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Roger Bastide, professor da
Universidade de São Paulo
MARIA ISAURA PEREIRA DE QUEIRóZ
R
oger Bastide (1898-1974) chegou ao Brasil em 1938 para ocu-
par a cátedra de Sociologia I, no Departamento de Ciências
Sociais da Universidade de São Paulo deixadavaga pelo profes-
sor Claude Lévi-Strauss; Bastide aqui esteve até 1984, quando partiu
definitivamente para a França onde foi lecionar primeiramente na École
Pratique des Hautes Etudes, 6e Section, hoje École des Hautes Études en
Sciences Socielies; nomeado em seguida para a Universidade de Paris, cá-
tedra de Sociologia, também foi durante mais de dez anos professor no
Institut des Hautes Études de l 'Amérique Latine. Seu regresso para a
França significou, dizia ele, um terrível aumento de trabalho...
Chegou ao Brasil num momento em que a rápida urbanização do
país, e principalmente de São Paulo, fazia nascer problemas variados e
desenvolvia a olhos vistos outros já existentes; tal situação era propícia
à realização de pesquisas de campo. Bastide, porém, não havia ainda
efetuado investigações significativasdesse tipo, como o demonstram os
artigos que publicou de 1921 a 1937 na França; eram análises, reflexões,
comentários sobre a produção dos intelectuais franceses, sociólogos ou
não, e a vasta bibliografia de seus trabalhos mostra-o plenamente
(Bey-Lier, 1977; Dauty, 1978 e 1985); como única exceção, a pesquisa
efetuada sobre os migrantes armênios da cidade de Valence, na França
(Bastide, 1931). Instalado em São Paulo, continuou a publicar inten-
samente em jornais e revistas brasileiros artigos e ensaios sobre a pro-
dução de autores nacionais; alguns artigos tiveram por base a observa-
ção direta de um sociólogo francês sobre a cidade em que viera viver e,
como não podia deixar de ser, comparando-a saborosa e... sociologica-
mente com o que conhecia na França. O primeiro desses artigos data de
1940; mas, antes deste, haviajá publicado no país dez outros... (1). Sua
obra constitui, hoje, material inestimável para se conhecer a produção
sociológica e antropológica nacionais, assim como o desenvolvimento
das letras e das artes.
A contribuição que trouxe às Ciências Sociais brasileiras consti-
tuiu, primeiramente, o precioso elo que estabeleceu entre os sociólogos
nacionais dos primeiros tempos, que vão desde 1870 a 1940 aproxi-
madamente, e os que vieram em seguida à fundação da Universidade de
São Paulo (2), passando pelo Departamento de Ciências Sociais ou pela
Escola Livre de Sociologia e Política, fundada um ano antes. A contri-
buição de seus predecessores ao seu próprio trabalho, ele a reconheceu
na homenagem que lhes rendeu na Introdução de seu extraordinário
trabalho sobre as religiões negras no Brasil, mostrando o quanto apren-
deu com elas (Bastide, 1960). Formou aqui uma primeira turma de
cientistas sociais, cujas obras, voltadas para problemas os mais variados,
revelam uma faceta muito importante do mestre: a liberdade que dava
aos seus alunos.
A ação que desenvolveu foi além da Sociologia, da Antropologia
Social, da Psicologia Social, disciplinas que se aninham sob o título de
Ciências Sociais, estendendo-se à Psicanálisee à Psiquiatria, à Filosofia
e à Moral, chegando à Literatura e às Artes, pois deu diferentes cursos
sobre as relações entre a Sociologia e estes outros ramos do saber, alguns
dos quais, ulteriormente, transformados em livros. Como naquela época
os cursos eram anuais, costumava determinar aos alunos trabalhos de
pesquisa para a nota de aproveitamento, o que os forçava a desenvolver
temas, a colher materiaise analisá-los,a utilizar técnicas pouco conheci-
das.
O vasto leque de seus conhecimentos teóricos operava uma ex-
pansão extraordinária de perspectivas para quem o ouvia, mostrando a
multiplicidade dos pontos de vista e dos sistemas de pensamento dos
diversos autores de variadas correntes e de muitos países: as diferenças
entre a Sociologia de Durkheim e a de seu contemporâneo Gastn
Richard, a ampliação trazida por Max Weber ao estudo das sociedades;
as pesquisas de Radcliffe-Brown; Karl Mannheim e o início da Socio-
logia do Conhecimento; as contribuições da Antropologia Cultural
Americana.
Sua influência se estendeu para fora da USP. Alunos de outras
escolas e de outros estados freqüentavam suas aulas como ouvintes.
Cooperação e prestígio ultrapassavam o círculo dos estudiosos das Ciên-
cias Sociais e se estendiam a disciplinasvizinhas.Deu cursos no Hospital
Psiquiátrico do Juqueri; mostrou as convergências entre a Sociologia e
a Psicanálise; deu importantes subsídios para o estudo das relações entre
arte e sociedade. A respeito desta última contribuição, Antonio Cândido
assim se expressa: "Roger Bastide se interessou a fundo pela nossa arte
e pela nossa literatura, tornando-se um crítico militante e um estudioso
que pesou de maneira notável na interpretação de fatos, idéias e obras".
Com artigos, ensaios, resenhas, colaborava constantemente nos jornais,
"registrando livros novos, comentando exposições, debatendo teo-
rias... Sua visão sociológica concorria para a ampliação das interpreta-
ções, sendo um dos raros estudiosos "a usar com segurança e felicidade
essa combinação difícil" da Sociologia e da crítica de Arte (Antonio Cân-
dido, 1993:99 a 104).
Os alunos, os pesquisadores e também os assistentes de qualquer
matéria eram considerados por ele, de maneira inteiramente natural,
como especialistas em graus diferentes de formação, criando um clima
tanto quanto possível igualitário, pois o respeito mútuo entre os indi-
víduos era para ele princípio fundamental que espontaneamente seguia.
Seu respeito pelas preferências do outro era manifesto, sendo muito
visível na liberdade de escolha de temas que deixava aos orientandos,
não exigindo planos preliminares muito detalhados nem programaspre-
cisos de emprego de tempo; mas exigia a apresentação regular de rela-
tórios nutridos com a descrição dos dados colhidos e de seu encadea-
mento, dentro de uma perspectiva essencialmentesociológica. Também
com estudantes e pesquisadores mantinha aquela "reciprocidade iguali-
tária em suas relações" que, segundo Paul Arbousse-Bastide, era uma
característica essencial sua (Arbousse Bastide, 1978:48).
Raramente discutia de forma direta com um orientando o tra-
balho empreendido por este e que lhe era entregue por escrito; lia o
material com muito cuidado, efetuando por escrito as críticas nas
margens do relatório ou em folha avulsa. A explicação dessa maneira de
agir talvez estivesse ligada à surdez que o acometera a qual, a princípio,
procurava esconder; porém, agravando-se o defeito, não poderia dis-
simulá-lo. E muito provável, ainda, que decorresse também de seudifícil
manejo da língua nacional: não conseguiu aprender o português. Pouco
a pouco, foi fabricando um idioma sui generis, mistura curiosa de
francês, latim e provençal, em que surgiam aqui e ali palavras brasileiras.
Quando regressou à França, e até o fim de sua vida, nas aulas e nas
palestras surgiam subitamente termos nacionais afrancesados, deixando
seus ouvintes perplexos; por exemplo. Não foi mais capaz de dizer les
négrillons, dizia invariavelmente osprétinhes; não lhe ocorria mais o
termo porte cochère, saía sempre osportons.... Era uma outra forma de
mostrar o apego ao Brasil.
Henri Desroche, que conheceu Bastide quando de seu regresso à
França, foi quem melhor definiu suas relações com estudantes e orien-
tandos: "Sem o perceber, ia distribuindo dádivas aos que o rodeavam
(...) Era exigente, severo, minucioso em excesso, mas, ao mesmo tempo,
tão cheio de sugestões, tão diretamente comunicativo, tão dinamizante
que, para o candidato, um exame efetuado por Roger Bastide era cer-
tamente uma provação, mas também continha um outro aspecto hon-
roso e alegre, e saía sentindo-se tranqüilizado, reconfortado, estimulado
(...) E muitas vezes (...) pude me dar conta do valor de sua contribuição,
um valor a que se conjugavama simplicidade, a pertinência, a sutileza..."
(Desroche, 1978:73).
Desenvolveu relações de amizade com intelectuais dos mais di-
versos pontos do país, que o consultavam e sobre cujos livros publicou
resenhas. Um estudo das cartas de estudantes e colegas brasileiros rece-
bidas por Roger Bastide, antes e depois de seu retorno à França, reve-
laria a amplitude de sua influência sobre os pesquisadores nacionais e de
variadas disciplinas. Aliás, o regresso à França não diminuiuseu grande
interesse pelo povo e pelos problemas do Brasil; um lançar d'olhos para
a abundante produção de livros e artigos a partir de 1954 —ano em que
partiu definitivamente de regresso à pátria —comprovam plenamente
esta asserção (Beylier, 1977; Dauty, 1985 e 1989).
Diante do valor de sua contribuição e da variedade da mesma,
diante de tantos anos em que buscou ir cada vez mais a fundo na com-
preensão do Brasil, é comum a pergunta dos franceses: teria ele feito
escola aqui? Para responder, há que se buscar o significado desta expres-
são. Segundo o Pequeno Dicionário Brasileiro, quer ela dizer sistema con-
junto de adeptos de um mestre (Holanda Ferreira, 1960:486), isto é,
significa reunir em torno de si adeptos que só admitemcomo valido o
que afirma o mestre; ora, Bastideimpossibilitava tal maneira de agir, tal
o seu respeito pelo outro. De acordo com o Petit Larousse, significa ter
muitos imitadores (Petit Larousse), 1962:348); mas a existênciade co-
piadores era impossível, Bastideerainimitável.
Um grandeamigo seu e guia nos diversostemplos afro-brasileiros
da Bahia, Pierre Verger, francês inteiramente abrasileirado,descreveu-
lhe as qualidades fundamentais; Bastideera "antes de tudo um homem
que sabia se pôr no lugar dos outros e compreender os pontos de vista
deles. Tinha rara facilidade para raciocinarcom os argumentos de seus
interlocutores e ver as coisas com os olhos destes, fosse qual fosse a
estranheza que ressentisse e, o que não prejudicava em nada as coisas,
sabia secolocar na posição do outro de maneira fina esaborosa"(Verger,
1978:52). Não é de estranhar que,por onde tenha andado no Brasil,
deixasse viva a sua imagem e, entre os pesquisadores que trabalharam
sob sua direção, um profundosentimento de saudade, essa mágua nos-
tálgica banhada de afeição tão caracteristicamente brasileira...
Notas
1 Aqualidade, a quantidade, a variedade dos livros, artigos e resenhas é verdadeiramente
extraordinária, segundo mostram as bibliografías existentes: Beylier, 1977, especial-
mente para o Brasil; Dauty, 1978 e 1985; Trindade, 1985.
2 Roger Bastide pertencia àgeração dosautodidatas emCiências Sociais da França, pois só
a partir da década de 1950 teve esse país uma formaçãoespecial para tal área; anterior-
mente, a Sociologia era umadisciplina constante dos cursos de Filosofia e de Moral. No
Brasil, a formação específica se inaugurou em 1933 com a Escola Livre de Sociologia e
Política e, em 1934, como Departamento de Ciências Sociais, da USP.
Referências bibliográficas
ANTÔNIO CANDIDO. Recortes. S. Paulo, Companhia das Letras, 1933.
ARBOUSSE-BASTIDE, Paul. Mon ami Roger Bastide. S. Paulo, Revista doInstituto de
Estudos Brasileiros, USP, n. 20,1978.
BASTIDE, Roger —Les arméniens de Valence. Paris, RevueInternationale de Sociologie, v.
39,n. 1-2,1931.
BEYLIER, Charles - L'OeuvreBrésilienne deRogerBastide Paris, Thèse dedoctorat de3e
cycle, École dês Hautes Ètudes en Sciences Sociales, 1960 (xerox).
DAUTY, Denise. Roger Bastide, bibliographie, 1921-1974. Paris, Cahiers d'anthropologie,
numéro spécial, 1978.
. Roger Bastide et lenouvel humanisme. Paris, thèsede doctorat de 3e cycle,Ècole
des Hautes Ètudes en Sciences Sociales, 1985 (xerox).
DESROCHE, Henri. Roger Bastide. L'homme et son oeuvre. S. Paulo, Revista doInsti-
tuto deEstudos Brasileiros, USP, n. 20,1978.
HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque. Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Por-
tuguesa. 10ª ed.,Rio de Janeiro, CivilizaçãoBrasileira, 1960.
TRINDADE, Liana Mª Salvia. A produção intelectual deRogerBastide.Análise documentária
e indexação. S. Paulo, Centro de Estudos de Sociologia da Arte, USP,1985 (xerox).
PETIT LAROUSSE - Paris, Librairie Larousse, 12ª ed., 1962
VERGER, Pierre. Roger Bastide. S. Paulo, Revista doInstituto deEstudos Brasileiros, SP, n.
20,1978.
Maria Isaura Pereira deQueiroz é professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas daUSP.

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Roger Bastide, professor francês da USP

  • 1. Roger Bastide, professor da Universidade de São Paulo MARIA ISAURA PEREIRA DE QUEIRóZ R oger Bastide (1898-1974) chegou ao Brasil em 1938 para ocu- par a cátedra de Sociologia I, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo deixadavaga pelo profes- sor Claude Lévi-Strauss; Bastide aqui esteve até 1984, quando partiu definitivamente para a França onde foi lecionar primeiramente na École Pratique des Hautes Etudes, 6e Section, hoje École des Hautes Études en Sciences Socielies; nomeado em seguida para a Universidade de Paris, cá- tedra de Sociologia, também foi durante mais de dez anos professor no Institut des Hautes Études de l 'Amérique Latine. Seu regresso para a França significou, dizia ele, um terrível aumento de trabalho... Chegou ao Brasil num momento em que a rápida urbanização do país, e principalmente de São Paulo, fazia nascer problemas variados e desenvolvia a olhos vistos outros já existentes; tal situação era propícia à realização de pesquisas de campo. Bastide, porém, não havia ainda efetuado investigações significativasdesse tipo, como o demonstram os artigos que publicou de 1921 a 1937 na França; eram análises, reflexões, comentários sobre a produção dos intelectuais franceses, sociólogos ou não, e a vasta bibliografia de seus trabalhos mostra-o plenamente (Bey-Lier, 1977; Dauty, 1978 e 1985); como única exceção, a pesquisa efetuada sobre os migrantes armênios da cidade de Valence, na França (Bastide, 1931). Instalado em São Paulo, continuou a publicar inten- samente em jornais e revistas brasileiros artigos e ensaios sobre a pro- dução de autores nacionais; alguns artigos tiveram por base a observa- ção direta de um sociólogo francês sobre a cidade em que viera viver e, como não podia deixar de ser, comparando-a saborosa e... sociologica- mente com o que conhecia na França. O primeiro desses artigos data de 1940; mas, antes deste, haviajá publicado no país dez outros... (1). Sua obra constitui, hoje, material inestimável para se conhecer a produção sociológica e antropológica nacionais, assim como o desenvolvimento das letras e das artes. A contribuição que trouxe às Ciências Sociais brasileiras consti- tuiu, primeiramente, o precioso elo que estabeleceu entre os sociólogos nacionais dos primeiros tempos, que vão desde 1870 a 1940 aproxi-
  • 2. madamente, e os que vieram em seguida à fundação da Universidade de São Paulo (2), passando pelo Departamento de Ciências Sociais ou pela Escola Livre de Sociologia e Política, fundada um ano antes. A contri- buição de seus predecessores ao seu próprio trabalho, ele a reconheceu na homenagem que lhes rendeu na Introdução de seu extraordinário trabalho sobre as religiões negras no Brasil, mostrando o quanto apren- deu com elas (Bastide, 1960). Formou aqui uma primeira turma de cientistas sociais, cujas obras, voltadas para problemas os mais variados, revelam uma faceta muito importante do mestre: a liberdade que dava aos seus alunos. A ação que desenvolveu foi além da Sociologia, da Antropologia Social, da Psicologia Social, disciplinas que se aninham sob o título de Ciências Sociais, estendendo-se à Psicanálisee à Psiquiatria, à Filosofia e à Moral, chegando à Literatura e às Artes, pois deu diferentes cursos sobre as relações entre a Sociologia e estes outros ramos do saber, alguns dos quais, ulteriormente, transformados em livros. Como naquela época os cursos eram anuais, costumava determinar aos alunos trabalhos de pesquisa para a nota de aproveitamento, o que os forçava a desenvolver temas, a colher materiaise analisá-los,a utilizar técnicas pouco conheci- das. O vasto leque de seus conhecimentos teóricos operava uma ex- pansão extraordinária de perspectivas para quem o ouvia, mostrando a multiplicidade dos pontos de vista e dos sistemas de pensamento dos diversos autores de variadas correntes e de muitos países: as diferenças entre a Sociologia de Durkheim e a de seu contemporâneo Gastn Richard, a ampliação trazida por Max Weber ao estudo das sociedades; as pesquisas de Radcliffe-Brown; Karl Mannheim e o início da Socio- logia do Conhecimento; as contribuições da Antropologia Cultural Americana. Sua influência se estendeu para fora da USP. Alunos de outras escolas e de outros estados freqüentavam suas aulas como ouvintes. Cooperação e prestígio ultrapassavam o círculo dos estudiosos das Ciên- cias Sociais e se estendiam a disciplinasvizinhas.Deu cursos no Hospital Psiquiátrico do Juqueri; mostrou as convergências entre a Sociologia e a Psicanálise; deu importantes subsídios para o estudo das relações entre arte e sociedade. A respeito desta última contribuição, Antonio Cândido assim se expressa: "Roger Bastide se interessou a fundo pela nossa arte e pela nossa literatura, tornando-se um crítico militante e um estudioso que pesou de maneira notável na interpretação de fatos, idéias e obras". Com artigos, ensaios, resenhas, colaborava constantemente nos jornais, "registrando livros novos, comentando exposições, debatendo teo-
  • 3. rias... Sua visão sociológica concorria para a ampliação das interpreta- ções, sendo um dos raros estudiosos "a usar com segurança e felicidade essa combinação difícil" da Sociologia e da crítica de Arte (Antonio Cân- dido, 1993:99 a 104). Os alunos, os pesquisadores e também os assistentes de qualquer matéria eram considerados por ele, de maneira inteiramente natural, como especialistas em graus diferentes de formação, criando um clima tanto quanto possível igualitário, pois o respeito mútuo entre os indi- víduos era para ele princípio fundamental que espontaneamente seguia. Seu respeito pelas preferências do outro era manifesto, sendo muito visível na liberdade de escolha de temas que deixava aos orientandos, não exigindo planos preliminares muito detalhados nem programaspre- cisos de emprego de tempo; mas exigia a apresentação regular de rela- tórios nutridos com a descrição dos dados colhidos e de seu encadea- mento, dentro de uma perspectiva essencialmentesociológica. Também com estudantes e pesquisadores mantinha aquela "reciprocidade iguali- tária em suas relações" que, segundo Paul Arbousse-Bastide, era uma característica essencial sua (Arbousse Bastide, 1978:48). Raramente discutia de forma direta com um orientando o tra- balho empreendido por este e que lhe era entregue por escrito; lia o
  • 4. material com muito cuidado, efetuando por escrito as críticas nas margens do relatório ou em folha avulsa. A explicação dessa maneira de agir talvez estivesse ligada à surdez que o acometera a qual, a princípio, procurava esconder; porém, agravando-se o defeito, não poderia dis- simulá-lo. E muito provável, ainda, que decorresse também de seudifícil manejo da língua nacional: não conseguiu aprender o português. Pouco a pouco, foi fabricando um idioma sui generis, mistura curiosa de francês, latim e provençal, em que surgiam aqui e ali palavras brasileiras. Quando regressou à França, e até o fim de sua vida, nas aulas e nas palestras surgiam subitamente termos nacionais afrancesados, deixando seus ouvintes perplexos; por exemplo. Não foi mais capaz de dizer les négrillons, dizia invariavelmente osprétinhes; não lhe ocorria mais o termo porte cochère, saía sempre osportons.... Era uma outra forma de mostrar o apego ao Brasil. Henri Desroche, que conheceu Bastide quando de seu regresso à França, foi quem melhor definiu suas relações com estudantes e orien- tandos: "Sem o perceber, ia distribuindo dádivas aos que o rodeavam (...) Era exigente, severo, minucioso em excesso, mas, ao mesmo tempo, tão cheio de sugestões, tão diretamente comunicativo, tão dinamizante que, para o candidato, um exame efetuado por Roger Bastide era cer- tamente uma provação, mas também continha um outro aspecto hon- roso e alegre, e saía sentindo-se tranqüilizado, reconfortado, estimulado (...) E muitas vezes (...) pude me dar conta do valor de sua contribuição, um valor a que se conjugavama simplicidade, a pertinência, a sutileza..." (Desroche, 1978:73). Desenvolveu relações de amizade com intelectuais dos mais di- versos pontos do país, que o consultavam e sobre cujos livros publicou resenhas. Um estudo das cartas de estudantes e colegas brasileiros rece- bidas por Roger Bastide, antes e depois de seu retorno à França, reve- laria a amplitude de sua influência sobre os pesquisadores nacionais e de variadas disciplinas. Aliás, o regresso à França não diminuiuseu grande interesse pelo povo e pelos problemas do Brasil; um lançar d'olhos para a abundante produção de livros e artigos a partir de 1954 —ano em que partiu definitivamente de regresso à pátria —comprovam plenamente esta asserção (Beylier, 1977; Dauty, 1985 e 1989). Diante do valor de sua contribuição e da variedade da mesma, diante de tantos anos em que buscou ir cada vez mais a fundo na com- preensão do Brasil, é comum a pergunta dos franceses: teria ele feito escola aqui? Para responder, há que se buscar o significado desta expres- são. Segundo o Pequeno Dicionário Brasileiro, quer ela dizer sistema con- junto de adeptos de um mestre (Holanda Ferreira, 1960:486), isto é,
  • 5. significa reunir em torno de si adeptos que só admitemcomo valido o que afirma o mestre; ora, Bastideimpossibilitava tal maneira de agir, tal o seu respeito pelo outro. De acordo com o Petit Larousse, significa ter muitos imitadores (Petit Larousse), 1962:348); mas a existênciade co- piadores era impossível, Bastideerainimitável. Um grandeamigo seu e guia nos diversostemplos afro-brasileiros da Bahia, Pierre Verger, francês inteiramente abrasileirado,descreveu- lhe as qualidades fundamentais; Bastideera "antes de tudo um homem que sabia se pôr no lugar dos outros e compreender os pontos de vista deles. Tinha rara facilidade para raciocinarcom os argumentos de seus interlocutores e ver as coisas com os olhos destes, fosse qual fosse a estranheza que ressentisse e, o que não prejudicava em nada as coisas, sabia secolocar na posição do outro de maneira fina esaborosa"(Verger, 1978:52). Não é de estranhar que,por onde tenha andado no Brasil, deixasse viva a sua imagem e, entre os pesquisadores que trabalharam sob sua direção, um profundosentimento de saudade, essa mágua nos- tálgica banhada de afeição tão caracteristicamente brasileira... Notas 1 Aqualidade, a quantidade, a variedade dos livros, artigos e resenhas é verdadeiramente extraordinária, segundo mostram as bibliografías existentes: Beylier, 1977, especial- mente para o Brasil; Dauty, 1978 e 1985; Trindade, 1985. 2 Roger Bastide pertencia àgeração dosautodidatas emCiências Sociais da França, pois só a partir da década de 1950 teve esse país uma formaçãoespecial para tal área; anterior- mente, a Sociologia era umadisciplina constante dos cursos de Filosofia e de Moral. No Brasil, a formação específica se inaugurou em 1933 com a Escola Livre de Sociologia e Política e, em 1934, como Departamento de Ciências Sociais, da USP. Referências bibliográficas ANTÔNIO CANDIDO. Recortes. S. Paulo, Companhia das Letras, 1933. ARBOUSSE-BASTIDE, Paul. Mon ami Roger Bastide. S. Paulo, Revista doInstituto de Estudos Brasileiros, USP, n. 20,1978. BASTIDE, Roger —Les arméniens de Valence. Paris, RevueInternationale de Sociologie, v. 39,n. 1-2,1931. BEYLIER, Charles - L'OeuvreBrésilienne deRogerBastide Paris, Thèse dedoctorat de3e cycle, École dês Hautes Ètudes en Sciences Sociales, 1960 (xerox). DAUTY, Denise. Roger Bastide, bibliographie, 1921-1974. Paris, Cahiers d'anthropologie, numéro spécial, 1978.
  • 6. . Roger Bastide et lenouvel humanisme. Paris, thèsede doctorat de 3e cycle,Ècole des Hautes Ètudes en Sciences Sociales, 1985 (xerox). DESROCHE, Henri. Roger Bastide. L'homme et son oeuvre. S. Paulo, Revista doInsti- tuto deEstudos Brasileiros, USP, n. 20,1978. HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque. Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Por- tuguesa. 10ª ed.,Rio de Janeiro, CivilizaçãoBrasileira, 1960. TRINDADE, Liana Mª Salvia. A produção intelectual deRogerBastide.Análise documentária e indexação. S. Paulo, Centro de Estudos de Sociologia da Arte, USP,1985 (xerox). PETIT LAROUSSE - Paris, Librairie Larousse, 12ª ed., 1962 VERGER, Pierre. Roger Bastide. S. Paulo, Revista doInstituto deEstudos Brasileiros, SP, n. 20,1978. Maria Isaura Pereira deQueiroz é professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas daUSP.