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As temperaturas da cor
O maior amigo do repórter ENG para lidar com a variação da temperatura de cor chama-se balanço de brancos. As

novas gerações de câmaras trazem com elas mais uma série de variantes em que este parâmetro pode oferecer

diferentes propostas consoante o que se pretenda obter como resposta final.




                                   A escala de temperaturas de cor é dada em graus Kelvin (ºK)


O conceito de temperatura de cor define que um corpo negro (carvão) radia uma cor à medida que a temperatura a que

é submetido aumenta. Com as temperaturas mais baixas obtemos uma radiante avermelhada e nas mais altas os tons

azulados (é curioso como muita gente vê este conceito ao contrário). Com uma temperatura de 2900º Kelvin, caso de

uma vela, temos a iluminação, com predominantes de cores quentes ??!! Pois, esta é a causa de muita gente ver isto

ao contrário. Subindo a temperatura para os 3200ºK da luz incandescente, ou em exteriores temos 3000ºK ao nascer e

pôr do sol, ao meio dia sob o sol teremos 4900ºK a 5800ºK e o céu azul com sol teremos entre 12000º a 18000º.

Com estas variações, as cores primárias que vão dar origem ao branco terão de ser equilibradas para que no sensor

de imagem seja gerado um branco tecnicamente correcto.


Para muitos, esta situação era mais fácil quando se utilizava filme. Por exemplo, se tivéssemos um magazine com um

de 3200ºK, mediante a luz que se ia utilizar, colocava-se um filtro à frente da objectiva, para filmar por volta do meio dia

com 5500ºK, tínhamos um filtro âmbar com a designação 85B e quando a nossa estrela aparecia em cena com o seu

vestido de casamento, este era de um branco imaculado. Seria mesmo mais fácil?
Durante o dia, ou mediante a iluminação predominante, teremos de ajustar o balanço de brancos para obtermos uma cor equilibrada,


Em vídeo, acontece exactamente a mesma coisa, as câmaras são calibradas para 3200ºK e mediante o tipo de luz

rodamos um filtro de cor para a frente do sensor. Mas dispomos apenas de 3 ou 4 filtros, para um variação tão ampla

da temperatura de cor. Então, temos de fazer a famosa operação de balanceamento de brancos, em que apontamos a

câmara para uma referência branca e ordenamos à câmara: isto é branco, agora ajusta-te!


Lá dentro ela vai calcular a mistura de tintas entre vermelho e azul, o verde é a referência, para obter um branco

tecnicamente correcto (reparem a insistência nesta expressão: tecnicamente correcto).


O objectivo de ter um filtro de cor adequado é o de garantir que as compensações de azul e vermelho sejam mínimas

para não introduzir ruído. Se estivermos ao pôr-do-sol com um filtro para meio-dia, a câmara vai estar a amplificar o

azul e a atenuar o vermelho e obtemos uma imagem cheia de ruído, pois o azul é a cor onde se torna mais visível o

ruído.




   No caso das novas camcorders Sony XDCAM pode ser activada no menu a função de correcção de cor para corresponder aos filtros ND.

                           Assim como ser determinada qual a cor atribuida a cada posição de correcção de cor.


As novas câmaras digitais têm uma particularidade, aproximaram a operação da que se fazia no cinema. Com um

controlo total sobre todo o processamento, com sensores com uma relação sinal ruído cada vez maior, podemos fazer

como antes: carregamos na câmara um filme com a temperatura de cor que queremos. Por menu, dizemos á câmara

que a queremos com 5600ºK, por exemplo, passamos a ter uma câmara que nos equilibra a imagem para dar um
branco perfeito pelas 12 horas, na posição de “Preset”, sem filtros de cor e sem equilíbrio de brancos. Melhor ainda,

podemos combinar a temperatura de cor “do filme” com diferentes filtros ND.


Claro que temos a possibilidade de utilizar também uma função interessante que é o ATW, em que o geniozinho que

vive dentro da câmara nos concede os desejos de uma correcção automática para qualquer situação. Nem sempre

este é de confiar, sobretudo quando temos na cena a captar reflexos de predominantes coloridas, por exemplo do

relvado de um campo de futebol, de fontes de luz coloridas como num espectáculo, aí ele fica um bocado baralhado e

tende a fazer coisas estranhas.


Concluindo, com as câmaras digitais mais recentes, o operador escolhe a temperatura de côr da operação, se souber

que vai andar a fazer reportagens no exterior, pode ajustar a temperatura adequada à hora do dia e minimiza assim os

erros de balanceamento, por forma a obter o branco tecnicamente correcto.


Afinal que história é esta do tecnicamente correcto?


Lamento, mas uma vez que já foi apresentada a conclusão fica para a semana a explicação da “teoria da relatividade

do branco”.

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  • 1. As temperaturas da cor O maior amigo do repórter ENG para lidar com a variação da temperatura de cor chama-se balanço de brancos. As novas gerações de câmaras trazem com elas mais uma série de variantes em que este parâmetro pode oferecer diferentes propostas consoante o que se pretenda obter como resposta final. A escala de temperaturas de cor é dada em graus Kelvin (ºK) O conceito de temperatura de cor define que um corpo negro (carvão) radia uma cor à medida que a temperatura a que é submetido aumenta. Com as temperaturas mais baixas obtemos uma radiante avermelhada e nas mais altas os tons azulados (é curioso como muita gente vê este conceito ao contrário). Com uma temperatura de 2900º Kelvin, caso de uma vela, temos a iluminação, com predominantes de cores quentes ??!! Pois, esta é a causa de muita gente ver isto ao contrário. Subindo a temperatura para os 3200ºK da luz incandescente, ou em exteriores temos 3000ºK ao nascer e pôr do sol, ao meio dia sob o sol teremos 4900ºK a 5800ºK e o céu azul com sol teremos entre 12000º a 18000º. Com estas variações, as cores primárias que vão dar origem ao branco terão de ser equilibradas para que no sensor de imagem seja gerado um branco tecnicamente correcto. Para muitos, esta situação era mais fácil quando se utilizava filme. Por exemplo, se tivéssemos um magazine com um de 3200ºK, mediante a luz que se ia utilizar, colocava-se um filtro à frente da objectiva, para filmar por volta do meio dia com 5500ºK, tínhamos um filtro âmbar com a designação 85B e quando a nossa estrela aparecia em cena com o seu vestido de casamento, este era de um branco imaculado. Seria mesmo mais fácil?
  • 2. Durante o dia, ou mediante a iluminação predominante, teremos de ajustar o balanço de brancos para obtermos uma cor equilibrada, Em vídeo, acontece exactamente a mesma coisa, as câmaras são calibradas para 3200ºK e mediante o tipo de luz rodamos um filtro de cor para a frente do sensor. Mas dispomos apenas de 3 ou 4 filtros, para um variação tão ampla da temperatura de cor. Então, temos de fazer a famosa operação de balanceamento de brancos, em que apontamos a câmara para uma referência branca e ordenamos à câmara: isto é branco, agora ajusta-te! Lá dentro ela vai calcular a mistura de tintas entre vermelho e azul, o verde é a referência, para obter um branco tecnicamente correcto (reparem a insistência nesta expressão: tecnicamente correcto). O objectivo de ter um filtro de cor adequado é o de garantir que as compensações de azul e vermelho sejam mínimas para não introduzir ruído. Se estivermos ao pôr-do-sol com um filtro para meio-dia, a câmara vai estar a amplificar o azul e a atenuar o vermelho e obtemos uma imagem cheia de ruído, pois o azul é a cor onde se torna mais visível o ruído. No caso das novas camcorders Sony XDCAM pode ser activada no menu a função de correcção de cor para corresponder aos filtros ND. Assim como ser determinada qual a cor atribuida a cada posição de correcção de cor. As novas câmaras digitais têm uma particularidade, aproximaram a operação da que se fazia no cinema. Com um controlo total sobre todo o processamento, com sensores com uma relação sinal ruído cada vez maior, podemos fazer como antes: carregamos na câmara um filme com a temperatura de cor que queremos. Por menu, dizemos á câmara que a queremos com 5600ºK, por exemplo, passamos a ter uma câmara que nos equilibra a imagem para dar um
  • 3. branco perfeito pelas 12 horas, na posição de “Preset”, sem filtros de cor e sem equilíbrio de brancos. Melhor ainda, podemos combinar a temperatura de cor “do filme” com diferentes filtros ND. Claro que temos a possibilidade de utilizar também uma função interessante que é o ATW, em que o geniozinho que vive dentro da câmara nos concede os desejos de uma correcção automática para qualquer situação. Nem sempre este é de confiar, sobretudo quando temos na cena a captar reflexos de predominantes coloridas, por exemplo do relvado de um campo de futebol, de fontes de luz coloridas como num espectáculo, aí ele fica um bocado baralhado e tende a fazer coisas estranhas. Concluindo, com as câmaras digitais mais recentes, o operador escolhe a temperatura de côr da operação, se souber que vai andar a fazer reportagens no exterior, pode ajustar a temperatura adequada à hora do dia e minimiza assim os erros de balanceamento, por forma a obter o branco tecnicamente correcto. Afinal que história é esta do tecnicamente correcto? Lamento, mas uma vez que já foi apresentada a conclusão fica para a semana a explicação da “teoria da relatividade do branco”.