O documento apresenta uma biografia do escritor José Saramago e faz um resumo de sua obra "Caim". A narrativa acompanha Caim após matar seu irmão Abel, vagando pelo mundo. Saramago critica a figura de Deus, retratando-o de forma negativa e questionando suas ações na Bíblia. A obra provocou polêmicas por sua visão contrária à religião.
O documento resume o livro Caim de José Saramago. O livro revisita os primeiros livros da Bíblia seguindo a história de Caim após matar seu irmão Abel. Caim é colocado sob a proteção de Deus e embarca em uma jornada pelo mundo antigo com seu jegue. Ao longo do caminho, Caim reflete sobre sua condição e sua relação conturbada com Deus.
O texto conta a história de um homem que tentou ajudar uma borboleta a sair de seu casulo cortando-o. No entanto, isso impediu que a borboleta desenvolvesse suas asas e voasse corretamente. A lição é que o esforço de romper o casulo é necessário para o desenvolvimento completo da borboleta.
Este documento é uma introdução a um livro sobre Marte e a mente humana. Discute brevemente a origem do livro, que surgiu de uma discussão pública sobre Marte antes da chegada da sonda Mariner 9. Apresenta os autores e o índice do livro, que inclui hipóteses sobre Marte e reflexões posteriores à Mariner 9.
O documento discute a importância dos direitos humanos na educação e como mestres históricos como Sócrates, Jesus Cristo e outros usaram métodos pedagógicos envolventes como contar histórias e parábolas para ensinar conceitos essenciais de uma forma que tocava e educava as pessoas.
Afonso Cruz ganhou o Prémio Autores para Melhor Livro do Ano de Literatura Infanto-Juvenil com seu livro "A Contradição Humana". O livro mostra contradições humanas com humor. Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho foram também nomeados pelo livro "O Livro dos Quintais", bem como António Mota pelo livro "Pinguim".
Este teste avalia os alunos sobre o conto "O Tesouro", através de vinte questões de escolha múltipla. As questões abordam detalhes da narrativa e das personagens. O teste também inclui uma segunda parte sobre o excerto "O Principezinho", com dez questões abordando elementos como enredo, personagens, tempo e espaço da narrativa.
O documento apresenta trechos do romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" de José Saramago. O autor cria um Jesus humanizado, colocando-o em situações cotidianas e questionando a história bíblica de forma irônica. A obra critica a religião e a Igreja Católica, apresentando uma narrativa que problematiza a fé cristã em Portugal.
O documento apresenta uma biografia do escritor José Saramago e faz um resumo de sua obra "Caim". A narrativa acompanha Caim após matar seu irmão Abel, vagando pelo mundo. Saramago critica a figura de Deus, retratando-o de forma negativa e questionando suas ações na Bíblia. A obra provocou polêmicas por sua visão contrária à religião.
O documento resume o livro Caim de José Saramago. O livro revisita os primeiros livros da Bíblia seguindo a história de Caim após matar seu irmão Abel. Caim é colocado sob a proteção de Deus e embarca em uma jornada pelo mundo antigo com seu jegue. Ao longo do caminho, Caim reflete sobre sua condição e sua relação conturbada com Deus.
O texto conta a história de um homem que tentou ajudar uma borboleta a sair de seu casulo cortando-o. No entanto, isso impediu que a borboleta desenvolvesse suas asas e voasse corretamente. A lição é que o esforço de romper o casulo é necessário para o desenvolvimento completo da borboleta.
Este documento é uma introdução a um livro sobre Marte e a mente humana. Discute brevemente a origem do livro, que surgiu de uma discussão pública sobre Marte antes da chegada da sonda Mariner 9. Apresenta os autores e o índice do livro, que inclui hipóteses sobre Marte e reflexões posteriores à Mariner 9.
O documento discute a importância dos direitos humanos na educação e como mestres históricos como Sócrates, Jesus Cristo e outros usaram métodos pedagógicos envolventes como contar histórias e parábolas para ensinar conceitos essenciais de uma forma que tocava e educava as pessoas.
Afonso Cruz ganhou o Prémio Autores para Melhor Livro do Ano de Literatura Infanto-Juvenil com seu livro "A Contradição Humana". O livro mostra contradições humanas com humor. Isabel Minhós Martins e Bernardo Carvalho foram também nomeados pelo livro "O Livro dos Quintais", bem como António Mota pelo livro "Pinguim".
Este teste avalia os alunos sobre o conto "O Tesouro", através de vinte questões de escolha múltipla. As questões abordam detalhes da narrativa e das personagens. O teste também inclui uma segunda parte sobre o excerto "O Principezinho", com dez questões abordando elementos como enredo, personagens, tempo e espaço da narrativa.
O documento apresenta trechos do romance "O Evangelho segundo Jesus Cristo" de José Saramago. O autor cria um Jesus humanizado, colocando-o em situações cotidianas e questionando a história bíblica de forma irônica. A obra critica a religião e a Igreja Católica, apresentando uma narrativa que problematiza a fé cristã em Portugal.
Ismael - Um Romance da Condição Humana - Daniel QuinnDiego Silva
1) O narrador ficou indignado ao ver um anúncio procurando alguém com desejo sincero de salvar o mundo, mas decide ir conferir pessoalmente.
2) Ao chegar ao local indicado, ele encontra uma sala vazia com cheiro de circo, contendo apenas alguns livros e uma cadeira solitária. Apesar de esperar encontrar muitos discípulos, ele é o único presente.
1) O documento descreve uma nova ameaça que colocará o planeta Terra em risco e somente uma força poderá detê-la.
2) É um livro escrito por Demetrio Alexandre Guimarães que dá continuidade à história de Rudamon.
3) A história apresenta novos personagens e vilões como Doutor Manfred e Doutor Berg, e aborda temas como neonazismo e confrontos raciais.
O documento descreve o autor Antoine de Saint-Exupéry, um escritor e piloto francês mais conhecido por escrever o clássico O Pequeno Príncipe. Saint-Exupéry nasceu na França em 1900 e trabalhou como piloto antes de escrever várias obras literárias, incluindo O Pequeno Príncipe, publicado em 1943. Ele faleceu em um acidente de avião em 1944 durante uma missão de reconhecimento na Segunda Guerra Mundial.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Gabriela Gomes
O documento apresenta uma ficha de leitura detalhada do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry. A ficha contém informações sobre o leitor, dados bibliográficos da obra, perfil do autor, sinopse, personagens, tempo e espaço da narrativa, comentários e dúvidas sobre a leitura.
Livros essenciais da literatura brasileiraThalita Dias
O documento apresenta uma lista de livros essenciais da literatura brasileira e resumos sobre alguns desses livros. Os livros resumidos incluem "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, "Morangos Mofados" de Caio Fernando Abreu e "Laços de Família" de Clarice Lispector.
Este documento é uma carta-prefácio escrita por Machado de Assis para o livro "Discursos Mudos" de Saulo Barreto. A carta resume cada um dos sete contos do livro em poucas frases, elogiando a criatividade e o talento literário de Barreto. A carta também reflete sobre a condição do autor no céu, onde pode desfrutar da literatura e conversar com grandes escritores.
O documento analisa as personagens femininas em Grande Sertão: Veredas, focando na tríade do amor de Riobaldo - Diadorim, Nhorinhá e Otacília. Discute como o sertão dominado por homens oferece pouco espaço para o feminino. A primeira parte descreve o sertão violento e a posição subordinada das mulheres, divididas entre o espaço doméstico e o mundo.
Este resumo contém 3 frases:
1) O documento é uma coleção de 45 histórias curtas que ilustram princípios sobre a vida cotidiana e como vencer desafios.
2) As histórias usam metáforas e parábolas para ampliar a visão de mundo dos leitores e aplicar verdades à vida diária.
3) O autor espera que as histórias contribuam para uma leitura agradável e que ampliem a perspectiva dos leitores.
1. João Batista vivia no deserto e sonhava com um homem que transformaria o mundo. Ele começou a pregar às margens do Rio Jordão, criticando líderes religiosos e políticos.
2. João anunciou que o homem dos seus sonhos, sobre quem falava há anos, havia chegado. Para surpresa de todos, João disse que esse homem era tão grande que ele próprio não era digno de desatar-lhe os cordões da sandália.
3. João acreditava sinceramente que esse homem era o Filho de
1. O documento apresenta um resumo introdutório de um livro sobre as primeiras civilizações humanas.
2. O autor discute a distinção entre história natural e história social, e como o desenvolvimento cultural marcou a transição do homem de agente passivo a agente ativo na própria história.
3. Aborda a origem da humanidade de forma cautelosa, reconhecendo que novas descobertas podem desatualizar conclusões, e propõe debater os temas sem apresentar verdades definitivas.
Aula do professor André Guerra sobre a terceira geração modernista. Destaque para a obra Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, cobrado pelo vestibular da Uesc
Este boletim da biblioteca escolar apresenta as atividades planejadas para o mês de maio, incluindo uma exposição sobre o autor do mês Isabel Allende e suas obras, oficinas de escrita criativa, sessões de poesia, e novidades de livros e DVDs.
“A História do Universo” é um livro de romance, do escritor Diógenes Lopes de Oliveira, a qual resolvi comentá-lo porque considero um livro revelador. Diógenes foi muito profundo em desenrolar e desenvolver a história da origem do universo, de Lúcifer, da queda dos anjos, da criação do planeta terra e do homem, bem como a queda de Adão e Eva e a vida fora do paraíso. O que mais impressiona no livro “A História do Universo” é a revelação do amor de Deus e como o livre arbítrio explica em parte o caos que vivemos momentaneamente no mundo. Os comentários do romance servem para explicar o livro à luz da Bíblia.
O documento descreve o movimento literário do Realismo no Brasil no século XIX, suas origens e características. O Realismo surgiu como uma reação ao Romantismo e se baseava em teorias científicas da época como o positivismo e o determinismo social. As obras realistas se caracterizavam pela objetividade, verossimilhança e descrição detalhada da sociedade, especialmente para fazer críticas sociais. Autores como Machado de Assis foram expoentes desse movimento no Brasil.
O documento discute os conceitos e princípios da geopoética. Em três frases:
A geopoética visa restaurar a relação entre o homem e a terra de forma sensível e inteligente para emergir um mundo rico. A poética deve sintetizar as forças do corpo e mente e ser o caminho de como os humanos constroem o mundo. A experiência geopoética envolve viajar e habitar lugares de forma a "viver" a terra por meio dos sentidos antes de conceitos.
O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry
O livro conta a história de um menino, o Principezinho, que vive sozinho em um pequeno planeta e visita outros asteroides, acabando por cair no deserto do Saara, onde conhece um aviador. Eles conversam e o Principezinho parte, deixando saudades para trás. A obra transmite reflexões sobre a inocência da infância e a forma como os adultos perdem a capacidade de ver o essencial.
O documento resume o enredo do livro "O Pequeno Príncipe". Conta a história de um aviador que cai no deserto do Saara e conhece o Pequeno Príncipe, que veio de um pequeno planeta. O Pequeno Príncipe conta suas aventuras em outros planetas e sobre sua vida em seu planeta natal antes de precisar retornar através da picada de uma serpente.
O documento resume a obra "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, descrevendo a história de um piloto que conhece um príncipe de outro planeta e as lições de vida que ele aprende. O pequeno príncipe visita vários planetas e conhece pessoas que representam defeitos humanos como vaidade, ganância e egoísmo. No final, ele ensina o piloto sobre a importância da amizade e do amor. A obra critica valores da sociedade de forma atemporal e é recomendada para todas as idades.
Este documento é a introdução de Aldous Huxley ao seu livro Admirável Mundo Novo. No sumário, Huxley reconhece defeitos em sua obra original e diz que, se a reescrevesse, ofereceria uma terceira alternativa ao protagonista além da utopia ou primitivismo. Ele também reflete sobre como as descobertas científicas desde a publicação, como a energia nuclear, não estavam previstas no livro original.
O documento apresenta a introdução de um livro de ficção que irá contar a história de Jean Knoxville, um homem comum e ordinário. O livro tratará de questões filosóficas de forma humorada e irônica, levando o leitor a pensar sobre assuntos não lineares.
Ismael - Um Romance da Condição Humana - Daniel QuinnDiego Silva
1) O narrador ficou indignado ao ver um anúncio procurando alguém com desejo sincero de salvar o mundo, mas decide ir conferir pessoalmente.
2) Ao chegar ao local indicado, ele encontra uma sala vazia com cheiro de circo, contendo apenas alguns livros e uma cadeira solitária. Apesar de esperar encontrar muitos discípulos, ele é o único presente.
1) O documento descreve uma nova ameaça que colocará o planeta Terra em risco e somente uma força poderá detê-la.
2) É um livro escrito por Demetrio Alexandre Guimarães que dá continuidade à história de Rudamon.
3) A história apresenta novos personagens e vilões como Doutor Manfred e Doutor Berg, e aborda temas como neonazismo e confrontos raciais.
O documento descreve o autor Antoine de Saint-Exupéry, um escritor e piloto francês mais conhecido por escrever o clássico O Pequeno Príncipe. Saint-Exupéry nasceu na França em 1900 e trabalhou como piloto antes de escrever várias obras literárias, incluindo O Pequeno Príncipe, publicado em 1943. Ele faleceu em um acidente de avião em 1944 durante uma missão de reconhecimento na Segunda Guerra Mundial.
Ficha de leitura do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry.Gabriela Gomes
O documento apresenta uma ficha de leitura detalhada do livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry. A ficha contém informações sobre o leitor, dados bibliográficos da obra, perfil do autor, sinopse, personagens, tempo e espaço da narrativa, comentários e dúvidas sobre a leitura.
Livros essenciais da literatura brasileiraThalita Dias
O documento apresenta uma lista de livros essenciais da literatura brasileira e resumos sobre alguns desses livros. Os livros resumidos incluem "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, "Morangos Mofados" de Caio Fernando Abreu e "Laços de Família" de Clarice Lispector.
Este documento é uma carta-prefácio escrita por Machado de Assis para o livro "Discursos Mudos" de Saulo Barreto. A carta resume cada um dos sete contos do livro em poucas frases, elogiando a criatividade e o talento literário de Barreto. A carta também reflete sobre a condição do autor no céu, onde pode desfrutar da literatura e conversar com grandes escritores.
O documento analisa as personagens femininas em Grande Sertão: Veredas, focando na tríade do amor de Riobaldo - Diadorim, Nhorinhá e Otacília. Discute como o sertão dominado por homens oferece pouco espaço para o feminino. A primeira parte descreve o sertão violento e a posição subordinada das mulheres, divididas entre o espaço doméstico e o mundo.
Este resumo contém 3 frases:
1) O documento é uma coleção de 45 histórias curtas que ilustram princípios sobre a vida cotidiana e como vencer desafios.
2) As histórias usam metáforas e parábolas para ampliar a visão de mundo dos leitores e aplicar verdades à vida diária.
3) O autor espera que as histórias contribuam para uma leitura agradável e que ampliem a perspectiva dos leitores.
1. João Batista vivia no deserto e sonhava com um homem que transformaria o mundo. Ele começou a pregar às margens do Rio Jordão, criticando líderes religiosos e políticos.
2. João anunciou que o homem dos seus sonhos, sobre quem falava há anos, havia chegado. Para surpresa de todos, João disse que esse homem era tão grande que ele próprio não era digno de desatar-lhe os cordões da sandália.
3. João acreditava sinceramente que esse homem era o Filho de
1. O documento apresenta um resumo introdutório de um livro sobre as primeiras civilizações humanas.
2. O autor discute a distinção entre história natural e história social, e como o desenvolvimento cultural marcou a transição do homem de agente passivo a agente ativo na própria história.
3. Aborda a origem da humanidade de forma cautelosa, reconhecendo que novas descobertas podem desatualizar conclusões, e propõe debater os temas sem apresentar verdades definitivas.
Aula do professor André Guerra sobre a terceira geração modernista. Destaque para a obra Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, cobrado pelo vestibular da Uesc
Este boletim da biblioteca escolar apresenta as atividades planejadas para o mês de maio, incluindo uma exposição sobre o autor do mês Isabel Allende e suas obras, oficinas de escrita criativa, sessões de poesia, e novidades de livros e DVDs.
“A História do Universo” é um livro de romance, do escritor Diógenes Lopes de Oliveira, a qual resolvi comentá-lo porque considero um livro revelador. Diógenes foi muito profundo em desenrolar e desenvolver a história da origem do universo, de Lúcifer, da queda dos anjos, da criação do planeta terra e do homem, bem como a queda de Adão e Eva e a vida fora do paraíso. O que mais impressiona no livro “A História do Universo” é a revelação do amor de Deus e como o livre arbítrio explica em parte o caos que vivemos momentaneamente no mundo. Os comentários do romance servem para explicar o livro à luz da Bíblia.
O documento descreve o movimento literário do Realismo no Brasil no século XIX, suas origens e características. O Realismo surgiu como uma reação ao Romantismo e se baseava em teorias científicas da época como o positivismo e o determinismo social. As obras realistas se caracterizavam pela objetividade, verossimilhança e descrição detalhada da sociedade, especialmente para fazer críticas sociais. Autores como Machado de Assis foram expoentes desse movimento no Brasil.
O documento discute os conceitos e princípios da geopoética. Em três frases:
A geopoética visa restaurar a relação entre o homem e a terra de forma sensível e inteligente para emergir um mundo rico. A poética deve sintetizar as forças do corpo e mente e ser o caminho de como os humanos constroem o mundo. A experiência geopoética envolve viajar e habitar lugares de forma a "viver" a terra por meio dos sentidos antes de conceitos.
O Principezinho, Antoine de Saint-Exupéry
O livro conta a história de um menino, o Principezinho, que vive sozinho em um pequeno planeta e visita outros asteroides, acabando por cair no deserto do Saara, onde conhece um aviador. Eles conversam e o Principezinho parte, deixando saudades para trás. A obra transmite reflexões sobre a inocência da infância e a forma como os adultos perdem a capacidade de ver o essencial.
O documento resume o enredo do livro "O Pequeno Príncipe". Conta a história de um aviador que cai no deserto do Saara e conhece o Pequeno Príncipe, que veio de um pequeno planeta. O Pequeno Príncipe conta suas aventuras em outros planetas e sobre sua vida em seu planeta natal antes de precisar retornar através da picada de uma serpente.
O documento resume a obra "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, descrevendo a história de um piloto que conhece um príncipe de outro planeta e as lições de vida que ele aprende. O pequeno príncipe visita vários planetas e conhece pessoas que representam defeitos humanos como vaidade, ganância e egoísmo. No final, ele ensina o piloto sobre a importância da amizade e do amor. A obra critica valores da sociedade de forma atemporal e é recomendada para todas as idades.
Este documento é a introdução de Aldous Huxley ao seu livro Admirável Mundo Novo. No sumário, Huxley reconhece defeitos em sua obra original e diz que, se a reescrevesse, ofereceria uma terceira alternativa ao protagonista além da utopia ou primitivismo. Ele também reflete sobre como as descobertas científicas desde a publicação, como a energia nuclear, não estavam previstas no livro original.
O documento apresenta a introdução de um livro de ficção que irá contar a história de Jean Knoxville, um homem comum e ordinário. O livro tratará de questões filosóficas de forma humorada e irônica, levando o leitor a pensar sobre assuntos não lineares.
3. Dedicatória
Dedico esse livro a todos aqueles que, de certa forma,
são heróis...
Aos policiais que prendem os bandidos...
Aos bombeiros que salvam as pessoas dos perigos...
Às pessoas que ajudam instituições de caridade...
Aos médicos e enfermeiros que curam e salvam a vida
das pessoas...
Aos grandes avatares que existiram na humanidade, deixando
os seus ensinamentos que proporcionaram a evolução
da consciência humana...
Às pessoas que conseguem levar a vida, mesmo que as
dificuldades pareçam ser mais fortes...
Às ONG’s que trabalham para ajudar e melhorar a vida
de centenas de pessoas...
Aos voluntários que sacrificam um dia da própria felici-
dade, só para confortar e ajudar os seus semelhantes...
Aos poucos políticos que conseguem ou tentam ser honestos,
mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis...
Aos profissionais que tentam fazer o seu melhor, não se
importando com a quantia que recebem...
Às pessoas que escolhem fazer o bem, mesmo que o mal
pareça ser a melhor opção...
Aos professores comprometidos que ao ensinarem seus alunos de
modo correto, tornam-se verdadeiros heróis para a sociedade...
A Jesus Cristo, o maior herói de todos!
Dedico esse livro a todas as pessoas que fazem ou
fizeram parte de minha vida!
Dedico esse livro a todos os meus alunos e ex-alunos (Vocês são
muito queridos)!
Dedico esse livro a todos os meus amigos, familiares e colegas de
trabalho, especialmente aos meus pais (A.P), (W.A.G.P), minha
irmã de Jundiaí (A.B.S) e meus irmãos de Rio Claro (A.G.P) e
(D.G.P).
Dedico esse livro à pessoa que eu mais amo nesse mundo!
Minha namorada (C.A.S).
4.
5. Sumário
Notas do Autor, 9
Prefácio, 11
Um Mito Dentro do Mito, 13
O Egito que a História Desconhece, 17
A Lenda de Disebek, 21
Osorkon: Um Especialista em Escorpiões, 26
Os Escorpiões Sobrenaturais , 31
A Ordem Secreta dos Waja-Hur, 37
Estranhos Acontecimentos, 49
Osorkon Conhece Freda, 55
Osorkon tem Superpoderes, 60
A Leitura do Manuscrito, 67
Rudamon: O Novo Herói, 73
As Primeiras Missões de Rudamon, 83
O Crime Organizado Gera o Caos, 104
A Maldade Sobrenatural, 117
O Confronto, 125
A História Está Apenas Começando..., 139
7
6.
7. Notas do Autor
Caro (a) leitor (a):
Seja muito bem-vindo (a)! Se você está aqui agora, é porque de
algum modo ficou interessado no meu trabalho. Eu quero agradecer
de coração por você estar lendo o que eu escrevi.
Eu gosto de escrever por hobby, e quero dividir com você o prazer
que eu tive ao fazer esse trabalho.
Essa é a segunda edição do primeiro livro que eu escrevi, intitulado
“Rudamon: O Novo Herói”, publicado pela editora Livre Expressão
no ano de 2008.
A primeira edição teve uma tiragem de mil exemplares, das quais
metade foi vendida para cobrir o empréstimo feito para a
publicação, a outra metade foi doada para algumas pessoas,
instituições de caridade e para um projeto social da prefeitura da
cidade de Rio Claro, com o objetivo de estimular os jovens a ler.
Esse ano eu resolvi retomar o meu trabalho. Eu fiz a revisão do livro
RUDAMON II (que já estava escrito desde 2008) e publiquei agora
em 2013. Aproveitando o gancho eu resolvi fazer a 2ª edição do
meu primeiro trabalho.
Esse livro que você tem agora em mãos, mudou o seu título original
“Rudamon: O Novo Herói”, para apenas “Rudamon”.
Eu optei por não mexer nos textos e nem na estrutura da primeira
história. Alguns detalhes que ficaram faltando, bem como coisas
que precisavam ser melhoradas no meu estilo de escrever, eu
preferi deixar para o livro Rudamon II.
Eu decidi não mexer na história, até por uma questão de respeitar a
mim mesmo, e tudo o que eu pensava na época em que meu
primeiro trabalho foi publicado. Na verdade, eu não quis tirar o
caráter original da primeira publicação.
Eu também fiz uma alteração na capa. Embora ela esteja mais
simples, está dentro da idéia que eu quero passar aos leitores.
8. Eu adoro o universo dos super heróis. Eu gosto de criar
personagens dentro desse tema e dar vida aos mesmos através da
literatura. Inicialmente, eu tive vontade de fazer um projeto para
colocar meus personagens em HQs, mas abandonei a idéia por
diversos motivos.
Sou um autor independente. Faço tudo sozinho, inclusive as
revisões. Eu me considero um escritor amador, que está
começando. Por isso, eu peço desculpas caso o leitor encontre
algum erro gramatical ou ortográfico. Como eu disse anteriormente,
eu escrevo por hobby, apenas para me divertir. No entanto, eu
tenho estudado e tentado aprimorar o meu trabalho (talvez o leitor
perceba meu esforço após ler Rudamon II).
Ao entrar nesse maravilhoso universo da literatura, eu percebi o
quanto tudo sempre pode ser melhorado. Eu aprendi a ser mais
humilde, mais autocrítico, e acima de tudo ser mais guerreiro.
Eu preciso deixar um registro muito importante. Existe uma pessoa
muito especial... Um ser lindo, maravilhoso, que eu amo muito!
Trata-se da minha namorada (C.A.S).
Se esse livro está em suas mãos nesse momento, é graças a ela.
Se o Rudamon II saiu, também é graças a ela!
Esse anjo que surgiu em minha vida me encorajou a retomar meus
trabalhos literários, e acima de tudo, me mostrou o que é o
verdadeiro amor.
(C.A.S ) Eu te amo!!!
10
9. Prefácio
Osorkon levava uma vida dedicada à ciência. Biólogo e especialista
em escorpiões dedicou muitos anos de sua vida ao estudo de
antídotos contra o veneno desses aracnídeos.
Após divulgar seu grande invento ao mundo, Osorkon recebeu um
misterioso contato do Egito, atraindo-o para pesquisar uma espécie
de escorpiões nunca vista antes. Ao chegar à terra dos faraós, o
personagem percebe tarde demais, que foi atraído para uma
armadilha. Após ser atacado por doze escorpiões sobrenaturais no
deserto egípcio, Osorkon passa a adquirir super poderes oriundos
dos deuses do Egito Antigo.
Cético e totalmente incrédulo, Osorkon inicialmente não acredita
que aquilo está acontecendo com ele, e demora a aceitar a missão
ao qual foi incumbido. Após uma série de “coincidências” e fatos
constatados, Osorkon fica convencido de que o sobrenatural existe
mesmo. Agora ele não teria mais como escapar do legado que
deixaria para a humanidade. Sua missão foi revelada pelos
manuscritos secretos da OSWH (Ordem Secreta dos Waja Hur),
uma antiga escola de mistérios do Egito, que lhe entregaria a
máscara de Osíris, revelando-lhe a missão à qual estava
predestinado. Osorkon tinha a missão de salvar a humanidade...
Osorkon tinha que ser um herói... Osorkon se tornaria Rudamon!
11
11. Capítulo 1
Um Mito Dentro do Mito
N
os tempos antigos, um pouco antes de surgir vida huma-
na no planeta Terra, o deus Rá conseguiu prever que os
seres humanos viveriam em total estado de barbárie. Pre-
ocupado com este fato, esta divindade convocou os deuses
elementais para uma assembléia, a fim de decidir que um
semideus seria criado com o propósito de preparar o mundo
para a vinda da humanidade. Os deuses batizaram-no Disebek.
A missão deste semideus seria conduzir os primeiros homens a
um rápido processo civilizatório. Os poderes especiais que lhe
foram conferidos permitiriam a ele total êxito nessa missão. Rá
queria que o planeta vivenciasse um Período de Ouro, desde o
início. Ele só não conseguiu prever que algo muito ruim iria
acontecer... Disebek aliou-se ao mal e traiu a confiança dos
deuses. O semideus teve de ser punido antes que os humanos
chegassem ao planeta.
Rá precisou pensar numa nova solução. Enquanto ele
planejava o que fazer, os humanos começaram a viver na Ter-
ra. A Era de Ouro da civilização foi atrasada e os homens vivi-
am praticamente como animais. A situação estava insustentá-
vel. Em assembléia extraordinária, os deuses decidiram enviar
Osíris para civilizar os homens, começando pelo Egito. Esse
deus ensinou os humanos a cultivar, trabalhando com o arado
e a enxada. Os velhos hábitos irracionais foram sendo abando-
13
12. Rudamon - O Novo Héroi
nados. Graças à primeira etapa desse trabalho, a região se tor-
nou próspera. A humanidade também aprendeu a fundir
metais para a construção de armas e ferramentas. Depois que
conseguiu grande êxito no Egito, Osíris decidiu levar a sua luz
para o resto do mundo. Para ajudá-lo, convocou os deuses
Anúbis e Thot, partindo em uma expedição que disseminou o
conhecimento egípcio por todo o planeta. A empreitada teve
grande êxito...
O sucesso de Osíris despertou a inveja de seu irmão, o
deus Seth. O mesmo tramou a morte de Osíris, elaborando
um plano pérfido, enquanto este cumpria a sua missão na Terra.
Quando Osíris voltou da expedição, o irmão fez questão
de recepcioná-lo “amigavelmente”. Esta recepção fazia parte
de uma cruel trama premeditada. Uma linda festa foi prepa-
rada. Uma grande urna foi construída, para fazer uma “pe-
quena brincadeira” com Osíris. Na verdade, a brincadeira era
uma armadilha... Osíris foi colocado dentro da urna, e esta foi
lançada ao rio Nilo. Pelos planos de Seth, não bastava o irmão
estar morto. Sua alma deveria vagar sem rumo, pois o seu cor-
po não fora mumificado. Seth queria impedir que Osíris che-
gasse à Mansão dos Mortos, e lá fosse soberano. Depois que
matou o irmão, Seth assumiu o trono do Egito. Ísis, a esposa
de Osíris, descobriu a maldade de Seth, e saiu em busca do
esposo. A deusa percorreu todo o Egito com o auxílio dos deu-
ses Thot e Anúbis. Após muitas aventuras e infortúnios, Ísis
decidiu seguir a voz de seu coração... Separou-se dos deuses e
partiu sozinha para a Fenícia. Sua intuição estava certa... Na-
quele país, conseguiu encontrar a urna onde estava o cadáver
de seu amado esposo, escondendo a mesma nos pântanos de
Buto, a fim de reencontrar Thot e Anúbis. Este último deveria
fazer os ritos de embalsamamento para que Osíris remanescesse
na eternidade e gerasse um filho com a deusa. Enquanto Ísis
procurava os amigos, um espião de Seth encontrou a urna. O
14 Um Mito Dentro do Mito
13. Demetrio Alexandre Guimarães
maléfico deus cortou o corpo de Osíris em quatorze pedaços,
espalhando-os pelo Egito. Néftis, esposa de Seth, ficou saben-
do da história e ficou ao lado de Ísis. Esta deusa ajudou a equi-
pe a procurar os pedaços de Osíris. Anúbis farejou cada um
dos pedaços, um por um, encontrando apenas treze, o sufici-
ente para embalsamar Osíris com dignidade. Depois que o
deus foi reconstituído, ressuscitou para fazer amor com Ísis,
engravidando-a. Depois disso, Osíris se tornou o senhor abso-
luto dos mortos. Ísis deu à luz ao deus Hórus, que, posterior-
mente, fez o seu tio Seth perder o trono do Egito, após uma
sangrenta batalha que durou oitenta anos. Para que essa bata-
lha não ficasse eterna, e mais sangue fosse derramado, os deu-
ses decidiram nomear Seth “soberano nas alturas”. Este ficaria
na proa da barca do supremo deus Rá, como o senhor dos
raios e das tempestades. Alguns deuses foram enviados à Terra
como faraós, para reconstruírem os estragos causados pela lon-
ga e interminável guerra.
Após um longo período de paz, a maléfica serpente
Apóphis, o demônio que liderava todos os demônios, decidiu
instalar o mal entre os humanos... A serpente que habitava o
além-túmulo tinha a intenção de destruir tudo o que havia
sido criado por Rá. A fim de conseguir o seu objetivo, Apóphis
espalhou a crueldade, o egoísmo e a violência entre os homens.
Os seres humanos começaram a destruir uns aos outros. Rá, o
supremo, ficou preocupado com o estado de degradação em
que a humanidade passou a viver, e atribuiu uma nova função
ao deus Osíris. Este deveria levar o ouro dos deuses até o Sol, e
construir a máscara faraônica de Rudamon, que transforma-
ria, em herói, o ser humano que tivesse o coração mais puro.
Esse ser humano seria o escolhido de Rá e deveria receber os
poderes de Disebek antes de colocar a máscara, a qual tam-
bém conferiria poderes extras, de acordo com a personalidade
de quem a utilizasse. Quando Seth descobriu que o irmão re-
Um Mito Dentro do Mito 15
14. Rudamon - O Novo Héroi
ceberia uma missão tão importante, ficou enfurecido... O
maléfico deus dirigiu-se a Rá, exigindo-lhe assumir o posto de
“senhor supremo dos mortos”, enquanto seu irmão Osíris não
regressasse da nova missão. O seu pedido foi negado. Revolta-
do com a decisão de Rá, Seth elaborou outro plano
maquiavélico: quando a barca de Rá penetrou nas trevas e na
desolação das cavernas do Ocidente, o malvado deus, que ti-
nha a missão de manter o equilíbrio da mesma, pulou, e aban-
donou os deuses, passando a habitar as trevas. Seth fez um
pacto com Apóphis... A serpente demoníaca conferiu-lhe po-
deres extras, estabelecendo a condição de que o deus passasse
a servir ao mal por toda a eternidade. Desde então, Seth ficou
incumbido de destruir a harmonia do mundo criado por Rá.
16 Um Mito Dentro do Mito
15. Capítulo 2
O Egito que a
História Desconhece
S
egundo os livros de história, nos primeiros tempos do Egito,
vários grupos humanos se estabeleceram em aldeias agrí-
colas, às margens do Nilo. Esses grupos tiveram líderes am-
biciosos e inteligentes, que os unificaram. Essa unificação for-
mou províncias denominadas nomos. Estes, por sua vez, eram
governados pelos nomarcas. Posteriormente, os nomos se uni-
ram, dando origem aos reinos do norte e do sul. Por volta do
ano de 2850 a.C., Menés unificou os dois reinos. A partir daí,
começou o período histórico denominado Antigo Império. Os
historiadores dividiram a história do Egito em quatro perío-
dos: Antigo Império; Médio Império; Novo Império e Baixo
Império. Esses períodos foram antecedidos pelo período Pré-
Dinástico.
Um fato que todos desconhecem é que existiu um perío-
do muito anterior aos primeiros tempos. A história desse perí-
odo teve de ficar protegida pela escola de mistérios OSWH
(Ordem Secreta dos Waja-Hur). Essa escola ficava sob as arei-
as do deserto, em uma pirâmide de ouro secreta, localizada a
oeste de Crocodilópolis.
Por volta do ano de 4200 a.C., a civilização egípcia exis-
tia há um milênio, e estava em seu auge. Sua sociedade possuía
17
16. Rudamon - O Novo Héroi
uma tecnologia que ninguém nunca imaginou. Segundo os
manuscritos secretos, nos primórdios dessa civilização, os pró-
prios deuses foram faraós. Depois que esses faraós ensinaram
toda sua sabedoria aos seres humanos que habitavam nas mar-
gens do Nilo, passaram os seus cargos aos homens mais dignos
de recebê-los.
Naqueles tempos, quase toda a vida dos egípcios se con-
centrava nas proximidades do lago Méris. Naquele local, situ-
avam-se as mais belas pirâmides, todas construídas com o ouro
mais puro que havia no Egito. As pirâmides não tinham a fina-
lidade de sarcófagos, e eram feitas para adorar os deuses. Aliás,
quase toda a arquitetura daquela época havia sido construída
em ouro. Somente as moradias dos servos eram feitas de quart-
zo, granito e basalto, extraídos da região de Assuã. A sociedade
era a mais organizada e evoluída do planeta. As moedas de
troca eram pedras de esmeralda, ametistas, turquesas e safiras.
Qualquer ser humano tinha o direito de ser mumificado dig-
namente após a sua morte, independentemente de ser bom
ou mau, rico ou pobre. A diferença de classe era indicada pelo
local das catacumbas, e pela cor do tecido utilizado no proces-
so de mumificação. Os faraós e os sacerdotes eram mumifica-
dos com tecidos de cor dourada, e colocados nas catacumbas
situadas sob as areias próximas ao lago Méris, no deserto Líbico,
a oeste do Nilo. Os militares e os escribas eram mumificados
com tecidos amarelos, e colocados nas catacumbas situadas sob
as areias de Heracleópolis, também localizadas no deserto
Líbico. Os artesãos e comerciantes eram mumificados na cor
cinza, e suas catacumbas situavam-se sob as areias de Hardai,
no deserto Arábico, à leste do Nilo. Os servos e escravos eram
mumificados com tecido branco, e colocados nas catacumbas
também situadas em Hardai. Essas catacumbas se localizavam
a alguns quilômetros de distância, à leste dos sarcófagos dos
artesãos e comerciantes. As catacumbas dos criminosos locali-
zavam-se a milhares de quilômetros, sob as areias de Ombos.
18 Um Mito Dentro do Mito
17. Demetrio Alexandre Guimarães
Os malfeitores eram mumificados com cores diferentes, de-
pois que cumprissem a sua pena de morte, pelos escorpiões do
deserto. As cores utilizadas nos tecidos eram de acordo com o
crime cometido. Assim sendo: os incendiários, os estupradores
e os agiotas eram mumificados na cor vermelha; os que come-
tiam o latrocínio, na cor roxa; os psicopatas, na cor azul; os
charlatões, traidores do faraó (que cometiam graves traições) e
os falsos profetas, na cor verde; os feiticeiros do mal, na cor
preta. Os ladrões não eram condenados à morte, mas tinham
suas mãos amputadas.
Os deuses que tinham previsto dois ataques dos hicsos
deixaram suas previsões registradas em dois pergaminhos de
ouro, com uma criptografia que era usada naquela época. O
pergaminho que alertava sobre o primeiro ataque não ficou
conhecido pela história, e foi protegido pela OSWH. O outro
pergaminho ficou perdido, e ninguém nunca soube de seu
paradeiro. O segundo ataque, que todos conhecem, aconte-
ceu na época do Médio Império, quando os hicsos venceram e
dominaram o território egípcio por um século. Os egípcios
foram derrotados porque os invasores utilizaram cavalos e car-
ros de guerra, algo que era desconhecido no Egito daquele
período. Os hicsos não tiveram a mesma sorte quando fizeram
o primeiro ataque no ano 3500 a.C. Naqueles tempos, devido
ao alerta dos deuses, os egípcios se prepararam para a guerra
mais fantástica que existiu no mundo. O Egito tinha o exército
mais preparado e bem equipado do planeta. Os soldados eram
bem treinados, e todas as suas armas eram feitas de ouro. O
seu exército possuía o seguinte arsenal: arcos e flechas; escu-
dos; lanças; machados; catapultas e espadas. Além das armas,
os egípcios contavam com gigantescos chacais, cães e crocodi-
los adestrados para a guerra. O exército hicso foi dizimado. Os
sobreviventes se tornaram escravos, ao lado dos servos que ha-
viam cometido traições leves contra o império. Os anos se pas-
O Egito que a História Desconhece 19
18. Rudamon - O Novo Héroi
saram e o país viveu outro longo período de paz. Inconformada
com toda aquela calmaria, Apóphis enviou Seth ao Egito para
promover o mal e a destruição. Era o ano de 3400 a.C. A
corrupção e a violência passaram a dominar o povo. O caos
tomou conta de toda a sociedade. Rá enviou, ao planeta, o
único ser humano que seria digno de ser um Rudamon: Jarha.
O eleito do deus Supremo nasceu filho de escravos, e, devido
à sua lealdade, se tornou um soldado do faraó. Após ser con-
denado à morte injustamente, Jarha adquiriu superpoderes e
se transformou em Rudamon. O herói cumpriu bem a sua
missão, e estava conseguindo colocar ordem naquele caos. Seth
ressuscitou terríveis múmias de criminosos, conferindo-lhes
poderes sobrenaturais. Elas conseguiram destruir Rudamon.
Os deuses ficaram furiosos. Rá enviou Osíris ao planeta para
retirar a força vital que animava as múmias, colocando-as de
volta nos sarcófagos. Depois de muito tempo, as pessoas volta-
ram a praticar a corrupção e a maldade, através da maléfica
influência de Apóphis. O povo egípcio foi punido, e tudo o
que havia construído desapareceu. Toda população perdeu a
memória, exceto os homens de bom coração. Enquanto a mai-
oria das pessoas voltava à barbárie, Waja-Hur, o mais sábio dos
egípcios que foram poupados, recebeu de Osíris a missão de
cuidar de uma pirâmide de ouro secreta, onde deveria reunir
os bons homens que restaram e fundar uma escola de mistéri-
os. Estes homens mantiveram os conhecimentos perdidos atra-
vés de rituais iniciáticos que eram feitos secretamente. Quan-
do os hieróglifos foram inventados, e os papiros passaram a ser
utilizados, a história desconhecida passou a ser registrada em
manuscritos. No entanto, os manuscritos, sem os rituais, não
seriam completos. Somente um autêntico membro da OSWH
poderia decifrá-los.
20 O Egito que a História Desconhece
19. Capítulo 3
A Lenda de Disebek
Q
uando os deuses foram criados, uma antiga lenda ficou
guardada. A mesma conta que um semideus foi criado
especialmente para habitar o planeta Terra e governar a
futura humanidade que estava por vir, segundo a vontade da
corte dos deuses. Este ser chamava-se Disebek e era metade
homem, metade escorpião. Seu lado humano constituía-se de
braços, pernas e tronco. A parte de cima de seu tórax, bem
como suas costas, que tinham um enorme aguilhão, pertenci-
am ao seu lado aracnídeo e eram de cor preta. Sua metade
escorpião também possuía quatro pares de patas e duas pinças
gigantescas. Disebek
tinha três metros de
altura e era dotado
de poderes especiais.
Esses poderes lhe
foram conferidos por três
deuses elementais.
O deus do elemento
terra, Genubath, concedeu-
lhe o poder material e físico.
Genubath possuía dez metros
de altura e pesava oito
toneladas. O seu corpo
21
20. Rudamon - O Novo Héroi
assemelhava-se ao corpo de um rinoceronte, e constituía-se de
elementos vegetais e minerais. Sua cabeça era humana e
ostentava uma gigantesca coroa faraônica de ouro. Seus olhos
eram marrons. Fisicamente, era o maior e o mais forte entre os
deuses elementais. Ele habitava o centro da Terra. Tinha o poder
de sustentar e regenerar a vida, reconstituindo e criando os
minerais necessários para a manifestação do espírito na matéria.
Tinha força para criar e, também,
destruir, se necessário fosse, todas as
coisas que faziam parte da matéria.
Menhet, a deusa das águas, concedeu a
Disebek o poder das emoções e da
sociabilidade. Essa deusa tinha o corpo
fluido e azul, e seus olhos eram amarelos.
Habitava as partículas de água do planeta e
podia voar. Usava uma coroa de rainha egípcia
de cor azul-escura, que tinha um véu
roxo. Suas mãos emanavam a água sa-
grada primordial, que era o único ele-
mento que podia destruir o fogo sagrado criado pelos deuses.
Sua função era a de controlar as emoções de todos os
seres.
Ankhef, o deus do ar, tinha uma parte de seu
corpo na forma humana, com cabeça, tronco e braços
azul-escuros. Sua constituição física era etérea, sendo o
mais leve dos seres. Usava uma coroa faraônica violeta,
mesma cor de seus olhos, sobrancelhas e boca. Suas
mãos emanavam tufões com poderes
oriundos do ar primordial. Ele insuflava
o poder do espírito no planeta,
controlando as forças sobrenaturais
e espirituais de todo o universo.
Ankhef habitava toda a atmosfera.
22 A Lenda de Disebek
21. Demetrio Alexandre Guimarães
Suas mãos emanavam o ar primordial que insuflava o poder
do espírito nos seres, e operava as forças sobrenaturais. Este
poder foi insuflado em Disebek.
Siamun, o deus do fogo, tinha o poder de conferir inte-
ligência e raciocínio aos seres vivos. Esse deus habitava as lavas
dos vulcões. Com cinco metros de altura, tinha o corpo etéreo
e constituído pelas chamas do fogo sagrado. Sua cabeça e seus
braços tinham forma humana, e seus olhos eram vermelhos
como a coroa faraônica que utilizava. Suas mãos emitiam raios
de fogo. Sua principal função era a de controlar todo o fogo
do universo.
Esse deus ficou incumbido de conferir inteligência e ra-
ciocínio a Disebek, assim que o mesmo mostrasse merecimen-
to diante das missões que deveria cumprir no Planeta. Segun-
do a lenda, Disebek teria a sua parte aracnídea destruída pelo
fogo sagrado de Siamun, que lhe colocaria uma cabeça huma-
na logo após a destruição. A partir daí, Disebek seria um deus
completo. Quando isto estava prestes a acontecer, ocorreu algo
que nem os próprios deuses esperavam...
A Serpente Apóphis, que habitava o além-túmulo, e
representava as trevas, procurou Disebek, prometendo-
lhe um poder infinitamente maior ao que o deus do fogo
poderia lhe dar. Após uma série de demonstrações que
convenceram o semideus das vantagens que esse
poder lhe daria, o mesmo aceitou a missão de
aliar-se à maléfica serpente, preparando o pla-
neta Terra para a chegada dos seres do mal.
Ao assistir a fraqueza de Disebek, os deu-
ses elementais fizeram uma assembléia, toman-
do a decisão de punir o traidor. Siamun foi
convocado para ser o seu algoz, desafiando-o
para um duelo. No dia da disputa, convicto
A Lenda de Disebek 23
22. Rudamon - O Novo Héroi
de sua vitória, Disebek lançou vários raios escuros contra o
deus, que nada sentiu. Este, por sua vez, lançou-lhe rajadas de
fogo que traumatizaram o bizarro monstro, de tal forma que
esse passou a preferir a própria morte, a ter de enfrentar o
fogo novamente. Disebek pediu clemência aos deuses, e eles
aceitaram as suas súplicas, amenizando a sua pena. Ao invés de
lhe tirarem a vida, tiraram-lhe a parte humana. Reduzindo o
seu tamanho pela metade, aprisionaram-no na região desértica,
a milhares de quilômetros de Mênfis. Logo em seguida, criaram
uma fêmea para lhe fazer companhia. O casal de escorpiões
foi colocado dentro de um enorme cubo de ouro, criado pelos
deuses para esta finalidade. Os deuses enterraram esse cubo
pessoalmente, a vinte metros de profundidade sob as areias do
deserto. Doze furos foram feitos no mesmo, para que o casal
pudesse sair pra caçar, e fazer a dança do acasalamento. No
entanto, uma condição foi imposta... Se um dos dois ficasse
por mais de duas horas fora do cubo, teriam de enfrentar o
deus Siamun. Quando suas crias atingissem a idade adulta,
deveriam sair e não retornar mais. Estas perderiam o poder
sobrenatural que havia em seu código genético, e teriam o seu
tamanho reduzido a centímetros. O poder seria substituído
pelo veneno, que lhes auxiliaria nas caçadas e na autodefesa,
tornando-as repugnantes aos olhos humanos. Esta foi uma
maldição que os deuses conferiram à espécie, que deveria ser
amaldiçoada e temida para sempre pela humanidade. Segundo
esta mesma maldição, o medo do fogo deveria fazer parte da
natureza dos escorpiões eternamente, por causa da traição de
Disebek. À medida que as crias saíam do cubo, cada qual ia
para uma região do planeta onde se adaptava e procriava. Assim,
algumas mudaram de cor, de tamanho, de habitat, de veneno,
etc. As mudanças aconteciam conforme as características
climáticas dos locais onde passavam a habitar.
24 A Lenda de Disebek
23. Demetrio Alexandre Guimarães
Certa vez, a fêmea de Disebek excedeu
o tempo permitido para ficar fora do cubo, e uma nova
punição foi aplicada por Siamun. O deus fez um círculo
de fogo ao redor da mesma, que não suportando o
medo das chamas, enfiou o aguilhão na própria
cabeça e morreu. Com a ajuda dos
outros deuses, Siamun fez um
enorme disco de ouro, que tinha
o poder de emitir as chamas do
fogo sagrado. O disco de ouro só
deixaria de existir se Disebek fosse
morto através dele. Esse objeto
foi colocado posteriormente na
pirâmide dos iniciados Waja-
Hur, que deveriam destruir o
escorpião, se o mesmo saísse do cubo.
Somente um autêntico membro daquela escola secreta saberia
ativar ou desativar as chamas do disco, desde que o mesmo
estivesse dentro da pirâmide. Disebek foi condenado à vida
eterna, tendo que ficar aprisionado para sempre sob as areias
do deserto. Os seus instintos de aracnídeo não foram retirados,
para que o seu caráter fosse colocado à prova. Ele sentiria fome
eterna, e sabia que jamais poderia sair de dentro do cubo, sob
pena de morrer nas chamas do disco de ouro. No entanto,
teve direito à companhia de seis casais da última cria. Os
mesmos deveriam trazer alimento para o pai, e assim que
procriassem, sairiam para o mundo, deixando sempre seis ca-
sais para manter o ciclo. Quatrocentos milhões de anos se pas-
saram, e somente os membros da “Ordem secreta dos Waja-
Hur” conhecem esse segredo.
A Lenda de Disebek 25
24. Capítulo 4
Osorkon:Um Especialista em
Escorpiões
E
stamos no ano de 2007, às 20:30h do primeiro dia do mês
de outubro. Dr. Osorkon, biólogo especialista em escorpi-
ões, nascido na cidade de São Paulo, e descendente de egíp-
cios, se encontra no ginásio de boxe, como sempre faz às se-
gundas-feiras, esmurrando o saco de pancadas que não parou
da apanhar desde as 20h. Sempre que treinava, um filme de
sua infância lhe passava na mente, e só era interrompido quan-
do alguém lhe chamava...
– “Hora de trocar luvas!” Ordenou o seu treinador.
Osorkon foi ao ringue e praticou mais trinta minutos de pugi-
lismo, que só treinava naquele dia da semana. O fato de trei-
nar boxe somente às segundas-feiras tinha uma explicação: o
cientista praticava Jiu-Jitsu às quartas-feiras, musculação às ter-
ças e quintas, e karatê às sextas-feiras. Aos sábados e domingos,
fazia o seu “Cooper” de uma hora para manter o fôlego. Esta
era a forma que Osorkon encontrava para aliviar o estresse
causado por suas pesquisas e pela culpa que carregava desde a
infância.
Vamos conhecer um pouco a história de Osorkon. O
pesquisador nasceu aos 18 dias do mês de novembro de 1975,
e sempre gostou de ser do signo de Escorpião, embora não
26
25. Demetrio Alexandre Guimarães
acreditasse muito em Astrologia. Desde pequeno, tinha fascí-
nio por esses aracnídeos, em todos os aspectos. Certa vez, o seu
gato de estimação morreu vítima da aguilhoada de um escor-
pião que escapou de um dos vidros de sua coleção. Mesmo
assim, Osorkon continuava a aprisionar os artrópodes para
observá-los. O terreno baldio ao lado de sua casa facilitava a
sua “pesquisa”, que sempre foi condenada por sua mãe: “Me-
nino! Pare de trazer esses peçonhentos aqui em casa! Isso pode
não acabar bem! Você não viu o que aconteceu com o Félix
quando aquele maldito escorpião escapou?!”. Infelizmente, a
premonição de sua mãe concretizou-se. Certa vez, Osorkon
esqueceu de trancar o seu quarto e sua irmãzinha de três anos
entrou no local sem que ninguém soubesse, abrindo um dos
vidros. A aguilhoada que a pobre criança levou foi fatal. Um
grande pesar tomou conta de sua família, que sempre o cul-
pou pela morte da irmã. A partir daquele dia, ele
jurou que seria um cientista e que criaria um
antídoto de prevenção que tornaria o ser hu-
mano imune à aguilhoada de qualquer
espécie de escorpião do mundo. Aqui-
lo se tornou uma obsessão em sua
vida. A culpa pela morte do gato e
da irmã sempre o atormentou. O
jogo psicológico que sua mãe fa-
zia piorava a situação. Mesmo
assim, sua meta foi atingida.
Naquele dia, no ginásio de boxe, o cientis-
ta estava ansioso... Era véspera da palestra que
faria para divulgar o êxito de sua descoberta
no meio científico.
Osorkon: Um Especialista em Escorpiões 27
O SORKON
26. Rudamon - O Novo Héroi
Dois de outubro de 2007. O salão de convenções da Universidade
de São Paulo estava lotado. Eram quinhentas pessoas do mundo
acadêmico,vindas de várias partes do Brasil e do mundo. Diversas
equipes de televisão cobririam o evento. Era o grande dia. Com
trinta e um anos de idade, Osorkon tinha de expor longos anos de
pesquisa em tão pouco tempo. Essa importante descoberta se-
ria um marco na história da humanidade. Apesar de nervoso,
Osorkon segurou o microfone e deu início à palestra:
– Boa noite, senhoras e senhores! Considero este dia o
mais importante de minha vida, e da vida de todos os seres
humanos. Ao longo de vários anos, pesquisei as mil e seiscentas
espécies de escorpiões que existem no planeta! Foram bolsas,
patrocínios, e muitas viagens que, às vezes, paguei com meu
próprio dinheiro! Mas valeu a pena... Antes de falar sobre os
antídotos que inventei, falarei um pouco sobre os escorpiões...
Esses aracnídeos existem há quatrocentos milhões de anos. Fo-
ram os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente terres-
tre. O seu corpo é dividido em duas partes: o cefalotórax e o
abdômen. Eles possuem quatro pares de pernas e as duas pin-
ças variam de acordo com a espécie. Os escorpiões são vivíparos
e podem trocar de pele até seis vezes, quando atingem a matu-
ridade. Na espécie Tityus Serrulatus, não há macho. Essa espé-
cie de escorpiões amarelos se reproduz por parto gênese. A
gestação da espécie Pandinus, grandes e perigosos escorpiões
africanos, dura nove meses. Os escorpiões costumam habitar
todos os continentes, exceto a Antártida. Podem ser encontra-
dos em desertos, savanas, cerrados, florestas temperadas e tro-
picais. Vinte e cinco espécies podem causar acidentes com
óbitos. Os espécimes dessa categoria de aracnídeos são carní-
voros, e gostam de devorar as suas vítimas ainda vivas. Alimen-
tam-se de algumas espécies de insetos e de vertebrados. A glân-
dula dos escorpiões possui uma pequena quantia de veneno,
que pode ter um grande poder tóxico. A maioria dos ataques
torna-se quase sempre fatal, principalmente em crianças e ido-
28 Osorkon: Um Especialista em Escorpiões
27. Demetrio Alexandre Guimarães
sos, se não forem socorridos em tempo hábil. A vítima sofre do
seguinte modo: os músculos da pele absorvem o veneno de
forma rápida. Esse veneno é deslocado para o sangue, pul-
mões, rins e sistema nervoso. O envenenamento causa uma
dor local intensa que é irradiada para todo o resto do corpo. O
local que levou a aguilhoada pode ficar inchado e vermelho. A
dor pode fazer a vítima entrar em choque neurogênico, levan-
do-a à morte. A gravidade do envenenamento é relacionada à
quantidade de veneno injetado, e com a proporção da massa
corporal de quem sofreu a aguilhoada.
Quando ocorre o envenenamento por escorpiões do gê-
nero Tityus, costuma-se aplicar o soro antiescorpiônico. Este
soro é uma solução purificada de anticorpos específicos para
esse gênero. Anestésicos locais são aplicados somente nos casos
benignos, quando a dor for suportável. Nesses casos, a
soroterapia costuma ser dispensada somente se a dor desapa-
recer. A soroterapia costuma ser indicada em crianças meno-
res de sete anos e nos idosos. Nos adultos em geral, ela só é
utilizada se o anestésico for ineficaz para controlar a dor. O
soro antiaracnídico polivalente possui anticorpos contra o ve-
neno de escorpiões, e também pode ser utilizado. No entanto,
o seu uso é mais restrito, devido às reações alérgicas e ao cho-
que que pode provocar. Deve ser aplicado rapidamente, por
via endovenosa, somente por profissionais especializados.
Crendices populares e lendas passaram uma idéia de ma-
lignidade sobre o aracnídeo, que, apesar de perigoso, é muito
importante para o equilíbrio ecológico. Por causa disso, nunca
tive a intenção de eliminar essa espécie, embora, uma vez, esse
pensamento já tenha passado em minha mente. Digo isso, pois
quando eu era pequeno, perdi uma irmã e um animal de esti-
mação, vítimas de escorpiões. Não poderei trazê-los de volta
com a minha descoberta, mas poderei evitar que milhares de
pessoas sofram a dor que minha família e eu passamos! Desen-
Osorkon: Um Especialista em Escorpiões 29
28. Rudamon - O Novo Héroi
volvi dois tipos de antídoto: um é de prevenção, o OSK1. Fun-
ciona como uma vacina e deve ser tomado uma vez por ano.
Ele não evita a dor das aguilhoadas, mas inibe o efeito do ve-
neno de qualquer escorpião existente no planeta. O OSK2 é
um salva-vidas, que deve ser aplicado logo após uma aguilhoa-
da. Ele serve para as pessoas que não tomaram o OSK1, e cura
o efeito do veneno de qualquer espécie. Tanto um, como o
outro, não causam nenhum tipo de reação alérgica ou efeito
colateral. Daqui a três meses, os dois antídotos já estarão à ven-
da em todas as farmácias do mundo. Eu aconselho todas as
pessoas a tomarem o OSK1 a título de prevenção. Para aqueles
que moram em lugares onde o índice de escorpiões é maior,
ou para profissionais, esportistas e aventureiros que freqüentam
áreas de risco, o OSK1 é imprescindível. Lembrem-se de que é
melhor prevenir do que remediar. Obrigado!
Após a enorme salva de palmas e inúmeras entrevistas,
Osorkon foi para casa.
30 Osorkon: Um Especialista em Escorpiões
29. Capítulo 5
Os Escorpiões Sobrenaturais
O
sorkon era solteiro e morava sozinho. Tinha um enorme
laboratório em casa, com viveiros de várias espécies de
escorpiões. Sempre foi um sujeito cético e só acreditava
naquilo que a ciência podia provar. Dono de um corpo atléti-
co, nunca foi vaidoso para se vestir. Sua habitual vestimenta
era uma camiseta vermelha e uma calça jeans com uma cinta
marrom. Sua bota preta era uma companheira inseparável,
pois lhe protegia dos aracnídeos que pesquisava. Feliz da vida
com o enorme sucesso de sua palestra, estava ansioso para ver
os noticiários sobre o evento, que sairiam no dia seguinte. Após
tomar um banho para tirar o cansaço do corpo, entrou em seu
quarto e ligou o computador para ver os seus e-mails. Um de-
les, em especial, lhe chamou a atenção: “Espécie de escorpião
desconhecida”. Boquiaberto, e mais do que depressa, ele clicou
no e-mail e começou a ler a notícia.
“Quinto caso de morte misteriosa no Egito. As cinco ví-
timas que foram atacadas apresentavam as mesmas caracterís-
ticas: o corpo inteiro ficou roxo, os olhos ficaram vermelhos, a
boca e a língua ficaram pretas e espumavam uma substância
totalmente desconhecida. Pelo relato, as vítimas ficaram incha-
das e levaram de duas a três semanas para atingirem a tempe-
ratura normal de um cadáver. Os especialistas garantem que,
nos cinco casos, há indícios de que doze escorpiões atacaram as
31
30. Rudamon - O Novo Héroi
pessoas ao mesmo tempo. Pela profundidade das aguilhoadas,
essa espécie provavelmente deve ser a maior que já foi vista até
agora. O que intrigou os pesquisadores, é que tudo indica que
essa espécie prefere atacar em grupo. Diversas equipes já vas-
culharam a área, que fica localizada na região desértica, a oeste
do local onde ficava o nomo de Mênfis do Antigo Egito. Ne-
nhuma pista foi encontrada. Possivelmente, essa espécie de
aracnídeo ainda não foi catalogada, e os cientistas egípcios de-
duzem que ela deve habitar os subsolos das areias do deserto, e
provavelmente, atacar, em grupo, as suas vítimas no período
noturno. Nós, do grupo Waja-Hur, estamos contando com a
sua ajuda. Sabemos que é o único especialista do mundo que
tem condições de descobrir esta nova espécie. Patrocinaremos
e daremos toda a assessoria que precisar. Atenciosamente,
OSWH”. Osorkon olhou um tempão para as fotos das vítimas
e ficou se perguntando: “O que será que significa OSWH?”.
No dia seguinte, pegou o primeiro vôo para o Egito.
x
O avião estava pousando no Egito. Era a primeira vez
que o cientista iria pisar na terra de seus ancestrais. Ao obser-
var a bela paisagem pela janela da aeronave, os seus olhos
lacrimejaram no mesmo instante. A visão do rio Nilo e das
enormes mesquitas do Cairo lhe provocou profundas emoções.
Quando desceu do avião, um misterioso homem estava a sua
espera. Era Amenemopet, representante da OSWH. O ho-
mem misterioso e de poucas palavras foi ao seu encontro...
– Olá! O meu nome é Amenemopet. Estava a sua espe-
ra. O táxi já está nos aguardando. Queira me acompanhar,
por favor.
Pela janela do automóvel, Osorkon presenciou um Egito
que jamais imaginava. As ruas da cidade eram modernas e ti-
nham belos edifícios, carros do ano e lojas sofisticadas. O mo-
32 Os Escorpiões Sobrenaturais
31. Demetrio Alexandre Guimarães
vimento nas avenidas era intenso, e as pessoas usavam diferen-
tes tipos de trajes. A capital do país mostrava uma visão total-
mente diferente da que ele esperava encontrar. Quando che-
garam ao centro da cidade, o táxi parou em frente a um luxu-
oso hotel cinco estrelas. Amenemopet voltou a falar...
– Hoje, o senhor ficará hospedado aqui. Nos próximos
dois dias, faremos um passeio para que você conheça os princi-
pais lugares do meu país. O Sr. Huni, que vai patrocinar a sua
pesquisa, faz questão que o senhor não saia daqui sem conhe-
cer os principais pontos turísticos do Egito. Amanhã, bem cedo,
virei buscá-lo. Esperamos que tenha uma ótima hospedagem,
Sr. Osorkon. Dito isso, Amenemopet deu uma enorme quan-
tia de dinheiro ao cientista, e antes mesmo que este pudesse
dizer qualquer coisa, o homem se antecipou...
– Esse dinheiro é para os seus gastos pessoais. Pode com-
prar e pagar o que quiser. A noite no Cairo é muito especial,
Sr. Osorkon. Esperamos que aproveite bem a sua estadia.
Osorkon agradeceu e foi para o quarto. Preferiu ir dor-
mir, pois estava muito cansado da viagem que tinha feito.
Quando Osorkon terminou de tomar o café da manhã,
Amenemopet já estava lhe aguardando. Desta vez, uma linda
limusine, com motorista particular, estava à sua espera. Quan-
do o luxuoso carro saiu da parte urbana, o cientista pôde ob-
servar o enorme contraste que existia no país. As paisagens
naturais eram belíssimas, mas a miséria da população era níti-
da. A pobreza estava presente nas aldeias, onde os felás, que
eram camponeses pobres, sobreviviam através das práticas agrí-
colas. Apesar de toda aquela miséria, os felás tinham um gran-
de orgulho de sua descendência do povo antigo do Egito.
Depois de um longo trajeto, Osorkon foi conhecer os primei-
ros pontos turísticos.
O primeiro local que o especialista em escorpiões conhe-
ceu, foi a planície de Gizé. A esfinge e as pirâmides deixaram-
Os Escorpiões Sobrenaturais 33
32. Rudamon - O Novo Héroi
no fascinado. Depois desse passeio, conheceu a pirâmide
escalonada de Sacara. Aquele monumento, localizado próxi-
mo às ruínas de Mênfis, tinha sido edificado pelo faraó Djoser,
no Antigo Império. Todas aquelas relíquias que conheceu eram
maravilhosas. E as ruínas monumentais! Como eram lindas!
Seus templos, suas estátuas, seus túmulos... Os templos mais
importantes do Egito estavam em Tebas. O templo de Carnac,
o maior de todos, era fascinante. Não muito longe dali esta-
vam os restos do templo de Lucsor, que também tinha uma
enorme proporção. No sul do país, em Núbia, conheceu o
templo de Abu-Simbel. Esse, sem dúvida, foi o que mais lhe
encantou. Na verdade, não era só um templo. Eram dois! Es-
cavado numa rocha, apresentava quatro estátuas idênticas de
vinte metros de altura. Aqueles dois dias inesquecíveis termi-
naram no museu do Cairo, onde Osorkon pôde conhecer as
múmias de diversos faraós, bem como as diversas obras que se
conservaram ao longo dos séculos. O cientista teve uma forte
impressão de que já tinha vivido naquele lugar. “Deve ser por
causa dos livros de história”, pensou ele.
x
No dia seguinte ao passeio, Amenemopet providenciou
um helicóptero, com piloto, para Osorkon. Todos os equipa-
mentos que o cientista havia solicitado já estavam a sua dispo-
sição. Tudo o que era tecnologia para se poder fazer uma pes-
quisa daquele porte havia sido fornecida. O cientista montou
um acampamento no deserto, próximo ao local onde as víti-
mas foram encontradas. Preferiu ficar sozinho e levou supri-
mentos para uma semana. Tinha um comunicador, para en-
trar em contato com o piloto em caso de emergência.
Anoiteceu. Osorkon aplicou o OSK1 nele próprio. O
silêncio e a escuridão do deserto eram sinistros. Ele abriu uma
enorme caixa, que transportava trinta ratinhos cobaias com
34 Os Escorpiões Sobrenaturais
33. Demetrio Alexandre Guimarães
sensores GPS. Esses sensores eram ativados quando a adrenalina
do animal subia por medo, ou por dor. Havia um localizador
para cada um deles, que apitava mostrando, na tela de seu
notebook, o exato local onde a cobaia estava. Este procedi-
mento poderia ser longo e frustrante, pois o ataque de outras
espécies também ativaria o localizador. Osorkon sabia que a
sorte e o azar também faziam parte da ciência. Toda pesquisa
sempre tinha certo risco. Mas por sorte, azar ou destino, sua
barraca estava armada bem em cima do cubo de ouro de
Disebek.
Osorkon contemplava as estrelas do lado de fora da bar-
raca. A fogueira acesa, para afastar a fria noite do deserto, era
sua única companheira. Aquela era a hora da caçada dos fa-
mintos escorpiões de Disebek... Os doze aracnídeos saíram do
cubo. Estavam com sorte! A refeição estava próxima...
Distraído e olhando para a fogueira, de repente, Osorkon
percebeu que estava rodeado por doze escorpiões gigantescos,
pretos e aterrorizantes, e que tinham o tamanho aproximado
de um metro e meio. – Minha Nossa! Não são escorpiões...
São monstros! – disse ele consigo mesmo... Pela primeira vez
na vida, sentiu medo daquilo que sempre venerou. Imediata-
mente, improvisou uma tocha para ir afastando os aracnídeos.
Estes recuavam, mas iam rapidamente se aproximando e en-
volvendo Osorkon, que deu um jeito rápido de entrar na bar-
raca, acionando o alerta de emergência para chamar o piloto,
e apanhando a sua sofisticada câmera fotográfica de última
geração, para tirar algumas fotografias daqueles terríveis mons-
tros. Nesse meio tempo, um dos escorpiões que já tinha chega-
do praticamente no seu pé direito, deu-lhe uma aguilhoada.
Nem a sua resistente bota preta conseguiu conter aquele enor-
me aguilhão. A dor era tão horrível, que o fez cair no chão.
Nesse exato momento, os outros escorpiões partiram para o
ataque. Apesar da terrível dor, o cientista conseguiu fotografá-
Os Escorpiões Sobrenaturais 35
34. Rudamon - O Novo Héroi
los. Cada aguilhoada era insuportável, e ele começou a tremer
e sentir um terrível calafrio. Não agüentando a dor, desmaiou
e começou a ter delírios. Via a imagem de sua mãe lhe dizen-
do: “Assassino! Matou sua irmã!” Via o seu gato com propor-
ções gigantescas, e o enterro de sua irmã, dentro daquele pe-
queno caixão branco que nunca mais saiu de sua memória. As
imagens surgiam de repente e sumiam, dando lugar a outras
imagens. Sua falecida irmã de três anos apareceu, fitando-o
com uma lágrima no rosto. Logo após, viu um homem de lon-
gas barbas brancas, vestido com uma túnica violeta, que tinha
um capuz da mesma cor. Esse homem segurava uma caixa de
ouro, e estava lhe observando o tempo todo. Em seguida,
Osorkon viu-se fora de seu corpo, exatamente como ele era, e,
depois, como uma criança recém nascida nos braços de uma
presença feminina e etérea. A entidade olhava para o bebê e
dizia: “A força de Osíris está com você! Você tem uma impor-
tante missão no mundo!” Uma luz saiu das mãos da linda mu-
lher, que parecia uma deusa, e iluminou o bebê. Seu corpo,
que estava caído no chão, também foi iluminado. Dessa vez, a
entidade aproximou-se de Osorkon, e ficou em frente ao mes-
mo. Fitando-o, bem no fundo de seus olhos, disse-lhe: “O
mundo precisa novamente de um herói! Você será salvo, para
salvar o mundo!” – Osorkon desmaiou. Nesse meio tempo, o
helicóptero começou a se aproximar. Os doze escorpiões afun-
daram na areia e voltaram para o cubo de ouro.
36 Os Escorpiões Sobrenaturais
35. Capítulo 6
A Ordem Secreta
dos Waja-Hur
O
sorkon despertou no quarto de um hospital. Ao abrir os
olhos, notou que o piloto do helicóptero estava ao seu
lado:
– O senhor está bem?
– Sim! Estou bem, obrigado. Onde estamos?
– Estamos num hospital do Cairo. O senhor teve sorte
de escapar com vida! Os médicos acharam que ia morrer!
– Não acredito muito em sorte! Acho que fui salvo pelo
meu antídoto OSK1...
– Tem uma pessoa que deseja falar com o senhor. Vou
chamá-lo...
Enquanto Osorkon esperava a tal pessoa, começou a re-
fletir sobre as alucinações que teve depois dos ataques. “Preci-
so anotar os sintomas do veneno dessa espécie!” Pensou consi-
go mesmo. Nesse exato momento, entrou no quarto um sujei-
to elegantemente vestido. O homem usava um blazer marrom-
escuro, com uma camisa de tonalidade marrom mais clara por
baixo. Em sua calça, que também era marrom, usava uma cin-
ta preta, mesma cor de sua gravata e de seus sapatos. Apesar de
37
36. Rudamon - O Novo Héroi
aparentar uns cinqüenta anos de idade, o misterioso homem,
de média estatura, usava barba, bigode e cavanhaque pretos...
– Bom dia, Sr. Osorkon! Permita-me apresentar-me: meu
nome é Huni, mestre da OSWH, a seu dispor!
– Prazer em conhecê-lo, Sr. Huni. O que significa
OSWH?
– Ordem Secreta dos Waja-Hur. Somos uma escola Se-
creta que perpetua a Tradição Egípcia há séculos.
– Me desculpe a pergunta... Nada contra, mas... O que
eu tenho a ver com isso? Sou um cientista! Pensei ter sido con-
tratado por uma instituição científica!
– Meu caro Osorkon... E a ciência por um acaso não
lida com mistérios? O antídoto contra todos os escorpiões do
mundo, que você criou, não era um mistério antes de você
descobri-lo?
– Senhor Huni, preste atenção: na ciência, se você so-
mar um, mais um, são dois! Eu trabalhei durante anos para
desenvolver os meus antídotos. Não existe nada de esotérico e
misterioso nisso. Agora, eu quero saber: o que deseja, realmen-
te, de mim, um mestre de uma escola de mistérios?
– Você pode não acreditar no que vou lhe dizer, mas
você é o escolhido de Rá, e o papel da OSWH foi o de condu-
zi-lo até aqui, para que fosse atacado pelos doze escorpiões no
deserto, a fim de cumprir a tua missão de salvar o planeta!
Aquela reportagem que você recebeu por e-mail era falsa!
– O senhor ficou maluco? Ou melhor... Acho que ainda
estou tendo alucinações! Preciso registrar isso no meu relatório!
– Basta de relatórios! Preste atenção na história que eu
vou lhe contar... Talvez você me entenda...
– Eu não quero ouvir histórias! Quero receber alta e vol-
tar para o Brasil!
38 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
37. Demetrio Alexandre Guimarães
– Chega! – bradou Huni furioso. – Agora, você vai me
ouvir...
Contarei a história de um escravo que se chamava Jarha.
Ele e toda a família sempre foram devotos do deus Osíris. Jarha
trabalhou com tanto empenho, que foi tirado da condição de
escravo e promovido a soldado do Faraó. Era forte, bom no
manejo de armas, justo e respeitoso. Sua dedicação lhe rendeu
a liberdade e um melhor padrão de vida para a família.
Tudo ia bem na vida de Jarha, até ele conhecer Inet, a
irmã mais nova do Faraó. O problema não foi conhecê-la, e
sim, a atração que ela passou a sentir por ele. Todos os dias, ela
se insinuava para Jarha, que procurava manter uma postura
firme e controlada, pois sabia que a fraqueza diante
da tentação poderia lhe custar caro. Certa vez, Inet
ordenou a seus servos que chamassem o rapaz em
seu quarto, e disse ao mesmo que, se ele con-
tinuasse esnobando-a daquela forma, des-
truiria sua família inteira. Ao mesmo tem-
po em que Jarha temia por sua família,
também sentia certa atração pela linda
mulher que estava lhe ameaçando. Des-
de então, começaram um romance secre-
to dentro do palácio. Meremptor, o co-
mandante da tropa que era apaixonado por
Inet, descobriu e contou ao Faraó. Este nada
fez contra a família do rapaz, pois era muito
justo. O casal de amantes foi submetido a
um interrogatório, e o pobre soldado assu-
miu toda a culpa, pois temia por sua família.
Inet, com medo de ser punida, confirmou a
mentira. Jarha foi condenado por traição.
Sua pena foi a morte pelos escorpiões gi-
JARHA
A Ordem Secreta dos Waja-Hur 39
38. Rudamon - O Novo Héroi
gantes do deserto, junto com os cinco criminosos mais perigo-
sos da época, que foram julgados na mesma semana por causa
de seus crimes hediondos. Após a execução, cada qual seria
mumificado com um tecido de cor diferente, relacionada a
seu respectivo crime.
– Mas a mumificação não seria um privilégio dos faraós?
– perguntou Osorkon.
– Caro amigo, existem tantos mistérios no Egito, que você
não faz idéia! Não há uma data precisa na história dos faraós.
A escassez de testemunhos, bem como a escrita que estava em
seu início, tornam parte dessa história enigmática e desconhe-
cida. Somente os Waja-Hur têm acesso à verdadeira história.
O tempo que estou lhe relatando faz parte de nossos segredos.
Nessa época, qualquer ser humano que mor-
resse tinha de ser mumificado. A diferença era
feita pela cor do tecido usado na
mumificação. Cada classe tinha a sua
cor específica, e cada criminoso tam-
bém. Continuando a história...
Os criminosos eram: Apuki,
o estrangulador; Bak, o
esquartejador; Hunefer, o in-
cendiário; Ramessu, o ilusio-
nista, e Serapion, o mago ne-
gro. Vou lhe contar um pouco sobre cada
um deles...
Apuki era um ladrão, que entrava na
casa das pessoas para roubá-las, e estrangu-
lava-as em seguida, para que ninguém lhe
entregasse ao faraó, que punia os ladrões am-
putando-lhes as mãos. Um dia, ele teve a in-
felicidade de tentar roubar a casa de um sol-
40 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
Estrangulador
39. Demetrio Alexandre Guimarães
dado, e foi capturado. Posteriormente, foi mumificado com
um tecido roxo.
Bak teve um trauma de infância, que o transformou em
um psicopata. Os seus pais, que eram pessoas boas e ingênuas,
hospedaram dois viajantes em sua casa. Esses dois homens eram
cruéis assassinos foragidos de terras distantes. Eles roubavam
suas vítimas, e, depois, esquartejavam-nas pelo simples prazer
de matar. Naquela noite, Bak, que tinha apenas cinco anos de
idade, assistiu os pais serem mortos pelos forasteiros. Os ho-
mens só não o mataram porque ele conseguiu fugir. Aquela
imagem ficou em sua retina por toda a vida. O seu estado psi-
cológico ficou alterado definitivamente. Ele jurou a si mes-
mo que, quando fosse adulto, esquartejaria a to-
dos que encontrasse pela frente. Em seu pensa-
mento, aquele mundo cruel, que permitiu que
seus pais fossem mortos de forma tão trági-
ca, merecia morrer do mesmo modo que
eles. Bak conseguiu esquartejar duzentas
vítimas, até o dia em que foi capturado
pelos soldados do faraó e condenado à
morte. Posteriormente, foi mumificado
com um tecido azul-claro.
Hunefer era um agio-
ta da época. Muito rico, emprestava
suas jóias preciosas aos necessitados,
mas lhes dava um prazo muito curto para
a devolução do empréstimo. Os juros que
cobrava das pessoas eram altíssimos. Mui-
tos não conseguiam lhe pagar a quantia co-
brada no tempo estipulado. Para punir os
seus devedores, fazia questão de incendiar
suas casas pessoalmente, e, de preferência,
com os devedores dentro. Depois que mor-
A Ordem Secreta dos Waja-Hur
Esquartejador
41
40. Rudamon - O Novo Héroi
reu, foi mumificado com um tecido vermelho, cor usada pelo
seu tipo de crime.
Ramessu aprendeu as artes mágicas com o seu pai, desde
a infância. Ele sabia provocar efeitos de ilusão com os truques
que sabia, e com um alucinógeno que queimava em um
turíbulo. A fumaça daquela planta, que só a sua família co-
nhecia, causava alucinação nas pessoas. Seus truques eram usa-
dos quando as vítimas estavam naquele estado. Ramessu era
considerado, por todos, como um mago que tinha
o poder de evocar os mortos e de derrotar as forças
maléficas que perseguiam as pessoas. Na ver-
dade, ele não fazia nem uma coisa, nem
outra. O que fazia era extorquir o di-
nheiro das pessoas de boa-fé, que fica-
vam com o seu estado de consciência
alterado. Durante anos, ganhou mui-
to dinheiro fazendo isso. Certa vez, en-
volveu-se com uma mulher que ficou a
par de seus segredos. Tudo ia bem até que ele
arrumou uma amante. Sua mulher descobriu e
ficou furiosa, relatando ao faraó os métodos de-
sonestos que Ramessu usava para ganhar a vida.
Posteriormente, foi mumificado com um tecido
verde, mesma cor que seria usada na mumificação
de Jarha por causa de sua suposta traição.
Serapion foi o pior de todos! Este homem
foi um mago negro da pior espécie. Após fa-
zer um pacto com Apóphis, confeccionou
um cajado com poderes diabólicos, passan-
do a usar o mesmo para gerar doenças nas pessoas, sem que
elas soubessem. Depois que suas vítimas ficavam doentes, o ter-
rível mago se oferecia para curá-las, cobrando um alto preço.
Somente os ricos conseguiam pagar pela cura. Os demais mor-
42 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
Incendiário
41. Demetrio Alexandre Guimarães
riam após longos meses de dor e sofrimento. Sua cobiça foi tão
grande, que ele resolveu fazer o mesmo com a mãe do faraó.
Aquele seria o seu maior feito, pois poderia cobrar quanto qui-
sesse. Ele só não sabia que, no palácio, havia um sacerdote
poderosíssimo! O sacerdote captou e anulou as
ondas maléficas do cajado de
Serapion, descobrindo a sua ori-
gem. No dia seguinte, o mago
contou ao faraó sobre a maldade
do mago, mandando executá-lo.
Posteriormente, Serapion foi mu-
mificado com um tecido preto.
Continuando a história de
Jarha...
Antes de ser enviado ao deser-
to, o pobre rapaz foi marcado com fer-
ros em brasa, que tinham o formato de
um escorpião. Esta punição era
conferida aos soldados que traíam o
Faraó. As marcas, por tradição, eram
feitas da seguinte maneira: dois es-
corpiões no peito, um de cada lado,
e um maior nas costas. Jarha e os
cinco criminosos seriam mumifi-
cados após a execução, quando os
seus respectivos cadáveres fossem recolhidos no dia seguinte.
Essa foi uma tradição que ficou apagada da história. Todos
tinham de ser mumificados com a mesma dignidade. Até os
criminosos! No dia da execução, os condenados foram enter-
rados nas areias do deserto, ficando somente com suas cabeças
para fora. Assim que anoiteceu, os doze escorpiões do cubo de
ouro de Disebek saíram à caça. Os aracnídeos massacraram as
seis vítimas. Antes do ataque, Jarha pediu clemência ao deus
A Ordem Secreta dos Waja-Hur 43
Ilusionista
42. Rudamon - O Novo Héroi
Osíris, para que o mesmo lhe tirasse daquela situação. Os es-
corpiões atacavam ao mesmo tempo, vítima por vítima. Jarha
foi o ultimo a ser atacado, o que aumentou ainda mais a sua
angústia. Os gritos solitários dos seis condenados ecoavam pelo
deserto. O veneno começou a penetrar no sistema nervoso das
vítimas, que começaram a tremer todo
o corpo e ter delírios. “De repente, sur-
giu uma forte luz do céu que foi na
direção de Jarha.”
– Quem é Disebek? Que cubo de
ouro é esse? – Interrompeu Osorkon.
– A história de Disebek lhe será con-
fiada através de um manuscrito secreto. Fi-
que tranqüilo! Continuando... Após o
surgimento da Luz que envolveu todo o cor-
po de Jarha, retirando-lhe da areia, surgiu,
diante dele, a deusa Ísis, esposa de Osíris,
como deve ter surgido para você também! Ísis
revelou ao soldado que ele era o escolhido,
pelo deus Rá, para ser um herói, e que o mes-
mo deveria realizar uma missão muito impor-
tante no planeta. Os doze escorpiões que o ata-
caram tornaram-se sagrados e eternos, mas fi-
caram estéreis. A missão deles, de alimentar o
eterno Disebek, continuaria. A eternidade não
tirou o apetite de Disebek e seus doze escorpi-
ões, que precisavam se alimentar para não
ficarem furiosos. A deusa conferiu
superpoderes a Jarha, dando-lhe a máscara de
Rudamon, que tinha sido fabricada no Sol pelo seu esposo
Osíris. Os poderes que Jarha havia adquirido resultavam da
soma das forças de Disebek, com as forças da máscara. O ma-
nuscrito secreto também revelará alguns desses superpoderes
44 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
Mago Negro
43. Demetrio Alexandre Guimarães
a você, sendo que os outros poderes que a
máscara conferiu ao ex-escravo eram ca-
racterísticos da personalidade que ele ti-
nha na época. Jarha foi um herói da-
queles tempos! Ninguém sabia quem ele
era, pois escondia sua verdadeira perso-
nalidade com a máscara de Rudamon, como era
conhecido por todos. O herói colocou
ordem no caos que era vivido. Ele en-
frentou inimigos humanos e sobrenatu-
rais, vencendo todos eles. O bem tinha tri-
unfado sobre o mal! O mundo estava em
harmonia...
Essa situação incomodou a maléfica serpente
Apóphis, que ordenou a Seth, eterno inimigo de
Osíris, que destruísse aquela harmonia que estava
no planeta. O maligno deus provocou uma tem-
pestade, manifestando-se através de raios e trovões.
Depois que apareceu, ressuscitou as cinco múmias dos crimi-
nosos que tinham sido condenados com Jarha, conferindo-lhes
poderes sobrenaturais do mal. O poder de cada múmia era
uma combinação de sua própria característica, somada às for-
ças de Disebek e Seth. Este último ordenou às mesmas que
destruíssem o herói. Para a perfeita realização de seu plano,
Seth apanhou um quilo de ouro. O ouro foi levado até as
profundezas do inferno de Apóphis, e fundido em suas cha-
mas. A malvada serpente descobriu a única substância que po-
deria derrotar Rudamon: as chamas do fogo sagrado. Seth fa-
bricou um bastão de trinta centímetros que teria o poder de
armazenar as chamas do fogo sagrado, e uma caixa de ouro
que teria o poder de viajar pelo tempo, assegurando que nada
sairia errado. O deus maléfico tentou descobrir onde estava o
disco de ouro, e não conseguiu encontrá-lo. Depois da fracas-
A Ordem Secreta dos Waja-Hur 45
Rudamon
44. Rudamon - O Novo Héroi
sada busca, Seth procurou Apóphis novamente, e a
maquiavélica serpente tramou um plano mirabolante...
Serapion foi hipnotizado para realizar uma importante mis-
são. O mago negro recebeu o bastão e a caixa de ouro do tem-
po. Ele teve de voltar ao passado para reassumir sua forma
humana, e depois viajou ao futuro para entrar na escola secre-
ta dos Waja-Hur. Depois que descobriu todos os segredos da
escola de mistérios, tornou-se mestre e incorporou as chamas
do fogo sagrado ao bastão. O malvado mago também teve de
viajar ao ano de 2034, para fazer uma operação secreta que,
até hoje, não conseguimos descobrir qual foi. Após cumprir a
sua missão, regressou como múmia aos tempos de Rudamon.
O bastão de ouro tinha o poder de um potente maçarico, e foi
entregue a Hunefer, para que o malvado incendiário destruís-
se o herói com a ajuda das outras múmias. Seth guardou a
caixa do tempo nas profundezas do inferno de Apóphis. Ago-
ra, vou te revelar como Rudamon foi destruído...
Serapion usou o seu cajado, provocando uma forte dor
no herói. Ramessu criou uma miragem que fez Rudamon pen-
sar que estava sendo atacado por um exército de múmias. Apuki
aproveitou-se da distração provocada pela ilusão, pegou-o pelo
pescoço, e começou a estrangulá-lo com toda a força. Bak cor-
tou as pernas e os braços de Rudamon. Hunefer deu o golpe
de misericórdia, destruindo-o com as chamas do fogo sagrado.
O combate foi presenciado por um misterioso ser que tinha os
braços em forma de serpente, corpo humano masculino e uma
cabeça de naja. Este ser observou tudo a distância, sem que
ninguém notasse.
O deus Rá ficou revoltado com aquela crueldade, e en-
viou Osíris ao planeta para acabar com toda aquela maldade.
O deus tirou as energias vitais que animavam as cinco múmias,
que já estavam incumbidas, por Seth, a destruir toda a huma-
nidade depois que Rudamon tivesse destruído. Depois que
46 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
45. Demetrio Alexandre Guimarães
Osíris tirou a vitalidade das múmias, colocou-as de volta nos
sarcófagos. A máscara de Rudamon desapareceu misteriosa-
mente, voltando a ser vista por olhos humanos em 1975,
exatamente um dia antes de você nascer. Naquela época, eu
era um guardião Waja-Hur e tive a honra de receber a másca-
ra pessoalmente. Mas este é um outro segredo importante, que
só contarei a você no momento adequado. O mundo estava
sem heróis. As pessoas, pouco a pouco, deixaram de acreditar
nos deuses. A falta de fé diminuiu o poder da Luz sobre o
planeta, e aumentou o poder do mal. Hoje, temos um planeta
totalmente dominado pela maldade: estupro, pedofilia, assas-
sinato, seqüestro, tráfico de drogas, corrupção, tráfico de mu-
lheres, assaltos, crimes hediondos, etc.
– Gostei muito da história! Esse mito eu não conhecia! –
Comentou Osorkon.
– Esta história é real, não é um mito! E tem tudo a ver
com você!
– Como assim?
– Você é a reencarnação de Jarha! Atraímos você ao Egito
para que recebesse o seu poder novamente, livrar a humani-
dade do caos em que ela se encontra.
– Escute, senhor Huni, eu respeito a sua fé, mas estudei
e sou partidário da teoria da evolução. Quanto ao senhor e sua
“Ordem Secreta”, farei de tudo para processá-los. Vocês quase
me mataram com esse fanatismo idiota! Eu sobrevivi graças ao
meu antídoto e tive alucinações com o veneno daqueles escor-
piões, só isso!
– Está bem! Você até pode nos processar e acabar conosco!
Mas peço o prazo de uma semana! Só uma semana! Para você
ver que tudo isso é verdade. Leve o manuscrito secreto, leia-o
quando tiver vontade e, depois, me procure! Tenha certeza de
que, da próxima vez que voltar aqui, não precisará de avião.
A Ordem Secreta dos Waja-Hur 47
46. Rudamon - O Novo Héroi
– Não me diga que vou voar? – Ironizou Osorkon.
– Não! Fará muito mais que isso! Enquanto você estava
internado, os guardiões da OSWH capturaram e aprisiona-
ram, separadamente, os doze escorpiões. Quando você chegar
ao Brasil, sua coleção completa de doze escorpiões já estará em
seu laboratório. Você precisa estudá-los e incorporar a subs-
tância de seus venenos na sua descoberta. Não sabemos o que
poderá acontecer daqui pra frente.
– Como assim?
– A idéia é fazer Disebek ficar furioso de fome. Desta
forma, ele sairá do cubo e os guardiões da OSWH irão capturá-
lo, e destruí-lo no fogo sagrado. Não sabemos se haverá êxito
total nesta missão. Por isso, precisa incorporar a substância dos
doze escorpiões no antídoto, caso algo dê errado.
– Senhor Huni, eu conheço bons profissionais de psi-
quiatria no Brasil. O senhor precisa de ajuda médica! De qual-
quer forma, eu agradeço pelos doze escorpiões, apesar de vocês
terem entrado em minha casa sem o meu consentimento. Não
vou te processar mais. O senhor não deve ser preso, deve rece-
ber cuidados médicos!
– Pense o que quiser! Esta maleta, que estou lhe dando,
contém o manuscrito secreto e cinco milhões de reais. Levare-
mos você ao Brasil com meu jato particular. Procure-me daqui
a uma semana! Passar bem!
Huni saiu do quarto, deixando Osorkon pensativo.
48 A Ordem Secreta dos Waja-Hur
47. Capítulo 7
Estranhos Acontecimentos
A
o chegar a sua casa, Osorkon sentou-se no sofá e abriu a
maleta. O manuscrito secreto estava sobre o dinheiro.
Ele pegou o mesmo com desdém, e o jogou sobre a mesa
da sala. Pensou consigo mesmo: “Preciso depositar esse dinhei-
ro no banco! Se aqueles malucos entraram na minha casa para
colocar os escorpiões no meu laboratório, podem, perfeitamen-
te, entrar de novo para pegarem o dinheiro de volta. Vou apro-
veitar e ir ao médico fazer uns exames para ver se não ficou
alguma seqüela.”.
Depois de ir ao banco, Osorkon foi diretamente ao con-
sultório médico. Na sala de espera, um senhor sentou-se ao seu
lado e começou a puxar assunto.
– Como está calor hoje, hein?
– Verdade! – Respondeu Osorkon, que teve uma terrí-
vel sensação de incômodo com a presença daquele homem,
que nunca tinha sentido com ninguém. O velho homem pe-
gou um álbum de fotos que tinha várias crianças. Osorkon
resolveu retribuir o diálogo: – Quantas crianças! São seus neti-
nhos? – O velho homem fez uma cara feia, fechou o álbum e
respondeu de mau humor: – Não! Naquele instante veio um
pensamento instantâneo na mente de Osorkon: “Este velho é
um pedófilo miserável! Amanhã, a máscara dele vai cair! Nos-
sa! Por que pensei isso deste pobre homem? Será que o veneno
49
48. Rudamon - O Novo Héroi
dos escorpiões me deixou esquizofrênico?” Seus pensamentos
foram interrompidos com a chamada da recepcionista do
médico: – Senhor Osorkon! Doutor Carlos está lhe
aguardando. Pode entrar no consultório.
Doutor Carlos era um grande amigo de
Osorkon, além de ser o seu médico de confiança.
Os dois se conheciam desde pequenos e eram
como irmãos. Quando a irmã do cientista mor-
reu, Carlos sempre esteve presente para dar a
maior força ao amigo. Prestaram juntos o ves-
tibular, na mesma área. Um quis ser médico,
o outro biólogo. Sonho antigo, de que fala-
vam a respeito desde a infância. Osorkon con-
tou toda a história ao amigo que, mesmo perple-
xo, pediu tranqüilidade ao velho amigo de in-
fância, solicitando-lhe uma série de exames. Ao
sair do consultório, Osorkon lhe disse: – Estou
mesmo preocupado! Acho que estou ficando
louco! Além da história que lhe contei sobre o
velho da recepção, agora me veio uma neurose
que me deixou em pânico! Eu vi você sendo víti-
ma de um seqüestro relâmpago! A imagem em mi-
nha mente ficou nítida. O que eu faço? – Calma velho amigo!
Vamos resolver o seu problema. Amanhã você faz os exames, e
damos um jeito para que melhore! Vai passear um pouco para
distrair a cabeça. Recomendo que você não pratique esportes
até eu ver os exames. Fique tranqüilo!
Osorkon passou o dia inteiro olhando lojas no shopping
center. Ao contrário do que fazia sempre, desta vez, deixou a
livraria por último. Quando chegou à mesma, ficou um tempão
olhando os livros. Uma enorme propaganda sobre um lança-
mento lhe chamou a atenção: “Não perca! Amanhã, às vinte
horas, será o grande dia no salão de palestras do shopping! A
50 Estranhos Acontecimentos
Dr. Carlos
49. Demetrio Alexandre Guimarães
egiptóloga Doutora Freda, especialista em deuses egípcios, fará
uma palestra sobre o lançamento de seu mais novo livro sobre
deuses egípcios. Haverá sessão de autógrafos e coquetel.” O
que mais chamou a atenção de Osorkon foi a beleza da
palestrante na fotografia, mas o assunto que, de certa forma,
começou a fazer parte de sua vida, também lhe cativou.
Osorkon resolveu perguntar à atendente da livraria se havia
algum título da autora disponível na loja, quando outro estra-
nho pensamento lhe veio à mente: “Essa atendente é amante
do dono da livraria! Ela contraiu o vírus HIV! Você precisa
curá-la!” Osorkon ficou nervoso com a esquizofrenia que esta-
va tomando conta de sua mente, e foi embora sem prestar aten-
ção na resposta da atendente. Ao dirigir-se para o estaciona-
mento do shopping, encontrou o seu amigo Carlos: – E aí,
meu irmão! – Disse Carlos, que continuou... – Resolveu se-
guir o meu conselho? Que bom! – Segui sim, meu amigo! Só
que outro pensamento esquizofrênico surgiu em minha men-
te, e resolvi ir para casa dormir. – Você já está indo para casa? –
Estou! – Faz assim: estou indo pagar uma conta na loja, e já
vou em seguida para conversarmos. Você precisa distrair-se! –
Que bom Carlos! Preciso mesmo desabafar! Até mais! – Já es-
tava anoitecendo. Carlos pagou a conta e foi até o estaciona-
mento do shopping, no local onde estava o seu carro. No exato
momento em que ele estava abrindo a porta de seu veículo, foi
abordado por um ladrão, que lhe encostou o cano do revólver
na cintura, dizendo calmamente: – Não faça movimentos brus-
cos e não “dê bandeira”. Vamos comigo calmamente até o cai-
xa eletrônico. Você tira o dinheiro da conta, passa ele pra mim,
eu trago você de volta e vou embora. Se tentar bancar o herói,
eu te mato! – Naquele mesmo instante, Carlos lembrou da
“esquizofrenia” do amigo.
Osorkon dirigia o seu carro devagar e pensativo, quan-
do, de repente, uma camionete, fugindo da polícia, cruzou o
Estranhos Acontecimentos 51
50. Rudamon - O Novo Héroi
sinal vermelho, colidindo com toda a violência em seu auto-
móvel, que foi lançado a cinco metros de distância e explodiu.
Enquanto isso, no engarrafamento causado pelo acidente...
– Hoje não é o meu dia! – Reclamou Carlos. Além de
ter sido vítima de um seqüestro relâmpago, ainda tem esse trân-
sito para ajudar! Será que foi acidente? Carlos andou mais al-
guns metros e viu que realmente era um acidente. O pior é
que o acidente envolvia o seu melhor amigo. Quando Carlos
reconheceu o carro de Osorkon, parou o seu automóvel de-
sesperadamente no acostamento, e dirigiu-se até a equipe de
resgate. – Me deixa passar! Eu sou médico! O rapaz que está
naquele automóvel é meu amigo! – Um dos bombeiros lhe
falou: – Sinto muito, mas olhe o estado em que ficou o carro!
Não há a menor possibilidade de seu amigo estar vivo! Carlos
chorava copiosamente ao ver os bombeiros removerem a lataria
do carro para retirar o corpo de Osorkon, depois que apaga-
ram o incêndio. Foi quando um dos bombeiros da equipe gri-
tou eufórico: – Milagre! Valha-me Deus! Ele está vivo! Não
sofreu nenhum arranhão e nenhuma queimadura! Está ape-
nas desmaiado! Vamos levá-lo ao hospital! – Carlos acompa-
nhou o carro de resgate, que transportou Osorkon ao hospital.
x
Osorkon acordou no leito do hospital. Uma enfermeira
que estava no quarto lhe disse: – Que impressionante, moço!
Você nasceu de novo! Está inteiro! Assista um pouco de televi-
são que, daqui a pouco, o doutor Carlos vem ver você.
Naquele instante, estava passando um noticiário:
– “Finalmente a polícia encontrou o pedófilo, que rap-
tava, estuprava e matava crianças há trinta anos! Ele aliciava as
vítimas prometendo-lhes que compraria brinquedos, levava as
mesmas à sua casa, tirava fotografias e, depois, cometia o seu
ato monstruoso. Reconhecido como vovô, por algumas crian-
52 Estranhos Acontecimentos
51. Demetrio Alexandre Guimarães
ças que não caíram em sua conversa, o psicopata costumava
abordar suas vítimas na faixa etária de sete a oito anos. Ele
confessou a polícia que, após o crime, enterrava os corpos das
mesmas em terrenos baldios e em lugares descampados. Ago-
ra, a polícia vai investigar os lugares para encontrar as ossadas.
Os investigadores do caso calculam que o monstro matou mais
de novecentas vítimas ao longo dos últimos trinta anos.”
Osorkon ficou estupefato ao ver a foto daquele senhor que
estava sentado ao seu lado, um dia antes, na sala de espera do
consultório médico.
Quando o doutor Carlos entrou no quarto, perguntou
se o amigo estava bem. Disse-lhe que aproveitou para fazer os
exames que tinham sido solicitados no dia anterior. Os exames
foram feitos enquanto o amigo estava desacordado. Depois lhe
contou sobre o seqüestro relâmpago e ouviu, admirado, o re-
lato de Osorkon sobre o pedófilo.
– Meu grande amigo Osorkon, essas evidências estão mui-
to estranhas! Você escapou com vida de um acidente que seria
fatal para qualquer ser humano. Acertou duas previsões... Será
que são apenas coincidências, ou há algo sobrenatural?
– Sinceramente... Não sei o que lhe dizer... – Respondeu
Osorkon pensativo.
Duas horas depois, Osorkon recebeu alta do hospital. A
seguradora de veículos lhe trouxe o carro que ficaria com ele
até chegar o novo automóvel, coberto pela apólice. Encafifado
com tudo aquilo, Osorkon foi até a livraria do shopping e pro-
curou a atendente.
– Olá! Eu estive aqui ontem, não sei se você está lembrada!
– Sim! Claro que eu me lembro! Posso ajudá-lo?
– Escute com atenção: eu não sou maluco, e nem tenho
nada com a sua vida, pois nem lhe conheço. Mas me responda
uma única pergunta: Você mantém um romance com o dono
da livraria?
Estranhos Acontecimentos 53
52. Rudamon - O Novo Héroi
– Ai, meu Deus! Quem lhe contou?
– Isso não vem ao caso agora. Eu só preciso que faça uma
coisa. Você faria algo por mim?
– Você é um detetive ou um chantagista? – Perguntou a
moça desesperada.
– Nenhum dos dois. Eu vou te dar o meu telefone. Vou
te pedir encarecidamente que faça um teste de HIV. Seja qual
for o resultado, você me liga, por favor?
– O que é isso? O que o senhor tem a ver com minha
intimidade? O que o senhor pensa que eu sou? Quem te man-
dou? Foi a mulher dele, não foi?
– Não! Você pode ficar tranqüila. É só um tira-teima.
Você faz esse favor pra mim, e pra você? – A moça pegou o
número do telefone dele, e respondeu assustada: – Está bem!
Osorkon saiu da loja e falou consigo mesmo: “Devo es-
tar ficando maluco.” Naquele instante, lembrou da palestra
da Doutora Freda, que seria naquela mesma noite. Como ti-
nha um dia inteiro pela frente, resolveu ir pesquisar os escor-
piões.
Em seu laboratório, Osorkon aproveitou para pegar sua
máquina fotográfica, com o intuito de ver as fotos do dia em
que foi atacado. Não havia nenhuma fotografia.
– Aquele desgraçado do Huni deve ter apagado os ras-
tros! – Queixou-se Osorkon. – Vou fotografá-los aqui mesmo,
no laboratório. Para a sua surpresa, os aracnídeos não saíam na
foto. Osorkon tentou filmá-los, e a imagem deles também não
aparecia no vídeo. “Mas que estranho!” pensou Osorkon con-
sigo mesmo. O jeito foi extrair o veneno dos escorpiões e
catalogá-los.
– Amanhã eu faço a análise. Por que será que essa espé-
cie não sai em filmagens e fotografias? O que será que aconte-
ce? – Sussurrou consigo mesmo.
54 Estranhos Acontecimentos
53. Capítulo 8
Osorkon Conhece Freda
O
salão de palestras estava lotado. A exuberante doutora
Freda cativava todos os olhares masculinos que estavam
presentes, e, é claro, o olhar de Osorkon também. Loira,
de olhos azuis, bonita e inteligente, sempre chamava a atenção
por onde passava. A bela palestrante, descendente de alemães,
começou a falar...
– Boa noite, senhoras e senhores aqui presentes! Vocês
podem me chamar de Freda. Sou graduada em egiptologia e
pós-graduada em mitologia egípcia. Sempre me encantei com
os mistérios e lendas do povo egípcio. Toda minha vida foi
dedicada ao estudo deste assunto. O motivo desta palestra é o
lançamento do livro “Os deuses egípcios: Mito, Realidade e
Tradição Primordial”. Minha obra aborda a questão de que o
símbolo é um só em todo o mundo. O que muda é a forma
como ele é expresso nas diferentes mitologias e nas escrituras
sagradas, de acordo com a cultura de cada povo. Nessa noite,
vou falar um pouco sobre a lenda de Osíris, procurando fazer
uma ponte entre o mito e a Tradição Primordial. Segundo essa
lenda, o deus Osíris educou o povo egípcio numa época em
que a barbárie imperava. Ele ensinou: o cultivo; o abandono
de velhos hábitos que tornavam o povo animalesco; o trabalho
com o arado e a enxada; a fundição de metais para construção
de armas e ferramentas; ou seja, o processo civilizatório. No-
55
54. Rudamon - O Novo Héroi
tem que, segundo a lenda, Osíris foi o respon-
sável pelo processo civilizatório do Egito. Va-
mos fazer uma pausa para reflexão... Não po-
deríamos comparar Osíris aos grandes
avatares que fizeram parte da humanida-
de? Aos homens que levaram luz aos que
se encontravam nas trevas? Graças
aos ensinamentos de Osíris, o
Egito tornou-se próspero. Como
e s s e deus era portador de uma extrema
bondade, decidiu levar a luz de seu co-
nhecimento para o resto do planeta. Para
isso, convidou os deuses Thot e Anúbis,
para ajudá-lo a divulgar o conhecimento
egípcio pelo mundo. Vocês podem notar
que a própria lenda reconhece o Egito
como o berço da civilização. Osíris e seus
ajudantes obtiveram êxito total. Mas vamos
ter um pequeno imprevisto nesse mito. Seth,
o irmão que sempre o invejou, tramou a
morte do mesmo, enquanto este fazia a
sua expedição pelo mundo. Que vocês me
dizem se compararmos essa história com a de
Caim e Abel? Não poderíamos também fazer uma ponte entre
Cristo e Judas? Seth elaborou uma pérfida armadilha,
recepcionando o irmão de forma amigável, no regresso de sua
expedição. Fez uma falsa brincadeira para colocá-lo numa
gran-
de urna, onde, posteriormente, seria assassinado. A urna foi
lançada ao Nilo, o que seria um caos para Osíris. Acreditava-se
que, se um corpo não fosse mumificado, sua alma vagaria sem
rumo. O ódio que Seth tinha de Osíris era tão grande, que
nem a sua alma deveria ser poupada. Nesse ponto da lenda,
entra a deusa Ísis, esposa e irmã de Osíris. Ao saber a forma
56
Freda
Osorkon Conhece Freda
55. Demetrio Alexandre Guimarães
como o seu esposo morreu, Ísis ficou desesperada, pois sabia
que o mesmo não seria soberano na Mansão dos Mortos. Com
a ajuda de Thot e Anúbis, correu todo o Egito para achar a
urna. Num momento da busca, ela se separou dos amigos e
encontrou a mesma. Escondeu-a e foi procurá-los, mas um
espião de Seth a encontrou antes que Ísis voltasse. Seth, para
certificar-se de que a alma de Osíris estaria perdida para sem-
pre, cortou o corpo do irmão em quatorze pedaços, espalhan-
do-os pelo Egito. Uma nova busca começou. Desta vez, Néftis,
esposa de Seth, ajudou a equipe de busca, pois havia desco-
berto a trama do marido. Apenas treze pedaços foram encon-
trados, graças a Anúbis, que farejou um por um. Apesar de
faltar um pedaço, Osíris foi embalsamado com dignidade e
voltou à vida para engravidar Ísis, que, posteriormente, deu a
luz ao deus Hórus. Após cumprir sua missão, Osíris tornou-se
o senhor absoluto dos mortos. Eu poderia ficar a noite toda
contando a seqüência desse mito... Mas uma coisa que eu que-
ro fixar bem, é que o destaque do meu livro é sobre o aspecto
simbólico. Reparem que: o bem e o mal; o início da luz sobre
as trevas; o aspecto masculino que dá a força; e o feminino que
dá a forma; são temas discutidos de maneira simbólica nos mitos
de vários povos, e, também, nas escrituras sagradas. Se fizer-
mos um paralelo entre todos eles, descobriremos que o mesmo
simbolismo está contido em todos, e que apenas o que difere é
a maneira como a história é contada. Se déssemos um nome a
esse único símbolo, poderíamos chamá-lo de Tradição Primor-
dial, pois, as questões tratadas são sempre as mesmas. Não im-
porta o povo, a época e o lugar. Espero que gostem do livro!
Obrigada!
Doutora Freda foi aplaudida de pé. Em seguida, come-
çou o coquetel. Osorkon comprou o livro, e dirigiu-se à escri-
tora para pedir um autógrafo. Lançando o olhar mais pene-
trante que sabia fazer, aproximou-se da moça.
Osorkon Conhece Freda 57
56. Rudamon - O Novo Héroi
– Com licença, doutora Freda... Fiquei fascinado com a
sua palestra! É muito talentosa no que faz! Foi uma honra po-
der assisti-la.
– Obrigada! Hei... Espera um pouco... Você não é o fa-
moso doutor Osorkon, especialista em escorpiões e criador dos
antídotos OSK1 e OSK2?
– O próprio!
– Eu acompanhei as suas descobertas pelos noticiários.
A honra é toda minha!
– Você domina um assunto que, neste momento, é de
fundamental importância para mim. Eu precisava muito con-
versar com você! Poderíamos jantar amanhã à noite?
– Seria um prazer!
– Me dá o seu endereço, que, amanhã, vou apanhá-la
em casa.
– Quanta gentileza! Pode ser às vinte horas?
– Na hora que você quiser! A propósito, você poderia
fazer uma dedicatória no meu livro?
– Com todo prazer! “Ao grande herói, que salvará mi-
lhões de vidas dos terríveis escorpiões, dedico o simbolismo da
Tradição Primordial. Que a essência do símbolo da Luz única
possa guiá-lo em suas missões. Com carinho, Freda.”
– Obrigado! Linda a sua dedicatória. Posso te apanhar
amanhã, às vinte horas?
– Combinado!
Naquela noite, Osorkon conseguiu esquecer, por alguns
instantes, os problemas que lhe afligiam. Foi dormir pensando
em Freda. Ao adormecer, algo estranho voltou a acontecer.
Osorkon começou a ouvir vozes desesperadas clamando por
socorro. Quando não eram vozes clamando por socorro, eram
vozes tramando crueldades. O seu sono foi agitado. Virou-se
58 Osorkon Conhece Freda
57. Demetrio Alexandre Guimarães
na cama a noite inteira. No único momento em que conseguiu
dormir teve um pesadelo. “Quatro homens lhe seguravam. Dois
lhe prendiam os braços. Os outros dois, imobilizavam-lhe as
pernas. Um quinto homem veio em sua direção com um ferro
em brasa e... marcou-lhe dois escorpiões no peito, um de cada
lado. Os cruéis homens o viraram de bruços e marcaram suas
costas. A dor das costas foi maior que a sentida no peito. A
impressão era de que um ferro em brasa de maior tamanho
havia sido usado. Os homens riam sarcasticamente.” Osorkon
acordou assustado. Suas costas e seu peito estavam formigan-
do. O resto da noite, quase não dormiu por causa daquelas
vozes perturbadoras que iam e voltavam. Osorkon só conse-
guiu dormir no fim da noite, quase ao amanhecer.
Osorkon Conhece Freda 59
58. Capítulo 9
Osorkon tem Superpoderes
E
ra um novo dia. Apesar da noite mal dormida, Osorkon
acordou com uma excelente disposição. O fato de estar
disposto, não o fazia esquecer do pesadelo e das vozes que
ouvira naquela madrugada. Espreguiçou-se, saiu da cama e
foi tomar banho. Ao ver a própria imagem no espelho, levou
um tremendo susto. Seu peito estava marcado com dois escor-
piões, um de cada lado. Osorkon virou-se, olhando para trás,
e viu que suas costas também estavam marcadas com um es-
corpião enorme. Sem saber o que pensar, foi para o chuveiro.
À medida que a água caía em seu corpo, as marcas dos escorpi-
ões ardiam, como se realmente tivessem sido feitas naquela noite.
“Preciso urgentemente de um psiquiatra!”, Pensou ele.
Na tarde daquele dia, Osorkon dedicou-se, o tempo todo,
ao estudo dos doze escorpiões. Analisando cada amostra de
veneno, colhida no dia anterior, fez diversas anotações em seu
relatório. Às vezes, quando não estava o suficientemente con-
centrado, ouvia aquelas vozes pedindo ajuda, ou tramando
maldades. Procurou ignorá-las do jeito que pôde. Ficou tão
entretido com suas pesquisas que nem viu o tempo passar. Es-
tava quase na hora de jantar com Freda.
O restaurante era agradável, tinha música ao vivo, e um
ambiente aconchegante e familiar. Osorkon sentia-se como um
adolescente. Será que estava apaixonado?
60
59. Demetrio Alexandre Guimarães
– Freda, sua palestra ontem estava sensacional! Achei o
assunto fascinante! O tema chamou bastante a minha aten-
ção. O problema é que havia algo que, às vezes, me distraía um
pouco.
– O quê?
– A sua beleza!
– Bondade sua... – Respondeu Freda com um tímido
sorriso. – Por que você me disse, ontem, que o assunto da pa-
lestra era de fundamental importância para você? Sua área não
é o estudo de escorpiões?
– Sim. Mas nos últimos dias, têm acontecido coisas mui-
to estranhas comigo... Estas coisas me fizeram esquecer um
pouco os escorpiões.
– Que coisas foram essas?
– Vou te contar tudo. Mas tem uma condição...
– Qual?
– Você tem que prometer que não vai contar a ninguém!
– Conte com a minha discrição.
– Tem uma outra coisa...
– Que coisa?
– Você também tem que me prometer que não vai me
achar maluco, e que não vai rir da minha cara... Você promete?
– Prometo! – Respondeu Freda com um sorriso maroto.
– É o seguinte...
Não muito longe dali, seis capangas de um agiota, muni-
dos de metralhadora, se preparavam para atacar o restauran-
te. Num momento de desespero, o dono do estabelecimento
havia feito um empréstimo para que o seu negócio não fechas-
se. Quando ele já tinha o dinheiro na mão para pagar a sua
dívida, sua filha foi seqüestrada, e o dinheiro teve de ser dado
Osorkon tem Superpoderes 61
60. Rudamon - O Novo Héroi
no resgate. O agiota deu mais um prazo para o pagamento,
aumentando abusivamente os juros. Nesse meio tempo, um
concorrente desleal espalhou alguns boatos que afastaram
boa parte da clientela do pobre homem. O prazo de paga-
mento se esgotou, e o agiota enviou os seis homens para
acertar as contas.
Enquanto isso, a doutora Freda estava boquiaberta com
a história de Osorkon...
– Que história fascinante! Eu não posso falar no meio
acadêmico que acredito no sobrenatural... Uma declaração
dessas atrapalharia a minha carreira. Mas eu acredito em você!
– Que bom poder ouvir isso! Você não imagina o alívio
que estou sentindo...
– A única forma que eu encontrei de convencer as pes-
soas do sobrenatural, ainda que pelas entrelinhas, foi através
do estudo mitológico. Mas pelo seu relato, estou achando você
muito cético. Será que todas as evidências que ocorreram até
agora não lhe convenceram?
– Não sei... Ainda estou meio confuso!
– Em minha opinião, você deveria ler o tal manuscrito
secreto e procurar Huni.
– Isso parece loucura!
– Pode parecer, mas a meu ver, é a única alternativa que
você tem! Se for procurar um psiquiatra, como está preten-
dendo, não vai resolver nada! Ele vai te dopar com medica-
mentos que não vão te ajudar.
– Talvez eu faça isso mesmo... Você não imagina como
estou atormentado! Eu escuto pessoas pedindo socorro... pes-
soas tramando o mal... Olho para as pessoas e percebo... Talvez
possa ser uma neurose minha... Mas é como se eu detectasse as
suas verdadeiras intenções!
62 Osorkon tem Superpoderes
61. Demetrio Alexandre Guimarães
– Você me disse que é do Signo de Escorpião. Talvez você
nunca tenha lido nada sobre Cabala. Segundo os estudos da
mesma, o dom natural do seu signo é perceber.
– Você está certa! Mas essas paranóias me incomodam!
Agora, por exemplo, estou com idéia fixa de que vão entrar
seis homens armados neste restaurante! Eu os vejo metralhan-
do tudo!
– Ai, meu Deus do céu!
– O que aconteceu?
– É melhor sairmos daqui!
– Por quê?
– Os seis homens de que você falou acabaram de en-
trar... Estão com cara de poucos amigos...
Os homens aproximaram-se do balcão do restaurante da
forma mais discreta possível. Não havia o que desconfiar. Ves-
tiam-se com trajes elegantes e falavam baixo. Um deles falou
com o balconista...
– Nós queremos falar com o dono!
– Ele não se encontra no momento, foi acompanhar a
esposa ao médico. Vocês não podem voltar amanhã?
– Ligue para o celular dele! Encontre-o. Diga-lhe que,
se não vier até aqui, vamos metralhar essa espelunca! Não ten-
te nenhuma gracinha, senão uma das balas irá de encontro à
sua testa!
Enquanto isso, depois de muito pensar, Osorkon teve
uma idéia...
– Preste atenção, Freda: eu vou me aproximar do balcão
lentamente... Você abaixa fingindo que vai pegar algo e fica
debaixo da mesa.
– Isso é loucura! Você pode morrer!
Osorkon tem Superpoderes 63
62. Rudamon - O Novo Héroi
– Depois daquele acidente... tenho a convicção de que
nada irá me acontecer. Este é o momento ideal para um tira-
teima...
– Por que irá se expor? Nós dois podemos nos abaixar!
Não é melhor?
– Na realidade, estou preocupado com você e com as
pessoas que estão aqui! Se o sobrenatural realmente existe, e
está a meu favor, devo evitar que algo ruim aconteça! Você não
acha?
– Tudo bem... Mas tome cuidado! – Osorkon dirigiu-se
lentamente ao balcão...
Naquele momento, os seis homens já estavam impacien-
tes. E ficaram mais irritados, ainda, com a notícia que o balco-
nista lhes deu...
– O celular dele está desligado. Por favor, voltem amanhã!
O interlocutor agarrou o balconista pelo colarinho e disse...
– No mundo dos negócios, não existe amanhã...
Os seis homens sacaram as suas armas e começaram a ati-
rar para cima. As pessoas, assustadas, corriam para todos os la-
dos, derrubando mesas e cadeiras. Osorkon foi ao encontro de-
les, e aplicou uma voadora, acertando o primeiro... Deu um
direto de esquerda no segundo, ao mesmo tempo em que lhe
tomou a metralhadora das mãos... Com a metralhadora, gol-
peou o terceiro e o quarto, tombando-os imediatamente... Os
dois que restaram, apontaram suas metralhadoras para Osorkon,
desferindo-lhe uma rajada de balas... As balas batiam nele e vol-
tavam... Assustados, jogaram as armas no chão e tentaram fugir.
Osorkon deu um salto, pulando em cima dos dois... Segurou-os
pelo pescoço, e bateu a cabeça de um contra a do outro... Os
seis homens estavam desmaiados. Todos assistiram à cena per-
plexos. Osorkon olhou para o balconista, e disse para ele cha-
mar a polícia. Fitou todos no restaurante e disse-lhes:
64 Osorkon tem Superpoderes
63. Demetrio Alexandre Guimarães
– Por favor, não se assustem! Pratico artes marciais há
vinte anos e... Ando com colete à prova de balas... Vocês sa-
bem como é... A cidade anda muito violenta! – Osorkon foi
aplaudido por todos. Retirou uma enorme quantia de dinhei-
ro do bolso e disse ao balconista...
– Esse dinheiro é pela minha conta... Pelos estragos... E
pela dívida de seu patrão! No caminho para a casa de Freda...
– Minha Nossa! Aquilo foi incrível! Você tem
superpoderes! Aqueles homens metralharam você e as balas
nem o perfuraram! Você os pegou com tanta agilidade, que foi
impressionante!
– O mais estranho é que a minha adrenalina não subiu! Eu
fiz tudo aquilo friamente! Estou convencido! Quando eu chegar
à minha casa, vou ler o tal manuscrito!
Após deixar Freda em casa, Osorkon chegou a sua resi-
dência, tomou um banho quente e pegou o manuscrito para
ler. Nesse exato momento, o telefone tocou. Era uma voz aflita
e desesperada...
– Por favor, o senhor Osorkon se encontra?
– Você está falando com o próprio. Quem é?
– Sou Ariadne, a atendente da livraria.
– O que aconteceu, Ariadne? Noto aflição em sua voz...
– O resultado do exame saiu. Estou com Aids! Como você
sabia? Quem é você, afinal?
Osorkon não sabia o que dizer à moça, e tratou logo de
inventar uma desculpa...
– Conheço uma pessoa que sabe sobre o caráter do seu
patrão e o modo de vida promíscuo que ele leva. Essa pessoa, que
não posso dizer quem é, estava preocupada com você, e pediu
para que eu a alertasse.
Osorkon tem Superpoderes 65
64. Rudamon - O Novo Héroi
– Eu vou morrer! Minha vida acabou! Você nem imagina o
que se passa na cabeça de uma pessoa que descobre isso. É o fim!
– Calma, Ariadne! Sou um cientista e posso lhe assegurar
que a ciência está progredindo muito. Não entre em pânico!
Amanhã ou depois, a cura pode ser descoberta. Você não deve
perder as esperanças! Procure um psicólogo para lhe dar apoio.
Eu tenho um amigo médico que deve conhecer bons especialistas
em AIDS. Vou passar o telefone dele para você. Procure manter a
calma.
– Eu acreditava no meu patrão! Ele me prometeu que lar-
garia a esposa para ficar comigo! Eu era virgem! Ele me enganou!
– Você não é a primeira pessoa que passa por esta situação.
Não se sinta culpada! Você deveria ter se prevenido! Mas fique
tranqüila! Tudo vai dar certo
– Obrigada!
Aquele telefonema deixou Osorkon mais ansioso para
ler o manuscrito...
66 Osorkon tem Superpoderes
65. Capítulo 10
A Leitura do Manuscrito
A
capa do manuscrito dizia: “Dossiê Secreto OSWH”.
Osorkon leu a história de Disebek com muita atenção.
Depois leu a história completa de Jarha. O capítulo se-
guinte intitulava-se “A iniciação secreta de Rudamon”, e con-
tava como eram os poderes que foram adquiridos por Jarha.
Eis o que o capítulo dizia...
Após a morte de Jarha, o deus Osíris retirou a força vital
que animava as cinco múmias, enviando-as de volta aos
sarcófagos. Depois de certo tempo, a maior parte das pessoas
foi corrompida pela maldade. Como punição, o deus Rá en-
viou Osíris, que ficou incumbido de fazer desaparecer tudo o
que tinha sido construído. A maior parte da população foi
punida com a perda de memória. Somente os homens de bom
coração foram poupados. Osíris procurou Waja-Hur, o mais
sábio entre os homens da época, entregando-lhe um pergami-
nho de ouro secreto, com uma missão. O deus revelou ao sá-
bio homem que, no futuro, Rudamon deveria voltar a fim de
salvar o mundo. Quando chegasse o momento oportuno, a
máscara de ouro apareceria e teria de ser protegida pela
OSWH. No manuscrito, tinha a iniciação pela qual o novo
Rudamon deveria passar, bem como a descrição dos poderes
que o herói teria. Eis os poderes:
– És imune à dor, ferimentos e morte;
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66. Rudamon - O Novo Héroi
– Tens o poder da vontade e da intenção;
– Podes detectar a intenção de alguns pensamentos;
– Podes pressentir o sofrimento ou intenções maléficas
de qualquer ser humano, em qualquer ponto do planeta;
– Se quiseres, poderás aumentar o seu tamanho em até
três metros de altura;
– Podes multiplicar-te, e estar em milhares de lugares ao
mesmo tempo, para resolveres o mesmo tipo de problema, no
mesmo instante;
– Podes ressuscitar aqueles que morreram injustamente;
– Podes curar qualquer doença, tocando o coração da
pessoa. Quando curares um, curarás a todos;
– Podes criar um campo de energia impenetrável, num
raio de cem metros;
– Tu emitirás um raio pelos olhos, denominado “Agui-
lhão Amarelo”. Este raio provocará uma dor comparada ao
ataque dos “doze escorpiões de Disebek”. A pessoa atingida
será punida para sempre. Ao pensar em repetir o mal, sentirá
a dor novamente;
– O Aguilhão amarelo também pode ser usado para pa-
ralisar as pessoas;
– Sempre que fores praticar o altruísmo ou combater o
mal, deverás usar a máscara de Osíris. Ela é ativada com o po-
der do seu pensamento, e esconde a sua verdadeira personali-
dade. A máscara confere novos poderes, de acordo com a per-
sonalidade de quem a estiver usando;
– Terás a força e a velocidade que nenhum mortal jamais
possuiu;
– Poderás ir ao local que quiser, usando o poder da von-
tade e do pensamento;
– És indestrutível. Somente uma força pode lhe matar: o
fogo sagrado.
68 A Leitura do Manuscrito