UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
Rev ebd jovens 4º trimestre - 2017
1. L i ç õ e s B í b l i c a s
4º trimestre 2017
Seguidores
de CristoTestemunhando numa Sociedade em Ruínas
Professor
cpad.com.br
Professor
cpad.com.br
2358-8136
2. Professor
cpad.com.br
Lição 1
Relevantes como o sal, resplandecentes como a luz 3
Lição 2
A cosmovisão cristã em um mundo de vãs ideologias 10
Lição 3
O problema da fome no mundo contemporâneo 17
Lição 4
O cristão diante da pobreza e da desigualdade social 23
Lição 5
Refugiados: um problema da atualidade? 30
Lição 6
Lidando com o preconceito e a discriminação 37
Lição 7
Política e corrupção na perspectiva cristã 44
Lição 8
A resposta cristã para a violência urbana 51
Lição 9
Em tempos de violência cibernética 58
Lição 10
Os perigos e as oportunidades das redes sociais 64
Lição 11
Sabedoria divina para interagir com os meios de comunicação 72
Lição 12
A educação secular em tempos trabalhosos 80
Lição 13
E agora, como viveremos na sociedade de consumo? 87
Lição 14
A importância do ensino cristão no mundo atual 92
SEGUIDORES DE CRISTO
Testemunhando numa Sociedade em Ruínas
Comentarista: Valmir Nascimento 4º trimestre 2017
4º trimestre 2017
3. CASA PUBLICADORA DAS
ASSEMBLEIAS DE DEUS
Comunique-se com a editora da
revista de Jovens
Por carta: Av. Brasil, 34.401 - Bangu
CEP: 21852-002 - Rio de Janeiro/RJ
Por e-mail: telma.bueno@cpad.com.br
SEGUIDORES DE CRISTO
Testemunhando numa
Sociedade em Ruínas
Neste trimestre, estudaremos a
relevância de sermos “sal” e “luz” nesse
tempo. Fomos salvos por Cristo para
fazer a diferença na vida das pessoas
que estão precisando do socorro e da
ajuda da Igreja: são os refugiados, os
desvalidos que sofrem com a fome
e a miséria, vítimas de preconceito
e violência, etc. Como discípulos de
Cristo, precisamos revelar a nossa fé a
estes, fazer a diferença em suas vidas
e ser “sal fora do saleiro”.
Jesus, no célebre Sermão do Mon-
te, enfatizou que nós, seus discípulos
somos sal e luz nesta Terra (Mt 5.13-16).
Esta responsabilidade não é somente
para a liderança da igreja, mas é nossa.
Ela tem ecoado em sua vida?
Estamos vivendo dias difíceis, um
tempo de caos político, econômico,
ético e social sem precedentes em
nossa nação e no mundo. Um tempo
de aflição e desigualdades. Mas, não
podemos nos intimidar, precisamos
continuar levantando a bandeira de
Cristo, trazendo equilíbrio e luz para
a nossa nação e o mundo. Fomos
chamados, como Igreja, para fazer a
diferença.
Que Deus o abençoe.
Até o próximo trimestre.RIO DE JANEIRO
CPAD Matriz
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DA REDAÇÃO
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Comentarista
Valmir Nascimento
Redatora
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4. JOVENS 3
RELEVANTES COMO O
SAL, RESPLANDECENTES
COMO A LUZ
SÍNTESE
O viver cristão autêntico é
capaz de fazer uma diferença
substancial na sociedade, não
por meio de palavras, mas
através de ações verdadeiras.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Mc 9.49
Salgados com fogo
TERÇA – Pv 4.18
A vereda dos justos brilha
QUARTA – Jo 1.7
Dando testemunho da luz
QUINTA – Jo 1.9
A luz que ilumina todos os
homens
SEXTA – Jo 8.12
A luz dissipa as trevas
SÁBADO – Tg 1.17
Deus, o Pai das Luzes
LIÇÃO
101/10/2017
TEXTO DO DIA
“Assim resplandeça a vossa
luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas
obras e glorifiquem o vosso
Pai, que está nos céus.”
(Mt 5.16)
5. 4 JOVENS
Prezado(a) professor(a), enquanto educadores, temos a nobre
tarefa de preparar a juventude cristã para viver como sal e
luz em um mundo caído, onde impera o engano, a violência,
a injustiça e muitos outros tipos de maldades que brotam
do coração humano. Nesta aula introdutória, apresente aos
alunos a síntese do conteúdo da revista, enfatizando – com
base no sumário – os temas que trabalharemos ao longo do
trimestre. Explore nesta aula inaugural o conceito de rele-
vância e integridade da fé cristã. Ao final da lição, os jovens
devem estar cônscios de que a espiritualidade cristã, inclusive
da vertente pentecostal, pode ser útil para a sociedade, caso
o povo de Deus viva integralmente o Evangelho e aplique os
princípios bíblicos a todas as esferas da sociedade.
Tenha um trimestre proveitoso e abençoador!
Estamos iniciando uma nova lição da Escola Bíblica Domi-
nical sob o título “Seguidores de Cristo: Testemunhando
numa Sociedade em Ruínas”. As aulas deste trimestre serão
desafiadoras, pois teremos a oportunidade de aprender e
discutir a respeito dos diversos temas que emergem na
sociedade contemporânea. Falaremos sobre questões nacio-
nais, internacionais, políticas, econômicas e muitos outros
assuntos que fazem parte do nosso cotidiano, a respeito dos
quais somos chamados a dar respostas contundentes à luz
das Escrituras e das convicções cristãs.
Aproveite estas lições para instigar os alunos a serem relevan-
tes e resplandecentes nesses tempos trabalhosos (2 Tm 3.1).
“Fazer a diferença” não pode ser um mero bordão religioso,
e sim o resultado do efetivo testemunho cristão.
O comentarista das lições, Valmir Nascimento, é ministro do
evangelho, jurista, mestre em Teologia, professor universitário,
colunista do portal CPAD News e escritor. Ele é membro da
Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
• RECONHECER o poder do Evangelho para transformar a
realidade social;
• EXPLICAR o que significa o cristão ser o “sal da terra”;
• SABER o sentido de ser “luz do mundo”.
6. JOVENS 5
2. Comissão cultural. Depreendemos
da declaração de Jesus que ser sal e luz
não é mera faculdade conferida à sua
Igreja, é imperativo. Além da Grande
Comissão (Mc 16.15), pela qual a comu-
nidade cristã recebeu a incumbência de
proclamar o evangelho e fazer discípulos,
foi-nos outorgada também a comissão
cultural – a chamada para salgar e ilu-
minar a cultura do mundo. Isso significa
tanto confrontar as culturas que se
opõem ao evangelho, quanto produzir
cultura de qualidade, para exaltação do
nome do Senhor. Tal determinação está
em sintonia com o mandamento que o
I – COMISSIONADOS PARA
TRANSFORMAR O MUNDO
1. A riqueza da metáfora. No contexto
do Sermão da Montanha, logo após falar
sobre as beatitudes, Jesus declarou que
os seus discípulos são o “sal da terra” e
a “luz do mundo” (Mt 5.13-16). Ensinador
por excelência, o Mestre valeu-se de
metáfora, extraída das práticas comuns à
vida, para transmitir um rico ensinamento
a respeito do testemunho cristão no
ambiente social. A alegoria empregada
nos fala sobre um aspecto essencial da
missão da Igreja na Terra: a sua presença
ativa e transformadora na sociedade.
INTRODUÇÃO
Jesus foi contundente ao dizer que os seus discípulos eram o sal da terra
e a luz do mundo (Mt 5.13-16). Passados mais de dois mil anos após o
Mestre proferir essa majestosa declaração, a responsabilidade que dela
se extrai continua a ecoar sobre a vida dos seus seguidores. No decorrer
deste trimestre, estudaremos a respeito de vários temas que evocam a
aplicação dessa alegoria. Vivendo em tempos de caos, em meio a injusti-
ças, desigualdades e conflitos, a Igreja é chamada a fazer a diferença e a
testemunhar, diante dos homens, a relevância da fé cristã.
Nesta primeira lição, aprenderemos acerca do comissionamento que re-
cebemos do Senhor para fazermos a diferença no mundo, mesmo dentro
de uma cultura decadente.
COMENTÁRIO
TEXTO BÍBLICO
15 nem se acende a candeia e se coloca
debaixo do alqueire, mas, no velador,
e dá luz a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai,
que está nos céus.
Mateus 5.13-16
13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for
insípido, com que se há de salgar?
Para nada mais presta, senão para se
lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode
esconder uma cidade edificada sobre
um monte;
7. 6 JOVENS
Criador deu ao primeiro casal para su-
jeitar a terra e dominar sobre as demais
criaturas (Gn 1.28). Surge daí a responsa-
bilidade ética e espiritual de cuidarmos
da criação de Deus de maneira zelosa,
o que compreende aplicar os valores e
princípios bíblicos em todos os setores
da sociedade.
3. O poder impactante do Evange-
lho em tempos sombrios. Apesar de
vivermos em uma cultura decadente,
caótica e sombria, o povo de Deus é
capaz de testemunhar a graça divina e
transformar a realidade social, política
e econômica da presente era. Tal trans-
formação se dá primeiramente com a
correta compreensão de que o mundo
jaz no maligno (1 Jo 5.19), mas não lhe
pertence. O deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos (2 Co 4.4).
O Inimigo de Deus, depois da Queda,
intrometeu-se na Criação e agora tenta
subjulgá-la. Entretanto, com a morte e a
ressurreição de Jesus Cristo, o Criador
contra-atacou mostrando que intervém
e que tem o controle da História. Além
disso, Ele nos comissionou para fazer
a sua obra. Assim vivendo a dimensão
presente do Reino, o povo de Deus pode
influenciar o mundo com o poder do
evangelho (Rm 1.16).
Pense!
A verdade do Evangelho não está
confinada ao ambiente da Igreja.
Ela abrange cada centímetro do
universo.
Ponto Importante
Apesar de vivermos em uma cultura
decadente, caótica e sombria, o povo
de Deus é capaz de testemunhar a
graça divina e transformar a reali-
dade social, política e econômica da
presente era.
II – RELEVANTES COMO O SAL
1. “Vocês são o sal da terra”. O sal é
um elemento útil na culinária. Podemos
usá-lo tanto para dar sabor quanto para
conservar os alimentos. Ao dizer que
os discípulos são o sal da terra, Jesus
destaca o papel relevante que podemos
exercer em seu nome na sociedade.
Quando o evangelho é pregado e vivido
em toda a sua pureza, a Igreja torna-se
o tempero gracioso para um mundo
decadente (Ef 3.10,11; 1 Pe 2.9).
Imagine como seria a história da
humanidade sem o tempero dos cren-
tes sobre a face da terra? Através dos
séculos, encontramos vários exemplos
da influência transformadora da Igreja
no mundo: a Reforma Protestante foi
um marco divisor da história mundial; o
Avivamento Wesleyano do Século XVIII
afetou poderosamente a história e a
cultura britânica; o Avivamento Pente-
costal moderno iniciado na Rua Azusa
tem promovido, até hoje, resultados
extraordinários para a civilização. Todos
esses eventos demonstram que Deus se
importa com a história e nela intervém
com a sua soberana vontade.
2. Cadê o sabor do sal que estava
aqui? “E se o sal for insípido, com que
se há de salgar? Para nada mais presta
senão para se lançar fora, e ser pisado
pelos homens” (v. 13). Aqui o Mestre
adverte do perigo de se perder a es-
sência do sal. Quando possui sabor,
o cristianismo é realmente útil para
atender às diversas necessidades do
homem. Porém, insípido, se resume à
mera religiosidade formal, inútil para pro-
mover qualquer mudança. Guarda-nos,
Deus, de perdemos o sabor de Cristo
em nossas vidas, tornando-nos servos
inúteis (Mt 25.30) ou árvores infrutíferas
8. JOVENS 7
(Jo 15.1). Devemos estar temperados
com a graça!
3. Não confunda! Não é correto
associar relevância social da Igreja
com o seu crescimento numérico, pois
nem sempre quantidade representa
qualidade espiritual. Se o aumento da
população evangélica não for fruto de
genuíno avivamento pela Palavra, não
haverá testemunho público impactante.
Por outro lado, mesmo em pequena
quantidade, cristãos comprometidos
com o Reino fazem a diferença onde
estiverem, assim como ocorreu com a
Igreja Primitiva. Apesar de ser minoria,
cheios do Espírito Santo, os crentes do
primeiro século davam grande testemu-
nho da fé em Cristo (At 4.33).
Relevância também não significa
ativismo social e político dos crentes. A
utilidade cristã na esfera pública ocorre
de maneira natural, como consequência
da vivência contínua e duradoura dos
discípulos sob o senhorio de Cristo.
Afinal, a Igreja não é uma organização,
é um organismo vivo (1 Co 12.12)!
Cabe realçar, por fim, que a busca por
relevância social jamais pode nos fazer
esquecer da vocação evangelística da
Igreja (Lc 9.2; 1 Co 9.16). A transformação
social somente ocorre após a redenção
das pessoas a Cristo!
Pense!
Na perspectiva cristã, não existe
transformação social sem trans-
formação individual.
Ponto Importante
Não é adequado associar rele-
vância social da igreja com o seu
crescimento numérico, pois nem
sempre quantidade representa
qualidade espiritual.
III – RESPLANDECENTES COMO
A LUZ
1. Devemos ser como “astros” no
mundo. Na Física, luz é uma onda ele-
tromagnética. Mas, fique tranquilo. Certa-
mente não era sobre isso queJesus estava
se referindo quando disse que os seus
discípulos são a luz do mundo. O Mestre
tinha em mente a função iluminadora,
resplandecente da luz. O princípio aqui
aduzido é de que a comunidade cristã é
o luzeiro moral e espiritual de Deus neste
mundo tenebroso. Em meio às trevas
morais que empalidecem e ofuscam a
vida contemporânea, a Igreja faz raiar o
brilho da esperança. Com efeito, nosso
compromisso com Cristo deve nos levar
a viver de uma maneira tal que sirva
de modelo para as demais pessoas. O
apóstolo Paulo expressou essa verdade
ao dizer que devemos ser “irrepreensíveis
e sinceros, filhos de Deus inculpáveis,
no meio de uma geração corrompida e
perversa, entre a qual resplandecemos
como astros no mundo” (Fp 2.15).
2. Não esconda a sua luz! Para cum-
prir a sua finalidade, a lâmpada não
pode ficar escondida. Ela precisa ser
posta em local propício para que suas
ondas se propaguem em todas as di-
reções. Igualmente, os filhos de Deus
são chamados a reluzir amplamente,
fazendo-se notar em todos os seg-
mentos. Ao restringirmos a dimensão
da nossa espiritualidade somente aos
limites da Igreja e do lar, escondemos
a luminosidade que resplandeceu em
nossos corações (2 Co 4.6) e sobre a qual
é-nos exigido testificar. Se a nossa vida
é completamente iluminada pelo Se-
nhor, não tendo trevas em parte alguma
(Lc 11.36), então o brilho da nossa fé é
igualmente integral e abrangente, capaz
9. 8 JOVENS
“A Influência Deles (5.13-16)
Jesus usou dois símbolos para
descrever a influência que os cristãos
têm sobre uma sociedade não cristã.
O primeiro foi o sal, e o segundo, a luz.
a) Como o Sal (5.13). O sal possui
dois usos - dar gosto e conservar.
1) Alimentos como mingau de aveia
ou molhos são muito desagradáveis
ao paladar sem sal. Durante a Idade
Média, na Europa, quando as pessoas
preparavam a maior parte de seu pró-
prio alimento, elas ainda tinham que
viajar para os mercados anuais para
comprar sal. O sal era considerado um
ingrediente absolutamente essencial.
Dessa mesma forma, a vida sem Cristo e
sem o cristianismo é insuportavelmente
insípida. Assim como Cristo revitalizou
e deu gosto à vida do crente, cada
discípulo, por sua vez, deve fazer o
mesmo pela vida de outros.
2) O sal conserva. Antes do advento
das caixas de gelo e dos modernos
refrigeradores, o sal era um dos princi-
pais meios de conservar os alimentos.
Quando peixes eram transportados no
lombo de burros por cento e sessenta
quilômetros de Cafarnaum até Jeru-
salém, eles tinham que ser abundan-
temente salgados. Assim, o seguidor
de Cristo deve agir como um conser-
vante no mundo. Não se pode deixar
de imaginar o que aconteceria com a
sociedade moderna, com toda a sua
podridão moral, se não fosse a presença
da igreja cristã” (Comentário Bíblico
Beacon. Vol. 6: Mateus a Lucas. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.56,57).
SUBSÍDIOde alumiar o mundo além da religião, o
que inclui as grandes áreas de influência
do mundo: economia, comércio, direito,
meios de comunicação, artes, educação,
governo e política.
3. Luz Pentecostal. É significativo
observar que o símbolo do batismo com
o Espírito Santo e do pentecostalismo
é o fogo, em alusão a Atos 2.3. Além de
aquecer, a chama irradia luz. Consequen-
temente, a espiritualidade pentecostal
não se restringe a um gueto religioso; ela
é capaz de impactar o mundo no poder
do Espírito Santo e fornecer uma visão
distinta sobre a sociedade, iluminando-a.
Podemos afirmar que a fé pentecostal
tem sempre algo a dizer, seja nos de-
graus do templo de Jerusalém (At 2) ou
no Areópago de Atenas (At 17).
4. Resplandecentes para a glória de
Deus. Jesus concluiu o ensino a respeito
do sal e da luz enfatizando o propósito
final do testemunho relevante dos discí-
pulos diante dos homens: “ (...) para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem
o vosso Pai, que está no céu”. Fica claro
que a iluminação cristã no mundo não
é algo para a autoglorificação da Igreja.
Esta não existe para atrair os holofotes
da fama, mas para ser como o farol, que
irradia luz e serve como norte para as
pessoas, para a glória de Deus!
Pense!
A chama pentecostal, ao tempo
em que aquece a vida espiritual
das pessoas, irradia o brilho de
Cristo diante dos homens.
Ponto Importante
A Igreja não existe para atrair os
holofotes da fama, mas para ser
como o farol, que irradia luz e
serve como norte para as pesso-
as, para a glória de Deus!
10. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 6: Mateus a Lucas. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
ESTANTE DO PROFESSOR
Anotações
1. A metáfora empregada por Jesus a respeito do sal e da luz fala sobre qual aspecto
da missão da Igreja na Terra?
Sobre a sua presença ativa e transformadora na sociedade.
2. De acordo com a lição, o que é a comissão cultural da Igreja?
A chamada para salgar e iluminar a cultura do mundo.
3. Cite três exemplos da influência transformadora da Igreja na sociedade.
A Reforma Protestante, o Avivamento Wesleyano do Século XVIII e o Avivamento
Pentecostal moderno iniciado na Rua Azusa.
4. Por que não é correto associar relevância social da Igreja com o seu crescimento
numérico?
Porque nem sempre quantidade representa qualidade espiritual. Se o aumento
da população evangélica não for fruto de genuíno avivamento pela Palavra (Hb
3.2), não haverá testemunho público impactante.
5. Qual o propósito final do testemunho relevante dos discípulos diante dos homens?
A glória de Deus.
HORA DA REVISÃO
O intuito desta lição introdutória foi explicitar o significado da metáfora de Jesus
sobre o sal e a luz. A alegoria enfatiza a presença ativa e transformadora da Igreja na
sociedade. O sal preserva e dá paladar; representando a relevância cristã no mundo.
A luz resplandece nas trevas, em alusão ao testemunho moral e espiritual dos crentes
diante dos homens. Com base nessas premissas, nas lições seguintes veremos como a
fé cristã encara e responde aos vários problemas sociais, éticos e políticos que flores-
cem nestes tempos de crise e calamidade moral. Embora o cenário seja sombrio, não
há motivos para desespero. Afinal de contas, além de encontrarmos nas Escrituras as
respostas para as questões da atualidade, nossa esperança está em Cristo!
CONCLUSÃO
11. 10 JOVENS
SÍNTESE
Desenvolver uma visão de
mundo essencialmente cristã
é crucial para discernir a von-
tade de Deus em uma época
cheia de ideologias vãs.
TEXTO DO DIA
“E não vos conformeis com
este mundo, mas transformai-
vos pela renovação do vosso
entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade
de Deus.” (Rm 12.2)
LIÇÃO
208/10/2017
A COSMOVISÃO CRISTÃ
EM UM MUNDO DE VÃS
IDEOLOGIAS
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Gn 1—2
A Criação
TERÇA – Gn 3
A Queda
QUARTA – Gn 3.15
A Redenção
QUINTA – At 17.18
Paulo enfrenta as ideologias
da sua época
SEXTA – Ef 4.23
Renovação da mente
SÁBADO – At 17.28
O sentido da cosmovisão
cristã
12. JOVENS 11
Prezado professor, no decorrer do trimestre utilizaremos em
várias oportunidades – implícita ou explicitamente – a palavra
cosmovisão. Por isso, é importante que os seus alunos sejam
familiarizados com este termo (Tópico 3). Cosmovisão é uma
visão de mundo; a forma como enxergamos intelectualmente
as coisas e os acontecimentos à nossa volta. Sendo assim,
cosmovisão cristã é a compreensão de todas as coisas a par-
tir da perspectiva bíblica; a leitura da realidade através das
lentes das Escrituras Sagradas e da vontade de Deus. A visão
de mundo cristã se direciona por três pressupostos bíblicos
básicos, que respondem às grandes questões da humanidade,
conforme sintetizados no quadro a seguir:
A juventude é a fase dos sonhos e dos grandes ideais de
vida. Nesse período existencial, é comum se interessar e até
mesmo aderir a alguma causa social ou sistema político. Até
certo ponto, não há nenhum problema nisso, contanto que
a ideia central de tal sistema não seja incompatível com as
doutrinas da fé cristã. O fato é que vivemos em um momento
de pluralismo e diversidade, em que se multiplicam pontos
de vistas, teorias, doutrinas e religiões de todos os tipos e
origens. Em meio a isso, como separar o joio do trigo? Este
é o tema desta lição.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
• EXPLICAR o conceito de ideologia;
• REFLETIR a respeito das características das ideologias
contrárias ao Evangelho;
• SABER como formar uma mentalidade essencialmente cristã.
COMO TUDO COMEÇOU?
DE ONDE VIEMOS?
O QUE DEU ERRADO? QUAL
É A FONTE DO MAL E DO
SOFRIMENTO?
O QUE FAZER A RESPEI-
TO? COMO CONSERTAR O
MUNDO?
Deus criou todas as coisas
em perfeição, inclusive o
ser humano (Gn 1.26). Ele
é a fonte exclusiva de toda
a ordem criada, tanto das
leis da natureza quanto da
natureza humana.
Em virtude da
desobediência, do pecado
original, o homem afastou-
se de Deus. O ser humano e
a natureza foram afetados
pela Queda, provocando o
mal e a desordem.
Quando Deus nos redime,
Ele nos liberta da culpa e do
poder do pecado, e restaura
nossa plena humanidade.
Além do aspecto salvífico,
a redenção atinge a vida
humana como um todo.
13. 12 JOVENS
I – UM MUNDO MOVIDO POR
IDEIAS E IDEAIS
1. Ideologia e seu sentido. Diariamente,
as pessoas são compelidas a decidirsobre
uma série de coisas ou a se pronunciar
a respeito dos mais variados temas que
emergem na sociedade. Tais ações não
são adotadas em completa neutralidade.
Um dos aspectos que moldam a conduta
e a opinião de alguém, especialmente nos
temas mais complexos, é a sua ideologia.
Em linhas gerais, os dicionários definem
“ideologia” como o conjunto de ideias,
convicções e princípios filosóficos, sociais,
políticos que caracterizam o pensamento
de um indivíduo ou grupo social. A ideo-
logia é um elemento crucial em qualquer
visão de mundo, pois fornece as crenças
básicas e estabelece os ideais de vida de
uma pessoa.
2. Ideias e consequências. “Ideias
têm consequências” é a frase que me-
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Sabemos que a sociedade atual é dominada por ideologias incompatíveis
com o evangelho. Tais formas de pensamento negam a soberania de Cristo
e tentam substituir os valores cristãos por concepções secularizadas do
mundo. Saber, portanto, como elas funcionam e quais são os seus funda-
mentos é crucial para o crente não ser enredado por engodos e vãs sutilezas.
Nesta lição, além do conceito de ideologia e as características que contradizem
a fé cristã, veremos como formar uma mentalidade essencialmente cristã,
uma visão de mundo abrangente, pela qual possamos discernir as vozes do
nosso tempo e refutar os sistemas de ideias incompatíveis com as Escrituras.
TEXTO BÍBLICO
Romanos 12
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão
de Deus, que apresenteis o vosso corpo
em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este mundo,
mas transformai-vos pela renovação
do vosso entendimento, para que ex-
perimenteis qual seja a boa, agradável
e perfeita vontade de Deus.
Colossenses 2
4 E digo isto para que ninguém vos
engane com palavras persuasivas.
5 Porque, ainda que esteja ausente
quanto ao corpo, contudo, em espírito,
estou convosco, regozijando-me e
vendo a vossa ordem e a firmeza da
vossa fé em Cristo.
6 Como, pois, recebestes o Senhor Jesus
Cristo, assim também andai nele,
7 arraigados e edificados nele e con-
firmados na fé, assim como fostes
ensinados, crescendo em ação de
graças.
8 Tende cuidado para que ninguém vos
faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a tradição dos
homens, segundo os rudimentos do
mundo e não segundo Cristo;
14. JOVENS 13
lhor explica o caráter orientador das
ideologias, seja de forma individual ou
coletiva. Jesus afirmou que uma árvore é
conhecida pelos seus frutos (Mt. 7.15-20).
Assim como árvores ruins não podem
dar bons frutos, ideologias maléficas,
portadoras de visões distorcidas acer-
ca da humanidade e da moralidade,
não podem dar bons resultados para
a sociedade; ao contrário, elas trazem
prejuízos e levam ao caos social. Por
esse motivo, devemos ter cautela e
discernimento para não nos tornarmos
presas de ideologias desvirtuadas, por
meio de filosofias e vãs sutilezas, segun-
do a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo (Cl 2.8).
Pense!
Ideologia não é algo puramente
teórico. Tem consequência
prática na vida das pessoas.
Ponto Importante
A ideologia é um elemento
crucial em qualquer cosmovisão,
pois fornece as crenças básicas e
estabelece os ideais de vida.
II – CARACTERÍSTICAS DAS
IDEOLOGIAS CONTRÁRIAS AO
EVANGELHO
1. Idolatram algo dentro da criação.
O ponto comum a todas as ideologias
contrárias ao Evangelho é a ênfase
excessiva a algum aspecto da criação,
o que faz surgir um tipo de idolatria
(Êx 20.3; Rm 1.25; 1 Co 10.7). Tal ocorre
quando se valoriza mais a liberdade
(individualismo), a nação (nacionalismo),
o dinheiro (capitalismo), a propriedade
comum (socialismo) ou o meio ambiente
(ambientalismo), por exemplo, acima
de Deus, crendo que tais elementos,
por si sós, possam proporcionar pros-
peridade, segurança e salvação para
o homem.
Ainda que possam expressar dese-
jos legítimos, a devoção demasiada a
cada um desses aspectos equipara-se
à idolatria. Afinal, compreendemos que
o pecado de idolatria se expressa não
somente pela adoração aos deuses fei-
tos de pedra ou madeira, mas também
pela veneração a ideias e doutrinas
humanas, que possam levar a um estilo
de vida correspondente (Sl 115.8). Nesse
aspecto, cabe o alerta paulino para fugir
da idolatria (1 Co 10.14). Não se deixe
enganar por ideias que têm aparência
de piedade (2 Tm 3.5) e dizem defender
o bem, mas no fundo estão cheias de
mentiras (Jo 8.44).
2. Negam a realidade do pecado. As
ideologias mundanas negam os efeitos
do pecado, ao dizer que a natureza hu-
mana é essencialmente boa. O filósofo
francês do Século XVIII Jean-Jacques
Rousseau dizia que o homem nasce
bom, mas a sociedade o corrompe. Tal
concepção, além de defender a comple-
ta liberdade e autonomia do indivíduo,
como forma de libertação das instituições
da sociedade, especialmente família e
igreja, leva a uma visão utópica da reali-
dade, na qual acredita ser possível criar
uma sociedade perfeita nesse mundo,
bastando estabelecer as estruturas eco-
nômicas e sociais adequadas. O utopismo
não se coaduna com as bases cristãs,
pois sabemos que os problemas deste
mundo, embora possam ser remediados
pela lei e pelos bons costumes, nunca
serão solucionados completamente,
diante da falibilidade humana. Depois
da Queda, nos tornamos falhos e pre-
cisamos de regeneração, por isso o
15. 14 JOVENS
teólogo holandês Jacó Armínio afirmou
ser necessário uma renovação do nosso
intelecto, afeições ou vontade.
3. Descreem no mundo espiritual.
A ideologia materialista não concebe
a existência de algo além da matéria,
assim como rejeita a concepção bíblica
sobre os eventos escatológicos, tais
como a volta de Jesus (1 Ts 4.16,17), o
julgamento dos pecadores (Ap 20.11) e
a eternidade (Êx 15.18). Pense no perigo
que essa ideia representa. Se não existe
nada além do que podemos enxergar, a
vida não tem propósito e o ser humano
não deve prestar contas de seus atos a
ninguém. Fiódor Dostoiévski escreveu:
“Se Deus não existe, tudo é permitido”.
Nessa mentira diabólica está a justifi-
cação para o hedonismo, o liberalismo
moral, o antropocentrismo e todo tipo
de “ismo” iníquo, destruidor da moral e
dos bons costumes.
Contradizendo a natureza e a narrativa
bíblica (Gn 1.27), a mundana “ideologia de
gênero”, por exemplo, apregoa que os
dois sexos – masculino e feminino – são
construções culturais e sociais, razão pela
qual cada pessoa tem o direito de fazer a
sua opção sexual (gênero). É uma prova
do poder devastador das ideologias de-
fendidas pelos ímpios. Paulovaticinou que
o “fim deles é a perdição, o deus deles é
o ventre, e a glória deles é para confusão
deles mesmos, que só pensam nas coisas
terrenas” (Fp 3.19). Mas nós pensamos nas
coisas que são de cima! (Cl 3.2).
Pense!
Enquanto as ideologias são
concebidas pelos homens,
as verdades da fé cristã
são reveladas por Deus. O
cristianismo, por isso, não é uma
ideologia.
Ponto Importante
Se não existe nada além do que
podemos enxergar, a vida não
tem propósito e o ser humano
não deve prestar contas de seus
atos a ninguém.
III – MENTES RENOVADAS PARA
UM MUNDO CHEIO DE IDEOLO-
GIAS VÃS
1. Inconformados com o mundo.
Diante de um contexto repleto de filoso-
fias e ideologias nocivas à fé cristã, é pre-
ciso vivenciar na íntegra a recomendação
paulina para não nos conformarmos (gr.
syschematizesthe) com este mundo (Rm
12.2a). O sentido deste aconselhamento
é que não nos amoldemos à forma, ao
modelo, ao esquema do mundo. Nesta
passagem, a palavra “mundo” não se
refere às pessoas ou ao universo físico,
e sim ao sistema filosófico, ideológico
e espiritual fomentado pelo deus deste
século e pela carne, em oposição à von-
tade de Deus. Nesse aspecto, expressou
A. W Tozer: “A cruz ergue-se em ousada
oposição ao homem natural. Sua filosofia
é contrária aos processos da mente não
regenerada”.
Não permita que o mundo à sua
volta e as tendências da presente época
definam o seu modo de viver. Mantenha
a sua identidade, ainda que a maioria o
ridicularize por suas convicções cristãs!
2. Transformação permanente. O
aconselhamento bíblico não se encerra
no inconformismo. Além de rejeitar o
costume do mundo, o salvo em Cristo
deve ser transformado (gr. metamor-
phos). Isto ocorre primeiramente com a
nova vida (Rm 6.4), mas deve prosseguir
como uma prática constante (2 Co 3.18).
É um processo contínuo, como explica
o Comentário Beacon: “Transformai-vos
16. JOVENS 15
“Em anos recentes, todas as gran-
des proposições avançadas durante o
século XIX caíram, uma por uma, como
soldadinhos de brinquedo. O século XX
foi a era da ideologia, dos grandes “is-
mos”: comunismo, socialismo, nazismo,
liberalismo etc. Em todos os lugares, os
ideólogos alimentaram visões de criar
uma sociedade ideal com um esquema
utópico. Mas hoje todas as grandes cons-
truções ideológicas estão jogadas nos
montes de cinzas da história. Tudo o que
resta é o cinismo do pós-modernismo,
com suas afirmações falidas de que não
existe verdade objetiva ou significado,
que somos livres para criar a nossa
própria verdade, enquanto entendemos
que tal teoria nada mais é do que um
sonho subjetivo, uma ilusão confortante.
Enquanto as ideologias reinantes esmi-
galham-se, as pessoas são pegas diante
de um impasse: tendo acreditado que a
autonomia individual era o santo graal
que as levaria à libertação, elas agora
veem que foram levadas apenas para
o caos moral e a coerção do Estado. O
tempo está maduro para a mensagem
em que a paz social e a satisfação
pessoal que as pessoas realmente
almejam estão disponíveis somente
no Cristianismo. A igreja se manteve
inabalável através do fluxo e refluxo
de dois milênios. Ela tem sobrevivido
à perseguição dos primeiros séculos, à
invasão dos bárbaros e da idolatria da
Idade Média e aos assaltos intelectuais
da era moderna. Suas paredes sólidas
soerguem-se acima das ruínas espa-
lhadas através da paisagem intelectual.
Deus nos livre que nós, herdeiros de
santos e mártires, venhamos a falhar
neste momento primordial”(COLSON, C.;
PEARCEY. E Agora, Como Viveremos?
2.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.360).
SUBSÍDIOtem a força de ‘continuem sendo trans-
formados’. Ao invés de nos entregarmos
às influências que tendem a nos moldar
à semelhança das coisas que estão ao
nosso redor, devemos, dia após dia,
empreender uma mudança na direção
oposta”.
3. Em direção a uma cosmovisão
cristã. A transformação a que Paulo
alude se dá pela renovação da mente.
Enquanto cristãos, somos conclama-
dos a desenvolver uma mentalidade
eminentemente cristã, uma visão de
mundo direcionada pelo pensamento
de Deus, aplicável a todos os setores
da sociedade. Em uma sociedade cada
vez mais secularizada, renovar a mente,
moldando-a aos valores do Reino, é algo
crucial. O apóstolo Paulo expressou
isso da seguinte forma: “Porque quem
conheceu a mente do Senhor, para que
possa instruí-lo? Mas nós temos a mente
de Cristo” (1 Co 2.16). No original grego, a
palavra mente (gr. nous) significa o lugar
da consciência reflexiva, compreendendo
as faculdades de percepção e entendi-
mento, e do sentimento, julgamento e
determinação.
Pense!
“No âmago do sistema
cristão está a cruz de Cristo
com o seu divino paradoxo.
O poder do cristianismo
aparece em sua antipatia
pelos caminhos do ho-
mem decaído, jamais em
seu acordo com ele” ( A. W.
Tozer).
Ponto Importante
A vida de Jesus é o paradigma de
todo cristão, por isso raciocinar
como Ele não é uma questão de
escolha, mas de obediência.
17. AYRES, Antônio Tadeu. 1.ed. Reflexos da Globalização So-
bre a Igreja: Até que ponto as últimas tendências mundiais
afetam o Corpo de Cristo. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
ESTANTE DO PROFESSOR
Anotações
1. Como se define a palavra “ideologia”?
Conjunto de ideias, convicções e princípios filosóficos, sociais, políticos que ca-
racterizam o pensamento de um indivíduo ou grupo social.
2. Além da adoração aos falsos deuses, como a idolatria pode se expressar?
Pela veneração a falsas ideias.
3. Por que o utopismo não se coaduna com as bases cristãs?
Pois sabemos que os problemas deste mundo, embora possam ser remediados
pela lei e pelos bons costumes, nunca será perfeito diante da falibilidade humana.
4. Qual o sentido do aconselhamento de Paulo em Romanos 12.1 ao dizer para não
nos conformarmos com este mundo?
Não nos amoldemos à forma, ao modelo, ao esquema do mundo.
5. Na sua opinião, como podemos desenvolver a mente cristã?
Resposta pessoal.
HORA DA REVISÃO
Além de formar a própria lente do cristianismo, a tríade bíblica: Criação, Queda e Re-
denção nos ajuda a compreender e a refutar as ideologias não cristãs, pois toda visão
de mundo pode ser analisada pela maneira como responde a três perguntas básicas: De
onde viemos e quem somos nós (criação)? O que deu errado com o mundo (Queda)? E
o que podemos fazer para consertar isso (redenção)? A Bíblia responde plausivelmente
a todos esses questionamentos.
CONCLUSÃO
18. JOVENS 17
LIÇÃO
315/10/2017
SÍNTESE
Os crentes expressam a graça
e o amor divino na sociedade
quando partilham o alimento
com os famintos.
TEXTO DO DIA
“E, perseverando unânimes
todos os dias no templo
e partindo o pão em casa,
comiam juntos com alegria e
singeleza de coração.” (At 2.46)
O PROBLEMA DA
FOME NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Gn 43.1
Fome na terra
TERÇA – Am 8.11
Fome, mas não de pão
QUARTA – Mt 4.2
Jesus teve fome
QUINTA – Rm 12.20
Comida para o inimigo
SEXTA – Mc 8.1,2
Compaixão de Jesus para com
os famintos
SÁBADO – Lc 9.13
“Dai-lhes vós de comer”
19. 18 JOVENS
Professor(a), para enriquecer o conteúdo de sua aula, utilize
os recursos pedagógicos que a CPAD dispõe no site www.
licoesbiblicas.com.br. Este é um espaço voltado exclusiva-
mente para a área de Educação Cristã, criado não só para
divulgar as revistas Lições Bíblicas, mas para dar suporte às
necessidades dos educadores e alunos da Escola Dominical.
A página contém rico material de apoio ao professor, englo-
bando subsídio da lição, ilustrações, slides para apresentação
e vídeo-aula com o comentarista. Lembre-se que o educador
dedicado complementa seu ensino com material de qualidade!
A falta de acesso à alimentação básica ainda é um grave
problema social na sociedade contemporânea. As estatísticas
são tristes: 30 mil crianças morrem de fome a cada dia, e um
terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam
atraso no crescimento físico e intelectual. Uma pessoa, a cada
sete, padece fome no mundo. Nesta lição, analisaremos esse
tema à luz das Escrituras e realçaremos aos nossos alunos,
primordialmente, que a escassez e a má divisão de comida
são decorrentes da Queda do primeiro casal. Assim o peca-
do – em suas várias faces – é o responsável por essa mazela.
Não obstante, tendo como exemplo a vida do jovem José e da
Igreja Primitiva, os cristãos da atualidade podem contribuir
para minimizar esse problema social, com sabedoria divina,
no poder do Espírito Santo.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
• CONHECER, à luz das Escrituras, a origem da fome;
• IDENTIFICAR a fome como um sinal dos últimos dias;
• COMPREENDER a importância do testemunho da
Igreja por meio do partir do pão.
20. JOVENS 19
I – A FOME NAS ESCRITURAS
SAGRADAS
1. Origem da fome. Deus criou a Terra
com fartura, produzindo mantimento su-
ficiente para a sobrevivência do homem
(Gn 1.11,12,28,29). Antes da Queda havia
abundância, pois até então o pecado não
tinha sido introduzido no mundo. Além de
afastaro homem de Deus, a desobediência
do primeiro casal afetou toda a criação,
provocando desordem no Universo. Disse
Deus: [...] “maldita é a terra por causa de ti;
com dorcomerás dela todos os dias da tua
vida” (Gn 3.17). Desse momento em diante
o trabalho passou a ser realizado com
mais dificuldade, em virtude dos “cardos”
e “espinhos” que vieram a existir (Gn 3.18).
2. A fome e o pecado. Os efeitos da
Queda sobrepujam a escassez e as di-
ficuldades naturais. O pecado acarretou
ainda consequências danosas na natureza
humana, gerando condições sociais e
comportamentos responsáveis pelo au-
mento da fome, guerras, governos injustos,
egoísmo, ociosidade (Pv 19.15), corrupção
e consumo descontrolado (Lc 15.14). As
Escrituras relatam vários casos de fome
durante os dias deAbraão (Gn 12.10), Isaque
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Todos nós sentimos fome, aquele desejo normal por alimento e certamen-
te, esta não é uma sensação agradável, não acha? Agora imagine aquelas
pessoas que passam fome por não terem condições de adquirir o sustento
básico. No mundo atual, milhares de pessoas encontram-se nessa situação.
Nesta lição, veremos que no Gênesis está a origem da fome e da escassez
de alimentos. A Queda do homem afetou toda a ordem do universo, e
provocou esse problema que persiste até hoje, e que será um dos sinais
dos últimos dias. Mas a Igreja de Cristo tem exemplos bíblicos suficientes
para saber como enfrentar a crise de alimentos.
TEXTO BÍBLICO
Lucas 9.12-17
12 E já o dia começava a declinar; então,
chegando-se a ele os doze, disse-
ram-lhe: Despede a multidão, para
que, indo aos campos e aldeias ao
redor, se agasalhem e achem o que
comer, porque aqui estamos em lugar
deserto.
13 Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de
comer. E eles disseram: Não temos
senão cinco pães e dois peixes, salvo
se nós próprios formos comprar comida
para todo este povo.
14 Porquanto estavam ali quase cinco
mil homens. Disse, então, aos seus
discípulos: Fazei-os assentar, em
grupos de cinquenta em cinquenta.
15 E assim o fizeram, fazendo-os assentar
a todos.
16 E,tomandooscincopãeseosdoispeixes
e olhando para o céu, abençoou-os, e
partiu-os, e deu-os aos seus discípulos
para os porem diante da multidão.
17 E comeram todos e saciaram-se; e
levantaram, do que lhes sobejou, doze
cestos de pedaços.
21. 20 JOVENS
As pessoas irão errantes de um lado para
outro,edonorteatéaooriente;correrãopor
todaaparte,buscandoaPalavradoSenhor,
mas não a acharão (Am 8.11,12). Você tem
aproveitadooseutempoparasealimentar
espiritualmente da Palavra de Deus?
Pense!
O principal motivo da fome dos
últimos dias não será a falta de
comida, mas a ausência de amor.
Ponto Importante
No sermão proferido no Monte
das Oliveiras Jesus predisse que
a fome seria um dos sinais do
tempo da sua volta.
III – A FOME NO MUNDO CON-
TEMPORÂNEO
1. Má distribuição e desperdício. Exis-
tem hoje cerca de 800 milhões de pessoas
quepassamfomenomundo,epelomenos
2 milhões sofrem de deficiências nutritivas
graves. Outro levantamento indica que
cerca de 3,5 milhões de crianças morrem
anualmente pela falta de refeição básica e
doenças relacionadas com a desnutrição.
Apesardosavançoscientíficosdacivilização
e do aumento da produção de alimentos,
as altas cifras de pessoas famintas com-
provam a má distribuição e o desperdício
de alimentos no mundo todo. O Brasilestá
entre os dez países mais impactados pela
fome. Mais de 7 milhões de brasileiros
convivemcomesseproblemae15milhões
de crianças são consideradas desnutridas.
Não sejamos indiferentes a essa situação,
ouçamos o clamor dos famintos!
2. Dando de comer aos famintos.
Diante desse cenário, aos servos de Deus
cabe testemunhar do amor cristão para
com aqueles que passam fome, pois a
fé, se não tiver as obras, é morta em si
mesma (Tg 2.17). Dar pão ao faminto é,
(Gn 26.1), José (Gn 41.56,57), Elimeleque
e Noemi (Rt 1.1), Davi (2 Sm 21.1), Elias (1
Rs 18.2), Eliseu (2 Rs 6.25) e do cerco final
de Jerusalém (2 Rs 25.3). Isso nos leva a
compreender que os problemas sociais,
incluindo a falta de comida, começam
quando os homens desobedecem a Deus!
Pense!
O propósito original de Deus é fartu-
ra e abundância para a humanidade.
Ponto Importante
A Queda ocasionou condições
sociais e comportamentos respon-
sáveis pelo aumento da fome, guer-
ras, governos injustos, egoísmo,
ociosidade, corrupção e consumo
descontrolado.
II – A FOME COMO SINAL DA
VINDA DE JESUS
1. Profecia escatológica. No sermão
proferido no Monte das Oliveiras, Jesus
predisse que a fome seria um dos sinais
do tempo da sua volta (Mt 24.7). Isso por-
que os últimos dias serão caracterizados
pelo aumento da iniquidade (Mt 24.12), o
colapso dos padrões morais (2 Tm 3.1-5) e
a operação da injustiça (2 Ts 2.7), formando
assim, juntamente com as guerras e os
terremotos, um contexto propício para a
proliferação da miséria em todo o mundo.
2.Oesfriamentodoamor.Oesfriamento
do amor (Mt 24.12) será, igualmente, um
dos principais fatores responsáveis pela
pobreza extrema que assolará aTerra nos
tempos do fim. Não havendo compaixão e
sentimentodesolidariedade,ocontingente
de pessoas sem acesso à alimentação bá-
sica, em situação de miséria, será enorme.
3. A fome e o amor de Deus. A Bíblia
também preconiza que haverá um tempo
de fome; não fome de pão, nem sede de
água, mas de ouvir as palavras do Senhor.
22. JOVENS 21
também, uma forma de fazer a vontade
de Deus (Mt 25.40). Lembremo-nos dos
milagres de multiplicação dos pães e
peixes operados por Jesus que se com-
padeceu da multidão faminta (Mc 6.30-44;
8.1-10; Lc 9.12-17). A ordem do Mestre aos
discípulos em relação ao povo é signifi-
cativa e continua a reverberar: “Dai-lhes
vós de comer” (Lc 9.13).
3. Pentecostalismo solidário. A Igreja
Primitiva, como vemos em Atos dos
Apóstolos, expandiu-se de uma forma
extraordinária. Após o recebimento da
virtude do Espírito, os discípulos saíram
a influenciar a sociedade, pois em todos
eles havia “abundante graça” (At 4.33).
Ao anunciarem com ousadia a Palavra
de Deus, não olvidaram de ajudar os
necessitados (At 4.34). A Bíblia retrata
isso com fidelidade ao dizer que eles
“perseveravam na doutrina dos apóstolos,
e na comunhão, e no partir do pão, e nas
orações” (At 2.42). A partilha do alimento,
portanto, não foi algo ignorado pelo pen-
tecostalismo primitivo, especialmente
com os domésticos da fé. Os primeiros
crentes viviam um pentecostalismo so-
lidário. Será que é isso que temos visto
em nossas igrejas? Estamos igualmente
preocupados com a fome das pessoas
necessitadas? Clamemos a Deus por um
despertamento integral, que envolva tanto
o mover do Espírito quanto o partir do pão.
Pense!
Antes de desperdiçar alimentos, lem-
bre-se daqueles que passam fome.
Ponto Importante
A partilha do alimento, portanto,
não foi algo ignorado pelo pen-
tecostalismo primitivo, especial-
mente com os domésticos da fé.
Os primeiros crentes viviam um
pentecostalismo solidário.
“Fome
Uma condição de extrema escas-
sez de comida. Durante uma extrema
fome em terra distante, o filho pródigo
foi trazido de volta à razão (Lc 15.14).
Uma grande fome ocorreu nos dias
do imperador romano Cláudio (At
11.28). Em seu sermão no monte das
Oliveiras, o Senhor Jesus predisse
que haverá fome durante o período
da tribulação no final dos tempos (Mt
24.7), e o Apocalipse faz alusão à fome
que virá sobre a Grande Babilônia (Ap
18.8). Uma das bênçãos para o Israel
restaurado é que não haverá mais
fome (Ez 36.29,30). Há uma referência
a pessoas, durante períodos de fome,
pagando altos preços por alimentos
intragáveis como cabeças de jumento
e esterco de pombas (2 Rs 6.25), e até
mesmo praticando o tipo mais hor-
rendo de canibalismo (Dt 28.53-57; 2
Rs 6.28,29). Evidentemente, nos dias
bíblicos as causas naturais responsá-
veis pela fome eram principalmente
a seca (1 Rs 18.1,2) e a guerra em seus
vários aspectos (Ez 6.11; 2 Rs 25.2,3). No
entanto, ela é muitas vezes retratada
como um juízo divino pelo pecado (2
Sm 21.1; 24.13; 1 Rs 8.37; 2 Rs 8.1; ls 51.19;
Jr 14.12-18; Ez 5,12). Neste sentido, ela
é citada como os ‘quatro maus juízos’
de Deus (Ez 14.21)” (Dicionário Bíblico
Wyclife. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2009, p. 815).
SUBSÍDIO
23. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
ESTANTE DO PROFESSOR
Anotações
1. Em relação aos alimentos, como era o mundo quando Deus o criou?
Deus criou a Terra com fartura, produzindo mantimento suficiente para a sobre-
vivência do homem (Gn 1.11,12; 28,29).
2. O que provocou a fome?
A Queda do homem no pecado.
3. Por que a fome será um dos sinais dos últimos dias?
Porque os últimos dias serão caracterizados pelo aumento da iniquidade, o colapso dos
padrões morais e a operação da injustiça, formando assim, juntamente com as guerras
e os terremotos, um contexto propício para a proliferação da miséria em todo o mundo.
4. Por que podemos dizer que o pentecostalismo primitivo era solidário?
Porque, além de anunciarem com ousadia a Palavra de Deus, eles não se esque-
ceram de ajudar os necessitados.
5. Em sua opinião, quais estratégias a Igreja pode adotar para diminuir o problema
da fome?
Resposta pessoal.
HORA DA REVISÃO
A fome continua a ser um grave problema social dos tempos atuais. Em virtude da
Queda, a escassez de alimentos e a sua má distribuição são resultado direto do pecado
do homem. Não obstante, o cristão não pode viver indiferente diante da existência de
milhares de famintos pelo mundo, pois, ao olharmos para o livro de Atos encontramos
o exemplo de solidariedade daqueles cristãos que, no poder do Espírito, impactaram
o mundo pela pregação da Palavra e serviço. Sigamos esse modelo!
CONCLUSÃO
24. JOVENS 23
LIÇÃO
422/10/2017
SÍNTESE
Diante da desigualdade e da
marginalização social, a ação
solidária da Igreja testifica a
relevância da fé cristã diante
dos homens e dá credibilidade
à pregação do evangelho.
TEXTO DO DIA
“O que oprime ao pobre
insulta àquele que o criou,
mas o que se compadece
do necessitado honra-o.”
(Pv 14.31)
O CRISTÃO DIANTE
DA POBREZA E DA
DESIGUALDADE SOCIAL
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – 1 Jo 3.7
O justo pratica a justiça
TERÇA – Pv 31.20
Abre a mão ao pobre
QUARTA – Pv 22.22
Não roube ao pobre
QUINTA – 2 Co 8.9
Cristo se fez pobre por amor
de nós
SEXTA – Sl 128.2
Comerás do teu trabalho
SÁBADO – Am 5.11
Denúncia profética
25. 24 JOVENS
Prezado(a) professor(a), esperamos que você esteja motiva-
do(a) para ensinar aos jovens alunos a respeito da pobreza e
desigualdade social. Não deixe que o desânimo prejudique o
ministério do ensino que Deus lhe confiou! Tenha em mente
a advertência do apóstolo Paulo para a dedicação ao ensino
(Rm 12.7).
Nesta aula, utilize o método do debate para proporcionar uma
reflexão sadia entre os seus educandos. Divida a turma em
grupos. Em seguida, peça para discutirem, dentro dos respec-
tivos grupos, sobre os pontos a seguir. Abra, na sequência, o
debate geral, com os demais grupos. Ouça as respostas e veja
se os demais grupos concordam com as opiniões emitidas.
• Há desigualdade social no Brasil?
• Como a desigualdade social se expressa?
• Você percebe alguma desigualdade na igreja local?
• O que a Igreja deveria fazer diante da pobreza?
• Em sua opinião, o que significa ajudar o necessitado?
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
• CONSCIENTIZAR da importância de cuidar do pobre;
• ENTENDER a relação entre justiça social e profetismo
bíblico;
• CONHECER os princípios bíblicos sobre economia e desi-
gualdade social.
INTERAÇÃO
OBJETIVOS
A ação solidária e caridosa é uma das maneiras mais eficazes
de demonstração da autenticidade e relevância da fé cristã.
Apesar disso, há quem entenda que não é papel dos discípulos
de Jesus combater a pobreza e as desigualdades sociais, por
acreditar que somos salvos pela graça. Realmente, as obras
não servem para a salvação (pois pela graça somos salvos),
porém elas testificam a nova vida em Cristo. As obras de justiça
e misericórdia exteriorizam a graça divina e revelam o amor
depositado em nossos corações. Afinal, quem foi agraciado
com as Boas-Novas, passa a ser um agente de boas obras. Por
esse motivo, Tiago escreveu que a fé, sem as obras, é morta
em si mesma (Tg 2.17).
26. JOVENS 25
I – A ASCENÇÃO ECONÔMICA E
O CUIDADO COM O POBRE
1. A pobreza nas Escrituras. Nas
Escrituras, o pobre é retratado como a
pessoa necessitada, desamparada ou
que se encontra em situação de mi-
séria (Sl 37.25; 72.13; Lc 16.20; 1 Tm 5.5).
A pobreza é um fenômeno complexo
e vários fatores econômicos e sociais
podem contribuir para que alguém
chegue a esta condição, tais como:
desastres naturais, dívidas, falta de em-
prego, política econômica inadequada
e até mesmo a preguiça (Pv 19.15). Em
todos os casos não é suficiente olhar
para o pobre simplesmente a partir da
situação social ou econômica imediata.
Biblicamente, devemos compreender
que vivemos em um mundo caído, e
a pobreza, assim como a doença e a
morte, resulta da rebelião do homem
contra o Criador.
2. O pobre e o amor ao próximo.
Enfaticamente, a Palavra destaca a im-
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais presentes em
praticamente todos os países do mundo, mas principalmente nas nações
em desenvolvimento do Sul Global, incluindo o Brasil. Aqui, milhares de
famílias vivem em condição de miséria, cuja renda é insuficiente para
suprir as necessidades básicas. Não há como viver indiferente a esta
realidade calamitosa!
Diante disso, a presente lição demonstrará a importância da participação
cristã nas obras sociais, como expressão de amor e misericórdia, e como
os princípios bíblicos podem contribuir para a formação de uma sociedade
livre, justa e produtiva.
TEXTO BÍBLICO
Tiago 5.1-6
1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e
pranteai porvossas misérias, que sobre
vós hão de vir.
2 Asvossas riquezas estão apodrecidas, e
asvossasvestes estão comidas da traça.
3 O vosso ouro e a vossa prata se en-
ferrujaram; e a sua ferrugem dará
testemunho contra vós e comerá como
fogo a vossa carne. Entesourastes para
os últimos dias.
4 Eis que o salário dos trabalhadores
que ceifaram as vossas terras e que
por vós foi diminuído clama; e os
clamores dos que ceifaram entraram
nos ouvidos do Senhor dos Exércitos.
5 Deliciosamente, vivestes sobre a
terra, e vos deleitastes, e cevastes
o vosso coração, como num dia de
matança.
6 Condenastes e matastes o justo; ele
não vos resistiu.
27. 26 JOVENS
portância do cuidado ao pobre, assim
como denuncia a discriminação e a
desonra contra as pessoas carentes (Tg
2.1-6). Tal se deve ao mandamento de
amar o próximo como a nós mesmos (Mt
22.39) e do imperativo de demonstrarmos
o resplendor das virtudes cristãs para a
glória de Deus (Mt 5.16). Contudo, não
encontramos nas Escrituras respaldo para
a Teologia da Libertação, que centraliza
na pobreza a ênfase do evangelho, e
interpreta as Escrituras com base no
sofrimento do oprimido. A teologia bíblica
irradia graça para todos, sem distinção
de classe social (Tt 2.11).
Igualmente, ainda que sejamos
advertidos para não ajuntarmos te-
souros na terra (Mt 6.19), e acerca dos
perigos do amor ao dinheiro (1 Tm
6.7-10), não se pressupõe que os ricos
tenham conquistado sua riqueza por
meio desonesto. Tanto o rico quanto
o pobre carecem da graça de Deus, e
devem igualmente ser tratados com
equidade (Êx 23.3,6).
3. Ascensão econômica e desigual-
dade social. Mesmo quando há ascensão
econômica e melhores condições de
vida, a desigualdade social e os grupos
em situação abaixo da linha da pobreza
persistem em existir. Isso porque, em
razão dos efeitos do pecado, a Bíblia
declara que “sempre haverá pobres na
terra” (Mc 14.7). Todavia, longe de indicar
uma postura de conformismo e indife-
rença, e servir como desculpa contra a
ação social, tal afirmação deveria nos
conduzir ao cuidado permanente dos
necessitados, enquanto eles existirem
(Rm 15.25, 26; Gl 2.10; 1 Jo 3.17). Somos
apenas mordomos de Deus nesta ter-
ra; aquilo que possuímos, na verdade,
pertence a Ele!
Pense!
“A evidência da graça divina é
vista na pregação e no alívio
das necessidades materiais dos
pobres” (Comentário Bíblico
Pentecostal).
Ponto Importante
Biblicamente, devemos com-
preender que vivemos em um
mundo caído, e a pobreza, assim
como a doença e a morte, resulta
da rebelião do homem contra o
Criador.
II – JUSTIÇA SOCIAL E PROFE-
TISMO
1. Justiça social e igualdade. Fazer
justiça é um aspecto vital do nosso viver
diário. Justiça, no sentido ora empregado,
não tem qualquer acepção ideológica ou
político-partidária. Em termos bíblicos, a
justiça social parte do pressuposto de que
todas as pessoas devem ser tratadas com
igual respeito e dignidade, possuindo os
mesmos direitos e deveres na sociedade.
Considerando que o homem foi criado
à imagem de Deus (Gn 1.26), a injustiça
(Sl 92.15) e a acepção de pessoas (Rm
2.11) são rejeitadas por Ele. Desde o An-
tigo Testamento, aliás, vemos o Senhor
instruindo a nação de Israel para cuidar
dos pobres e vulneráveis (Mq 6.8; Zc 7.9);
por isso a Lei estabelecia uma série de
disposições contra a opressão aos menos
favorecidos (Êx 22.25; 23.6; 30.15; Lv 19.10).
A prática da justiça na sociedade é
uma prova da justificação que recebe-
mos em Cristo. É certo que as obras são
incapazes de salvar o homem caído e
que as obras de misericórdia e justiça
testificam a salvação alcançada pela
graça. Tiago retratou fielmente essa
verdade ao dizer que a fé, sem as obras,
28. JOVENS 27
é morta em si mesma (Tg 2.17). Do crente,
portanto, se espera a prática da justiça!
O espírito cristão de amor mútuo e
caridade comum é uma marca do cris-
tianismo ao longo da história.
2. Profetizando contra as injustiças.
A função profética sobrepuja a tarefa
de transmitir mensagens de bênçãos
da parte de Deus. Ela envolve também
a denúncia do erro e a exortação con-
tra as injustiças. Em outras palavras, o
profetismo bíblico é abrangente, pois
compreende, além do aspecto eminente-
mente religioso, as esferas econômicas e
políticas. Profetas como Isaías, Jeremias,
Miqueias e Zacarias falaram ousadamen-
te contra a corrupção, exploração e as
injustiças do seu tempo. Em um contexto
difícil, Amós condenou o desprezo e a
opressão dos poderosos em relação aos
pobres, que eram pisados (Am 5.11) e
vendidos ao preço de sandálias. Contra
essa situação desumana e degradante,
o profeta alçou a sua voz em defesa das
pessoas carentes (Am 4.1,2).
3.Voz profética da Igreja. Adimensão
política do ministério profético permanece
válida ainda hoje. Os cristãos são chamados
a testemunhar publicamente acerca da
justiça divina, ao tempo em que denunciam
todo tipo de injustiça. Avoz profética dos
cristãos deve consolare edificar, mas tam-
bém precisa exortar (1 Co 14.3), apontando
tanto os desvios morais quanto sociais, a
partir das verdades bíblicas.
Pense!
A Palavra de Deus condena
aqueles que manipulam a econo-
mia para satisfazer os próprios
interesses egoístas.Ela também
condena qualquer forma de mal-
dade, como a cobiça, a indolência
e o engano.
Ponto Importante
Profetas como Miqueias, Isaías e
Jeremias falaram ousadamente
contra a corrupção, exploração e
as injustiças do seu tempo.
III – A POLÍTICA ECONÔMICA E
A DESIGUALDADE SOCIAL NO
BRASIL
1. Desigualdade social no Brasil.
O país em que vivemos é marcado
pela desigualdade social. Enquanto
existe enorme concentração de renda
entre as pessoas mais ricas, milhões
de pessoas vivem abaixo da linha da
pobreza, em condições de miséria. É
papel da política econômica de uma
nação avaliar os fatores que provo-
cam as distorções sociais, e criar leis
e mecanismos que possibilitem uma
sociedade mais produtiva e justa. A
economia, portanto, é um elemento
importante para a vida das pessoas
e das instituições públicas. Por essa
razão, considerando que os princípios
que norteiam a economia são vitais
para o desenvolvimento sustentável
da comunidade, adotar uma visão
econômica coerente e que considere
adequadamente a natureza humana
(especialmente o seu estado decaído)
é essencial para a redução da pobreza.
2. Economia na perspectiva cristã.
Embora a Bíblia não seja um livro de
economia, ela contém relatos e princípios
que nos fazem compreender a relação
entre pobreza, riqueza, trabalho, desi-
gualdade social e muitos outros temas
da área econômica. Enquanto visão de
mundo, o cristianismo considera todos
os aspectos da vida humana, inclusive
a dimensão econômica. Nesse sentido,
encontramos nas Escrituras e na história
29. 28 JOVENS
“As Escrituras condenam aqueles
que manipulam a economia para sa-
tisfazer os próprios propósitos peca-
minosos, tanto acumulando somente
para si, como por outras formas de
maldade, como cobiça, indolência e
engano (Pv 3.27-28; 11.26; Tg 5.1-6). A
justiça econômica condena aqueles
que aumentam seus créditos, tirando
vantagem dos que lhes devem; por
outro lado, os que contraem dívida
devem reembolsá-la (Êx 22.14; 2 Rs
4,1-7; Sl 37.21; Pv 22.7). O princípio sub-
jacente é que a propriedade privada é
um dom de Deus para ser usado com o
propósito de estabelecer a justiça social
e cuidar do pobre e do necessitado. O
ladrão arrependido é orientado a não
mais roubar, mas sim trabalhar com
as mãos e assim ganhar o sustento e
‘para que tenha o que repartir com o
que tiver necessidade’ (Ef 4.28, ênfase
acrescentada). Poucos temas nas Escri-
turas se evidenciam de forma tão direta
e clara do que as ordens de Deus para
que nos preocupemos com os menos
afortunados. ‘Aprendei a fazer o bem’,
Deus brada, ‘praticai o que é reto; ajudai
o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai
da causa das viúvas’ (Is 1.17). Através
do mesmo profeta, Deus anuncia que
o verdadeiro jejum não é um ritual re-
ligioso vazio (Is 58.7). Jesus aprofunda
nosso sentimento de responsabilidade,
falando que ao ajudarmos o faminto,
o desnudo, o doente e o encarcerado,
estamos, na verdade, servindo-o (Mt
25.31-46)”(COLSON, C.; PEARCEY. E
Agora, Como Viveremos? 2.ed., Rio
de Janeiro: CPAD, 2000, pp. 454,455).
SUBSÍDIOda tradição cristã orientações suficientes
para que a sociedade possa ser livre,
próspera e justa.
Vejamos algumas dessas diretrizes:
incentivo ao trabalho e repreensão à
preguiça (Pv. 6.6-11), limitação da função
do governo (1 Pe 2.13,14); condenação
àqueles que manipulam a economia
(Tg 5.1-6); proteção da propriedade
privada (Êx 20.15); ênfase na liberdade
responsável (1 Co 6.12; 8.9) e valorização
do espírito comunitário de ajuda ao
próximo, dentre outros.
3. Assistência e desenvolvimento.
Mesmo no ambiente coletivo, a assistên-
cia às pessoas carentes é uma atitude
vital de solidariedade. Embora o governo
civil deva promover o bem, o que inclui
programas de assistência social para
atender às necessidades básicas dos
cidadãos, não é recomendável criar
uma cultura de assistencialismo que
perpetue a condição da pobreza. É
necessário focar no desenvolvimento,
para que pessoas e famílias adquiram
independência econômica e ganhem o
pão do suor do próprio rosto (Gn 3.19).
Pense!
“A fé deve nos mover em prol
de boas ações, não para sermos
salvos, mas para demonstrarmos
que somos salvos, que nossa
fé não é estática, e que Deus
pode usar nossas ações para
apresentar a fé pura e imaculada”
(Silas Daniel).
Ponto Importante
Embora a Bíblia não seja um
livro de economia, ela contém
relatos e princípios que nos
fazem compreender a relação
entre pobreza, riqueza, trabalho,
desigualdade social.
30. Anotações
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Fé e Obras: Ensinos
de Tiago para uma vida cristã autêntica. 1.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
1. Cite alguns fatores e sociais que podem levar alguém a essa condição:
Desastres naturais, dívidas, falta de emprego, política econômica inadequada e
até mesmo preguiça.
2. Por que a Teologia da Libertação é equivocada?
Porque centraliza na pobreza a ênfase do evangelho, e interpreta as Escrituras
com base no sofrimento do oprimido.
3. Quais profetas falaram ousadamente contra corrupção, exploração e injustiças?
Isaías, Jeremias, Miqueias e Zacarias.
4. Qual o papel da política econômica de uma nação?
Avaliar os fatores que provocam as distorções sociais, e criar leis e mecanismos
que possibilitem uma sociedade mais produtiva e justa.
5. Quais orientações econômicas a Bíblia oferece?
Incentivo ao trabalho e repreensão à preguiça, limitação da função do governo;
condenação àqueles que manipulam a economia; proteção da propriedade pri-
vada; ênfase na liberdade responsável e valorização do espírito comunitário de
ajuda ao próximo, dentre outros.
HORA DA REVISÃO
CONCLUSÃO
Como percebemos nesta lição, o trabalho solidário da Igreja testifica a relevância da
fé cristã diante dos homens, ao mesmo tempo em que dá credibilidade à pregação do
Evangelho. Não podemos nos esquecer, porém de que Igreja, no sentido aqui empregado,
não se resume à congregação local. Individual ou coletivamente, cristãos regenerados
são capazes de desenvolver obras sociais que expressem o amor e a misericórdia divina,
a partir da igreja local.
ESTANTE DO PROFESSOR
31. 30 JOVENS
SÍNTESE
Numa época em que
refugiados são perseguidos
e marginalizados, a Igreja
deve servir como exemplo de
acolhimento e hospitalidade.
TEXTO DO DIA
“Também não oprimirás
o estrangeiro; porque vós
conheceis o coração do
estrangeiro, pois fostes
estrangeiros na terra do
Egito.” (Êx 23.9)
LIÇÃO
529/10/2017
REFUGIADOS: UM
PROBLEMA DA
ATUALIDADE?
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Sl 9.9
Refúgio para o oprimido
TERÇA – Hb 11.38
Caminhando como refugiados
QUARTA – Mt 2.13
O menino Jesus, um refugiado
QUINTA – Lv 23.22
A lei da respiga para os estran-
geiros
SEXTA – Rm 12.13
Seguindo a hospitalidade
SÁBADO – Hb 13.2
Não esqueça a hospitalidade
32. JOVENS 31
Professor(a), o assunto da lição desta semana envolve um
tema atual. Lembre-se que o jovem aprecia aulas contex-
tualizadas, que façam sentido para a vida dele. Desse modo,
no desenvolvimento desta aula leve para discussão em sala
algumas notícias e dados estatísticos atualizados sobre a
crise de refugiados no mundo todo, destacando a relevância
do problema e a importância do posicionamento cristão.
A atual crise de refugiados ganhou repercussão internacio-
nal em 2015, quando a imagem do corpo do menino sírio
AylanKurdi, de apenas três anos, morto à beira da praia, rodou
o mundo. Aylam viajava com a família na tentativa de fugir
do conflito de seu país. O episódio expôs uma das maiores
tragédias do nosso tempo. Todavia, o problema não é novo.
Ao longo da história, por motivos religiosos, sociais, políticos
e/ou sociais, milhares de famílias tiveram de abandonar seus
países em busca de proteção em outras nações. O povo isra-
elita e até mesmo cristãos perseguidos por causa da fé em
Cristo viveram refugiados, estrangeiros pelo mundo. Logo,
refletir a respeito da aludida temática é algo premente. É
crucial que a juventude cristã esteja sintonizada com o que
ocorre no mundo à sua volta, e saiba responder cristãmente
sobre tal tema.
• EXPLICAR o conceito de refugiado;
• CONSCIENTIZAR-SE da crise dos refugiados no Brasil e
no mundo;
• REFLETIR a respeito da postura da Igreja em relação aos
refugiados.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
33. 32 JOVENS
TEXTO BÍBLICO
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Você já parou para refletir sobre as dificuldades enfrentadas pelas pes-
soas refugiadas, que deixam seus países de origem por causa de algum
tipo de perseguição e saem pelo mundo à procura de um local seguro
para viverem? Pense por um momento acerca das barreiras geográficas,
físicas, culturais, sociais e linguísticas que lhes são impostas pela força
irresistível das circunstâncias, assim como a discriminação e preconceito
que geralmente sofrem em terras estranhas. É exatamente sobre esse
tema que trataremos nesta lição: os refugiados. Embora o assunto tenha
ressurgido em anos recentes, em decorrência da crise migratória que
eclodiu na Europa, o problema é tão antigo quanto a humanidade.
Mateus 25.31-46
31 E, quando o Filho do Homem vier em
sua glória, e todos os santos anjos,
com ele, então, se assentará no trono
da sua glória;
32 e todas as nações serão reunidas diante
dele, e apartará uns dos outros, como
o pastor aparta dos bodes as ovelhas.
33 E porá as ovelhas à sua direita, mas
os bodes à esquerda.
34 Então, dirá o Rei aos que estiverem à
sua direita:Vinde, benditos de meu Pai,
possuí porherança o Reino quevos está
preparado desde a fundação do mundo;
35 porque tive fome, e destes-me de co-
mer; tive sede, e destes-me de beber;
era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 estavanu,evestistes-me;adoeci,evisitas-
tes-me; estive na prisão, e fostesver-me.
37 Então, os justos lhe responderão, di-
zendo: Senhor, quando te vimos com
fome e te demos de comer? Ou com
sede e te demos de beber?
38 E, quando te vimos estrangeiro e te
hospedamos? Ou nu e te vestimos?
39 E, quando te vimos enfermo ou na
prisão e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em
verdade vos digo que, quando o fi-
zestes a um destes meus pequeninos
irmãos, a mim o fizestes.
41 Então, dirá também aos que estiverem
à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado
para o diabo e seus anjos;
42 porque tive fome, e não me destes de
comer; tive sede, e não me destes de
beber;
43 sendo estrangeiro, não me recolhes-
tes; estando nu, não me vestistes; e
estando enfermo e na prisão, não me
visitastes.
44 Então, eles também lhe responderão,
dizendo: Senhor, quando te vimos com
fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou
nu, ou enfermo, ou na prisão e não te
servimos?
45 Então, lhes responderá, dizendo: Em
verdade vos digo que, quando a um
destes pequeninos o não fizestes, não
o fizestes a mim.
46 E irão estes para o tormento eterno,
mas os justos, para a vida eterna.
34. JOVENS 33
I – O CONCEITO DE REFUGIADOS
1. Um breve conceito. De acordo
com a Agência da ONU para Refugiados
(ACNUR), são refugiadas as pessoas que
se “encontram fora do seu país por causa
de fundado temor de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalida-
de, opinião política ou participação em
grupos sociais, e que não possa (ou não
queira) voltar para casa”.
2. Quem é o refugiado. Também são
assim considerados aqueles que foram
obrigados a deixar seu país devido a
conflitos armados, violência genera-
lizada e violação massiva dos direitos
humanos. Em outras palavras, refugiado
significa muito mais que um estrangeiro,
é aquele que está em busca de proteção
e segurança, tentando escapar de um
perigo de sua terra natal.
II - O POVO DE ISRAEL COMO
PEREGRINO EM TERRA ESTRAN-
GEIRA
1. Israel como peregrino no Egito.
Embora a crise dos refugiados seja um
tema recente, o problema é antigo. Nas
Escrituras, encontramos o exemplo se-
melhante dos israelitas como peregrinos
em terra estrangeira. Escravos no Egito
eles trabalharam na edificação de cida-
des, na agricultura e em outros serviços
forçados (Êx 1.11-14).
Evidentemente, o Egito não era local
de refúgio, mas de opressão e trabalho
penoso. Segundo o Manual do Pentateu-
co (CPAD), a submissão dos hebreus a
esse tipo de trabalho tinha a intenção de
“desmoralizá-los, convencê-los de sua
posição de escravos e reduzir ao máximo
qualquer possibilidade de insurreição”.
Porém, quanto mais os egípcios casti-
gavam-nos, mais eles cresciam. Afinal,
a graça de Deus, mesmo no sofrimento,
pairava sobre o seu povo!
2. Refugiados pelo mundo. A experi-
ência dos israelitas como forasteiros não
se ateve à terra de Faraó. A descendência
de Abraão viveu como estrangeira em
várias outras oportunidades ao longo de
sua história (assírios – 2 Rs 17.6, babilô-
nios – 2 Rs 25.21, gregos – Alexandria no
século III a.C). Após a diáspora de 70 d.C,
quando os romanos invadiram Jerusa-
lém e destruíram o Templo, milhares de
israelitas foram dispersos pelo mundo,
vivendo exilados de sua pátria como
refugiados (Lc 21.24).
3. Deus manda proteger o estran-
geiro. Não é de admirar, portanto, que
Deus tenha ordenado ao povo de Israel
a proteção e o cuidado do estrangeiro.
As exortações bíblicas para não oprimir
(Êx 23.9), permitir a colheita remanes-
cente (lei da respiga, Dt 24.19-22) e amar
o estrangeiro (Lv 19.33,34) levam em
consideração a experiência vivenciada
pelos israelitas como peregrinos. Em
um tempo em que os estrangeiros eram
considerados inimigos, Deus instrui
seu povo ao acolhimento, agindo com
compaixão. Isso porque, assim como o
pobre, o órfão e a viúva, o estrangeiro,
nos termos aqui mencionados, en-
contra-se igualmente em condição de
vulnerabilidade, a depender de proteção
e amparo. Viver longe do lar e tendo de
enfrentar barreiras geográficas, cultu-
rais, sociais, linguísticas, ao tempo em
que sofre discriminação e preconceito
étnico, inegavelmente é uma situação
que evoca cuidados especiais.
Pense!
Colocar-se no lugar do refugiado
é a melhor maneira de compre-
ender a sua dor e sofrimento.
35. 34 JOVENS
Ponto Importante
Refugiado significa muito mais
que um imigrante; é o estrangei-
ro que está em busca de proteção
e segurança, tentando escapar de
um perigo de sua terra natal.
III – OS REFUGIADOS NA EURO-
PA E NO BRASIL
1. A atual crise de refugiados. De-
vido a conflitos internos, terrorismo,
guerras civis, perseguição religiosa e
outras formas de perseguição, a última
década tem testemunhado a maior crise
de refugiados desde a Segunda Guerra
Mundial. Em várias partes do mundo,
milhares de pessoas fogem de seus
países em busca de abrigo em outras
nações, com famílias inteiras deixando
seus lares e arriscando suas vidas em
viagens e travessias perigosas, a pé ou
pelos mares. Estudo realizado pela AC-
NUR/ONU, em 2015, apontou um total
de 65,3 milhões de pessoas deslocadas
por guerras e conflitos até o final daquele
ano. É um verdadeiro caos humanitário!
2. Refugiados na Europa. O con-
tinente europeu é uma das regiões
mais afetadas pela crise de refugiados.
Isso se deve ao crescente número de
migrantes que chegam às suas fron-
teiras em busca de abrigo, oriundas,
em sua maioria, do Oriente Médio e da
África, especialmente em decorrência
do terrorismo do Estado Islâmico. Na
tentativa de atravessar o Mediterrâneo e
chegar à Europa, famílias inteiras arris-
cam suas vidas em viagens a bordo de
embarcações clandestinas. Muitos não
completam o percurso. Outros tantos
desaparecem.
3. Refugiados no Brasil. O Brasil tam-
bém recebe refugiados do mundo todo.
Segundo estatísticas, o número total de
solicitações de refúgio aumentou mais
de 2.868% entre 2010 e 2015. Entre as
principais causas dos pedidos de refúgio
estão a violação de direitos humanos,
perseguições políticas, reencontro
de famílias e perseguição religiosa. A
grande maioria dessas pessoas advém
da África, Ásia (inclusive Oriente Médio)
e do Caribe. Jovem, você conhece ou
já viu alguma pessoa refugiada em sua
cidade? Qual foi a sua reação?
Pense!
Mais da metade dos refugiados
no mundo é criança.
Ponto Importante
A última década tem testemu-
nhado a maior crise de refu-
giados desde a Segunda Guerra
Mundial.
IV – OS REFUGIADOS E A IGREJA
1. Um problema dos últimos tempos.
As guerras e os rumores de guerras
serão sinais dos últimos dias (Mc 13.7),
ocasionando em grande medida a crise
dos refugiados. Mas isso não pode nos
anestesiar em face desse problema
humanitário. Os eventos escatológicos
não afastam a responsabilidade do
povo de Deus de dar mostras do seu
amor e justiça para com o próximo e
necessitado (Sl 72.13; Pv 31.20), enquanto
aqui estiver.
2. Amor e compaixão pelo estran-
geiro. Em o Novo Testamento, temos
o exemplo do próprio Jesus que, ainda
criança, foge com seus pais para o Egito
em razão da perseguição de Herodes (Mt
2.13). O Filho de Deus encarnado, portan-
to, foi um refugiado nessa terra. Cristo
se importa e se compadece daqueles
36. JOVENS 35
“Serviço e Comunhão
Hebreus também apresenta um
testemunho poderoso sobre a neces-
sidade de o cristão alcançar os outros
em serviço amoroso e abnegado e
responder a Deus em adoração sincera.
O fato de estar sob pressão pessoal não
é desculpa para viver uma existência
autocentrada e de ingratidão.
O principal ensinamento a respeito
do serviço cristão é apresentado em
uma série de exortações do capítulo
final de Hebreus. Algumas são instru-
ções padrões a respeito da vida cristã,
necessárias em qualquer tempo e lugar,
mas a maioria reflete a situação espe-
cífica dos leitores. Essas são exortações
ao amor fraternal, à hospitalidade, ao
cuidado dos prisioneiros e dos perse-
guidos, ao contentamento financeiro e
à estabilidade e firmeza espiritual em
face de opiniões distintas e de oposi-
ção (13.1-14). Tudo isso é necessário,
em especial, para uma comunidade
que passa por uma situação difícil.
No entanto, elas revelam a orientação
particularmente cristã de cuidar das
necessidades dos outros e buscar de
forma ativa o bem deles, em vez de se
absorver nos interesses pessoais ou na
autocomiseração” (ZUCK, Roy B (ed.).
Teologia do Novo Testamento. 1.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2008, pp. 459,460).
SUBSÍDIOque se encontram nessa condição, pois
conhece o seu sofrimento e infortúnio
(Hb 2.17,18). Por esse motivo, aqueles
que acolhem o estrangeiro necessitado
são dignos de honra.
3. Oração e hospitalidade. Além da
oração, é possível promover o acolhimen-
to e amparo aos refugiados, colocando
em prática a recomendação bíblica da
hospitalidade (Rm 12.13; Hb 13.2; 1 Tm 3.2;
1 Pe 4.9). Tal hospitalidade faz parte do
serviço cristão, e se estende aos crentes
e àqueles que estão no mundo. Sem
adentrar aos aspectos que envolvem a
segurança nacional e a política migratória,
que competem ao Estado, o povo do
Senhor serve como uma comunidade
de refúgio e apoio às pessoas e famílias
fragilizadas que sofrem perseguição.
4. A igreja e os refugiados. Devemos
lembrar de que muitos refugiados são
cristãos que se encontram afastados de
seus países por diversos motivos, alguns
por causa da perseguição religiosa, por
professarem a fé em Cristo. Enquanto
arauto da justiça, a igreja também pode
agir estrategicamente no enfretamento
desse problema social, alçando sua voz
profética para que o assunto seja devi-
damente tratado pelo poder público,
apoiando organizações sérias que traba-
lham nessa causa, inclusive levantando
recursos para a ajuda humanitária.
Pense!
Seja um instrumento de refúgio
para aqueles que buscam socorro.
Ponto Importante
A comunidade cristã pode pro-
mover o acolhimento e o amparo
aos refugiados, colocando em
prática a recomendação bíblica
da hospitalidade.
37. HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. 2.ed. Rio
de Janeiro: CPAD, 2007.
ESTANTE DO PROFESSOR
Anotações
A questão dos refugiados é um tema atual e complexo. Não obstante, considerando que
o Senhor é um alto refúgio para o oprimido (Sl 9.9), a comunidade cristã deve também
ser uma comunidade de refúgio para os estrangeiros perseguidos. Sem desconsiderar
os aspectos que envolvem a segurança nacional e a política migratória, aos cristãos
cabe, do ponto de vista prático, dar acolhimento àqueles que precisam de proteção.
CONCLUSÃO
HORA DA REVISÃO
1. De acordo com a lição, qual o conceito de refugiado?
Refugiadas são as pessoas que se encontram fora do seu país por causa de fun-
dado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião
política ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou não queira) voltar
para casa.
2. Quais as principais causas da crise de refugiados no mundo?
Conflitos internos, terrorismo, guerras civis, perseguição religiosa e outras formas
de perseguição.
3. De onde é oriunda a grande maioria dos refugiados na Europa?
Do Oriente Médio e da África.
4. Cite três exortações de Deus no Antigo Testamento sobre o tratamento aos es-
trangeiros?
Não oprimir, permitir a colheita remanescente e amar o estrangeiro.
5. O que a comunidade cristã pode fazer em relação aos refugiados?
Promover o acolhimento e amparo aos refugiados, colocando em prática a reco-
mendação bíblica da hospitalidade.
38. JOVENS 37
SÍNTESE
A imagem de Deus no homem
e o exemplo de vida do Senhor
Jesus jogam por terra o pre-
conceito e a discriminação.
TEXTO DO DIA
“E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança;
e domine [...] sobre toda a
terra [...].” (Gn 1.26)
LIÇÃO
605/11/2017
LIDANDO COM O
PRECONCEITO E A
DISCRIMINAÇÃO
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Rm 2.11
Para Deus não há acepção
de pessoas
TERÇA – Tg 2.1
O pecado da acepção de
pessoas
QUARTA – Lc 20.21
Conduta que não leva em
consideração a aparência
QUINTA – Dt 1.17
Não discriminarás
SEXTA – Mt 7.1
Não julgueis
SÁBADO – Ap 7.9
A salvação abrange todas as
raças e línguas
39. 38 JOVENS
Para a aula de hoje propomos a aplicação da “dinâmica dos
rótulos”. Prepare várias etiquetas autocolantes com as frases
abaixo sugeridas. As etiquetas devem ser coladas na testa de
cada aluno. O aluno não pode saber o que está escrito na pró-
pria etiqueta, e os demais participantes também não devem
contar. Depois que todos estiverem devidamente “rotulados”,
peça para que andem pela sala e interajam por 5 minutos,
considerando o que está escrito na testa de cada um. Enquanto
isso, anote as reações dos alunos. Ao final do tempo, peça para
todos se sentarem, sem retirar as etiquetas. Depois, comece a
indagar os participantes: O que acha que está escrito em sua
testa? Assim que ver a frase na etiqueta, indague: Era isso
que esperava que estivesse escrito? A atitude que tiveram
com você foi justa? Agora que sabe o que estava escrito, seu
sentimento em relação a como lhe trataram mudou?
Ao término, pergunte ao grupo o que podem extrair dessa
experiência? Será que é isso o que ocorre no caso de precon-
ceito e discriminação? Ao rotular alguém por sua condição
social, etnia ou religião acabamos agindo de acordo com este
rótulo que nós mesmos colocamos?
Diariamente, feridas são abertas nos corações de milhares de
pessoas por causa do preconceito, seja o preconceito manifesto
ou aquele velado. E outras tantas sofrem com o desprezo
decorrente da discriminação racial, social e religiosa. Este é
o tema da lição de hoje.
• APRESENTAR o conceito de preconceito;
• SABER o significado de discriminação e os seus vários tipos;
• RECONHECER a importância da lei no combate à discriminação.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
RÓTULOS
SOU INFERIOR: IGNORE-ME!/ SOU PREPOTENTE: TENHA MEDO! / SOU
SURDO(A): GRITE! / SOU IGNORANTE: FALE COMO UM BOBO/
40. JOVENS 39
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Uma das maiores contribuições sociais do cristianismo ao longo da história
tem sido a doutrina bíblica da imagem de Deus no homem (Gn 1.26). Sem ela,
é impensável falar de igualdade, liberdade e direitos humanos. O valor indi-
vidual de cada ser humano, fundado no amor indistinto de Deus por todas
as pessoas, faz parte do legado da fé cristã em sua trajetória na face da Terra.
Com apoio nessa bela doutrina bíblica, ensinada e vivenciada exemplar-
mente por Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, é que a Igreja encontra
respaldo suficiente para lidar e combater o preconceito e a discriminação
em todas as formas que se apresentam. Esse é o tema da presente lição.
TEXTO BÍBLICO
Gênesis 1.26,27; Colossenses 3.9-11;
Tiago 2.8-10
Gênesis 1
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança;
e domine sobre os peixes do mar, e
sobre as aves dos céus, e sobre o gado,
e sobre toda a terra, e sobre todo réptil
que se move sobre a terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou; macho e
fêmea os criou.
Colossenses 3
9 Não mintais uns aos outros, pois que
já vos despistes do velho homem com
os seus feitos
10 e vos vestistes do novo, que se reno-
va para o conhecimento, segundo a
imagem daquele que o criou;
11 ondenãohágregonemjudeu,circuncisão
nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo
ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
Tiago 2
8 Todavia, se cumprirdes, conforme
a Escritura, a lei real: Amarás a teu
próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
9 Mas, se fazeis acepção de pessoas,
cometeis pecado e sois redarguidos
pela lei como transgressores.
10 Porque qualquer que guardar toda a lei
e tropeçar em um só ponto tornou-se
culpado de todos.
I – PRECONCEITO: CONCEITO
GERAL E BÍBLICO
1. Definição geral. Os dicionários defi-
nem ovocábulo preconceito como a ideia
ou opinião formada antecipadamente
sobre determinado assunto. Em certo
sentido, todos nós temos algum tipo de
convicção prévia; conceitos anteriores
que nos levam a decidir as questões da
vida. Não há nada de errado nisso, pois
trata-se de um “preconceito natural”.
Por outro lado, o preconceito negativo é
aquele em que alguém faz um juízo de
condenação acerca de outrem ou de um
grupo de pessoas, sem conhecimento,
reflexão ou com imparcialidade. Esse tipo
de preconceito é prejudicial e perigoso,
pois leva à intolerância, à discriminação,
e até mesmo, à violência.
2.Juízesdemauspensamentos.Apesar
de não acharmos nas Escrituras a palavra
preconceito, hávárias advertências contra
41. 40 JOVENS
esse comportamento que pode ser ex-
presso por meio do desprezo (Rm 10.12)
e pelo julgamento condenatório dirigido
pelas aparências (Jo 7.24) e sem critérios
justos (Jo 8.15, 16).Tiago chama de “juízes
de maus pensamentos”aqueles que me-
nosprezavamosmenosafortunados(Tg2.4).
3. O preconceito de Pedro. Antes de
receber a revelação de Deus, Pedro agia
com preconceito em relação aos gentios
(At 10). No entanto ao serconfrontado pela
verdade divina, entendeu que Deus não
fazacepçãodepessoas(At10.34).Quantos
agem como juízes de maus pensamentos
emrelaçãoaosoutros,fazendojulgamentos
moraisbaseadosemrótulos,estereótipose
inverdades?Devemosfazerumaprofunda
avaliação de nossos corações para ver se
não estamos agindo da mesma forma. O
EspíritodeDeusampliaavisãoestreitadoser
humanoederrubatodotipodepreconceito.
4.Julgandocomsabedoria.Aadvertên-
cia do Mestre em Mateus 7.1, “não julgueis,
para que não sejais julgados,”é importante
para combater o julgamento prematuro.
É necessário observar, no entanto, que
o Senhor Jesus não estabeleceu, com
estas palavras, um mandamento contra
qualquer tipo de julgamento, pelo qual
não possamos denunciar o erro e exortar
os pecadores. O objetivo maior da decla-
ração é que devemos tratar os outros da
maneira como queremos sertratados, com
base na regra de ouro (Mt 7.12). Devemos
procurar avaliar a nós mesmos, e aos
outros, utilizando os mesmos padrões.
Somos convidados, como servos de Deus,
a julgar com discernimento e sabedoria.
Pense!
O preconceito, seja ele étnico,
social ou cultural, nos impede de
testemunhar o amor e a graça de
Deus na sociedade.
Ponto Importante
Apesar de não acharmos nas
Escrituras a palavra preconceito,
há várias advertências contra esse
comportamento que pode ser
expresso por meio do desprezo
e pelo julgamento condenatório
dirigido pelas aparências e sem
critérios justos.
II – DISCRIMINAÇÃO RACIAL, SO-
CIAL E RELIGIOSA
Discriminação significa o tratamento
desigual e injusto de uma pessoa ou um
grupo de pessoas em razão de classe
social, cor da pele, nacionalidade, convic-
ções religiosas, etc. É uma conduta que
desonra a Deus e desmerece o valor do
próximo. Conheça os principais tipos de
discriminação:
1. Discriminação étnica. Consiste em
qualquer distinção, exclusão, restrição
ou preferência, baseadas em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou
étnica. É uma das mais terríveis e cruéis
formas de acepção de pessoas, pois
aquele que é discriminado é tratado
como um ser de segunda categoria.
Tal discriminação é errônea já que
nega o princípio extraído de Gênesis
1.26, segundo o qual todos os seres
humanos são criados à imagem de
Deus. A Bíblia profere um duro golpe
no racismo ao enfatizar que, segundo a
imagem daquEle que nos criou, não há
grego, nem judeu, nem bárbaro ou cita;
mas Cristo é tudo, e em todos (Cl 3.11).
O pensamento de segregação étnica
também não consegue se sustentar
diante da irrefutável verdade bíblica
de que a graça salvadora se estende a
toda humanidade (Jo 3.16), às pessoas
de todas as nações, e tribos, e povos,
e línguas (Ap 7.9).
42. JOVENS 41
É significativo observar que o derra-
mamento do Espírito Santo registrado
em Atos 2 ocorreu quando pessoas de
várias nacionalidades (v.5) estavam reu-
nidas, demonstrando que a graça divina
promove conciliação que ultrapassa as
barreiras raciais.
2. Discriminação social. Esse tipo de
discriminação provoca o afastamento dos
indivíduos em virtude da classe social a
que pertencem, gerando marginalização
e segregação social. Tiago repreendeu
aqueles que em reuniões solenes da-
vam tratamento privilegiado aos ricos, e
desonroso aos pobres, numa verdadeira
acepção de pessoas (Tg 2.6).
Jesus é o exemplo por excelência de
conduta não discriminatória. Ele confrontou
as barreiras sociais, religiosas e culturais
da sua época, tratando todos com igual
dignidade e respeito, Ele via cada pessoa
dotada de valor especial para Deus, por
isso aproximou-se dos marginalizados e
excluídos na cultura judaica de seu tempo.
A graça do evangelho abrange aqueles
que estão em um nível social inferior, o
que significa que todos têm esperança
por causa da encarnação do Verbo; por
causa da descida de Deus. Quer seja rico
ou pobre, todos são iguais aos olhos de
Deus! Se olharmos para o ser humano a
partirda perspectiva deJesus, evitaremos
a discriminação e exclusão social!
3. Discriminação religiosa. Refere-se
ao tratamento diferenciado em virtude
da crença, religião ou culto praticado por
determinada pessoa. Geralmente, esse
tipo de discriminação provoca intolerân-
cia, perseguição,violência e morte, como
podem atestarvários episódios da história
da humanidade.Ainda hoje, cerca de 73%
da população do mundo vive em países
onde as restrições à liberdade religiosa
são consideradas altas ou muito altas, em
decorrênciadadiscriminaçãopormotivode
crença religiosa, de acordo com pesquisa
do Christian SolidarityWorldwide.
O fato de o cristão crer que Jesus é
o único mediador entre Deus e o homem
(1 Tm 2.5), não serve como pretexto para
agir com intolerância e menosprezo em
relação à religião alheia. O testemunho
cristão no meio social deve ser feito com
cordialidade, mansidão e respeito à liber-
dade religiosa daqueles que professam
crenças diferentes da nossa.
Pense!
A graça de Cristo cura as feridas do
racismo e da discriminação.
Ponto Importante
Discriminação significa o tratamen-
to desigual e injusto de uma pessoa
ou um grupo de pessoas em razão
de classe social, cor da pele, nacio-
nalidade, convicções religiosas, etc.
III –ALEI E O COMBATEÀDISCRI-
MINAÇÃO
1. Conheça seus direitos e deveres.
Enquantocidadão,ocristãoépossuidorde
direitos e deveres. Esse é o sentido básico
da cidadania. Logo, conhecer as noções
jurídicasbásicaséimportanteparacontribuir
comadefesadenossosdireitosegarantias
legais,assimcomoparanosconscientizarde
nossas responsabilidades, especialmente
emrelaçãoaopreconceitoeàdiscriminação.
2. Direito à igualdade e o combate à
discriminação. Um dos principais direitos
fundamentais expressos na Constituição
Federaldo Brasilé o direito à isonomia; ou
seja, “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza...” (art. 5º,
caput, CF/88).Taldireito possui uma clara
herança cristã, na medida em que parte da
43. 42 JOVENS
compreensão de que todas as pessoas são
dotadas de igualvalor, em clara referência
ao princípio bíblico da imagem de Deus
(Gn 1.26). Por esse motivo, além do fato da
discriminação, o racismo e a injuria racial
constituírem crime, conforme estabelece
a legislação do país (Código Penal Brasi-
leiro e Lei número 7.716/89), combater a
discriminação é uma maneira de honrar
essa doutrina bíblica basilar.
3. Direito à liberdade religiosa. A li-
berdade religiosa é igualmente um direito
fundamentaldevalorinestimável, previsto
em nossa Constituição Federal: “É inviolável
a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias” (art, 5º, VI, CF/88). Compreende,
primeiramente, o direito de crença, isto é, o
direito de acreditar, não acreditarou deixar
de acreditarem alguma coisa, assim como
aderir a qualquer religião de sua escolha,
seja ela organizada ou não; assim como o
direito de não professar qualquer religião.
Engloba também a liberdade de culto,
consistente na possibilidade de realizar
cerimônias, liturgias, cânticos e outros
atos próprios da fé.
Pense!
A liberdade religiosa é uma das
principais garantias do ser huma-
no. É um direito antes dos demais
direitos.
Ponto Importante
Conhecer as noções jurídicas bá-
sicas é importante para contribuir
com a defesa de nossos direitos
e garantias legais, assim como
para nos conscientizar de nossas
responsabilidades, especialmente
em relação ao preconceito e à
discriminação.
“Tiago 2.4
Este tipo de distinção mostra que
os crentes estão sendo dirigidos por
motivos errados. Tiago condenou o
seu comportamento, porque Cristo os
tinha tornado um só (Gl 3.28). Por que
é errado julgar uma pessoa com base
na sua situação econômica? A riqueza
pode ser um sinal de inteligência, de
decisões sábias, e de trabalho árduo.
Por outro lado, ela pode querer dizer
simplesmente que a pessoa teve a
boa sorte de nascer em uma família
rica. Ela também pode até ser um sinal
de avareza, desonestidade e egoísmo.
Quando honramos uma pessoa apenas
porque ela se veste bem, estamos
considerando a aparência como algo
mais importante do que o caráter.
Outra suposição falsa que às vezes
influencia o nosso tratamento dos ricos
é a interpretação equivocada do rela-
cionamento de Deus com a riqueza. É
fácil, porém enganoso, acreditar que
as riquezas são um sinal da bênção e
da aprovação de Deus. Mas Deus não
nos promete recompensas ou riquezas
terrenas; na verdade, Cristo nos con-
voca para que estejamos dispostos a
sofrer por Ele e desistir de tudo para
nos agarrarmos à vida eterna (Mt 6.19-
21; 19.28-30; Lc 12.14-34; 1 Tm 6.17-19).
Teremos riquezas incalculáveis na
eternidade se formos fiéis na nossa
vida atual (Lc6.35; Jo 12.23-25; Gl 6.7-10;
Tt 3.4-8)” (Comentário do Novo Testa-
mento: Aplicação Pessoal. 1.ed. Vol. 2.
Rio de Janeiro: CPAD, p. 671).
SUBSÍDIO
44. Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal. 1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
ESTANTE DO PROFESSOR
Anotações
HORA DA REVISÃO
A doutrina da imagem de Deus (Gn 1.26) é essencial para conscientizar a sociedade de que
todas as pessoas são portadoras de igual valor e dignidade, independentemente da raça,
condição social ou religião. Nenhuma teoria secular fornece tão belo ensinamento. Tal ver-
dade é princípio elementar para a convivência pacífica e harmoniosa, e, uma vez aplicada,
produz relacionamentos comunitários sadios. Portadores dessa verdade e imbuídos da graça
de Deus, os crentes são vitais para combater o preconceito e todo tipo de discriminação.
CONCLUSÃO
1. Qual a definição do vocábulo “preconceito” segundo os dicionários?
A ideia ou opinião formada antecipadamente sobre determinado assunto.
2. Na Bíblia, como o preconceito pode ser expresso?
Por meio do desprezo (Rm 10.12) e pelo julgamento condenatório dirigido pelas
aparências (Jo 7.24) e sem critérios justos (Jo 8.15, 16).
3. O que é discriminação?
Tratamento desigual e injusto de uma pessoa ou um grupo de pessoas em razão
de classe social, cor da pele, nacionalidade, convicções religiosas, etc.
4. Quais os principais tipos de discriminação?
Discriminação racial (étnica), social e religiosa.
5. Por que a discriminação é algo errado?
Porque nega o princípio extraído de Gênesis 1.26, segundo o qual todos os seres
humanos são criados à imagem de Deus.
45. 44 JOVENS
SÍNTESE
Em tempos de crise moral
e política, a Igreja deve
ser exemplo íntegro de
participação cívica e de
combate à corrupção.
TEXTO DO DIA
“Toda alma esteja sujeita
às autoridades superiores;
porque não há autoridade
que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram
ordenadas por Deus.” (Rm 13.1)
LIÇÃO
712/11/2017
POLÍTICA E CORRUPÇÃO
NA PERSPECTIVA CRISTÃ
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA – Is 51.4
A justiça de Deus é luz para as
nações
TERÇA – Pv 29.2
O povo se alegra com a admi-
nistração sábia e justa
QUARTA – Pv 29.4
A diferença entre o governan-
te justo e o corrupto
QUINTA – At 5.29
Melhor obedecer a Deus que
aos homens
SEXTA – Ef 4.28
Aquelequefurtava,nãofurtemais
SÁBADO – Jo 10.10
O ladrão mata, rouba e destrói
46. JOVENS 45
Professor(a), no tópico III, utilize o esquema abaixo para refletir
com os seus alunos acerca de algumas medidas importantes
para evitar a prática da corrupção, tanto no setor público
quanto no privado. Lembre aos jovens que todas essas medidas
decorrem de princípios bíblicos, e partem do pressuposto de
que o homem possui a tendência natural para a prática da
corrupção. Na segunda coluna, peça para os alunos opinarem
a respeito do objetivo da medida anticorrupção constante da
primeira coluna.
A história de nosso país é assinalada por má governança e
escândalos de corrupção. Sem dúvida alguma, a desonestidade
e a trapaça não são novidades para o país que criou o “jeitinho
brasileiro” – a artimanha utilizada por muitos para resolver
problemas ou levar vantagem em alguma coisa. Em tempos
recentes, porém, a crise política que se instalou na nação
parece ter atingido níveis alarmantes. A estrutura política
encontra-se transtornada. Diante desse contexto, o que pode
fazer o justo? Na aula de hoje, veremos que o justo muito
pode fazer pela nação. A participação política dos crentes de
maneira íntegra, alinhada às recomendações das Escrituras,
é vital para a boa governança e combate à corrupção.
OBJETIVOS
INTERAÇÃO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
• CONSCIENTIZAR-SE do papel da política governamental
e dos efeitos da corrupção;
• CONHECER a base bíblica da separação entre Estado e Igreja;
• SABER como o cristão deve lidar com a política e a corrupção.
MEDIDAS ANTICORRUPÇÃO OBJETIVO
Divisão de poder.
Fiscalização constante.
Transparência.
Punição, inclusive dos pequenos delitos.
Afixação de regras claras.
Recordação da importância do agir ético.