente são consequências que aparecem ligadas uma à outra; a perda
de apetite que pode levar a um emagrecimento excessivo e por sua vez ao aparecimento de
enumeras doenças; a tristeza; a baixa auto-estima que pode levar à baixa de rendimentos
globais, por exemplo, a baixa de rendimentos escolares ou a baixa de rendimentos
desportivos; o isolamento, que por vezes leva a um sentimento de culpa crescente, o que por
sua vez pode dar lugar a uma depressão; a capacidade de intimidade vai diminuindo devido
ao sentimento de desconfiança crescente, o que por vezes complica a vida de alguém que
possa estar a tentar seguir em frente com a sua vida; e finalmente, o homicídio ou suicídio.
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O que fazer caso conheça alguém nesta situação?
Como prever?
Normalmente, os jovens que praticam ou sofrem de violência no namoro não
entendem as agressões praticadas como abusivas ou adequadas. Muitas vitimas até suportam
e chegam a interiorizar toda a violência que sofrem.
As pessoas que se encontram em volta das vítimas acabam por ter um papel essencial
na medida em que podem ajudar a vítima a falar ou a pedir ajuda para tentar sair da situação
de violência, mesmo que este papel possa ser praticado inconscientemente. Segundo a APAV
(Associação Portuguesa de Apoio à Vitima), é necessário ter alguns fatores em conta que
podem identificar se alguém sofre, ou não, de violência no namoro:
• Nervosismo ou depressão constante por parte da vitima;
• Isolamento dos seus amigos e família;
• Ansiedade sobre a opinião ou comportamentos do seu namorado/a
• Aparecimento de marcas não justificadas, como é o exemplo de nódoas negras,
cortes ou queimaduras.
É também possível identificar violência no namoro através de comportamentos por parte do
agressor:
• Desvalorização e humilhação do seu companheiro perante este e outras pessoas;
• Sempre a dar ordens ao seu companheiro e decide tudo de forma autoritária;
• Controlo de todo o dinheiro, contactos e saída do seu companheiro.
Se for possível, então, concluir que existe de facto violência numa relação, o melhor a fazer é
contactar a APAV através dos seus inúmeros gabinetes de apoio à vítima, através do seu
correio electrónico ou através da linha telefónica.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV)
A APAV é uma instituição particular de solidariedade social sem fins lucrativos e de
voluntariado que apoia de forma individualizada vítimas de crime, através da prestação de
serviços gratuitos e confidenciais, a nível jurídico, psicológico e social. Foi fundada em 25 de
Junho de 1990 e a sua sede localiza-se em Lisboa.
A missão da APAV centra-se em “Apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos,
prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais e contribuir para o
aperfeiçoamento das políticas públicas, sociais e privadas centradas no estatuto da vítima.”
(APAV, s.d.)
Por sua vez, a sua visão afirma que “A APAV acredita e trabalha para que em Portugal
o estatuto da vítima de crime seja plenamente reconhecido, valorizado e efectivo.” (APAV,
s.d.)
A APAV possui uma rede de Gabinetes de Apoio à Vitima espalhados por todo o país
que têm como objetivo ajudar a vitima de forma mais direta e no terreno. O apoio prestado
pelos GAV são totalmente gratuitos e confidenciais e o atendimento é personalizado,
dependendo da situação da vítima. No total já são 18 os gabinetes e estes encontram-se em
Albufeira, Alentejo, Braga, Cascais, Coimbra, Faro, Lisboa, Loulé, Odivelas, Oeiras, Paços de
Ferreira, Ponta Delgada, Porto, Portimão, Santarém, Setúbal, Tavira e Vila Real.
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Estatísticas da APAV
Segundo estudos estatísticos feitos pela APAV, entre 2013 a 2016 registou-se um
crescimento no número de violências onde o agressor era namorado(a) da vítima. Em 2013,
de 975 casos registados, 7 constituíam em que o agressor era namorado(a) da vítima. Em
2016, registaram-se 17 casos num total de 826 reportados. Ou seja, num intervalo de 3 anos,
existiu uma subida de 1.4% de violência no namoro reportados.
“Relativamente aos crimes registados pela APAV, 19,9% são contra a vida e de ofensas
à integridade física, enquanto 26,2% são de coação/ameaças (crimes contra a liberdade
pessoal); temos ainda 12,4% de difamação nos crimes contra a honra e 3,1% de violação
dentro dos crimes sexuais. De acordo com os relatórios da APAV os crimes têm sofrido
aumentos de ano para ano, o que mostra a necessidade de consciencializar os indivíduos
face a este problema.”
Estatísticas retiradas do programa da Sic “E se fosse consigo?”, no episódio “violência
no namoro”, refere que 23% dos jovens diz ter sofrido violência no namoro. Expõe também
várias estatísticas onde 34% dos jovens acredita que ver o telemóvel e as sms do namorado(a)
é aceitável; 33% diz ser um comportamento normal proibir de sair ou ver os amigos e, por
último, 37% acham que proibir o uso de certas peças de roupa é admissível. Estas estatísticas
comprovam que, 1 em cada 3 jovens, com idade entre 12/18 anos, têm uma ideia errada do
constitui a violência.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Caso Pessoal
Em seguida encontra-se um caso verídico, um relato de uma jovem que sofreu
violência no namoro.
“Ninguém imagina que vai viver um caso de violência no namoro. Pensamos sempre
que só acontece com as outras pessoas. Que, se fosse connosco, nunca iriamos aceitar. O
problema é que, quando acontece, nunca conseguimos reagir objetivamente.
Eu era muito nova. Tinha 15 anos quando tive o meu primeiro namorado e foi onde
sofri. Ele não era má pessoa, apenas não eramos feitos um para o outro. Ele era mais velho,
tinha 17 anos na altura. Estudávamos no mesmo sítio, por isso estávamos todos os dias juntos.
O meu avô tinha falecido poucos meses antes de começarmos a namorar, estava frágil,
Queria alguém que estivesse lá, que não me abandonasse, como o meu avô tinha feito. Talvez
tenha sido esse o fator de ter começado este relacionamento. O ciúme é um sentimento muito
forte. O problema dele era gostar demasiado de mim. Não podia fazer trabalhos com colegas
de turma rapazes, não podia ir de vestido para a escola. Todos os intervalos estava com ele,
almoçava com ele. Não ia a festas de aniversário se ele não pudesse ir. Mas para mim, isto
tudo fazia sentido. Fazia-me sentir desejada, que me queriam proteger, que tinha ciúmes
porque gostavam demasiado de mim. Não podia sair com a minha melhor amiga. Ele odiava-
a porque era a única que via tudo o que estava a acontecer e me falava sobre isso. Tentava
fazer com que eu visse o relacionamento venenoso em que estava. Que eu merecia muito mais.
Mas, para mim, aquilo era só palavras, que ela não entendia o amor que estávamos a viver.
Estávamos sempre a terminar e a recomeçar. Ele por ciúmes, eu por estar farta deles.
Eu tinha ataques de pânico quando ele vinha e dizia-me o que tinha feito de mal. Mas aquilo
dizia-me que ele tinha medo de me perder, por isso continuava. O meu namoro não foi muito
longo, mas foi mais longo do que deveria ter sido. Foi meio ano que deixou algumas marcas.
Sei que, se não terminasse na altura em que terminou, ainda continuava com ele. Foi preciso
um episódio muito grave para eu ver que aquilo não era para mim.
O episódio que pôs fim a este relacionamento está relacionado com a minha melhor
amiga. A avó dela faleceu e ele não me deixou ir apoiá-la. Como já tinha referido, o meu avô
tinha falecido à pouco tempo e aquilo afetou-me muito. Se ela esteve lá para mim, porque é
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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que não podia estar lá para ela? Nesse preciso momento percebi que tinha que acabar.
E foi preciso muitos anos mais tarde para ver que isto era caso de violência no namoro. Nunca
foi física, mas a parte psicológica está lá. Escolhia a roupa no dia anterior com muito cuidado,
para estar nos parâmetros que ele queria, nada curto, nada decotado. Os trabalhos de grupo
eram sempre feitos com raparigas, mesmo que tivesse que ficar com as que não gostavam
muito de trabalhar e isso me fosse prejudicar a nota.
A minha auto-estima estava muito em baixo; não podia ir um bocadinho mais bonita
porque isso já desencadeava um ataque de ciúmes, que estava a ir bonita para os outros
rapazes. Este relacionamento deixou marcas. Talvez por ter sido o primeiro e ter começado tão
mal. Depois de ter acabado, não suportava rapazes que mostrassem qualquer sinal de ciúmes.
Se alguém, principalmente um rapaz comentasse a minha roupa, mesmo positivamente, ou se
falasse num tom mais alto comigo, desencadeava um ataque de pânico. Hoje, tenho um
relacionamento saudável e duradouro, que me ajudou a melhorar, a descobrir o meu eu num
relacionamento.”
Os sinais evidentes de violência mencionados ao logo do relato tais como a escolha
da roupa do dia seguinte em função da opinião abusiva do companheiro, as escolhas de
trabalho de grupo com amigas, a restrição de saídas, mostram a realidade de hoje em dia: a
violência de namoro é grave e deve ser combatida.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Questionário
Para aferir a forma como a população no geral perceciona a gravidade da violência
no namoro, foi elaborado um pequeno questionário online, cuja amostra foi constituída por
1015 inquiridos, tanto do sexo feminino como do sexo masculino.
As questões colocadas aos inquiridos estavam todas relacionadas com o problema da
violência no namoro. Com a realização deste questionário, tínhamos como objetivo perceber
se existem ou não, de facto, muitas vitimas/agressores na população portuguesa, desvendar
as razões que estão na origem da violência no namoro, os fatores que levam a vítima a
permanecer numa relação abusiva e destacar, de certa forma, o papel das linhas de apoio
disponíveis caso ocorra algum caso de violência no namoro.
Com a realização e análise deste questionário foi possível ganhar uma maior perceção
do que a população portuguesa pensa em relação a este assunto tão sensível.
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Análise do projeto
• Idades
A primeira questão foi referente à idade dos inquiridos, onde se encontravam as
opções de “<18” , “18-30 anos” , “31-40 anos” , “41-50 anos” , “51-65 anos” e “>66”
Após a análise dos resultados, pode-se concluir que 8% tem menos de 18 anos, 86%
tem entre 18 e 30 anos, 2% tem entre 31 e 40 anos, 3% tem entre 41 e 50 anos, 1% tem entre
51 e 65 anos e uma percentagem muito mínima tem mais de 66 anos.
• Género
Referente ao género dos inquiridos, 81% são do sexo feminino, 18% do sexo masculino
e apenas 1% decidiu não responder à questão.
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• Localização
Em relação à localização dos inquiridos, onde as propostas de resposta eram “litoral”,
“interior” e “ilhas”, conclui-se que 77% se encontra no litoral, 21% no interior e apenas 2% nas
ilhas.
• Habilitações Literárias
Para ter noção do grau de escolaridade dos inquiridos, foi questionado as suas
habilitações literárias, onde as respostas passavam por “ensino básico” , “ensino secundário” ,
“licenciatura”, “mestrado” e “doutoramento”.
Para o efeito, 2% possui o ensino básico, 61% o ensino secundário, 35% uma
licenciatura, 2% com mestrado e uma percentagem mínima com doutoramento.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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• Está em algum relacionamento amoroso?
Para compreender se a maioria dos inquiridos se tratavam de pessoas numa relação
amorosa ou não, foi feita a pergunta “Está em algum relacionamento amoroso?”
Com esta questão, concluímos que mais de metade dos inquiridos está, de facto num
relacionamento amoroso visto que 57% respondeu afirmativamente, 41% respondeu
negativamente e apenas 2% não respondeu.
• Alguma vez foi vítima de violência no namoro?
Com o objetivo de ter uma maior perceção em relação ao número de vítimas de
violência no namoro, questionou-se “Alguma vez foi vítima de violência no namoro?”
Felizmente, uma grande maioria afirmou que nunca foi vitima de tal violência (85%)
mas, no entanto, 14% afirma já ter sido vitima de violência no namoro. 1% não sabia ou não
respondeu.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Com os resultados desta questão pode-se concluir que, de facto, a violência no namoro
não é algo muito frequente na vida de um casal de namorados mas existe ainda uma
quantidade de pessoas a que se deve prestar atenção e especial cuidado.
• Alguma vez foi o agressor?
Tal como a pergunta anteriormente feita, o grupo queria também ter a perceção do
número de agressores presentes nos inquiridos. Para isso foi feita a pergunta “Alguma vez foi
o agressor?”
Novamente um resultado satisfatório na medida em que uma maioria quase absoluta
respondeu que nunca foi agressor (95%). No entanto, 4% dos inquiridos revelou já ter sido
agressor e apenas 1% não respondeu.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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• Conhece alguma vítima da violência no namoro?
Para perceber se os inquiridos são aquelas pessoas que assistem à violência no
namoro do “lado de fora”, foi questionado se “Conhece alguma vítima da violência no
namoro?”
Apesar de mais de metade ter respondido que não conhecia nenhuma vitima deste
tipo de violência (52%), uma grande percentagem respondeu que conhecia pelo menos uma
pessoa (43%), sendo esta uma resposta negativa e que merece ser alterada nos próximos
anos com a ajuda das linhas de apoio. 5% respondeu que não sabia ou que não respondia.
• Conhece algum agressor?
Com o mesmo objetivo da pergunta anterior, foi questionado aos inquiridos se
“Conhece algum agressor?”
Tal como na análise anterior, mais de metade respondeu que não conhecia nenhum
agressor (56%) mas ainda 39% dos inquiridos conhece pelo menos um agressor. 5%
respondeu que não sabia ou que não respondia.
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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• O que considera que está na origem deste tipo de violência?
Para perceber a opinião dos inquiridos em relação a este assunto e os fatores que
estão na origem da violência no namoro, foi questionado “O que considera que está na
origem deste tipo de violência?” Obtivemos inúmeras respostas mas as que tiveram mais
destaque na população foram “poder sobre o/a companheiro/a” com 35%, “discussão” com
3%, “ciúme/desconfiança” com 39%, “todas as respostas anteriores” com 14% e outras opções
com 7%. 2% respondeu que não sabia ou que não respondia à questão.
• Se acabou alguma relação violenta, o que motivou a que o fizesse?
Com o objetivo de perceber o motivo pela qual leva a vitima a acabar um
relacionamento violento, foi questionado “Se acabou alguma relação violenta, o que motivou
a que o fizesse?”
A esta questão apenas responderam 319 pessoas, onde 29% respondeu que o
relacionamento terminou devido ao “apoio de familiares e/ou amigos”, 41% devido ao
“controlo excessivo”, 15% porque “passou de violência psicológica para física” e 15 % por
outros motivos
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Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
Licenciatura em Comunicação Empresarial
36
231 220
53
121
327
27
Que fatores influenciam as vítimas a
permanecerem numa relação abusiva?
• Que fatores influenciam as vítimas a permanecerem numa relação abusiva?
Segundo os inquiridos, os fatores que levam as vitimas a permanecerem numa relação
abusiva baseiam-se em “medo de perder os filhos/pertences”, “medo da reação do/a
agressor(a) se a relação acabar”, “esperança que o/a agressor(a) deixe de ser violento/a”,
“comodismo face à situação”, “medo de perder o/a companheiro/a” e”todas as repostas
anteriores”.
25
Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
Licenciatura em Comunicação Empresarial
• Já alguma vez denunciou as autoridades este tipo de violência?
Para compreender a ação dos inquiridos perante uma situação de violência no
namoro “vista de fora”, foi questionado a estes mesmos se “Já alguma vez denunciou as
autoridades este tipo de violência?”
Uma maioria quase total respondeu negativamente a esta questão (95%) e apenas
5% respondeu afirmativamente. Com este resultado, conclui-se que, mesmo conhecendo
vitimas de violência no namoro (como já foi afirmado numa pergunta anteriormente), os
inquiridos não fazem queixa as autoridades e deixam estas situações passar despercebido,
sendo esta uma resposta muito negativa.
• Conhece linhas de apoio caso ocorra a violência no namoro?
Com o objetivo de destacar o papel das linhas de apoio para este problema da
violência no namoro, foi questionado aos inquiridos se “Conhece linhas de apoio caso ocorra
a violência no namoro?”
Felizmente, mais de metade (55%) conhece pelo menos uma linha de apoio para a
qual tem de ligar caso conheça alguém que sofre deste tipo de violência. No entanto, existe
ainda uma grande percentagem de pessoas que não conhece qualquer linha de apoio (45%).
Seria então favorável que linhas como a da APAV realizasse mais campanhas de
publicidade, por exemplo, para publicitar a sua linha de apoio à vitima.
26
Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Conclusões do questionário
Por confronto direto entre as conclusões retiradas do presente questionário e as
hipóteses estabelecidas previamente, concluímos que:
- De acordo com a primeira hipótese “Grande parte da população não é capaz de
reconhecer o comportamento abusivo, ou não o considera como tal, o que aliado ao baixo
conhecimento da existência de centros de apoio à vítima leva à baixa procura de ajuda.”
verificámos na pergunta do questionário referente ao conhecimento de linhas de apoio, 45%
das respostas foram negativas, o que vai de encontro à nossa intuição inicial de que as
pessoas têm um baixo conhecimento das linhas de apoio existentes.
Relativamente à segunda hipótese “A maioria das vítimas tem esperança que o
parceiro mude, o que faz com que permaneçam na relação abusiva.” Podemos verificar que
esta hipótese vai de encontro à realidade, uma vez que, na pergunta do questionário
referente ás razões pelas quais alguém permanece numa relação abusiva, uma das respostas
com maior número de escolha (220) foi exatamente a esperança de que o parceiro mude.
Por fim, em relação à terceira hipótese “As vítimas não procuram ajuda por vergonha
e por medo da reação do parceiro.”; verificámos, igualmente, que em relação à pergunta das
razões pelas quais alguém permanece numa relação abusiva a resposta mais escolhida (231),
com exceção da opção todas as hipóteses (327), foi a opção: medo da reação do agressor se
a relação acabar, comprovando mais uma vez a validade da terceira hipótese.
27
Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Conclusão
O intuito deste estudo foi responder a pergunta de partida “Que fatores influenciam
as vitimas a continuar numa relação abusiva?”. Apos uma analise extensiva, denotamos que
uma percentagem significativa da populacao não tem a nocao da dimensao do que e
considerado violencia e, por isso, tende a adotar condutas violentas no contexto das suas
relações de intimidade. Um fator prejudicial a denuncia da violencia e o facto de a maioria
dos abusos serem psicológicos emocionais, fazendo com que não haja provas visiveis do
sucedido. Devido a estes aspetos, torna-se difícil ser uma pessoa exterior a relação denunciar
pois não tem conhecimento do sucedido.
Com o inquérito analisado, podemos retirar várias conclusões acerca da violência no
namoro. As respostas as questões de maior reflexão, tais como “O que considera que está na
origem deste tipo de violência?” ou “Que fatores influenciam as vítimas a permanecerem
numa relação abusiva?”; teve influência nas análises retiradas acerca deste assunto, uma vez
que são nessas respostas que temos uma noção do que a população pensa sobre este
assunto delicado.
Após esta análise, podemos concluir que a violência no namoro, apesar de ser conhecida
pela populacao portuguesa, ainda e um assunto tabu uma vez que as pessoas não sabem
como reagir a situacoes tao complexas e delicadas. O facto de os portugueses terem a
mentalidade de que cada um toma conta da sua vida, leva a que passe despercebido sinais
tao óbvios de que algo não esta bem.
Para concluir, é necessário uma maior intervenção por parte dos orgãos competentes no
reforço das ideias do que não é aceitavel num relacionamento. Tambem seria vantajoso se a
Associação Portuguesa de Apoio A Vítima tivesse um marketing mais agressivo uma vez que,
com o inquérito feito, retiramos que 45% da amostra não conhecia nenhuma linha de apoio.
Para finalizar, alertamos para a importância de sensibilização da população para estes crimes,
assim como para a diminuição dos mesmos.
28
Metodologias da Investigação Aplicadas à CE
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Fontes de Pesquisa
APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/vd/index.php/zoo/porque-uma-vitima-se-mantem-
numa-relacao-violenta: https://apav.pt/vd/index.php/zoo/porque-uma-vitima-se-
mantem-numa-relacao-violenta
APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/: https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/
APAV para Jovens. (s.d.). Obtido de http://www.apavparajovens.pt/pt/go:
http://www.apavparajovens.pt/pt/go/o-que-e1
Estatisticas APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/estatisticas-apav:
https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/estatisticas-apav
Parlamento. (s.d.). Obtido de https://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/:
https://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/Legislacao_AreaViolenciaDomestica.a
spx
SIC Noticias. (s.d.). Obtido de http://sicnoticias.sapo.pt:
http://sicnoticias.sapo.pt/programas/e-se-fosse-consigo/2016-05-16-E-se-fosse-
consigo--A-violencia-no-namoro
Violência no Namoro. (s.d.). Obtido de https://sites.google.com/site/crces12/:
https://sites.google.com/site/crces12/consequencias-de-um-namoro-violento
Violência No Namoro Programa de Prevenção. (s.d.). Obtido de
https://sites.google.com/site/violencianonamoropp/:
https://sites.google.com/site/violencianonamoropp/consequencias
WeCareOn. (s.d.). Obtido de https://wecareon.com: https://wecareon.com/violencia-no-
namoro-na-adolescencia/
29
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Anexos
30
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31
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  • 1.
  • 2. 2 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Índice Resumo...............................................................................................................................................................3 Introdução ........................................................................................................................................................ 4 Metodologias de Investigação.....................................................................................................................6 Revisão de leitura ............................................................................................................................................7 Definição de Violência no Namoro........................................................................................................7 Enquadramento legal ................................................................................................................................7 Tipos de violência no namoro.................................................................................................................8 Motivos que levam as vítimas a permaneceram numa relação violenta ..................................10 Consequências da violência no namoro .............................................................................................11 O que fazer caso conheça alguém nesta situação?........................................................................12 Como prever?........................................................................................................................................12 Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV)....................................................................13 Estatísticas da APAV ............................................................................................................................14 Caso Pessoal...............................................................................................................................................15 Questionário....................................................................................................................................................17 Análise do projeto ....................................................................................................................................18 Conclusões do questionário .................................................................................................................26 Conclusão .......................................................................................................................................................27 Fontes de Pesquisa.......................................................................................................................................28 Anexos.............................................................................................................................................................29
  • 3. 3 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Resumo A escolha deste tema surge, sobretudo, pelo facto de a violência no namoro assumir um grande papel na sociedade atual e com este estudo o nosso principal objetivo foi perceber as razões pelas quais as pessoas permanecem em relações abusivas. Para além deste propósito, tivemos também como intuitos gerais observar o conhecimento por parte da população das linhas de apoio à vítima e de certo modo caracterizar, o fenómeno da violência no namoro em Portugal. Para que tal pudesse acontecer realizámos um questionário on-line, no qual, a amostra se demonstrou maioritariamente jovem e do sexo feminino. Com os resultados obtidos, podemos assim concluir que, em termos de razões pelas quais alguém permanece numa relação abusiva, não incluindo a opção: todas as razões apresentadas, a razão predominantemente escolhida foi: o medo da reação do/a parceiro/a. Por fim, é de salientar a dominância da ausência de denúncias destes casos às autoridades, revelando desta forma a tendência negativa que já esperávamos. Palavras chave: Violência no namoro, Reações, Consequências
  • 4. 4 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Introdução O presente estudo teve então como objetivo a resposta à pergunta de partida “Que fatores influenciam as vitimas a continuar numa relação abusiva?”. A escolha desta pergunta deve-se principalmente ao facto de que, apesar de ser um tema já conhecido do ser humano, atualmente ainda continua a assumir um grande papel na sociedade, uma vez que, de acordo com a nossa experiência pessoal, afeta diversas faixas etárias. Porém, apesar de ser um assunto muito debatido publicamente, não existe uma melhoria significativa para o extermínio desde tipo de violência. Achámos, portanto, interessante estudar um fenómeno que assume um papel fundamental na vida do ser humano, nos seus relacionamentos e as suas características. Atualmente, o tipo de informação existente de combate a este tipo de abuso é abundante, na medida em que há divulgação dos centros de apoio e dos procedimentos que as vítimas poderão seguir. No entanto, como podemos verificar pelo decorrer do nosso estudo, só uma pequena minoria, mesmo sendo vítima de violência ou que conhece alguém que o é, é que faz queixa às autoridades competentes. Esta conclusão revela assim uma área débil na questão de combate a este fenómeno social, pelo que, acreditamos ser necessário uma maior e mais eficaz divulgação das informações fulcrais relativas ao tema junto da população.
  • 5. 5 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Sendo assim, decidimos aprofundar o tema, em concreto, tentando responder à seguinte questão: Que fatores influenciam as vitimas a continuarem numa relação abusiva? Numa tentativa de resposta, baseada unicamente nas nossas opiniões, conhecimentos gerais e intuições, sem qualquer fundamento científico, estabelecemos as seguintes hipóteses: Hipótese 1: Grande parte da população não é capaz de reconhecer o comportamento abusivo, ou não o considera como tal, o que aliado ao baixo conhecimento da existência de centros de apoio à vítima leva à baixa procura de ajuda. Hipótese 2: A maioria das vítimas tem esperança que o parceiro mude o que faz com que permaneçam na relação abusiva. Hipótese 3: As vítimas não procuram ajuda por vergonha e por medo da reação do parceiro. O nosso estudo divide-se em 7 partes. Primeiramente damos a conhecer a definição de violência, assim como o seu enquadramento legal. De seguida diferenciamos os diferentes tipos de violência e as variáveis que uma pessoa poderá estar sujeita e que a podem levar a permanecer neste tipo de relação. Posteriormente, recolhemos dados das várias consequências que este tipo de abuso tem na vítima, o que, consequentemente, pode ajudar os mais próximos a desvendar rapidamente o que se passa, e, por isso, apresentamos também o que fazer numa situação destas. Apresentamos também várias estatísticas acerca do tema abordado, para contextualização do problema, ou seja, com as estatísticas apresentadas, podemos retirar de certa forma a mentalidade predominante nos portugueses em relação ao tema. De seguida obtivemos um relato de um caso verídico, mostrando o lado pessoal do tema. Damos a conhecer também o questionário feito on-line e a sua análise. Por último, temos as conclusões a que chegámos com o presente estudo.
  • 6. 6 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Metodologias de Investigação De forma a ser possível responder à pergunta de partida “Que fatores influenciam as vitimas a continuarem numa relação abusiva?”, o estudo seguiu uma metodologia qualitativa descritiva exploratória bibliográfica visto que o objetivo principal era conhecer o fenómeno social de forma pormenorizada que é a violência no namoro. Para isso, foram realizadas leituras exploratórias acerca do tema em questão em plataformas informáticas que disponibilizaram imensa informação. De seguida foi realizada, a revisão da leitura. Para além disso, de forma a perceber a perceção das pessoas em relação a este assunto, foi conciliada metodologia qualitativa do estudo com a metodologia quantitativa através da realização de um questionário online com o auxilio da ferramenta “GoogleForms” que, com a ajuda das redes socias, foi publicitado para chegar ao máximo de inquiridos possíveis. Foi atingido o nosso objetivo de perceber a quantidade de casos, a nível geral, deste tipo de violência em Portugal, os fatores que levam as vitimas a permanecerem/abandonarem uma relação violenta e o papel das associações de ajuda à vitima bem como o conhecimento da população em relação a estas. Este questionário contou com uma amostra de 1015 participantes anónimos, decorreu entre 19 de dezembro de 2017 e 21 de dezembro de 2017 e, devido ao facto de não ser uma amostra representativa da população nacional, esta não deve ser interpretada como de conveniência dos investigadores. A analise dos questionários foi realizada com base nas respostas adquiridas através dos resultados, mas também com o auxilio dos conhecimentos adquiridos na área devido à fase inicial das leituras exploratórias.
  • 7. 7 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Revisão de leitura Definição de Violência no Namoro Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV), a violência no namoro é um ato de violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de namoro, com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder do que a outra pessoa envolvida na relação. Hoje em dia, este tipo de violência é conhecido como um problema social que deve ser rapidamente combatido. Abrange jovens de diferentes níveis formativos, socioeconómicos e raciais e tem atingido patamares muito preocupantes e alarmantes Enquadramento legal Através do Código Penal português, a violência no namoro é inserida no crime de violência doméstica sendo assim um crime público e púnido por lei. É verificado no artigo 152º, número 1, alínea b) "Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma relação de namoro ou uma relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação”. Nestes casos o procedimento criminal instaura-se, desenvolve-se e conclui-se com a intervenção autónoma do titular público da ação penal. Nos crimes públicos, logo que o Ministério Público (MP) tenha conhecimento da ocorrência, este procede ao início do inquérito, dando início à investigação dos factos. Deste modo, sendo o crime de violência doméstica de natureza pública, a vítima mesmo que queira desisitir do procedimento criminal, legalmente o MP é obrigado a dar seguimento ao inquérito.
  • 8. 8 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Tipos de violência no namoro A violência no namoro pode assumir várias formas. Para além da violência física, a mais conhecida, existem muitas outras que ameaçam o bem-estar da vitima numa relação abusiva. É necessário estar atento a sinais que possam denunciar que algo está errado. A violência física é entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde, por meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que pode provocar, ou não, lesões externas, internas ou ambas. As formas mais comuns de provocar a violência física no namoro são estalos, socos, empurrões, mordidas, pontapés, queimaduras, cortes, estrangulamento, puxões de cabelo, entre muitas outras. A violência verbal é utilizada para incomodar e amedrontar a vitima. É realizada através de insultos, comentários cruéis, berros, humilhações, intimidações e ameaças. Para além destas, existem também a violência sexual. É caracterizada por qualquer comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns exemplos da violência sexual são toques não desejados, forçar a atos sexuais que não deseja, forçar a ter relações sexuais com outras pessoas, exigir sexo quando está doente, cansada ou depois de uma agressão. Existe também a violência psicológica que afeta a autoestima da vitima, provocando vergonha através de insultos, chantagens e ameaças. Controla as ações, comportamentos, crenças e decisões. Causa constrangimento e humilhação, limita a liberdade da vitima através da manipulação, isolamento, vigilância constante, ridicularização ou outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Já a violência emocional é o tipo de violência que faz com que a vitima se sinta com medo ou inútil. Usualmente inclui comportamentos como ameaçar os filhos, magoar os animais de estimação, humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em público, ter atitudes de extremo ciúme, insultar pessoas de quem gosta, amigas/os ou familiares, entre outras atitudes. Entende-se por violência social qualquer comportamento que pretende controlar a vida social do(a) companheiro(a), através de, por exemplo, utilizar o telemóvel do parceiro(a) sem a sua autorização, impedir que este visite familiares ou amigos, tentar humilhar a vitima em publico.
  • 9. 9 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial A violência económica visa a controlar a vitima através do dinheiro ou posses. Exemplos como tirar o dinheiro (ordenado, subsídios e pensões), negar o acesso à conta bancária, obrigar a pedir dinheiro e a prestar contas, controlar as despesas (o que comprou, quanto gastou, o uso do carro, o uso do telefone) são formas de controlar a vitima. Uma vez que existem tantos tipos de violência, é necessário estar atento a um grande conjunto de sinais que nos podem indicar que alguém está a sofrer numa relação abusiva. Existem, contudo, algumas particularidades a que temos de prestar atenção. Quando numa relação violenta fisicamente a vitima apresenta sintomas de que algo não está bem. Devemos estar atentos a lesões físicas incompatíveis com a explicação, a marcas em locais pouco comuns, a marcas evidentes de maus tratos, a versões sucessivas e inconsistentes do mesmo “acidente”, a fraturas e/ou lesões em diferentes graus de cicatrização, a demora na procura de cuidados médicos, e ainda, ao medo claro na presença do/a parceiro ou quando o nome do/a parceiro/a é referido por outra pessoa. Devemos também ter em conta os maus tratos que afetam o estado emocional, que são os mais difíceis de identificar. Este dano psicológico está presente na violencia verbal, na violência psicológica, na violência social, na violência emocional. As vitimas são regulamente humilhadas em frente a outras pessoas, as suas ações são sempre criticadas e o agressor faz piadas inapropriadas e até ofensivas usando a vitima como foco dessas piadas. Tudo o que faz tende a ser controlado pela outra pessoa, o olhar da outra pessoa está sempre a aprovar ou desaprovar as suas ações, fazendo com que a vitima se sinta desconfortável. A vitima está sempre a receber indicações discretas do que deve, ou não, fazer por parte do agressor. Por fim, existem os sinais que podem denunciar o abuso sexual numa relação. Comportamentos como problemas na saúde sexual e reprodutiva, linguagem sexual precoce, envolvimento na prostituição, preocupação constante acerca do tema da sexualidade, são alguns indicadores de que a vitima pode estar a ser alvo de abusos sexuais.
  • 10. 10 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Motivos que levam as vítimas a permaneceram numa relação violenta Geralmente, quando alguém permanece numa relação abusiva temos que considerar algumas variáveis, isto é, o tipo de personalidade da vítima, o seu estado emocional, a pressão social a que está sujeita, e entre outros, o género e a idade. Isto porquê? Todos estes fatores influenciam a probabilidade da vítima permanecer ou não na relação. Um outro fator, por exemplo é a falta de conhecimento aliada a uma personalidade de certa forma facilmente manipulável, isto é, grande parte das vítimas não são completamente capazes de reconhecer o comportamento abusivo na relação ou simplesmente são persuadidas pelo parceiro a acreditar que não se trata de um comportamento abusivo, o que consequentemente faz com que a vítima não procure ajuda. As principais razões, segundo a APAV, para alguém permanecer num relacionamento violento, baseiam-se, de igual forma, nas variáveis já referidas. Estas razões são então o receio de serem discriminados por se assumirem como vítimas de violência ao procurar ajuda, ter esperança que a situação se resolva e que o parceiro deixe de ser violento; o desejo de continuar a investir no relacionamento devido a uma dependência emocional em relação ao parceiro, e sobretudo, o medo da reação do mesmo caso decidam agir.
  • 11. 11 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Consequências da violência no namoro A violência no namoro pode vir a ter graves consequências, quer físicas, quer psicológicas na saúde de qualquer faixa etária. Uma vez que existem vários tipos de violência, vão existir diversas consequências. Algumas consequências que advêm desta violência são a ansiedade e por sua vez o nervosismo que geralmente são consequências que aparecem ligadas uma à outra; a perda de apetite que pode levar a um emagrecimento excessivo e por sua vez ao aparecimento de enumeras doenças; a tristeza; a baixa auto-estima que pode levar à baixa de rendimentos globais, por exemplo, a baixa de rendimentos escolares ou a baixa de rendimentos desportivos; o isolamento, que por vezes leva a um sentimento de culpa crescente, o que por sua vez pode dar lugar a uma depressão; a capacidade de intimidade vai diminuindo devido ao sentimento de desconfiança crescente, o que por vezes complica a vida de alguém que possa estar a tentar seguir em frente com a sua vida; e finalmente, o homicídio ou suicídio.
  • 12. 12 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial O que fazer caso conheça alguém nesta situação? Como prever? Normalmente, os jovens que praticam ou sofrem de violência no namoro não entendem as agressões praticadas como abusivas ou adequadas. Muitas vitimas até suportam e chegam a interiorizar toda a violência que sofrem. As pessoas que se encontram em volta das vítimas acabam por ter um papel essencial na medida em que podem ajudar a vítima a falar ou a pedir ajuda para tentar sair da situação de violência, mesmo que este papel possa ser praticado inconscientemente. Segundo a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vitima), é necessário ter alguns fatores em conta que podem identificar se alguém sofre, ou não, de violência no namoro: • Nervosismo ou depressão constante por parte da vitima; • Isolamento dos seus amigos e família; • Ansiedade sobre a opinião ou comportamentos do seu namorado/a • Aparecimento de marcas não justificadas, como é o exemplo de nódoas negras, cortes ou queimaduras. É também possível identificar violência no namoro através de comportamentos por parte do agressor: • Desvalorização e humilhação do seu companheiro perante este e outras pessoas; • Sempre a dar ordens ao seu companheiro e decide tudo de forma autoritária; • Controlo de todo o dinheiro, contactos e saída do seu companheiro. Se for possível, então, concluir que existe de facto violência numa relação, o melhor a fazer é contactar a APAV através dos seus inúmeros gabinetes de apoio à vítima, através do seu correio electrónico ou através da linha telefónica.
  • 13. 13 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV) A APAV é uma instituição particular de solidariedade social sem fins lucrativos e de voluntariado que apoia de forma individualizada vítimas de crime, através da prestação de serviços gratuitos e confidenciais, a nível jurídico, psicológico e social. Foi fundada em 25 de Junho de 1990 e a sua sede localiza-se em Lisboa. A missão da APAV centra-se em “Apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais e contribuir para o aperfeiçoamento das políticas públicas, sociais e privadas centradas no estatuto da vítima.” (APAV, s.d.) Por sua vez, a sua visão afirma que “A APAV acredita e trabalha para que em Portugal o estatuto da vítima de crime seja plenamente reconhecido, valorizado e efectivo.” (APAV, s.d.) A APAV possui uma rede de Gabinetes de Apoio à Vitima espalhados por todo o país que têm como objetivo ajudar a vitima de forma mais direta e no terreno. O apoio prestado pelos GAV são totalmente gratuitos e confidenciais e o atendimento é personalizado, dependendo da situação da vítima. No total já são 18 os gabinetes e estes encontram-se em Albufeira, Alentejo, Braga, Cascais, Coimbra, Faro, Lisboa, Loulé, Odivelas, Oeiras, Paços de Ferreira, Ponta Delgada, Porto, Portimão, Santarém, Setúbal, Tavira e Vila Real.
  • 14. 14 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Estatísticas da APAV Segundo estudos estatísticos feitos pela APAV, entre 2013 a 2016 registou-se um crescimento no número de violências onde o agressor era namorado(a) da vítima. Em 2013, de 975 casos registados, 7 constituíam em que o agressor era namorado(a) da vítima. Em 2016, registaram-se 17 casos num total de 826 reportados. Ou seja, num intervalo de 3 anos, existiu uma subida de 1.4% de violência no namoro reportados. “Relativamente aos crimes registados pela APAV, 19,9% são contra a vida e de ofensas à integridade física, enquanto 26,2% são de coação/ameaças (crimes contra a liberdade pessoal); temos ainda 12,4% de difamação nos crimes contra a honra e 3,1% de violação dentro dos crimes sexuais. De acordo com os relatórios da APAV os crimes têm sofrido aumentos de ano para ano, o que mostra a necessidade de consciencializar os indivíduos face a este problema.” Estatísticas retiradas do programa da Sic “E se fosse consigo?”, no episódio “violência no namoro”, refere que 23% dos jovens diz ter sofrido violência no namoro. Expõe também várias estatísticas onde 34% dos jovens acredita que ver o telemóvel e as sms do namorado(a) é aceitável; 33% diz ser um comportamento normal proibir de sair ou ver os amigos e, por último, 37% acham que proibir o uso de certas peças de roupa é admissível. Estas estatísticas comprovam que, 1 em cada 3 jovens, com idade entre 12/18 anos, têm uma ideia errada do constitui a violência.
  • 15. 15 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Caso Pessoal Em seguida encontra-se um caso verídico, um relato de uma jovem que sofreu violência no namoro. “Ninguém imagina que vai viver um caso de violência no namoro. Pensamos sempre que só acontece com as outras pessoas. Que, se fosse connosco, nunca iriamos aceitar. O problema é que, quando acontece, nunca conseguimos reagir objetivamente. Eu era muito nova. Tinha 15 anos quando tive o meu primeiro namorado e foi onde sofri. Ele não era má pessoa, apenas não eramos feitos um para o outro. Ele era mais velho, tinha 17 anos na altura. Estudávamos no mesmo sítio, por isso estávamos todos os dias juntos. O meu avô tinha falecido poucos meses antes de começarmos a namorar, estava frágil, Queria alguém que estivesse lá, que não me abandonasse, como o meu avô tinha feito. Talvez tenha sido esse o fator de ter começado este relacionamento. O ciúme é um sentimento muito forte. O problema dele era gostar demasiado de mim. Não podia fazer trabalhos com colegas de turma rapazes, não podia ir de vestido para a escola. Todos os intervalos estava com ele, almoçava com ele. Não ia a festas de aniversário se ele não pudesse ir. Mas para mim, isto tudo fazia sentido. Fazia-me sentir desejada, que me queriam proteger, que tinha ciúmes porque gostavam demasiado de mim. Não podia sair com a minha melhor amiga. Ele odiava- a porque era a única que via tudo o que estava a acontecer e me falava sobre isso. Tentava fazer com que eu visse o relacionamento venenoso em que estava. Que eu merecia muito mais. Mas, para mim, aquilo era só palavras, que ela não entendia o amor que estávamos a viver. Estávamos sempre a terminar e a recomeçar. Ele por ciúmes, eu por estar farta deles. Eu tinha ataques de pânico quando ele vinha e dizia-me o que tinha feito de mal. Mas aquilo dizia-me que ele tinha medo de me perder, por isso continuava. O meu namoro não foi muito longo, mas foi mais longo do que deveria ter sido. Foi meio ano que deixou algumas marcas. Sei que, se não terminasse na altura em que terminou, ainda continuava com ele. Foi preciso um episódio muito grave para eu ver que aquilo não era para mim. O episódio que pôs fim a este relacionamento está relacionado com a minha melhor amiga. A avó dela faleceu e ele não me deixou ir apoiá-la. Como já tinha referido, o meu avô tinha falecido à pouco tempo e aquilo afetou-me muito. Se ela esteve lá para mim, porque é
  • 16. 16 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial que não podia estar lá para ela? Nesse preciso momento percebi que tinha que acabar. E foi preciso muitos anos mais tarde para ver que isto era caso de violência no namoro. Nunca foi física, mas a parte psicológica está lá. Escolhia a roupa no dia anterior com muito cuidado, para estar nos parâmetros que ele queria, nada curto, nada decotado. Os trabalhos de grupo eram sempre feitos com raparigas, mesmo que tivesse que ficar com as que não gostavam muito de trabalhar e isso me fosse prejudicar a nota. A minha auto-estima estava muito em baixo; não podia ir um bocadinho mais bonita porque isso já desencadeava um ataque de ciúmes, que estava a ir bonita para os outros rapazes. Este relacionamento deixou marcas. Talvez por ter sido o primeiro e ter começado tão mal. Depois de ter acabado, não suportava rapazes que mostrassem qualquer sinal de ciúmes. Se alguém, principalmente um rapaz comentasse a minha roupa, mesmo positivamente, ou se falasse num tom mais alto comigo, desencadeava um ataque de pânico. Hoje, tenho um relacionamento saudável e duradouro, que me ajudou a melhorar, a descobrir o meu eu num relacionamento.” Os sinais evidentes de violência mencionados ao logo do relato tais como a escolha da roupa do dia seguinte em função da opinião abusiva do companheiro, as escolhas de trabalho de grupo com amigas, a restrição de saídas, mostram a realidade de hoje em dia: a violência de namoro é grave e deve ser combatida.
  • 17. 17 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Questionário Para aferir a forma como a população no geral perceciona a gravidade da violência no namoro, foi elaborado um pequeno questionário online, cuja amostra foi constituída por 1015 inquiridos, tanto do sexo feminino como do sexo masculino. As questões colocadas aos inquiridos estavam todas relacionadas com o problema da violência no namoro. Com a realização deste questionário, tínhamos como objetivo perceber se existem ou não, de facto, muitas vitimas/agressores na população portuguesa, desvendar as razões que estão na origem da violência no namoro, os fatores que levam a vítima a permanecer numa relação abusiva e destacar, de certa forma, o papel das linhas de apoio disponíveis caso ocorra algum caso de violência no namoro. Com a realização e análise deste questionário foi possível ganhar uma maior perceção do que a população portuguesa pensa em relação a este assunto tão sensível.
  • 18. 18 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Análise do projeto • Idades A primeira questão foi referente à idade dos inquiridos, onde se encontravam as opções de “<18” , “18-30 anos” , “31-40 anos” , “41-50 anos” , “51-65 anos” e “>66” Após a análise dos resultados, pode-se concluir que 8% tem menos de 18 anos, 86% tem entre 18 e 30 anos, 2% tem entre 31 e 40 anos, 3% tem entre 41 e 50 anos, 1% tem entre 51 e 65 anos e uma percentagem muito mínima tem mais de 66 anos. • Género Referente ao género dos inquiridos, 81% são do sexo feminino, 18% do sexo masculino e apenas 1% decidiu não responder à questão.
  • 19. 19 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial • Localização Em relação à localização dos inquiridos, onde as propostas de resposta eram “litoral”, “interior” e “ilhas”, conclui-se que 77% se encontra no litoral, 21% no interior e apenas 2% nas ilhas. • Habilitações Literárias Para ter noção do grau de escolaridade dos inquiridos, foi questionado as suas habilitações literárias, onde as respostas passavam por “ensino básico” , “ensino secundário” , “licenciatura”, “mestrado” e “doutoramento”. Para o efeito, 2% possui o ensino básico, 61% o ensino secundário, 35% uma licenciatura, 2% com mestrado e uma percentagem mínima com doutoramento.
  • 20. 20 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial • Está em algum relacionamento amoroso? Para compreender se a maioria dos inquiridos se tratavam de pessoas numa relação amorosa ou não, foi feita a pergunta “Está em algum relacionamento amoroso?” Com esta questão, concluímos que mais de metade dos inquiridos está, de facto num relacionamento amoroso visto que 57% respondeu afirmativamente, 41% respondeu negativamente e apenas 2% não respondeu. • Alguma vez foi vítima de violência no namoro? Com o objetivo de ter uma maior perceção em relação ao número de vítimas de violência no namoro, questionou-se “Alguma vez foi vítima de violência no namoro?” Felizmente, uma grande maioria afirmou que nunca foi vitima de tal violência (85%) mas, no entanto, 14% afirma já ter sido vitima de violência no namoro. 1% não sabia ou não respondeu.
  • 21. 21 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Com os resultados desta questão pode-se concluir que, de facto, a violência no namoro não é algo muito frequente na vida de um casal de namorados mas existe ainda uma quantidade de pessoas a que se deve prestar atenção e especial cuidado. • Alguma vez foi o agressor? Tal como a pergunta anteriormente feita, o grupo queria também ter a perceção do número de agressores presentes nos inquiridos. Para isso foi feita a pergunta “Alguma vez foi o agressor?” Novamente um resultado satisfatório na medida em que uma maioria quase absoluta respondeu que nunca foi agressor (95%). No entanto, 4% dos inquiridos revelou já ter sido agressor e apenas 1% não respondeu.
  • 22. 22 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial • Conhece alguma vítima da violência no namoro? Para perceber se os inquiridos são aquelas pessoas que assistem à violência no namoro do “lado de fora”, foi questionado se “Conhece alguma vítima da violência no namoro?” Apesar de mais de metade ter respondido que não conhecia nenhuma vitima deste tipo de violência (52%), uma grande percentagem respondeu que conhecia pelo menos uma pessoa (43%), sendo esta uma resposta negativa e que merece ser alterada nos próximos anos com a ajuda das linhas de apoio. 5% respondeu que não sabia ou que não respondia. • Conhece algum agressor? Com o mesmo objetivo da pergunta anterior, foi questionado aos inquiridos se “Conhece algum agressor?” Tal como na análise anterior, mais de metade respondeu que não conhecia nenhum agressor (56%) mas ainda 39% dos inquiridos conhece pelo menos um agressor. 5% respondeu que não sabia ou que não respondia.
  • 23. 23 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial • O que considera que está na origem deste tipo de violência? Para perceber a opinião dos inquiridos em relação a este assunto e os fatores que estão na origem da violência no namoro, foi questionado “O que considera que está na origem deste tipo de violência?” Obtivemos inúmeras respostas mas as que tiveram mais destaque na população foram “poder sobre o/a companheiro/a” com 35%, “discussão” com 3%, “ciúme/desconfiança” com 39%, “todas as respostas anteriores” com 14% e outras opções com 7%. 2% respondeu que não sabia ou que não respondia à questão. • Se acabou alguma relação violenta, o que motivou a que o fizesse? Com o objetivo de perceber o motivo pela qual leva a vitima a acabar um relacionamento violento, foi questionado “Se acabou alguma relação violenta, o que motivou a que o fizesse?” A esta questão apenas responderam 319 pessoas, onde 29% respondeu que o relacionamento terminou devido ao “apoio de familiares e/ou amigos”, 41% devido ao “controlo excessivo”, 15% porque “passou de violência psicológica para física” e 15 % por outros motivos
  • 24. 24 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial 36 231 220 53 121 327 27 Que fatores influenciam as vítimas a permanecerem numa relação abusiva? • Que fatores influenciam as vítimas a permanecerem numa relação abusiva? Segundo os inquiridos, os fatores que levam as vitimas a permanecerem numa relação abusiva baseiam-se em “medo de perder os filhos/pertences”, “medo da reação do/a agressor(a) se a relação acabar”, “esperança que o/a agressor(a) deixe de ser violento/a”, “comodismo face à situação”, “medo de perder o/a companheiro/a” e”todas as repostas anteriores”.
  • 25. 25 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial • Já alguma vez denunciou as autoridades este tipo de violência? Para compreender a ação dos inquiridos perante uma situação de violência no namoro “vista de fora”, foi questionado a estes mesmos se “Já alguma vez denunciou as autoridades este tipo de violência?” Uma maioria quase total respondeu negativamente a esta questão (95%) e apenas 5% respondeu afirmativamente. Com este resultado, conclui-se que, mesmo conhecendo vitimas de violência no namoro (como já foi afirmado numa pergunta anteriormente), os inquiridos não fazem queixa as autoridades e deixam estas situações passar despercebido, sendo esta uma resposta muito negativa. • Conhece linhas de apoio caso ocorra a violência no namoro? Com o objetivo de destacar o papel das linhas de apoio para este problema da violência no namoro, foi questionado aos inquiridos se “Conhece linhas de apoio caso ocorra a violência no namoro?” Felizmente, mais de metade (55%) conhece pelo menos uma linha de apoio para a qual tem de ligar caso conheça alguém que sofre deste tipo de violência. No entanto, existe ainda uma grande percentagem de pessoas que não conhece qualquer linha de apoio (45%). Seria então favorável que linhas como a da APAV realizasse mais campanhas de publicidade, por exemplo, para publicitar a sua linha de apoio à vitima.
  • 26. 26 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Conclusões do questionário Por confronto direto entre as conclusões retiradas do presente questionário e as hipóteses estabelecidas previamente, concluímos que: - De acordo com a primeira hipótese “Grande parte da população não é capaz de reconhecer o comportamento abusivo, ou não o considera como tal, o que aliado ao baixo conhecimento da existência de centros de apoio à vítima leva à baixa procura de ajuda.” verificámos na pergunta do questionário referente ao conhecimento de linhas de apoio, 45% das respostas foram negativas, o que vai de encontro à nossa intuição inicial de que as pessoas têm um baixo conhecimento das linhas de apoio existentes. Relativamente à segunda hipótese “A maioria das vítimas tem esperança que o parceiro mude, o que faz com que permaneçam na relação abusiva.” Podemos verificar que esta hipótese vai de encontro à realidade, uma vez que, na pergunta do questionário referente ás razões pelas quais alguém permanece numa relação abusiva, uma das respostas com maior número de escolha (220) foi exatamente a esperança de que o parceiro mude. Por fim, em relação à terceira hipótese “As vítimas não procuram ajuda por vergonha e por medo da reação do parceiro.”; verificámos, igualmente, que em relação à pergunta das razões pelas quais alguém permanece numa relação abusiva a resposta mais escolhida (231), com exceção da opção todas as hipóteses (327), foi a opção: medo da reação do agressor se a relação acabar, comprovando mais uma vez a validade da terceira hipótese.
  • 27. 27 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Conclusão O intuito deste estudo foi responder a pergunta de partida “Que fatores influenciam as vitimas a continuar numa relação abusiva?”. Apos uma analise extensiva, denotamos que uma percentagem significativa da populacao não tem a nocao da dimensao do que e considerado violencia e, por isso, tende a adotar condutas violentas no contexto das suas relações de intimidade. Um fator prejudicial a denuncia da violencia e o facto de a maioria dos abusos serem psicológicos emocionais, fazendo com que não haja provas visiveis do sucedido. Devido a estes aspetos, torna-se difícil ser uma pessoa exterior a relação denunciar pois não tem conhecimento do sucedido. Com o inquérito analisado, podemos retirar várias conclusões acerca da violência no namoro. As respostas as questões de maior reflexão, tais como “O que considera que está na origem deste tipo de violência?” ou “Que fatores influenciam as vítimas a permanecerem numa relação abusiva?”; teve influência nas análises retiradas acerca deste assunto, uma vez que são nessas respostas que temos uma noção do que a população pensa sobre este assunto delicado. Após esta análise, podemos concluir que a violência no namoro, apesar de ser conhecida pela populacao portuguesa, ainda e um assunto tabu uma vez que as pessoas não sabem como reagir a situacoes tao complexas e delicadas. O facto de os portugueses terem a mentalidade de que cada um toma conta da sua vida, leva a que passe despercebido sinais tao óbvios de que algo não esta bem. Para concluir, é necessário uma maior intervenção por parte dos orgãos competentes no reforço das ideias do que não é aceitavel num relacionamento. Tambem seria vantajoso se a Associação Portuguesa de Apoio A Vítima tivesse um marketing mais agressivo uma vez que, com o inquérito feito, retiramos que 45% da amostra não conhecia nenhuma linha de apoio. Para finalizar, alertamos para a importância de sensibilização da população para estes crimes, assim como para a diminuição dos mesmos.
  • 28. 28 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Fontes de Pesquisa APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/vd/index.php/zoo/porque-uma-vitima-se-mantem- numa-relacao-violenta: https://apav.pt/vd/index.php/zoo/porque-uma-vitima-se- mantem-numa-relacao-violenta APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/: https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/ APAV para Jovens. (s.d.). Obtido de http://www.apavparajovens.pt/pt/go: http://www.apavparajovens.pt/pt/go/o-que-e1 Estatisticas APAV. (s.d.). Obtido de https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/estatisticas-apav: https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/estatisticas-apav Parlamento. (s.d.). Obtido de https://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/: https://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/Legislacao_AreaViolenciaDomestica.a spx SIC Noticias. (s.d.). Obtido de http://sicnoticias.sapo.pt: http://sicnoticias.sapo.pt/programas/e-se-fosse-consigo/2016-05-16-E-se-fosse- consigo--A-violencia-no-namoro Violência no Namoro. (s.d.). Obtido de https://sites.google.com/site/crces12/: https://sites.google.com/site/crces12/consequencias-de-um-namoro-violento Violência No Namoro Programa de Prevenção. (s.d.). Obtido de https://sites.google.com/site/violencianonamoropp/: https://sites.google.com/site/violencianonamoropp/consequencias WeCareOn. (s.d.). Obtido de https://wecareon.com: https://wecareon.com/violencia-no- namoro-na-adolescencia/
  • 29. 29 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial Anexos
  • 30. 30 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial
  • 31. 31 Metodologias da Investigação Aplicadas à CE Licenciatura em Comunicação Empresarial