1. O documento discute se Deus pode amar e ter ira ao mesmo tempo, respondendo que sim com base na Bíblia.
2. É afirmado que todos os homens estão sob a ira de Deus por natureza, mas Deus os ama através de Cristo.
3. Um pastor calvinista questiona se Deus ama a todos, mas o documento defende que a Bíblia usa "todos" para se referir a todos os homens.
1. Vacinadoscontraheresiascalvinistas
28 de dezembroàs20:46 ·
FranklinFerreirapergunta:"Comoé que Deuspode amare terira ao mesmotempo?"
Com todo respeitoao nobre mestre calvinista,mas não esperavaque este argumentofosse
ser encontrado na boca de um escriba, tão versado na teologia.O argumento que subjazpor
detrás da pergunta é: ou Deus ama ou Deusestá irado, as duas coisas não são possíveis.
Bem, se este argumento está correto, então:
1. Somosreconciliadoscom Deus em Cristopor meio da fé.
Todavia, enquanto a fé não é manifestaemnosso coração, debaixode que estamosnós
senão da ira de Deus?
A assertiva paulina é inconfundível:"Porque todospecaram e destituídosestãoda glória de
Deus" (Rm 3.23). Não há distinçãode eleitose não eleitos,todosestavam ou estão sob a ira
de Deus,a despeitode seuamor universal e irrestrito.
2. Se não é possível Deusamar aos que estavam sob a ira, logoninguémserá alcançado pelo
amor de Deus, pois,SEGUNDOO APÓSTOLO PAULO,todos "éramospor natureza filhosda
ira". E para que não pairemdúvidas sobre uma suposta vantagem dos que creram em
relação aos que não creram (ainda),
Paulo completa:"éramos por natureza filhosda ira, como os outros também" (Ef 2.3).
Portanto, ainda que se admita que o amor salvíficosejaexclusivopara os eleitosantesda fé
prevista,ainda assim não se anula por istoa verdade de que amor e ira são direcionadosao
mesmopecador.
Em seguidaodoutor pergunta:
"Comopode Deusamar e ter iraao mesmotempose,segundo João,Deuspropiciouopecado
do mundointeiroemCristo?"
Claramente onobre escribacalvinistaconfunde:
Persistindoemsuatese,onobre escribaafirmaque "A palavra'todos'no NovoTestamento
nunca é empregadapra descrevertodasaspessoasindiscriminadamente". Temcerteza,
mestre?Porque se você estivercerto,então não há um textoneotestamentáriosequerque
prove a universalidade irrestritado pecado. Logo, não poderíamosconcluir com base no
Novo Testamentoque todos os homens absolutamente e irrestritamente são pecadores,já
que a palavra TODOS nunca é empregada para descrevera totalidade das pessoas.
2. Que faremosentão com textos como essesde Paulo:
"Poisassim como por uma só ofensaveioo juízosobre todos os homenspara condenação,
assim também por um só ato de justiça veioa graça sobre todos os homens para justificação
de vida" (Romanos 5.18). Não está Paulo neste textoargumentando que a ofensade Adão
acarretou condenaçãosobre todos os homens,quando os judeusainda nem sequer
sonhavam em existir?Logo emseguidanão estaria ele defendendoagraça de Cristo
alcançando, como o pecadode Adão, a todos os homens emabsoluto?
Agora, visto que o doutor calvinistainsiste na tese de que Deus ama não todas as pessoas
exatamente mas apenas "todas as categorias de pessoas" (como se Cristo tivesse alguma
deficiênciapara assim se expressarse o quisesse),e que Deusnão pode ao mesmo tempo
amar e odiar os pecadores,
então deixemosque odoutor calvinistacanadense de maior gabarito D. A. Carson proceda a
correção desta tese dissertandoassim:
"Deusama o mundo com amor altruísta e valiosode redenção. (...) Essa postura dual de
Deus [amor e ira contra os mesmospecadores]é um lugar comum da teologiabíblica.(...) Os
cristãos não nasceram cristãos; eleseram “pornatureza merecedoresda ira” (Ef2.3). Apesar
desse estadodesesperado,elesforamvivificadoscom Cristo por causa do grande amor de
Deus por eles,esse Deus“que é rico emmisericórdia” (Ef2.4,5). Exemplosdessapostura
parelha de Deus poderiamser multiplicados.Separado do amor de Deuspelo mundo,o
próprio mundo que está sob a ira de Deus, e ninguémseriasalvo; onde há uma comunidade
redimida,elatem um relacionamentodiferente e maisrico de amor com Deus do que o
mundo, mas essa distinçãonão pode legitimamente serfeitapara questionaro amor de
Deus por um mundo sob julgamento" (CARSON,D.A. O comentáriode João, Shedd
Publicações,2007, pp. 206, 207).
Agora, creio que o nobre mestre F.F. concorda que o Evangelhodeva ser pregado a todos
irrestritamente,certo?Pelomenosé o que creemos chamados "calvinistasmoderados",que
não são os hipercalvinistas.Poisbem.Supondoque FranklinFerreira fosse um evangelistade
massas, como os calvinistas Whitefield,Edwardse Spurgeon,e vivesse pregandoo
evangelhoemtodas as partes do mundo a todos os públicose a toda sorte de pecadores.E
num lugar qualquer,uma pessoaqualquerviesse até o nobre evangelistaF.F. e lhe
perguntasse:"Evangelista,Deusme ama? Sinto-me tão desprezível,seráque Deus me ama?
Posso ter certezade que Ele me ama?" (acredite,essa perguntatem sido feitoreiteradas
vezesa missionáriosem todo mundo).O que o nobre Franklin Ferreiraresponderia?
A) "Cara alma pecadora, primeiroprecisas crer em Cristo para então saberesse ésamada ou
não"?
B) "Sim,Deus te ama e Cristo também morreupor ti"?
3. Se F.F.responderA), então eupergunto: por que uma alma teria que crer num Cristoque
não lhe pode antes dar certeza de que a ama? E como um pecador pode crer num Deus de
quemnão temcerteza antes de seu amor? E onde colocar as palavras de João - João! - que
disse que "Deusnos amou primeiro"?
Se F.F.responderB), então eupergunto: com que base escriturística ele pode afirmar
peremptoriamente e com verdade (não com fingimento,nempor uma mera impressão
pessoal passível de erro embora bem intencionada) que exatamente aquelavida é amada
por Deus e que Cristo morreu por ela?
Aliás,eu creio,como arminiano que sou,que base bíblica é o que sobejapara isto.
Mas, o calvinista que afirma que Deus não ama a todos irrestritamente e que nenhumavez a
palavra "todos" no NovoTestamento é usada para se referira todos emabsoluto,
não pode ter esta mesmacerteza, não pelasEscrituras.
Neste caso, dizera uma vida em particular que Deusa ama seriapossível somente mediante
uma revelação específicae extra-bíblica,nãoé mesmo?
Como sou pentecostal,tambémnão teria nenhumproblema quanto a isso. Mas não creio
que F.F. seja tão pentecostal assim.
A propósito,F.F., como você pode ter certeza de que Deuste amou primeiro?Porque você
creu nele?Mas se é porque você creu nele,logonão foi ele que te amou primeiro,certo?
Assim,a fé em nós não é uma condição para o amor de Deus, certo? Logo, Deusnos ama
quando ainda somos pecadores,certo? E é exatamente istoque Paulo - Paulo! - diz:
"Mas Deusprova o seuamor para conosco, emque Cristo morreupor nós,sendo nós ainda
pecadores" (Romanos5.8).
Sim, FranklinFerreira,o amor de Deusé para todos os homensem absoluto.E não é um
amor vadio,platônico, mas um amor, como diriaD.A.Carson (e HernandesDias Lopes
concorda), "valiosode redenção".Amém.