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Telescópio James Webb, da Nasa,
revela imagem inédita de Saturno
A foto foi capturada por lentes de infravermelho do telescópio James Webb —
um dos mais modernos da atualidade — em 25 de junho
Saturno é o planeta mais exuberante do Sistema Solar por conta de
seus anéis feitos de gelo e detritos interplanetários. Há algum
tempo, a Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa)
descobriu que esses anéis podem refletir luminosidade e, em 2019, conseguiu capturá-
los brilhando primeira vez em um registro do telescópio Hubble. Agora, em uma nova
imagem divulgada pela agência, é possível ver essa luz de forma ainda mais intensa.
A foto foi capturada por lentes de infravermelho do telescópio James Webb — um dos
mais modernos da atualidade — em 25 de junho. A divulgação aconteceu na última
sexta-feira, 30. Além dos anéis luminosos de Saturno, é possível ver algumas das luas
que circundam o planeta: Dione, Encelodus e Tethys.
“Saturno, em si, aparece extremamente escuro neste
comprimento de onda infravermelho observado pelo
telescópio, pois o gás metano absorve quase toda a luz
solar que incide na atmosfera. No entanto, os anéis de
gelo permanecem relativamente brilhantes levando
ao aparecimento incomum de Saturno na imagem de Webb”, explica a Nasa.
A captura inédita faz parte do programa Webb Guaranteed Time Observation 1247, que
incluiu uma série de exposições profundas de Saturno, projetadas para testar a
capacidade do telescópio de detectar luas fracas ao redor do planeta e seus anéis
brilhantes.
“Quaisquer luas recém-descobertas podem ajudar os cientistas a montar uma imagem
mais completa do sistema atual de Saturno, bem como de seu passado”, diz a Nasa.
“Exposições adicionais mais profundas (não mostradas aqui) permitirão que a equipe
investigue alguns dos anéis mais fracos do planeta, não visíveis nesta imagem,
incluindo o fino anel G e o difuso anel E.”
Os anéis de Saturno são constituídos por uma série de fragmentos rochosos e gelados.
Essas partículas variam em tamanho: as menores são similares a um grão de areia e
algumas são tão grandes quanto montanhas na Terra, segundo a Nasa.
Morar perto de áreas verdes
rejuvenesce 2,5 anos, aponta
estudo
Exposição a espaços verdes já foi associada a uma melhor saúde cardiovascular
e a menores taxas de mortalidade
Parque Nacional de Valle de Ordesa: picos de 3.000 metros de altitude e trilhas
para mountain bike (Manuel Francos Garcia/Divulgação)
Parques urbanos e espaços verdes ajudam a
combater o calor, aumentar a biodiversidade e
transmitir uma sensação de tranquilidade na
selva urbana.
Eles também ajudam a retardar o
envelhecimento biológico, segundo um novo
estudo publicado nesta quarta-feira, 28, na revista "Science Advances". De acordo com
a pesquisa, pessoas que têm acesso a espaços verdes são, em média, 2,5 anos mais
jovens biologicamente do que aquelas que não têm.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
"Viver próximo a áreas mais verdes pode fazer você ser mais jovem do que a sua idade
real", disse Kyeezu Kim, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorado na
Feinberg School of Medicine da Northwestern University, à AFP.
"Acreditamos que nossas descobertas têm implicações significativas para o
planejamento urbano, no sentido de expandir a infraestrutura verde para promover a
saúde pública e reduzir as disparidades de saúde."
A exposição a espaços verdes já foi associada a uma melhor saúde cardiovascular e a
menores taxas de mortalidade. Acredita-se que isso esteja relacionado a uma maior
atividade física e interações sociais, mas não estava claro se os parques realmente
retardavam o envelhecimento em nível celular.
Para investigar, a equipe por trás do estudo examinou modificações químicas do DNA
conhecidas como "metilação".
Trabalhos anteriores mostraram que os chamados "relógios epigenéticos", baseados
na metilação do DNA, podem ser bons preditores de condições de saúde, como doenças
cardiovasculares, câncer, função cognitiva, além de serem uma maneira mais precisa
de medir a idade do que em anos calendário.
Kim e seus colegas acompanharam mais de 900 pessoas brancas e negras de quatro
cidades americanas – Birmingham, Chicago, Minneapolis e Oakland – ao longo de um
período de 20 anos, de 1986 a 2006.
Utilizando imagens de satélite, a equipe avaliou a proximidade das residências dos
participantes em relação à vegetação e aos parques ao redor, e cruzou esses dados com
amostras de sangue coletadas nos anos 15 e 20 do estudo para determinar suas idades
biológicas.
A equipe construiu modelos estatísticos para avaliar os resultados e controlar outras
variáveis, como educação, renda e fatores comportamentais como o tabagismo, que
poderiam ter afetado os resultados.
Eles descobriram que pessoas cujas casas estavam cercadas por 30% de cobertura
verde em um raio de 5 quilômetros eram, em média, 2,5 anos mais jovens
biologicamente em comparação com aquelas cujas casas tinham 20% de cobertura
verde.
Os benefícios não foram igualmente distribuídos. Pessoas negras com maior acesso a
espaços verdes eram apenas um ano mais jovens biologicamente, enquanto pessoas
brancas eram três anos mais jovens.
"Outros fatores, como o estresse, a qualidade do espaço verde ao redor e o suporte
social, podem afetar o grau de benefícios dos espaços verdes em termos de
envelhecimento biológico", explicou Kim, ressaltando que as disparidades requerem
estudos adicionais.
Por exemplo, parques em bairros carentes usados para atividades ilícitas podem ser
menos frequentados, anulando os benefícios.
Os próximos passos podem envolver investigar a relação entre espaços verdes e
resultados de saúde específicos, acrescentou Kim. Ainda não está claro como
exatamente a vegetação reduz o envelhecimento, apenas que ela o faz, concluiu Kim.
O epidemiologista Manuel Franco, da Universidade de Alcalá e Johns Hopkins, chamou
a pesquisa de "estudo bem elaborado".
"Temos mais e melhores evidências científicas para aumentar e promover o uso de
espaços verdes urbanos", acrescentou Franco, que não esteve envolvido no estudo.
Pesquisadores chineses desenvolvem
nanopartículas capazes de detectar e
tratar câncer
A terapia desenvolvida pela equipe mostrou que o tumor diminuiu 82% após
um único tratamento e foi removido após o
segundo
(Reprodução/Thinkstock)
A Academia de Inovação para Ciência e Tecnologia
de Medição de Precisão (IAPMST, na sigla inglesa)
da Academia Chinesa de Ciências afirmou em um
comunicado recente que desenvolveu uma
nanopartícula capaz de detectar e tratar o câncer com precisão, reduzindo os efeitos
colaterais do uso excessivo de medicamentos.
Segundo a academia, a superdosagem de medicamentos é a principal causa dos efeitos
colaterais na detecção e tratamento do câncer, uma vez que os medicamentos
existentes não conseguem atingir as células cancerígenas de maneira precisa e o
tempo em que o medicamento permanece no corpo é curto, tornando necessário uma
alta dose para obter os resultados esperados.
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A pesquisa
Uma equipe de pesquisadores da IAPMST desenvolveu “nanotransformadores à base
de pontos quânticos de grafeno” (GQD NT), uma nanopartícula que pode identificar
inteligentemente tumores, aproveitando as diferenças entre os microambientes dos
tumores e dos tecidos normais, afirmou a IAPMST.
A nanopartícula se deforma continuamente, prolongando o tempo de permanência dos
medicamentos e pode penetrar melhor nos tumores, realizando a detecção e
tratamento de imagem de ressonância magnética de longo prazo com uma dose menor
de medicamento.
A terapia desenvolvida pela equipe mostrou que o tumor diminuiu 82% após um único
tratamento e foi removido após o segundo, de acordo com a academia. A dose de
fotossensibilizador, um medicamento usado na terapia, foi 10 a 30 vezes menor.
O estudo foi publicado na revista "Advanced Materials" em abril.
Nuvens transportam bactérias resistentes a
antibióticos, revela estudo
Autoridades sanitárias já alertaram que estas
adaptações estão se tornando o que o estudo
descreveu como "grande preocupação sanitária
em nível mundial"
Céu: nuvens escuras no horizonte são potencialmente ameaçadoras, e não porque sinalizam
a chegada de uma tempestade (Marco Antônio da Costa / Redes Sociais/Reprodução)
AFP
Publicado em 29 de abril de 2023 às, 16h33.
Para uma equipe de pesquisadores canadenses e franceses, as nuvens escuras no horizonte são
potencialmente ameaçadoras, e não porque sinalizam a chegada de uma tempestade. Um estudo
revela que elas transportam por longas distâncias bactérias resistentes a medicamentos.
"Essas bactérias costumam viver na superfície da vegetação, como em folhas, ou no solo", explicou
Florent Rossi, principal autor do estudo, em entrevista à AFP nesta sexta-feira (28). "Descobrimos que
elas são transportadas pelo vento para a atmosfera e podem viajar por longas distâncias ao redor do
mundo, em grandes altitudes, nas nuvens."
A descoberta foi publicada na edição do mês passado da revista "Science of The Total Environment".
Pesquisadores da Universidade canadense Laval e da Universidade francesa Clermont Auvergne
buscaram genes resistentes a antibióticos em bactérias encontradas em amostras de nuvens
coletadas em uma estação de pesquisa atmosférica localizada 1.465 m acima do nível do mar, no topo
do vulcão inativo francês Puy-de-Dôme, entre setembro de 2019 e outubro de 2021.
Uma análise da névoa recuperada revelou que a mesma continha entre 330 e mais de 30.000
bactérias por mililitro de água de nuvem, com uma média de cerca de 8.000 bactérias por mililitro.
Resistência
Também foram identificados 29 subtipos de genes resistentes a antibióticos nas bactérias. A
resistência ocorre quando a bactéria é exposta a antibióticos e desenvolve imunidade aos mesmos ao
longo de gerações.
Autoridades sanitárias já alertaram que estas adaptações estão se tornando o que o estudo descreveu
como "grande preocupação sanitária em nível mundial", o que dificulta e, por vezes, impossibilita o
tratamento de algumas infecções bacterianas, uma vez que o uso de antibióticos segue aumentando
na saúde e agricultura.
O estudo não tira conclusões sobre os possíveis efeitos à saúde da disseminação de bactérias
resistentes a antibióticos, pois estima que apenas 50% destes organismos poderiam estar vivos e
potencialmente ativos.
Rossi sugeriu que os riscos devem ser baixos. "A atmosfera é muito estressante para as bactérias, e a
maioria das que encontramos eram bactérias ambientais", que têm menos chances de serem nocivas
ao homem, explicou. "As pessoas não precisam ter medo de sair na chuva. Não está claro se esses
genes seriam passados para outras bactérias."
O monitoramento atmosférico, no entanto, poderia ajudar a localizar as fontes das bactérias
resistentes aos fármacos, de forma semelhante aos testes de águas residuais para a Covid-19 e outros
patógenos, "a fim de limitar a sua propagação", ressaltou Rossi.
Viés de confirmação: mente aceita
só aquilo em que acredita, dizem
cientistas
Para os especialistas, a política e o futebol são campos de florescência do viés
de confirmação
Viés de confirmação: Há quem coloque na conta da empatia a solução (Getty
Images/Getty Images)
Narciso acha feio o que não é espelho, canta
Caetano Veloso em Sampa. Contudo, não foi em
São Paulo, mas em Londres, na década de 1960,
que o psicólogo Peter Wason deu o nome de "viés
de confirmação" para o mecanismo que induz a
mente a aceitar as informações que sustentam as
próprias crenças, em vez de questionar e ter
abertura para analisar outros tipos de informação.
A ideia de uma mente racional, a serviço de apreender a realidade tal qual ela é, seguiu
sendo desacreditada na década seguinte. Em 1979, foi realizado um estudo na
Universidade Stanford, nos Estados Unidos, com estudantes universitários que tinham
opiniões opostas sobre a pena de morte. Com base em dois artigos falsos - um que
argumentava a favor e outro contra a pena de morte -, os estudantes apoiaram
justamente aquele artigo que confirmava sua crença original. O estudo mostrou que ter
as certezas contestadas serviu apenas como reforço para as próprias convicções.
Para os especialistas, a política e o futebol são campos de florescência do viés de
confirmação. "A partir do momento em que você se expõe, você se cristaliza naquele
posicionamento e aí você vai polarizando, polarizando...", diz a neurocientista Claudia
Feitosa-Santana. "As pessoas estão polarizando até em relação a Neymar e Richarlison
por causa da política."
Segundo Claudia, as conversas não ajudam a reduzir a polarização porque as pessoas
acham que o diálogo está a serviço de desconstruir o argumento do outro. "A
polarização política, da forma como ela é, só ajuda os próprios políticos. Eles
conseguem conversar entre si, eles fazem acordos a portas fechadas, o eleitorado não."
Há quem coloque na conta da empatia a solução. Acontece que a empatia, relacionada
à verdadeira escuta, custa energia cerebral ou glicose, que é um recurso limitado.
"É muito difícil você conseguir ‘empatizar’ com o que não faz parte do que você
considera seu círculo moral", diz Claudia. "As pessoas hoje em dia focam em empatia,
sendo que ninguém tem empatia com ninguém. Usam a palavra empatia para cobrar
do outro empatia, não para ser empático. O foco na verdade é a palavra respeito e
ninguém se respeita".
Alinhada ao viés de confirmação, a polarização política já chega formatada. "Quem é de
esquerda tem que ser a favor do aborto. Se você é de direita, você tem que ser contra.
Alguns autores chamam isso de identidade prêt-à-porter, uma identidade que já vem
pronta, você só vai ali e veste", diz Sérgio Rodrigo Ferreira, pesquisador da
Universidade Federal do Espírito Santo. "De certo modo, isso vai matando o aspecto
mais subjetivo e mais diverso. Nós temos tido muita dificuldade de conviver com o
contraditório por conta disso".
Se um ambientalista e um executivo de companhia petrolífera buscarem na internet
por "mudanças climáticas", os resultados das buscas serão diferentes.
"Cada vez mais o monitor do nosso computador é uma espécie de espelho que reflete
nossos próprios interesses, baseando-se na análise de nossos cliques feita por
observadores algorítmicos", escreve o ativista Eli Pariser no livro O Filtro Invisível: O
Que a Internet Está Escondendo de Você (Editora Zahar).
Ao mapear as preferências do usuário, o algoritmo forma as chamadas bolhas,
delimitando as respostas de acordo com seus gostos. Isso gera uma autossatisfação
viciante que pode isolar o indivíduo num sistema de conhecimento unilateral,
reforçando sua visão em vez de expandi-la, assim como acontece com o viés de
confirmação.
Mais do que as bolhas, existem ainda as câmeras de eco, que recebem a contribuição
dos usuários para manter o alinhamento das crenças. "Quando recebe algum
posicionamento diferente, além de ser ferrenhamente contrário a ele, o usuário exclui
pessoas e conteúdos que divergem de si", explica Sérgio. "Não é apenas o algoritmo que
está criando a bolha, mas os usuários ativamente estão construindo esses espaços
fechados."
O constante reforço da própria opinião, evitando ter valores e crenças questionados, é
abertura para a desinformação e para as fake news.
"O mundo é extremamente complexo hoje em dia. Nós temos muita dificuldade de
enxergar e compreender a dimensão das várias camadas das coisas que acontecem e,
de certo modo, na câmara de eco há uma simplificação do mundo a partir do que
previamente eu já entendo, compreendo e creio. Eu faço o mundo caber na minha
crença", considera Sérgio.
Claudia Feitosa-Santana traz um contraponto, lembrando que fazemos parte de grupos
diversos, como veganos ou petlovers. "Nós não estamos todos exatamente dentro das
mesmas bolhas. Nós temos muitos grupos e é isso que confere estabilidade para a
nossa sociedade."
CONTINUAÇÃO 2 - A falta de tempo, de conhecimento e de fontes confiáveis para
filtrar a enxurrada de informações que recebemos pode colocar também a ciência no
balaio do descrédito.
Amanda Moura de Sousa, pesquisadora na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
vem estudando a desinformação na área da saúde e a infodemia, o enorme fluxo de
informações que invade a internet diante da pandemia de covid-19.
"Para economizar o esforço de tentar lidar com algum fato, às vezes a gente precisa
recorrer às nossas crenças, só que essas crenças podem levar para um caminho não
muito saudável, que é eliminar a dúvida e se focar na certeza que você já tem", diz a
especialista em ciência da informação.
Ela lembra de mensagens que circulavam no início da pandemia, dizendo que os
laboratórios não tinham avançado suficientemente em seus estudos e usavam as
pessoas como cobaias na aplicação de vacinas. Mais de 71% das mensagens falsas
naquele período circulavam pelo WhatsApp, segundo análise do aplicativo Eu
Fiscalizo, desenvolvido por pesquisadoras da Fiocruz. "Pela relação de desconfiança
que as pessoas muitas vezes têm com os cientistas ou com o próprio fazer da ciência,
que às vezes escapa à compreensão delas, elas acabam aderindo à desinformação sem
buscar outra fonte", afirma Amanda.
O medo da complexidade e o viés de confirmação são também citados pela
pesquisadora de Nova York Sara Gorman no livro Denying to the Grave: Why We Ignore
the Facts That Will Save Us (Negando Até o Túmulo: Por Que Ignoramos os Fatos Que
nos Salvarão, em tradução livre).
Segundo a autora, é tendência da mente enfatizar um pequeno risco, fortalecendo,
assim, as próprias crenças. "Recusar-se a vacinar uma criança é um exemplo disso:
aqueles que têm medo da imunização exageram o pequeno risco de um efeito colateral
e subestimam a devastação que ocorre durante uma epidemia de sarampo ou apenas o
quão letal a coqueluche pode ser", escreve.
Se a ciência é vista muitas vezes de forma distorcida, o próprio fazer científico não está
imune ao viés de confirmação - simplesmente porque cientistas são também humanos.
Kelley Cristine Gasque, da Universidade de Brasília, investigou as percepções de
cientistas em relação ao viés de confirmação no processo de busca e uso das
informações em seu fazer científico.
"Uma questão que achei bastante interessante que surgiu é que esse viés pode ser
influenciado pelo financiamento da pesquisa, pela exigência dos resultados e
expectativa do mercado", comenta Kelley. "Empresas, por exemplo, que têm interesses
econômicos vão investir muito em pesquisa e é óbvio que querem tal resultado. Então,
você tem a tendência de buscar pesquisas em uma base que vai corroborar com aquilo
que eles querem."
Também o desejo de que a pesquisa dê certo foi citado pelos cientistas como gatilho
para o viés de confirmação.
O antídoto para o problema seria, segundo os próprios cientistas ter uma boa formação
acadêmica, buscar fontes diversificadas, manter o espírito aberto para pontos de vista
diferentes, desenvolver o pensamento crítico e a criatividade.
"O ser humano não é que nem um bezerro ou um potro que sai da mãe já andando. Nós
somos extremamente dependentes até nossos 2, 3 anos de idade. Nós dependemos dos
outros para sobreviver e isso é extremamente assustador", observa João Luiz Cortez,
especialista em programação neurolinguística.
Se a sobrevivência de hoje implica depender de um cuidador nos primeiros anos de
vida, em tempos passados a dependência do grupo tinha peso e medida maiores. "Nós
nos perpetuamos como espécie porque adquirimos a capacidade de viver em
sociedade e é isso que nos fez resistir numa floresta inóspita com animais muito mais
fortes do que nós", conta João.
Valores são construídos de forma complexa e ancorados na afetividade desde a
primeira infância. Por isso, mudar certas certezas é difícil e vai além da questão do
orgulho narcisístico. A base de crenças é esteio para a sobrevivência emocional.
Charles Peirce, filósofo e pedagogo americano nascido em 1839, afirmava que só a
dúvida leva ao conhecimento e, para chegar a ele, passamos por uma alternância entre
o desconforto da dúvida e a segurança da crença. Os métodos de fixação da crença
listados por Peirce incluem apego, imposição, gostos e também, mas não apenas, o
método científico.
Segundo João, ignorar fatos reais para proteger a estabilidade emocional representa
um estado limitado de desenvolvimento pessoal. "À medida que eu vou me
fortalecendo emocionalmente, espiritualmente, eu tenho uma estrutura, uma
musculatura que me permite lidar com a realidade como ela é."
Apesar das bolhas, grupos, e algoritmos, não há o que unifique a experiência humana.
"A maneira como nos sentimos nunca se repete no tempo e jamais é igual à forma
como outra pessoa se sente", escreve Claudia Feitosa-Santana no livro Eu Controlo
Como Me Sinto. "E os filósofos já sabiam disso havia muito tempo. Na Grécia Antiga,
Heráclito, um dos pensadores mais antigos que conhecemos, afirmou o seguinte: ‘Não
podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes’." Para além da soberania da razão,
Caetano cantaria: "Alguma coisa acontece no meu coração".
Infecções bacterianas são a segunda
principal causa de mortes no mundo
Estudo publicado na revista Lancet selecionou trinta bactérias comumente
envolvidas em infecções e avaliou quantas mortes estão associadas a elas.
Pesquisadora observa cultura de bactérias na Alemanha (Christian
Charisius/AFP/Reprodução)
As infecções de origem bacteriana são a segunda
causa de mortes no mundo depois dos problemas
cardiovasculares, segundo um vasto estudo
publicado nesta terça-feira, 22, que aponta o
staphylococcus aureus e o pneumococo como as
bactérias mais letais.
Este estudo publicado na revista Lancet selecionou trinta bactérias comumente
envolvidas em infecções e avaliou quantas mortes estão associadas a elas.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Esses trabalhos fazem parte do Global Burden of Disease, um enorme programa de
pesquisa financiado pela Fundação Bill Gates e com uma abrangência inigualável por
ter milhares de cientistas na maioria dos países.
"As mortes associadas a essas bactérias são a segunda principal causa de falecimento
no mundo" depois das doenças coronárias, que incluem ataques cardíacos, concluem
os autores.
As infecções causaram 7,7 milhões de mortes, o que significa que uma em cada oito
mortes pode estar ligada a elas, segundo os dados de 2019, nos quais se baseia o
estudo.
Das trinta bactérias estudadas, cinco concentram mais da metade dos casos:
staphylococcus aureus, E. coli, pneumococo, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas
aeruginosa.
Staphylococcus aureus, espécie mais frequente de estafilococos, é "a principal causa
bacteriana de morte em 135 países", diz o estudo.
No entanto, entre crianças menores de cinco anos, as infecções pneumocócicas são as
mais letais.
Os pesquisadores enfatizam que as infecções bacterianas são uma "prioridade
urgente" na saúde pública e pedem trabalho na prevenção de infecções, melhor uso de
antibióticos e uso mais eficaz da vacinação.
Técnica reproduz glóbulos vermelhos de
sangue em laboratório
A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças como
talessemia, anemia falciforme e certos tipos
de câncer
Tecnologia deve ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida de quem vive com
doenças provocadas pela falta de glóbulos vermelhos
Atualmente, quem precisa repor hemácias -
glóbulos vermelhos do sangue - depende de
uma transfusão de sangue a partir de doação.
Mas um novo estudo da Universidade de Bristol,
no Reino Unido, mostrou que é possível
reproduzir esses glóbulos a partir de células-tronco do sangue humano coletadas do
próprio paciente. A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças
como talessemia, anemia falciforme e certos tipos de câncer tenham de fazer menos
transfusões sanguíneas ao longo da vida.
Além de acabar com problemas relacionados ao tempo de espera por transfusões por
falta de doações de sangue, a tecnologia deve ajudar a melhorar a saúde e a qualidade
de vida de quem vive com doenças provocadas pela falta de glóbulos vermelhos. "Como
se trata de sangue recém-cultivado, isso poderia reduzir a frequência de transfusões,
reduzir a carga de tratamento para os pacientes e os efeitos colaterais indesejados de
transfusões frequentes", diz o relatório do estudo. "Potencialmente, esses pacientes
precisarão de menos transfusões, reduzindo a carga de ferro nos tecidos."
Outros possíveis beneficiados são as pessoas de tipos sanguíneos raros, que têm mais
dificuldade em conseguir doadores compatíveis. Testemunhas de Jeová, que não
realizam transfusões de sangue de doadores por motivos religiosos, também poderiam
utilizar a técnica.
Para criar as hemácias em laboratório, os cientistas colhem o sangue do paciente e o
colocam em uma máquina de "centrifugação". Assim, é possível separar os glóbulos
brancos do sangue e um pequeno número de células-tronco.
Colhidas, as células-tronco são "purificadas" e incubadas por cerca de três semanas em
uma série de líquidos que contêm diferentes nutrientes e fatores de crescimento.
"Esses coquetéis especiais de ingredientes encontrados naturalmente no corpo
humano permitem que as células se multipliquem e se transformem em glóbulos
vermelhos", dizem os cientistas que atuaram na pesquisa.
Ensaio Clínico
Para ter certeza de que o novo tratamento pode cumprir seu potencial, os
pesquisadores de Bristol estão realizando um ensaio clínico em voluntários para
avaliar o desempenho dos glóbulos vermelhos cultivados em laboratório em
comparação com os doados. "Também estamos realizando um programa de pesquisa
para produzir maiores volumes de glóbulos vermelhos", dizem.
Além dos pesquisadores da Universidade de Bristol, o estudo também conta com a
parceria do National Health Service (NHS) do Reino Unido e das Unidades de Pesquisa
de Sangue e Transplante do National Institute for Health and Care Research.
Cientistas alcançam temperatura
mais baixa já registrada no
Universo: - 273ºC
O experimento abre caminho para o desenvolvimento de novos materiais
com propriedades inimagináveis
A menor temperatura já registrada na Terra naturalmente foi de -
89,2ºC, na Antártida. (NASA/John Sonntag/Divulgação)
Um grupo internacional de cientistas
conseguiu alcançar, dentro de um
laboratório na Terra, a menor
temperatura já registrada no Universo: -
273ºC. Não se trata apenas de um grande
feito de laboratório. O experimento abre
caminho para o desenvolvimento de
novos materiais com propriedades inimagináveis.
A menor temperatura já registrada na Terra naturalmente foi de - 89,2ºC, na
Antártida. Em alguns lugares da Lua, ela pode cair abaixo dos - 200ºC. No
experimento científico, pesquisadores da Universidade de Rice, nos Estados
Unidos, e da Universidade de Kyoto, no Japão, usaram raios laser para resfriar
átomos até alcançar uma temperatura de apenas um bilionésimo de grau acima
de - 273,15ºC, o zero absoluto na escala Kelvin. Nesta temperatura, o movimento
dos átomos cessa por completo.
Um dos principais autores do trabalho é o especialista em física atômica Eduardo
Ibarra García-Padilla, que completou há pouco tempo seu doutorado na
Universidade de Rice e, agora, faz o pós-doutorado na Universidade da Califórnia.
Como explicou o cientista mexicano, alguns estados da matéria só são
alcançados em temperaturas muito baixas.
"Alcançar essas temperaturas (e esses estados) permitirá compreender melhor
fenômenos da física como a supercondutividade nos óxidos de cobre, que podem
ter importantes aplicações tecnológicas", justificou o cientista.
Em temperaturas próximas ao zero absoluto, o hélio, por exemplo se transforma
em um 'superfluido', caracterizado pela ausência total de viscosidade. Isso faz
com que ele seja capaz de atravessar paredes - mesmo as que não são porosas ---
e até "escapar" de recipientes em que esteja armazenado.
Os exemplos mais conhecidos de comportamento estranho a baixas
temperaturas são a supercondutividade e a superfluidez. A supercondutividade
ocorre quando uma substância é capaz de transmitir eletricidade sem opor
resistência alguma. A superfluidez consiste na perda total da viscosidade de uma
substância. Sob essas temperaturas, praticamente tudo congela, exceto alguns
isótopos de hélio, que adquirem a superfluidez.
"Conforme alcançamos temperaturas mais baixas, novos estados exóticos da
matéria devem aparecer", disse Garcia-Padilla. "E esses podem ter propriedades
magnéticas ou de transporte completamente diferentes das de outros materiais"

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REPORTAGENS SOBRE PESQUISAS CIENTIFICAS DO MEIO AMBIENTE

  • 1. Telescópio James Webb, da Nasa, revela imagem inédita de Saturno A foto foi capturada por lentes de infravermelho do telescópio James Webb — um dos mais modernos da atualidade — em 25 de junho Saturno é o planeta mais exuberante do Sistema Solar por conta de seus anéis feitos de gelo e detritos interplanetários. Há algum tempo, a Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) descobriu que esses anéis podem refletir luminosidade e, em 2019, conseguiu capturá- los brilhando primeira vez em um registro do telescópio Hubble. Agora, em uma nova imagem divulgada pela agência, é possível ver essa luz de forma ainda mais intensa. A foto foi capturada por lentes de infravermelho do telescópio James Webb — um dos mais modernos da atualidade — em 25 de junho. A divulgação aconteceu na última sexta-feira, 30. Além dos anéis luminosos de Saturno, é possível ver algumas das luas que circundam o planeta: Dione, Encelodus e Tethys. “Saturno, em si, aparece extremamente escuro neste comprimento de onda infravermelho observado pelo telescópio, pois o gás metano absorve quase toda a luz solar que incide na atmosfera. No entanto, os anéis de gelo permanecem relativamente brilhantes levando ao aparecimento incomum de Saturno na imagem de Webb”, explica a Nasa. A captura inédita faz parte do programa Webb Guaranteed Time Observation 1247, que incluiu uma série de exposições profundas de Saturno, projetadas para testar a capacidade do telescópio de detectar luas fracas ao redor do planeta e seus anéis brilhantes. “Quaisquer luas recém-descobertas podem ajudar os cientistas a montar uma imagem mais completa do sistema atual de Saturno, bem como de seu passado”, diz a Nasa. “Exposições adicionais mais profundas (não mostradas aqui) permitirão que a equipe investigue alguns dos anéis mais fracos do planeta, não visíveis nesta imagem, incluindo o fino anel G e o difuso anel E.” Os anéis de Saturno são constituídos por uma série de fragmentos rochosos e gelados. Essas partículas variam em tamanho: as menores são similares a um grão de areia e algumas são tão grandes quanto montanhas na Terra, segundo a Nasa.
  • 2. Morar perto de áreas verdes rejuvenesce 2,5 anos, aponta estudo Exposição a espaços verdes já foi associada a uma melhor saúde cardiovascular e a menores taxas de mortalidade Parque Nacional de Valle de Ordesa: picos de 3.000 metros de altitude e trilhas para mountain bike (Manuel Francos Garcia/Divulgação) Parques urbanos e espaços verdes ajudam a combater o calor, aumentar a biodiversidade e transmitir uma sensação de tranquilidade na selva urbana. Eles também ajudam a retardar o envelhecimento biológico, segundo um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 28, na revista "Science Advances". De acordo com a pesquisa, pessoas que têm acesso a espaços verdes são, em média, 2,5 anos mais jovens biologicamente do que aquelas que não têm. CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE "Viver próximo a áreas mais verdes pode fazer você ser mais jovem do que a sua idade real", disse Kyeezu Kim, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorado na Feinberg School of Medicine da Northwestern University, à AFP. "Acreditamos que nossas descobertas têm implicações significativas para o planejamento urbano, no sentido de expandir a infraestrutura verde para promover a saúde pública e reduzir as disparidades de saúde." A exposição a espaços verdes já foi associada a uma melhor saúde cardiovascular e a menores taxas de mortalidade. Acredita-se que isso esteja relacionado a uma maior atividade física e interações sociais, mas não estava claro se os parques realmente retardavam o envelhecimento em nível celular. Para investigar, a equipe por trás do estudo examinou modificações químicas do DNA conhecidas como "metilação". Trabalhos anteriores mostraram que os chamados "relógios epigenéticos", baseados na metilação do DNA, podem ser bons preditores de condições de saúde, como doenças cardiovasculares, câncer, função cognitiva, além de serem uma maneira mais precisa de medir a idade do que em anos calendário.
  • 3. Kim e seus colegas acompanharam mais de 900 pessoas brancas e negras de quatro cidades americanas – Birmingham, Chicago, Minneapolis e Oakland – ao longo de um período de 20 anos, de 1986 a 2006. Utilizando imagens de satélite, a equipe avaliou a proximidade das residências dos participantes em relação à vegetação e aos parques ao redor, e cruzou esses dados com amostras de sangue coletadas nos anos 15 e 20 do estudo para determinar suas idades biológicas. A equipe construiu modelos estatísticos para avaliar os resultados e controlar outras variáveis, como educação, renda e fatores comportamentais como o tabagismo, que poderiam ter afetado os resultados. Eles descobriram que pessoas cujas casas estavam cercadas por 30% de cobertura verde em um raio de 5 quilômetros eram, em média, 2,5 anos mais jovens biologicamente em comparação com aquelas cujas casas tinham 20% de cobertura verde. Os benefícios não foram igualmente distribuídos. Pessoas negras com maior acesso a espaços verdes eram apenas um ano mais jovens biologicamente, enquanto pessoas brancas eram três anos mais jovens. "Outros fatores, como o estresse, a qualidade do espaço verde ao redor e o suporte social, podem afetar o grau de benefícios dos espaços verdes em termos de envelhecimento biológico", explicou Kim, ressaltando que as disparidades requerem estudos adicionais. Por exemplo, parques em bairros carentes usados para atividades ilícitas podem ser menos frequentados, anulando os benefícios. Os próximos passos podem envolver investigar a relação entre espaços verdes e resultados de saúde específicos, acrescentou Kim. Ainda não está claro como exatamente a vegetação reduz o envelhecimento, apenas que ela o faz, concluiu Kim. O epidemiologista Manuel Franco, da Universidade de Alcalá e Johns Hopkins, chamou a pesquisa de "estudo bem elaborado". "Temos mais e melhores evidências científicas para aumentar e promover o uso de espaços verdes urbanos", acrescentou Franco, que não esteve envolvido no estudo.
  • 4. Pesquisadores chineses desenvolvem nanopartículas capazes de detectar e tratar câncer A terapia desenvolvida pela equipe mostrou que o tumor diminuiu 82% após um único tratamento e foi removido após o segundo (Reprodução/Thinkstock) A Academia de Inovação para Ciência e Tecnologia de Medição de Precisão (IAPMST, na sigla inglesa) da Academia Chinesa de Ciências afirmou em um comunicado recente que desenvolveu uma nanopartícula capaz de detectar e tratar o câncer com precisão, reduzindo os efeitos colaterais do uso excessivo de medicamentos. Segundo a academia, a superdosagem de medicamentos é a principal causa dos efeitos colaterais na detecção e tratamento do câncer, uma vez que os medicamentos existentes não conseguem atingir as células cancerígenas de maneira precisa e o tempo em que o medicamento permanece no corpo é curto, tornando necessário uma alta dose para obter os resultados esperados. CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE A pesquisa Uma equipe de pesquisadores da IAPMST desenvolveu “nanotransformadores à base de pontos quânticos de grafeno” (GQD NT), uma nanopartícula que pode identificar inteligentemente tumores, aproveitando as diferenças entre os microambientes dos tumores e dos tecidos normais, afirmou a IAPMST. A nanopartícula se deforma continuamente, prolongando o tempo de permanência dos medicamentos e pode penetrar melhor nos tumores, realizando a detecção e tratamento de imagem de ressonância magnética de longo prazo com uma dose menor de medicamento. A terapia desenvolvida pela equipe mostrou que o tumor diminuiu 82% após um único tratamento e foi removido após o segundo, de acordo com a academia. A dose de fotossensibilizador, um medicamento usado na terapia, foi 10 a 30 vezes menor. O estudo foi publicado na revista "Advanced Materials" em abril.
  • 5. Nuvens transportam bactérias resistentes a antibióticos, revela estudo Autoridades sanitárias já alertaram que estas adaptações estão se tornando o que o estudo descreveu como "grande preocupação sanitária em nível mundial" Céu: nuvens escuras no horizonte são potencialmente ameaçadoras, e não porque sinalizam a chegada de uma tempestade (Marco Antônio da Costa / Redes Sociais/Reprodução) AFP Publicado em 29 de abril de 2023 às, 16h33. Para uma equipe de pesquisadores canadenses e franceses, as nuvens escuras no horizonte são potencialmente ameaçadoras, e não porque sinalizam a chegada de uma tempestade. Um estudo revela que elas transportam por longas distâncias bactérias resistentes a medicamentos. "Essas bactérias costumam viver na superfície da vegetação, como em folhas, ou no solo", explicou Florent Rossi, principal autor do estudo, em entrevista à AFP nesta sexta-feira (28). "Descobrimos que elas são transportadas pelo vento para a atmosfera e podem viajar por longas distâncias ao redor do mundo, em grandes altitudes, nas nuvens." A descoberta foi publicada na edição do mês passado da revista "Science of The Total Environment". Pesquisadores da Universidade canadense Laval e da Universidade francesa Clermont Auvergne buscaram genes resistentes a antibióticos em bactérias encontradas em amostras de nuvens coletadas em uma estação de pesquisa atmosférica localizada 1.465 m acima do nível do mar, no topo do vulcão inativo francês Puy-de-Dôme, entre setembro de 2019 e outubro de 2021. Uma análise da névoa recuperada revelou que a mesma continha entre 330 e mais de 30.000 bactérias por mililitro de água de nuvem, com uma média de cerca de 8.000 bactérias por mililitro. Resistência Também foram identificados 29 subtipos de genes resistentes a antibióticos nas bactérias. A resistência ocorre quando a bactéria é exposta a antibióticos e desenvolve imunidade aos mesmos ao longo de gerações. Autoridades sanitárias já alertaram que estas adaptações estão se tornando o que o estudo descreveu como "grande preocupação sanitária em nível mundial", o que dificulta e, por vezes, impossibilita o tratamento de algumas infecções bacterianas, uma vez que o uso de antibióticos segue aumentando na saúde e agricultura. O estudo não tira conclusões sobre os possíveis efeitos à saúde da disseminação de bactérias resistentes a antibióticos, pois estima que apenas 50% destes organismos poderiam estar vivos e potencialmente ativos. Rossi sugeriu que os riscos devem ser baixos. "A atmosfera é muito estressante para as bactérias, e a maioria das que encontramos eram bactérias ambientais", que têm menos chances de serem nocivas ao homem, explicou. "As pessoas não precisam ter medo de sair na chuva. Não está claro se esses genes seriam passados para outras bactérias." O monitoramento atmosférico, no entanto, poderia ajudar a localizar as fontes das bactérias resistentes aos fármacos, de forma semelhante aos testes de águas residuais para a Covid-19 e outros patógenos, "a fim de limitar a sua propagação", ressaltou Rossi.
  • 6. Viés de confirmação: mente aceita só aquilo em que acredita, dizem cientistas Para os especialistas, a política e o futebol são campos de florescência do viés de confirmação Viés de confirmação: Há quem coloque na conta da empatia a solução (Getty Images/Getty Images) Narciso acha feio o que não é espelho, canta Caetano Veloso em Sampa. Contudo, não foi em São Paulo, mas em Londres, na década de 1960, que o psicólogo Peter Wason deu o nome de "viés de confirmação" para o mecanismo que induz a mente a aceitar as informações que sustentam as próprias crenças, em vez de questionar e ter abertura para analisar outros tipos de informação. A ideia de uma mente racional, a serviço de apreender a realidade tal qual ela é, seguiu sendo desacreditada na década seguinte. Em 1979, foi realizado um estudo na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, com estudantes universitários que tinham opiniões opostas sobre a pena de morte. Com base em dois artigos falsos - um que argumentava a favor e outro contra a pena de morte -, os estudantes apoiaram justamente aquele artigo que confirmava sua crença original. O estudo mostrou que ter as certezas contestadas serviu apenas como reforço para as próprias convicções. Para os especialistas, a política e o futebol são campos de florescência do viés de confirmação. "A partir do momento em que você se expõe, você se cristaliza naquele posicionamento e aí você vai polarizando, polarizando...", diz a neurocientista Claudia Feitosa-Santana. "As pessoas estão polarizando até em relação a Neymar e Richarlison por causa da política." Segundo Claudia, as conversas não ajudam a reduzir a polarização porque as pessoas acham que o diálogo está a serviço de desconstruir o argumento do outro. "A polarização política, da forma como ela é, só ajuda os próprios políticos. Eles conseguem conversar entre si, eles fazem acordos a portas fechadas, o eleitorado não." Há quem coloque na conta da empatia a solução. Acontece que a empatia, relacionada à verdadeira escuta, custa energia cerebral ou glicose, que é um recurso limitado.
  • 7. "É muito difícil você conseguir ‘empatizar’ com o que não faz parte do que você considera seu círculo moral", diz Claudia. "As pessoas hoje em dia focam em empatia, sendo que ninguém tem empatia com ninguém. Usam a palavra empatia para cobrar do outro empatia, não para ser empático. O foco na verdade é a palavra respeito e ninguém se respeita". Alinhada ao viés de confirmação, a polarização política já chega formatada. "Quem é de esquerda tem que ser a favor do aborto. Se você é de direita, você tem que ser contra. Alguns autores chamam isso de identidade prêt-à-porter, uma identidade que já vem pronta, você só vai ali e veste", diz Sérgio Rodrigo Ferreira, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo. "De certo modo, isso vai matando o aspecto mais subjetivo e mais diverso. Nós temos tido muita dificuldade de conviver com o contraditório por conta disso". Se um ambientalista e um executivo de companhia petrolífera buscarem na internet por "mudanças climáticas", os resultados das buscas serão diferentes. "Cada vez mais o monitor do nosso computador é uma espécie de espelho que reflete nossos próprios interesses, baseando-se na análise de nossos cliques feita por observadores algorítmicos", escreve o ativista Eli Pariser no livro O Filtro Invisível: O Que a Internet Está Escondendo de Você (Editora Zahar). Ao mapear as preferências do usuário, o algoritmo forma as chamadas bolhas, delimitando as respostas de acordo com seus gostos. Isso gera uma autossatisfação viciante que pode isolar o indivíduo num sistema de conhecimento unilateral, reforçando sua visão em vez de expandi-la, assim como acontece com o viés de confirmação. Mais do que as bolhas, existem ainda as câmeras de eco, que recebem a contribuição dos usuários para manter o alinhamento das crenças. "Quando recebe algum posicionamento diferente, além de ser ferrenhamente contrário a ele, o usuário exclui pessoas e conteúdos que divergem de si", explica Sérgio. "Não é apenas o algoritmo que está criando a bolha, mas os usuários ativamente estão construindo esses espaços fechados." O constante reforço da própria opinião, evitando ter valores e crenças questionados, é abertura para a desinformação e para as fake news. "O mundo é extremamente complexo hoje em dia. Nós temos muita dificuldade de enxergar e compreender a dimensão das várias camadas das coisas que acontecem e, de certo modo, na câmara de eco há uma simplificação do mundo a partir do que previamente eu já entendo, compreendo e creio. Eu faço o mundo caber na minha crença", considera Sérgio. Claudia Feitosa-Santana traz um contraponto, lembrando que fazemos parte de grupos diversos, como veganos ou petlovers. "Nós não estamos todos exatamente dentro das mesmas bolhas. Nós temos muitos grupos e é isso que confere estabilidade para a nossa sociedade."
  • 8. CONTINUAÇÃO 2 - A falta de tempo, de conhecimento e de fontes confiáveis para filtrar a enxurrada de informações que recebemos pode colocar também a ciência no balaio do descrédito. Amanda Moura de Sousa, pesquisadora na Universidade Federal do Rio de Janeiro, vem estudando a desinformação na área da saúde e a infodemia, o enorme fluxo de informações que invade a internet diante da pandemia de covid-19. "Para economizar o esforço de tentar lidar com algum fato, às vezes a gente precisa recorrer às nossas crenças, só que essas crenças podem levar para um caminho não muito saudável, que é eliminar a dúvida e se focar na certeza que você já tem", diz a especialista em ciência da informação. Ela lembra de mensagens que circulavam no início da pandemia, dizendo que os laboratórios não tinham avançado suficientemente em seus estudos e usavam as pessoas como cobaias na aplicação de vacinas. Mais de 71% das mensagens falsas naquele período circulavam pelo WhatsApp, segundo análise do aplicativo Eu Fiscalizo, desenvolvido por pesquisadoras da Fiocruz. "Pela relação de desconfiança que as pessoas muitas vezes têm com os cientistas ou com o próprio fazer da ciência, que às vezes escapa à compreensão delas, elas acabam aderindo à desinformação sem buscar outra fonte", afirma Amanda. O medo da complexidade e o viés de confirmação são também citados pela pesquisadora de Nova York Sara Gorman no livro Denying to the Grave: Why We Ignore the Facts That Will Save Us (Negando Até o Túmulo: Por Que Ignoramos os Fatos Que nos Salvarão, em tradução livre). Segundo a autora, é tendência da mente enfatizar um pequeno risco, fortalecendo, assim, as próprias crenças. "Recusar-se a vacinar uma criança é um exemplo disso: aqueles que têm medo da imunização exageram o pequeno risco de um efeito colateral e subestimam a devastação que ocorre durante uma epidemia de sarampo ou apenas o quão letal a coqueluche pode ser", escreve. Se a ciência é vista muitas vezes de forma distorcida, o próprio fazer científico não está imune ao viés de confirmação - simplesmente porque cientistas são também humanos. Kelley Cristine Gasque, da Universidade de Brasília, investigou as percepções de cientistas em relação ao viés de confirmação no processo de busca e uso das informações em seu fazer científico. "Uma questão que achei bastante interessante que surgiu é que esse viés pode ser influenciado pelo financiamento da pesquisa, pela exigência dos resultados e expectativa do mercado", comenta Kelley. "Empresas, por exemplo, que têm interesses econômicos vão investir muito em pesquisa e é óbvio que querem tal resultado. Então, você tem a tendência de buscar pesquisas em uma base que vai corroborar com aquilo que eles querem." Também o desejo de que a pesquisa dê certo foi citado pelos cientistas como gatilho para o viés de confirmação.
  • 9. O antídoto para o problema seria, segundo os próprios cientistas ter uma boa formação acadêmica, buscar fontes diversificadas, manter o espírito aberto para pontos de vista diferentes, desenvolver o pensamento crítico e a criatividade. "O ser humano não é que nem um bezerro ou um potro que sai da mãe já andando. Nós somos extremamente dependentes até nossos 2, 3 anos de idade. Nós dependemos dos outros para sobreviver e isso é extremamente assustador", observa João Luiz Cortez, especialista em programação neurolinguística. Se a sobrevivência de hoje implica depender de um cuidador nos primeiros anos de vida, em tempos passados a dependência do grupo tinha peso e medida maiores. "Nós nos perpetuamos como espécie porque adquirimos a capacidade de viver em sociedade e é isso que nos fez resistir numa floresta inóspita com animais muito mais fortes do que nós", conta João. Valores são construídos de forma complexa e ancorados na afetividade desde a primeira infância. Por isso, mudar certas certezas é difícil e vai além da questão do orgulho narcisístico. A base de crenças é esteio para a sobrevivência emocional. Charles Peirce, filósofo e pedagogo americano nascido em 1839, afirmava que só a dúvida leva ao conhecimento e, para chegar a ele, passamos por uma alternância entre o desconforto da dúvida e a segurança da crença. Os métodos de fixação da crença listados por Peirce incluem apego, imposição, gostos e também, mas não apenas, o método científico. Segundo João, ignorar fatos reais para proteger a estabilidade emocional representa um estado limitado de desenvolvimento pessoal. "À medida que eu vou me fortalecendo emocionalmente, espiritualmente, eu tenho uma estrutura, uma musculatura que me permite lidar com a realidade como ela é." Apesar das bolhas, grupos, e algoritmos, não há o que unifique a experiência humana. "A maneira como nos sentimos nunca se repete no tempo e jamais é igual à forma como outra pessoa se sente", escreve Claudia Feitosa-Santana no livro Eu Controlo Como Me Sinto. "E os filósofos já sabiam disso havia muito tempo. Na Grécia Antiga, Heráclito, um dos pensadores mais antigos que conhecemos, afirmou o seguinte: ‘Não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes’." Para além da soberania da razão, Caetano cantaria: "Alguma coisa acontece no meu coração".
  • 10. Infecções bacterianas são a segunda principal causa de mortes no mundo Estudo publicado na revista Lancet selecionou trinta bactérias comumente envolvidas em infecções e avaliou quantas mortes estão associadas a elas. Pesquisadora observa cultura de bactérias na Alemanha (Christian Charisius/AFP/Reprodução) As infecções de origem bacteriana são a segunda causa de mortes no mundo depois dos problemas cardiovasculares, segundo um vasto estudo publicado nesta terça-feira, 22, que aponta o staphylococcus aureus e o pneumococo como as bactérias mais letais. Este estudo publicado na revista Lancet selecionou trinta bactérias comumente envolvidas em infecções e avaliou quantas mortes estão associadas a elas. CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE Esses trabalhos fazem parte do Global Burden of Disease, um enorme programa de pesquisa financiado pela Fundação Bill Gates e com uma abrangência inigualável por ter milhares de cientistas na maioria dos países. "As mortes associadas a essas bactérias são a segunda principal causa de falecimento no mundo" depois das doenças coronárias, que incluem ataques cardíacos, concluem os autores. As infecções causaram 7,7 milhões de mortes, o que significa que uma em cada oito mortes pode estar ligada a elas, segundo os dados de 2019, nos quais se baseia o estudo. Das trinta bactérias estudadas, cinco concentram mais da metade dos casos: staphylococcus aureus, E. coli, pneumococo, Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. Staphylococcus aureus, espécie mais frequente de estafilococos, é "a principal causa bacteriana de morte em 135 países", diz o estudo. No entanto, entre crianças menores de cinco anos, as infecções pneumocócicas são as mais letais. Os pesquisadores enfatizam que as infecções bacterianas são uma "prioridade urgente" na saúde pública e pedem trabalho na prevenção de infecções, melhor uso de antibióticos e uso mais eficaz da vacinação.
  • 11. Técnica reproduz glóbulos vermelhos de sangue em laboratório A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças como talessemia, anemia falciforme e certos tipos de câncer Tecnologia deve ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida de quem vive com doenças provocadas pela falta de glóbulos vermelhos Atualmente, quem precisa repor hemácias - glóbulos vermelhos do sangue - depende de uma transfusão de sangue a partir de doação. Mas um novo estudo da Universidade de Bristol, no Reino Unido, mostrou que é possível reproduzir esses glóbulos a partir de células-tronco do sangue humano coletadas do próprio paciente. A novidade científica pode colaborar para que pessoas com doenças como talessemia, anemia falciforme e certos tipos de câncer tenham de fazer menos transfusões sanguíneas ao longo da vida. Além de acabar com problemas relacionados ao tempo de espera por transfusões por falta de doações de sangue, a tecnologia deve ajudar a melhorar a saúde e a qualidade de vida de quem vive com doenças provocadas pela falta de glóbulos vermelhos. "Como se trata de sangue recém-cultivado, isso poderia reduzir a frequência de transfusões, reduzir a carga de tratamento para os pacientes e os efeitos colaterais indesejados de transfusões frequentes", diz o relatório do estudo. "Potencialmente, esses pacientes precisarão de menos transfusões, reduzindo a carga de ferro nos tecidos." Outros possíveis beneficiados são as pessoas de tipos sanguíneos raros, que têm mais dificuldade em conseguir doadores compatíveis. Testemunhas de Jeová, que não realizam transfusões de sangue de doadores por motivos religiosos, também poderiam utilizar a técnica. Para criar as hemácias em laboratório, os cientistas colhem o sangue do paciente e o colocam em uma máquina de "centrifugação". Assim, é possível separar os glóbulos brancos do sangue e um pequeno número de células-tronco. Colhidas, as células-tronco são "purificadas" e incubadas por cerca de três semanas em uma série de líquidos que contêm diferentes nutrientes e fatores de crescimento. "Esses coquetéis especiais de ingredientes encontrados naturalmente no corpo humano permitem que as células se multipliquem e se transformem em glóbulos vermelhos", dizem os cientistas que atuaram na pesquisa. Ensaio Clínico
  • 12. Para ter certeza de que o novo tratamento pode cumprir seu potencial, os pesquisadores de Bristol estão realizando um ensaio clínico em voluntários para avaliar o desempenho dos glóbulos vermelhos cultivados em laboratório em comparação com os doados. "Também estamos realizando um programa de pesquisa para produzir maiores volumes de glóbulos vermelhos", dizem. Além dos pesquisadores da Universidade de Bristol, o estudo também conta com a parceria do National Health Service (NHS) do Reino Unido e das Unidades de Pesquisa de Sangue e Transplante do National Institute for Health and Care Research. Cientistas alcançam temperatura mais baixa já registrada no Universo: - 273ºC O experimento abre caminho para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades inimagináveis A menor temperatura já registrada na Terra naturalmente foi de - 89,2ºC, na Antártida. (NASA/John Sonntag/Divulgação) Um grupo internacional de cientistas conseguiu alcançar, dentro de um laboratório na Terra, a menor temperatura já registrada no Universo: - 273ºC. Não se trata apenas de um grande feito de laboratório. O experimento abre caminho para o desenvolvimento de novos materiais com propriedades inimagináveis. A menor temperatura já registrada na Terra naturalmente foi de - 89,2ºC, na Antártida. Em alguns lugares da Lua, ela pode cair abaixo dos - 200ºC. No experimento científico, pesquisadores da Universidade de Rice, nos Estados Unidos, e da Universidade de Kyoto, no Japão, usaram raios laser para resfriar átomos até alcançar uma temperatura de apenas um bilionésimo de grau acima de - 273,15ºC, o zero absoluto na escala Kelvin. Nesta temperatura, o movimento dos átomos cessa por completo.
  • 13. Um dos principais autores do trabalho é o especialista em física atômica Eduardo Ibarra García-Padilla, que completou há pouco tempo seu doutorado na Universidade de Rice e, agora, faz o pós-doutorado na Universidade da Califórnia. Como explicou o cientista mexicano, alguns estados da matéria só são alcançados em temperaturas muito baixas. "Alcançar essas temperaturas (e esses estados) permitirá compreender melhor fenômenos da física como a supercondutividade nos óxidos de cobre, que podem ter importantes aplicações tecnológicas", justificou o cientista. Em temperaturas próximas ao zero absoluto, o hélio, por exemplo se transforma em um 'superfluido', caracterizado pela ausência total de viscosidade. Isso faz com que ele seja capaz de atravessar paredes - mesmo as que não são porosas --- e até "escapar" de recipientes em que esteja armazenado. Os exemplos mais conhecidos de comportamento estranho a baixas temperaturas são a supercondutividade e a superfluidez. A supercondutividade ocorre quando uma substância é capaz de transmitir eletricidade sem opor resistência alguma. A superfluidez consiste na perda total da viscosidade de uma substância. Sob essas temperaturas, praticamente tudo congela, exceto alguns isótopos de hélio, que adquirem a superfluidez. "Conforme alcançamos temperaturas mais baixas, novos estados exóticos da matéria devem aparecer", disse Garcia-Padilla. "E esses podem ter propriedades magnéticas ou de transporte completamente diferentes das de outros materiais"