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O Romance Urbano do
Romantismo Brasileiro
profa. Ana Maria Silva Pacífico
Características
Gerais
Urbano Elitizado
ambientados na corte do Rio de Janeiro;
* menor idealização das personagens;
* menor tendência ao maniqueísmo ( o bom é sempre bom, o
mau é sempre mau) ;
Urbano Carnavalizado
o ambiente popular no tempo de D. João VI ( Memórias de
Um Sargento de Milícias )
Temas do Amor:
* Concretizável, final feliz: A Moreninha ;
* Sublimação pelo sentimento: Lucíola ;
* Mercantilização : Senhora
O Início da Prosa
Romântica
• A MORENINHA
JoaquimManuel de Macedo,1844
O Espaço Urbano Rebaixado
Ano : 1853
“Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formamas ruas do Ouvidor e da
Quitanda, cortando-semutuamente, chamava-se, nessetempo - O Canto dos
Meirinhos- e bem lhe assentava o nome, porqueera aí o lugar de encontro favorito de
todos os indivíduos dessa classe.
(...)
Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se, porém,do negócio, eviera ao
Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que
o vemos empossado, eque exercia, como dissemos, desdetempos remotos. Mas viera
com ele, no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da Hortaliça,
quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona. (...) Ao sair do Tejo,
estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído
por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé
direito. A Maria sorriu-se, como envergonhada do gracejo edeu-lhe também, em ar de
disfarce, umtremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração
em forma, segundo os usos da terra; levaramo resto do dia de namoro cerrado; ao
anoitecer passou-sea mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem,
desta vez, umpouco mais fortes; e no dia seguinte estavamos dois amantes tão
extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
José de Alencar (1829 – 1877)
• José de Alencar foium romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político
brasileiro.
• Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal
romancista brasileiro da fase romântica.
• Escreveuo primeiro romance histórico de nossaliteratura : “As Minas de
Prata”. Escreveuainda: “AGuerra dos Mascates”,narrativa da famosa
revolução de 1710.
• Sua prosa indianista o celebrizou, com os livros: O Guarani, Lucíolae
Ubirajara.
• Entre os romances regionalistas destacam-se “OSertanejo” , “Til” e “O
Gaúcho”, reproduzindo costumestípicose folclóricos dessas regiões.
• Os romances urbanos caracterizam a Corte e o meio social carioca do
Segundo Reinado,como:“A Viuvinha”, “Senhora”,“Lucíola” , “Diva” e
“Encarnação”.
OS Perfis femininos de José de Alencar
Lucíola – 1862
• O livro Lucíola, de José de Alencar, é narrado através de Paulo, personagem que se
torna narrador para contar à Sr.ª G.M. o romance que viveu com uma cortesã
chamada Lúcia.
• Em 1855, Paulo chega ao Rio de Janeiro e vê pela primeira vez Lúcia. Sem conhecer
sua verdadeira vida, apaixona-se à primeira vista, pois enxerga nela uma encantadora
menina. Essa impressão desfaz-se na Festa da Glória, onde Sá, representante dos
valores e preconceitos da sociedade, apresenta-a como uma mulher bonita e não
como uma senhora. A partir de então, Paulo começa a visitar Lúcia em sua casa.
• Para Lúcia, Paulo é o caminho para chegar à salvação. Na tentativa de se afastar da
sociedade e deixar definitivamente a vida de cortesã para trás, muda-se para uma
casa mais simples no interior junto com sua irmã mais nova, Ana. Nesse momento,
não existe mais o amor carnal entre Paulo e Lúcia. Há um amor espiritual – Lúcia
chega até a fingir que estava doente para não mais haver contato. É nesse momento
que conta o verdadeiro motivo que a levou à vida de cortesã.
• A redenção de Lúcia culmina com a descoberta de sua gravidez e não aceitação
dela. Lúcia acredita que seu corpo é sujo e por isso não é capaz de gerar um filho.
Morre em um processo de aborto . Paulo, atendendo a um pedido seu, cuida de Ana
até que ela se case.
Veja o desfecho de Lucíola
“Há seis anos que ela me deixou; mas eu recebi a sua alma, que me acompanhará eternamente. Tenho-a tão viva e
presente no meu coração, como se ainda a visse reclinar-se meiga para mim. Há dias no ano e horas no dia que ela
sagrou com a sua memória, e lhe pertencem exclusivamente. Onde quer que eu esteja, a sua alma me reclama e
atrai; é forçoso então que ela viva em mim. Há também lugares e objetos onde vagam seus espíritos; não os posso
ver sem que o seu amor me envolva como uma luz celeste.
Ana casou-se há dois anos. Vive feliz com seu marido, que a ama como ela merece. É um anjo de bondade; e a
juventude realçando-lhe as graças infantis, aumentou a sua semelhança com a irmã; porém falta-lhe aquela
irradiação intima de fogo divino. Almas como as de Lúcia, Deus não as dá duas vezes à mesma família, nem as
cria aos pares, mas isoladas como os grandes astros destinados a esclarecer uma esfera.
Cumpri a vontade de minha Lúcia; tenho servido de pai a essa menina; com a sua felicidade paguei um óbolo de
minha gratidão à doce amiga que tanto amou-me.
Estas páginas foram escritas unicamente para a senhora. Vazei nelas toda a minha alma para lhe transmitir um
perfume da mulher sublime, que passou na minha vida como sonho fugace. Creio que não o consegui; por isso
fecho aqui alguns fios da trança de cabelos, que cortei no momento de dizer o último adeus à sua imagem querida.
Há nos cabelos da pessoa que se ama não sei que fluido misterioso, que comunica com o nosso espírito. A
senhora há de amar Lúcia, tenho a certeza; talvez pois aquela relíquia, ainda impregnada de seiva e fragrância da
criatura angélica, lhe revele o que eu não pude exprimir.”
Diva- 1864
• A protagonista Emília, personagem central do romance, é uma jovem
mimada, filha de um rico capitalista do Rio de Janeiro. Busca
incansavelmente um marido mais interessado em amor que em
dinheiro. Em Diva, José de Alencar, tem um narrador, Amaral, que
conta toda as suas aventuras romanescas com Emília, para Paulo, o
personagem que Lúcia amou, em Lucíola. A história do médico
Amaral e Mila é apresentada por Paulo. "Foi em março de 1856.
Havia dois meses que eu tinha perdido a minha Lúcia. Sentia a
necessidade de dar ao calor da família uma nova têmpera à minha
alma usada pela dor. Parti para o Recife. A bordo encontrei o Dr.
Amaral, que vira algumas vezes nas melhores salas da Corte.
Formado em medicina, ele ia a Paris fazer o estádio quase obrigatório
dos jovens médicos brasileiros. [...] Um belo dia, recebi uma carta de
Amaral; envolvia um volumoso manuscrito, que é o que lhe envio
agora, um retrato ao natural, a que a senhora dará como ao outro, a
graciosa moldura".
• Na história, a heroína fica dividida e confusa frente ao amor de
Augusto Amaral. (que, médico, salvou sua vida quando ela era só
uma pré-adolescente feia) Ele e Emília ficam ,assim, presos em jogos
de amor, amizade e desprezo que são por vezes infantis e outras,
humilhantes. Augusto se declara, Emília diz não amá-lo.
• Por fim, Augusto renega seu amor, Emília declara também amar.
Augusto percebe ainda ter sentimentos e eles vivem felizes para
sempre, num romance que segue ao pé da letra o estilo folhetim:
heróis perfeitos, um obstáculo para o amor (a dúvida de Emília) e um
final feliz no último instante.
Veja o
desfecho de
Diva
• “Achei Emília sentada em uma cadeira, absorta em seu
enlevo. Vendo-me, toda essa bela criatura assumiu-se
num só e inefável sorriso para cair aos meus pés,
difundindo sua alma nestas palavras impetuosas: —Eu te
amo, Augusto! Depois continuou repetindo uma e muitas
vezes a mesma frase, como se estudasse uma modulação
de voz que pudesse exprimir quanto havia de sublime
naquele grito d'alma. —Sim! Eu te amo!... Eu te amo!...
Eram as notas da celeste harmonia que seu coração
vibrava, como o rouxinol canta na primavera e as harpas
eólias ressoam ao sopro de Deus. Quando ela desafogou
sua alma desta exuberância da paixão, falei-lhe : —Mas
reflita, Emília. A que nos levará esse amor? —Não sei!...
respondeu-me com indefinível candura. O que sei é que
te amo!... Tu não és só o árbitro supremo de minha alma,
és o motor de minha vida, meu pensamento e minha
vontade. És tu que deves pensar e querer por mim...
Eu?... Eu te pertenço; sou uma 62 cousa tua. Podes
conservá-la ou destrui-la; podes fazer dela tua mulher ou
tua escrava!... É o teu direito e o meu destino. Só o que tu
não podes em mim, é fazer que eu não te ame!... Enfim,
Paulo, eu ainda a amava!... Ela é minha mulher.”
Senhora - 1874
• A obra Senhora,de José de Alencar é dividida em quatro partes.A primeira delas,nomeadade “O preço do
casamento”,começadescrevendo umajovem moçachamada Aurélia, rica e frequentadorade bailes da alta
sociedade.Aurélia,sendo órfã e recebedorade uma grande fortuna, estava sempre acompanhada de sua parenta
D. Firmina e acreditava que todos só se interessavam por ela por causa de sua beleza e do seu dinheiro. Em um
baile de costume,Aurélia começoua se questionar sobre sua educação e seu destino. Escreveuuma carta ao Sr.
Lemos,dando-lhe a missão de arrumar seu casamento com o atual noivo de Adelaide Amaral, o Fernando Seixas.
• Na segundaparte, chamada “Quitação”,é contada a história de Aurélia. D. Emília era sua mãe e Pedro Camargo,
seu pai. Pedro era filho bastardo de um rico fazendeiro e casou-se com Emília sem conhecimento de seu pai. Anos
depois,acaba morrendo e seu pai não conhece sua neta. D. Emília fica em má situação para criar sua filha. Nesse
momento,Seixas se elege como pretendente de Aurélia e assume o compromisso dese casar com ela. Porém, se
arrepende por ter se apaixonado por uma moça pobre e órfã e assume compromisso com Adelaide,moçarica na
sociedade.Perto de falecer,o avô de Aurélia a procura e deixa para ela toda sua fortuna.
• A terceira parte tem como título “Posse”e descreve a rotina de Aurélia e Fernando enquanto casal. Eles vivem
uma vida de aparência; desfilam de mãos dadas, trocam carinhos e gentilezas diante de bailes ou de amigos.Mas
quando estão sozinhos, trocam palavras ferinas e acusações.Fernando se vê como um escravo de Aurélia, tendo
ela como sua dona e a obedece em todos os seus desejos.
• Na quarta e última parte, “Resgate”,Fernando passaentão a trabalhar dedicadamente e faz um negócio
importante, em que arrecada um valor e devolve para Aurélia todo o dinheiro do dote.Ele então pede o divórcio.
Comprovadaa mudança de Fernando,Aurélia lhe mostra o seu testamento escrito no dia do casamento,onde é
deixada para Fernando toda sua fortuna e é declarado o seu amor por ele. O casamento então se consuma e os
dois se tornam um casal de amantes.
Veja o trecho inicial de Senhora:
“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão, ninguém lhe disputou o
cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a
deusa dos bailes; a musa dos poetas e ídolo dos noivos
em disponibilidade. Era rica e formosa. Duas opulências,
que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois
esplendores que se refletem, como o raio de sol no
prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o
firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-
se de repente no meio do deslumbramento que produzira
o seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a
primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
buscaram com avidez informações acerca da grande
novidade do dia.”
Final da Apresentação
ProfessoraAna Maria Silva Pacífico

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  • 2. Características Gerais Urbano Elitizado ambientados na corte do Rio de Janeiro; * menor idealização das personagens; * menor tendência ao maniqueísmo ( o bom é sempre bom, o mau é sempre mau) ; Urbano Carnavalizado o ambiente popular no tempo de D. João VI ( Memórias de Um Sargento de Milícias ) Temas do Amor: * Concretizável, final feliz: A Moreninha ; * Sublimação pelo sentimento: Lucíola ; * Mercantilização : Senhora
  • 3. O Início da Prosa Romântica • A MORENINHA JoaquimManuel de Macedo,1844
  • 4. O Espaço Urbano Rebaixado Ano : 1853 “Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formamas ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-semutuamente, chamava-se, nessetempo - O Canto dos Meirinhos- e bem lhe assentava o nome, porqueera aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe. (...) Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se, porém,do negócio, eviera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, eque exercia, como dissemos, desdetempos remotos. Mas viera com ele, no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da Hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e bonitona. (...) Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria sorriu-se, como envergonhada do gracejo edeu-lhe também, em ar de disfarce, umtremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra; levaramo resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-sea mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem, desta vez, umpouco mais fortes; e no dia seguinte estavamos dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
  • 5. José de Alencar (1829 – 1877) • José de Alencar foium romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. • Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica. • Escreveuo primeiro romance histórico de nossaliteratura : “As Minas de Prata”. Escreveuainda: “AGuerra dos Mascates”,narrativa da famosa revolução de 1710. • Sua prosa indianista o celebrizou, com os livros: O Guarani, Lucíolae Ubirajara. • Entre os romances regionalistas destacam-se “OSertanejo” , “Til” e “O Gaúcho”, reproduzindo costumestípicose folclóricos dessas regiões. • Os romances urbanos caracterizam a Corte e o meio social carioca do Segundo Reinado,como:“A Viuvinha”, “Senhora”,“Lucíola” , “Diva” e “Encarnação”.
  • 6. OS Perfis femininos de José de Alencar
  • 7. Lucíola – 1862 • O livro Lucíola, de José de Alencar, é narrado através de Paulo, personagem que se torna narrador para contar à Sr.ª G.M. o romance que viveu com uma cortesã chamada Lúcia. • Em 1855, Paulo chega ao Rio de Janeiro e vê pela primeira vez Lúcia. Sem conhecer sua verdadeira vida, apaixona-se à primeira vista, pois enxerga nela uma encantadora menina. Essa impressão desfaz-se na Festa da Glória, onde Sá, representante dos valores e preconceitos da sociedade, apresenta-a como uma mulher bonita e não como uma senhora. A partir de então, Paulo começa a visitar Lúcia em sua casa. • Para Lúcia, Paulo é o caminho para chegar à salvação. Na tentativa de se afastar da sociedade e deixar definitivamente a vida de cortesã para trás, muda-se para uma casa mais simples no interior junto com sua irmã mais nova, Ana. Nesse momento, não existe mais o amor carnal entre Paulo e Lúcia. Há um amor espiritual – Lúcia chega até a fingir que estava doente para não mais haver contato. É nesse momento que conta o verdadeiro motivo que a levou à vida de cortesã. • A redenção de Lúcia culmina com a descoberta de sua gravidez e não aceitação dela. Lúcia acredita que seu corpo é sujo e por isso não é capaz de gerar um filho. Morre em um processo de aborto . Paulo, atendendo a um pedido seu, cuida de Ana até que ela se case.
  • 8. Veja o desfecho de Lucíola “Há seis anos que ela me deixou; mas eu recebi a sua alma, que me acompanhará eternamente. Tenho-a tão viva e presente no meu coração, como se ainda a visse reclinar-se meiga para mim. Há dias no ano e horas no dia que ela sagrou com a sua memória, e lhe pertencem exclusivamente. Onde quer que eu esteja, a sua alma me reclama e atrai; é forçoso então que ela viva em mim. Há também lugares e objetos onde vagam seus espíritos; não os posso ver sem que o seu amor me envolva como uma luz celeste. Ana casou-se há dois anos. Vive feliz com seu marido, que a ama como ela merece. É um anjo de bondade; e a juventude realçando-lhe as graças infantis, aumentou a sua semelhança com a irmã; porém falta-lhe aquela irradiação intima de fogo divino. Almas como as de Lúcia, Deus não as dá duas vezes à mesma família, nem as cria aos pares, mas isoladas como os grandes astros destinados a esclarecer uma esfera. Cumpri a vontade de minha Lúcia; tenho servido de pai a essa menina; com a sua felicidade paguei um óbolo de minha gratidão à doce amiga que tanto amou-me. Estas páginas foram escritas unicamente para a senhora. Vazei nelas toda a minha alma para lhe transmitir um perfume da mulher sublime, que passou na minha vida como sonho fugace. Creio que não o consegui; por isso fecho aqui alguns fios da trança de cabelos, que cortei no momento de dizer o último adeus à sua imagem querida. Há nos cabelos da pessoa que se ama não sei que fluido misterioso, que comunica com o nosso espírito. A senhora há de amar Lúcia, tenho a certeza; talvez pois aquela relíquia, ainda impregnada de seiva e fragrância da criatura angélica, lhe revele o que eu não pude exprimir.”
  • 9. Diva- 1864 • A protagonista Emília, personagem central do romance, é uma jovem mimada, filha de um rico capitalista do Rio de Janeiro. Busca incansavelmente um marido mais interessado em amor que em dinheiro. Em Diva, José de Alencar, tem um narrador, Amaral, que conta toda as suas aventuras romanescas com Emília, para Paulo, o personagem que Lúcia amou, em Lucíola. A história do médico Amaral e Mila é apresentada por Paulo. "Foi em março de 1856. Havia dois meses que eu tinha perdido a minha Lúcia. Sentia a necessidade de dar ao calor da família uma nova têmpera à minha alma usada pela dor. Parti para o Recife. A bordo encontrei o Dr. Amaral, que vira algumas vezes nas melhores salas da Corte. Formado em medicina, ele ia a Paris fazer o estádio quase obrigatório dos jovens médicos brasileiros. [...] Um belo dia, recebi uma carta de Amaral; envolvia um volumoso manuscrito, que é o que lhe envio agora, um retrato ao natural, a que a senhora dará como ao outro, a graciosa moldura". • Na história, a heroína fica dividida e confusa frente ao amor de Augusto Amaral. (que, médico, salvou sua vida quando ela era só uma pré-adolescente feia) Ele e Emília ficam ,assim, presos em jogos de amor, amizade e desprezo que são por vezes infantis e outras, humilhantes. Augusto se declara, Emília diz não amá-lo. • Por fim, Augusto renega seu amor, Emília declara também amar. Augusto percebe ainda ter sentimentos e eles vivem felizes para sempre, num romance que segue ao pé da letra o estilo folhetim: heróis perfeitos, um obstáculo para o amor (a dúvida de Emília) e um final feliz no último instante.
  • 10. Veja o desfecho de Diva • “Achei Emília sentada em uma cadeira, absorta em seu enlevo. Vendo-me, toda essa bela criatura assumiu-se num só e inefável sorriso para cair aos meus pés, difundindo sua alma nestas palavras impetuosas: —Eu te amo, Augusto! Depois continuou repetindo uma e muitas vezes a mesma frase, como se estudasse uma modulação de voz que pudesse exprimir quanto havia de sublime naquele grito d'alma. —Sim! Eu te amo!... Eu te amo!... Eram as notas da celeste harmonia que seu coração vibrava, como o rouxinol canta na primavera e as harpas eólias ressoam ao sopro de Deus. Quando ela desafogou sua alma desta exuberância da paixão, falei-lhe : —Mas reflita, Emília. A que nos levará esse amor? —Não sei!... respondeu-me com indefinível candura. O que sei é que te amo!... Tu não és só o árbitro supremo de minha alma, és o motor de minha vida, meu pensamento e minha vontade. És tu que deves pensar e querer por mim... Eu?... Eu te pertenço; sou uma 62 cousa tua. Podes conservá-la ou destrui-la; podes fazer dela tua mulher ou tua escrava!... É o teu direito e o meu destino. Só o que tu não podes em mim, é fazer que eu não te ame!... Enfim, Paulo, eu ainda a amava!... Ela é minha mulher.”
  • 11. Senhora - 1874 • A obra Senhora,de José de Alencar é dividida em quatro partes.A primeira delas,nomeadade “O preço do casamento”,começadescrevendo umajovem moçachamada Aurélia, rica e frequentadorade bailes da alta sociedade.Aurélia,sendo órfã e recebedorade uma grande fortuna, estava sempre acompanhada de sua parenta D. Firmina e acreditava que todos só se interessavam por ela por causa de sua beleza e do seu dinheiro. Em um baile de costume,Aurélia começoua se questionar sobre sua educação e seu destino. Escreveuuma carta ao Sr. Lemos,dando-lhe a missão de arrumar seu casamento com o atual noivo de Adelaide Amaral, o Fernando Seixas. • Na segundaparte, chamada “Quitação”,é contada a história de Aurélia. D. Emília era sua mãe e Pedro Camargo, seu pai. Pedro era filho bastardo de um rico fazendeiro e casou-se com Emília sem conhecimento de seu pai. Anos depois,acaba morrendo e seu pai não conhece sua neta. D. Emília fica em má situação para criar sua filha. Nesse momento,Seixas se elege como pretendente de Aurélia e assume o compromisso dese casar com ela. Porém, se arrepende por ter se apaixonado por uma moça pobre e órfã e assume compromisso com Adelaide,moçarica na sociedade.Perto de falecer,o avô de Aurélia a procura e deixa para ela toda sua fortuna. • A terceira parte tem como título “Posse”e descreve a rotina de Aurélia e Fernando enquanto casal. Eles vivem uma vida de aparência; desfilam de mãos dadas, trocam carinhos e gentilezas diante de bailes ou de amigos.Mas quando estão sozinhos, trocam palavras ferinas e acusações.Fernando se vê como um escravo de Aurélia, tendo ela como sua dona e a obedece em todos os seus desejos. • Na quarta e última parte, “Resgate”,Fernando passaentão a trabalhar dedicadamente e faz um negócio importante, em que arrecada um valor e devolve para Aurélia todo o dinheiro do dote.Ele então pede o divórcio. Comprovadaa mudança de Fernando,Aurélia lhe mostra o seu testamento escrito no dia do casamento,onde é deixada para Fernando toda sua fortuna e é declarado o seu amor por ele. O casamento então se consuma e os dois se tornam um casal de amantes.
  • 12. Veja o trecho inicial de Senhora: “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão, ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões. Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou- se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram com avidez informações acerca da grande novidade do dia.”
  • 13. Final da Apresentação ProfessoraAna Maria Silva Pacífico