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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
UUNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
ANDRÉ LADEIRA
DESASTRES AMBIENTAIS RADIOATIVOS
BELO HORIZONTE
2020
ANDRÉ LADEIRA
DESASTRES AMBIENTAIS RADIOATIVOS
Trabalho apresentado ao Departamento de Pós-
Graduação a Distância da UNIVERSO – Universidade
Salgado de Oliveira, como requisito parcial à conclusão
da disciplina Proteção de Meio Ambiente, do Curso de
Pós-Graduação Lato Sensu em Engenharia de
Segurança do Trabalho.
Professor: Wagner A. Carvalho
BELO HORIZONTE
2020
:
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por finalidade traçar as semelhanças dos desastres de Chernobyl e Goiânia e como
poderiam ser evitados. A questão da pesquisa apresentada identifica uma relação entre esses
eventos. Chernobyl e Goiânia foram locais de acidentes radioativos e radiológicos. Mesmo com
poucos dados a respeito das mortes repercutidas em tais acidentes, é evidente que não ocorreram
mortes imediatas, mas sim, somente após determinado período de tempo. O método utilizado foi o
desenvolvimento de uma análise documental e bibliográfica a fim de propiciar um aprofundado
estudo. O trabalho finalizado tem como resultado ampliar o conhecimento sobre os acidentes destas
duas cidades.
1. DESENVOLVIMENTO
Chernobyl
Figura 1 – Usina de Chernobyl
O acidente na usina nuclear de Chernobyl ocorreu em 1986, na Ucrânia, então parte da antiga União
Soviética. Na madrugada do dia 25 de abril, o reator número 4 da Estação Nuclear de Chernobyl
explodiu. A usina havia sofrido uma sobrecarga de energia durante um teste de capacidade. O
sistema de resfriamento parou de funcionar, o que gerou um superaquecimento do núcleo, que
atingiu temperaturas muito quentes. O calor provocou uma explosão de vapor tão violenta que
destruiu o teto do reator.
Os primeiros bombeiros, trabalhadores e jornalistas que chegarem ao local foram expostos a doses
letais de radiação e foram as primeiras vítimas de Chernobyl. O incêndio lançou no ar grandes
quantidades de material radioativo do núcleo. A cidade mais próxima à usina era Pripyat, localizada a
apenas três quilômetros da usina e com uma população de 40 mil habitantes. No dia seguinte após a
explosão, os moradores ficaram expostos a uma radiação 50 vezes maior do que a considerada
normal na atmosfera.
Os moradores tinham sido expostos a doses altas de radiação que poderiam alterar a composição do
sangue e provocar diversos tipos de câncer. Enquanto isso, o vento começou a levar nuvens de
partículas e poeira radioativas para o norte da Europa, afetando uma região de mais de mil
quilômetros. Florestas vizinhas foram queimadas por causa da radiação, que também provocou uma
queda acentuada na vida selvagem dali.
O reator continuava a queimar. Uma operação militar gigantesca foi montada para apagar o incêndio.
A solução foi despejar, com a ajuda de helicópteros, toneladas de chumbo e areia para tentar conter
o fogo, evitando que a radioatividade se espalhasse ainda mais. Em 6 de maio, o fogo foi controlado.
A maioria dos soldados que participou das missões de emergência morreu por causa da exposição à
radiação. Em semanas, as vítimas começaram a surgir nos hospitais, com problemas como a
deterioração da medula óssea e queimaduras profundas pelo corpo. Segundo a Organização Mundial
da Saúde estima-se que 4 mil pessoas tenham morrido em decorrência da exposição, já o Instituto de
Radiologia de Kiev admite 31 mortos e 50.000 contaminados, com níveis de radiação capazes de
matar no longo prazo. Há relatos de que milhares de pessoas contraíram câncer.
Figura 2 – Cidade de Pripyat abandonada
Nos anos seguintes, índices de radiação foram detectados nos seguintes países: Suécia,
Escandinávia, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Grécia, Turquia e
Polônia. A Ucrânia, a Bielorrússia e a Rússia.
Goiânia
Figura 3 – Ferro velho na cidade de Goiânia.
No dia 13 de setembro de 1987, ocorreu em Goiânia o maior acidente radiológico em área urbana do
mundo. Em 1987, o IGR (Instituto Goiano de Radiologia) estava fechado e no local havia um aparelho
abandonado utilizado para fazer radioterapia, em seu interior havia o isótopo césio 137 dentro de uma
cápsula, que até então era blindada. O césio 137 é um isótopo do césio por possuir mesmo número
de prótons e diferente número de nêutrons, e é um radioisótopo por ser emissor de radiação.
Catadores de papel, em busca de sucatas que pudessem ser vendidas a um ferro velho, invadiram o
antigo IGR e levaram para casa a cápsula que continha o césio 137. O problema surgiu quando eles
violaram a cápsula e tiveram acesso ao elemento radioativo que lá estava.
Após a violação da cápsula, pessoas, animais, superfícies e quase tudo o que estava nas
adjacências sofreram irradiação (receberam incidência de radiação) e foram contaminadas pelo
césio137.
O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da população, que foi submetida
a uma “seleção” no Estádio Olímpico Pedro Ludovico; os governantes da época escondiam a tragédia
da população, que aterrorizada procurava por auxílio, dizendo ser apenas um vazamento de gás.
Figura 4 – Manchete da época sobre o acidente na cidade de Goiânia.
Esse acidente gerou cerca de 13,4 toneladas de rejeitos radioativos, várias pessoas com problemas
de saúde e uma ferida incicatrizável na população goiana em razão da irresponsabilidade de poucos.
2. CONCLUSÃO
Chernobyl
No final de agosto de 1986, o governo soviético divulgou relatório de 382 páginas sobre o acidente
identificando a causa como tendo sido o fato dos operadores, durante um teste de segurança, terem
desligado três sistemas de segurança. Em 30.07.1987, seis russos (Viktor Petrovich Bryukhanov -
chefe da usina, Nikolai Maksimovich Fomin -engenheiro chefe, Anatoly Stepanovich Dyatlov adjunto
do engenheiro chefe, Kovalenko, Rogozhkin, Laushkin) foram levados a julgamento por violação das
normas de segurança que levaram à explosão do reator. Três foram declarados culpados (em
negrito) e sentenciados a 10 anos em campo de trabalhos forçados.
Goiânia
No ano de 1996, a Justiça julgou e condenou por homicídio culposo (quando não há intenção de
matar) três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia a três anos e dois meses
de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços.
Constatamos através dos fatos relatados que a falta de fiscalização dos governos de forma enérgica
e o não cumprimento dos padrões mínimos de segurança na operação e na desmobilização
trouxeram grandes prejuízos tanto no âmbito material e pessoal. Nos dois casos todos os acidentes
poderiam ser evitados.
3. BIBLIOGRAFIA
-Dos Santos Jennifer, Radioatividade: A história e a Ciência por trás dos Acidentes Nucleares,
Edição n. 3 (2014), 2015-09-21.
-SOUZA, Líria Alves de. "Acidente com césio-137"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/quimica/acidente-cesio137.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2020.
- Césio 137, o grande acidente radioativo de Goiânia, acessado em
https://www.blogmortalha.com/2015/03/cesio-137-o-grande-acidente-radioativo.html, 2020.

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  • 1. UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU UUNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA ANDRÉ LADEIRA DESASTRES AMBIENTAIS RADIOATIVOS BELO HORIZONTE 2020
  • 2. ANDRÉ LADEIRA DESASTRES AMBIENTAIS RADIOATIVOS Trabalho apresentado ao Departamento de Pós- Graduação a Distância da UNIVERSO – Universidade Salgado de Oliveira, como requisito parcial à conclusão da disciplina Proteção de Meio Ambiente, do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho. Professor: Wagner A. Carvalho BELO HORIZONTE 2020
  • 3. : 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem por finalidade traçar as semelhanças dos desastres de Chernobyl e Goiânia e como poderiam ser evitados. A questão da pesquisa apresentada identifica uma relação entre esses eventos. Chernobyl e Goiânia foram locais de acidentes radioativos e radiológicos. Mesmo com poucos dados a respeito das mortes repercutidas em tais acidentes, é evidente que não ocorreram mortes imediatas, mas sim, somente após determinado período de tempo. O método utilizado foi o desenvolvimento de uma análise documental e bibliográfica a fim de propiciar um aprofundado estudo. O trabalho finalizado tem como resultado ampliar o conhecimento sobre os acidentes destas duas cidades. 1. DESENVOLVIMENTO Chernobyl Figura 1 – Usina de Chernobyl O acidente na usina nuclear de Chernobyl ocorreu em 1986, na Ucrânia, então parte da antiga União Soviética. Na madrugada do dia 25 de abril, o reator número 4 da Estação Nuclear de Chernobyl explodiu. A usina havia sofrido uma sobrecarga de energia durante um teste de capacidade. O sistema de resfriamento parou de funcionar, o que gerou um superaquecimento do núcleo, que atingiu temperaturas muito quentes. O calor provocou uma explosão de vapor tão violenta que destruiu o teto do reator. Os primeiros bombeiros, trabalhadores e jornalistas que chegarem ao local foram expostos a doses letais de radiação e foram as primeiras vítimas de Chernobyl. O incêndio lançou no ar grandes quantidades de material radioativo do núcleo. A cidade mais próxima à usina era Pripyat, localizada a apenas três quilômetros da usina e com uma população de 40 mil habitantes. No dia seguinte após a explosão, os moradores ficaram expostos a uma radiação 50 vezes maior do que a considerada normal na atmosfera. Os moradores tinham sido expostos a doses altas de radiação que poderiam alterar a composição do sangue e provocar diversos tipos de câncer. Enquanto isso, o vento começou a levar nuvens de partículas e poeira radioativas para o norte da Europa, afetando uma região de mais de mil quilômetros. Florestas vizinhas foram queimadas por causa da radiação, que também provocou uma queda acentuada na vida selvagem dali. O reator continuava a queimar. Uma operação militar gigantesca foi montada para apagar o incêndio. A solução foi despejar, com a ajuda de helicópteros, toneladas de chumbo e areia para tentar conter o fogo, evitando que a radioatividade se espalhasse ainda mais. Em 6 de maio, o fogo foi controlado.
  • 4. A maioria dos soldados que participou das missões de emergência morreu por causa da exposição à radiação. Em semanas, as vítimas começaram a surgir nos hospitais, com problemas como a deterioração da medula óssea e queimaduras profundas pelo corpo. Segundo a Organização Mundial da Saúde estima-se que 4 mil pessoas tenham morrido em decorrência da exposição, já o Instituto de Radiologia de Kiev admite 31 mortos e 50.000 contaminados, com níveis de radiação capazes de matar no longo prazo. Há relatos de que milhares de pessoas contraíram câncer. Figura 2 – Cidade de Pripyat abandonada Nos anos seguintes, índices de radiação foram detectados nos seguintes países: Suécia, Escandinávia, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Grécia, Turquia e Polônia. A Ucrânia, a Bielorrússia e a Rússia. Goiânia Figura 3 – Ferro velho na cidade de Goiânia. No dia 13 de setembro de 1987, ocorreu em Goiânia o maior acidente radiológico em área urbana do mundo. Em 1987, o IGR (Instituto Goiano de Radiologia) estava fechado e no local havia um aparelho
  • 5. abandonado utilizado para fazer radioterapia, em seu interior havia o isótopo césio 137 dentro de uma cápsula, que até então era blindada. O césio 137 é um isótopo do césio por possuir mesmo número de prótons e diferente número de nêutrons, e é um radioisótopo por ser emissor de radiação. Catadores de papel, em busca de sucatas que pudessem ser vendidas a um ferro velho, invadiram o antigo IGR e levaram para casa a cápsula que continha o césio 137. O problema surgiu quando eles violaram a cápsula e tiveram acesso ao elemento radioativo que lá estava. Após a violação da cápsula, pessoas, animais, superfícies e quase tudo o que estava nas adjacências sofreram irradiação (receberam incidência de radiação) e foram contaminadas pelo césio137. O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da população, que foi submetida a uma “seleção” no Estádio Olímpico Pedro Ludovico; os governantes da época escondiam a tragédia da população, que aterrorizada procurava por auxílio, dizendo ser apenas um vazamento de gás. Figura 4 – Manchete da época sobre o acidente na cidade de Goiânia. Esse acidente gerou cerca de 13,4 toneladas de rejeitos radioativos, várias pessoas com problemas de saúde e uma ferida incicatrizável na população goiana em razão da irresponsabilidade de poucos. 2. CONCLUSÃO Chernobyl No final de agosto de 1986, o governo soviético divulgou relatório de 382 páginas sobre o acidente identificando a causa como tendo sido o fato dos operadores, durante um teste de segurança, terem desligado três sistemas de segurança. Em 30.07.1987, seis russos (Viktor Petrovich Bryukhanov - chefe da usina, Nikolai Maksimovich Fomin -engenheiro chefe, Anatoly Stepanovich Dyatlov adjunto do engenheiro chefe, Kovalenko, Rogozhkin, Laushkin) foram levados a julgamento por violação das normas de segurança que levaram à explosão do reator. Três foram declarados culpados (em negrito) e sentenciados a 10 anos em campo de trabalhos forçados. Goiânia No ano de 1996, a Justiça julgou e condenou por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia a três anos e dois meses de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços.
  • 6. Constatamos através dos fatos relatados que a falta de fiscalização dos governos de forma enérgica e o não cumprimento dos padrões mínimos de segurança na operação e na desmobilização trouxeram grandes prejuízos tanto no âmbito material e pessoal. Nos dois casos todos os acidentes poderiam ser evitados. 3. BIBLIOGRAFIA -Dos Santos Jennifer, Radioatividade: A história e a Ciência por trás dos Acidentes Nucleares, Edição n. 3 (2014), 2015-09-21. -SOUZA, Líria Alves de. "Acidente com césio-137"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/acidente-cesio137.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2020. - Césio 137, o grande acidente radioativo de Goiânia, acessado em https://www.blogmortalha.com/2015/03/cesio-137-o-grande-acidente-radioativo.html, 2020.