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II
RELATÓRIO
DE
ESTÁGIO CURRICULAR
TRADUÇÃO AUDIOVISUAL
SÉRGIO BRANCO
TRADUÇÃO
DIALECTUS
ORIENTADOR (EMPRESA): Dra. Olívia Ferreira
PROFESSOR SUPERVISOR: Dra. Maria Carminda Bernardes Silvestre
DATA DE INÍCIO: 22 de Outubro de 2007 DATA DE CONCLUSÃO: 1 de Fevereiro de 2008
CONFIDENCIALIDADE:
(Assinale se necessário) DATA DE ENTREGA DO RELATÓRIO
29 de Fevereiro de 2008
II
II
Agradecimentos
Quero agradecer à Dra. Goreti Monteiro por me ter proporcionado a oportunidade de
estagiar na Dialectus e à Dra. Carminda Silvestre.
Agradeço também a todas as pessoas da Dialectus que me ajudaram e contribuíram para
que este estágio se tornasse numa experiência extremamente positiva, tanto a nível dos
novos conhecimentos que adquiri como a nível pessoal. De entre essas pessoas, quero
agradecer especialmente à Dra. Olívia Ferreira e aos meus colegas da sala de tradução
nestas quinze semanas, Shahin S.A., Sílvia Pereira e Sónia Coelho.
III
Índice geral
Resumo...................................................................................................................................V
Índice de Figuras .....................................................................................................................VI
Introdução............................................................................................................................... 1
1. Tradução para legendagem................................................................................................... 2
1.1. Características................................................................................................................ 2
1.2. Normas de traduçãoe legendagem seguidas................................................................... 3
1.3. Ferramentas utilizadas ................................................................................................... 4
1.4. Trabalhos realizados....................................................................................................... 5
1.5. Scripts/ “tirar de ouvido”................................................................................................ 6
1.5.1. Tradução com script................................................................................................. 7
1.5.2.“Tirar de ouvido”...................................................................................................... 7
1.6. Fases de desenvolvimento do trabalho............................................................................ 8
1.6.1. Recepção do trabalho .............................................................................................. 8
1.6.2. Procedimentos anteriores à tradução ....................................................................... 9
1.6.3. Tradução ................................................................................................................10
1.6.4. Legendagem...........................................................................................................12
2. Tradução para locução.....................................................................................................15
2.1. Definição de locução e conceitos inerentes.....................................................................15
2.2. Sessões de locução........................................................................................................15
2.3. Ferramentas utilizadas ..................................................................................................15
2.4. Trabalhos realizados......................................................................................................16
2.5. Scripts ..........................................................................................................................16
2.6. Fases de desenvolvimento do trabalho...........................................................................16
2.6.1. Marcação dos time codes ........................................................................................17
2.6.2. Identificação do narrador e dos vivos.......................................................................17
2.6.3. Indicação da pronúncia de palavras ou expressões não portuguesas..........................18
2.6.4. Divisão do texto em bloco .......................................................................................18
2.6.5. Tradução ................................................................................................................18
2.6.6. Outros procedimentos............................................................................................19
2.6.7. Revisão ..................................................................................................................19
2.6.8. Correcção e procedimentos finais............................................................................19
2.6.9. Legendagem...........................................................................................................20
IV
Conclusão...........................................................................................................................23
Bibliografia..........................................................................................................................24
Anexos....................................................................................................................................25
Anexo III – parte de Script – Pageant Place............................................................................28
Anexo IV – parte do texto traduzido para o documentário Corrida atéà Lua..........................30
V
Resumo
O presente relatório visa clarificar o trabalho desenvolvido durante o estágio curricular que
realizei na Dialectus. Esta é uma empresa de tradução, legendagem, locução e dobragem
situada no Alto de Sta. Catarina, freguesia de Linda-a-Velha, concelho de Oeiras. O
estágio iniciou-se a 22 de Outubro de 2007 e terminou a 1 de Fevereiro de 2008.
As actividades que desempenhei foram as seguintes: tradução para locução, tradução para
legendagem e legendagem. A tradução para legendagem e a tradução para locução diferem
no objectivo, no instrumento de trabalho e nas técnicas/metodologias utilizadas, pelo que
explano essas especificidades nos capítulos deste relatório dedicados a estes dois tipos de
tradução audiovisual.
Ressalvo já o facto de os trabalhos de tradução para locução também poderem conter
elementos para legendagem e, como tal, esta matéria está também incluída no capítulo
dedicado à tradução para locução. Assim, a legendagem propriamente dita, que pode ser
definida como a sincronização das legendas com as falas ou texto presentes no produto
audiovisual, é abordada em ambos os capítulos.
Apresento também as fases do trabalho realizado, nomeadamente a da tradução e a da
legendagem.
Por fim, relativamente à orientadora, esta mostrou disponibilidade total e foi uma ajuda
preciosa, especialmente no início, já que à medida que o estágio ia decorrendo, conseguia
ser cada vez mais autónomo no meu trabalho.
VI
Índice de Figuras
Figura1 - Exemplode umelementonaimagem(neste caso, a barra vermelha com as fotografias)
que obriga à subida de legendas ............................................................................................... 4
Figura 2 – janela do Spot. 4.2 .................................................................................................... 4
Figura 3 -Barra com o time code no ficheiro audiovisual.............................................................. 9
Figura 4 - Barra com o time code assinalada no Spot. 4.2. ..........................................................10
1
Introdução
Este relatório descreve os principais métodos que utilizei e as normas pelas quais me regi
durante o estágio, tal como algumas dificuldades e as respectivas soluções encontradas.
As minhas funções durante o estágio na Dialectus centraram-se na tradução e legendagem,
actividades para as quais recebi formação durante o curso de Tradução.
Uma vez que o meu trabalho se dividiu em duas partes, a tradução para locução e a
tradução para legendagem, descrevo as características de cada uma delas. Contudo, logo
pelo facto de ambas envolverem o processo de tradução, apresentam bastantes
semelhanças, até porque independentemente do formato, a tradução tem sempre o mesmo
objectivo: veicular significados de uma língua para outra.
Assim, descrevo as características específicas de cada tipo de trabalho, as suas ferramentas
(e dentro destas, as funções mais importantes) e diferentes fases de desenvolvimento, desde
a entrega à revisão e correcção, passando pela descrição das técnicas utilizadas na tradução
e a legendagem (nos casos em que esta acontecia).
Destaco, igualmente, um determinado número de pormenores técnicos, alguns dos quais
aponto para ressalvar o efeito que têm no produto final, nomeadamente em relação ao
espectador.
Menciono, também, o facto de traduzir com ou sem script (a transcrição do programa),
uma vez que tal aspecto teve grande influência no processo de tradução.
O objectivo do trabalho passava apresentar produtos (traduções, legendagens) com
qualidade para que os espectadores desfrutassem do conteúdo do programa.
2
1. Tradução para legendagem
A tradução para legendagem visa a inserção de texto traduzido em legendas, respeitando os
condicionalismos desse formato como, por exemplo, o tempo de leitura (tempo que o
espectador leva a ler uma legenda) e o número de caracteres presentes em cada legenda.
1.1. Características
Neste tipo de tradução, as técnicas e metodologias utilizadas estão directamente
relacionadas com as funcionalidades dos programas de legendagem.
Para além disso, como as legendas são um formato com características muito específicas, a
tradução para legendagem tem condicionalismos igualmente específicos. A seguir,
enumero as mais importantes.
 O facto de cada legenda, ou seja, uma ou duas linhas de texto presentes no ecrã a
determinado momento, ter de possuir um número limitado de caracteres. Isto tem o
objectivo de impedir que as legendas ultrapassem o limite do ecrã. Para a
generalidade dos canais de televisão, o número máximo de caracteres é de 37 por
linha.
 A exigência de tempo de leitura suficiente, isto é, o tempo em que é possível ao
espectador ler toda uma legenda sem sentir desconforto ao fazê-lo. O tempo de
leitura depende do número de caracteres da legenda, pelo que quanto maior for a
legenda, mais tempo terá que permanecer no ar. Por outro lado, é geralmente aceite
que qualquer legenda não deve ter menos de um segundo de duração. A tradução
para legendagem tem, assim, como objectivo transmitir o máximo de informação no
menor número de palavras ou caracteres possível.
 Além da tradução, neste tipo de trabalho há que inserir o texto traduzido,
transformando-o em legendas (ao longo do relatório, refiro-me a esta etapa como
“inserir legendas”) e legendar, que é o processo de sincronizar as legendas com as
falas dos intervenientes ou com o texto que possa, eventualmente, surgir nas
3
imagens. Ou seja, legendar é, basicamente, fazer com que as legendas apareçam no
ecrã.
1.2. Normas de tradução e legendagem seguidas
As normas de tradução para legendagem e de legendagem que segui foram as aprendidas
na cadeira de Tecnologias da Tradução II. Estas coincidem com as utilizadas pelos
tradutores da Dialectus, que por sua vez seguem as normas utilizadas pela esmagadora
maioria dos tradutores do sector audiovisual em Portugal.
Essas normas situam-se ao nível da selecção do que se deve traduzir e de como fazê-lo, da
divisão de legendas, da tradução de texto na imagem e também da pontuação e das
convenções para legendas. Estas últimas incluem, por exemplo, o uso do itálico, a forma de
apresentação de números (por extenso ou em algarismos) ou as medidas (como
comprimento ou área).
As legendas são, por norma, constituídas por uma linha no mínimo ou duas no máximo,
centradas na parte inferior do ecrã. De seguida, assinalo os principais casos de excepções
que surgiram ao longo do estágio.
 Letras de canções – as legendas são colocadas à esquerda na parte inferior do ecrã.
 Elementos que perturbem a leitura das legendas tais como figuras, gráficos, legendas
na língua original, créditos do programa ou qualquer outro texto que apareça nas
imagens – as legendas são colocadas num local do ecrã em que não coincidam ou
“tapem” esses elementos desde que não se sobreponham à cara de nenhum
interveniente. Assim, as legendas podem ser subidas, posicionadas à esquerda ou à
direita (na parte inferior do ecrã ou subidas). A generalidade dos clientes para os
quais fiz trabalhos, como os canais MTV Portugal e SIC Mulher, aceitam o
posicionamento das legendas num local do ecrã que não seja o normal. Contudo,
também existem canais para os quais não pode ser feito este posicionamento, como o
canal Odisseia (para o qual fiz um trabalho para locução e legendagem);
4
Figura 1 - Exemplo de um elemento na imagem (neste caso, a barra vermelha com as
fotografias) que obriga à subida de legendas
1.3. Ferramentas utilizadas
Todos os trabalhos foram realizados com o programa de legendagem Spot 4.2, excepto a
tradução e legendagem de parte de um episódio da série Sem Rasto (emitida pelo AXN) no
primeiro dia de estágio, num programa do mesmo tipo, o PU2020. Esse trabalho serviu
para que me relembrasse das exigências de um trabalho desta natureza aprendidas na
cadeira de Tecnologias da Tradução II, tal como das várias funcionalidades do programa
mencionado. Este foi, aliás, o único trabalho que fiz com o PU2020.
Figura 2 – janela do Spot. 4.2
Ambos os programas são de legendagem aberta (ou seja, não destinada a teletexto).
5
Exceptuando o facto de não ser apresentado em ambiente Windows, o software PU2020 é
praticamente igual ao utilizado em Tecnologias da Tradução II, o Win2020.
Por seu turno, as funcionalidades do Spot 4.2 e as do PU2020 diferem pouco entre si,
embora o primeiro seja mais avançado, permita trabalhar em ambiente Windows e tenha
uma apresentação totalmente distinta do PU2020. Mesmo assim, foi relativamente fácil
adaptar-me ao Spot 4.2.
Ter trabalhado quase exclusivamente com o Spot 4.2 prendeu-se com o facto de os CD-
ROM serem, hoje me dia, muito mais utilizados que as cassetes VHS e de o PU2020 (neste
caso, não o software, mas a máquina de legendagem) não ter drive de CD-ROM. O Spot
4.2, por sua vez, é instalado em computadores com esse mecanismo. Realço que os
documentários para locução que traduzi vinham em DVD (Digital Vídeo Disc).
1.4. Trabalhos realizados
Traduzi e legendei programas e peças de programas enquadrados na área do
entretenimento. Fora desta área, fiz apenas um trabalho: a inserção de legendas e a
respectiva legendagem de texto previamente fornecido por uma produtora. O programa em
questão era uma série de pequenos documentários sobre a Cova da Moura em que foi
necessário legendar falas em português - devido a elementos considerados como
perturbadores da compreensão (por exemplo, barulhos ou música) que acompanhavam as
falas – e em crioulo cabo-verdiano.
Este foi também um dos dois dos trabalhos de legendagem intra-linguística, ou seja, em
que as legendas ficavam na mesma língua das falas, neste caso o português. O outro foi
uma entrevista para o programa Geração High Tech.
Contudo, o primeiro trabalho não continha apenas legendas inter-linguísticas já que havia
também tradução a partir do crioulo cabo-verdiano (também com a transcrição
previamente fornecida).
6
Os documentários referidos também constituíram uma excepção no decurso do estágio
porque se destinavam a uma visualização num evento público e não a televisão.
De entre as traduções que efectuei, o único trabalho que não fiz a partir da língua inglesa
foi a tradução de uma parte de Los Premios MTV 2007, programa falado em castelhano
Os trabalhos de tradução e legendagem que realizei foram os seguintes:
- Para a MTV Portugal:
 Essential Britney Spears (programa único)
 Los Premios MTV 2007 (legendagem de parte do programa e tradução de uma
pequena parte) (programa único)
 Making the Performance: EMA 2007 (programa único)
 Next (cinco episódios)
 Pageant Place (dois episódios)
 Scarred (dois episódios)
 The Bedroom Diaries (dois episódios)
 The X Effect (um episódio)
- Para a SIC Mulher:
 Grande Cinema (dois episódios)
- Para a SIC Notícias:
 35 Mm (peças para dois episódios)
Os trabalhos de inserção de legendas e legendagem que realizei foram os seguintes:
- Para a produtora Até ao Fim do Mundo:
 Conjunto de pequenos documentários sobre a Cova da Moura (programas únicos)
- Para o MOV:
 Geração High Tech (peça para um episódio)
1.5. Scripts/ “tirar de ouvido”
A tradução para legendagem, tal como a tradução para locução, pode ser feita através um
script ou guião (a transcrição das falas de um determinado programa) ou “tirando de
ouvido” (ouvir o programa e traduzir o que é dito).
7
Contudo, na tradução com script é necessário verificar se o que está escrito corresponde ao
que é dito no programa. Quando determinada parte do script não corresponde a alguma
parte das falas, é necessário tirar essa parte “de ouvido”.
1.5.1. Tradução com script
Nos cinco trabalhos de tradução exclusivamente para legendagem que realizei com script,
foram raros os casos em que este último continha erros em relação ao programa. De referir
que o script é feito pelo cliente, sendo entregue à gestora competente que, por sua vez, o
entrega ao/à tradutor(a).
Os trabalhos em questão foram: dois episódios de Next, dois episódios de Pageant Place e
uma pequena parte de Los Premios MTV 2007.
O script deste último trabalho foi o único em que a ordem das falas não estava totalmente
correcta em relação ao programa.
A minha função era apenas legendar, ou seja, marcar os tempos em que as legendas
aparecem no ecrã (pois a tradução já estava feita), mas houve também necessidade de
traduzir cerca de cinco minutos do programa que faltavam.
Não fui a única pessoa a legendar Los Premios MTV 2007 porque era um trabalho para ser
entregue de urgência e foi dividido entre mim e mais duas tradutoras. Tal como este, recebi
outros trabalhos com elevado grau de urgência de entrega, pelo que deixava os que tinham
um prazo mais alargado a meio, só os retomando depois de acabados os mais urgentes.
Estes processos são controlados pelas gestoras do cliente.
Ainda sobre os trabalhos com script, posso referir que as dificuldades surgiram quase
exclusivamente a nível da tradução.
1.5.2.“Tirar de ouvido”
Por seu turno, os trabalhos “de ouvido”, ou seja, sem script, revelaram-se mais difíceis,
exigiram um maior grau de atenção relativamente às falas e, consequentemente, foram
mais morosos.
8
De entre os programas sem script, houve alguns com falas geralmente fáceis de
compreender e outros que me apresentaram mais dificuldades. A facilidade ou dificuldade
de compreensão foram influenciadas, essencialmente, pelos seguintes factores:
- o meu nível de conforto com a língua inglesa falada (nomeadamente nas suas variantes
norte-americana e britânica), o respectivo vocabulário e registos, nomeadamente o
calão;
- a dicção e a pronúncia dos intervenientes do programa;
- a minha familiaridade com o conteúdo do programa.
Quando não conhecia determinado termo, mas conseguia perceber a sua fonética,
procurava-o em dicionários (físicos ou online). Nos casos em que simplesmente não
conseguia entender uma ou várias palavras ou não estava seguro da minha tradução,
mesmo depois de ter pesquisado, assinalava o local do texto onde devia figurar a palavra
ou expressão que não entendia.
Quando as minhas dúvidas eram poucas, esclarecia-as com o revisor de inglês no final da
tradução e da legendagem. Depois disto, o trabalho seguia para revisão.
Nos casos em que tinha um número de dúvidas extenso, o trabalho seguia para revisão
logo terminada a tradução e a legendagem.
Foram catorze os programas ou conjuntos de peças que traduzi “de ouvido”: Essential
Britney Spears; Making the Performance: EMA 2007; três episódios de Next; um episódio
de The X Effect; dois episódios de Scarred; dois episódios de The Bedroom Diaries; dois
episódios de Grande Cinema; duas peças para dois episódios de 35 Mm.
1.6. Fases de desenvolvimento do trabalho
1.6.1. Recepção do trabalho
O primeiro procedimento passava pela entrega, por parte da gestora competente, do
ficheiro audiovisual com o programa a traduzir e do script, caso o tenha.
9
Cada vez que fiz um primeiro trabalho para cada cliente, fui informado, pela gestora
responsável, dos parâmetros técnicos exigidos pelo canal. Por exemplo, no trabalho que fiz
para a MTV Portugal foi-me exigido que não inserisse palavras em itálico (recorrendo
antes ao uso de aspas), que não pusesse legendas em barras (em contrapartida, podia
deslocá-las para cima, para a esquerda ou a direita). Para além destes aspectos, para este
canal, tinha de entregar os ficheiros com as legendas no formato EBU e não PAC (utilizado
pela generalidade dos clientes). Contudo, existem alguns programas deste canal com
parâmetros diferentes.
Além disso, foram-me entregues, quando necessários, glossários com os termos utilizados
recorrentemente no programa a trabalhar (caso este fizesse parte de uma série) e a tradução
desses mesmos termos. Por exemplo: o termo “next” teria de traduzir por “dispensado/a”.
A tradução dos genéricos de tais programas em série foi-me igualmente fornecida.
Em alguns casos, para que me apercebesse da estrutura do programa, foram-me entregues
também traduções anteriores.
Recebia tais indicações quando me era entregue um programa parte de uma série que
nunca tinha traduzido. As indicações eram-me dadas para que houvesse coerência entre a
minha tradução e as traduções de episódios anteriores.
1.6.2. Procedimentos anteriores à tradução
Para abordar esta parte, será importante referir que o time code é o tempo apresentado
numa barra negra na parte superior do ecrã na versão do programa para tradução, contendo
a unidade das horas, dos minutos, dos segundos e dos frames. O frame, por sua vez, é uma
unidade de tempo que corresponde a 1/25 de um segundo.
Figura 3 -Barra com o time code no ficheiro audiovisual
10
Depois de receber as devidas informações, verificava se o CD com o programa a trabalhar
não tinha problemas como, por exemplo, desfasamentos no time code. Para tal,
sincronizava as suas unidades de tempo com outra barra que continha outro time code,
assinalado pelo software. Esta sincronização é, aliás, essencial para a legendagem.
Figura 4 - Barra com o time code assinalada no Spot. 4.2.
Tal situação de desfasamento do time code ocorreu uma vez durante o estágio. A solução
passou por informar a gestora para que esta pedisse um novo CD com o time code a
funcionar correctamente.
1.6.3. Tradução
Depois dos procedimentos iniciais, começava a primeira grande fase do trabalho para o
formato de legendagem: a tradução.
Como em qualquer outro tipo de tradução, há que ter em atenção os factores culturais.
Porém, neste campo é necessário reparar também no que “dizem” as imagens (e não
apenas as falas ou o texto original) para que a tradução não entre em choque com aquilo
que se vê.
À medida que traduzia, introduzia o texto no software de legendagem (o Spot 4.2),
fazendo a divisão de legendas durante esse mesmo processo de tradução.
Efectuei a divisão de legendas conforme os métodos que aprendi em Tecnologias da
Tradução II, ou seja, dividindo-as em unidades semânticas, fazendo com que cada legenda
possuísse, por si só, um significado, e usando as unidades gramaticais das frases para
dividir as legendas internamente (a primeira da segunda linha).
Quando o tamanho das legendas não permitia uma divisão perfeita e não me era possível
reformular as frases sem alterar o seu sentido, optei por não efectuar estes procedimentos.
11
Para encurtar legendas quando estas se revelavam demasiado longas, servi-me de métodos
como a substituição de palavras, a reformulação de frases ou a eliminação de termos
desnecessários à compreensão (como “you know?” com o sentido de “percebes?” ou
“man”, cuja tradução seria “meu”).
Nos casos em que o programa tinha script, procedi do seguinte modo: enquanto ouvia as
falas do programa, lia aquela transcrição, verificando se havia correspondência entre o que
era dito no programa e o que estava escrito. Como já mencionei, quando tal não acontecia,
tinha de “tirar de ouvido” as palavras ou frases em questão.
Ao mesmo tempo que lia o script, memorizava as pausas naturais, isto é, quaisquer pausas
existentes nas falas. Como tal, ia alternando entre a leitura de pequenas partes do script
com o ficheiro em “play” e a tradução para que fizesse a divisão das legendas segundo as
pausas naturais que tinha memorizado. Para que não houvesse falhas na divisão, verificava
novamente a divisão de legendas durante a legendagem.
Por outro lado, nos trabalhos para “tirar de ouvido”, traduzia o que ouvia, procedendo
também à divisão de legendas. Muitas vezes, vi-me obrigado a ouvir determinadas falas
mais que uma vez porque não percebia os termos ou o sentido à primeira ou simplesmente
para confirmar se o que estava a traduzir correspondia ao que era dito.
As dificuldades de tradução relacionaram-se, em geral, com algumas referências culturais
nos programas (principalmente no Next), que tive, naturalmente, de pesquisar.
Os trocadilhos e os jogos de palavras também constituíram um desafio porque a maioria
deles incluíam as referências culturais mencionadas. Um exemplo claro disto é, mais uma
vez, o Next, em que os trocadilhos são muito utilizados e, muitas vezes, em rima. Sempre
que possível tentei chegar a uma tradução que respeitasse a rima de palavras, apesar de isso
nem sempre ter sido possível, uma vez que não podia alterar o significado da frase original
no processo de tradução.
Quanto ao estruturamento de legendas, utilizei as várias funcionalidades do software de
legendagem para este processo, relativas, principalmente, à junção, divisão, criação e
eliminação de legendas. Estas funcionalidades foram igualmente utilizadas na legendagem.
12
1.6.4. Legendagem
Depois da tradução, legendava o programa. Fiz por não deixar legendas “penduradas”, isto
é, legendas que extravasassem as falas dos intervenientes. Tal procedimento prende-se com
o seguinte aspecto: as legendas não podem entrar antes da fala correspondente nem de
podem permanecer depois de essa fala ter terminado. Contudo, isso não significa que não
possam permanecer uns frames depois do fim da fala, pois o que está aqui em jogo é o
tempo de reacção do/a tradutor(a), ou seja, o tempo que leva a aperceber-se de que uma
fala começou ou acabou.
O meu método para a legendagem foi o seguinte: legendava uns minutos do programa
(normalmente uma cena) e a seguir verificava se a legendagem dessa parte estava correcta,
procedendo às alterações necessárias.
Na parte da legendagem, uns dos aspectos com que tive de me preocupar mais foi o tempo
de leitura ideal de cada legenda (o tempo de permanência de uma legenda no ar mais
adequado para que o espectador com capacidades de leitura situadas na média a leia
confortavelmente, tendo em conta a sua velocidade de leitura e o tamanho da legenda).
Outro dos meus principais cuidados relacionava-se com a norma relativa a não deixar
nenhuma legenda permanecer menos de um segundo no ecrã.
Contudo, nem sempre me foi possível cumprir o tempo de leitura ideal, assinalado
automaticamente pelo programa de legendagem, mesmo fazendo as reduções possíveis
(relativamente ao número de caracteres da legenda). Nesses casos, tentava fazer com que o
tempo de duração da legenda não se afastasse consideravelmente do tempo de leitura ideal.
Será importante referir que penso que em grande parte do estágio me preocupei demasiado
com este aspecto, tal como com a norma do tempo de leitura mínimo de um segundo, já
que me fizeram perder tempo, desnecessariamente, no processo de legendagem. Com isto,
reforcei a noção que já possuía de que no trabalho de tradução audiovisual é extremamente
importante não perder o tempo de que dispomos, muitas vezes escasso.
13
Ainda durante a legendagem, reestruturava as legendas, caso fosse necessário.
Por fim, utilizava a função “recut”, que permite que todas as legendas sejam adiantadas uns
frames. É uma função bastante útil porque, com ela, podemos diminuir a distância
temporal entre o início de uma fala e o surgimento da respectiva legenda.
1.6.5. Pesquisa e esclarecimento de dúvidas
Só depois de legendado o programa, procedia à pesquisa dos termos e expressões que não
conhecia ou esclarecia-me junto do revisor de inglês, ou, em alternativa, junto das
tradutoras (mesmo sendo um trabalho de natureza individual) quanto a palavras ou frases
que não conseguia entender, no caso da tradução “de ouvido”.
O facto de já ter o programa legendado nesta fase facilitava a localização das falas sobre as
quais tinha dúvidas e as respectivas legendas. Apesar disso, quando, durante a tradução,
alguma dúvida referente a um termo ou uma expressão fundamental para a compreensão da
acção, procedia logo ao seu esclarecimento ou à sua pesquisa.
Depois de introduzir as expressões ou os termos necessários nas legendas, adaptava-as ao
nível da estrutura das frases, da divisão de legendas e do tempo de leitura.
1.6.6. Verificação da ortografia e dos parâmetros das legendas
A etapa seguinte consistia em verificar a ortografia e os vários parâmetros relativos às
legendas através das funcionalidades automáticas do Spot 4.2. Esta última verificação é
essencial, pois é com ela que podem ser detectados vários tipos de irregularidades, como as
legendas com mais de duas linhas, o excesso de caracteres numa legenda (geralmente, não
se devem ultrapassar os 37 por linha) e os intervalos inválidos entre o texto legendado (por
defeito, deve-se deixar três frames de intervalo).
14
1.6.7. Revisão
Só depois de feitas as devidas alterações, entregava o ficheiro com legendas à gestora para
que esta o enviasse para revisão. A revisão serve para detectar eventuais erros de tradução
ou a nível da língua de chegada (neste caso a língua portuguesa).
A primeira revisão efectuada é a nível da língua estrangeira (ou da tradução), seguindo-se a
revisão do português. Ambas são feitas com a tradução impressa.
Depois de a revisão estar terminada, a gestora entregava-me o documento corrigido para
que pudesse proceder às alterações necessárias.
A divisão de legendas e a legendagem não passam por revisão na empresa, ou seja, o/a
tradutor(a) é o único responsável por esta parte.
1.6.8. Correcção e procedimentos finais
A última fase era a correcção e/ou alteração do texto traduzido, o que obrigava, por vezes,
à reestruturação das legendas.
A seguir, era necessário verificar a ortografia e os parâmetros das legendas referidos (ver
“verificação da ortografia e de parâmetros das legendas”).
Colocava, então, a assinatura, caso fosse exigido para o cliente em questão. Os trabalhos
que fiz para o programa Grande Cinema constituíram o único caso em que coloquei
assinatura. Esta consiste na indicação das actividades (tradução e/ou legendagem)
realizadas pelo/a tradutor(a), o nome deste/a e o nome da empresa.
O último procedimento passava por gravar o ficheiro com a extensão exigida e entregá-lo à
gestora competente para que esta o enviasse ao cliente.
15
2. Tradução para locução
2.1. Definição de locução e conceitos inerentes
A locução, no domínio dos programas traduzidos, é a inserção das vozes da versão
traduzida sobre a versão original do filme, visando a sincronização dessas vozes com as
falas da língua de partida.
No domínio específico dos documentários, género no qual se incluem os dois programas
para locução por mim traduzidos, e do canal a que destinavam – o Odisseia -, as vozes (ou
seja, os intervenientes com falas) a traduzir para locução foram a do narrador e as dos
vivos.
Os vivos são todos os intervenientes, exceptuando o/a narrador(a), que falam directamente
no programa. Como tal, vozes provenientes de aparelhos de transmissão tais como a
televisão ou o rádio não são contadas como vivos.
Assim, todas as vozes que não sejam a do narrador ou as dos vivos não vão para locução,
mas para legendagem (ver “legendagem”). Ou seja, os programas destinados a locução
poderão sê-lo na íntegra ou conter também partes para legendar.
2.2. Sessões de locução
Para que pudesse compreender as exigências deste formato, assisti a duas sessões de
locução, uma com a locutora Raquel Bulha e outra com o locutor Paulo Romão. Nestas
pude testemunhar a inserção das falas no sistema electrónico e o reposicionamento
daquelas para que pudessem entrar nos tempos adequados. Isto porque uma fala, na
locução, não pode ultrapassar o tempo de duração da fala correspondente na versão
original do programa.
2.3. Ferramentas utilizadas
Uma vez que as traduções para locução se destinam a ser lidas em voz alta, o texto
traduzido é apresentado num documento do Microsoft Word.
16
Mesmo que um programa destinado a locução também contenha partes para legendagem,
essas partes são incluídas no mesmo documento do Microsoft Word, seguindo a ordem das
falas no programa. As legendas são introduzidas apenas depois de a locução ter sido feita.
2.4. Trabalhos realizados
Foram realizados dois trabalhos de tradução para locução, ambos documentários: Corrida
até à Lua, que continha também partes para legendagem, e Viagens de Descoberta:
Nansen – O Rei do Pólo Norte, apenas para locução.
A gestora responsável por estes dois documentários informou-me previamente, como é
habitual no procedimento de entrega de trabalhos para o formato referido, se cada um dos
documentários seria apenas para locução ou para locução e legendagem e comunicou-me a
tradução dos títulos dos documentários. Isto porque, como é regra, os títulos dos programas
já vinham previamente traduzidos.
2.5. Scripts
Ambos os programas foram traduzidos segundo os respectivos scripts (as transcrições das
falas originais do programa). Apesar disso, e como acontece por vezes, o script de Corrida
até à Lua continha algumas imprecisões em relação às falas ou à ordem destas, pelo que
foi necessário corrigi-las no processo de tradução. Ou seja, mesmo tendo script, deve
efectuar-se o trabalho tendo em conta o programa.
2.6. Fases de desenvolvimento do trabalho
Nesta parte do relatório apresento as diferentes fases de desenvolvimento dos meus
trabalhos de tradução para locução, pautadas pelas regras do manual de procedimentos de
tradução de documentários (ver anexo II).
17
2.6.1. Marcação dos time codes
Na tradução para locução, foi necessário fazer a marcação dos time codes de entrada e de
saída de cada fala dos intervenientes no programa.
Nesta marcação devem ser apenas registados os minutos e os segundos de entrada e saída
das falas, ou seja, quando estas começam e quando acabam. O objectivo consiste em fazer
com que as falas do texto traduzido “caibam” nas falas de cada um dos intervenientes
originais e coincidam com estas.
O facto de ter de assinalar os segundos dos time codes foi um aspecto que exigiu bastante
atenção da minha parte por ter de registar os segundos de entrada ou saída de falas.
2.6.2. Identificação do narrador e dos vivos
As vozes foram divididas em narrador e vivos (todos os intervenientes directos com
excepção do narrador). Assim, é necessário identificar o narrador com o nome “narrador” e
cada um dos vivos com o nome que aparece no guião (o que foi o caso dos trabalhos para
locução que realizei) ou no programa. Não se pode, no entanto, identificar vivos com o
mesmo nome.
Antes da tradução, foi necessário identificar o número total de vozes separadas em duas
listas: numa as vozes masculinas e na outra as femininas, incluindo o narrador (que, no
caso dos documentários trabalhados, era um homem).
A seguir aos nomes, tive de representar o género do narrado e dos vivos com um “H” para
homem ou um “M” para mulher. Esta identificação é inserida tanto nas listas referidas
como antes dos blocos de texto traduzidos. Cada um destes últimos continha uma fala ou
uma parte de uma fala de um determinado interveniente.
O nome “narrador” e o nome dos vivos foram seguidos dos time codes de entrada e de
saída de cada fala. A referida identificação do género (com um “H” ou um “M”) foi
igualmente inserida, a seguir aos time codes. O texto traduzido correspondente a cada fala
foi inserido a seguir a estes elementos.
18
Um dos cuidados a ter neste tipo de trabalho passa por fazer com que os nomes dos vivos
apresentados nas listas e os mesmos presentes na tradução correspondam exactamente
entre si. Isto porque bastaria um erro num dos caracteres para que, na listagem final das
falas de cada vivo e do narrador (não efectuada pelo/a tradutor(a)), o sistema informático
assumisse que o que deveria ser apenas um vivo fossem dois (ou mais) vivos diferentes.
Uma “gralha” desse tipo poderia levar a que na locução um vivo tivesse duas ou mais
vozes diferentes.
2.6.3. Indicação da pronúncia de palavras ou expressões não portuguesas
Na folha seguinte, e ainda antes da tradução, foram colocadas as palavras ou expressões
não portuguesas presentes na tradução seguidas da respectiva pronúncia. Tais indicações
serviam para que, no decurso da locução, não surgissem dúvidas quanto à maneira de
pronunciar tais palavras ou expressões.
2.6.4. Divisão do texto em bloco
Neste tipo de tradução, cada bloco de texto traduzido não deve ultrapassar as seis linhas
(não contando o espaço para parágrafos), o que corresponderá a 30 segundos na locução,
uma vez que cada linha corresponde, em média, a cinco segundos. Como tal, uma fala
única poder-se-ia dividir (em dois blocos de texto ou mais) caso ultrapassasse as seis
linhas.
Como se tratava de texto traduzido, ia alternando a estruturação desse texto com o
processo de tradução.
2.6.5. Tradução
Relativamente à tradução, os dois documentários continham termos técnicos que tive de
investigar, principalmente Corrida até à Lua. Para tal, recorri a enciclopédias e à Internet.
Porém, tive também de recorrer à ajuda do revisor de inglês e das tradutoras,
nomeadamente no caso do documentário anteriormente referido, porque não encontrava
19
correspondência em português para determinados termos ou expressões ou para confirmar
o seu significado.
2.6.6. Outros procedimentos
Na terceira página do documento de texto para locução, ou seja, onde se inicia o texto
traduzido, foram colocadas informações como o nome do programa em português, a
duração ou o número do episódio.
A diferença mais notória do documentário Viagens de Descoberta: Nansen – O Rei do
Pólo Norte em relação às partes para locução de Corrida até à Lua consistiu no facto de o
narrador aparecer também como vivo no primeiro programa referido. Como tal, coloquei,
na primeira página do trabalho, por debaixo das listas com o número total de vozes, a nota
de que o narrador e determinado vivo, neste caso Paul Rose, eram a mesma pessoa.
Tal nota tinha como objectivo garantir que seria o mesmo locutor a fazer a voz do
narrador e de Paul Rose, uma vez que não faria sentido a mesma pessoa aparecer com duas
vozes diferentes. Tal só aconteceria se o narrador e/ou vivo também aparecesse como um
interveniente que não fosse considerado um vivo, sendo que as falas deste último seriam
legendadas e a voz seria a da versão original.
2.6.7. Revisão
A tradução entregue para revisão continha no cabeçalho a indicação “versão para revisão”.
De referir que no cabeçalho devem ser ainda incluídos o nome original do programa e
nome da versão traduzida.
2.6.8. Correcção e procedimentos finais
Durante a efectuação das alterações assinaladas no texto traduzido, um dos cuidados que
tive foi o de continuar a respeitar a regra relativa à necessidade de cada bloco de texto
conter no máximo seis linhas. Isto porque poderia ser preciso inserir mais palavras, o que
nalguns casos faria com que fossem ultrapassadas as seis linhas. Sempre que verifiquei que
20
isso acontecia, tive de dividir o bloco de texto em dois e reelaborar os time codes relativos
a cada bloco.
Depois das alterações, foi necessário substituir a indicação “versão para revisão” por
“versão final”, uma vez que esta é a versão final a enviar para locução. A seguir à tradução,
foi acrescentado um quadro com o nome do tradutor, dos revisores e da empresa, tal como
das datas de revisão e de inserção das alterações.
N.B.: não coloquei assinatura nos trabalhos que efectuei para locução, pois tal não é
exigido para traduções deste tipo. Pode apenas ser ouvido o nome da empresa no final do
programa quando este é emitido.
2.6.9. Legendagem
Como disse anteriormente, existem documentários que se destinam exclusivamente a
locução. Porém, esse não foi o caso de Corrida até à Lua, que também passou pelo
processo de legendagem. Por isso, neste caso, o procedimento final foi a inserção de
legendas e a respectiva legendagem.
A legendagem deste tipo de programas só é efectuada depois da correcção da tradução e da
locução.
A inserção de legendas e a legendagem foram efectuadas, como habitualmente durante o
estágio, com o Spot 4.2.
Seguindo os procedimentos estabelecidos para traduções destinadas ao canal Odisseia, as
partes legendadas do documentário anteriormente referido abarcaram as falas presentes em
imagens de arquivo e de televisão, ou seja, partes com vozes não consideradas vivos.
Um aspecto importante em relação a trabalhos para locução e legendagem (ou seja, com os
dois formatos presentes no mesmo programa) refere-se ao facto de um vivo poder aparecer
também como uma voz não considerada vivo. Tal aspecto verificou-se no documentário
Corrida até à Lua. Assim, relativamente ao interveniente em questão, as suas falas como
vivo foram para locução, ao passo que o que dizia nas imagens de arquivo foi legendado.
21
Nas partes para legendagem (no documento do Microsoft Word), foi necessário registar
apenas o time code, seguido da indicação “PARA LEGENDAR”. O texto traduzido para
legendagem foi ainda colocado em fundo cinzento após a revisão e as alterações/
correcções para que pudesse ser facilmente identificável como não sendo para locução.
Depois de a locução de Corrida até à Lua ter sido feita (por profissionais, no estúdio da
Ideias & Letras/ Dialectus), procedi à legendagem das partes não destinadas a locução no
programa Spot 4.2.
Como todos os documentários do canal Odisseia que se destinam a ter partes legendadas, a
legendagem de Corrida até à Lua foi realizada com um segundo DVD enviado pelo cliente
já com as legendas em espanhol inseridas. Isto deve-se ao facto de o Odisseia emitir para
Portugal e Espanha no mesmo canal, embora a emissão de áudio seja diferente. Como tal, é
necessário “tapar” as legendas em espanhol para que estas não sejam visíveis na emissão
para Portugal. Isto porque as legendas portuguesas não aparecem na emissão para Espanha,
mas as espanholas estão presentes na emissão para o nosso país, só sendo ocultadas por
barras negras com as legendas em português.
Assim, para que as legendas em espanhol não fossem visíveis, fiz a legendagem deste
programa segundo os seguintes procedimentos (estabelecidos pela empresa): pus as
legendas portuguesas a entrar alguns frames antes das espanholas e a sair alguns frames
depois destas; coloquei barras negras compridas (stripe outline no programa de
legendagem Spot 4.2); “colei” as legendas, ou seja, pus o time code de saída igual ao de
entrada da legenda seguinte (no caso das legendas seguidas, ou seja, sem pausas).
Para além disso, foi necessário visionar a segunda versão do documentário (aquela com as
legendas em espanhol) já que poderiam ter sido acrescentadas, pelo cliente, mais legendas
relativamente àquelas inicialmente determinadas, como por exemplo, legendas de cartazes
ou títulos de jornais. Nesse caso, o/a tradutor(a) terá de traduzi-las e acrescentar essas
legendas em português. Essa necessidade verificou-se no decurso do visionamento e
legendagem de Corrida até à Lua. Assim, tive de traduzir e legendar títulos de jornais ou
mensagens escritas em papel que apareciam nas imagens.
22
Exceptuando os pormenores anteriormente referidos, a legendagem deste programa seguiu
as regras gerais da legendagem, como as relativas ao tempo de leitura suficiente ou ao
número máximo de caracteres presentes em cada legenda.
Outra regra geral prende-se com a necessidade de pôr em itálico as legendas referentes às
falas presentes em imagens de televisão ou em comunicações rádio. Uma vez que as partes
do narrador e dos vivos tinham ido para locução, as partes para legendagem resumiram-se
às vozes vindas de registos áudio ou audiovisuais presentes no documentário. Registos
desse género incluíam, por exemplo, as vozes dos astronautas da Apollo 8, tema do
documentário, em 1968, a falarem para o centro de comando em Houston.
Sendo assim, toda a legendagem foi posta em itálico, com excepção das legendas para
mensagens escritas e títulos de jornais.
23
Conclusão
Considero que o estágio na Dialectus foi muito estimulante e, com ele, consegui definir a
minha vocação dentro do mundo da tradução, a tradução audiovisual.
Para além de consolidar e aprofundar os conhecimentos de tradução audiovisual adquiridos
na cadeira de Tecnologias da Tradução II e de todo o curso de Tradução em geral, pude ter
contacto directo com a vida de uma empresa, o que se revelou muito importante.
Apesar de ter feito apenas legendagem aberta (não tive oportunidade de fazer legendagem
em teletexto), pude experimentar um formato que nunca me tinha sido apresentado: a
tradução para locução.
A legendagem para teletexto (ou seja, para pessoas surdas) será o único aspecto a
considerar, não no contexto da empresa, mas na eventualidade de esta receber outros
estagiários. Porém, é compreensível tal facto, pois, na altura em que iniciei o estágio, a
Dialectus já tinha deixado de receber do cliente o programa que ocupava quase todo o
trabalho de teletexto.
Além disso, realizei trabalhos com conteúdos, pormenores técnicos e exigências a nível da
tradução diferentes.
Um dos aspectos que mais influenciou o grau de dificuldade dos trabalhos e o tempo que
levava a fazê-los foi o facto de, em grande parte das vezes, ter trabalhado sem script. Tal
facto pressupôs mais pesquisa relativamente aos programas transcritos, e, inclusivamente,
ajuda das pessoas que trabalhavam comigo na sala de tradução. Apesar disso, o trabalho
sem script, ou “de ouvido”, constituiu uma actividade motivadora.
Um dos pontos mais importantes do estágio foi o facto de testemunhar que, no trabalho da
tradução audiovisual, muitas vezes é necessário efectuar trabalhos urgentes, interrompendo
momentaneamente, se for necessário, o trabalho que se está a fazer num determinado
momento. Com isso, pude aprender a ser mais a gerir a pressão e, sobretudo, a ser mais
rápido na execução dos trabalhos.
24
Bibliografia
GUERRA, Tânia Marina Ferreira, 2004, Relatório de Estágio – Tradução Audiovisual, pp.
5-34
SILVA, Ana Maria Fernandes, 2005, Relatório de Estágio Curricular – Legendagem em
Teletexto e Adaptação de Conteúdos, pp. 1-58
Páginas da Internet
http://www.ciberduvidas.pt , acedidoa6 e 7 de Março de 2008
http://www.ideiaseletras.pt ,acedidoa9 de Março de 2008
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx,acedidoentre 5e 10 de Março de 2008
http://www.spotsoftware.nl/,acedidoa9 de Março de 2008
25
Anexos
26
Anexo I – conjunto de normas para a MTV Portugal
27
Anexo II – Manual de procedimentos para apresentação de textos
de documentários
28
Anexo III – parte de Script – Pageant Place
29
Pageant Place #107
VO: Previously on "Pageant Place"...
Hilary took the crown, but her dream come true turned into a
nightmare when she was upstaged by miss South Carolina teen USA.
Caitlin: South Africa, Iraq, such as.
Hilary: She's getting all this fame from being oblivious.
VO: And coming up...
Photographers: Tara! right here, Tara!
VO: ...the fight over crown as sash explodes into all-out war as Hilary pushes
back...
Hilary: You dumb [bleep].
Woman: Tara's flying in with Mr. Trump on the helicopter.
VO: ...and Rachel can't take it anymore.
Rachel: [ sobbing ] I just don't... trust very many people right now.
Donald: Every year, three gorgeous, young women are crowned Miss USA... Miss
teen USA... And miss Universe. For the year that they hold their titles,
they live together in a New York apartment. Find out what happens
behind closed doors when their crowns come off. Welcome to "Pageant
Place."
Rachel: Okay, sweet. Sounds good. Okay, bye.
I have some good news.
Hilary: What?
Riyo: What?
Rachel: Have you heard of the VMA’s -- the video music awards with MTV?
Hilary: Shut your mouth! Aaaaah! on the red carpet? oh, my god!
Rachel: We are headed to the MTV Video Music Awards, and Katie's actually
coming to Vegas to meet us.
Hilary: I'm so excited! Yay! We're going to the VMA’s!
Katie CHYRON So are you guys ready to wear your sashes?
Rachel: Yeah.
30
Hilary CHYRON You should have sashes that say has been on them.
Anexo IV – parte do texto traduzido para o documentário Corrida
até à Lua
31
VERSÃO FINAL
RACE TO THE MOON
CORRIDAATÉ À LUA
TOTAL DE VOZES:14
MASCULINAS:11
NARRADOR (H)
ALEXI LEONOV (H)
ANDREW CHAIKIN(H)
BILL ANDERS (H)
BORMAN (H)
JERRYBOSTICK (H)
JIM LOVELL (H)
KRAFT (H)
LOGSDON(H)
LUNNEY (H)
WALTER CRONKITE (H)
FEMININAS:3
MARILYN LOVELL (M)
SUSAN BORMAN (M)
VALERIE ANDERS (M)
TEMPO DE DURAÇÃO:51’35’’
32
VERSÃO FINAL
RACE TO THE MOON
CORRIDAATÉ À LUA
PRONÚNCIA:
Apollo – apólo
Kremlin – krémline
Frank Borman – franke bórman
Jim Lovell –djeme lôvel
William Anders – uíliame andars
WestPoint- úeste pointe
Houston – hiústen
Gemini – djémini
George Low – djorje lou
James Webb – djeimes uébe
Saturn – sétarn
Vasily Pavlovich Mishin – vasili pavlovitche michen
Glynn Lunney – gline Lani
33
VERSÃO FINAL
RACE TO THE MOON
CORRIDAATÉ À LUA
CORRIDA ATÉ À LUA
DURAÇÃO: 51’35’’
EPISÓDIO Nº:
REFERÊNCIA: 55177
CANAL: Odisseia
TRADUTOR: Sérgio Branco
DATA DE ENTREGA: 08/11/07
NARRADOR (H) 00:04 – 00:33
A 1 de Dezembro de 1968, começou a contagem decrescente para
um dos maiores momentos da exploração espacial. A primeira
missão lunar tripulada, Apollo 8, iria percorrer 370 000 kms pelo
espaço, orbitar a Lua dez vezes e regressar à Terra. Pela primeira
vez na História, os humanos estavam preparados para saírem da
Terra e aventurarem-se noutro mundo.
KRAFT (H) 00:34 – 00:59
A Apollo 8 representava um grande desafio para todos. Requereu
muita coragem.O que mais me impressionouem relação à Apollo 8
foi o facto de o país nos ter deixado fazê-la. Isso mostrou a
coragem e a capacidade deste país, tal como a sua predisposição
em inovar e fazer coisas de grande grau de dificuldade.
SUSAN BORMAN (M) 01:01 – 01:17
Sabíamos que os russos estavam muito decididos em fazer o
mesmo, mas nós é que tínhamos de ser os primeiros...apesar de
não pensar que eles os conseguissem trazer de volta. Tudo estava
a acontecer pela primeira vez.
34
NARRADOR (H) 01:18 – 00:40
Apesar de se saber que a parada estava alta, poucos se
aperceberam do risco que a NASA estava a assumir com a Apollo
8. Mesmo o directorde operações de voo estimava em apenas 50%
a hipótese de um regresso seguro. Pelo país, os americanos
assistiam fascinados à primeira Corrida do Homem à Lua.
00:40 – 01:42
PARA LEGENDAR
Quatro, três, dois...
WALTER CRONKITE (H) 01:40 – 01:56
No momento da descolagem, as nossas emoções eram um misto
de preocupação pela segurança e a certeza de que esta era uma
grande aventura pioneira.
WALTER CRONKITE (H) 02:03 – 02:06
Foi um acontecimento que ultrapassou todos os outros.
02:15 – 02: 20
PARA LEGENDAGEM
Decidimos ir até à Lua. Decidimos ir até à Lua!
02:26 – 02:50
PARA LEGENDAGEM
Decidimos ir até à Lua nesta década e fazer outras coisas, não
porque são fáceis, mas porque são difíceis. Isso dar-nos-á a
oportunidade de organizar e avaliar o melhor das nossas energias e
competências.Esse é um desafio que estamos dispostos a aceitar,
um desafio que não estamos dispostos a adiar e um desafio que
pretendemos alcançar.
35

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Relatório de estágio - Dialectus (2007/08)

  • 1. II RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR TRADUÇÃO AUDIOVISUAL SÉRGIO BRANCO TRADUÇÃO DIALECTUS ORIENTADOR (EMPRESA): Dra. Olívia Ferreira PROFESSOR SUPERVISOR: Dra. Maria Carminda Bernardes Silvestre DATA DE INÍCIO: 22 de Outubro de 2007 DATA DE CONCLUSÃO: 1 de Fevereiro de 2008 CONFIDENCIALIDADE: (Assinale se necessário) DATA DE ENTREGA DO RELATÓRIO 29 de Fevereiro de 2008
  • 2. II
  • 3. II Agradecimentos Quero agradecer à Dra. Goreti Monteiro por me ter proporcionado a oportunidade de estagiar na Dialectus e à Dra. Carminda Silvestre. Agradeço também a todas as pessoas da Dialectus que me ajudaram e contribuíram para que este estágio se tornasse numa experiência extremamente positiva, tanto a nível dos novos conhecimentos que adquiri como a nível pessoal. De entre essas pessoas, quero agradecer especialmente à Dra. Olívia Ferreira e aos meus colegas da sala de tradução nestas quinze semanas, Shahin S.A., Sílvia Pereira e Sónia Coelho.
  • 4. III Índice geral Resumo...................................................................................................................................V Índice de Figuras .....................................................................................................................VI Introdução............................................................................................................................... 1 1. Tradução para legendagem................................................................................................... 2 1.1. Características................................................................................................................ 2 1.2. Normas de traduçãoe legendagem seguidas................................................................... 3 1.3. Ferramentas utilizadas ................................................................................................... 4 1.4. Trabalhos realizados....................................................................................................... 5 1.5. Scripts/ “tirar de ouvido”................................................................................................ 6 1.5.1. Tradução com script................................................................................................. 7 1.5.2.“Tirar de ouvido”...................................................................................................... 7 1.6. Fases de desenvolvimento do trabalho............................................................................ 8 1.6.1. Recepção do trabalho .............................................................................................. 8 1.6.2. Procedimentos anteriores à tradução ....................................................................... 9 1.6.3. Tradução ................................................................................................................10 1.6.4. Legendagem...........................................................................................................12 2. Tradução para locução.....................................................................................................15 2.1. Definição de locução e conceitos inerentes.....................................................................15 2.2. Sessões de locução........................................................................................................15 2.3. Ferramentas utilizadas ..................................................................................................15 2.4. Trabalhos realizados......................................................................................................16 2.5. Scripts ..........................................................................................................................16 2.6. Fases de desenvolvimento do trabalho...........................................................................16 2.6.1. Marcação dos time codes ........................................................................................17 2.6.2. Identificação do narrador e dos vivos.......................................................................17 2.6.3. Indicação da pronúncia de palavras ou expressões não portuguesas..........................18 2.6.4. Divisão do texto em bloco .......................................................................................18 2.6.5. Tradução ................................................................................................................18 2.6.6. Outros procedimentos............................................................................................19 2.6.7. Revisão ..................................................................................................................19 2.6.8. Correcção e procedimentos finais............................................................................19 2.6.9. Legendagem...........................................................................................................20
  • 6. V Resumo O presente relatório visa clarificar o trabalho desenvolvido durante o estágio curricular que realizei na Dialectus. Esta é uma empresa de tradução, legendagem, locução e dobragem situada no Alto de Sta. Catarina, freguesia de Linda-a-Velha, concelho de Oeiras. O estágio iniciou-se a 22 de Outubro de 2007 e terminou a 1 de Fevereiro de 2008. As actividades que desempenhei foram as seguintes: tradução para locução, tradução para legendagem e legendagem. A tradução para legendagem e a tradução para locução diferem no objectivo, no instrumento de trabalho e nas técnicas/metodologias utilizadas, pelo que explano essas especificidades nos capítulos deste relatório dedicados a estes dois tipos de tradução audiovisual. Ressalvo já o facto de os trabalhos de tradução para locução também poderem conter elementos para legendagem e, como tal, esta matéria está também incluída no capítulo dedicado à tradução para locução. Assim, a legendagem propriamente dita, que pode ser definida como a sincronização das legendas com as falas ou texto presentes no produto audiovisual, é abordada em ambos os capítulos. Apresento também as fases do trabalho realizado, nomeadamente a da tradução e a da legendagem. Por fim, relativamente à orientadora, esta mostrou disponibilidade total e foi uma ajuda preciosa, especialmente no início, já que à medida que o estágio ia decorrendo, conseguia ser cada vez mais autónomo no meu trabalho.
  • 7. VI Índice de Figuras Figura1 - Exemplode umelementonaimagem(neste caso, a barra vermelha com as fotografias) que obriga à subida de legendas ............................................................................................... 4 Figura 2 – janela do Spot. 4.2 .................................................................................................... 4 Figura 3 -Barra com o time code no ficheiro audiovisual.............................................................. 9 Figura 4 - Barra com o time code assinalada no Spot. 4.2. ..........................................................10
  • 8. 1 Introdução Este relatório descreve os principais métodos que utilizei e as normas pelas quais me regi durante o estágio, tal como algumas dificuldades e as respectivas soluções encontradas. As minhas funções durante o estágio na Dialectus centraram-se na tradução e legendagem, actividades para as quais recebi formação durante o curso de Tradução. Uma vez que o meu trabalho se dividiu em duas partes, a tradução para locução e a tradução para legendagem, descrevo as características de cada uma delas. Contudo, logo pelo facto de ambas envolverem o processo de tradução, apresentam bastantes semelhanças, até porque independentemente do formato, a tradução tem sempre o mesmo objectivo: veicular significados de uma língua para outra. Assim, descrevo as características específicas de cada tipo de trabalho, as suas ferramentas (e dentro destas, as funções mais importantes) e diferentes fases de desenvolvimento, desde a entrega à revisão e correcção, passando pela descrição das técnicas utilizadas na tradução e a legendagem (nos casos em que esta acontecia). Destaco, igualmente, um determinado número de pormenores técnicos, alguns dos quais aponto para ressalvar o efeito que têm no produto final, nomeadamente em relação ao espectador. Menciono, também, o facto de traduzir com ou sem script (a transcrição do programa), uma vez que tal aspecto teve grande influência no processo de tradução. O objectivo do trabalho passava apresentar produtos (traduções, legendagens) com qualidade para que os espectadores desfrutassem do conteúdo do programa.
  • 9. 2 1. Tradução para legendagem A tradução para legendagem visa a inserção de texto traduzido em legendas, respeitando os condicionalismos desse formato como, por exemplo, o tempo de leitura (tempo que o espectador leva a ler uma legenda) e o número de caracteres presentes em cada legenda. 1.1. Características Neste tipo de tradução, as técnicas e metodologias utilizadas estão directamente relacionadas com as funcionalidades dos programas de legendagem. Para além disso, como as legendas são um formato com características muito específicas, a tradução para legendagem tem condicionalismos igualmente específicos. A seguir, enumero as mais importantes.  O facto de cada legenda, ou seja, uma ou duas linhas de texto presentes no ecrã a determinado momento, ter de possuir um número limitado de caracteres. Isto tem o objectivo de impedir que as legendas ultrapassem o limite do ecrã. Para a generalidade dos canais de televisão, o número máximo de caracteres é de 37 por linha.  A exigência de tempo de leitura suficiente, isto é, o tempo em que é possível ao espectador ler toda uma legenda sem sentir desconforto ao fazê-lo. O tempo de leitura depende do número de caracteres da legenda, pelo que quanto maior for a legenda, mais tempo terá que permanecer no ar. Por outro lado, é geralmente aceite que qualquer legenda não deve ter menos de um segundo de duração. A tradução para legendagem tem, assim, como objectivo transmitir o máximo de informação no menor número de palavras ou caracteres possível.  Além da tradução, neste tipo de trabalho há que inserir o texto traduzido, transformando-o em legendas (ao longo do relatório, refiro-me a esta etapa como “inserir legendas”) e legendar, que é o processo de sincronizar as legendas com as falas dos intervenientes ou com o texto que possa, eventualmente, surgir nas
  • 10. 3 imagens. Ou seja, legendar é, basicamente, fazer com que as legendas apareçam no ecrã. 1.2. Normas de tradução e legendagem seguidas As normas de tradução para legendagem e de legendagem que segui foram as aprendidas na cadeira de Tecnologias da Tradução II. Estas coincidem com as utilizadas pelos tradutores da Dialectus, que por sua vez seguem as normas utilizadas pela esmagadora maioria dos tradutores do sector audiovisual em Portugal. Essas normas situam-se ao nível da selecção do que se deve traduzir e de como fazê-lo, da divisão de legendas, da tradução de texto na imagem e também da pontuação e das convenções para legendas. Estas últimas incluem, por exemplo, o uso do itálico, a forma de apresentação de números (por extenso ou em algarismos) ou as medidas (como comprimento ou área). As legendas são, por norma, constituídas por uma linha no mínimo ou duas no máximo, centradas na parte inferior do ecrã. De seguida, assinalo os principais casos de excepções que surgiram ao longo do estágio.  Letras de canções – as legendas são colocadas à esquerda na parte inferior do ecrã.  Elementos que perturbem a leitura das legendas tais como figuras, gráficos, legendas na língua original, créditos do programa ou qualquer outro texto que apareça nas imagens – as legendas são colocadas num local do ecrã em que não coincidam ou “tapem” esses elementos desde que não se sobreponham à cara de nenhum interveniente. Assim, as legendas podem ser subidas, posicionadas à esquerda ou à direita (na parte inferior do ecrã ou subidas). A generalidade dos clientes para os quais fiz trabalhos, como os canais MTV Portugal e SIC Mulher, aceitam o posicionamento das legendas num local do ecrã que não seja o normal. Contudo, também existem canais para os quais não pode ser feito este posicionamento, como o canal Odisseia (para o qual fiz um trabalho para locução e legendagem);
  • 11. 4 Figura 1 - Exemplo de um elemento na imagem (neste caso, a barra vermelha com as fotografias) que obriga à subida de legendas 1.3. Ferramentas utilizadas Todos os trabalhos foram realizados com o programa de legendagem Spot 4.2, excepto a tradução e legendagem de parte de um episódio da série Sem Rasto (emitida pelo AXN) no primeiro dia de estágio, num programa do mesmo tipo, o PU2020. Esse trabalho serviu para que me relembrasse das exigências de um trabalho desta natureza aprendidas na cadeira de Tecnologias da Tradução II, tal como das várias funcionalidades do programa mencionado. Este foi, aliás, o único trabalho que fiz com o PU2020. Figura 2 – janela do Spot. 4.2 Ambos os programas são de legendagem aberta (ou seja, não destinada a teletexto).
  • 12. 5 Exceptuando o facto de não ser apresentado em ambiente Windows, o software PU2020 é praticamente igual ao utilizado em Tecnologias da Tradução II, o Win2020. Por seu turno, as funcionalidades do Spot 4.2 e as do PU2020 diferem pouco entre si, embora o primeiro seja mais avançado, permita trabalhar em ambiente Windows e tenha uma apresentação totalmente distinta do PU2020. Mesmo assim, foi relativamente fácil adaptar-me ao Spot 4.2. Ter trabalhado quase exclusivamente com o Spot 4.2 prendeu-se com o facto de os CD- ROM serem, hoje me dia, muito mais utilizados que as cassetes VHS e de o PU2020 (neste caso, não o software, mas a máquina de legendagem) não ter drive de CD-ROM. O Spot 4.2, por sua vez, é instalado em computadores com esse mecanismo. Realço que os documentários para locução que traduzi vinham em DVD (Digital Vídeo Disc). 1.4. Trabalhos realizados Traduzi e legendei programas e peças de programas enquadrados na área do entretenimento. Fora desta área, fiz apenas um trabalho: a inserção de legendas e a respectiva legendagem de texto previamente fornecido por uma produtora. O programa em questão era uma série de pequenos documentários sobre a Cova da Moura em que foi necessário legendar falas em português - devido a elementos considerados como perturbadores da compreensão (por exemplo, barulhos ou música) que acompanhavam as falas – e em crioulo cabo-verdiano. Este foi também um dos dois dos trabalhos de legendagem intra-linguística, ou seja, em que as legendas ficavam na mesma língua das falas, neste caso o português. O outro foi uma entrevista para o programa Geração High Tech. Contudo, o primeiro trabalho não continha apenas legendas inter-linguísticas já que havia também tradução a partir do crioulo cabo-verdiano (também com a transcrição previamente fornecida).
  • 13. 6 Os documentários referidos também constituíram uma excepção no decurso do estágio porque se destinavam a uma visualização num evento público e não a televisão. De entre as traduções que efectuei, o único trabalho que não fiz a partir da língua inglesa foi a tradução de uma parte de Los Premios MTV 2007, programa falado em castelhano Os trabalhos de tradução e legendagem que realizei foram os seguintes: - Para a MTV Portugal:  Essential Britney Spears (programa único)  Los Premios MTV 2007 (legendagem de parte do programa e tradução de uma pequena parte) (programa único)  Making the Performance: EMA 2007 (programa único)  Next (cinco episódios)  Pageant Place (dois episódios)  Scarred (dois episódios)  The Bedroom Diaries (dois episódios)  The X Effect (um episódio) - Para a SIC Mulher:  Grande Cinema (dois episódios) - Para a SIC Notícias:  35 Mm (peças para dois episódios) Os trabalhos de inserção de legendas e legendagem que realizei foram os seguintes: - Para a produtora Até ao Fim do Mundo:  Conjunto de pequenos documentários sobre a Cova da Moura (programas únicos) - Para o MOV:  Geração High Tech (peça para um episódio) 1.5. Scripts/ “tirar de ouvido” A tradução para legendagem, tal como a tradução para locução, pode ser feita através um script ou guião (a transcrição das falas de um determinado programa) ou “tirando de ouvido” (ouvir o programa e traduzir o que é dito).
  • 14. 7 Contudo, na tradução com script é necessário verificar se o que está escrito corresponde ao que é dito no programa. Quando determinada parte do script não corresponde a alguma parte das falas, é necessário tirar essa parte “de ouvido”. 1.5.1. Tradução com script Nos cinco trabalhos de tradução exclusivamente para legendagem que realizei com script, foram raros os casos em que este último continha erros em relação ao programa. De referir que o script é feito pelo cliente, sendo entregue à gestora competente que, por sua vez, o entrega ao/à tradutor(a). Os trabalhos em questão foram: dois episódios de Next, dois episódios de Pageant Place e uma pequena parte de Los Premios MTV 2007. O script deste último trabalho foi o único em que a ordem das falas não estava totalmente correcta em relação ao programa. A minha função era apenas legendar, ou seja, marcar os tempos em que as legendas aparecem no ecrã (pois a tradução já estava feita), mas houve também necessidade de traduzir cerca de cinco minutos do programa que faltavam. Não fui a única pessoa a legendar Los Premios MTV 2007 porque era um trabalho para ser entregue de urgência e foi dividido entre mim e mais duas tradutoras. Tal como este, recebi outros trabalhos com elevado grau de urgência de entrega, pelo que deixava os que tinham um prazo mais alargado a meio, só os retomando depois de acabados os mais urgentes. Estes processos são controlados pelas gestoras do cliente. Ainda sobre os trabalhos com script, posso referir que as dificuldades surgiram quase exclusivamente a nível da tradução. 1.5.2.“Tirar de ouvido” Por seu turno, os trabalhos “de ouvido”, ou seja, sem script, revelaram-se mais difíceis, exigiram um maior grau de atenção relativamente às falas e, consequentemente, foram mais morosos.
  • 15. 8 De entre os programas sem script, houve alguns com falas geralmente fáceis de compreender e outros que me apresentaram mais dificuldades. A facilidade ou dificuldade de compreensão foram influenciadas, essencialmente, pelos seguintes factores: - o meu nível de conforto com a língua inglesa falada (nomeadamente nas suas variantes norte-americana e britânica), o respectivo vocabulário e registos, nomeadamente o calão; - a dicção e a pronúncia dos intervenientes do programa; - a minha familiaridade com o conteúdo do programa. Quando não conhecia determinado termo, mas conseguia perceber a sua fonética, procurava-o em dicionários (físicos ou online). Nos casos em que simplesmente não conseguia entender uma ou várias palavras ou não estava seguro da minha tradução, mesmo depois de ter pesquisado, assinalava o local do texto onde devia figurar a palavra ou expressão que não entendia. Quando as minhas dúvidas eram poucas, esclarecia-as com o revisor de inglês no final da tradução e da legendagem. Depois disto, o trabalho seguia para revisão. Nos casos em que tinha um número de dúvidas extenso, o trabalho seguia para revisão logo terminada a tradução e a legendagem. Foram catorze os programas ou conjuntos de peças que traduzi “de ouvido”: Essential Britney Spears; Making the Performance: EMA 2007; três episódios de Next; um episódio de The X Effect; dois episódios de Scarred; dois episódios de The Bedroom Diaries; dois episódios de Grande Cinema; duas peças para dois episódios de 35 Mm. 1.6. Fases de desenvolvimento do trabalho 1.6.1. Recepção do trabalho O primeiro procedimento passava pela entrega, por parte da gestora competente, do ficheiro audiovisual com o programa a traduzir e do script, caso o tenha.
  • 16. 9 Cada vez que fiz um primeiro trabalho para cada cliente, fui informado, pela gestora responsável, dos parâmetros técnicos exigidos pelo canal. Por exemplo, no trabalho que fiz para a MTV Portugal foi-me exigido que não inserisse palavras em itálico (recorrendo antes ao uso de aspas), que não pusesse legendas em barras (em contrapartida, podia deslocá-las para cima, para a esquerda ou a direita). Para além destes aspectos, para este canal, tinha de entregar os ficheiros com as legendas no formato EBU e não PAC (utilizado pela generalidade dos clientes). Contudo, existem alguns programas deste canal com parâmetros diferentes. Além disso, foram-me entregues, quando necessários, glossários com os termos utilizados recorrentemente no programa a trabalhar (caso este fizesse parte de uma série) e a tradução desses mesmos termos. Por exemplo: o termo “next” teria de traduzir por “dispensado/a”. A tradução dos genéricos de tais programas em série foi-me igualmente fornecida. Em alguns casos, para que me apercebesse da estrutura do programa, foram-me entregues também traduções anteriores. Recebia tais indicações quando me era entregue um programa parte de uma série que nunca tinha traduzido. As indicações eram-me dadas para que houvesse coerência entre a minha tradução e as traduções de episódios anteriores. 1.6.2. Procedimentos anteriores à tradução Para abordar esta parte, será importante referir que o time code é o tempo apresentado numa barra negra na parte superior do ecrã na versão do programa para tradução, contendo a unidade das horas, dos minutos, dos segundos e dos frames. O frame, por sua vez, é uma unidade de tempo que corresponde a 1/25 de um segundo. Figura 3 -Barra com o time code no ficheiro audiovisual
  • 17. 10 Depois de receber as devidas informações, verificava se o CD com o programa a trabalhar não tinha problemas como, por exemplo, desfasamentos no time code. Para tal, sincronizava as suas unidades de tempo com outra barra que continha outro time code, assinalado pelo software. Esta sincronização é, aliás, essencial para a legendagem. Figura 4 - Barra com o time code assinalada no Spot. 4.2. Tal situação de desfasamento do time code ocorreu uma vez durante o estágio. A solução passou por informar a gestora para que esta pedisse um novo CD com o time code a funcionar correctamente. 1.6.3. Tradução Depois dos procedimentos iniciais, começava a primeira grande fase do trabalho para o formato de legendagem: a tradução. Como em qualquer outro tipo de tradução, há que ter em atenção os factores culturais. Porém, neste campo é necessário reparar também no que “dizem” as imagens (e não apenas as falas ou o texto original) para que a tradução não entre em choque com aquilo que se vê. À medida que traduzia, introduzia o texto no software de legendagem (o Spot 4.2), fazendo a divisão de legendas durante esse mesmo processo de tradução. Efectuei a divisão de legendas conforme os métodos que aprendi em Tecnologias da Tradução II, ou seja, dividindo-as em unidades semânticas, fazendo com que cada legenda possuísse, por si só, um significado, e usando as unidades gramaticais das frases para dividir as legendas internamente (a primeira da segunda linha). Quando o tamanho das legendas não permitia uma divisão perfeita e não me era possível reformular as frases sem alterar o seu sentido, optei por não efectuar estes procedimentos.
  • 18. 11 Para encurtar legendas quando estas se revelavam demasiado longas, servi-me de métodos como a substituição de palavras, a reformulação de frases ou a eliminação de termos desnecessários à compreensão (como “you know?” com o sentido de “percebes?” ou “man”, cuja tradução seria “meu”). Nos casos em que o programa tinha script, procedi do seguinte modo: enquanto ouvia as falas do programa, lia aquela transcrição, verificando se havia correspondência entre o que era dito no programa e o que estava escrito. Como já mencionei, quando tal não acontecia, tinha de “tirar de ouvido” as palavras ou frases em questão. Ao mesmo tempo que lia o script, memorizava as pausas naturais, isto é, quaisquer pausas existentes nas falas. Como tal, ia alternando entre a leitura de pequenas partes do script com o ficheiro em “play” e a tradução para que fizesse a divisão das legendas segundo as pausas naturais que tinha memorizado. Para que não houvesse falhas na divisão, verificava novamente a divisão de legendas durante a legendagem. Por outro lado, nos trabalhos para “tirar de ouvido”, traduzia o que ouvia, procedendo também à divisão de legendas. Muitas vezes, vi-me obrigado a ouvir determinadas falas mais que uma vez porque não percebia os termos ou o sentido à primeira ou simplesmente para confirmar se o que estava a traduzir correspondia ao que era dito. As dificuldades de tradução relacionaram-se, em geral, com algumas referências culturais nos programas (principalmente no Next), que tive, naturalmente, de pesquisar. Os trocadilhos e os jogos de palavras também constituíram um desafio porque a maioria deles incluíam as referências culturais mencionadas. Um exemplo claro disto é, mais uma vez, o Next, em que os trocadilhos são muito utilizados e, muitas vezes, em rima. Sempre que possível tentei chegar a uma tradução que respeitasse a rima de palavras, apesar de isso nem sempre ter sido possível, uma vez que não podia alterar o significado da frase original no processo de tradução. Quanto ao estruturamento de legendas, utilizei as várias funcionalidades do software de legendagem para este processo, relativas, principalmente, à junção, divisão, criação e eliminação de legendas. Estas funcionalidades foram igualmente utilizadas na legendagem.
  • 19. 12 1.6.4. Legendagem Depois da tradução, legendava o programa. Fiz por não deixar legendas “penduradas”, isto é, legendas que extravasassem as falas dos intervenientes. Tal procedimento prende-se com o seguinte aspecto: as legendas não podem entrar antes da fala correspondente nem de podem permanecer depois de essa fala ter terminado. Contudo, isso não significa que não possam permanecer uns frames depois do fim da fala, pois o que está aqui em jogo é o tempo de reacção do/a tradutor(a), ou seja, o tempo que leva a aperceber-se de que uma fala começou ou acabou. O meu método para a legendagem foi o seguinte: legendava uns minutos do programa (normalmente uma cena) e a seguir verificava se a legendagem dessa parte estava correcta, procedendo às alterações necessárias. Na parte da legendagem, uns dos aspectos com que tive de me preocupar mais foi o tempo de leitura ideal de cada legenda (o tempo de permanência de uma legenda no ar mais adequado para que o espectador com capacidades de leitura situadas na média a leia confortavelmente, tendo em conta a sua velocidade de leitura e o tamanho da legenda). Outro dos meus principais cuidados relacionava-se com a norma relativa a não deixar nenhuma legenda permanecer menos de um segundo no ecrã. Contudo, nem sempre me foi possível cumprir o tempo de leitura ideal, assinalado automaticamente pelo programa de legendagem, mesmo fazendo as reduções possíveis (relativamente ao número de caracteres da legenda). Nesses casos, tentava fazer com que o tempo de duração da legenda não se afastasse consideravelmente do tempo de leitura ideal. Será importante referir que penso que em grande parte do estágio me preocupei demasiado com este aspecto, tal como com a norma do tempo de leitura mínimo de um segundo, já que me fizeram perder tempo, desnecessariamente, no processo de legendagem. Com isto, reforcei a noção que já possuía de que no trabalho de tradução audiovisual é extremamente importante não perder o tempo de que dispomos, muitas vezes escasso.
  • 20. 13 Ainda durante a legendagem, reestruturava as legendas, caso fosse necessário. Por fim, utilizava a função “recut”, que permite que todas as legendas sejam adiantadas uns frames. É uma função bastante útil porque, com ela, podemos diminuir a distância temporal entre o início de uma fala e o surgimento da respectiva legenda. 1.6.5. Pesquisa e esclarecimento de dúvidas Só depois de legendado o programa, procedia à pesquisa dos termos e expressões que não conhecia ou esclarecia-me junto do revisor de inglês, ou, em alternativa, junto das tradutoras (mesmo sendo um trabalho de natureza individual) quanto a palavras ou frases que não conseguia entender, no caso da tradução “de ouvido”. O facto de já ter o programa legendado nesta fase facilitava a localização das falas sobre as quais tinha dúvidas e as respectivas legendas. Apesar disso, quando, durante a tradução, alguma dúvida referente a um termo ou uma expressão fundamental para a compreensão da acção, procedia logo ao seu esclarecimento ou à sua pesquisa. Depois de introduzir as expressões ou os termos necessários nas legendas, adaptava-as ao nível da estrutura das frases, da divisão de legendas e do tempo de leitura. 1.6.6. Verificação da ortografia e dos parâmetros das legendas A etapa seguinte consistia em verificar a ortografia e os vários parâmetros relativos às legendas através das funcionalidades automáticas do Spot 4.2. Esta última verificação é essencial, pois é com ela que podem ser detectados vários tipos de irregularidades, como as legendas com mais de duas linhas, o excesso de caracteres numa legenda (geralmente, não se devem ultrapassar os 37 por linha) e os intervalos inválidos entre o texto legendado (por defeito, deve-se deixar três frames de intervalo).
  • 21. 14 1.6.7. Revisão Só depois de feitas as devidas alterações, entregava o ficheiro com legendas à gestora para que esta o enviasse para revisão. A revisão serve para detectar eventuais erros de tradução ou a nível da língua de chegada (neste caso a língua portuguesa). A primeira revisão efectuada é a nível da língua estrangeira (ou da tradução), seguindo-se a revisão do português. Ambas são feitas com a tradução impressa. Depois de a revisão estar terminada, a gestora entregava-me o documento corrigido para que pudesse proceder às alterações necessárias. A divisão de legendas e a legendagem não passam por revisão na empresa, ou seja, o/a tradutor(a) é o único responsável por esta parte. 1.6.8. Correcção e procedimentos finais A última fase era a correcção e/ou alteração do texto traduzido, o que obrigava, por vezes, à reestruturação das legendas. A seguir, era necessário verificar a ortografia e os parâmetros das legendas referidos (ver “verificação da ortografia e de parâmetros das legendas”). Colocava, então, a assinatura, caso fosse exigido para o cliente em questão. Os trabalhos que fiz para o programa Grande Cinema constituíram o único caso em que coloquei assinatura. Esta consiste na indicação das actividades (tradução e/ou legendagem) realizadas pelo/a tradutor(a), o nome deste/a e o nome da empresa. O último procedimento passava por gravar o ficheiro com a extensão exigida e entregá-lo à gestora competente para que esta o enviasse ao cliente.
  • 22. 15 2. Tradução para locução 2.1. Definição de locução e conceitos inerentes A locução, no domínio dos programas traduzidos, é a inserção das vozes da versão traduzida sobre a versão original do filme, visando a sincronização dessas vozes com as falas da língua de partida. No domínio específico dos documentários, género no qual se incluem os dois programas para locução por mim traduzidos, e do canal a que destinavam – o Odisseia -, as vozes (ou seja, os intervenientes com falas) a traduzir para locução foram a do narrador e as dos vivos. Os vivos são todos os intervenientes, exceptuando o/a narrador(a), que falam directamente no programa. Como tal, vozes provenientes de aparelhos de transmissão tais como a televisão ou o rádio não são contadas como vivos. Assim, todas as vozes que não sejam a do narrador ou as dos vivos não vão para locução, mas para legendagem (ver “legendagem”). Ou seja, os programas destinados a locução poderão sê-lo na íntegra ou conter também partes para legendar. 2.2. Sessões de locução Para que pudesse compreender as exigências deste formato, assisti a duas sessões de locução, uma com a locutora Raquel Bulha e outra com o locutor Paulo Romão. Nestas pude testemunhar a inserção das falas no sistema electrónico e o reposicionamento daquelas para que pudessem entrar nos tempos adequados. Isto porque uma fala, na locução, não pode ultrapassar o tempo de duração da fala correspondente na versão original do programa. 2.3. Ferramentas utilizadas Uma vez que as traduções para locução se destinam a ser lidas em voz alta, o texto traduzido é apresentado num documento do Microsoft Word.
  • 23. 16 Mesmo que um programa destinado a locução também contenha partes para legendagem, essas partes são incluídas no mesmo documento do Microsoft Word, seguindo a ordem das falas no programa. As legendas são introduzidas apenas depois de a locução ter sido feita. 2.4. Trabalhos realizados Foram realizados dois trabalhos de tradução para locução, ambos documentários: Corrida até à Lua, que continha também partes para legendagem, e Viagens de Descoberta: Nansen – O Rei do Pólo Norte, apenas para locução. A gestora responsável por estes dois documentários informou-me previamente, como é habitual no procedimento de entrega de trabalhos para o formato referido, se cada um dos documentários seria apenas para locução ou para locução e legendagem e comunicou-me a tradução dos títulos dos documentários. Isto porque, como é regra, os títulos dos programas já vinham previamente traduzidos. 2.5. Scripts Ambos os programas foram traduzidos segundo os respectivos scripts (as transcrições das falas originais do programa). Apesar disso, e como acontece por vezes, o script de Corrida até à Lua continha algumas imprecisões em relação às falas ou à ordem destas, pelo que foi necessário corrigi-las no processo de tradução. Ou seja, mesmo tendo script, deve efectuar-se o trabalho tendo em conta o programa. 2.6. Fases de desenvolvimento do trabalho Nesta parte do relatório apresento as diferentes fases de desenvolvimento dos meus trabalhos de tradução para locução, pautadas pelas regras do manual de procedimentos de tradução de documentários (ver anexo II).
  • 24. 17 2.6.1. Marcação dos time codes Na tradução para locução, foi necessário fazer a marcação dos time codes de entrada e de saída de cada fala dos intervenientes no programa. Nesta marcação devem ser apenas registados os minutos e os segundos de entrada e saída das falas, ou seja, quando estas começam e quando acabam. O objectivo consiste em fazer com que as falas do texto traduzido “caibam” nas falas de cada um dos intervenientes originais e coincidam com estas. O facto de ter de assinalar os segundos dos time codes foi um aspecto que exigiu bastante atenção da minha parte por ter de registar os segundos de entrada ou saída de falas. 2.6.2. Identificação do narrador e dos vivos As vozes foram divididas em narrador e vivos (todos os intervenientes directos com excepção do narrador). Assim, é necessário identificar o narrador com o nome “narrador” e cada um dos vivos com o nome que aparece no guião (o que foi o caso dos trabalhos para locução que realizei) ou no programa. Não se pode, no entanto, identificar vivos com o mesmo nome. Antes da tradução, foi necessário identificar o número total de vozes separadas em duas listas: numa as vozes masculinas e na outra as femininas, incluindo o narrador (que, no caso dos documentários trabalhados, era um homem). A seguir aos nomes, tive de representar o género do narrado e dos vivos com um “H” para homem ou um “M” para mulher. Esta identificação é inserida tanto nas listas referidas como antes dos blocos de texto traduzidos. Cada um destes últimos continha uma fala ou uma parte de uma fala de um determinado interveniente. O nome “narrador” e o nome dos vivos foram seguidos dos time codes de entrada e de saída de cada fala. A referida identificação do género (com um “H” ou um “M”) foi igualmente inserida, a seguir aos time codes. O texto traduzido correspondente a cada fala foi inserido a seguir a estes elementos.
  • 25. 18 Um dos cuidados a ter neste tipo de trabalho passa por fazer com que os nomes dos vivos apresentados nas listas e os mesmos presentes na tradução correspondam exactamente entre si. Isto porque bastaria um erro num dos caracteres para que, na listagem final das falas de cada vivo e do narrador (não efectuada pelo/a tradutor(a)), o sistema informático assumisse que o que deveria ser apenas um vivo fossem dois (ou mais) vivos diferentes. Uma “gralha” desse tipo poderia levar a que na locução um vivo tivesse duas ou mais vozes diferentes. 2.6.3. Indicação da pronúncia de palavras ou expressões não portuguesas Na folha seguinte, e ainda antes da tradução, foram colocadas as palavras ou expressões não portuguesas presentes na tradução seguidas da respectiva pronúncia. Tais indicações serviam para que, no decurso da locução, não surgissem dúvidas quanto à maneira de pronunciar tais palavras ou expressões. 2.6.4. Divisão do texto em bloco Neste tipo de tradução, cada bloco de texto traduzido não deve ultrapassar as seis linhas (não contando o espaço para parágrafos), o que corresponderá a 30 segundos na locução, uma vez que cada linha corresponde, em média, a cinco segundos. Como tal, uma fala única poder-se-ia dividir (em dois blocos de texto ou mais) caso ultrapassasse as seis linhas. Como se tratava de texto traduzido, ia alternando a estruturação desse texto com o processo de tradução. 2.6.5. Tradução Relativamente à tradução, os dois documentários continham termos técnicos que tive de investigar, principalmente Corrida até à Lua. Para tal, recorri a enciclopédias e à Internet. Porém, tive também de recorrer à ajuda do revisor de inglês e das tradutoras, nomeadamente no caso do documentário anteriormente referido, porque não encontrava
  • 26. 19 correspondência em português para determinados termos ou expressões ou para confirmar o seu significado. 2.6.6. Outros procedimentos Na terceira página do documento de texto para locução, ou seja, onde se inicia o texto traduzido, foram colocadas informações como o nome do programa em português, a duração ou o número do episódio. A diferença mais notória do documentário Viagens de Descoberta: Nansen – O Rei do Pólo Norte em relação às partes para locução de Corrida até à Lua consistiu no facto de o narrador aparecer também como vivo no primeiro programa referido. Como tal, coloquei, na primeira página do trabalho, por debaixo das listas com o número total de vozes, a nota de que o narrador e determinado vivo, neste caso Paul Rose, eram a mesma pessoa. Tal nota tinha como objectivo garantir que seria o mesmo locutor a fazer a voz do narrador e de Paul Rose, uma vez que não faria sentido a mesma pessoa aparecer com duas vozes diferentes. Tal só aconteceria se o narrador e/ou vivo também aparecesse como um interveniente que não fosse considerado um vivo, sendo que as falas deste último seriam legendadas e a voz seria a da versão original. 2.6.7. Revisão A tradução entregue para revisão continha no cabeçalho a indicação “versão para revisão”. De referir que no cabeçalho devem ser ainda incluídos o nome original do programa e nome da versão traduzida. 2.6.8. Correcção e procedimentos finais Durante a efectuação das alterações assinaladas no texto traduzido, um dos cuidados que tive foi o de continuar a respeitar a regra relativa à necessidade de cada bloco de texto conter no máximo seis linhas. Isto porque poderia ser preciso inserir mais palavras, o que nalguns casos faria com que fossem ultrapassadas as seis linhas. Sempre que verifiquei que
  • 27. 20 isso acontecia, tive de dividir o bloco de texto em dois e reelaborar os time codes relativos a cada bloco. Depois das alterações, foi necessário substituir a indicação “versão para revisão” por “versão final”, uma vez que esta é a versão final a enviar para locução. A seguir à tradução, foi acrescentado um quadro com o nome do tradutor, dos revisores e da empresa, tal como das datas de revisão e de inserção das alterações. N.B.: não coloquei assinatura nos trabalhos que efectuei para locução, pois tal não é exigido para traduções deste tipo. Pode apenas ser ouvido o nome da empresa no final do programa quando este é emitido. 2.6.9. Legendagem Como disse anteriormente, existem documentários que se destinam exclusivamente a locução. Porém, esse não foi o caso de Corrida até à Lua, que também passou pelo processo de legendagem. Por isso, neste caso, o procedimento final foi a inserção de legendas e a respectiva legendagem. A legendagem deste tipo de programas só é efectuada depois da correcção da tradução e da locução. A inserção de legendas e a legendagem foram efectuadas, como habitualmente durante o estágio, com o Spot 4.2. Seguindo os procedimentos estabelecidos para traduções destinadas ao canal Odisseia, as partes legendadas do documentário anteriormente referido abarcaram as falas presentes em imagens de arquivo e de televisão, ou seja, partes com vozes não consideradas vivos. Um aspecto importante em relação a trabalhos para locução e legendagem (ou seja, com os dois formatos presentes no mesmo programa) refere-se ao facto de um vivo poder aparecer também como uma voz não considerada vivo. Tal aspecto verificou-se no documentário Corrida até à Lua. Assim, relativamente ao interveniente em questão, as suas falas como vivo foram para locução, ao passo que o que dizia nas imagens de arquivo foi legendado.
  • 28. 21 Nas partes para legendagem (no documento do Microsoft Word), foi necessário registar apenas o time code, seguido da indicação “PARA LEGENDAR”. O texto traduzido para legendagem foi ainda colocado em fundo cinzento após a revisão e as alterações/ correcções para que pudesse ser facilmente identificável como não sendo para locução. Depois de a locução de Corrida até à Lua ter sido feita (por profissionais, no estúdio da Ideias & Letras/ Dialectus), procedi à legendagem das partes não destinadas a locução no programa Spot 4.2. Como todos os documentários do canal Odisseia que se destinam a ter partes legendadas, a legendagem de Corrida até à Lua foi realizada com um segundo DVD enviado pelo cliente já com as legendas em espanhol inseridas. Isto deve-se ao facto de o Odisseia emitir para Portugal e Espanha no mesmo canal, embora a emissão de áudio seja diferente. Como tal, é necessário “tapar” as legendas em espanhol para que estas não sejam visíveis na emissão para Portugal. Isto porque as legendas portuguesas não aparecem na emissão para Espanha, mas as espanholas estão presentes na emissão para o nosso país, só sendo ocultadas por barras negras com as legendas em português. Assim, para que as legendas em espanhol não fossem visíveis, fiz a legendagem deste programa segundo os seguintes procedimentos (estabelecidos pela empresa): pus as legendas portuguesas a entrar alguns frames antes das espanholas e a sair alguns frames depois destas; coloquei barras negras compridas (stripe outline no programa de legendagem Spot 4.2); “colei” as legendas, ou seja, pus o time code de saída igual ao de entrada da legenda seguinte (no caso das legendas seguidas, ou seja, sem pausas). Para além disso, foi necessário visionar a segunda versão do documentário (aquela com as legendas em espanhol) já que poderiam ter sido acrescentadas, pelo cliente, mais legendas relativamente àquelas inicialmente determinadas, como por exemplo, legendas de cartazes ou títulos de jornais. Nesse caso, o/a tradutor(a) terá de traduzi-las e acrescentar essas legendas em português. Essa necessidade verificou-se no decurso do visionamento e legendagem de Corrida até à Lua. Assim, tive de traduzir e legendar títulos de jornais ou mensagens escritas em papel que apareciam nas imagens.
  • 29. 22 Exceptuando os pormenores anteriormente referidos, a legendagem deste programa seguiu as regras gerais da legendagem, como as relativas ao tempo de leitura suficiente ou ao número máximo de caracteres presentes em cada legenda. Outra regra geral prende-se com a necessidade de pôr em itálico as legendas referentes às falas presentes em imagens de televisão ou em comunicações rádio. Uma vez que as partes do narrador e dos vivos tinham ido para locução, as partes para legendagem resumiram-se às vozes vindas de registos áudio ou audiovisuais presentes no documentário. Registos desse género incluíam, por exemplo, as vozes dos astronautas da Apollo 8, tema do documentário, em 1968, a falarem para o centro de comando em Houston. Sendo assim, toda a legendagem foi posta em itálico, com excepção das legendas para mensagens escritas e títulos de jornais.
  • 30. 23 Conclusão Considero que o estágio na Dialectus foi muito estimulante e, com ele, consegui definir a minha vocação dentro do mundo da tradução, a tradução audiovisual. Para além de consolidar e aprofundar os conhecimentos de tradução audiovisual adquiridos na cadeira de Tecnologias da Tradução II e de todo o curso de Tradução em geral, pude ter contacto directo com a vida de uma empresa, o que se revelou muito importante. Apesar de ter feito apenas legendagem aberta (não tive oportunidade de fazer legendagem em teletexto), pude experimentar um formato que nunca me tinha sido apresentado: a tradução para locução. A legendagem para teletexto (ou seja, para pessoas surdas) será o único aspecto a considerar, não no contexto da empresa, mas na eventualidade de esta receber outros estagiários. Porém, é compreensível tal facto, pois, na altura em que iniciei o estágio, a Dialectus já tinha deixado de receber do cliente o programa que ocupava quase todo o trabalho de teletexto. Além disso, realizei trabalhos com conteúdos, pormenores técnicos e exigências a nível da tradução diferentes. Um dos aspectos que mais influenciou o grau de dificuldade dos trabalhos e o tempo que levava a fazê-los foi o facto de, em grande parte das vezes, ter trabalhado sem script. Tal facto pressupôs mais pesquisa relativamente aos programas transcritos, e, inclusivamente, ajuda das pessoas que trabalhavam comigo na sala de tradução. Apesar disso, o trabalho sem script, ou “de ouvido”, constituiu uma actividade motivadora. Um dos pontos mais importantes do estágio foi o facto de testemunhar que, no trabalho da tradução audiovisual, muitas vezes é necessário efectuar trabalhos urgentes, interrompendo momentaneamente, se for necessário, o trabalho que se está a fazer num determinado momento. Com isso, pude aprender a ser mais a gerir a pressão e, sobretudo, a ser mais rápido na execução dos trabalhos.
  • 31. 24 Bibliografia GUERRA, Tânia Marina Ferreira, 2004, Relatório de Estágio – Tradução Audiovisual, pp. 5-34 SILVA, Ana Maria Fernandes, 2005, Relatório de Estágio Curricular – Legendagem em Teletexto e Adaptação de Conteúdos, pp. 1-58 Páginas da Internet http://www.ciberduvidas.pt , acedidoa6 e 7 de Março de 2008 http://www.ideiaseletras.pt ,acedidoa9 de Março de 2008 http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx,acedidoentre 5e 10 de Março de 2008 http://www.spotsoftware.nl/,acedidoa9 de Março de 2008
  • 33. 26 Anexo I – conjunto de normas para a MTV Portugal
  • 34. 27 Anexo II – Manual de procedimentos para apresentação de textos de documentários
  • 35. 28 Anexo III – parte de Script – Pageant Place
  • 36. 29 Pageant Place #107 VO: Previously on "Pageant Place"... Hilary took the crown, but her dream come true turned into a nightmare when she was upstaged by miss South Carolina teen USA. Caitlin: South Africa, Iraq, such as. Hilary: She's getting all this fame from being oblivious. VO: And coming up... Photographers: Tara! right here, Tara! VO: ...the fight over crown as sash explodes into all-out war as Hilary pushes back... Hilary: You dumb [bleep]. Woman: Tara's flying in with Mr. Trump on the helicopter. VO: ...and Rachel can't take it anymore. Rachel: [ sobbing ] I just don't... trust very many people right now. Donald: Every year, three gorgeous, young women are crowned Miss USA... Miss teen USA... And miss Universe. For the year that they hold their titles, they live together in a New York apartment. Find out what happens behind closed doors when their crowns come off. Welcome to "Pageant Place." Rachel: Okay, sweet. Sounds good. Okay, bye. I have some good news. Hilary: What? Riyo: What? Rachel: Have you heard of the VMA’s -- the video music awards with MTV? Hilary: Shut your mouth! Aaaaah! on the red carpet? oh, my god! Rachel: We are headed to the MTV Video Music Awards, and Katie's actually coming to Vegas to meet us. Hilary: I'm so excited! Yay! We're going to the VMA’s! Katie CHYRON So are you guys ready to wear your sashes? Rachel: Yeah.
  • 37. 30 Hilary CHYRON You should have sashes that say has been on them. Anexo IV – parte do texto traduzido para o documentário Corrida até à Lua
  • 38. 31 VERSÃO FINAL RACE TO THE MOON CORRIDAATÉ À LUA TOTAL DE VOZES:14 MASCULINAS:11 NARRADOR (H) ALEXI LEONOV (H) ANDREW CHAIKIN(H) BILL ANDERS (H) BORMAN (H) JERRYBOSTICK (H) JIM LOVELL (H) KRAFT (H) LOGSDON(H) LUNNEY (H) WALTER CRONKITE (H) FEMININAS:3 MARILYN LOVELL (M) SUSAN BORMAN (M) VALERIE ANDERS (M) TEMPO DE DURAÇÃO:51’35’’
  • 39. 32 VERSÃO FINAL RACE TO THE MOON CORRIDAATÉ À LUA PRONÚNCIA: Apollo – apólo Kremlin – krémline Frank Borman – franke bórman Jim Lovell –djeme lôvel William Anders – uíliame andars WestPoint- úeste pointe Houston – hiústen Gemini – djémini George Low – djorje lou James Webb – djeimes uébe Saturn – sétarn Vasily Pavlovich Mishin – vasili pavlovitche michen Glynn Lunney – gline Lani
  • 40. 33 VERSÃO FINAL RACE TO THE MOON CORRIDAATÉ À LUA CORRIDA ATÉ À LUA DURAÇÃO: 51’35’’ EPISÓDIO Nº: REFERÊNCIA: 55177 CANAL: Odisseia TRADUTOR: Sérgio Branco DATA DE ENTREGA: 08/11/07 NARRADOR (H) 00:04 – 00:33 A 1 de Dezembro de 1968, começou a contagem decrescente para um dos maiores momentos da exploração espacial. A primeira missão lunar tripulada, Apollo 8, iria percorrer 370 000 kms pelo espaço, orbitar a Lua dez vezes e regressar à Terra. Pela primeira vez na História, os humanos estavam preparados para saírem da Terra e aventurarem-se noutro mundo. KRAFT (H) 00:34 – 00:59 A Apollo 8 representava um grande desafio para todos. Requereu muita coragem.O que mais me impressionouem relação à Apollo 8 foi o facto de o país nos ter deixado fazê-la. Isso mostrou a coragem e a capacidade deste país, tal como a sua predisposição em inovar e fazer coisas de grande grau de dificuldade. SUSAN BORMAN (M) 01:01 – 01:17 Sabíamos que os russos estavam muito decididos em fazer o mesmo, mas nós é que tínhamos de ser os primeiros...apesar de não pensar que eles os conseguissem trazer de volta. Tudo estava a acontecer pela primeira vez.
  • 41. 34 NARRADOR (H) 01:18 – 00:40 Apesar de se saber que a parada estava alta, poucos se aperceberam do risco que a NASA estava a assumir com a Apollo 8. Mesmo o directorde operações de voo estimava em apenas 50% a hipótese de um regresso seguro. Pelo país, os americanos assistiam fascinados à primeira Corrida do Homem à Lua. 00:40 – 01:42 PARA LEGENDAR Quatro, três, dois... WALTER CRONKITE (H) 01:40 – 01:56 No momento da descolagem, as nossas emoções eram um misto de preocupação pela segurança e a certeza de que esta era uma grande aventura pioneira. WALTER CRONKITE (H) 02:03 – 02:06 Foi um acontecimento que ultrapassou todos os outros. 02:15 – 02: 20 PARA LEGENDAGEM Decidimos ir até à Lua. Decidimos ir até à Lua! 02:26 – 02:50 PARA LEGENDAGEM Decidimos ir até à Lua nesta década e fazer outras coisas, não porque são fáceis, mas porque são difíceis. Isso dar-nos-á a oportunidade de organizar e avaliar o melhor das nossas energias e competências.Esse é um desafio que estamos dispostos a aceitar, um desafio que não estamos dispostos a adiar e um desafio que pretendemos alcançar.
  • 42. 35