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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE
ECOSSISTEMAS COSTEIROS E MARINHOS
MESTRADO EM ECOLOGIA
“A PESCA ESPORTIVA E O HISTÓRICO DE USO DE
RECURSOS PESQUEIROS NA RESERVA DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA
DO UNA (PERUÍBE/SP)”
Otacilio Favero de Souza
SANTOS
2016
UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE
ECOSSISTEMAS COSTEIROS E MARINHOS
MESTRADO EM ECOLOGIA
“A PESCA ESPORTIVA E O HISTÓRICO DE USO DE
RECURSOS PESQUEIROS NA RESERVA DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA
DO UNA (PERUÍBE/SP)”
Dissertação apresentada à Universidade Santa
Cecília como parte dos requisitos para obtenção
do título de mestre no programa de pós-graduação
em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e
Marinhos sob a orientação da Prof.ª Dra. Milena
Ramires de Souza.
Otacilio Favero de Souza
Santos
2016
Nome: Otacilio Favero de Souza
Título: “A Pesca esportiva e o Histórico de uso de Recursos Pesqueiros na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruibe/SP)”
Dissertação apresentada à Universidade Santa Cecília como
parte dos requisitos para obtenção do título de mestre.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr. ___________________________________________________________________
Instituição: _______________________Assinatura: _____________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________
Instituição: _______________________Assinatura: _____________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________
Instituição: _______________________Assinatura: _____________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________
Instituição: ________________________ Assinatura: _____________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________
Instituição: ________________________ Assinatura: _____________
Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, por qualquer que seja o processo,
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos.
Dissertação apresentada à Universidade Santa
Cecília como parte dos requisitos para obtenção
do título de mestre no programa de pós-graduação
em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e
Marinhos sob a orientação da Prof.ª Dra. Milena
Ramires de Souza.
SOUZA, Otacílio Favero.
A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos pesqueiros na reserva de
Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruíbe/SP)
2016
n. XXXXX(número de páginas)
Orientador (a): Profa. Dra. Milena Ramires de Souza
Dissertação (Mestrado) – Universidade Santa Cecília,
Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e
Marinhos, Santos, São Paulo, 2016.
1. Pesca artesanal. 2. Pesca esportiva. 3. Sustentabilidade. 4. Ecologia
humana.
I. Ramires, Milena. A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos
pesqueiros na reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una
(Peruíbe/SP)
Elaborado pelo SIBI – Sistema Integrado de Bibliotecas - UNISANTA
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos que como eu, amam a Natureza.
À minha família, aos pescadores da minha família e aos da Barra do Una, assim como à
professora Drª. Milena Ramires.
AGRADECIMENTO
Este trabalho não seria possível sem a dedicação e paciência de minha esposa Yvie Cristina
Favero de Souza e a toda a minha família.
Ao empenho do meu amigo Tiago Ribeiro de Souza, que muito me ajudou nas pesquisas de
campo. A meu filho Derick, que serviu de fonte de orgulho. Ao meu padrinho querido
professor Paulino.
Aos professores Giordano, Barrela, Begosi, Valter que, sem dúvida, foram minha grande
inspiração neste curso e em especial a minha tutora Milena Ramires. Que, apesar de todos
seus afazeres, sempre buscou formas de me ajudar com textos e artigos para pesquisa e com
sua valiosa orientação.
À Universidade Santa Cecília pela infraestrutura disponibilizada.
Aos pescadores da comunidade de Barra do Una, Peruíbe/São Paulo.
A todos meu carinho, gratidão e acima de tudo muito obrigado por acreditarem em mim.
Por último quero agradecer a todos os meus ancestrais, que mesmo na dor e no sofrimento,
construíram esse país e me ensinaram a lutar por justiça.
EPÍGRAFE
O cheiro que o vento traz quando passa... O balançar das árvores e a complexidade de sua
estrutura, o vai e vem das borboletas e suas várias transformações, as aves que encantam os
céus e que são capazes de entoar cantos maravilhosos aos nossos ouvidos, os mistérios do
fundo do mar e rios, o corpo humano e suas perfeições, enfim tudo que está encima desse
solo e que fascina os olhos de quem vão sentir com a alma. Ecologistas de coração, loucos
pela vida e por tudo que a move.
Monyzi Pezzin
RESUMO
SOUZA, Otacílio Favero. A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos pesqueiros na
reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruíbe/SP) 2016 (Tese
Acadêmica) Universidade Santa Cecilia.
RESUMO: Este trabalho se propõe a apresentar uma Pesquisa de forma qualitativa e
descritiva, na comunidade da Barra do Una (Peruibe/SP). A presente pesquisa abordou a
relação da atual situação da pesca artesanal e esportiva, com a ecologia e o bioma aquático,
através da interpretação dos fenômenos, atribuindo pareceres conforme dados obtidos e de
acordo com as análises indutivas, dedutivas e explicativas, derivadas de observações de casos
reais. Esta pesquisa foi feita de maneira exploratória, a partir de um apanhado de fontes
bibliográficas tendo como principal referência à pesca esportiva no litoral de São Paulo.
Buscando entender a pesca num sentido geral e aprofundando o conhecimento a respeito da
pesca esportiva, tornando este assunto explícito, além de identificar as causas e correlações
homem e natureza, inseridas nas atividades de pesca esportiva. Para quantificar os resultados
foi feita uma pesquisa de campo com pescadores e suas famílias, além do reconhecimento de
vários locais aqui citados, para a realização de um questionário/formulário e entrevistas de
caráter semiaberto. Podemos notar a importância da Pesca Esportiva para o crescimento
profissional dos pescadores que, antes, apenas sobreviviam da pesca artesanal e com muitas
dificuldades. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, realizada entre novembro
de 2014 a fevereiro de 2015, num total de 20 entrevistas ou 66% da pesquisa. Na segunda
etapa foram entrevistados 10 pescadores, incluindo dois de Porto Tocaia, comunidade coirmã,
perfazendo um total de 33% da pesquisa realizada, entre os meses de janeiro e março de
2016. Após a análise dos dados coletados pudemos perceber que nessa perspectiva, a
pesquisa desenvolvida terá como principal metodologia a análise quantitativa e qualitativa, a
partir da análise do material bibliográfico e dados levantados com a aplicação do Projeto.
Palavras-chave: Tecnologias Educacionais – Ensino – Projetos Educativos
ABSTRACT
In a qualitative and descriptive way, this research approached the relations of the current
situation of fishery and sports with ecology and aquatic biomes, through the interpretation of
phenomena, attributing ideas according to the results reached and accordingly with inductive,
deductive and explicative assays, coming from real cases observations. This research was
made in an exploratory way, as a summary of bibliographic sources, having as main reference
the sports-fishing in São Paulo coast. Seeking to understand about fishing not only in a
general sense, but also knowing about the sport fishing. Identifying the causes and
correlations of man and nature with fishing. To quantify the results, a field survey was
conducted by fishermen and their families through a questionnaire and interviews. Now a
day, it has been noted that sport fishing is really important to the professional growth of
fishermen who only survived by artisanal fishing.
Keywords: fishery, Sport, artisanal fisheries.
SUMÁRIO
1 . INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
2 . OBJETIVOS .............................................................................................................. 18
2.1 Objetivo geral...................................................................................................... 18
2.2 Objetivos específicos........................................................................................... 18
3 . MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 19
3.1 Área de estudo..................................................................................................... 19
3.2 Coleta de dados ................................................................................................... 21
3.3 Análise de Dados................................................................................................. 21
4 . RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 23
5 . CONCLUSÃO ........................................................................................................... 50
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Índice de figuras
Figura 1: Localização da área de estudo, RDS Barra do Una. Peruíbe/SP.
Figura 2: Vista aérea da comunidade de Barra do Una. Peruíbe/SP.
LISTA DE TABELAS
I. INTRODUÇÃO
As preocupações do mundo, hoje, estão muito voltadas para as questões ambientais,
ligadas a gestão, a sustentabilidade e a conservação da biodiversidade. O Brasil é um dos
países, que se encontra em franco desenvolvimento e tem, sem dúvida, uma grande
responsabilidade na condução e no cumprimento de acordos internacionais sobre meio
ambiente e sua utilização (VIRTUOSO, 2004).
A biodiversidade é todo o conjunto de seres vivos, e em função das atuais formas de
produção e consumo do capitalismo neoliberal, estão fortemente ameaçadas e, segundo
Polanyi (2000), a questão passa pelo mundo empresarial capitalista que busca transformar
todas as ideias em ferramentas para a competição, desconsiderando quaisquer outras
motivações para a relação trabalho/natureza que não seja a motivação econômica dos agentes
sociais, para a exploração dos recursos naturais.
A pesca, em suas diversas dimensões, é uma das atividades da cultura humana, que
mais exerce influência na exploração do meio ambiente e dos recursos pesqueiros, de forma
peculiar e que interfere profundamente na sua composição e transformação (TSURUDA et
al., 2013), na medida em que sua relação prática pode, efetivamente, assegurar a geração de
emprego, renda e lazer em uma categoria mais especificamente denominada de pesca
esportiva.
Assim, a pesca possui grande importância mundial, pois é uma fonte de renda,
emprego e alimento em diversos segmentos econômicos e em outras atividades de forma
indireta (PEREIRA, 2002).
Desde o surgimento do homem na Terra, existe uma modificação na natureza. Assim,
o processo de degradação do meio ambiente se confunde com a origem do homem. As
maiores e mais prósperas civilizações humanas, até hoje, sempre foram organizadas perto de
vertentes aquáticas, referenciando a civilização egípcia, no rio Nilo, no continente africano e
a Mesopotâmia entre rio Tigre e Eufrates, onde hoje se localiza o Iraque
(SPAREMBERGER, PAZZINI, 2011).
Portanto, a relação dos diversos ecossistemas com o homem, desde os primórdios do
sedentarismo, tem uma consequente intenção de usufruto, seja como forma de sobrevivência,
de lazer ou de recreação. Esporte e turismo são algumas das atividades humanas que são
praticadas, em ambientes naturais com esta finalidade. De acordo com Mariano,
desde a fase primitiva, nômade, quando o homem tinha uma relação de
dependência total, pois a natureza era vista como fonte de alimento. Depois o
homem passa ao hábito sedentário criando novas habilidades tecnológicas, no
intuito de dominar progressivamente à natureza, ou seja, libertar-se da estreita
dependência que obriga todas as demais espécies de seres vivos a buscarem
na natureza, locais com condições favoráveis de vida. (MARIANO, et.al,
2011)
A pesca sempre teve uma grande ligação com as diversas civilizações, suas
organizações sociais e também, de suas organizações culturais e econômicas (CARVALHO,
2003). Segundo o autor o homem não agredia a natureza indiscriminadamente e dela retirava
só o necessário para o seu sustento. Ainda assim, modificou o seu ambiente a fim de adequá-
lo às suas necessidades.
Portanto, o dinamismo da civilização industrial, introduziu radicais mudanças no meio
ambiente físico, que implicaram a formação de novos conceitos sobre o ambiente e o seu uso
e, desde meados do século XX, um novo, fator foi acrescentado, a tecnologia, elemento este
que provocou um salto qualitativo e quantitativo no processo industrial e passou-se a gerar
bens industriais numa quantidade e numa brevidade de tempo antes impensáveis, causando,
igualmente, graves prejuízos à sanidade ambiental (CARVALHO, 2003).
Nesta configuração de relação homem-natureza, estão inseridas as atividades de
pesca, seja ela artesanal ou a esportiva. A pesca esportiva ou amadora é uma das atividades
que mais vem crescendo no mundo. Ligada ao setor do turismo têm, nas últimas três décadas,
se expandindo por diversos pontos do planeta.
Os Estados Unidos tem atualmente mais de 60 milhões de pescadores esportivos
licenciados, com um giro mercadológico de cerca de 24 bilhões de dólares por ano,
impactando a economia em aproximadamente 134 bilhões de dólares (BRASIL, 2010). Esses
números são de relevante importância para análise, pois demonstram a grandeza desse
seguimento, no mundo inteiro.
No que se refere à Lei 11.959/2009, que trata da Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca e regulam as atividades pesqueiras,
em seu artigo 2º, parágrafo III, pesca é “toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher,
apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros”.
Segundo o Decreto de Lei nº221/1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à
pesca e dão outras providências, a pesca desportiva é uma prática com linhas de mão,
podendo se dar por meio de aparelhos de mergulho ou quaisquer outros permitidos pela
autoridade competente e em nenhuma hipótese deve estar envolvida com uma atividade
comercial.
O Brasil apresenta grande potencial para o desenvolvimento da pesca esportiva, pois
possui atributos como: grande rede hidrográfica, extensa região costeira, grande diversidade
de espécies de peixes, muitas áreas naturais ou alteradas pelo homem (represas e lagos)
propícias a sua prática. No Brasil, até o início da década de 60 a atividade pesqueira era
predominantemente artesanal, destinada basicamente ao “atendimento do mercado interno.”
(PEREIRA, 2002).
Em relação à pesca esportiva, podemos dizer que “esta vem atingindo, proporções
cada vez maiores, não apenas em diversificação de lugares como também em números de
praticantes e agentes envolvidos” (GREGORI, 2014). Hoje o
[...] turismo de pesca vem crescendo no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) mostram que, entre
1996 e 2011, o número de pescadores amadores licenciados saltou de pouco
mais de 134 mil para mais de 280 mil. De acordo com a Embratur, cerca de
6 milhões de pessoas pescam atualmente no País e o crescimento do setor é
de 30% ao ano(GREGORI, 2014).
Existe grande diferença entre praticantes registrados e não registrados que pode se dar
em função dos diversos órgãos de credenciamento, e em função da prática aleatória e sem
fiscalização. Para Cañas (2012), levantamentos sobre pesca e pescadores amadores são de
fundamental importância para compreendermos os desdobramentos desta atividade, no
presente e no futuro próximo.
As informações são inexistentes ou insuficientes para fornecer subsídios biológicos
(tamanho do estoque, hábitat, alimentação, reprodução etc.) para o manejo adequado do
estoque pesqueiro, uma vez que esta modalidade de pesca cresce rapidamente e faz-se
necessário que o uso do recurso pesqueiro de forma recreativa seja mais bem compreendido
(CAÑAS, 2012).
Cabe salientar sobre a necessidade desta pesquisa na medida em que a atividade
pesqueira é de relevante importância, não só para a economia, mas também para o lazer,
recreação e ao processo alimentar e que interferem diretamente no bioma aquático (CAÑAS,
2012).
Além do já exposto, é de fundamental importância proceder a uma reflexão acerca de
seus aspetos históricos, visto que as relações do homem com a pesca vêm desde tempos
primitivos de nossa existência, visto as figuras rupestres, encontradas em diversos pontos do
planeta, em Lagoa Santa que demonstram esta relação do homem, no seu estado natura, com
a pesca. Segundo Dias (2006)
“No Sul dos continentes Africano e Europeu há pinturas rupestres datadas
de há 25000 anos representando peixes e cenas de pesca. Depósitos de
conchas e de restos de ossos – conhecidos por ”kitchen middens”
encontrados no litoral um pouco por todo o mundo, usados pelos
arqueólogos para identificar locais de assentamento de populações nos
primeiros dias da civilização, revelam a utilização de bivalves para a
alimentação. Essas descobertas podem suscitar também a utilização de
peixes na alimentação do homem primitivo”. (DIAS, 2006)
Do ponto de vista da historiografia brasileira, a pesca em nosso litoral remonta desde
antes do início da colonização, iniciada em 1549 efetivamente. As dimensões do território
brasileiro permitiram que essa atividade e seus praticantes obtivessem várias configurações
políticas e culturais, como as comunidades caiçaras, que segundo SILVA (1993) citado por
SOUZA (2004), emergiram em diversos grupos, diferenciando seus membros.
A partir dos novos contornos sociais e tecnológicos a pesca passou a aumentar sua
importância, não só para alimentação das comunidades caiçaras. Para ADAMS (2000), “o
surgimento do barco a motor promoveu toda uma mudança no modo de vida caiçara,
inclusive na importância da roça para sua subsistência. Em alguns casos, o caiçara passou a
dedicar um tempo maior às atividades da pesca”.
Esta estratégia para o sector da pesca artesanal tem um período de duração finita,
dadas às condições de mudança de ambos os recursos naturais e as condições associadas ao
sector do artesanato, em que é aconselhável fazer mais revisões e ajustes a esta estratégia em
períodos de cerca de quatro anos.
A pesca artesanal tem sido praticada há muitos anos, sendo um meio específico de
subsistência para as famílias que vivem em áreas adjacentes aos sectores da pesca. Com o
crescimento da população e a deterioração da situação econômica em muitas zonas costeiras,
a pesca artesanal tem sido uma atividade muito importante na contribuição para o emprego,
geração de renda e consumo interno de peixe. Além disso, a sua contribuição para as
exportações de peixe e lagosta também é muito importante.
A atividade esportiva é praticada de forma “diversificada” e também ali se
desenvolvem os torneios de pesca. A atividade desportiva mostrou um caráter distintamente
estacional, concentrando-se nos meses de primavera e verão.
A pesca artesanal disputa, hoje, recursos com grandes empresas de pesca industrial,
que possuem infraestrutura muito desenvolvida referente aos barcos e recursos de pesca
(Marques, 2001). Ainda assim, a pesca artesanal continua sendo responsável por um elevado
número de empregos nas comunidades pesqueiras. Ela contribui com mais de 50% da
produção nacional de pescado, seja em águas costeiras, litorâneas ou águas interiores
(Diegues, 1995).
É evidente que a pesca artesanal em muitos lugares, como no litoral sul de SP, tem
sofrido seus reveses, em função da pesca industrial e de grande escala, por isso (Begossi,
1992; Maldonado, 1986), afirmam que enquanto processo de trabalho, ela encontra-se em
contraste com a pesca industrial por ser exercida com métodos simples e suas características
são bastante diversificadas, tanto em relação aos habitats onde atuam, quanto aos estoques
que exploram.
A caracterização da pesca esportiva praticada nas comunidades caiçaras estudadas,
traçando o perfil dos pescadores esportivos dos quais foram analisadas suas relações com os
pescadores artesanais e possíveis influências em seu modo de vida.
A pesca artesanal ainda se caracteriza como uma das principais fontes de renda. Sua
prática diária ainda é bastante frequente, evidenciando sua forte presença no cotidiano das
comunidades caiçaras.
Porém foi observado outras atividades econômicas associadas, a pesca esportiva em
algumas das comunidades. Segundo os pescadores, a produção pesqueira é influenciada por
variáveis como fazes da lua, mares e precipitações. Ainda existe entre os pescadores
artesanais um extenso conhecimento ecológico sobre os peixes.
Também se constatou uma elevada concordância entre o conhecimento científico e a
intensificação do turismo associado à pesca esportiva. Também se constata uma relação de
disputa de recursos e espaços com a pesca artesanal.
Dessa forma, essas relações vêm acarretando alterações, na rotina dos caiçaras, como
alterações ecológicas e sócias culturais. Para que haja uma boa expansão para a pesca
esportiva é necessário um bom conhecimento e bom planejamento para prevenir efeitos
negativos, ambientais e socioculturais.
Nesse sentido a relação da pesca esportiva como uma alternativa para estas
populações poderá apresentar uma contribuição de extrema relevância. Porem é necessários
estudos que expressem a realidade da expressão da pesca esportiva e artesanal com as
populações caiçara e as práticas de pescas que podem ser úteis para estas populações
fornecendo subsídios para organização de uma atividade pesqueira com novas formas de usos
de recursos. (Diegues & Aruda, 2001).
Cabe aferir que, nesse foco de disputa pelos recursos pesqueiros, que entre a pesca
desportiva e amadora, elas se entrelaçam em diversos aspectos e, sobretudo na forma de
apreensão do pescado, na ocupação dos espaços geográficos, utilizando-se de várias
estruturas, que as comunidades oferecem como embarcações, Isca, piloteiro, hospedagem,
alimentação, e até mesmo guias para dirigi-los até os melhores pesqueiros etc. o que as torna,
em determinados momentos, aliados frente ao potencial destrutivo dos recursos pesqueiros,
pela pesca industrial. Segundo Diegues &Arruda, é público e notório a presença dos
pescadores artesanais, nas mais diversas fontes de pesca, em todo território brasileiro, seja em
águas interioranas ou águas continentais, representado pelas comunidades tipificadas como
caiçaras.
Outra relação que é de suma importância mencionar é as relações de uso e ocupação
pela pesca desportiva, em sua interação nos mais distintos lugares, com diferentes
modalidades e ainda e uso dos espaços. Nessa lógica da fisiologia turística isso traz muitos
conflitos entre ambos os seguimentos, mas, em contrapartida, há um a troca de experiência
comercial, turística e cultural. Assim, segundo Ramires (2004), a discussão acerca do
conhecimento caiçara implicado nas relações com a pesca esportiva, além das práticas de
pesca que podem ser úteis para as populações e que podem fornecer subsídios para a
organização de atividades pesqueiras, bem como para a conservação do ambiente que
atualmente veem novas formas de uso dos recursos.
Dessa assertiva é evidente que tanto as resistências fatuais e extemporâneas, podem
ser sanadas para o bem da coletividade, como um todo. Na medida em que a pesca esportiva
além de vir crescendo a 30º ao ano, vem trazendo outra perspectivava de futuro, para os
pescadores artesanais e caiçaras do litoral de São Paulo na, que é a atuação conjunta na área
do turismo, pois segundo Fabri (2006) o Turismo de Pesca amadora no Brasil teve grande
expansão, desde o começo da década de 1990 e, estima-se que hoje existam 25 milhões de
pescadores amadores ocasionais no país. Configurando assim, uma realidade irreversível em
todo o território brasileiro de norte a sul.
Fica evidente que nesse processo histórico a pesca esportiva vem se firmando como
uma forte atividade econômica em todo o país, e também no litoral de são e automaticamente
transformando a vida das populações caiçaras.
II. OBJETIVOS
Objetivo geral
Este trabalho teve como objetivo geral realizar um levantamento histórico do uso de
recursos pesqueiros por pescadores esportivos e sua relação com pescadores artesanais da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, litoral sul de São Paulo.
Objetivos específicos
1. Investigar o processo histórico que envolveu e envolve a pesca esportiva, sua relação
sócio, cultural, política e econômica.
2. Analisar a importância na geração de trabalho e renda na comunidade de Barra do
Una, localizada da cidade de Peruíbe, litoral sul do Estado de São Paulo.
3. Avaliar as possibilidades de educação ambiental por meio da pesca esportiva.
III. MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
BARRA DO UMA
A apenas 147 km da capital SP, com fácil acesso pela rodovia Rio Santos. Em São
Sebastiao – SP, com uma praia Oceânica banhada pelo Oceano Atlântico. Tem águas e ondas
calmas, onde o rio desemboca no mar, mais nos meses de inverno ocorrem ondas com
frequência. Tem uma faixa de areia fofa branca com tons dourados. Tem um rio que após a
ponte de madeira se divide em dois com uma extensão de 5 km em meio a Mata Atlântica,
Rio Uma e Rio Cubatão. Suas ilhas próximas são o Montão de Trigo localizado a 12 km ao
Sul de Barra do Una e Ilha do Maracujá. O acesso é feito pela rodovia Rio-Santos (BR-101)
Km 182 e pela Rodovia Doutor Manuel Hipolito Rego. Esta comunidade de Barra do Uma,
existe há mais de cem anos e conserva suas ruas de areia e mata praticamente intocada,
afirmação que pode ser corroborada com a imagem abaixo (figura 1).
Figura 1: Localização da área de estudo, RDS Barra do Una. Peruíbe/SP
Fonte: Google Maps
A comunidade de Barra do Una existe há mais de cem anos e conserva suas ruas de
areia e mata praticamente intocada, afirmação que pode ser corroborada com a imagem
abaixo (figura 2).
Figura 2- Vista aérea da comunidade de Barra do Una. Peruíbe/SP.
Fonte: Google Maps
Na comunidade podemos encontrar área para acampamento e a vila dos pescadores. O
acesso ao local pode ser feito por mar ou terra, através de uma estrada de terra, de difícil
acesso. Há a possibilidade de chegar de ônibus de linha, que faz o trajeto em
aproximadamente uma hora, partindo do canto da praia ou do centro de Peruíbe. Logo ao
atravessar a serrinha, chega-se ao Bairro do Guaraú. De lá, o caminho para a Barra do Una
segue pela estrada Guaraú-Una.
A principal metodologia de pesca é o caniço com molinete ou carretilha e a principal
isca, o camarão, adquirido na própria comunidade. A principal espécie procurada pelos
pescadores esportivos é o robalo (Centropomus spp) e os pescadores entrevistados
demonstraram conhecimento associado a esta espécie, como por exemplo, a época e local de
maior captura, as melhores fases da lua e as técnicas utilizadas para captura destas espécies.
Sobre a legislação pesqueira, 76,1% dos entrevistados não conhecem a cota de captura
estabelecida para os peixes costeiros, 64,8% desconhecem os tamanhos mínimos permitidos
para a captura das principais espécies-alvo da pesca esportiva, 55,7% desconhecem as
espécies proibidas para captura e 73,9% dos entrevistados também não tem conhecimento
sobre os períodos de defeso estabelecidos. Assim, os resultados desta pesquisa permitem
concluir que a pesca esportiva é uma das características do turismo da região, o que
definitivamente representa uma atividade importante para a comunidade caiçara da Vila
Barra do Una. Estudos que caracterizam o pescador e a atividade da pesca são ferramentas
fundamentais para elaboração de planos de manejo dos recursos pesqueiros, principalmente
em locais onde são escassas as informações sobre a pesca esportiva, como é o caso do litoral
sul de São Paulo. São necessárias políticas públicas para melhoria da infraestrutura e
conservação dos ecossistemas, assim como ações educacionais que orientem e estimulem
moradores e turistas a conservarem o local e os recursos explorados.
Figura 3 - Vista aérea da comunidade de Barra do Una em relação com os Municípios
Vizinhos. Peruíbe/SP.
Fonte: Google Maps
A reserva por sua importância biológica, natural e humana, foi defina pelo sistema
Nacional de Unidade de conservação (Snuc), como uma reserva de desenvolvimento
sustentável, através da Lei estadual, Lei nº 14.982, de 8 de abril de 2013, em função se sua
antiguidade, de seu passado histórico e principalmente pelas vidas que lá habitam
secularmente, pela importância ao meio ambiente, que a barra do Una possui, além da grande
biodiversidade, incluindo parte da convalescente Mata Atlântica.
Figura 4: Foto ilustrativa do Rio Una (Google Imagens)
Coleta de Dados
A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas com os pescadores artesanais
que são moradores na Barra do Una, localizada na cidade de Peruíbe (SP).
A realização da pesquisa ocorreu de maneira exploratória, com um apanhado de fontes
bibliográficas, tendo como principal referência à pesca artesanal e esportiva, no litoral de São
Paulo, buscando, assim, entender e aprofundar o conhecimento sobre o mote em questão e
torná-lo explícito, além de identificar as causas e correlações homem e natureza, inseridas nas
atividades de pesca esportiva.
O contato inicial com a comunidade da Vila Barra do Una foi feito através de visitas
informais nas residências, com o intuito de esclarecer os objetivos da pesquisa, conhecer as
famílias e solicitar seu consentimento para o desenvolvimento desta pesquisa.
Posteriormente, iniciaram-se a coleta de dados com os questionários, onde foram obtidas
informações sobre os aspectos gerais da pesca, dados socioeconômicos, tempo de pesca,
tecnologia e estratégias de pesca utilizadas, comercialização e espécies exploradas. A
aplicação dos questionários e as entrevistas foram realizadas apenas com moradores e
usuários da comunidade pesqueira de Barra do Una, a fim de melhor caracterizar esta
população e sua prática pesqueira, suas relações sociais com os diversos agentes que
interagem, por meio da pesca esportiva e outras atividades afins. Foi entrevistado um total de
30 membros da comunidade, não se levando em consideração questões como gênero e etnia.
A unidade amostral de estudo foi à família, ou seja, buscou-se entrevistar um membro
de cada família residente na comunidade que possuísse relação com as atividades pesqueiras.
O delineamento amostral foi obtido através do método “bola de neve” (BIERNACKI e
WALDORF, 1981), onde o entrevistado ao final de sua entrevista indicava outra família para
ser entrevistada e assim sucessivamente até que todas as famílias indicadas como residentes
fossem entrevistadas. As entrevistas aconteceram nas residências dos pescadores e também
nos locais onde esses eram encontrados desenvolvendo alguma atividade relacionada à pesca
e/ou manutenção dos apetrechos de pesca.
O presente trabalho faz parte do projeto “A pesca esportiva na Baixada Santista, SP”
coordenado pelos professores Dr. Walter Barrella e Dra. Milena Ramires e aprovado no
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Santa Cecília
(UNISANTA), em 30 de outubro de 2012 (CAAE: 07528712.8.0000.5513).
Figura 5: Mapa de localização da área de estudo (Fonte: SMA, 2009)
Dados secundários sobre a atividade pesqueira da Vila Barra do Una foram obtidos
através do levantamento bibliográfico que reuniu trabalhos publicados desenvolvidos na
mesma região nos períodos analisados.
Análise de Dados
Com o método tipológico ou típico ideal, foram analisados os processos que envolvem
a pesca esportiva, sua relação social, cultural, política e econômica. Igualmente, foi analisada
a importância na geração de trabalho e renda na comunidade de Barra do Una. Também
foram entrevistados pescadores do porto Tocaia, comunidade da Barra da Una.
Os dados foram analisados qualitativa e quantitativamente, buscando-se representar o
consenso entre os informantes entrevistados. O consenso do informante é uma análise
baseada na concordância entres as respostas dos entrevistados permitindo analisar, dentre
vários aspectos, a importância de uso do recurso estudado (SILVA et al., 2010). Assim, as
respostas foram analisadas na forma de porcentagem de citações sobre cada aspecto
abordado.
De acordo com os objetivos de pesquisa e do marco teórico, se escolhe o desenho da
investigação. O termo desenho se refere ao plano de estratégia concebida para responder as
perguntas da pesquisa (Sampieri et al, 1997:108).
O desenho da investigação específica como se realizará a investigação. Este momento é
a chave dentro do projeto e se deve procurar que seja viável com os recursos disponíveis e
dentro dos tempos estipulados.
A atividade importante na Vila Barra do Una, pois aponta para alternativas
diversificadas em relação à subsistência dos moradores locais, à cadeia produtiva e prestação
de serviços locais, bem como, implicações ecológicas relacionadas ao uso de recursos
pesqueiros. Este cenário na região remete a importância da pesca esportiva como uma das
atividades de turismo e lazer mais praticadas em todo o mundo, envolvendo uma série de
serviços como transporte, alimentação e hospedagem adquiridos pelos pescadores esportivos.
O baixo índice de pescadores esportivos que possuem documento de pesca e a captura
de peixes com tamanhos inferiores ao mínimo permitido na legislação vigente, na maioria das
vezes por desconhecimento das normas, demonstra a carência de ações educacionais
relacionadas à pesca e conservação (fiscalização) dos recursos naturais.
Estes resultados indicam a necessidade de ações efetivas como a criação de folhetos
informativos, participação de pescadores na fiscalização, bem como informações sobre a
licença de pesca para a prática legal desta atividade pesqueira. Através dos resultados da
mudança temporal comparativa dos sistemas pesqueiros da Vila Barra do Una, pode-se
observar uma transição paulatina, porém efetiva, dos meios de subsistência das comunidades
locais.
As transformações no modo de vida destas pessoas refletem as interações destas
populações com os recursos pesqueiros, evidenciando também as mudanças relacionadas às
atividades econômicas ao longo dos anos.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados trinta pescadores. Destes, dezenove nasceram na comunidade de
Barra do Una e onze em outras localidades (Tabela 1).
Temas abordados Respostas obtidas Passado Atualmente
N % N %
Clubes de pesca Sim
Não
Não sei
18
7
8
58,06
22,58
25,80
1
29
1
3,22
93,54
3,22
Técnicas e
equipamentos
utilizados
Linha
Vara
Molinete/carretilha
Motor
3
13
12
3
9,67
41,93
38,70
9,67
3
16
27
7
9,67
51,61
87,09
22,58
Uso de iscas Naturais Vivas
Naturais mortas
Artificiais
15
0
5
48,38
0
16,12
15
0
20
48,38
0
64,51
Espécies mais
procuradas
Robalo
Pescada
Corvina
Caratinga
Bagre
Traíra
Oveva
Baiacu
Mandi
Caranha
28
04
06
03
03
02
04
03
07
08
90,32
12,90
19,35
9,67
9,67
6,45
12,90
9,67
22,58
25,80
31
04
12
05
03
02
04
04
12
10
100
12,90
38,70
16,12
9,67
6,45
12,90
12,90
38,70
32,25
Espécies mais
capturadas
Robalo
Pescada
Caratinga
Corvina
Bagre
Traíra
Baiacu
Mandi
Oveva
11
06
13
8
1
1
2
2
2
35,48
19,35
41,93
25,80
3,22
3,22
6,45
6,45
6,45
14
11
22
10
2
1
2
2
2
45,16
35,48
41,93
32,25
6,45
3,22
6,45
6,45
6,45
Ambientes ou
Áreas Explorados
Rio todo
20% do rio
30% do rio
40% do rio
50% do rio
Não responderam
Foz do rio
Limite da balsa
Rio e mar
Rio e costão
Rio, mar e costão
21
4
1
0
1
3
1
0
1
1
0
67,74
12,90
3,22
0
3,22
9,67
3,22
0
3,22
3,22
0
15
0
4
2
2
2
1
1
2
2
1
48,38
0
12,90
6,45
6,45
6,45
3,22
3,22
6,45
6,45
3,22
Intensidade de
Captura
A pesca era boa
Havia muito peixe
8
7
25,80
22,58
3
1
9,67
3,22
Era muito boa
A pesca era regular
A pesca era media
A pesca era ruim
Não soube dizer
Não responderam
7
3
2
13
3
3
22,58
9,67
6,45
41,93
9,67
9,67
3
4
1
18
3
3
9,67
12,90
3,22
58,06
9,67
9,67
Restrição para
pesca e captura
Sim
Não
Não sei
4
21
4
12,90
67,74
12,90
16
12
0
51,61
38,70
0
Tabela 1: Perfil dos moradores entrevistados.
Quanto ao número de filhos, aparentemente as famílias entrevistadas se enquadram na
média nacional rural, por número de filhos, que tem, segundo dados do censo do IBGE, cerca
de 4,43 filhos, por família. A média neste caso é de 1,8 filhos por família, a família que tem
maior número de filhos declara ter nove e o menor número é um.
A partir dos dados coletados podemos perceber a forte influência na profissão dos
ascendentes, na escolha das profissões dos pescadores locais. Como se podem verificar na
tabela 1, vinte dos entrevistados são filhos também de pescadores. Dois são filhos de
professores, outros dois de lavradores e dois de garçons. Outras profissões que foram citadas
apenas uma vez foram caminhoneiro, funcionário público, mecânico e torneiro mecânico.
Esse dado mostra a importância da pesca para a comunidade.
Já no que se refere à profissão escolhida pelos filhos destes entrevistados, percebemos
que não há muita influência. Quanto à atuação dos filhos dos pescadores artesanais de Barra
do Una, na mesma profissão que os pais. Podemos observar que apenas 16,7%, (cinco) dos
filhos dos entrevistados atuam em atividades pesqueiras, enquanto 73,3% atuam em outras
profissões, 3 entrevistados não quiseram responder, o que indicamos com “outros”.
Apenas cinco entrevistados declararam que seus filhos exercem a mesma profissão
que os pais. Estes jovens procuram na pesca um meio de sobrevivência. Esse dado vem
afirmar duas questões cruciais para a sobrevivência sócia, econômica e cultural da
comunidade. Há pouco interesse por parte da juventude em estar engajada na mesma
profissão dos pais, o que leva a, pelo reduzido número, colocar em risco essa atividade
tradicional, colocando em risco, também, a existência da própria comunidade de Barra do
Uma.
Quanto ao grau de instrução dos entrevistados, cinco (17%) declararam ter concluído
o ensino médio completo e 13,8%, quatro entrevistados, o ensino fundamental. Nenhum
possui graduação ou pós-graduação e 65% apontam outra opção, o que indica não possuírem
o ensino fundamental.
A maioria dos pescadores não possui nem a formação em nível fundamental completa.
Segundo Peixer (2008), os pescadores esportivos têm em média de 69% de certificados de
conclusão do ensino fundamental. Neste sentido, seria importante a implantação de políticas
públicas educacionais, que dessem oportunidade aos pescadores locais de concluir o ensino
fundamenta o que evitaria várias dificuldades de comunicação e entendimento entre ambas as
partes, inclusive, na instalação de conflitos desnecessários.
Quanto à relação da pesca com as demais atividades econômicas percebemos que 23
entrevistados (76,7%) tem a pesca como fonte de renda, apenas um exerce a pesca por lazer e
doze (40%) tem, além da pesca, outras fontes de renda.
Quanto à renda mensal, foi possível observar que nesta região, a arrecadação dos
pescadores artesanais varia muito. Aqueles que só sobrevivem da pesca artesanal ganham de
um a dois salários-mínimos (58,6% dos entrevistados). Cinco pescadores (17,2%) declararam
perceber menos de um salário-mínimo por mês e 24,1%, sete pescadores informaram receber
outras quantias.
Quanto à frequência do trabalho com a pesca, representado no Gráfico 6, podemos
perceber que 40% executam a atividade pesqueira diariamente e outros 40% semanalmente.
Isso demonstra efetivamente a dependência, que a comunidade e as pessoas que nela vivem,
da pesca.
Mudanças na composição de espécies capturadas na atividade pesqueira comercial
têm sido discutidas sob várias vertentes. Segundo Pauly et al. (2003), estudos apontam
declínio na diversidade de peixes a médio e longo prazos, sobre o que poderá ocorrer com a
atividade pesqueira casos sistemas de gestão sustentável não sejam efetivamente
implementados. Porém, não é o caso das capturas da Vila Barra do Una, pois a riqueza de
espécies permanece depois de anos e isto pode ser reflexo do status de conservação do local
dado por restrições da Unidade de Conservação o qual está inserida e o baixo esforço de
pesca exercido por um número reduzido de famílias que residem no local e exercem
tipicamente uma captura artesanal de pequena escala.
Gráfico 1: Frequência do trabalho com a pesca
Quando estimulados a responder sobre a sua atividade principal, grande parte dos
entrevistados informou trabalhar com a pesca semanalmente, tendo uma renda que varia entre
300 e mil reais, precisando desenvolver outros trabalhos a fim de completar a renda. Apenas
quatro entrevistados declararam atuar também como guias ou agentes para a pesca esportiva,
como forma a completar o salário. Um entrevistado tem como renda principal o trabalho
como motorista e outro como vigilante, outro é guarda vidas temporário e um é repositor de
mercadorias, em um supermercado.
Quando solicitados a responder há quanto tempo atuam na pesca, percebemos que
grande parte dos pescadores atua há muitos anos. Dos entrevistados quinze atuam há mais de
quinze anos nesta atividade, sendo que quatro informaram trabalhar há vida toda e dois há
mais de 40 anos.
Em relação ao conhecimento que tem em relação à pesca esportiva, vinte e nove
entrevistados responderam conhecê-la, e apenas três informaram não saber do que se trata.
Muito embora tenham respondido conhecer este tipo de pesca, em suas respostas à pergunta
“O que é a pesca esportiva”, as respostas dadas foram que “conduz os turistas para os
pesqueiros e ali eles utilizam a prática de pesca com vara” ou que é a “pesca com vara”, ou
simplesmente que é a “pesca com vara por esporte” ou “pesca por lazer”, “pesque e solte”.
Outras respostas dadas à questão foram “pesca por esporte, que não dá para a sobrevivência”,
“pesca de anzol com isca viva”, “A pesca esportiva é aquela, que não depreda o meio
ambiente. Pesca um exemplar bom”, “pesca com turista” e “pesca por hobby”.
Em relação ao desenvolvimento de alguma atividade relacionada à pesca esportiva,
dezoito entrevistados informaram que sim, perfazendo um total de 60%, já os que trabalham
apenas com pesca artesanal são doze, ou seja, 40% dos pescadores entrevistados.
A partir deste dado podemos verificar o quão importante é para a comunidade o
desenvolvimento de atividades relacionadas à pesca esportiva. Quando perguntados sobre
quais as atividades que desenvolvem e estão relacionadas a esta prática, as respostas mais
usuais foram levar as pessoas para pescar, aluguel de barcos, atuação como guia pescaria e
venda de iscas.
Foi possível verificar que 66,7% dos pescadores artesanais consideram que a pesca
esportiva tem importância econômica em suas vidas. 16,7% a entendem pelo aspecto social e
apenas 16,7% pelo aspecto cultural, o que nos mostra que os pescadores não percebem a
importância da pesca esportiva de forma ampla, influenciando de forma mais global, todos os
aspectos relacionados ao desenvolvimento da comunidade.
As atividades desenvolvidas por estes pescadores, relacionadas à pesca esportiva são a
de atuarem como guias de pesca e piloteiros, além do aluguel de barcos e venda de iscas. O
período em que trabalham com tais atividades é durante o ano todo, mas principalmente na
época de temporada, de novembro a março, especialmente no verão.
Em relação ao trabalho da família com a pesca esportiva temos um dado bastante
expressivo, sendo 63,3% dos familiares nesta modalidade, pois, sendo uma comunidade
pequena, voltada à pesca artesanal e alocadas dentro de uma reserva, percebe-se que a pesca
esportiva, é de crucial importância para estes.
Trabalham com a pesca esportiva os primos, tios, irmãos e cunhados dos
entrevistados. Em apenas em dois casos a família toda trabalha com esta modalidade de
pesca. Em suas entrevistas declararam acompanhar os turistas como piloteiros ou como guias.
Para além da pesca, seus derivados, de uma forma ou de outra, são os responsáveis
pela melhoria de vida dos pescadores artesanais e de suas famílias, na medida em que essas
agregam valores econômicos, mas também socioculturais.
A partir dos dados coletados percebemos um entrelaçamento entre pesca esportiva e
seus agentes sociais, sejam eles os praticantes desta modalidade de pesca ou as famílias da
comunidade, que exercem efetivamente um intercâmbio territorial, histórico e cultural, o que
acaba sendo um ganho para ambas as partes.
Já o fato de 36,7% declararem não trabalhar com a pesca esportiva, não quer dizer que
de fato não o façam, uma vez que, de alguma forma, ainda que indiretamente, o fazem, seja a
partir das atividades que exercem nos mercadinhos locais, na venda de iscas, no aluguel de
quartos, nas pousadas etc.
Quando perguntados sobre “Qual a razão dos pescadores esportivos frequentarem a
comunidade?”, as respostas variaram entre a quantidade de peixes disponíveis no local e a
preservação do local.
Notadamente os pescadores da comunidade dão muito valor ao local em que vivem.
“Em suas respostas podemos perceber que se orgulham ”pela grande quantidade de espécies
de peixes”, pela qualidade do lugar que é preservado”, pelo “rio limpo” e pela “natureza,
cultura local e busca pelo robalo, que é produtiva”.
Além do já exposto, os pescadores declararam que “os rios e o mar não são poluídos.
Também há muita variedade de peixes” ou que “o rio que é bom e apresenta uma enorme
quantidade de peixes e também a pesca do Robalo”.
Dentre os entrevistados, 90%, acreditam que a pesca esportiva não tem relação com a
pesca artesanal. Embora nos pareça que tal conhecimento seja empírico e não conceitual. Os
entrevistados têm uma clara visão de que a pesca artesanal ocorra para a subsistência e a
esportiva para o lazer. Apenas 10º dos entrevistados declararam que uma modalidade de
pesca tem relação com a outra, entretanto, quando solicitados a explicar a relação entre
ambas, responderam que esta relação se dá nos pesqueiros, mas não souberam explicitar de
que maneira elas ocorrem.
Quando inquiridos sobre a relação da pesca esportiva com outras atividades praticadas
na comunidade, 26 entrevistados, ou 86,7% dos pescadores declararam que esta modalidade
está intimamente ligada a outras atividades comunitárias, o que nos parece reafirmar a
importância desta, para a localidade, como pôde verificar o que a torna de crucial importância
para a vida da comunidade, como um todo. Uma vez que, há um reconhecimento de 96,7%,
29 entrevistados, em relação à importância que a pesca esportiva tem, de modo geral, para a
comunidade. Vantagens estas que podemos dizer estejam relacionadas à própria geração de
renda e à melhoria das condições de vida.
Ao responderem sobre qual a relação da pesca esportiva com as demais atividades
praticadas pela comunidade, grande parte dos entrevistados (vinte e quatro), declararam que
esta seria uma relação turística. Além desta categoria, também surgiram respostas relativas à
hotelaria, comércio, economia, renda com o aluguel e alimentação, inclusive da troca de
experiências: as festas, cultura e conhecimento local.
Tais categorias de respostas nos levam a crer que os membros da comunidade local
percebem o quanto a comunidade se beneficia com esta modalidade de pesca e o quanto os
turistas e os moradores locais trocam experiências culturais, além dos benefícios relacionados
à produção de bens materiais, como a geração de emprego e renda.
Outra questão importante para esta pesquisa se relaciona ao tempo em que a pesca
esportiva é praticada na comunidade. Os entrevistados não puderam precisar o tempo exato,
em que há este tipo de atividade, entretanto acreditam que desde a década de 70, onde muitos
relatam ter existido um clube de pesca local. Alguns chegaram a declarar que o referido clube
de pesca foi constituído, antes de a estrada ter sido aberta. Portanto, antes de 1970.
Procedência dos primeiros pescadores esportivos, a maioria não sabe, mas alguns citaram São
Paulo.
Por meio da tabela 2 poderemos ter a porcentagem do histórico e da atividade atual e valores
da atividade no passado.
Temas abordados Respostas obtidas Passado Atualmente
N % N %
Clubes de pesca Sim
Não
Não sei
18
7
8
58,06
22,58
25,80
1
29
1
3,22
93,54
3,22
Técnicas e
equipamentos
utilizados
Linha
Vara
Molinete/carretilha
Motor
3
13
12
3
9,67
41,93
38,70
9,67
3
16
27
7
9,67
51,61
87,09
22,58
Uso de iscas Naturais Vivas
Naturais mortas
Artificiais
15
0
5
48,38
0
16,12
15
0
20
48,38
0
64,51
Espécies mais
procuradas
Robalo
Pescada
Corvina
Caratinga
Bagre
Traíra
Oveva
Baiacu
Mandi
Caranha
28
04
06
03
03
02
04
03
07
08
90,32
12,90
19,35
9,67
9,67
6,45
12,90
9,67
22,58
25,80
31
04
12
05
03
02
04
04
12
10
100
12,90
38,70
16,12
9,67
6,45
12,90
12,90
38,70
32,25
Espécies mais
capturadas
Robalo
Pescada
Caratinga
Corvina
Bagre
Traíra
Baiacu
Mandi
Oveva
11
06
13
8
1
1
2
2
2
35,48
19,35
41,93
25,80
3,22
3,22
6,45
6,45
6,45
14
11
22
10
2
1
2
2
2
45,16
35,48
41,93
32,25
6,45
3,22
6,45
6,45
6,45
Ambientes ou
Áreas Explorados
Rio todo
20% do rio
30% do rio
40% do rio
50% do rio
Não responderam
Foz do rio
Limite da balsa
Rio e mar
Rio e costão
Rio, mar e costão
21
4
1
0
1
3
1
0
1
1
0
67,74
12,90
3,22
0
3,22
9,67
3,22
0
3,22
3,22
0
15
0
4
2
2
2
1
1
2
2
1
48,38
0
12,90
6,45
6,45
6,45
3,22
3,22
6,45
6,45
3,22
Intensidade de
Captura
A pesca era boa
Havia muito peixe
Era muito boa
A pesca era regular
A pesca era media
A pesca era ruim
Não soube dizer
Não responderam
8
7
7
3
2
13
3
3
25,80
22,58
22,58
9,67
6,45
41,93
9,67
9,67
3
1
3
4
1
18
3
3
9,67
3,22
9,67
12,90
3,22
58,06
9,67
9,67
Restrição para
pesca e captura
Sim
Não
Não sei
4
21
4
12,90
67,74
12,90
16
12
0
51,61
38,70
0
Tabela 2: Histórico e atividade atual e passado da pesca esportiva na comunidade segundo os moradores
entrevistados
A análise referente ao esforço da pesca foi padronizada através de cálculos de captura
por unidade de esforço. Segundo Lowe-McConnell (1999), estatísticas confiáveis de captura
são vitais para a pesquisa pesqueira, uma vez que as áreas tropicais remotas são de
consistência muito variável. Para comparar capturas de diferentes locais, períodos e métodos
utilizados é importante ter como fatores o tamanho das redes, a velocidade das embarcações,
o método utilizado, o tempo gasto nas pescarias e outros fatores afetam a eficiência da pesca.
Conforme a pesca se desenvolve, inevitavelmente declina à medida que aumenta o número de
pescadores participantes das capturas ou à medida que são utilizadas maiores quantidades de
redes. Devido a esses fatores, se deve relacionar o peso (kg) total da pesca com o tamanho
das redes utilizadas (m²) e o tempo gasto nas pescarias (horas); e (kg/pescador/ h), que
relaciona o peso (kg) total com o número de indivíduos envolvidos na pescaria e tempo gasto
(horas).
A maioria não sabe a quantidade de pescadores esportivos no passado e atualmente.
O reconhecimento negativo de 93,3%, em relação à pergunta formulada, sobre a existência ou
não de um clube de pesca na comunidade. Isso demonstra que os entrevistados não apenas
moram, mas também tem uma visão contextualizada do que acontece, dentro dos limites do
bairro, onde elas têm participação. Apenas um dos entrevistados declarou desconhecer o fato
de existir ou não alguma associação e uma entrevistada declarou que há algum agrupamento,
nessa categoria.
A inexistência de uma associação de pescadores na comunidade pode nos indicar que
estes não estejam organizados formalmente ou que esta organização se dá de forma familiar,
sem que seja necessária uma maneira mais institucionalizada ou formal. Parece-nos que não
existe o interesse da comunidade em criar associações comunitárias, muito embora já tenha
existido este tipo de agremiação no bairro.
Já existiu alguma associação de pesca esportiva na Juréia? Esta pergunta é mais
ampla, abarca toda a área da Juréia. Entretanto os pescadores entrevistados declararam ter
existido uma associação na própria comunidade. Dezoito entrevistados declararam ter
existido alguma associação deste tipo, enquanto 20% afirmaram não ter existido e outros 20%
não saber dizer.
“Qual o nome da associação? Quem eram os responsáveis? Quando foi criada? Quais
as motivações para a criação destes clubes e ou associações?” Estas foram as perguntas
apresentadas aos pescadores que declararam ter existido alguma associação de pescadores no
local.
A partir das respostas obtidas conseguimos concluir que o nome da agremiação era
“Clube de Pesca” e esta foi dirigida por Ditão, Heitor e Coronel Sérgio, nas décadas de 60/70.
Segundo relatos a associação foi criada por causa do lazer. Na comunidade ainda há ruínas
das edificações, em que a associação funcionava.
Podemos perceber a diversidade de respostas, sobre a procedência dos primeiros
pescadores esportivos que frequentaram a comunidade com o objetivo de desfrutar da pesca.
Dos entrevistados, 80% não souberam responder. Isso provavelmente se dá em função, da
época em que tal fato ocorreu, há mais de 50 anos. Muito embora a literatura aponte que
51% dos pescadores esportivos, que frequentam o litoral sul, sejam de São Paulo, o ABC
paulista representa, nessa configura 15% do total de pescadores dessa categoria e apenas 5%
são do interior, (Brasil, 2010)
Provavelmente as famílias e frequentadores mais antigos, ainda estejam ou visitem a
comunidade. Talvez estes tenham tido algum contado com estes pescadores esportivos de
antigamente, como é o caso de “Seu Zico”, que até hoje, cuida da área onde foi construído o
clube de pesca, em 1965, na comunidade de barra do Una.
Segundo Zico, até pouco tempo na área havia a placa de metal, que datava a
inauguração do clube de pesca. Tal placa trazia também o nome de seus fundadores.
Quanto à procedência dos pescadores esportivos podemos perceber que a grande
maioria dos entrevistados não sabe responder, 80% não são capazes de identificar de onde
vieram os primeiros pescadores esportivos na Juréia (Barra do Una), enquanto 10%
declararam virem da cidade de São Paulo, 3,3% são da própria comunidade e 6,7% de outros
locais, embora não possam especificar quais sejam. Mais uma vez estes dados nos revelam o
quanto faz falta à comunidade um trabalho com o regate da memória local e histórias de vida,
uma vez que 20 dos nossos entrevistados nasceram na própria comunidade e 19 são filhos de
pescadores locais.
A seguir trataremos especificamente da captura de algumas espécies, comparando
oferta de pescado e as relações com o ambiente, às técnicas utilizadas para a captura e,
espécimes mais procurados e apanhados. Já em relação às espécies mais procuradas
antigamente e atualmente, na pesca esportiva, foram citados o robalo, a pescada, a corvina, a
caratinga, o bagre, a traíra, oveva, baiacu e mandi.
Podemos perceber o quanto o robalo, a pescada, a corvina e a caratinga são
procurados e tem valor no mercado. Caranha, embora seja um espécime capturado na região
não foi citado, nenhuma vez, pelos entrevistados.
A quantidade de peixes mais capturados antigamente e atualmente. Podemos perceber
que tanto a procura quanto a captura dos espécimes se mantém, havendo uma forte
preferência pelo robalo, pescada, caratinga, corvina e bagre.
Gráfico 2: Percepção dos pescadores artesanais sobre a renda proveniente da pesca esportiva (antigamente e
atualmente) e dado de declaração dos entrevistados.
Já em relação à renda percebida pelos trabalhadores, com a pesca esportiva
antigamente, os entrevistados declararam que esta era regular e boa. Apenas um entrevistado
afirmou ser ruim, dois declararam não saber responder e dois não responderam.
Quando solicitados a responder sobre a renda percebida atualmente notamos alguma
diferença em relação ao quadro anterior. Muito embora dois entrevistados afirmem que
atualmente a renda seja ótima, cinco declaram ser boa, enquanto dez declararam que
antigamente a renda era muito boa. Seis entrevistados informaram que a renda é regular,
contra quinze declarantes no quadro anterior.
Preocupante é a declaração de 14 entrevistados que informaram que a renda obtida
com a pesca esportiva é ruim. Podemos assim afirmar que muito embora tenha ocorrido mais
procura por este tipo de modalidade de pesca na comunidade e 96,7% dos entrevistados
tenham declarado que a pesca traga vantagens, quando se trata de percepção monetária, ainda
há uma grande deficiência, em relação a outras atividades comerciais.
Quando perguntados em relação à área explorada para a captura de peixes, grande
parte dos entrevistados (dezesseis) declararam que anteriormente esta ocorria no rio todo,
dois declararam ser em 20% do rio e um em 30%, deste. Dois declararam que a atividade
pesqueira ocorria no rio, lagoa e mar e outros dois não souberam responder.
Também foram citados locais como a bacia e a barra, o que nos indica que parecia não haver
alguma regulamentação específica que delimitasse os locais de pesca e que os usuários da
região a explorassem indiscriminadamente.
Se compararmos os dados obtidos com o gráfico acima se poderá observar que houve
certa alteração na exploração local. Aparentemente os pescadores que atuam na região
obedecem mais a legislação vigente e respeitam certas áreas do rio, muito embora ainda
explorem áreas como “rio todo, mar e costão”, caiu pela metade o número de pescadores que
declararam que todo o rio ainda seja explorado, quatro afirmam que 30% do rio seja o foco
para o trabalho.
Os dados nos revelam que há grande variação nas áreas ocupadas para a pesca como o
limite da balsa e a foz, além do costão, como podemos observar na tabela 2.
Em relação à questão “Quanto aos praticantes, qual a quantidade de frequentadores
havia anteriormente e atualmente?” não foi possível chegar a um número mais preciso.
Entretanto os entrevistados declararam não saber dizer quantos eram os frequentadores para a
atividade, mas afirmam que atualmente tem “mais pescador esportivo do que artesanal. No
passado tinha muito mais, a renda era muito boa.”, ainda informaram que a quantidade é
“variável de acordo com o tempo e período do ano”. Essa informação nos remete a uma
constatação, em relação à importância dos primeiros pescadores esportivos que se
estabeleceram, através do clube de pesca, na comunidade, na década de 60 e os reflexos
dessa, nos dias atuais.
Quanto à quantidade de peixes procurados e capturados antigamente, vinte e dois
entrevistados declararam que, em geral, a mesma era boa ou muito boa e havia grande oferta
de peixes. Apenas dois declararam que a quantidade era média. Três não souberam dizer e
outros três não responderam.
Quando perguntados se havia, anteriormente, alguma restrição em relação à pesca e
captura de alguma espécie, 72,4% dos entrevistados declararam não existir nenhuma
restrição, enquanto 13,8% declararam que estas existiam.
A partir destes dados podemos perceber não há uma certeza, em relação às possíveis
restrições ambientais ou ao cumprimento destas ou, ainda, que tais normativas de restrição de
captura de espécie ou ainda não existiam ou ainda não tinham chegado ao conhecimento da
comunidade, o que pode ser corroborado com a afirmativa de 13,8% dos entrevistados que
afirmaram não saber responder, aqui marcado como “outros”.
Aos entrevistados lhes fora perguntados sobre restrição à pesca de alguma espécie
dentro da RDS. Nota-se, mais uma vez uma divisão de opiniões. Enquanto desaseis
entrevistados (57.1%) responderam que há alguma restrição, outros doze (42.9%)
responderam que não.
Esses dados nos remeteram a uma nova análise em função da modalidade de reserva,
na qual a comunidade encontra-se inserida. Talvez os moradores e os frequentadores locais
não tenham o conhecimento sobre o papel da gestão global e específica da área, inclusive no
que se refere à legislação vigente sobre restrição de espécimes que podem ou não serem
capturadas na localidade.
A fim de traçarmos um perfil mais completo, perguntamos aos entrevistados qual o
perfil étnico, econômico-social e de gênero dos frequentadores da comunidade, praticantes da
pesca esportiva. Os dados coletados não foram suficientes para traçarmos tal perfil, uma vez
que as respostas foram “pessoas com mais dinheiro”. Nenhum entrevistado declarou se são
homens ou mulheres, brancos ou não brancos e a que classe social pertence. Muitos não
responderam ou não souberam responder, o que nos leva a crer que tais informações não são
relevantes para esta comunidade.
Sobre a questão ambiental 55.6% responderam ser a pesca esportiva boa para o meio
ambiente. Já 44.4% deram outras respostas, que entendemos como uma incerteza, uma vez
que nenhum afirmou que esta não seja propicia para o meio, o que é corroborado pelas
informações obtidas.
A esmagadora maioria dos entrevistados, 88.9%, não vê essa modalidade de pesca,
como uma ameaça ao ambiente local, enquanto 11,1% a vejam como degradante e, por
consequência, possível ameaça à atividade de pesca artesanal, que depende efetivamente de
um meio ambiente preservado.
Desta maneira, relacionamos a pesca artesanal, a pesca esportiva e a exploração dos
recursos pesqueiros na comunidade. Enquanto 50% dos entrevistados afirmam que a pesca
artesanal explora com mais intensidade os recursos pesqueiros, nenhum acredita que a pesca
esportiva seja mais exploratória e outros 50% responderam não saber, o que anotamos como
“outros”.
Quando perguntados se os pescadores esportivos que frequentam a comunidade
respeitam o meio ambiente, 88,9% responderam que sim, repetindo a ideia de que seja
possível um bom relacionamento. Outras respostas obtidas foram que “sim, mas nem todos.
Alguns pegam peixes pequenos e jogam no lixo ou mesmo no rio”.
Quanto aos pescadores esportivos e o respeito ao meio ambiente: Quando perguntados
se os pescadores esportivos que frequentam a comunidade respeitam o meio ambiente, 88,9%
responderam que sim, repetindo a ideia de que seja possível um bom relacionamento. Outras
respostas obtidas foram que “sim, mas nem todos. Alguns pegam peixes pequenos e jogam no
lixo ou mesmo no rio”.
Gráfico 3: Espécimes e permanência no ambiente
Os dados estão bem divididos. 37.5% dos entrevistados declararam que algumas
espécies estão sumindo. Quando solicitadas a responder quais, informaram que a “traíra” não
pode ser encontrada como anteriormente e que isso se deve ao fato de se ter uma “grande
exploração dos recursos pesqueiros, que é feita pelos grandes pescadores industriais, a pesca
de arrasto feito nos mares, que captura tudo o que encontra”. Outros 37.5% responderam não
houve desaparecimento de espécimes no local e outros 62,5% não souberam ou não
responderam.
Quando perguntados sobre as razões das comunidades caiçaras se integrarem à pesca
esportiva, 100% das respostas foram por razões econômicas, por trazerem renda para os
indivíduos e para a comunidade.
Solicitados a responder se o pescador esportivo respeita e valoriza essa comunidade e
seus moradores, 66,7%, responderam que sim, são respeitosos, enquanto 11,1% afirmaram
que não e outros 22,2% declararam que nem todos respeitam a comunidade, que “alguns que
prejudicam os pescadores artesanais cortando as redes de pesca”.
Gráfico 4: Pescador esportivo e valorização da comunidade e moradores
Quanto ao futuro da pesca na comunidade 12,5% dos entrevistados acreditam que a
pesca artesanal tenha papel de destaque, enquanto 25% creem que este seja o espaço da pesca
esportiva. As outras respostas dadas estão relacionadas à oferta de peixes, despoluição dos
rios e a dependência do estado e das autoridades, além da união da comunidade para a
preservação do meio e dos recursos pesqueiros, como podemos verificar no gráfico 5.
Gráfico 5: Futuro da pesca na comunidade
Acreditamos que o fato de 25% dos entrevistados terem declarado que o futuro da
comunidade esteja relacionado à pesca esportiva, pode estar efetivamente ligada ao fato de
que esta modalidade, além de aumentar a renda do pescador e do profissional que o
acompanha, também favorece a movimentação financeira das pessoas que vivem de outros
setores da economia como o comércio, bares, pousadas. Certamente as dúvidas sobre o futuro
estão diretamente ligadas às transformações de caráter institucional e estrutural, que a
comunidade vem sofrendo, com a implementação da RDS.
Assim que perguntados sobre o que poderia ser feito para conservar os recursos
pesqueiros, os pescadores nos deram respostas relacionadas à preservação do meio como os
manguezais e maior fiscalização por parte das autoridades em relação à “pesca industrial, em
alto mar, nos arrastos e uso de traineiras”, além da educação ambiental e conscientização dos
pescadores de maneira geral.
Parece-nos que os pescadores da comunidade, aqui entrevistados, acreditam ser
possível, que tanto pescadores esportivos quanto artesanais possam ter boas relações para a
preservação do meio ambiente e os recursos pesqueiros, o que podemos demonstrar a partir
do gráfico 6, em que 88,9% declararam ser possível preservar o meio e manter os recursos
pesqueiros.
Gráfico 6: Pesca artesanal, pesca esportiva, boas relações e preservação do ambiente e manutenção de
recursos pesqueiros
Parece-nos que há uma visão da comunidade em querer buscar alternativas a partir do
estabelecimento de parcerias para a preservação do meio, dos recursos pesqueiros e da
própria subsistência. Essa afirmativa e corroborada pelo gráfico acima 88% acredita que sim,
que é possível essa relação para a preservação dos recursos pesqueiros, os quais ambas são
usam. Outros 11 % não estavam com opinião formada. O indica que na medida em que essas
intenções forem se concretizando os índices pode aumentar ou ate mesmo redução.
Os pescadores artesanais atribuem o sucesso ou fracasso das atividades pesqueiras a
algumas variáveis de condições ambientais como chuva, lua e maré. Os pescadores artesanais
da Barra do Una (Estado de São Paulo) relataram, também, as variáveis ambientais como
fatores que interferem na pesca como, por exemplo, o estado do mar (as marés) e o clima
(condições do vento e chuva) (FUZETTI & CORRÊA, 2009). Estes fatores são importantes
nas tomadas de decisão como, por exemplo, os pontos de pesca a serem utilizados, os
métodos mais adequados, as espécies-alvo a serem capturadas, etc. Porém, a opinião dos
pescadores a respeito destas variáveis mostrou-se variada entre as comunidades estudadas.
Embora as opiniões tenham se mostrado variadas, estudos sobre produtividade pesqueira
realizada através de amostragem de desembarques pesqueiros da pesca artesanal têm
mostrado a possível influência da lua.
Verificaram-se através de análises de Captura por Unidade de Esforço (CPUE) a
influência das variáveis de chuvas, lua e maré no rendimento da pesca de comunidades
caiçaras e mostrou que os desembarques pesqueiros amostrados renderam mais durante as
fases de lua crescente e na maré baixa. Segundo os pescadores entrevistados a maré também
tem forte influência na pesca e mais uma vez a opinião dos pescadores mostrou se variada.
Os pescadores de Peruíbe, em sua maioria preferem pescar em épocas de seca, ou seja, sem
chuva.
Os pescadores apontaram a chuva e o vento como fatores modificadores das
condições ambientais. As más condições do tempo dificultam o trabalho por tornar o tráfico
de embarcações perigoso, uma vez que a chuva e o vento, na maioria das vezes, deixam as
barras dos rios e o mar agitados.
Tendo em vista o perigo, os pescadores evitam sair com suas embarcações quando
esta chovendo ou ventando muito.
Gráfico 07: Opinião dos Pescadores sobre a Influência da lua na atividade pesqueira
7%
30%
28%
14%
21% não influi
cheia
crescente
nova
minguante
Quanto à atividade de pesca esportiva, sem dúvida, o que motiva o deslocamento e a
procura pela pesca esportiva em todas as regiões pesqueiras, é o peixe. São inúmeros os
destinos no Brasil, e em um destino como a Barra do Una, para a realização da atividade é
necessário que haja o peixe e que o mesmo seja digno de despertar os sentidos do praticante,
seja pela agressividade, força, astúcia, agilidade, voracidade ou mesmo a discreta “roubada da
isca”, em busca das mais variadas espécies de peixes, fomentando esta atividade.
Para tanto, sobre a biodiversidade de ictiofauna no Brasil, temos em nossas águas,
seguramente, mais de 100 espécies com valor para a pesca esportiva. Do pequeno e esperto
lambari a gigante piraíba, a diversidade encontrada em nossas bacias hidrográficas, lagos,
represas e ao longo da extensa costa brasileira transformam a pesca num esporte acessível a
todos.
Dentre as informações coletadas, referentes aos objetivos específicos desta pesquisa,
foram levantadas situações favoráveis e desfavoráveis quanto ao fomento da atividade da
pesca esportiva no objeto de estudo. Contudo, confirma-se a hipótese levantada previamente
onde, a pesquisa mostra que no objeto de estudo é viável fomentar a pesca esportiva como
um atrativo turístico. A atividade da pesca esportiva encontra-se em um estágio discreto de
execução, pois existe a necessidade de parcerias na promoção, divulgação, e execução da
atividade, pois um produto turístico deve ser composto pelo atrativo turístico com
infraestrutura, serviços e equipamentos para atender a demanda turística.
CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve por objetivo analisar a contribuição da Pesca Esportiva na vida
econômica, social e cultural da Comunidade da Barra do Una, hoje transformada em uma
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Foram estudadas características e formas de
comportamento desta comunidade pesqueira.
No decorrer dos anos, foi o aumento das dificuldades econômicas, da maioria das
famílias de Barra do Una, que sobreviviam razoáveis, apenas da pesca artesanal. As
transformações tecnológicas, dentre outras razões, acarretaram de dificuldades, na
sobrevivência das famílias de pescadores artesanais, local, apenas dessa atividade. Uma das
dificuldades observada foi a pouca especialização dos pescadores artesanais. O manejo, como
a captura armazenamento e transporte, para comercialização, foi ficando cada vez mais
difícil, se tornando uma profissão muito pouco seguida pelos filhos dos pescadores.
Logo a procura por alternativas foram inevitáveis, onde uma delas foi à procura por
trabalho ligado à pesca esportiva, atividade que veio muito rapidamente se desenvolvendo na
localidade, desde a década de 60, com a criação do primeiro clube de pesca. Que acabam
procurando outra profissão e assim encontrou na Pesca Esportiva, uma alternativa viável e
rentável para melhorar suas condições econômicas e sociais.
Além de que o aumento da procura turística, na região foi de fundamental
importância, para a migração de tal atividade pesqueira.
Foram detectados também problemas na conservação ambiental; em vários pontos do
litoral sul e o agravamento desta questão resulta no quadro atual de vários lugares que foram
visitados e detectados como depredados. Lixo, destruição de várias espécies de vegetação
nativa, escassez de peixes, aves, de rios e riachos, esgoto a céu aberto, casas abandonadas,
lugares históricos, em péssimas condições de conservação, além de doenças que proliferam
em ambientes infectas onde muitas famílias residem.
Faz-se necessário que haja por parte das autoridades governamentais, as devidas
adaptações locais, como também uma eficaz fiscalização para que sejam respeitadas as Leis
Ambientais, para que a Vida Humana, Animal, Vegetal, Mineral e aquática sejam
devidamente respeitadas. Assim poderemos ter de forma racional um equilíbrio entre Homem
e Natureza.
O turismo com a participação das comunidades e integrando diferentes esferas
institucionais, não somente gera renda, mas também o desenvolvimento e a valorização social
e cultural. Além disso, pode contribuir para reduzir a pressão sobre outros recursos naturais
como, por exemplo, os pesqueiros, diminuindo a pressão de pesca (LOPES, 2011).
O litoral sul oferece condições para que a Pesca Esportiva seja realizada como meio
turístico e também como uma boa opção de renda para famílias que sempre viveram da pesca
artesanal. Mas hoje devido às péssimas condições de conservação e falta de cuidado com o
Meio Ambiente, até mesmo a Pesca Esportiva, que pode ser um bem para todos, estão em
risco. Pois foi constatado, que infelizmente não está havendo um cuidado por parte das
autoridades competentes, na fiscalização e na preservação do patrimônio histórico e também
às reservas ambientais.
A Barra Do Una, assim como boa parte do litoral sul, já possui uma vocação natural
para o turismo. E com a Pesca Esportiva, em franca ascensão, é possível gerar emprego e
renda de forma sustentável, além de contribuir para uma boa e eficaz educação ambiental.
Em algumas das atividades que tem sido incorporada pelas comunidades caiçaras,
como a pesca esportiva, por exemplo, também tem mostrado a necessidade de implicação do
conhecimento local em sua prática. E isso faz com que o conhecimento seja dinâmico e
sempre presente tanto nas atividades novas, como nas atividades características da cultura
caiçara.
Torna-se claro que o objeto de estudo apresenta condições necessárias para o fomento
da pesca esportiva e do desenvolvimento local na região, mediante a questão problema
levantada, com os fatores positivos sobressaindo os fatores negativos. Ressalvando que,
alguns aspectos como infraestrutura e acesso, ainda contribuem moderadamente para a
promoção da pesca no local.
Os ambientes explorados diariamente pela maioria dos pescadores entrevistados nas
regiões estudadas mostram-se como um importante meio de subsistência para estas
comunidades que se desenvolvem no seu entorno, entretanto a pesca artesanal não é a única
atividade econômica desenvolvida pelos pescadores. Faz-se necessário o desenvolvimento de
um plano de manejo e conservação dos recursos naturais nas regiões estudadas para que se
torne sustentável a pesca e a permanência dessas comunidades e que promova a valorização
do pescador tradicional
Finalizo com as palavras de especialistas da FAO: A pesca constitui uma fonte vital
de alimentos, emprego, recreação, comércio e bem-estar econômico para as populações de
todo o mundo, tanto para as gerações presentes como para as futuras e, desta maneira, se
deveria levar a sério de forma responsável (FAO, 1995, p. 7).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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nova abordagem interdisciplinar. Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia,
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aquicultura-2012-2013-2014
CARACTERÍSTICAS E VALORAÇÃO DA PESCA ESPORTIVA, PROFISSIONAL E DO
TURISMO DA CACHOEIRA DE EMAS, NO RIO MOGI-GUAÇU/SP, PEIXER Janice
CARACTERIZAÇÃO DA PESCA ARTESANAL E O CONHECIMENTO
PESQUEIRO LOCAL NO VALE DO RIBEIRA E LITORAL SUL
DE SÃO PAULO
Milena Ramires(; Walter Barrella,; Andréia Martucci
Esteves0
,
Universidade Santa Cecília & Fisheries and food I
nstituto – FIFO - (milena@unisanta.br,walter@unisan
ta.br);
& Universidade Santa Cecília – (andreia.biomar@yaho
O.com.br
População e família brasileira: ontem e hoje
∗
Arlindo Mello do Nascimento
(MARIANO, A Relação Homem-Natureza e os Discursos Ambientais Zilda Fátima
Mariano, Iraci Scopel, Dimas Moraes Peixinho, Marcos Barros Souza (2011)
Lei nº 14.982, de 8 de abril de 2013
Governo do Estado DE SÃO PAULO
Publicado em : DOE 09/04/2013 Seção I p. 1

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Tese pronto

  • 1. UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E MARINHOS MESTRADO EM ECOLOGIA “A PESCA ESPORTIVA E O HISTÓRICO DE USO DE RECURSOS PESQUEIROS NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA DO UNA (PERUÍBE/SP)” Otacilio Favero de Souza SANTOS 2016
  • 2. UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E MARINHOS MESTRADO EM ECOLOGIA “A PESCA ESPORTIVA E O HISTÓRICO DE USO DE RECURSOS PESQUEIROS NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA DO UNA (PERUÍBE/SP)” Dissertação apresentada à Universidade Santa Cecília como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre no programa de pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos sob a orientação da Prof.ª Dra. Milena Ramires de Souza. Otacilio Favero de Souza Santos 2016
  • 3. Nome: Otacilio Favero de Souza Título: “A Pesca esportiva e o Histórico de uso de Recursos Pesqueiros na Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruibe/SP)” Dissertação apresentada à Universidade Santa Cecília como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _______________________Assinatura: _____________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _______________________Assinatura: _____________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: _______________________Assinatura: _____________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: ________________________ Assinatura: _____________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: ________________________ Assinatura: _____________
  • 4. Autorizo a reprodução parcial ou total deste trabalho, por qualquer que seja o processo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos. Dissertação apresentada à Universidade Santa Cecília como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre no programa de pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos sob a orientação da Prof.ª Dra. Milena Ramires de Souza. SOUZA, Otacílio Favero. A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos pesqueiros na reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruíbe/SP) 2016 n. XXXXX(número de páginas) Orientador (a): Profa. Dra. Milena Ramires de Souza Dissertação (Mestrado) – Universidade Santa Cecília, Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos, Santos, São Paulo, 2016. 1. Pesca artesanal. 2. Pesca esportiva. 3. Sustentabilidade. 4. Ecologia humana. I. Ramires, Milena. A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos pesqueiros na reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruíbe/SP) Elaborado pelo SIBI – Sistema Integrado de Bibliotecas - UNISANTA
  • 5. Dedicatória Dedico este trabalho a todos que como eu, amam a Natureza. À minha família, aos pescadores da minha família e aos da Barra do Una, assim como à professora Drª. Milena Ramires.
  • 6. AGRADECIMENTO Este trabalho não seria possível sem a dedicação e paciência de minha esposa Yvie Cristina Favero de Souza e a toda a minha família. Ao empenho do meu amigo Tiago Ribeiro de Souza, que muito me ajudou nas pesquisas de campo. A meu filho Derick, que serviu de fonte de orgulho. Ao meu padrinho querido professor Paulino. Aos professores Giordano, Barrela, Begosi, Valter que, sem dúvida, foram minha grande inspiração neste curso e em especial a minha tutora Milena Ramires. Que, apesar de todos seus afazeres, sempre buscou formas de me ajudar com textos e artigos para pesquisa e com sua valiosa orientação. À Universidade Santa Cecília pela infraestrutura disponibilizada. Aos pescadores da comunidade de Barra do Una, Peruíbe/São Paulo. A todos meu carinho, gratidão e acima de tudo muito obrigado por acreditarem em mim. Por último quero agradecer a todos os meus ancestrais, que mesmo na dor e no sofrimento, construíram esse país e me ensinaram a lutar por justiça.
  • 7. EPÍGRAFE O cheiro que o vento traz quando passa... O balançar das árvores e a complexidade de sua estrutura, o vai e vem das borboletas e suas várias transformações, as aves que encantam os céus e que são capazes de entoar cantos maravilhosos aos nossos ouvidos, os mistérios do fundo do mar e rios, o corpo humano e suas perfeições, enfim tudo que está encima desse solo e que fascina os olhos de quem vão sentir com a alma. Ecologistas de coração, loucos pela vida e por tudo que a move. Monyzi Pezzin
  • 8. RESUMO SOUZA, Otacílio Favero. A pesca esportiva e o histórico de uso de recursos pesqueiros na reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una (Peruíbe/SP) 2016 (Tese Acadêmica) Universidade Santa Cecilia. RESUMO: Este trabalho se propõe a apresentar uma Pesquisa de forma qualitativa e descritiva, na comunidade da Barra do Una (Peruibe/SP). A presente pesquisa abordou a relação da atual situação da pesca artesanal e esportiva, com a ecologia e o bioma aquático, através da interpretação dos fenômenos, atribuindo pareceres conforme dados obtidos e de acordo com as análises indutivas, dedutivas e explicativas, derivadas de observações de casos reais. Esta pesquisa foi feita de maneira exploratória, a partir de um apanhado de fontes bibliográficas tendo como principal referência à pesca esportiva no litoral de São Paulo. Buscando entender a pesca num sentido geral e aprofundando o conhecimento a respeito da pesca esportiva, tornando este assunto explícito, além de identificar as causas e correlações homem e natureza, inseridas nas atividades de pesca esportiva. Para quantificar os resultados foi feita uma pesquisa de campo com pescadores e suas famílias, além do reconhecimento de vários locais aqui citados, para a realização de um questionário/formulário e entrevistas de caráter semiaberto. Podemos notar a importância da Pesca Esportiva para o crescimento profissional dos pescadores que, antes, apenas sobreviviam da pesca artesanal e com muitas dificuldades. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Na primeira, realizada entre novembro de 2014 a fevereiro de 2015, num total de 20 entrevistas ou 66% da pesquisa. Na segunda etapa foram entrevistados 10 pescadores, incluindo dois de Porto Tocaia, comunidade coirmã, perfazendo um total de 33% da pesquisa realizada, entre os meses de janeiro e março de 2016. Após a análise dos dados coletados pudemos perceber que nessa perspectiva, a pesquisa desenvolvida terá como principal metodologia a análise quantitativa e qualitativa, a partir da análise do material bibliográfico e dados levantados com a aplicação do Projeto. Palavras-chave: Tecnologias Educacionais – Ensino – Projetos Educativos
  • 9. ABSTRACT In a qualitative and descriptive way, this research approached the relations of the current situation of fishery and sports with ecology and aquatic biomes, through the interpretation of phenomena, attributing ideas according to the results reached and accordingly with inductive, deductive and explicative assays, coming from real cases observations. This research was made in an exploratory way, as a summary of bibliographic sources, having as main reference the sports-fishing in São Paulo coast. Seeking to understand about fishing not only in a general sense, but also knowing about the sport fishing. Identifying the causes and correlations of man and nature with fishing. To quantify the results, a field survey was conducted by fishermen and their families through a questionnaire and interviews. Now a day, it has been noted that sport fishing is really important to the professional growth of fishermen who only survived by artisanal fishing. Keywords: fishery, Sport, artisanal fisheries.
  • 10. SUMÁRIO 1 . INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14 2 . OBJETIVOS .............................................................................................................. 18 2.1 Objetivo geral...................................................................................................... 18 2.2 Objetivos específicos........................................................................................... 18 3 . MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 19 3.1 Área de estudo..................................................................................................... 19 3.2 Coleta de dados ................................................................................................... 21 3.3 Análise de Dados................................................................................................. 21 4 . RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 23 5 . CONCLUSÃO ........................................................................................................... 50 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 51
  • 12. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Índice de figuras Figura 1: Localização da área de estudo, RDS Barra do Una. Peruíbe/SP. Figura 2: Vista aérea da comunidade de Barra do Una. Peruíbe/SP.
  • 14. I. INTRODUÇÃO As preocupações do mundo, hoje, estão muito voltadas para as questões ambientais, ligadas a gestão, a sustentabilidade e a conservação da biodiversidade. O Brasil é um dos países, que se encontra em franco desenvolvimento e tem, sem dúvida, uma grande responsabilidade na condução e no cumprimento de acordos internacionais sobre meio ambiente e sua utilização (VIRTUOSO, 2004). A biodiversidade é todo o conjunto de seres vivos, e em função das atuais formas de produção e consumo do capitalismo neoliberal, estão fortemente ameaçadas e, segundo Polanyi (2000), a questão passa pelo mundo empresarial capitalista que busca transformar todas as ideias em ferramentas para a competição, desconsiderando quaisquer outras motivações para a relação trabalho/natureza que não seja a motivação econômica dos agentes sociais, para a exploração dos recursos naturais. A pesca, em suas diversas dimensões, é uma das atividades da cultura humana, que mais exerce influência na exploração do meio ambiente e dos recursos pesqueiros, de forma peculiar e que interfere profundamente na sua composição e transformação (TSURUDA et al., 2013), na medida em que sua relação prática pode, efetivamente, assegurar a geração de emprego, renda e lazer em uma categoria mais especificamente denominada de pesca esportiva. Assim, a pesca possui grande importância mundial, pois é uma fonte de renda, emprego e alimento em diversos segmentos econômicos e em outras atividades de forma indireta (PEREIRA, 2002). Desde o surgimento do homem na Terra, existe uma modificação na natureza. Assim, o processo de degradação do meio ambiente se confunde com a origem do homem. As maiores e mais prósperas civilizações humanas, até hoje, sempre foram organizadas perto de vertentes aquáticas, referenciando a civilização egípcia, no rio Nilo, no continente africano e a Mesopotâmia entre rio Tigre e Eufrates, onde hoje se localiza o Iraque (SPAREMBERGER, PAZZINI, 2011).
  • 15. Portanto, a relação dos diversos ecossistemas com o homem, desde os primórdios do sedentarismo, tem uma consequente intenção de usufruto, seja como forma de sobrevivência, de lazer ou de recreação. Esporte e turismo são algumas das atividades humanas que são praticadas, em ambientes naturais com esta finalidade. De acordo com Mariano, desde a fase primitiva, nômade, quando o homem tinha uma relação de dependência total, pois a natureza era vista como fonte de alimento. Depois o homem passa ao hábito sedentário criando novas habilidades tecnológicas, no intuito de dominar progressivamente à natureza, ou seja, libertar-se da estreita dependência que obriga todas as demais espécies de seres vivos a buscarem na natureza, locais com condições favoráveis de vida. (MARIANO, et.al, 2011) A pesca sempre teve uma grande ligação com as diversas civilizações, suas organizações sociais e também, de suas organizações culturais e econômicas (CARVALHO, 2003). Segundo o autor o homem não agredia a natureza indiscriminadamente e dela retirava só o necessário para o seu sustento. Ainda assim, modificou o seu ambiente a fim de adequá- lo às suas necessidades. Portanto, o dinamismo da civilização industrial, introduziu radicais mudanças no meio ambiente físico, que implicaram a formação de novos conceitos sobre o ambiente e o seu uso e, desde meados do século XX, um novo, fator foi acrescentado, a tecnologia, elemento este que provocou um salto qualitativo e quantitativo no processo industrial e passou-se a gerar bens industriais numa quantidade e numa brevidade de tempo antes impensáveis, causando, igualmente, graves prejuízos à sanidade ambiental (CARVALHO, 2003). Nesta configuração de relação homem-natureza, estão inseridas as atividades de pesca, seja ela artesanal ou a esportiva. A pesca esportiva ou amadora é uma das atividades que mais vem crescendo no mundo. Ligada ao setor do turismo têm, nas últimas três décadas, se expandindo por diversos pontos do planeta. Os Estados Unidos tem atualmente mais de 60 milhões de pescadores esportivos licenciados, com um giro mercadológico de cerca de 24 bilhões de dólares por ano, impactando a economia em aproximadamente 134 bilhões de dólares (BRASIL, 2010). Esses números são de relevante importância para análise, pois demonstram a grandeza desse seguimento, no mundo inteiro.
  • 16. No que se refere à Lei 11.959/2009, que trata da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca e regulam as atividades pesqueiras, em seu artigo 2º, parágrafo III, pesca é “toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros”. Segundo o Decreto de Lei nº221/1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e dão outras providências, a pesca desportiva é uma prática com linhas de mão, podendo se dar por meio de aparelhos de mergulho ou quaisquer outros permitidos pela autoridade competente e em nenhuma hipótese deve estar envolvida com uma atividade comercial. O Brasil apresenta grande potencial para o desenvolvimento da pesca esportiva, pois possui atributos como: grande rede hidrográfica, extensa região costeira, grande diversidade de espécies de peixes, muitas áreas naturais ou alteradas pelo homem (represas e lagos) propícias a sua prática. No Brasil, até o início da década de 60 a atividade pesqueira era predominantemente artesanal, destinada basicamente ao “atendimento do mercado interno.” (PEREIRA, 2002). Em relação à pesca esportiva, podemos dizer que “esta vem atingindo, proporções cada vez maiores, não apenas em diversificação de lugares como também em números de praticantes e agentes envolvidos” (GREGORI, 2014). Hoje o [...] turismo de pesca vem crescendo no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) mostram que, entre 1996 e 2011, o número de pescadores amadores licenciados saltou de pouco mais de 134 mil para mais de 280 mil. De acordo com a Embratur, cerca de 6 milhões de pessoas pescam atualmente no País e o crescimento do setor é de 30% ao ano(GREGORI, 2014). Existe grande diferença entre praticantes registrados e não registrados que pode se dar em função dos diversos órgãos de credenciamento, e em função da prática aleatória e sem fiscalização. Para Cañas (2012), levantamentos sobre pesca e pescadores amadores são de fundamental importância para compreendermos os desdobramentos desta atividade, no presente e no futuro próximo.
  • 17. As informações são inexistentes ou insuficientes para fornecer subsídios biológicos (tamanho do estoque, hábitat, alimentação, reprodução etc.) para o manejo adequado do estoque pesqueiro, uma vez que esta modalidade de pesca cresce rapidamente e faz-se necessário que o uso do recurso pesqueiro de forma recreativa seja mais bem compreendido (CAÑAS, 2012). Cabe salientar sobre a necessidade desta pesquisa na medida em que a atividade pesqueira é de relevante importância, não só para a economia, mas também para o lazer, recreação e ao processo alimentar e que interferem diretamente no bioma aquático (CAÑAS, 2012). Além do já exposto, é de fundamental importância proceder a uma reflexão acerca de seus aspetos históricos, visto que as relações do homem com a pesca vêm desde tempos primitivos de nossa existência, visto as figuras rupestres, encontradas em diversos pontos do planeta, em Lagoa Santa que demonstram esta relação do homem, no seu estado natura, com a pesca. Segundo Dias (2006) “No Sul dos continentes Africano e Europeu há pinturas rupestres datadas de há 25000 anos representando peixes e cenas de pesca. Depósitos de conchas e de restos de ossos – conhecidos por ”kitchen middens” encontrados no litoral um pouco por todo o mundo, usados pelos arqueólogos para identificar locais de assentamento de populações nos primeiros dias da civilização, revelam a utilização de bivalves para a alimentação. Essas descobertas podem suscitar também a utilização de peixes na alimentação do homem primitivo”. (DIAS, 2006) Do ponto de vista da historiografia brasileira, a pesca em nosso litoral remonta desde antes do início da colonização, iniciada em 1549 efetivamente. As dimensões do território brasileiro permitiram que essa atividade e seus praticantes obtivessem várias configurações políticas e culturais, como as comunidades caiçaras, que segundo SILVA (1993) citado por SOUZA (2004), emergiram em diversos grupos, diferenciando seus membros. A partir dos novos contornos sociais e tecnológicos a pesca passou a aumentar sua importância, não só para alimentação das comunidades caiçaras. Para ADAMS (2000), “o surgimento do barco a motor promoveu toda uma mudança no modo de vida caiçara, inclusive na importância da roça para sua subsistência. Em alguns casos, o caiçara passou a
  • 18. dedicar um tempo maior às atividades da pesca”. Esta estratégia para o sector da pesca artesanal tem um período de duração finita, dadas às condições de mudança de ambos os recursos naturais e as condições associadas ao sector do artesanato, em que é aconselhável fazer mais revisões e ajustes a esta estratégia em períodos de cerca de quatro anos. A pesca artesanal tem sido praticada há muitos anos, sendo um meio específico de subsistência para as famílias que vivem em áreas adjacentes aos sectores da pesca. Com o crescimento da população e a deterioração da situação econômica em muitas zonas costeiras, a pesca artesanal tem sido uma atividade muito importante na contribuição para o emprego, geração de renda e consumo interno de peixe. Além disso, a sua contribuição para as exportações de peixe e lagosta também é muito importante. A atividade esportiva é praticada de forma “diversificada” e também ali se desenvolvem os torneios de pesca. A atividade desportiva mostrou um caráter distintamente estacional, concentrando-se nos meses de primavera e verão. A pesca artesanal disputa, hoje, recursos com grandes empresas de pesca industrial, que possuem infraestrutura muito desenvolvida referente aos barcos e recursos de pesca (Marques, 2001). Ainda assim, a pesca artesanal continua sendo responsável por um elevado número de empregos nas comunidades pesqueiras. Ela contribui com mais de 50% da produção nacional de pescado, seja em águas costeiras, litorâneas ou águas interiores (Diegues, 1995). É evidente que a pesca artesanal em muitos lugares, como no litoral sul de SP, tem sofrido seus reveses, em função da pesca industrial e de grande escala, por isso (Begossi, 1992; Maldonado, 1986), afirmam que enquanto processo de trabalho, ela encontra-se em contraste com a pesca industrial por ser exercida com métodos simples e suas características são bastante diversificadas, tanto em relação aos habitats onde atuam, quanto aos estoques que exploram.
  • 19. A caracterização da pesca esportiva praticada nas comunidades caiçaras estudadas, traçando o perfil dos pescadores esportivos dos quais foram analisadas suas relações com os pescadores artesanais e possíveis influências em seu modo de vida. A pesca artesanal ainda se caracteriza como uma das principais fontes de renda. Sua prática diária ainda é bastante frequente, evidenciando sua forte presença no cotidiano das comunidades caiçaras. Porém foi observado outras atividades econômicas associadas, a pesca esportiva em algumas das comunidades. Segundo os pescadores, a produção pesqueira é influenciada por variáveis como fazes da lua, mares e precipitações. Ainda existe entre os pescadores artesanais um extenso conhecimento ecológico sobre os peixes. Também se constatou uma elevada concordância entre o conhecimento científico e a intensificação do turismo associado à pesca esportiva. Também se constata uma relação de disputa de recursos e espaços com a pesca artesanal. Dessa forma, essas relações vêm acarretando alterações, na rotina dos caiçaras, como alterações ecológicas e sócias culturais. Para que haja uma boa expansão para a pesca esportiva é necessário um bom conhecimento e bom planejamento para prevenir efeitos negativos, ambientais e socioculturais. Nesse sentido a relação da pesca esportiva como uma alternativa para estas populações poderá apresentar uma contribuição de extrema relevância. Porem é necessários estudos que expressem a realidade da expressão da pesca esportiva e artesanal com as populações caiçara e as práticas de pescas que podem ser úteis para estas populações fornecendo subsídios para organização de uma atividade pesqueira com novas formas de usos de recursos. (Diegues & Aruda, 2001). Cabe aferir que, nesse foco de disputa pelos recursos pesqueiros, que entre a pesca desportiva e amadora, elas se entrelaçam em diversos aspectos e, sobretudo na forma de apreensão do pescado, na ocupação dos espaços geográficos, utilizando-se de várias estruturas, que as comunidades oferecem como embarcações, Isca, piloteiro, hospedagem, alimentação, e até mesmo guias para dirigi-los até os melhores pesqueiros etc. o que as torna,
  • 20. em determinados momentos, aliados frente ao potencial destrutivo dos recursos pesqueiros, pela pesca industrial. Segundo Diegues &Arruda, é público e notório a presença dos pescadores artesanais, nas mais diversas fontes de pesca, em todo território brasileiro, seja em águas interioranas ou águas continentais, representado pelas comunidades tipificadas como caiçaras. Outra relação que é de suma importância mencionar é as relações de uso e ocupação pela pesca desportiva, em sua interação nos mais distintos lugares, com diferentes modalidades e ainda e uso dos espaços. Nessa lógica da fisiologia turística isso traz muitos conflitos entre ambos os seguimentos, mas, em contrapartida, há um a troca de experiência comercial, turística e cultural. Assim, segundo Ramires (2004), a discussão acerca do conhecimento caiçara implicado nas relações com a pesca esportiva, além das práticas de pesca que podem ser úteis para as populações e que podem fornecer subsídios para a organização de atividades pesqueiras, bem como para a conservação do ambiente que atualmente veem novas formas de uso dos recursos. Dessa assertiva é evidente que tanto as resistências fatuais e extemporâneas, podem ser sanadas para o bem da coletividade, como um todo. Na medida em que a pesca esportiva além de vir crescendo a 30º ao ano, vem trazendo outra perspectivava de futuro, para os pescadores artesanais e caiçaras do litoral de São Paulo na, que é a atuação conjunta na área do turismo, pois segundo Fabri (2006) o Turismo de Pesca amadora no Brasil teve grande expansão, desde o começo da década de 1990 e, estima-se que hoje existam 25 milhões de pescadores amadores ocasionais no país. Configurando assim, uma realidade irreversível em todo o território brasileiro de norte a sul. Fica evidente que nesse processo histórico a pesca esportiva vem se firmando como uma forte atividade econômica em todo o país, e também no litoral de são e automaticamente transformando a vida das populações caiçaras.
  • 21. II. OBJETIVOS Objetivo geral Este trabalho teve como objetivo geral realizar um levantamento histórico do uso de recursos pesqueiros por pescadores esportivos e sua relação com pescadores artesanais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, litoral sul de São Paulo. Objetivos específicos 1. Investigar o processo histórico que envolveu e envolve a pesca esportiva, sua relação sócio, cultural, política e econômica. 2. Analisar a importância na geração de trabalho e renda na comunidade de Barra do Una, localizada da cidade de Peruíbe, litoral sul do Estado de São Paulo. 3. Avaliar as possibilidades de educação ambiental por meio da pesca esportiva.
  • 22. III. MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo BARRA DO UMA A apenas 147 km da capital SP, com fácil acesso pela rodovia Rio Santos. Em São Sebastiao – SP, com uma praia Oceânica banhada pelo Oceano Atlântico. Tem águas e ondas calmas, onde o rio desemboca no mar, mais nos meses de inverno ocorrem ondas com frequência. Tem uma faixa de areia fofa branca com tons dourados. Tem um rio que após a ponte de madeira se divide em dois com uma extensão de 5 km em meio a Mata Atlântica, Rio Uma e Rio Cubatão. Suas ilhas próximas são o Montão de Trigo localizado a 12 km ao Sul de Barra do Una e Ilha do Maracujá. O acesso é feito pela rodovia Rio-Santos (BR-101) Km 182 e pela Rodovia Doutor Manuel Hipolito Rego. Esta comunidade de Barra do Uma, existe há mais de cem anos e conserva suas ruas de areia e mata praticamente intocada, afirmação que pode ser corroborada com a imagem abaixo (figura 1). Figura 1: Localização da área de estudo, RDS Barra do Una. Peruíbe/SP Fonte: Google Maps A comunidade de Barra do Una existe há mais de cem anos e conserva suas ruas de areia e mata praticamente intocada, afirmação que pode ser corroborada com a imagem abaixo (figura 2).
  • 23. Figura 2- Vista aérea da comunidade de Barra do Una. Peruíbe/SP. Fonte: Google Maps Na comunidade podemos encontrar área para acampamento e a vila dos pescadores. O acesso ao local pode ser feito por mar ou terra, através de uma estrada de terra, de difícil acesso. Há a possibilidade de chegar de ônibus de linha, que faz o trajeto em aproximadamente uma hora, partindo do canto da praia ou do centro de Peruíbe. Logo ao atravessar a serrinha, chega-se ao Bairro do Guaraú. De lá, o caminho para a Barra do Una segue pela estrada Guaraú-Una. A principal metodologia de pesca é o caniço com molinete ou carretilha e a principal isca, o camarão, adquirido na própria comunidade. A principal espécie procurada pelos pescadores esportivos é o robalo (Centropomus spp) e os pescadores entrevistados demonstraram conhecimento associado a esta espécie, como por exemplo, a época e local de maior captura, as melhores fases da lua e as técnicas utilizadas para captura destas espécies. Sobre a legislação pesqueira, 76,1% dos entrevistados não conhecem a cota de captura estabelecida para os peixes costeiros, 64,8% desconhecem os tamanhos mínimos permitidos para a captura das principais espécies-alvo da pesca esportiva, 55,7% desconhecem as espécies proibidas para captura e 73,9% dos entrevistados também não tem conhecimento sobre os períodos de defeso estabelecidos. Assim, os resultados desta pesquisa permitem concluir que a pesca esportiva é uma das características do turismo da região, o que
  • 24. definitivamente representa uma atividade importante para a comunidade caiçara da Vila Barra do Una. Estudos que caracterizam o pescador e a atividade da pesca são ferramentas fundamentais para elaboração de planos de manejo dos recursos pesqueiros, principalmente em locais onde são escassas as informações sobre a pesca esportiva, como é o caso do litoral sul de São Paulo. São necessárias políticas públicas para melhoria da infraestrutura e conservação dos ecossistemas, assim como ações educacionais que orientem e estimulem moradores e turistas a conservarem o local e os recursos explorados. Figura 3 - Vista aérea da comunidade de Barra do Una em relação com os Municípios Vizinhos. Peruíbe/SP. Fonte: Google Maps A reserva por sua importância biológica, natural e humana, foi defina pelo sistema Nacional de Unidade de conservação (Snuc), como uma reserva de desenvolvimento sustentável, através da Lei estadual, Lei nº 14.982, de 8 de abril de 2013, em função se sua antiguidade, de seu passado histórico e principalmente pelas vidas que lá habitam secularmente, pela importância ao meio ambiente, que a barra do Una possui, além da grande biodiversidade, incluindo parte da convalescente Mata Atlântica.
  • 25. Figura 4: Foto ilustrativa do Rio Una (Google Imagens) Coleta de Dados A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas com os pescadores artesanais que são moradores na Barra do Una, localizada na cidade de Peruíbe (SP). A realização da pesquisa ocorreu de maneira exploratória, com um apanhado de fontes bibliográficas, tendo como principal referência à pesca artesanal e esportiva, no litoral de São Paulo, buscando, assim, entender e aprofundar o conhecimento sobre o mote em questão e torná-lo explícito, além de identificar as causas e correlações homem e natureza, inseridas nas atividades de pesca esportiva. O contato inicial com a comunidade da Vila Barra do Una foi feito através de visitas informais nas residências, com o intuito de esclarecer os objetivos da pesquisa, conhecer as famílias e solicitar seu consentimento para o desenvolvimento desta pesquisa. Posteriormente, iniciaram-se a coleta de dados com os questionários, onde foram obtidas informações sobre os aspectos gerais da pesca, dados socioeconômicos, tempo de pesca, tecnologia e estratégias de pesca utilizadas, comercialização e espécies exploradas. A aplicação dos questionários e as entrevistas foram realizadas apenas com moradores e usuários da comunidade pesqueira de Barra do Una, a fim de melhor caracterizar esta
  • 26. população e sua prática pesqueira, suas relações sociais com os diversos agentes que interagem, por meio da pesca esportiva e outras atividades afins. Foi entrevistado um total de 30 membros da comunidade, não se levando em consideração questões como gênero e etnia. A unidade amostral de estudo foi à família, ou seja, buscou-se entrevistar um membro de cada família residente na comunidade que possuísse relação com as atividades pesqueiras. O delineamento amostral foi obtido através do método “bola de neve” (BIERNACKI e WALDORF, 1981), onde o entrevistado ao final de sua entrevista indicava outra família para ser entrevistada e assim sucessivamente até que todas as famílias indicadas como residentes fossem entrevistadas. As entrevistas aconteceram nas residências dos pescadores e também nos locais onde esses eram encontrados desenvolvendo alguma atividade relacionada à pesca e/ou manutenção dos apetrechos de pesca. O presente trabalho faz parte do projeto “A pesca esportiva na Baixada Santista, SP” coordenado pelos professores Dr. Walter Barrella e Dra. Milena Ramires e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), em 30 de outubro de 2012 (CAAE: 07528712.8.0000.5513). Figura 5: Mapa de localização da área de estudo (Fonte: SMA, 2009)
  • 27. Dados secundários sobre a atividade pesqueira da Vila Barra do Una foram obtidos através do levantamento bibliográfico que reuniu trabalhos publicados desenvolvidos na mesma região nos períodos analisados. Análise de Dados Com o método tipológico ou típico ideal, foram analisados os processos que envolvem a pesca esportiva, sua relação social, cultural, política e econômica. Igualmente, foi analisada a importância na geração de trabalho e renda na comunidade de Barra do Una. Também foram entrevistados pescadores do porto Tocaia, comunidade da Barra da Una. Os dados foram analisados qualitativa e quantitativamente, buscando-se representar o consenso entre os informantes entrevistados. O consenso do informante é uma análise baseada na concordância entres as respostas dos entrevistados permitindo analisar, dentre vários aspectos, a importância de uso do recurso estudado (SILVA et al., 2010). Assim, as respostas foram analisadas na forma de porcentagem de citações sobre cada aspecto abordado. De acordo com os objetivos de pesquisa e do marco teórico, se escolhe o desenho da investigação. O termo desenho se refere ao plano de estratégia concebida para responder as perguntas da pesquisa (Sampieri et al, 1997:108). O desenho da investigação específica como se realizará a investigação. Este momento é a chave dentro do projeto e se deve procurar que seja viável com os recursos disponíveis e dentro dos tempos estipulados. A atividade importante na Vila Barra do Una, pois aponta para alternativas diversificadas em relação à subsistência dos moradores locais, à cadeia produtiva e prestação de serviços locais, bem como, implicações ecológicas relacionadas ao uso de recursos pesqueiros. Este cenário na região remete a importância da pesca esportiva como uma das atividades de turismo e lazer mais praticadas em todo o mundo, envolvendo uma série de serviços como transporte, alimentação e hospedagem adquiridos pelos pescadores esportivos.
  • 28. O baixo índice de pescadores esportivos que possuem documento de pesca e a captura de peixes com tamanhos inferiores ao mínimo permitido na legislação vigente, na maioria das vezes por desconhecimento das normas, demonstra a carência de ações educacionais relacionadas à pesca e conservação (fiscalização) dos recursos naturais. Estes resultados indicam a necessidade de ações efetivas como a criação de folhetos informativos, participação de pescadores na fiscalização, bem como informações sobre a licença de pesca para a prática legal desta atividade pesqueira. Através dos resultados da mudança temporal comparativa dos sistemas pesqueiros da Vila Barra do Una, pode-se observar uma transição paulatina, porém efetiva, dos meios de subsistência das comunidades locais. As transformações no modo de vida destas pessoas refletem as interações destas populações com os recursos pesqueiros, evidenciando também as mudanças relacionadas às atividades econômicas ao longo dos anos.
  • 29. IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram entrevistados trinta pescadores. Destes, dezenove nasceram na comunidade de Barra do Una e onze em outras localidades (Tabela 1). Temas abordados Respostas obtidas Passado Atualmente N % N % Clubes de pesca Sim Não Não sei 18 7 8 58,06 22,58 25,80 1 29 1 3,22 93,54 3,22 Técnicas e equipamentos utilizados Linha Vara Molinete/carretilha Motor 3 13 12 3 9,67 41,93 38,70 9,67 3 16 27 7 9,67 51,61 87,09 22,58 Uso de iscas Naturais Vivas Naturais mortas Artificiais 15 0 5 48,38 0 16,12 15 0 20 48,38 0 64,51 Espécies mais procuradas Robalo Pescada Corvina Caratinga Bagre Traíra Oveva Baiacu Mandi Caranha 28 04 06 03 03 02 04 03 07 08 90,32 12,90 19,35 9,67 9,67 6,45 12,90 9,67 22,58 25,80 31 04 12 05 03 02 04 04 12 10 100 12,90 38,70 16,12 9,67 6,45 12,90 12,90 38,70 32,25 Espécies mais capturadas Robalo Pescada Caratinga Corvina Bagre Traíra Baiacu Mandi Oveva 11 06 13 8 1 1 2 2 2 35,48 19,35 41,93 25,80 3,22 3,22 6,45 6,45 6,45 14 11 22 10 2 1 2 2 2 45,16 35,48 41,93 32,25 6,45 3,22 6,45 6,45 6,45 Ambientes ou Áreas Explorados Rio todo 20% do rio 30% do rio 40% do rio 50% do rio Não responderam Foz do rio Limite da balsa Rio e mar Rio e costão Rio, mar e costão 21 4 1 0 1 3 1 0 1 1 0 67,74 12,90 3,22 0 3,22 9,67 3,22 0 3,22 3,22 0 15 0 4 2 2 2 1 1 2 2 1 48,38 0 12,90 6,45 6,45 6,45 3,22 3,22 6,45 6,45 3,22 Intensidade de Captura A pesca era boa Havia muito peixe 8 7 25,80 22,58 3 1 9,67 3,22
  • 30. Era muito boa A pesca era regular A pesca era media A pesca era ruim Não soube dizer Não responderam 7 3 2 13 3 3 22,58 9,67 6,45 41,93 9,67 9,67 3 4 1 18 3 3 9,67 12,90 3,22 58,06 9,67 9,67 Restrição para pesca e captura Sim Não Não sei 4 21 4 12,90 67,74 12,90 16 12 0 51,61 38,70 0 Tabela 1: Perfil dos moradores entrevistados. Quanto ao número de filhos, aparentemente as famílias entrevistadas se enquadram na média nacional rural, por número de filhos, que tem, segundo dados do censo do IBGE, cerca de 4,43 filhos, por família. A média neste caso é de 1,8 filhos por família, a família que tem maior número de filhos declara ter nove e o menor número é um. A partir dos dados coletados podemos perceber a forte influência na profissão dos ascendentes, na escolha das profissões dos pescadores locais. Como se podem verificar na tabela 1, vinte dos entrevistados são filhos também de pescadores. Dois são filhos de professores, outros dois de lavradores e dois de garçons. Outras profissões que foram citadas apenas uma vez foram caminhoneiro, funcionário público, mecânico e torneiro mecânico. Esse dado mostra a importância da pesca para a comunidade. Já no que se refere à profissão escolhida pelos filhos destes entrevistados, percebemos que não há muita influência. Quanto à atuação dos filhos dos pescadores artesanais de Barra do Una, na mesma profissão que os pais. Podemos observar que apenas 16,7%, (cinco) dos filhos dos entrevistados atuam em atividades pesqueiras, enquanto 73,3% atuam em outras profissões, 3 entrevistados não quiseram responder, o que indicamos com “outros”. Apenas cinco entrevistados declararam que seus filhos exercem a mesma profissão que os pais. Estes jovens procuram na pesca um meio de sobrevivência. Esse dado vem afirmar duas questões cruciais para a sobrevivência sócia, econômica e cultural da comunidade. Há pouco interesse por parte da juventude em estar engajada na mesma profissão dos pais, o que leva a, pelo reduzido número, colocar em risco essa atividade tradicional, colocando em risco, também, a existência da própria comunidade de Barra do
  • 31. Uma. Quanto ao grau de instrução dos entrevistados, cinco (17%) declararam ter concluído o ensino médio completo e 13,8%, quatro entrevistados, o ensino fundamental. Nenhum possui graduação ou pós-graduação e 65% apontam outra opção, o que indica não possuírem o ensino fundamental. A maioria dos pescadores não possui nem a formação em nível fundamental completa. Segundo Peixer (2008), os pescadores esportivos têm em média de 69% de certificados de conclusão do ensino fundamental. Neste sentido, seria importante a implantação de políticas públicas educacionais, que dessem oportunidade aos pescadores locais de concluir o ensino fundamenta o que evitaria várias dificuldades de comunicação e entendimento entre ambas as partes, inclusive, na instalação de conflitos desnecessários. Quanto à relação da pesca com as demais atividades econômicas percebemos que 23 entrevistados (76,7%) tem a pesca como fonte de renda, apenas um exerce a pesca por lazer e doze (40%) tem, além da pesca, outras fontes de renda. Quanto à renda mensal, foi possível observar que nesta região, a arrecadação dos pescadores artesanais varia muito. Aqueles que só sobrevivem da pesca artesanal ganham de um a dois salários-mínimos (58,6% dos entrevistados). Cinco pescadores (17,2%) declararam perceber menos de um salário-mínimo por mês e 24,1%, sete pescadores informaram receber outras quantias. Quanto à frequência do trabalho com a pesca, representado no Gráfico 6, podemos perceber que 40% executam a atividade pesqueira diariamente e outros 40% semanalmente. Isso demonstra efetivamente a dependência, que a comunidade e as pessoas que nela vivem, da pesca. Mudanças na composição de espécies capturadas na atividade pesqueira comercial têm sido discutidas sob várias vertentes. Segundo Pauly et al. (2003), estudos apontam declínio na diversidade de peixes a médio e longo prazos, sobre o que poderá ocorrer com a atividade pesqueira casos sistemas de gestão sustentável não sejam efetivamente implementados. Porém, não é o caso das capturas da Vila Barra do Una, pois a riqueza de
  • 32. espécies permanece depois de anos e isto pode ser reflexo do status de conservação do local dado por restrições da Unidade de Conservação o qual está inserida e o baixo esforço de pesca exercido por um número reduzido de famílias que residem no local e exercem tipicamente uma captura artesanal de pequena escala. Gráfico 1: Frequência do trabalho com a pesca Quando estimulados a responder sobre a sua atividade principal, grande parte dos entrevistados informou trabalhar com a pesca semanalmente, tendo uma renda que varia entre 300 e mil reais, precisando desenvolver outros trabalhos a fim de completar a renda. Apenas quatro entrevistados declararam atuar também como guias ou agentes para a pesca esportiva, como forma a completar o salário. Um entrevistado tem como renda principal o trabalho como motorista e outro como vigilante, outro é guarda vidas temporário e um é repositor de mercadorias, em um supermercado. Quando solicitados a responder há quanto tempo atuam na pesca, percebemos que grande parte dos pescadores atua há muitos anos. Dos entrevistados quinze atuam há mais de quinze anos nesta atividade, sendo que quatro informaram trabalhar há vida toda e dois há mais de 40 anos. Em relação ao conhecimento que tem em relação à pesca esportiva, vinte e nove entrevistados responderam conhecê-la, e apenas três informaram não saber do que se trata. Muito embora tenham respondido conhecer este tipo de pesca, em suas respostas à pergunta “O que é a pesca esportiva”, as respostas dadas foram que “conduz os turistas para os pesqueiros e ali eles utilizam a prática de pesca com vara” ou que é a “pesca com vara”, ou
  • 33. simplesmente que é a “pesca com vara por esporte” ou “pesca por lazer”, “pesque e solte”. Outras respostas dadas à questão foram “pesca por esporte, que não dá para a sobrevivência”, “pesca de anzol com isca viva”, “A pesca esportiva é aquela, que não depreda o meio ambiente. Pesca um exemplar bom”, “pesca com turista” e “pesca por hobby”. Em relação ao desenvolvimento de alguma atividade relacionada à pesca esportiva, dezoito entrevistados informaram que sim, perfazendo um total de 60%, já os que trabalham apenas com pesca artesanal são doze, ou seja, 40% dos pescadores entrevistados. A partir deste dado podemos verificar o quão importante é para a comunidade o desenvolvimento de atividades relacionadas à pesca esportiva. Quando perguntados sobre quais as atividades que desenvolvem e estão relacionadas a esta prática, as respostas mais usuais foram levar as pessoas para pescar, aluguel de barcos, atuação como guia pescaria e venda de iscas. Foi possível verificar que 66,7% dos pescadores artesanais consideram que a pesca esportiva tem importância econômica em suas vidas. 16,7% a entendem pelo aspecto social e apenas 16,7% pelo aspecto cultural, o que nos mostra que os pescadores não percebem a importância da pesca esportiva de forma ampla, influenciando de forma mais global, todos os aspectos relacionados ao desenvolvimento da comunidade. As atividades desenvolvidas por estes pescadores, relacionadas à pesca esportiva são a de atuarem como guias de pesca e piloteiros, além do aluguel de barcos e venda de iscas. O período em que trabalham com tais atividades é durante o ano todo, mas principalmente na época de temporada, de novembro a março, especialmente no verão. Em relação ao trabalho da família com a pesca esportiva temos um dado bastante expressivo, sendo 63,3% dos familiares nesta modalidade, pois, sendo uma comunidade pequena, voltada à pesca artesanal e alocadas dentro de uma reserva, percebe-se que a pesca esportiva, é de crucial importância para estes. Trabalham com a pesca esportiva os primos, tios, irmãos e cunhados dos entrevistados. Em apenas em dois casos a família toda trabalha com esta modalidade de pesca. Em suas entrevistas declararam acompanhar os turistas como piloteiros ou como guias.
  • 34. Para além da pesca, seus derivados, de uma forma ou de outra, são os responsáveis pela melhoria de vida dos pescadores artesanais e de suas famílias, na medida em que essas agregam valores econômicos, mas também socioculturais. A partir dos dados coletados percebemos um entrelaçamento entre pesca esportiva e seus agentes sociais, sejam eles os praticantes desta modalidade de pesca ou as famílias da comunidade, que exercem efetivamente um intercâmbio territorial, histórico e cultural, o que acaba sendo um ganho para ambas as partes. Já o fato de 36,7% declararem não trabalhar com a pesca esportiva, não quer dizer que de fato não o façam, uma vez que, de alguma forma, ainda que indiretamente, o fazem, seja a partir das atividades que exercem nos mercadinhos locais, na venda de iscas, no aluguel de quartos, nas pousadas etc. Quando perguntados sobre “Qual a razão dos pescadores esportivos frequentarem a comunidade?”, as respostas variaram entre a quantidade de peixes disponíveis no local e a preservação do local. Notadamente os pescadores da comunidade dão muito valor ao local em que vivem. “Em suas respostas podemos perceber que se orgulham ”pela grande quantidade de espécies de peixes”, pela qualidade do lugar que é preservado”, pelo “rio limpo” e pela “natureza, cultura local e busca pelo robalo, que é produtiva”. Além do já exposto, os pescadores declararam que “os rios e o mar não são poluídos. Também há muita variedade de peixes” ou que “o rio que é bom e apresenta uma enorme quantidade de peixes e também a pesca do Robalo”. Dentre os entrevistados, 90%, acreditam que a pesca esportiva não tem relação com a pesca artesanal. Embora nos pareça que tal conhecimento seja empírico e não conceitual. Os entrevistados têm uma clara visão de que a pesca artesanal ocorra para a subsistência e a esportiva para o lazer. Apenas 10º dos entrevistados declararam que uma modalidade de pesca tem relação com a outra, entretanto, quando solicitados a explicar a relação entre ambas, responderam que esta relação se dá nos pesqueiros, mas não souberam explicitar de
  • 35. que maneira elas ocorrem. Quando inquiridos sobre a relação da pesca esportiva com outras atividades praticadas na comunidade, 26 entrevistados, ou 86,7% dos pescadores declararam que esta modalidade está intimamente ligada a outras atividades comunitárias, o que nos parece reafirmar a importância desta, para a localidade, como pôde verificar o que a torna de crucial importância para a vida da comunidade, como um todo. Uma vez que, há um reconhecimento de 96,7%, 29 entrevistados, em relação à importância que a pesca esportiva tem, de modo geral, para a comunidade. Vantagens estas que podemos dizer estejam relacionadas à própria geração de renda e à melhoria das condições de vida. Ao responderem sobre qual a relação da pesca esportiva com as demais atividades praticadas pela comunidade, grande parte dos entrevistados (vinte e quatro), declararam que esta seria uma relação turística. Além desta categoria, também surgiram respostas relativas à hotelaria, comércio, economia, renda com o aluguel e alimentação, inclusive da troca de experiências: as festas, cultura e conhecimento local. Tais categorias de respostas nos levam a crer que os membros da comunidade local percebem o quanto a comunidade se beneficia com esta modalidade de pesca e o quanto os turistas e os moradores locais trocam experiências culturais, além dos benefícios relacionados à produção de bens materiais, como a geração de emprego e renda. Outra questão importante para esta pesquisa se relaciona ao tempo em que a pesca esportiva é praticada na comunidade. Os entrevistados não puderam precisar o tempo exato, em que há este tipo de atividade, entretanto acreditam que desde a década de 70, onde muitos relatam ter existido um clube de pesca local. Alguns chegaram a declarar que o referido clube de pesca foi constituído, antes de a estrada ter sido aberta. Portanto, antes de 1970. Procedência dos primeiros pescadores esportivos, a maioria não sabe, mas alguns citaram São Paulo. Por meio da tabela 2 poderemos ter a porcentagem do histórico e da atividade atual e valores da atividade no passado.
  • 36. Temas abordados Respostas obtidas Passado Atualmente N % N % Clubes de pesca Sim Não Não sei 18 7 8 58,06 22,58 25,80 1 29 1 3,22 93,54 3,22 Técnicas e equipamentos utilizados Linha Vara Molinete/carretilha Motor 3 13 12 3 9,67 41,93 38,70 9,67 3 16 27 7 9,67 51,61 87,09 22,58 Uso de iscas Naturais Vivas Naturais mortas Artificiais 15 0 5 48,38 0 16,12 15 0 20 48,38 0 64,51 Espécies mais procuradas Robalo Pescada Corvina Caratinga Bagre Traíra Oveva Baiacu Mandi Caranha 28 04 06 03 03 02 04 03 07 08 90,32 12,90 19,35 9,67 9,67 6,45 12,90 9,67 22,58 25,80 31 04 12 05 03 02 04 04 12 10 100 12,90 38,70 16,12 9,67 6,45 12,90 12,90 38,70 32,25 Espécies mais capturadas Robalo Pescada Caratinga Corvina Bagre Traíra Baiacu Mandi Oveva 11 06 13 8 1 1 2 2 2 35,48 19,35 41,93 25,80 3,22 3,22 6,45 6,45 6,45 14 11 22 10 2 1 2 2 2 45,16 35,48 41,93 32,25 6,45 3,22 6,45 6,45 6,45 Ambientes ou Áreas Explorados Rio todo 20% do rio 30% do rio 40% do rio 50% do rio Não responderam Foz do rio Limite da balsa Rio e mar Rio e costão Rio, mar e costão 21 4 1 0 1 3 1 0 1 1 0 67,74 12,90 3,22 0 3,22 9,67 3,22 0 3,22 3,22 0 15 0 4 2 2 2 1 1 2 2 1 48,38 0 12,90 6,45 6,45 6,45 3,22 3,22 6,45 6,45 3,22 Intensidade de Captura A pesca era boa Havia muito peixe Era muito boa A pesca era regular A pesca era media A pesca era ruim Não soube dizer Não responderam 8 7 7 3 2 13 3 3 25,80 22,58 22,58 9,67 6,45 41,93 9,67 9,67 3 1 3 4 1 18 3 3 9,67 3,22 9,67 12,90 3,22 58,06 9,67 9,67
  • 37. Restrição para pesca e captura Sim Não Não sei 4 21 4 12,90 67,74 12,90 16 12 0 51,61 38,70 0 Tabela 2: Histórico e atividade atual e passado da pesca esportiva na comunidade segundo os moradores entrevistados A análise referente ao esforço da pesca foi padronizada através de cálculos de captura por unidade de esforço. Segundo Lowe-McConnell (1999), estatísticas confiáveis de captura são vitais para a pesquisa pesqueira, uma vez que as áreas tropicais remotas são de consistência muito variável. Para comparar capturas de diferentes locais, períodos e métodos utilizados é importante ter como fatores o tamanho das redes, a velocidade das embarcações, o método utilizado, o tempo gasto nas pescarias e outros fatores afetam a eficiência da pesca. Conforme a pesca se desenvolve, inevitavelmente declina à medida que aumenta o número de pescadores participantes das capturas ou à medida que são utilizadas maiores quantidades de redes. Devido a esses fatores, se deve relacionar o peso (kg) total da pesca com o tamanho das redes utilizadas (m²) e o tempo gasto nas pescarias (horas); e (kg/pescador/ h), que relaciona o peso (kg) total com o número de indivíduos envolvidos na pescaria e tempo gasto (horas). A maioria não sabe a quantidade de pescadores esportivos no passado e atualmente. O reconhecimento negativo de 93,3%, em relação à pergunta formulada, sobre a existência ou não de um clube de pesca na comunidade. Isso demonstra que os entrevistados não apenas moram, mas também tem uma visão contextualizada do que acontece, dentro dos limites do bairro, onde elas têm participação. Apenas um dos entrevistados declarou desconhecer o fato de existir ou não alguma associação e uma entrevistada declarou que há algum agrupamento, nessa categoria. A inexistência de uma associação de pescadores na comunidade pode nos indicar que estes não estejam organizados formalmente ou que esta organização se dá de forma familiar, sem que seja necessária uma maneira mais institucionalizada ou formal. Parece-nos que não existe o interesse da comunidade em criar associações comunitárias, muito embora já tenha existido este tipo de agremiação no bairro. Já existiu alguma associação de pesca esportiva na Juréia? Esta pergunta é mais
  • 38. ampla, abarca toda a área da Juréia. Entretanto os pescadores entrevistados declararam ter existido uma associação na própria comunidade. Dezoito entrevistados declararam ter existido alguma associação deste tipo, enquanto 20% afirmaram não ter existido e outros 20% não saber dizer. “Qual o nome da associação? Quem eram os responsáveis? Quando foi criada? Quais as motivações para a criação destes clubes e ou associações?” Estas foram as perguntas apresentadas aos pescadores que declararam ter existido alguma associação de pescadores no local. A partir das respostas obtidas conseguimos concluir que o nome da agremiação era “Clube de Pesca” e esta foi dirigida por Ditão, Heitor e Coronel Sérgio, nas décadas de 60/70. Segundo relatos a associação foi criada por causa do lazer. Na comunidade ainda há ruínas das edificações, em que a associação funcionava. Podemos perceber a diversidade de respostas, sobre a procedência dos primeiros pescadores esportivos que frequentaram a comunidade com o objetivo de desfrutar da pesca. Dos entrevistados, 80% não souberam responder. Isso provavelmente se dá em função, da época em que tal fato ocorreu, há mais de 50 anos. Muito embora a literatura aponte que 51% dos pescadores esportivos, que frequentam o litoral sul, sejam de São Paulo, o ABC paulista representa, nessa configura 15% do total de pescadores dessa categoria e apenas 5% são do interior, (Brasil, 2010) Provavelmente as famílias e frequentadores mais antigos, ainda estejam ou visitem a comunidade. Talvez estes tenham tido algum contado com estes pescadores esportivos de antigamente, como é o caso de “Seu Zico”, que até hoje, cuida da área onde foi construído o clube de pesca, em 1965, na comunidade de barra do Una. Segundo Zico, até pouco tempo na área havia a placa de metal, que datava a inauguração do clube de pesca. Tal placa trazia também o nome de seus fundadores. Quanto à procedência dos pescadores esportivos podemos perceber que a grande maioria dos entrevistados não sabe responder, 80% não são capazes de identificar de onde vieram os primeiros pescadores esportivos na Juréia (Barra do Una), enquanto 10%
  • 39. declararam virem da cidade de São Paulo, 3,3% são da própria comunidade e 6,7% de outros locais, embora não possam especificar quais sejam. Mais uma vez estes dados nos revelam o quanto faz falta à comunidade um trabalho com o regate da memória local e histórias de vida, uma vez que 20 dos nossos entrevistados nasceram na própria comunidade e 19 são filhos de pescadores locais. A seguir trataremos especificamente da captura de algumas espécies, comparando oferta de pescado e as relações com o ambiente, às técnicas utilizadas para a captura e, espécimes mais procurados e apanhados. Já em relação às espécies mais procuradas antigamente e atualmente, na pesca esportiva, foram citados o robalo, a pescada, a corvina, a caratinga, o bagre, a traíra, oveva, baiacu e mandi. Podemos perceber o quanto o robalo, a pescada, a corvina e a caratinga são procurados e tem valor no mercado. Caranha, embora seja um espécime capturado na região não foi citado, nenhuma vez, pelos entrevistados. A quantidade de peixes mais capturados antigamente e atualmente. Podemos perceber que tanto a procura quanto a captura dos espécimes se mantém, havendo uma forte preferência pelo robalo, pescada, caratinga, corvina e bagre. Gráfico 2: Percepção dos pescadores artesanais sobre a renda proveniente da pesca esportiva (antigamente e atualmente) e dado de declaração dos entrevistados.
  • 40. Já em relação à renda percebida pelos trabalhadores, com a pesca esportiva antigamente, os entrevistados declararam que esta era regular e boa. Apenas um entrevistado afirmou ser ruim, dois declararam não saber responder e dois não responderam. Quando solicitados a responder sobre a renda percebida atualmente notamos alguma diferença em relação ao quadro anterior. Muito embora dois entrevistados afirmem que atualmente a renda seja ótima, cinco declaram ser boa, enquanto dez declararam que antigamente a renda era muito boa. Seis entrevistados informaram que a renda é regular, contra quinze declarantes no quadro anterior. Preocupante é a declaração de 14 entrevistados que informaram que a renda obtida com a pesca esportiva é ruim. Podemos assim afirmar que muito embora tenha ocorrido mais procura por este tipo de modalidade de pesca na comunidade e 96,7% dos entrevistados tenham declarado que a pesca traga vantagens, quando se trata de percepção monetária, ainda há uma grande deficiência, em relação a outras atividades comerciais. Quando perguntados em relação à área explorada para a captura de peixes, grande parte dos entrevistados (dezesseis) declararam que anteriormente esta ocorria no rio todo, dois declararam ser em 20% do rio e um em 30%, deste. Dois declararam que a atividade pesqueira ocorria no rio, lagoa e mar e outros dois não souberam responder. Também foram citados locais como a bacia e a barra, o que nos indica que parecia não haver alguma regulamentação específica que delimitasse os locais de pesca e que os usuários da região a explorassem indiscriminadamente. Se compararmos os dados obtidos com o gráfico acima se poderá observar que houve certa alteração na exploração local. Aparentemente os pescadores que atuam na região obedecem mais a legislação vigente e respeitam certas áreas do rio, muito embora ainda explorem áreas como “rio todo, mar e costão”, caiu pela metade o número de pescadores que declararam que todo o rio ainda seja explorado, quatro afirmam que 30% do rio seja o foco para o trabalho. Os dados nos revelam que há grande variação nas áreas ocupadas para a pesca como o limite da balsa e a foz, além do costão, como podemos observar na tabela 2.
  • 41. Em relação à questão “Quanto aos praticantes, qual a quantidade de frequentadores havia anteriormente e atualmente?” não foi possível chegar a um número mais preciso. Entretanto os entrevistados declararam não saber dizer quantos eram os frequentadores para a atividade, mas afirmam que atualmente tem “mais pescador esportivo do que artesanal. No passado tinha muito mais, a renda era muito boa.”, ainda informaram que a quantidade é “variável de acordo com o tempo e período do ano”. Essa informação nos remete a uma constatação, em relação à importância dos primeiros pescadores esportivos que se estabeleceram, através do clube de pesca, na comunidade, na década de 60 e os reflexos dessa, nos dias atuais. Quanto à quantidade de peixes procurados e capturados antigamente, vinte e dois entrevistados declararam que, em geral, a mesma era boa ou muito boa e havia grande oferta de peixes. Apenas dois declararam que a quantidade era média. Três não souberam dizer e outros três não responderam. Quando perguntados se havia, anteriormente, alguma restrição em relação à pesca e captura de alguma espécie, 72,4% dos entrevistados declararam não existir nenhuma restrição, enquanto 13,8% declararam que estas existiam. A partir destes dados podemos perceber não há uma certeza, em relação às possíveis restrições ambientais ou ao cumprimento destas ou, ainda, que tais normativas de restrição de captura de espécie ou ainda não existiam ou ainda não tinham chegado ao conhecimento da comunidade, o que pode ser corroborado com a afirmativa de 13,8% dos entrevistados que afirmaram não saber responder, aqui marcado como “outros”. Aos entrevistados lhes fora perguntados sobre restrição à pesca de alguma espécie dentro da RDS. Nota-se, mais uma vez uma divisão de opiniões. Enquanto desaseis entrevistados (57.1%) responderam que há alguma restrição, outros doze (42.9%) responderam que não. Esses dados nos remeteram a uma nova análise em função da modalidade de reserva, na qual a comunidade encontra-se inserida. Talvez os moradores e os frequentadores locais não tenham o conhecimento sobre o papel da gestão global e específica da área, inclusive no que se refere à legislação vigente sobre restrição de espécimes que podem ou não serem
  • 42. capturadas na localidade. A fim de traçarmos um perfil mais completo, perguntamos aos entrevistados qual o perfil étnico, econômico-social e de gênero dos frequentadores da comunidade, praticantes da pesca esportiva. Os dados coletados não foram suficientes para traçarmos tal perfil, uma vez que as respostas foram “pessoas com mais dinheiro”. Nenhum entrevistado declarou se são homens ou mulheres, brancos ou não brancos e a que classe social pertence. Muitos não responderam ou não souberam responder, o que nos leva a crer que tais informações não são relevantes para esta comunidade. Sobre a questão ambiental 55.6% responderam ser a pesca esportiva boa para o meio ambiente. Já 44.4% deram outras respostas, que entendemos como uma incerteza, uma vez que nenhum afirmou que esta não seja propicia para o meio, o que é corroborado pelas informações obtidas. A esmagadora maioria dos entrevistados, 88.9%, não vê essa modalidade de pesca, como uma ameaça ao ambiente local, enquanto 11,1% a vejam como degradante e, por consequência, possível ameaça à atividade de pesca artesanal, que depende efetivamente de um meio ambiente preservado. Desta maneira, relacionamos a pesca artesanal, a pesca esportiva e a exploração dos recursos pesqueiros na comunidade. Enquanto 50% dos entrevistados afirmam que a pesca artesanal explora com mais intensidade os recursos pesqueiros, nenhum acredita que a pesca esportiva seja mais exploratória e outros 50% responderam não saber, o que anotamos como “outros”. Quando perguntados se os pescadores esportivos que frequentam a comunidade respeitam o meio ambiente, 88,9% responderam que sim, repetindo a ideia de que seja possível um bom relacionamento. Outras respostas obtidas foram que “sim, mas nem todos. Alguns pegam peixes pequenos e jogam no lixo ou mesmo no rio”. Quanto aos pescadores esportivos e o respeito ao meio ambiente: Quando perguntados se os pescadores esportivos que frequentam a comunidade respeitam o meio ambiente, 88,9% responderam que sim, repetindo a ideia de que seja possível um bom relacionamento. Outras
  • 43. respostas obtidas foram que “sim, mas nem todos. Alguns pegam peixes pequenos e jogam no lixo ou mesmo no rio”. Gráfico 3: Espécimes e permanência no ambiente Os dados estão bem divididos. 37.5% dos entrevistados declararam que algumas espécies estão sumindo. Quando solicitadas a responder quais, informaram que a “traíra” não pode ser encontrada como anteriormente e que isso se deve ao fato de se ter uma “grande exploração dos recursos pesqueiros, que é feita pelos grandes pescadores industriais, a pesca de arrasto feito nos mares, que captura tudo o que encontra”. Outros 37.5% responderam não houve desaparecimento de espécimes no local e outros 62,5% não souberam ou não responderam. Quando perguntados sobre as razões das comunidades caiçaras se integrarem à pesca esportiva, 100% das respostas foram por razões econômicas, por trazerem renda para os indivíduos e para a comunidade. Solicitados a responder se o pescador esportivo respeita e valoriza essa comunidade e seus moradores, 66,7%, responderam que sim, são respeitosos, enquanto 11,1% afirmaram que não e outros 22,2% declararam que nem todos respeitam a comunidade, que “alguns que prejudicam os pescadores artesanais cortando as redes de pesca”.
  • 44. Gráfico 4: Pescador esportivo e valorização da comunidade e moradores Quanto ao futuro da pesca na comunidade 12,5% dos entrevistados acreditam que a pesca artesanal tenha papel de destaque, enquanto 25% creem que este seja o espaço da pesca esportiva. As outras respostas dadas estão relacionadas à oferta de peixes, despoluição dos rios e a dependência do estado e das autoridades, além da união da comunidade para a preservação do meio e dos recursos pesqueiros, como podemos verificar no gráfico 5. Gráfico 5: Futuro da pesca na comunidade Acreditamos que o fato de 25% dos entrevistados terem declarado que o futuro da comunidade esteja relacionado à pesca esportiva, pode estar efetivamente ligada ao fato de que esta modalidade, além de aumentar a renda do pescador e do profissional que o acompanha, também favorece a movimentação financeira das pessoas que vivem de outros setores da economia como o comércio, bares, pousadas. Certamente as dúvidas sobre o futuro estão diretamente ligadas às transformações de caráter institucional e estrutural, que a comunidade vem sofrendo, com a implementação da RDS.
  • 45. Assim que perguntados sobre o que poderia ser feito para conservar os recursos pesqueiros, os pescadores nos deram respostas relacionadas à preservação do meio como os manguezais e maior fiscalização por parte das autoridades em relação à “pesca industrial, em alto mar, nos arrastos e uso de traineiras”, além da educação ambiental e conscientização dos pescadores de maneira geral. Parece-nos que os pescadores da comunidade, aqui entrevistados, acreditam ser possível, que tanto pescadores esportivos quanto artesanais possam ter boas relações para a preservação do meio ambiente e os recursos pesqueiros, o que podemos demonstrar a partir do gráfico 6, em que 88,9% declararam ser possível preservar o meio e manter os recursos pesqueiros. Gráfico 6: Pesca artesanal, pesca esportiva, boas relações e preservação do ambiente e manutenção de recursos pesqueiros Parece-nos que há uma visão da comunidade em querer buscar alternativas a partir do estabelecimento de parcerias para a preservação do meio, dos recursos pesqueiros e da própria subsistência. Essa afirmativa e corroborada pelo gráfico acima 88% acredita que sim, que é possível essa relação para a preservação dos recursos pesqueiros, os quais ambas são usam. Outros 11 % não estavam com opinião formada. O indica que na medida em que essas intenções forem se concretizando os índices pode aumentar ou ate mesmo redução. Os pescadores artesanais atribuem o sucesso ou fracasso das atividades pesqueiras a algumas variáveis de condições ambientais como chuva, lua e maré. Os pescadores artesanais da Barra do Una (Estado de São Paulo) relataram, também, as variáveis ambientais como
  • 46. fatores que interferem na pesca como, por exemplo, o estado do mar (as marés) e o clima (condições do vento e chuva) (FUZETTI & CORRÊA, 2009). Estes fatores são importantes nas tomadas de decisão como, por exemplo, os pontos de pesca a serem utilizados, os métodos mais adequados, as espécies-alvo a serem capturadas, etc. Porém, a opinião dos pescadores a respeito destas variáveis mostrou-se variada entre as comunidades estudadas. Embora as opiniões tenham se mostrado variadas, estudos sobre produtividade pesqueira realizada através de amostragem de desembarques pesqueiros da pesca artesanal têm mostrado a possível influência da lua. Verificaram-se através de análises de Captura por Unidade de Esforço (CPUE) a influência das variáveis de chuvas, lua e maré no rendimento da pesca de comunidades caiçaras e mostrou que os desembarques pesqueiros amostrados renderam mais durante as fases de lua crescente e na maré baixa. Segundo os pescadores entrevistados a maré também tem forte influência na pesca e mais uma vez a opinião dos pescadores mostrou se variada. Os pescadores de Peruíbe, em sua maioria preferem pescar em épocas de seca, ou seja, sem chuva. Os pescadores apontaram a chuva e o vento como fatores modificadores das condições ambientais. As más condições do tempo dificultam o trabalho por tornar o tráfico de embarcações perigoso, uma vez que a chuva e o vento, na maioria das vezes, deixam as barras dos rios e o mar agitados. Tendo em vista o perigo, os pescadores evitam sair com suas embarcações quando esta chovendo ou ventando muito. Gráfico 07: Opinião dos Pescadores sobre a Influência da lua na atividade pesqueira 7% 30% 28% 14% 21% não influi cheia crescente nova minguante
  • 47. Quanto à atividade de pesca esportiva, sem dúvida, o que motiva o deslocamento e a procura pela pesca esportiva em todas as regiões pesqueiras, é o peixe. São inúmeros os destinos no Brasil, e em um destino como a Barra do Una, para a realização da atividade é necessário que haja o peixe e que o mesmo seja digno de despertar os sentidos do praticante, seja pela agressividade, força, astúcia, agilidade, voracidade ou mesmo a discreta “roubada da isca”, em busca das mais variadas espécies de peixes, fomentando esta atividade. Para tanto, sobre a biodiversidade de ictiofauna no Brasil, temos em nossas águas, seguramente, mais de 100 espécies com valor para a pesca esportiva. Do pequeno e esperto lambari a gigante piraíba, a diversidade encontrada em nossas bacias hidrográficas, lagos, represas e ao longo da extensa costa brasileira transformam a pesca num esporte acessível a todos. Dentre as informações coletadas, referentes aos objetivos específicos desta pesquisa, foram levantadas situações favoráveis e desfavoráveis quanto ao fomento da atividade da pesca esportiva no objeto de estudo. Contudo, confirma-se a hipótese levantada previamente onde, a pesquisa mostra que no objeto de estudo é viável fomentar a pesca esportiva como um atrativo turístico. A atividade da pesca esportiva encontra-se em um estágio discreto de execução, pois existe a necessidade de parcerias na promoção, divulgação, e execução da atividade, pois um produto turístico deve ser composto pelo atrativo turístico com infraestrutura, serviços e equipamentos para atender a demanda turística.
  • 48. CONCLUSÃO Esta pesquisa teve por objetivo analisar a contribuição da Pesca Esportiva na vida econômica, social e cultural da Comunidade da Barra do Una, hoje transformada em uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Foram estudadas características e formas de comportamento desta comunidade pesqueira. No decorrer dos anos, foi o aumento das dificuldades econômicas, da maioria das famílias de Barra do Una, que sobreviviam razoáveis, apenas da pesca artesanal. As transformações tecnológicas, dentre outras razões, acarretaram de dificuldades, na sobrevivência das famílias de pescadores artesanais, local, apenas dessa atividade. Uma das dificuldades observada foi a pouca especialização dos pescadores artesanais. O manejo, como a captura armazenamento e transporte, para comercialização, foi ficando cada vez mais difícil, se tornando uma profissão muito pouco seguida pelos filhos dos pescadores. Logo a procura por alternativas foram inevitáveis, onde uma delas foi à procura por trabalho ligado à pesca esportiva, atividade que veio muito rapidamente se desenvolvendo na localidade, desde a década de 60, com a criação do primeiro clube de pesca. Que acabam procurando outra profissão e assim encontrou na Pesca Esportiva, uma alternativa viável e rentável para melhorar suas condições econômicas e sociais. Além de que o aumento da procura turística, na região foi de fundamental importância, para a migração de tal atividade pesqueira. Foram detectados também problemas na conservação ambiental; em vários pontos do litoral sul e o agravamento desta questão resulta no quadro atual de vários lugares que foram visitados e detectados como depredados. Lixo, destruição de várias espécies de vegetação nativa, escassez de peixes, aves, de rios e riachos, esgoto a céu aberto, casas abandonadas, lugares históricos, em péssimas condições de conservação, além de doenças que proliferam em ambientes infectas onde muitas famílias residem. Faz-se necessário que haja por parte das autoridades governamentais, as devidas
  • 49. adaptações locais, como também uma eficaz fiscalização para que sejam respeitadas as Leis Ambientais, para que a Vida Humana, Animal, Vegetal, Mineral e aquática sejam devidamente respeitadas. Assim poderemos ter de forma racional um equilíbrio entre Homem e Natureza. O turismo com a participação das comunidades e integrando diferentes esferas institucionais, não somente gera renda, mas também o desenvolvimento e a valorização social e cultural. Além disso, pode contribuir para reduzir a pressão sobre outros recursos naturais como, por exemplo, os pesqueiros, diminuindo a pressão de pesca (LOPES, 2011). O litoral sul oferece condições para que a Pesca Esportiva seja realizada como meio turístico e também como uma boa opção de renda para famílias que sempre viveram da pesca artesanal. Mas hoje devido às péssimas condições de conservação e falta de cuidado com o Meio Ambiente, até mesmo a Pesca Esportiva, que pode ser um bem para todos, estão em risco. Pois foi constatado, que infelizmente não está havendo um cuidado por parte das autoridades competentes, na fiscalização e na preservação do patrimônio histórico e também às reservas ambientais. A Barra Do Una, assim como boa parte do litoral sul, já possui uma vocação natural para o turismo. E com a Pesca Esportiva, em franca ascensão, é possível gerar emprego e renda de forma sustentável, além de contribuir para uma boa e eficaz educação ambiental. Em algumas das atividades que tem sido incorporada pelas comunidades caiçaras, como a pesca esportiva, por exemplo, também tem mostrado a necessidade de implicação do conhecimento local em sua prática. E isso faz com que o conhecimento seja dinâmico e sempre presente tanto nas atividades novas, como nas atividades características da cultura caiçara. Torna-se claro que o objeto de estudo apresenta condições necessárias para o fomento da pesca esportiva e do desenvolvimento local na região, mediante a questão problema levantada, com os fatores positivos sobressaindo os fatores negativos. Ressalvando que, alguns aspectos como infraestrutura e acesso, ainda contribuem moderadamente para a promoção da pesca no local.
  • 50. Os ambientes explorados diariamente pela maioria dos pescadores entrevistados nas regiões estudadas mostram-se como um importante meio de subsistência para estas comunidades que se desenvolvem no seu entorno, entretanto a pesca artesanal não é a única atividade econômica desenvolvida pelos pescadores. Faz-se necessário o desenvolvimento de um plano de manejo e conservação dos recursos naturais nas regiões estudadas para que se torne sustentável a pesca e a permanência dessas comunidades e que promova a valorização do pescador tradicional Finalizo com as palavras de especialistas da FAO: A pesca constitui uma fonte vital de alimentos, emprego, recreação, comércio e bem-estar econômico para as populações de todo o mundo, tanto para as gerações presentes como para as futuras e, desta maneira, se deveria levar a sério de forma responsável (FAO, 1995, p. 7).
  • 51. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAMS, Cristina. As populações caiçaras e o mito do bom selvagem: a necessidade de uma nova abordagem interdisciplinar. Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo - FFLCH/USP. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7701&lng=en&nrm=iso> Acesso em 14 mai. 2015 BIERNACKI, P. & WALDORF, D. Snowball Sampling: Problems and techniques of Chain Referral Sampling. Sociological Methods & Research, vol. nº 2, November. 141-163p, 1981. BRASIL. Decreto Lei nº 221, de 28 de Fevereiro de 1967. Dispõe Sobre a Proteção e Estímulos à Pesca. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del0221.htm>. Acesso em 6 mai. 2014. BRASIL. Ministério da Pesca. Anais do1º encontro nacional de pesca amadora, 2010. Disponível em <http://www.pescariabrasil.com.br/documentos/texto_base_1_encontro_pesca_amadora.pdf> Acesso em 16 mai.2015 CAÑAS, Ana Roberta Pessoa Aguilar. Conflitos Silenciosos: A Pesca Amadora no Lago de Balbina, Presidente Figueiredo, Amazonas. Dissertação de mestrado. UFAM, Manaus, 2012. Disponível em <http://www.ppgcasa.ufam.edu.br/pdf/dissertacoes/2012/Ana%20Roberta.pdf>. Acesso em 24 mai.2014 CARVALHO, Adriana Rosa Carvalho. Conhecimento Ecológico Tradicional no Fragmento da Planície de Inundação do Alto Rio Paraná: Percepção Ecológica dos Pescadores. Revista Acta Scientiarum24(2), p. 573-580, 2002. CARVALHO, Adriana Rosa; MEDEIROS, Estevão. Levantamento Socioeconômico e da Composição de Espécies entre os Turistas que Praticam a Pesca Recreativa no Rio Araguaia, Região de Aruanã (GO). Revista Saúde e Ambiente / Health andEnvironmentJournal, v. 6, n. 2, dez. 05. Disponível em<periódicos. univille.br/index.php/RSA/article/download/75/124> . Acesso em 12 mai.2014. CARVALHO, Carlos Gomes de. O que é Direito Ambiental: Dos Descaminhos da Casa à Harmonia da Nave. Florianópolis: Habitus, 2003. DIAS, Manuel Afonso, Breves Notas Sobre a História da Pesca. Pescas e Aquacultura 2006/2007 http://w3.ualg.pt/~madias/docencia/paq/BrevesNotasHistoriaPesca.pdf. Biologia Marinha 3º Ano – 2º Sem FCMA- Universidade do Algarve . FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Cientificam: Elaboração e Formatação. Explicações das Normas da ABNT. 14a ed. – Porto Alegre: s.n., 2008. GREGORI, Eduardo. Pesca recreativa vem crescendo a passos largos entre viajantes brasileiros. In Correio popular. Campinas, 2014. Disponível em <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/04/especial/turismo/172113-pesca-recreativa-
  • 52. vem-crescendo-a-passos-largos-entre-viajantes-brasileiros.html> Acesso em 15. Jun. 2015 MARIANO, Zilda Fátima. et. al. . A Relação Homem - Natureza e os Discursos Ambientais. Revista do Departamento de Geografia –USP, Volume 22 (2011), p. 158-170. Disponível em <http://www.revistas.usp.br/rdg/article/viewFile/47224/50960>. Acesso em 25 jun.2015 NAÇÕES UNIDAS. Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL). .Análise Ambiental e de Sustentabilidade do Estado do Amazonas. Santiago, Chile, 2007. PEREIRA, Renato Crespo; ET AL. Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência LTDA, 2002. PERUÍBE, Prefeitura Municipal. Informações Gerais da Prefeitura Municipal da Estância Balneária de Peruíbe. Disponível em <http://www.peruibe2.sp.gov.br/municipe/index.html>. Acesso em 23 mai.2014. POLANYI, Karl. A Grande Transformação. As Origens da Nossa Época. Rio de Janeiro: Campus, 2000. SPAREMBERGER, Raquel Fabiana Lopes; PAZZINI, Bianca. O Ambiente na Sociedade do Risco: Possibilidades e Limites do Surgimento de uma Nova Cultura Ecológica. Veredas do Direito, Belo Horizonte, ž v.8 ž n.16 ž p.147-168. ž Julho/Dezembro de 2011 SOUZA, Milena Ramires de. Etnoconhecimento caiçara e uso de recursos pesqueiros por pescadores artesanais e esportivos no Vale do Ribeira. Dissertação de Mestrado. Piracicaba, 2004. TSURUDA, Jessica Maria; ET AL. A Pesca e o Perfil Socioeconômico dos Pescadores Esportivos na Ponta das Galhetas, Praia das Astúrias, Guarujá (SP). Bioscience – p. 22-34. Vol. 2, n 1, 2013. VIRTUOSO, Jose Carlos. Desenvolvimento, Gestão Ambiental e Sustentabilidade: Compreendendo o Novo Paradigma. Revista espaço acadêmico, 38, jul. 2004. Disponível em
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