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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
PUBLICIDADE E PROPAGANDA
RENAN MEIRA DE MORAIS
LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA
NATAL/RN
2013
ii
RENAN MEIRA DE MORAIS
LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA
Monografia apresentada na Disciplina de
Comunicação e Cultura como requisito bási-
co para a apresentação do TCC do Curso de
Comunicação Social com Habilitação em
Publicidade e Propaganda. Na Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Orientador: Prof. Luís Roberto Rossi Del
Carratore.
NATAL/RN
2013
iii
RENAN MEIRA DE MORAIS
LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA
Este trabalho foi julgado adequado e aprovado para a obtenção do título de
graduação em Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
Natal, ___ de __________de 2013
_____________________________________
Prof. Dr. Aryovaldo de Castro Azevedo Júnior
Coordenador do Curso de Comunicação Social
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________
Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientador
_____________________________________
Prof. M. Sc. Ana Cecília Aragão Gomes
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Banca
_____________________________________
Prof. Dr. Sebastião Faustino Pereira Filho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Banca
iv
DEDICATÓRIA
À minha família, que me apoiou da
maneira que pôde. Aos amigos e
namorada que me incentivaram na
escolha do tema, não esquecendo
também dos professores que por
mais que não estivessem tão pre-
sentes, sempre contribuíram com di-
recionamentos importantes.
Dedico também e principalmente aos
que não me deram valor, agradeço
pelas criticas.
v
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 01
2 LUIZ GONZAGA E A CULTURA NORDESTINA ........................................ 03
3 O MARKETING INTUITIVO DO REI DO BAIÃO ......................................... 05
3.1 Luiz Gonzaga e o rádio ....................................................................... 05
3.2 Os migrantes nordestinos .................................................................... 07
3.3 As parcerias ......................................................................................... 09
3.4 A estratégia sonora ............................................................................. 10
3.5 A estratégia visual .............................................................................. 12
3.5.1 O vaqueiro ................................................................................. 12
3.5.2 O cangaceiro ............................................................................. 14
3.5.3 As capas dos LP’s ..................................................................... 16
3.6 A generosidade de um artista popular ................................................ 18
3.7 Luiz Gonzaga canta para o Papa ....................................................... 19
3.8 Gonzagão se apresenta na França .................................................... 21
4 O DECLINIO DO BAIÃO (FINAL DA DÉCADA DE 50) .............................. 23
5 GONZAGA: O HOMEM DE NEGÓCIOS ..................................................... 25
5.1 Luiz Gonzaga e a adaptação ao mercado .......................................... 26
5.2 O empresário Luiz Gonzaga ............................................................... 27
5.3 Os jingles e o garoto-propaganda ...................................................... 28
6 O LEGADO ................................................................................................... 34
7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 38
8 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 41
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – De gibão e chapéu de couro ........................................................... 13
Figura 2 – O Vaqueiro Gonzagão .................................................................... 13
Figura 3 – A indumentária dos cangaceiros .................................................... 15
Figura 4 – O Cangaceiro Gonzagão ................................................................ 15
Figura 5 – Capa do disco “Ô Véio Danado” ..................................................... 17
Figura 6 – Capa do disco “Danado de Bom” ................................................... 18
Figura 7 – O Papa e o Rei do Baião ................................................................ 20
Figura 8 – “O Cantador” ................................................................................... 20
Figura 9 – Gonzagão se apresenta em Paris .................................................. 21
Figura 10 – Em Paris, no Teatro Bobinot ......................................................... 22
Figura 11 – Nas ruas de Paris ......................................................................... 22
Figura 12 – O fumo de cabra macho ............................................................... 30
Figura 13 – Fumo Dubom ................................................................................ 30
Figura 14 – Luiz e as Pilhas Eveready ............................................................ 31
Figura 15 – Beba Crush ................................................................................... 32
Figura 16 – Gonzaga e o Martini ..................................................................... 32
Figura 17 – Gonzaga e a Monark .................................................................... 33
Figura 18 – Baú da Felicidade ......................................................................... 33
vii
MORAIS, Renan Meira de. Luiz Gonzaga: uma visão publicitária. Monografia apre-
sentada à Coordenação de Graduação em Comunicação Social da Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.
RESUMO:
As discussões sobre a temática do centenário de Luiz Gonzaga representada
no ano de 2012 faz surgir uma necessidade de interpretação sobre como o ar-
tista conseguiu adentrar e permanecer até os dias de hoje no imaginário das
pessoas que direta ou indiretamente tiveram algum tipo de contato com sua
obra. O presente trabalho discorre sobre a questão mercadológica deste ícone
nacional, suas estratégias e ações visando uma maior visibilidade, embora mui-
tas vezes por apenas intuição, bem como sua história e trajetória até chegar ao
ponto de ser considerado o Rei do Baião. Foram analisadas obras de autores
brasileiros renomados, como a maranhense Mundicarmo Ferretti e o paraibano
Durval Muniz, que discorrem de interpretações sobre a vida e obra deste gran-
de artista popular brasileiro e que trazem diversas informações relevantes que
se juntas, servem de grande legado e conhecimento para a área da comunica-
ção publicitária da atualidade, bem como para o mercado de trabalho como um
todo, que visa se desenvolver e ser notado. Trata-se de uma monografia de-
senvolvida na perspectiva da comunicação de massas, da década de ouro do
rádio, do se fazer reconhecer, abordando em seus aspectos as categorias da
identidade nacional, a cultura do povo nordestino, o imaginário, a resistência, o
capitalismo, a difusão dos ideais de uma região. Enfim, este trabalho se cons-
trói numa forma de se fazer conhecer o legado deixado por Luiz Gonzaga, con-
tribuindo de forma relevante para com a sociedade acadêmica, empresários,
artistas e pessoas que de alguma forma se tornaram fã incondicional do artista.
Palavras-chave: Luiz Gonzaga; Estratégias; Comunicação de Massas; Lega-
do.
viii
MORAIS, Renan Meira de. Luiz Gonzaga: an advertising view. Monograph presented
to Social Comunication Graduation Coordination of Federal University of Rio Grande
do Norte, Natal, 2013.
ABSTRACT:
The discussions about the Luiz Gonzaga’s centenary represented in 2012 rases
a needing of interpretation about how the artist was able to enter and keep until
today in the people’s mind who directly or indirectly had made some kind of
contact with his work.This work is about the marketing question of this national
icon, his strategies and actions directed to increase his image, although lots of
time just for intuition, as well as his history and path until be considered de King
of Baião.The works of renowned brazilian authors were discussed, for example
the citizen of Mundicamo Ferreti and the citizen of Durval Muniz, that discorrem
of interpretation about the life and work of this great brazilian popular artist and
that brings a lot of relevant information that, toghether, can serve of a great leg-
acy and knowledge for the advertising comunication area nowadays, as well as
the labour market as a whole, which develop and it is noticed.It’s about a mo-
nograph developed in the perspective of the mass communication, the radio
golden decades, the recognizing, also discussing in its aspects the categories
of national identity, the culture of the northeastern people, the imaginary, the
resistance, the captalism, the difusion of the ideals of the area.This work build
itself in a way of recognize the legacy left behind for Luiz Gonzaga, contribuing
in a relevant way towards the academic society, entrepreneurs, artists and
people who, anyway, became inconditional fan of this great artist.
Keywords: Luiz Gonzaga; Strategies; Mass Comunication; Legacy.
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Departamento de Comunicação Social
Curso de Publicidade e Propaganda
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1
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
Nascido na cidade de Exu/PE, no dia 13 de dezembro de 1912, Luiz
Gonzaga teve seu auge em meados de 40 e 50. Sempre se utilizando de estra-
tégias para alavancar seu sucesso, muitas vezes sem instrução, mas que levou
o nome do Nordeste para o Brasil e para o mundo. Bem além do fato de cantar
o dia-a-dia do nordestino, Luiz Gonzaga criou uma série de meios para difundir
e publicizar sua imagem. Gonzaga foi um grande marqueteiro, mas claro, muito
antes que a expressão se tornasse comum no país, ele já se utilizava de técni-
cas das quais são corriqueiramente utilizadas nos dias de hoje por artistas bra-
sileiros. Lua, menino pobre nascido no semi-árido pernambucano, semi-
analfabeto, foi o primeiro grande idealizador no Brasil de uma carreira recheada
de show business, sucesso e reconhecimento profissional.
É fato notar que sem os meios de comunicação que temos nos dias atu-
ais, Gonzaga já se fazia de tudo para fixar a sua “marca” no cenário musical.
Várias sacadas importantes para a sua carreira servem de inspiração até os
dias de hoje. O que falar das estratégias visuais em suas indumentárias e ca-
pas de LP’s, dos bicos como garoto-propaganda e das campanhas pessoais
para atrair mais adeptos ao baião? É interessante destacar também que na
maioria destas ações, Luiz Gonzaga, por muitas vezes junto com suas grava-
doras, as faziam como resposta ao declínio que enfrentou o baião no final dos
anos 50. Era uma forma de contornar a crise instaurada em sua carreira devido
ao surgimento de novos ritmos musicais, como o samba e a bossa nova, ou
para resistir às ameaças dos produtos estrangeiros em invadir o mercado brasi-
leiro da época.
A proposta deste trabalho é apresentar uma análise diferenciada do que
se vê corriqueiramente em nosso dia-a-dia sobre o Rei do Baião. Bem além de
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2
contar sua vida e obra, segue uma linhagem de certo modo desconhecida, que
serve para atribuir informações pertinentes para a área de comunicação. O fato
de suas músicas, roupas e costumes terem sido de grande relevância e impor-
tância não só para a cultura nordestina, como também para a brasileira, des-
perta um interesse com relação ao lado “publicitário”, mesmo que intuitivo, des-
te ícone nacional. Tornar público este lado desconhecido por muitos do nosso
Rei do Baião faz com que a sociedade acadêmica, os fãs e simpatizantes ab-
sorvam ainda mais conhecimento e admiração por ele.
Destaca-se também o fato de que por não existir um veiculo de informa-
ção que trate especificamente do lado empresarial e publicitário– intuitivo -de
uma figura tão ilustre para o cenário nacional, torna o estudo de alta relevância.
Bem como para notarmos a importância que a publicidade já tinha a partir da
década de 50, e aprendermos como unir talento e planejamento estratégico em
busca de um ideal de sucesso. Já que muitos autores vêem Luiz Gonzaga co-
mo figura midiática que carregou o nome do nordeste por onde passou, é de
extrema importância o estudo do caso em uma visão mais acadêmica, uma
analise inédita que trará conclusões e interpretações relevantes para o merca-
do atual nordestino do forró e de outros produtos e serviços da região.
Na presente monografia procura-se identificar na história da integração
da música nordestina à comunicação de massa, os fatores que permitiram a
inserção de um artista popular, destaca-se também o seu poder de gerencia-
mento de crises no final dos anos 50, quando em declínio, o baião caiu no es-
quecimento popular por alguns anos, bem como suas estratégias para se fazer
presente cada vez mais no território nacional, permanecendo até mesmo nos
dias atuais, vinte e quatro anos após sua morte. Destaca-se também o seu po-
der de gerenciamento de crises no final dos anos 50, quando em declínio, o
baião caiu no esquecimento popular por alguns anos.
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3
Capítulo 2
LUIZ GONZAGA E A CULTURA NORDESTINA
De origem pobre, o pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento, ou
simplesmente Lua1
, apelido de infância, nasceu e cresceu em uma região onde
a seca reinava. Nessas terras, mais exatamente no começo do século 20, no
Exu – sertão pernambucano -, nascia Luiz Gonzaga em 13 de dezembro de
1912.
Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, "sanfoneiro de
8baixos" e Ana Batista de Jesus. O casal teve oito filhos. Luiz Gonzaga desde
menino já tocava sanfona. Aos 13 anos, com dinheiro emprestado compra sua
primeira sanfona. Para contrariedade de sua mãe Santana (como era mais co-
nhecida), Luiz passou a acompanhar o pai nas festas da região. Segundo
MARCELO e RODRIGUES (2012), de 1920 a 1929, o jovem sanfoneiro acom-
panhou seu pai e ganhou muita experiência, observava com atenção a reação
dos convidados aos números que fazia.
Ainda em 29, por causa de um namoro proibido pela família da moça,
Luiz Gonzaga foge para a cidade do Crato no Ceará. E em 1930 vai para Forta-
leza, onde entra para o exército. Lá passou a ser o corneteiro da tropa e teve
aulas de sanfona com o soldado Domingos Ambrósio, saindo nove anos depois
rumo ao Rio de Janeiro, onde se apresentava em bares, cabarés e programas
de calouros.
A partir daí, ao contrário do que se imaginara, sua ligação com o Nor-
deste em muito se fortaleceu. Reunindo qualidade de compositor, instrumentis-
ta e cantor à rara capacidade de comunicação com o público, Luiz era um e-
xemplo de artista do povo que conseguiu penetrar na comunicação de massa
1
Ao longo da sua vida teve vários outros pseudônimos, tais como: Gonzagão, Gonzaga, Lula,
“Rei do Baião”, entre outros.
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sem afastar sua música das raízes e da atmosfera que envolve as coisas do
povo do Nordeste (FERRETTI, 1983, p. 81).
Luiz Gonzaga surgiu para o Brasil num momento privilegiado. A indústria
radiofônica já era não era mais a mesma, tinha se desenvolvido. Apresentava
alto nível de qualidade e elaboração. O baião ficou por muitos anos na boca do
povo, era o som da moda no país. Entretanto, no final dos anos50, com o sur-
gimento da televisão, Luiz Gonzaga e seu estilo musical era sido esquecido,
surgia a Bossa Nova e a Jovem Guarda.
Em decorrência do declínio instaurado no baião, destaca-se o fato da
capacidade do “Rei do Baião” em contornar a crise. Criou algumas estratégias,
se adaptou e fortaleceu novamente sua imagem. Nesta fase é interessante
destacar que Gonzaga começou a introduzir elementos que antes não faziam
parte de sua trajetória, elementos estes até então desconhecidos à cultura nor-
destina. Violinos, bateria e instrumentos elétricos foram adaptados ao baião.
Destaca-se também o fato de que, mesmo com essa nova roupagem, Luís
nunca abandonou suas origens e sempre esteve levando a cultura do Nordeste
por onde quer que fosse.
Em 21 de junho de 1989 Luiz Gonzaga foi internado no Recife, no Hospi-
tal Santa Joana, sofria de osteoporose há alguns anos, e no dia 2 de agosto
faleceu vitima de parada cardiorrespiratória. Deixou, além de inúmeros amigos
e parceiros, seu vasto legado de ensinamentos musicais e empresariais para a
sociedade brasileira. No ano de 2012, o mito estaria completando 100 anos de
vida. Em decorrência deste marco, várias homenagens foram-lhe prestadas,
como, por exemplo, a criação do Dia Nacional do Forró2
. A data é uma home-
nagem ao dia do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
2
Foi instituído pela Lei nº 11.176, sancionado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em
2005, e teve origem no projeto de Lei nº 4265/2001, de autoria da deputada federal Luiza E-
rundina (PSB/SP). BARROS (2011, disponível em: <www.primeiraedicao.com.br>. Acesso em:
22 mai. 2013)
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Capítulo 3
O MARKETING INTUITIVO DO REI DO BAIÃO
3.1 Luiz Gonzaga e o rádio
No governo de Getúlio Vargas, mas precisamente na década de quaren-
ta, o rádio era o principal veículo de comunicação de massas da época, desta
forma, era pensado como o meio capaz de produzir não só a integração nacio-
nal, com o encurtamento das distâncias e diferenças entre suas regiões, mas
também como capaz de produzir e divulgar a cultura nacional, embora fosse
um veiculo de fato comercial, sustentado pela propaganda. A modernização do
Brasil, a partir das ondas do rádio e da indústria do disco se consolidou neste
período. Rádio, indústria fonográfica e imprensa colaboraram nesse processo
de modernização.
Segundo FERRETTI (1983), o rádio deu início ao seu período de ouro
após o suicídio de Vargas, em 1954, em um período de crise nacional. Este
meio de comunicação passou a atingir as cidades e o público do interior de di-
versos pontos do país, assumindo grande importância no lazer das pessoas
menos favorecidas.
O rádio impôs uma nova educação musical e auditiva, produzindo uma
nova escuta social. O radinho de pilha, de acordo com ALBUQUERQUE JÚ-
NIOR (2011) era símbolo de integração dos migrantes com o espaço urbano,
sendo um veículo de integração ao novo espaço social e cultural que viviam. A
ascensão do rádio possibilitou o desenvolvimento massivo não apenas do
samba nos anos 30, mas também do baião após os anos 1950. FERRETTI
(1983) afirma ainda que a influência do rádio já se mostrava benéfica para o
disco, uma vez que, projetando os artistas, estimulava a venda de suas grava-
ções, e não tardou a ser usado como veículo de propaganda política. O rádio
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6
tem papel decisivo na difusão musical, fazendo os sucessos e orientando, de
certo modo, o que deve ser gravado e consumido – daí as manobras das gra-
vadoras no sentido de criar estratégias visando o lucro.
O primeiro contato de Luiz Gonzaga com o principal veículo de comuni-
cação da época, o rádio, foi em 1940, quando ainda não era reconhecido na-
cionalmente. Gonzaga participava como músico dos programas de calouros de
Ary Barroso3
, o que lhe rendia uns poucos tostões. Segundo ALBUQUERQUE
JÚNIOR (2011), foi neste programa, na Rádio Nacional, que em 1940, após
executar a música Vira e Mexe, conquista a nota máxima e é contratado pela
rádio que reunia artistas de todos os lugares. Em 1946, através da parceria
com o compositor Humberto Teixeira4
, Gonzaga lança a música Baião, ritmo
que seria até o ano de 1954 o de maior sucesso no país e com repercussão até
no exterior. É importante destacar que o baião, como afirma FERRETTI (1983),
já era um ritmo tradicional no Nordeste, mas até então desconhecido no Cen-
tro-Sul. E que, apesar de se vincular à indústria cultural, essa vinculação, longe
de ter provocado na música tradicional do Nordeste um impacto negativo, rea-
vivou o gosto do povo pelo seu próprio cancioneiro.
Gonzaga fez parte de uma geração de artistas da chamada Música Po-
pular Brasileira, que tinha as camadas populares como seu maior foco. Uma
música comercial, que tinha no rádio o seu principal veículo. De acordo com
MORAES (2009), na época de Luiz Gonzaga, as emissoras de rádio apresen-
tavam diferentes estilos musicais, em São Paulo, por exemplo, predominavam
programas de ópera e música erudita direcionados para a elite, enquanto nas
emissoras do Rio de Janeiro os programas tinham caráter mais popular.
Somado a tudo isso, o sucesso de Gonzaga coincidiu com o período de
instalação da ditadura do Estado Novo (1937-1945) de Vargas, que dentre ou-
tras medidas, apoiava e incentivava os ritmos e culturas regionais do Brasil.
3
Ary de Resende Barroso nasceu no Rio de Janeiro e se tornou compositor e radialista brasilei-
ro de música popular.
4
Humberto Cavalcanti Teixeira, advogado, deputado federal e compositor brasileiro. Conhecido
como parceiro de Luiz Gonzaga e pelo grande sucesso com a composição da música “Asa
Branca”, lançada em 1947.
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7
Entre um frágil Nordeste do ponto de vista social e uma crescente indústria fo-
nográfica germinava o criador do forró, que antes desta divulgação pelo rádio,
não era quase conhecido em outras regiões brasileiras.
O rádio foi o instrumento mais importante para o projeto estratégico de
divulgação da música regional pelo país. Como cita MORAES (2009), sinteti-
zando ritmos, Gonzaga e Humberto Teixeira deram maior publicidade ao baião.
FERRETTI (1983) complementa afirmando que entre 1948 e 1954 o baião tor-
nou-se o ritmo da moda, conquistando interpretes, compositores e dominando
o mercado de música popular brasileira. Entretanto, tudo isso se deve à força
de uma grande parcela da população brasileira que migrou para o Centro-Sul.
Com destaque aos nordestinos, que saíam da sua terra natal em busca de me-
lhores condições de vida em São Paulo e Rio de Janeiro.
3.2 Os migrantes nordestinos
Em 1930, de acordo com FERRETTI (1983), devido não só a crises na
agricultura, mas também, à expansão urbano-industrial, o governo do
Presidente Getúlio Vargas, iniciado naquele ano, foi marcado por grande
transferência de população do campo para a cidade e de migração nordestina
para o Centro-Sul. A melhoria dos transportes e dos meios de comunicação,
como: correios, jornais de circulação nacional e, principalmente, a presença do
rádio, tornou as noticias das oportunidades no Sul, constantemente
propagandeadas por governos e instituições interessadas na atração desta
mão de obra. Era um estimulo crescente para a migração. Se aproveitando
disso, Luiz Gonzaga viu surgir seu mercado em potencial, mas para isso tinha
que criar uma forma de atingi-los.
Para ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011), Luiz Gonzaga se tornou aquele
artista capaz de atender à necessidade do migrante de escutar coisas
familiares, sons que lembravam sua terra, sua infância. O sucesso de suas
músicas entre os migrantes participa da própria solidificação de uma identidade
regional entre indivíduos que são igualmente marcados, nestas grandes
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cidades, por estereótipos como o do “baiano” em São Paulo e do “paraíba” no
Rio. Gonzaga usou o rádio como meio e os migrantes nordestinos como
público. FERRETTI (1983) afirma que a música nordestina converteu-se num
foco de resistência à dominação estrangeira e, com isso, o baião, lançado em
disco pela primeira vez em 1946, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira,
passou a dominar a MPB. Reinou por alguns anos como a música da moda
brasileira, de canto a canto do país ouvia e se dançava o baião, a dupla de
sucesso se tornava os queridinhos da população carente de representantes.
É de fato interessante destacar que o sucesso de Luiz Gonzaga foi fruto
de uma série de códigos que atendia ao consumo crescente de signos
nordestinos e regionais da época, buscando produzir uma sensação de
proximidade com a terra natal dos migrantes. Para FERRETTI (1983) uma vez
que a música de Luiz Gonzaga se apoiou na cultura do povo de baixa renda,
tornou-se, na década de 50, conhecida em todo o território nacional, se
transformando em ritmo da moda, conquistando compositores e intérpretes
tanto do Nordeste como do Sul, e Luiz Gonzaga, devido a sua simpatia e
comunicação com o público, foi por ele aclamado “Rei do Baião”. Segundo a
revista Nosso Século (1980, apud FERRETTI, 1983, p. 57), o anuário do IBGE
de 1953 registrava a população da cidade do Rio de Janeiro como de
1.533.698 habitantes, dos quais 121.923 eram nordestinos e 114.214 eram
mineiros.
ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011) afirma ainda que existia em Luiz
Gonzaga uma estratégia em seu trabalho, que era a de fixar uma dada imagem
do Nordeste no Sul. Sua visão popular nordestina foi aliada, ao mesmo tempo,
a todo um trabalho de divulgação e criação de formas musicais que partiam de
matérias de expressão, vindas do Nordeste, tornando-as formas destinadas ao
mercado de discos e shows. É interessante destacar também que a indústria
do disco contribuiu de forma marcante nesta estratégia, ou seja, o rádio teve
papel decisivo na difusão musical Gonzagueana. Fazendo os sucessos e
orientando, de certo modo, o que devia ser gravado e consumido, o meio
radiofônico buscava sempre o lucro.
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3.3 As parcerias
Primeiramente é importante destacar que a questão das parcerias que
Luiz Gonzaga apresentava tem dois pontos distintos. Familiares de alguns des-
tes parceiros, dos compositores, para ser mais preciso, afirmam que Luiz Gon-
zaga em nada contribuía no processo criativo das obras. Por outro, vários pes-
quisadores afirmam que suas relações artísticas e de amizade possibilitaram
uma maior divulgação e a reafirmação da musicalidade no cenário nacional da
época. E é neste, o caminho a que vou prosseguir.
Deixando de lado este ressentimento por parte dos familiares, é interes-
sante evidenciar que Luiz Gonzaga participou ativamente do processo de cria-
ção de tudo o que gravou. Ele interferia em tudo, tanto na questão melódica
quanto nas palavras que as letras das músicas traziam. A penetração da músi-
ca popular nordestina na comunicação de massa, segundo FERRETTI (1983),
ocorrida de fato na época do baião, deve muito a elaboração feita por Luiz
Gonzaga e seus parceiros.
Durante toda sua carreira, Gonzaga manteve muitas parcerias. Em torno
de 50 compositores e vários outros cantores trabalharam com ele, muitos de
forma recorrente. Os principais foram José Marcolino, Humberto Teixeira, Zé
Dantas e Dominguinhos. Todos estes com enorme contribuição na musicalida-
de de sucesso do Rei do Baião.
Em entrevista5
, Humberto Teixeira contou que no primeiro encontro com
Gonzagão chegou a algumas conclusões importantes. Uma delas é que a mú-
sica ou o ritmo que iria servir de lastro para a campanha de lançamento da mú-
sica nordestina no Sul, seria o baião. Fizeram naquele primeiro dia os primeiros
versos, discutiram as primeiras idéias em torno da “Asa Branca”, que só dois
anos depois foi gravada, em 3 de março de 1947. Graças ao sucesso, Humber-
to Teixeira conseguiu ainda se eleger Deputado Federal pelo Ceará.
5
AZEVEDO (1977, apud NETO, 2012) (disponível em: <www.overmundo.com.br>. Acesso em:
14 mar. 2013)
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As parcerias não traziam visibilidade apenas para Luiz Gonzaga, Zé
Dantas, por exemplo, atingiu o auge de sua parceria na década de 50, passan-
do a ganhar dinheiro com o sucesso de suas músicas, o que lhe daria um pa-
drão de vida melhor, proporcionando sua independência financeira.
Com relação a Zé Marcolino, como era conhecido José Marcolino Alves,
que foi um compositor paraibano que sempre gostou da cultura nordestina. É
interessante destacar o fato de ele ter sido um fã assíduo de Luiz Gonzaga.
Tinha muita vontade de conhecê-lo e depois de várias tentativas sem sucesso,
conseguiu o primeiro contato em um hotel no estado da Paraíba.
Já com relação à história de Dominguinhos e Luiz Gonzaga, a afinidade
começou em 1950 - época de ouro do baião-, onde Gonzaga era o Rei e Do-
minguinhos era apenas um menino. Consagrado por público e crítica, ele não
só deu continuidade, como evoluiu e ampliou o legado da sanfona nordestina
pelo mundo.
3.4 A estratégia sonora
Não era só o ritmo Gonzagueano que via a instituir uma escuta do Nor-
deste, mas as letras, os hábitos do dia-a-dia, o sotaque, as expressões locais
que utilizava e os elementos culturais populares, tudo vai significar o Nordeste.
Gonzaga era um artista durante 24 horas do dia. Não que pensasse nisso co-
mo uma forma de se mostrar, mas pelo fato desses elementos serem expres-
sões comuns para ele. De tão viver o Nordeste, Luiz Gonzaga foi um profissio-
nal altamente firme, correto e respeitado pela sociedade da época.
Essa estratégia criada por Luiz Gonzaga ganhou força na recepção dos
nordestinos. Era uma linguagem que estruturou o sentido de saudade dos mi-
grantes – já antes comentado. Mas é interessante destacar também que esse
gênero operou-se em meio a diversas forças, numa disputa de tendência com o
samba, por exemplo, e pela entrada de produtos estrangeiros na classe média
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11
brasileira que desde o término da Segunda Guerra invadiu o mercado nacional
(FERRETTI, p. 63).
Relembrar sua tradição e resgatar os signos nordestinos foi uma forma
que fez com que Luiz Gonzaga se tornasse uma tendência no país, surgira
uma nova proposta musical. Lançou o baião na indústria fonográfica e radiofô-
nica com o intuito de instituí-lo como gênero nacional. Como consequência,
Luiz Gonzaga, o Nordeste e o baião foram divulgados e difundidos pelos meios
de comunicação de massa por um período em torno de dez anos, se tornando
uma febre não só na sua região de origem, mas também de todo o território
brasileiro.
Embora muita coisa tenha ocorrido no improviso, principalmente a parte
empresarial, Gonzaga, fez-se, segundo ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011), uma
recriação comercial de uma série de sons, ritmos e temas folclóricos do Nor-
deste. Foi ele também que inaugurou o trio instrumental composto por sanfona,
zabumba e triângulo. Entretanto, FERRETTI (1983) lembra que antes da veicu-
lação do baião pelo disco e pelo rádio, violeiros, cantadores e sanfoneiros já
percorriam todo o sertão, acompanhando os ciclos das feiras e das festas que
ali eram abundantes. Este fato gerava uma dualidade de pensamentos na du-
pla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Enquanto Teixeira afirmava que eles
não foram os criadores do baião, mas os que lhe deram uma nova roupagem,
Gonzaga afirmava que ele havia sim marcado o ritmo do baião pelo fato de ter
introduzido elementos próprios ao ritmo, sistematizando assim o surgimento de
um novo estilo musical.
Divergências de opinião à parte TELES (2012, apud MARCELO e RO-
DRIGUES, p. 22) é mais direto, afirma que o baião, como gênero e dança, já
existia desde o século XIX. Acrescentando ainda que este estilo foi a nossa
primeira música de laboratório, ou seja, idealizado com a finalidade de ser con-
sumido como um produto, com o intuito de se tornar uma moda musical. Como
de fato aconteceu.
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3.5 A estratégia visual
Para aumentar ainda mais seu apelo para com o público-alvo, Luiz Gon-
zaga, criou uma forma de se vestir e de dar entrevistas que lembrasse sempre
suas origens. Esta sacada foi uma das mais importantes para a sua carreira. O
fato de uma pessoa na década de 40 e 50, no Rio de Janeiro, aparecer com
chapéu e roupa de couro era uma novidade das mais impactantes. Sua inspira-
ção veio dos tempos áureos do rádio no Brasil.
O ano era 1943. Trazido pelas mãos do radialista Almirante6
, o sanfonei-
ro gaúcho Pedro Raimundo7
estreava na Rádio Nacional8
com suas roupas de
gaúcho - bombacha, chapéu, chicote -, e foi inspirado nele, que Gonzagão re-
solveu assumir a identidade de um artista regional, sendo um representante do
“Nordeste”. Dois personagens marcantes da cultura nordestina foram represen-
tados por Luiz Gonzaga.
3.5.1 O vaqueiro
Como um dos principais ícones semióticos do Nordeste brasileiro, o va-
queiro foi um dos personagens que mais deu inspiração ao artista - usava gi-
bão e roupas de couro. Foi esta a estratégia utilizada por Gonzaga como ins-
trumento de comunicação para dialogar com seu público/ouvinte. Gostava de
afirmar que o gibão foi considerado uma proteção para a sua vida artística con-
tra os ritmos estrangeiros e o samba. Era o meio utilizado para deixar claro que
ele era um artista da terra, do Nordeste.
Ainda com relação à estética dos vaqueiros, Luiz Gonzaga, em suas
músicas, gostava também de introduzir os costumes do vaqueiro, como por
exemplo, o uso de aboios, que consiste em um canto sem palavras cantado
pelos vaqueiros quando conduzem o gado pelas pastagens ou para o curral.
6
Cantor, compositor e radialista brasileiro, seu codinome na Era de Ouro do Rádio era: "a mais
alta patente do Rádio".
7
Acordeonista, compositor e cantor regionalista brasileiro. Seu auge foi nas décadas de 40 e
50.
8
Antiga estação de rádio do Rio de Janeiro.
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13
Era também uma forma de introduzir cada vez mais simplicidade às suas can-
ções.
Figura 1 – De gibão e chapéu de couro (disponível em:
<www.lastfm.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
Figura 2 – O Vaqueiro Gonzagão (disponível em:
<www.ims.uol.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
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3.5.2 O cangaceiro
Gonzaga admitia publicamente que era fã dos cangaceiros9
. Em sua
memória, via que a figura destes era uma das que mais representava a região
que ele queria cantar, e resolveu imitá-los, criando para isso uma indumentária
típica que reunia as roupas usadas pelos cangaceiros. Usava chapéu de can-
gaceiro, lenço no pescoço - numa referência ao lenço usado pelo sanfoneiro
Pedro Raimundo -, uma bolsa de couro e sandálias do mesmo material, com-
pondo um traje que fazia referência ao cangaço. Aqui é interessante destacar
que Luiz gostava de Lampião, mas seu grande herói do sertão era outro can-
gaceiro, intitulado de o “Rei do Cangaço”:
Gostava de Lampião, mas idolatrava mesmo era Antônio Silvino. Co-
nhecido por diversas alcunhas – “Rei do Cangaço”, “Rifle de Ouro”,
“Governador do Sertão” - e responsável por diversos saques e assas-
sinatos no interior do Nordeste, o pernambucano Silvino foi o canga-
ceiro mais conhecido da região nordestina antes de Lampião. (MAR-
CELO e RODRIGUES, p. 21).
Esta indumentária - chapéu de couro vistoso e cheio de medalhas -, era
o que mais fascinava Gonzaga. Entretanto, quando cismou em se vestir assim,
na Rádio Nacional, recebeu uma séria advertência e proibição do diretor da
rádio. Gonzaga não obedeceu. Continuou usando o seu chapéu de cangaceiro
trazido diretamente de Exu/PE:
Telegrafou para sua mãe Santana no Araripe e pediu que lhe man-
dasse um chapéu de couro bonito, que lembrasse Lampião. Santana
comprou o chapéu na Fazenda do Baixio, onde trabalhava José Cla-
ra, habilidoso chapeleiro. (ECHEVERRIA, p. 101)
É importante destacar que apesar de Luiz Gonzaga se apresentar como
cangaceiro, sua luta diferia em muito daquela do cangaço. FERRETTI (1983)
afirma que longe de representar um povo rebelde, Luiz levantava sua voz
procurando sensibilizar o Governo Federal para as necessidades do povo
nordestino.
9
Homens que vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego,
alimento e cidadania causando o desordenamento da rotina dos camponeses.
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Nas capas dos discos, nas fotos promocionais e em tudo que era show
onde se apresentava via-se sua teimosia. Sua persistência foi tanta que o figu-
rino é incorporado até os dias de hoje por cantores do gênero. Para compor
seu personagem, Gonzaga se apropriou ainda do xaxado - dança e som atribu-
ídos a Lampião e seu bando. Com ele, o xaxado passou a ser conhecido nos
espaços artísticos das principais cidades do país. O sanfoneiro se constituiu
num divulgador do xaxado nos meios radiofônicos. O gênero apareceu nos au-
ditórios de rádio, televisão e teatros das grandes cidades.
Figura 4 – O Cangaceiro Gonzagão (disponível em:
<www.folha.uol.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
Figura 3 – A indumentária dos cangaceiros (disponível em:
<www.lastfm.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
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3.5.3 As capas dos LP’s
A construção imagética do Nordeste e do nordestino está presente não
só em suas músicas e indumentária, mas também inserido nas capas de seus
LP's. Aqui é importante evidenciar que esta estratégia não só foi construída
pelo artista, mas também pelas gravadoras a que passou. Foi o resultado de
um processo de negociação entre artista e empresa, ou seja, o disco também
era um produto da gravadora, e cabia a ela, transmiti-lo da forma comercial a
que lhe fosse interessante.
Importâncias à parte, os símbolos difundidos por Gonzaga ganha suces-
so pela relação entre seres e coisas do Nordeste, de forma a estabelecer uma
relação simbólica que penetra a função imaginária do seu público-alvo. Tais
imagens, produzidas enquanto produtos fazem referência à espacialidade nor-
destina e seus signos - o vaqueiro, o cangaceiro, os animais, a natureza, o luar
do serão, o sol que queima, entre outros símbolos. Mostrando como exemplo
duas das diversas capas de LP’s utilizadas por Luiz Gonzaga, vê-se um retrato
fiel do ambiente nordestino tão defendido pelo artista.
A primeira capa é a do Disco “Ô Véio Macho”, de 1962, gravado pela
RCA Victor. Nota-se nesta capa (Figura 5) que toda a sua essência é remetida
aos elementos do Nordeste brasileiro. O papagaio, as roupas de couro pendu-
radas na parede, o tecido quadriculado remetendo às festas juninas, a sanfona,
e principalmente as cores vivas e marcantes, além, é claro, da expressão popu-
lar que dá nome ao disco – “Ô véio macho”10
. Tudo isso somado era visto como
uma forma de se remeter às origens dos migrantes nordestinos que partiram
rumo ao Centro-Sul do Brasil. Na capa, nota-se também uma melhor elabora-
ção na qualidade dos elementos, seja pela distribuição espacial destes, como
também pela preocupação em passar uma fisionomia mais alegre por parte do
artista.
10
Expressão utilizada para dar ênfase à virilidade de um homem. Usa-se também para eviden-
ciar a força e confiança do homem.
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A segunda capa escolhida para exemplificar a questão estética difundida
por Luiz Gonzaga em sua carreira é a do Disco “Danado de Bom”11
, de 1984,
gravado pela RCA/Camden. Nota-se que mesmo com uma diferença de vinte e
dois anos para o disco analisado anteriormente, a essência continua a mesma
(Figura 6). Luiz Gonzaga continuou mostrando o seu Nordeste como elemento
primordial. Neste caso, o artista aparece totalmente vestido de cangaceiro, mas
diferente do anterior, ele agora se apresenta ao ar livre, evidenciando, desta
forma, os aspectos naturais do sertão – o céu azul. Mesmo com aparência
mais experiente, a fisionomia utilizada ainda é a mesma da anterior, a irreve-
rência, seja pela expressão “danado de bom” ou pela alegria transmitida.
11
Primeiro disco de ouro do artista no qual tinha João Silva por principal parceiro.
Figura 5 – Capa do disco “Ô Véio Danado” (disponível em:
<www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 21 abr. 2013).
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3.6 A generosidade de um artista popular
Tão importante para a divulgação da música nordestina, Luiz Gonzaga
também exerceu papel fundamental na vida de outros artistas, conhecidos ou
não. Gonzaga levava consigo grande generosidade. O que pudesse fazer, não
media esforço para ajudar um amigo ou parente a crescer na vida. Sempre
amparou nordestinos vindos de suas cidades para buscar a vida nas cidades
grandes, acreditou em todos. Por onde andava sempre presenteava com uma
sanfona algum “danado” que ousava a dedilhar o instrumento. É interessante
destacar que ele fazia isso não só pelo fato de ter um bom coração, Gonzaga
era um estrategista, trazia estes novos talentos para perto de si. Ajudava, en-
caminhava e ensinava, trazia pra perto uma juventude promissora.
Figura 6 – Capa do disco “Danado de Bom” (disponível em:
<www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 21 abr. 2013).
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19
Além disso, Gonzaga usava sua generosidade para contribuir com a so-
ciedade, otimista, incentivava a turma para trabalhar pelo povo, pelos mais po-
bres, pelos velhos. Sua visão social era tanta, que segundo o escritor João Má-
ximo12
, em meados dos anos 1980, usou sua fama para pacificar uma rixa en-
tre duas famílias do nordeste e com sua música também arrecadou dinheiro
para vítimas da seca dos anos 80. Almir Oliveira13
fala que Luiz Gonzaga en-
controu na maçonaria o ambiente ideal para ajudar os mais necessitados.
Luiz Gonzaga também exerceu papel fundamental para o desbrava-
mento da maçonaria no Sertão pernambucano. Utilizou a influência
que tinha para liderar o grupo que fundaria a Loja Maçônica Força da
Verdade, em 1988, a primeira do Exu. Doou o terreno para a constru-
ção do imóvel, comprou materiais e deu dinheiro para ajudar a levan-
tar a casa [...] Na maçonaria, o Rei do Baião encontrou o ambiente
ideal para satisfazer a maior das suas necessidades: ajudar os mais
pobres. FOLHA DE PERNAMBUCO (disponível em,
<www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013).
3.7 Luiz Gonzaga canta para o Papa
Assim como na maioria dos nordestinos, Luiz Gonzaga não escondia
sua devoção e, em toda a sua vida, foi um homem bastante religioso. Mas foi
em meados dos anos 80 que o Rei do Baião realizou um de seus maiores so-
nhos: cantar para o Papa João Paulo II.
Em 9 de julho de 1980, é aberto em Fortaleza/CE o X Congresso Euca-
rístico Nacional. O Papa João Paulo II participa das celebrações no estádio
Castelão. Em torno de 120 mil pessoas estiveram no evento, sendo considera-
do o maior público da história do estádio14
. Quando Gonzaga se preparava pa-
ra entrar e tocar sua composição mais conhecida, a Asa Branca, o público veio
a delírio, a avalanche de gente foi tanta, que tomou de conta do espaço em que
o sanfoneiro estava.
12
Escritor e jornalista da história da música brasileira.
13
O maçom Almir Oliveira de Amorim é ex-funcionário do Banco do Estado de Pernambuco
(Bandepe) no Exu.
14
Informação retirada do Portal Arena Castelão (disponível em: www.arenacastelao.com. A-
cesso em: 20 mai 2013).
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O encontro, como era de se esperar, rendeu uma música. “Obrigado,
João Paulo II”, que foi composta no mesmo ano, em parceria com Gothardo
Lemos15
. Entretanto, o maior legado deixado por este encontro, foi o fato de
Gonzaga ter sido visto, não só pelo Brasil, mas também pelo cenário católico
mundial. “O cantador” como foi chamado pelo Papa (Figura 8), aumentou sua
visibilidade e difundiu mais ainda a imagem do Nordeste.
15
Padre da arquidiocese de Fortaleza e antigo fã e amigo da família Gonzaga.
Figura 7 – O Papa e o Rei do Baião (disponível em:
<www.vejajuazeiro.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2013).
Figura 8 – “O Cantador” (disponível em:
<www.museugonzagaoserrinha.blogspot.com.br>. Acesso
em: 20 abr. 2013).
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3.8 Gonzagão se apresenta na França
Luiz Gonzaga cantou para o povo parisiense em duas oportunidades,
em 1982 e 1986. Em 1982, atendendo convite da cantora Nazaré Pereira16
,
viaja para a França apresentando-se em Paris no teatro Bobinot. A cantora fa-
zia sucesso com a música Cheiro da Carolina e decidiu levar o Rei para a
França o conhecer (Figuras 9 e 10). Na platéia, entre outros, estavam Maria
Bethânia, Celso Furtado e o ex-ministro Nascimento e Silva.
Já em 1986, Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na
França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-
França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no
show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público
aproximado de 15 mil pessoas.
Gonzaga já não tocava apenas no Brasil, era um artista internacional.
Suas participações rendiam ainda mais visibilidade e fama para sua imagem.
Sempre com as vestes nordestinas, levou para a Europa um pouquinho do jeito
carismático e simples do Nordeste brasileiro.
16
Cantora paraense. Conheceu Luiz Gonzaga em 1982.
Figura 9 – Gonzagão se apresenta em Paris (disponível em:
<www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em:
20 abr. 2013).
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Figura 10 – Em Paris, no Teatro Bobinot (disponível em:
<www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em: 20 abr.
2013).
Figura 11 – Nas ruas de Paris (disponível em:
<www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em: 20 abr.
2013).
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Capítulo 4
O DECLINIO DO BAIÃO (FINAL DA DÉCADA DE 50)
Mesmo com as estratégias criadas por Luiz Gonzaga para disseminar o
Nordeste em todo o território nacional, o baião viria a declínio na década de 50.
Era o surgimento de um novo Brasil, época em que o presidente Juscelino Ku-
bitschek assumia o país (1956-1961). Juscelino foi o responsável pela constru-
ção de uma nova capital federal, Brasília, promoveu o desenvolvimento do inte-
rior do Brasil e a integração do país. Surgia a Bossa Nova, a Jovem Guarda, e
principalmente a televisão.
Com relação à Bossa Nova e a Jovem Guarda, os novos gêneros con-
quistaram espaço na MPB devido a esta política de integração que tornou o
Brasil um país urbano. O público deixou de comprar os discos do Rei do Baião
e os jovens trocavam o som da sanfona pelo do violão, instrumento mais co-
mum nas cidades. FERRETTI (1983) afirma que por volta de 1954 e até o final
da década de 60 o baião desapareceu das paradas de sucesso das emissoras
de rádio, sendo apenas ouvido no Nordeste e nos subúrbios das cidades para
onde foi grande a migração nordestina.
Foi nessa fase em que o baião reinventado por Luiz Gonzaga e Humber-
to Teixeira entrava em esquecimento. O advento de novos meios de comunica-
ção, sobretudo a televisão, não alcançou o mesmo desempenho anteriormente
obtido por intermédio do rádio, que chegara aos lares de milhares de brasilei-
ros.
Em meados de 50 o baião desapareceu das “paradas de sucesso”,
como também os sambas de origem popular e as músicas baseadas
em ritmos sertanejos do Centro-Sul. Os programas de auditório
chegaram ao fim e a Rádio Nacional teve o seu prestígio em declínio.
A TV, que aparecera em 1950, pouco a pouco ia conquistando
espaço na divulgação da MPB, ficando a programação musical das
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rádios baseada quase exclusivamente na transmissão de gravação
em disco. Tinhorão (1981, apud FERRETTI, p. 65).
Além disso, na avaliação de um de seus parceiros musicais, Onildo Al-
meida17
, outro agravante da diminuição das vendas de discos de Luiz Gonzaga
era o fator preço. Enquanto os novos artistas do Brasil vendiam seus produtos
com um valor mais acessível, a RCA Victor era mais resistente, argumentava
que Gonzaga não poderia gravar uma linha popular, visto que ele era topo de
linha, por isso não viam necessidade de baratear os preços.
Nessa fase de decaimento do baião, Gonzaga sem grandes platéias nas
capitais investiu pelo interior do país, onde sempre teve muito público. Tocava
em circos, em cima de caminhões e comícios. FERRETTI (1983) afirma que
embora afastado dos horários nobres do rádio e da TV, o baião continuou sua
marcha. Continuou a gravar seus discos, embora em menor número e devido
ao baixo poder aquisitivo do seu público, seus shows eram geralmente patroci-
nados pela indústria, comércio e por políticos atuantes na região, reunindo, em
praça pública, grande número de pessoas.
Esta nova estratégia surgia com o intuito de conquistar e apostar ainda
mais em um público fiel, que sempre esteve com ele, fazendo com que, mesmo
distante dos veículos de comunicação da época, nunca deixou de se apresen-
tar e ganhar seus trocados. Era o surgimento de um novo Gonzaga, um ho-
mem de negócios.
17
Onildo de Almeida nasceu em Caruaru/PE. Foimúsico, poeta e compositor. Compôs músicas
para famosos como Gilberto Gil e Luiz Gonzaga.
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Capítulo 5
GONZAGA: O HOMEM DE NEGÓCIOS
Gonzaga estava com dificuldades financeiras e via seu baião cada vez
mais ser esquecido. Entretanto, com a nova estratégia de percorrer o país e
fazer shows na maioria das grandes cidades brasileiras, acabara conhecendo
as mais diversas tradições e histórias do país. Foi, portanto, um andarilho que
percorreu longas distâncias para divulgar suas músicas, um verdadeiro comu-
nicador ambulante.
Nesta época de pouco sucesso, Luiz Gonzaga fazia de tudo para voltar
a mídia e se fazer reconhecer novamente no mercado musical brasileiro. É im-
prescindível destacar que sua gravadora, com maior apelo empresarial, tem
importante participação nessa nova trajetória.
Por outro lado, o seu espírito empreendedor esteve sempre muito pre-
sente. No final dos anos 60, aproveitou-se de uma fofoca criada pelo produtor
artístico Carlos Imperial18
, que entrara em contato com ele no Festival de Gua-
raparí (1965), no qual dizia que os Beatles cantariam Asa Branca, para voltar a
ser manchete de jornal (FERRETTI, p. 72). Deu uma série de entrevistas sobre
possíveis interpretes de suas músicas e trouxe as atenções para si.
Luís Gonzaga deu uma gargalhada quando soube que os Beatles iam
gravar "Asa Branca", baião feito por ele e Humberto Teixeira em
1948. "Agora é que eu quero ver se os Beatles vendem mesmo", co-
mentou. "Minha gravação vendeu mais de 2 milhões de discos.". Re-
vista Veja de 11 de setembro de 1968 (disponível em:
<www.veja.abril.com.br/numero1/p_110.html>. Acesso em: 22 mai.
2013).
Nessa fase merece também destaque o surgimento de Casas de Forró
para o divertimento da juventude de classe média, saturada pelas “discotecas”,
18
Carlos Eduardo da Corte Imperial foi um produtor artístico brasileiro. Dono de personalidade
polêmica, se auto-declarava o "rei da pilantragem"
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ampliando o mercado de trabalho para os artistas ligados à música brasileira,
em especial ao gênero nordestino (FERRETTI, p. 26). Este novo meio de se
fazer sucesso surgiu em resposta às dificuldades para se gravar um disco, que
não seria tocado em programa radiofônico de maior prestígio. Desse modo,
Luiz Gonzaga resistiu aos anos de “ostracismo” a que foi condenado pela in-
dústria cultural nos anos 60 e pôde “reaparecer” na década de 70.
5.1 Luiz Gonzaga e a adaptação ao mercado
No final dos anos 70 e meados dos anos 80, a RCA Victor, principal gra-
vadora do sanfoneiro, criava uma nova estratégia mercadológica para alavan-
car o sucesso do baião. Chegava a hora de incorporar efeitos especiais, de
introduzir a tecnologia em suas músicas. Gonzaga aceitou sem discussão.
Queria se adaptar ao público que acabara de perder em decorrência do surgi-
mento dos novos ritmos musicais.
Para satisfazer a um público “mais exigente”, os discos de Luiz
Gonzaga passaram a ser gravados em muitos canais, e a contar com
participação de músicos conceituados, às vezes silenciando sua
sanfona que tantos aplausos conquistara. Em seus shows passou a
se vestir de modo mais “discreto e civilizado”. Mas, mesmo com
essas mudanças, suas músicas só tiveram acesso à FM quando
interpretadas por artista nordestino mais próximo da juventude de
classe média e mais influenciado pela cultura erudita. (FERRETTI, p.
77).
COSTA (2012) afirma que Gonzaga evoluiu bastante, adaptando-se as
tendências da moda. Nessa época ouve uma verdadeira mistura de instrumen-
tos. Violinos, cellos, bateria e baixo elétrico, totalmente estranhos à arte de Luiz
Gonzaga. Para alguns, aquilo era algo ruim, para outros apenas o aprimora-
mento de um artista popular.
Para melhor penetrar no público de classe média passou a gravar em
vários canais e a lançar seus discos em selos de luxo, e a se fazer acompanhar
de músicos mais respeitados pelos críticos de arte. FERRETTI (1983) afirma
ainda que com o decorrer dos anos, essas mudanças tornaram-se mais claras,
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em virtude de sua vinculação ao público universitário e do interesse despertado
na comunicação de massas, de onde havia sido quase afastada desde meados
dos anos 50. Foi esse novo público que o trouxe de volta à comunicação de
massa, mas não com o mesmo destaque dos anos de 40 e 50.
5.2 O empresário Luiz Gonzaga
Nos anos 70, aproveitando do sucesso em que o baião fizera em anos
anteriores, surgiram no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, as
chamadas Casas de Forró, onde aconteciam os bailes de forró. Luiz Gonzaga,
de acordo com SILVA (2003), percebendo que estes geravam bom retorno fi-
nanceiro e ainda propiciavam sua volta aos holofotes da mídia e à cena musi-
cal brasileira, criou o Forró Asa Branca, na Ilha do Governador, que acontecia
uma vez por semana. O sanfoneiro conseguia um bom retorno artístico e finan-
ceiro com a divulgação dos bailes.
Esta foi mais uma forma de resistência desenvolvida contra a música es-
trangeira, e que contou com grande participação de artistas nordestinos. FER-
RETTI (1983) afirma que na então década de 70 as Casas de Forró passaram
a ser frequentadas pelo público universitário, trabalhadores da construção civil
e empregados domésticos.
As casas de forró surgiram no Rio de Janeiro e São Paulo, como local
de divertimento de migrante nordestino, logo após o lançamento do
baião e eram frequentados por trabalhadores de construção,
empregadas domesticas e por outros segmentos das camadas
subalternas. No início dos anos 70, quando os intelectuais, desejosos
de contato com o povo, deixaram de frequentar as gafieiras, estas já
tendo perdido seu público tradicional, e numa tentativa de
sobrevivência, passaram a realizar em alguns dias da semana “noites
do forró”, tentando conquistar o público nordestino. (FERRETTI,
p.74).
Ainda segundo FERRETTI (1983), para Luiz Gonzaga as Casas de
Forró não só defendiam a música brasileira, quase sem espaço na
comunicação de massas, como também ampliavam o mercado de trabalho
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para músicos, artistas e compositores nordestinos marginalizados por tanto
tempo.
5.3 Os jingles e o garoto-propaganda
CADENA (2012) afirma que o jingle nasceu no Brasil antes da mídia em
formato de partituras distribuídas pelas casas comerciais, na década de 30.
Muitos anos depois, já com a existência do rádio como veículo, o jingle que
então se chamava de “musiquinha de propaganda”, conquistou a massa a par-
tir de músicas carnavalescas, sambas-enredos e outros gêneros.
As agências de propaganda custaram a aceitar o baião como uma opção
de ritmo para o jingle. Jingle e samba eram uma coisa só e não se imaginava
outra união. CADENA (2012) afirma ainda que Luiz Gonzaga quebrou esse
circulo vicioso gravando para varejistas do Rio de Janeiro e em seguida para o
resto do país em torno de uma centena de jingles. As empresas queriam unir
seus nomes ao sucesso do Rei do Baião, aproveitando seu enorme carisma e
apoio popular.
Luiz Gonzaga fez jingles para marca de colírio, bicicleta, banco, governo,
cigarro, comércio. Muitas vezes, rodava o Brasil em turnês patrocinadas pelas
empresas, fazendo shows gratuitos para o povo (DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
disponível em, <www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013).
Em 1951, Gonzaga assina contrato com a Colírio Moura Brasil. Este
contrato foi o primeiro de um artista popular com uma empresa, o que ocorrerá
posteriormente com a Shell, que lhe patrocina uma excursão de caminhão pelo
interior do Brasil, apresentando-se em toda cidade com mais de quatrocentos
mil habitantes (ALBUQUERQUE JÚNIOR, p. 174).
No início da década de 60, Luiz Gonzaga foi garoto-propaganda do Fu-
mo DuBom (Figuras 12 e 13), divulgando a qualidade do produto, a cultura
nordestina e aproveitando para buscar equilíbrio financeiro em razão do ostra-
cismo ao qual foi relegado em razão do advento de tendências musicais inspi-
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radas em culturas do estrangeiro, como a Jovem Guarda. Andou ainda pelo
Nordeste inteiro divulgado as Pilhas Eveready (Figura 14). Por onde a carava-
na passava, distribuía prêmios nas cidades, e as capitais eram alvo principal da
divulgação. Outro bem memorável foi o criado para o Banco Bamerindus, que
de forma bem popular, Gonzaga fala que dinheiro tem que ser bem esticado e
guardado.
CADENA (2012) afirma que durante sua vida, Luiz Gonzaga por diversas
vezes gravou jingles de campanhas para políticos importantes do cenário na-
cional e foi aí em que obteve possivelmente o seu maior recall: na campanha
para Presidente de Janio Quadros e para Governador de Carlos Lacerda em
1962. Em entrevistas, Gonzaga afirmava que não levava em consideração os
partidos políticos, mas o perfil do homem público, queria ganhar dinheiro e se
sustentar.
Nos anos 70, sem receio em falar abertamente de marcas em suas mú-
sicas, sendo elas usadas como jingles sob encomenda ou não, Gonzaga utili-
zou em seu disco “Aquilo Bom” (1972) uma divertida música que falava de um
recém proprietário de um Chevrolet que contava vantagem como forma de im-
pressionar sua mulher. A música intitulada “Meu Chevrolet”, é de autoria de
Roberto Martins*.
O auge de suas participações como garoto-propaganda aconteceu prin-
cipalmente por volta dos anos 80, quando fez vários comerciais para várias
empresas, principalmente as nordestinas, como por exemplo: Armazém Paraí-
ba, Casas Pernambucanas, Caninha da Roça, Catuaba Selvagem, Café Peti-
nho, Cuscuz Milharina, Sandálias Dupé, Bancos Banmerindus, Crush (Figura
15), Martini (Figura 16), Bicicletas Monark (Figura 17), Baú da Felicidade (Figu-
ra 18) e muitos outros.
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Figura 12 – O fumo de cabra macho (disponível em:
<www.bandofrock.blogspot.com.br/2010/09/minha-vida-e-
andar-por-este-pais.html>. Acesso em: 2 abr. 2013).
Figura 13 – Fumo Dubom (disponível em:
<www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 2
abr. 2013).
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Figura 14 – Luiz e as Pilhas Eveready (disponível em:
<www.forroemvinil.com/luiz-gonzaga-foto-da-propaganda-das-
pilhas-eveready>. Acesso em: 2 abr. 2013).
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Figura 15 – Beba Crush (disponível em:
<www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem-
gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
Figura 16 – Gonzaga e o Martini (disponível em:
<www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem-
gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
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Figura 17 – Gonzaga e a Monark (disponível em:
<www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem-
gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
Figura 18 – Baú da Felicidade (disponível em:
<www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem-
gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
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Capítulo 6
O LEGADO
Gonzaga foi o maior referencial da música nordestina. Ele foi o garoto
propaganda de maior expressão, foi o que apresentou o Nordeste pa-
ra o mundo em todas as suas nuances. Acho que se alguém nunca
ouviu Luiz Gonzaga, não sabe nada sobre o nordeste brasileiro. A-
nastácia (2012, apud SANTOS).
Quando se afirma que Luiz Gonzaga foi o maior divulgador da cultura
nordestina não é à toa. O Rei do Baião construiu uma obra que conquistou mi-
lhares de fãs no Brasil e no mundo. Não apenas como forma de publicizar o
Nordeste, Gonzaga influenciou e ensinou outras tantas pessoas a terem su-
cesso em suas vidas profissionais.
Artistas renomados como Sivuca, Marinês, Dominguinhos, Gilberto Gil,
Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Fagner, Gonzaguinha e
entre outros, abriram caminho para as atuais formas de se fazer música. Sua
musicalidade simples e lucrativa, também rompeu fronteiras. Luiz Gonzaga é
admirado por estrelas como o britânico David Byrne, e pela banda sul-coreana
Coreyah, que fez uma das mais interessantes versões para a música Asa
Branca19
.
FERRETTI (1983) afirma que apesar de registrada em discos e partitu-
ras e considerada resistente ao tempo, a música de Luiz Gonzaga sofreu ao
longo dos anos um processo de atualização, exibindo sinais de adaptação aos
diferentes momentos vividos pela MPB e, com isso, conquistando milhares de
fãs nos mais diversos públicos. A música de Gonzaga é, então, altamente ca-
paz de penetrar na imaginação das pessoas em épocas diferentes. Do mais
velho ao mais novo. Do rico ao pobre. Do popular ao erudito.
19
Consultar vídeo pelo link: www.youtube.com/watch?v=Eq8a6RVhrZ8
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A música dele significa a maior escola musical regional para o Brasil.
Até hoje toda criança quer aprender um pouco de acordeom para to-
car a Asa Branca. Ele foi o maior fenômeno nacional nordestino, e
daqui a 20 anos todo mundo vai continuar querendo tocar o Gonza-
gão. Calixto (2012, apud SANTOS).
Como ensinamento para os dias de hoje, Gonzaga foi um artista capaz
de interpretar de tal forma um estilo musical, que, além disso, era simplesmen-
te o maior representante de uma região. Além de interprete, era também can-
tor, sanfoneiro, compositor e mais do que tudo isso, um “homem show”, capaz
de conquistar atenções de qualquer público.
A valorização da cultura nordestina, desde os anos áureos de sucesso
do Rei do Baião até os dias correntes, foi um dos mais importantes legados
deixados pelo artista para a sociedade atual. A questão do preconceito, sobre-
tudo em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo, contra o
nordestino é um fato presente cada vez maior em nosso dia-a-dia. A partir do
momento em que um artista popular emerge do desconhecido e leva consigo
até seu leito de morte um sentimento de valorização e orgulho das suas raízes
é de fato um grande e importante passo para a igualdade de respeito da socie-
dade atual. Luiz Gonzaga lutou, carregou e disseminou a imagem do Nordeste
para o Brasil e para o mundo. Transformou até então o desconhecido em algo
belo e capaz de despertar a imaginação de milhares de pessoas, até mesmo
daquelas que nunca antes tivera algum contato com a cultura nordestina.
Em decorrência disso, tem-se o fato de que Luiz Gonzaga através de to-
da essa cultura e conhecimento do Nordeste que ele difundiu no Centro-Sul do
Brasil, acabou por mostrar também as mazelas e problemas sociais enfrenta-
dos pelo povo sofredor da região. Cantou como ninguém a alegria e os proble-
mas do nordestino. Pôs a tona todo o processo de esquecimento por parte dos
governantes com relação ao Nordeste. Era, de fato, o seu representante maior,
o ídolo desta nação.
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FERREIRA (2010), afirma que Luiz Gonzaga revolucionou o imaginário
do povo brasileiro, fez se introduzir o nordestino na identidade nacional. Tradu-
ziu e acrescentou símbolos nordestinos ao seu vasto repertorio musical.
Luiz Gonzaga, por meio da sua música, deu origem a uma das mais
significativas representações da cultura brasileira. [...] Há quem diga
que o Nordeste, tal qual o compreendemos, foi uma invenção de Seu
Lua. A grandeza de sua obra fez dele um dos representantes mais i-
lustres da cultura brasileira, pelo que dela ele soube traduzir e o que
a ela soube, com sua genialidade, acrescentar. FERREIRA (disponí-
vel em: <www.gazetaonline.globo.com>. Acesso em: 21 mai. 2013).
Com o Baião, Luiz encontrou nos arquivos da memória os instrumentos
musicais para compor uma orquestra diferenciada, com o sotaque de sua terra,
criando o trio de sanfona, zabumba e triângulo. Desta forma, ele firmou a iden-
tidade nacional brasileira contra o invasor estrangeiro. Defendeu e resistiu for-
temente às culturas de fora, manteve viva a cultura popular do seu povo, ensi-
nou aos seus fãs como compreender e valorizar suas raízes. Preservou o natu-
ral e o puro.
Atualmente, vê-se ainda a valorização da obra de Gonzaga como forma
de transcender os limites musicais e invadir o espaço educacional do país. No
Sergipe, por exemplo, há um projeto20
que visa desenvolver os conhecimentos
dos alunos através das letras das músicas de Luiz Gonzaga, que além de ser
uma atividade prazerosa, contribui para o enriquecimento cultural, social e his-
tórico destes alunos.
Assim, a discografia de Luiz Gonzaga constitui um excelente material
didático diversificado para a formação de alfabetizadores, pois inter-
preta e demonstra o Nordeste de forma realista. Dessa forma, pode
ser utilizada para a abordagem da Língua Portuguesa, História, Geo-
grafia, Matemática, Ciências e Arte de forma interdisciplinar. ALMEI-
DA (p. 9).
20
Fonte: ALMEIDA, José Augusto de. Luiz Gonzaga para alfabetização de jovens e adultos
- Curso de formação de Alfabetizadores. Disponível em:
<www.cereja.org.br/arquivos_upload/LuizGonzaga_JoseAugustoAlmeida.pdf>. Acesso em: 2
abr. 2013.
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Somado a isso se ressalta ainda a questão da indústria do forró atual e
as suas várias interpretações. Um mercado em crescente desenvolvimento que
vai tomando conta da região Nordeste e se espalhando para as demais. Tudo
isso evidenciado em decorrência da obra de Luiz Gonzaga.
O poder de atingir às multidões, tanto na forma de entretenimento
popular como de geração de renda, não encontra limitações desde
seu advento. É difícil mensurar os números que envolvem esse seg-
mento, especialmente no que concerne ao faturamento das bandas.
Esse nicho de mercado não surgiu tão repentinamente. Foi fruto e
consequência de um trabalho de divulgação de Luiz Gonzaga [...] Fa-
zendo com que houvesse o que muitos especialistas chamam de ca-
deia produtiva do forró. Um mercado em ascensão e reprimido e que
agora se mostra para o mundo e agrega valor aos negócios. ALEX
(2012).
Tanto na forma de entretenimento, como de geração de renda, o ritmo
não encontra limites para atingir as multidões. O forró já domina a comunicação
de massas do país, assim como fazia Luiz Gonzaga com o seu baião desde a
década de 40. A indústria forrozeira aprendeu a se desenvolver e se reconhe-
cer, sucedeu-se ao ritmo lançado pelo Rei do Baião e adaptou-se às novas
tendências. Depois, sucede-se toda a rede que dá suporte e visibilidade às
bandas, como meios de comunicação, gravadoras, estúdios, gráficas, entre
outros.
Ainda com relação ao cenário atual, Luiz Gonzaga, que morreu em 2 de
agosto de 1989, completaria em 2012 o centenário de seu nascimento, ganhou
um filme sobre sua biografia. Gonzaga - de pai pra filho, que chegou aos cine-
mas em outubro e mostrou como era a relação entre ele e o filho Gonzaguinha.
Foi um filme altamente emocionante, que fez com que a nova geração passas-
se a conhecer – ainda – mais a vida e obra deste grande ídolo brasileiro.
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Capítulo 7
CONCLUSÃO
O sucesso conquistado por Luiz Gonzaga é de fato extremamente rele-
vante para o cenário musical e empresarial atual. Sua forma criada para con-
quistar mais adeptos é uma estratégia que deveria ser praticada até os dias de
hoje. Com uma visão altamente empreendedora, Gonzaga aliou sua vida pro-
fissional aos seus costumes, mostrou e ensinou para o mundo como se valori-
zar a cultura do seu povo e utilizar isso para obter reconhecimento. Criou práti-
cas em que a sociedade deveria se espelhar para se fazer desenvolver. Luiz
Gonzaga ajudou, dentre outras coisas, a diminuir o preconceito para com os
nordestinos, mostrou para o homem do Sul o valor da sua terra, se utilizou dos
meios de comunicação de massa para atingir cada vez mais fãs. Criou elemen-
tos essenciais para o se fazer reconhecer, as roupas, a música, os elementos
nordestinos, tudo era de extrema razão e importância.
No cenário empresarial, Luiz Gonzaga contribuiu para que surgisse uma
nova forma de se administrar, ensinou a contornar crises, a ganhar dinheiro por
meio de práticas simples e eficientes, a ser reconhecido na mídia, além de vá-
rios outros legados. Bem além do forró, baião ou xote, o fazer musical deste
ícone nacional, desde a década de 50, contribuí atualmente também para ou-
tros ritmos culturais do país.
É importante destacar que além do lado empresarial de sucesso, Luiz
Gonzaga com toda sua simplicidade sempre amou sua terra e seu povo de
forma incondicional, dedicou sua vida para apresentar sua região. Imortalizou
a fauna, a flora e o povo nordestino. Foi o verdadeiro “herói” de um povo sofri-
do que enfrentava o esquecimento dos seus governantes. Trouxe as atenções
do mundo para a realidade enfrentada pela população nordestina que sempre
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batalhou e suou para resistir aos preconceitos de um país de diferentes cultu-
ras. A importância de Luiz Gonzaga é tão grande que mesmo depois de vinte e
quatro anos de sua morte, o legado deixado continua sendo passado de gera-
ção em geração.
Mesmo que sua obra sofra constantes modificações e atualizações pelas
bandas atuais de forró, a essência deixada por ele será sempre levada e difun-
dida pelos quatro cantos do país. O que se pode indagar aqui é o fato de que
esta nova forma de se fazer o forró representa realmente a cultura regional de
um povo ou apenas um artificialismo destinado ao consumo de um segmento
que não contribui para a identidade cultural brasileira? Não interessa. O que
merece destaque mesmo é a forma de integração da cultura popular nordestina
à comunicação de massa, que vem se atualizando e adaptando, através do
tempo, assim como fazia Luiz Gonzaga, que desenvolveu um trabalho de con-
tínua reelaboração atualizando-se e adaptando-se aos seus diferentes públi-
cos. Fato este olhado com respeito por uns, por sua modernização que acom-
panha os rumos da globalização, e criticada por outros, como longe da fidelida-
de às raízes da cultura brasileira e sua vinculação à cultura do povo nordestino.
Embora alguns poucos autores escrevam sobre o tema em questão, dis-
sertando sobre este lado desconhecido, até então, pela sociedade atual, há
uma carência grande e principalmente pouco acessível de materiais. Nota-se
que consultando fontes modernas de pesquisa, as pessoas não se interessam
de fato por saber como e porque Luiz Gonzaga conseguiu fazer tanto sucesso,
ou como ele contribuiu para criar uma identidade nordestina. No desenvolver
deste trabalho foram presenciadas situações em que houve um total desinte-
resse por parte destas pessoas da nova geração que focam apenas no que já
foi dito e não procuram a falar sobre o desconhecido. Não contribuindo, desta
forma, para uma riqueza maior ainda de ensinamentos que o artista nos dei-
xou.
Para terminar, é de se notar a extrema importância dos estudos com re-
lação ao lado “publicitário” ou simplesmente empresarial do eterno Rei do Bai-
ão. Mesmo que quase tudo tenha sido de forma intuitiva, sem estudos acadê-
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micos, sua maneira de como gerir um negocio necessita de uma atenta análise
e interpretação. Assim como suas músicas eternizadas pela sociedade, deverí-
amos focar também na sua forma empreendedora que o fez se tornar por mui-
tos anos uma febre em todo o território nacional. Seu legado é vasto e comple-
xo, para que se tenha uma real interpretação de seus ensinamentos, a nova
geração deve seguir a linha de pensamento deste trabalho e contribuir, desta
forma, não só para suas vidas acadêmicas, mas também para com uma socie-
dade igualitária e menos preconceituosa.
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8 REFERÊNCIAS
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tras artes. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011
ALEX, Sergio. O legado de Luiz Gonzaga (conhecido como Seu Lua). Dispo-
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ALMEIDA, José Augusto de. Luiz Gonzaga para alfabetização de jovens e
adultos - Curso de formação de Alfabetizadores. Disponível em:
<www.cereja.org.br/arquivos_upload/LuizGonzaga_JoseAugustoAlmeida.pdf>.
Acesso em: 2 abr. 2013
ARENA CASTELÃO. Disponível em: <www.arenacastelao.com>. Acesso em:
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AUGUSTO, Carlos. Obra de Luiz Gonzaga se eterniza. Disponível em:
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BARROS, Rone. Brasil comemora hoje, o Dia Nacional do Forró. Disponível
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em: <http://www.bvsde.paho.org>. Acesso em: 05 mar. 2013
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baião em comerciais de rádio. Disponível em:
<www.ibahia.com/detalhe/noticia/o-jinglista-luiz-gonzaga-ouca-registros-raros-
do-rei-baiao-em-comerciais-de-radio>. Acesso em: 21 mar. 2013
CARDOSO, Tayguara Torres. História oral e desenvolvimento do nordeste:
análise de um debate. Disponível em: <http://www.fiocruz.br>. Acesso em: 14
mar. 2013
COSTA, Jean Henrique. Luiz Gonzaga: entre o mito da pureza musical e a
indústria cultural. Disponível em: <www.periodicos.uem.br>. Acesso em: 3 mar.
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42
CORREA, Nondas. O marketing de Luiz Gonzaga na década de 50, ainda
serve para hoje? Disponível em: <http://fe.epaentretenimento.com>. Acesso
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em: <http://blogs.diariodepernambuco.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2013
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sua atualização na década de 70. Natal, RN, 1983. 252p. Dissertação (Mestra-
do em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Univer-
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FOLHA DE PERNAMBUCO. Em meados de 80, gravadora muda estratégia.
Disponível em, <www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013
KORNIS, Mônica Almeida. O Brasil de JK: sociedade e cultura nos anos 1950.
Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br>. Acesso em: 05 mar. 2013
LEAL, Aline. Gonzaga foi, antes de tudo, um marqueteiro, diz o afilhado.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/>. Acesso em: 21 mar. 2013
LÚCIO, Antônio. Os movimentos culturais nos anos 1950/60. Disponível em:
<http://www.uni-vos.com>. Acesso em: 05 mar. 2013
MENDES, Felipe. Luiz Gonzaga: o inventor do nordeste. Disponível em:
<http://www.especiais.leiaja.com/oinventordonordeste/>. Acesso em: 06 mar.
2013
MARCELO, Carlos; RODRIGUES, Rosualdo. O fole roncou! Uma história do
forró. Rio de Janeiro: Zahar, 2012
MORAES, Jonas Rodrigues de. “Truce um triângulo, no matulão (...) xote,
maracatu e baião”: a performance musical de Luiz Gonzaga. Disponível em:
<http://www.programabolsa.org.br/pbolsa/pbolsaTeseFicha/arquivos/tese_jonas
_rodrigues_de_moraes.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013
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Curso de Publicidade e Propaganda
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43
NITAHARA, Akemi. Cultura nordestina foi descoberta por causa de Luiz
Gonzaga. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2013
PRATES, Carlos. Aprendendo com Luiz Gonzaga e a sua genialidade. Dis-
ponível em: <http://www.ibahia.com/>. Acesso em: 21 mar. 2013
QUEIROGA, Onaldo. Por um forró autêntico. Disponível em:
<http://www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 17 mar. 2013
REVISTA VEJA. Gonzaga, a volta do baião. Disponível em:
<www.veja.abril.com.br/numero1/p_110.html>. Acesso em: 22 mai. 2013
SANTANA, Ana Lucia. Baião. Disponível em: <http://www.infoescola.com>.
Acesso em: 04 mar. 2013
SATO, Adriana KeiOhashi. et al. Bossa Nova: música e contexto sócio-cultural.
São Paulo: 2005. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/>. Acesso em: 13
mar. 2013

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Monografia - Luiz Gonzaga: Uma visão publicitária

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PUBLICIDADE E PROPAGANDA RENAN MEIRA DE MORAIS LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA NATAL/RN 2013
  • 2. ii RENAN MEIRA DE MORAIS LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA Monografia apresentada na Disciplina de Comunicação e Cultura como requisito bási- co para a apresentação do TCC do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Luís Roberto Rossi Del Carratore. NATAL/RN 2013
  • 3. iii RENAN MEIRA DE MORAIS LUIZ GONZAGA: UMA VISÃO PUBLICITÁRIA Este trabalho foi julgado adequado e aprovado para a obtenção do título de graduação em Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, ___ de __________de 2013 _____________________________________ Prof. Dr. Aryovaldo de Castro Azevedo Júnior Coordenador do Curso de Comunicação Social BANCA EXAMINADORA: _____________________________________ Prof. Dr. Luis Roberto Rossi Del Carratore Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador _____________________________________ Prof. M. Sc. Ana Cecília Aragão Gomes Universidade Federal do Rio Grande do Norte Banca _____________________________________ Prof. Dr. Sebastião Faustino Pereira Filho Universidade Federal do Rio Grande do Norte Banca
  • 4. iv DEDICATÓRIA À minha família, que me apoiou da maneira que pôde. Aos amigos e namorada que me incentivaram na escolha do tema, não esquecendo também dos professores que por mais que não estivessem tão pre- sentes, sempre contribuíram com di- recionamentos importantes. Dedico também e principalmente aos que não me deram valor, agradeço pelas criticas.
  • 5. v SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 01 2 LUIZ GONZAGA E A CULTURA NORDESTINA ........................................ 03 3 O MARKETING INTUITIVO DO REI DO BAIÃO ......................................... 05 3.1 Luiz Gonzaga e o rádio ....................................................................... 05 3.2 Os migrantes nordestinos .................................................................... 07 3.3 As parcerias ......................................................................................... 09 3.4 A estratégia sonora ............................................................................. 10 3.5 A estratégia visual .............................................................................. 12 3.5.1 O vaqueiro ................................................................................. 12 3.5.2 O cangaceiro ............................................................................. 14 3.5.3 As capas dos LP’s ..................................................................... 16 3.6 A generosidade de um artista popular ................................................ 18 3.7 Luiz Gonzaga canta para o Papa ....................................................... 19 3.8 Gonzagão se apresenta na França .................................................... 21 4 O DECLINIO DO BAIÃO (FINAL DA DÉCADA DE 50) .............................. 23 5 GONZAGA: O HOMEM DE NEGÓCIOS ..................................................... 25 5.1 Luiz Gonzaga e a adaptação ao mercado .......................................... 26 5.2 O empresário Luiz Gonzaga ............................................................... 27 5.3 Os jingles e o garoto-propaganda ...................................................... 28 6 O LEGADO ................................................................................................... 34 7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 38 8 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 41
  • 6. vi LISTA DE FIGURAS Figura 1 – De gibão e chapéu de couro ........................................................... 13 Figura 2 – O Vaqueiro Gonzagão .................................................................... 13 Figura 3 – A indumentária dos cangaceiros .................................................... 15 Figura 4 – O Cangaceiro Gonzagão ................................................................ 15 Figura 5 – Capa do disco “Ô Véio Danado” ..................................................... 17 Figura 6 – Capa do disco “Danado de Bom” ................................................... 18 Figura 7 – O Papa e o Rei do Baião ................................................................ 20 Figura 8 – “O Cantador” ................................................................................... 20 Figura 9 – Gonzagão se apresenta em Paris .................................................. 21 Figura 10 – Em Paris, no Teatro Bobinot ......................................................... 22 Figura 11 – Nas ruas de Paris ......................................................................... 22 Figura 12 – O fumo de cabra macho ............................................................... 30 Figura 13 – Fumo Dubom ................................................................................ 30 Figura 14 – Luiz e as Pilhas Eveready ............................................................ 31 Figura 15 – Beba Crush ................................................................................... 32 Figura 16 – Gonzaga e o Martini ..................................................................... 32 Figura 17 – Gonzaga e a Monark .................................................................... 33 Figura 18 – Baú da Felicidade ......................................................................... 33
  • 7. vii MORAIS, Renan Meira de. Luiz Gonzaga: uma visão publicitária. Monografia apre- sentada à Coordenação de Graduação em Comunicação Social da Universidade Fe- deral do Rio Grande do Norte, Natal, 2013. RESUMO: As discussões sobre a temática do centenário de Luiz Gonzaga representada no ano de 2012 faz surgir uma necessidade de interpretação sobre como o ar- tista conseguiu adentrar e permanecer até os dias de hoje no imaginário das pessoas que direta ou indiretamente tiveram algum tipo de contato com sua obra. O presente trabalho discorre sobre a questão mercadológica deste ícone nacional, suas estratégias e ações visando uma maior visibilidade, embora mui- tas vezes por apenas intuição, bem como sua história e trajetória até chegar ao ponto de ser considerado o Rei do Baião. Foram analisadas obras de autores brasileiros renomados, como a maranhense Mundicarmo Ferretti e o paraibano Durval Muniz, que discorrem de interpretações sobre a vida e obra deste gran- de artista popular brasileiro e que trazem diversas informações relevantes que se juntas, servem de grande legado e conhecimento para a área da comunica- ção publicitária da atualidade, bem como para o mercado de trabalho como um todo, que visa se desenvolver e ser notado. Trata-se de uma monografia de- senvolvida na perspectiva da comunicação de massas, da década de ouro do rádio, do se fazer reconhecer, abordando em seus aspectos as categorias da identidade nacional, a cultura do povo nordestino, o imaginário, a resistência, o capitalismo, a difusão dos ideais de uma região. Enfim, este trabalho se cons- trói numa forma de se fazer conhecer o legado deixado por Luiz Gonzaga, con- tribuindo de forma relevante para com a sociedade acadêmica, empresários, artistas e pessoas que de alguma forma se tornaram fã incondicional do artista. Palavras-chave: Luiz Gonzaga; Estratégias; Comunicação de Massas; Lega- do.
  • 8. viii MORAIS, Renan Meira de. Luiz Gonzaga: an advertising view. Monograph presented to Social Comunication Graduation Coordination of Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2013. ABSTRACT: The discussions about the Luiz Gonzaga’s centenary represented in 2012 rases a needing of interpretation about how the artist was able to enter and keep until today in the people’s mind who directly or indirectly had made some kind of contact with his work.This work is about the marketing question of this national icon, his strategies and actions directed to increase his image, although lots of time just for intuition, as well as his history and path until be considered de King of Baião.The works of renowned brazilian authors were discussed, for example the citizen of Mundicamo Ferreti and the citizen of Durval Muniz, that discorrem of interpretation about the life and work of this great brazilian popular artist and that brings a lot of relevant information that, toghether, can serve of a great leg- acy and knowledge for the advertising comunication area nowadays, as well as the labour market as a whole, which develop and it is noticed.It’s about a mo- nograph developed in the perspective of the mass communication, the radio golden decades, the recognizing, also discussing in its aspects the categories of national identity, the culture of the northeastern people, the imaginary, the resistance, the captalism, the difusion of the ideals of the area.This work build itself in a way of recognize the legacy left behind for Luiz Gonzaga, contribuing in a relevant way towards the academic society, entrepreneurs, artists and people who, anyway, became inconditional fan of this great artist. Keywords: Luiz Gonzaga; Strategies; Mass Comunication; Legacy.
  • 9. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 1 Capítulo 1 INTRODUÇÃO Nascido na cidade de Exu/PE, no dia 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga teve seu auge em meados de 40 e 50. Sempre se utilizando de estra- tégias para alavancar seu sucesso, muitas vezes sem instrução, mas que levou o nome do Nordeste para o Brasil e para o mundo. Bem além do fato de cantar o dia-a-dia do nordestino, Luiz Gonzaga criou uma série de meios para difundir e publicizar sua imagem. Gonzaga foi um grande marqueteiro, mas claro, muito antes que a expressão se tornasse comum no país, ele já se utilizava de técni- cas das quais são corriqueiramente utilizadas nos dias de hoje por artistas bra- sileiros. Lua, menino pobre nascido no semi-árido pernambucano, semi- analfabeto, foi o primeiro grande idealizador no Brasil de uma carreira recheada de show business, sucesso e reconhecimento profissional. É fato notar que sem os meios de comunicação que temos nos dias atu- ais, Gonzaga já se fazia de tudo para fixar a sua “marca” no cenário musical. Várias sacadas importantes para a sua carreira servem de inspiração até os dias de hoje. O que falar das estratégias visuais em suas indumentárias e ca- pas de LP’s, dos bicos como garoto-propaganda e das campanhas pessoais para atrair mais adeptos ao baião? É interessante destacar também que na maioria destas ações, Luiz Gonzaga, por muitas vezes junto com suas grava- doras, as faziam como resposta ao declínio que enfrentou o baião no final dos anos 50. Era uma forma de contornar a crise instaurada em sua carreira devido ao surgimento de novos ritmos musicais, como o samba e a bossa nova, ou para resistir às ameaças dos produtos estrangeiros em invadir o mercado brasi- leiro da época. A proposta deste trabalho é apresentar uma análise diferenciada do que se vê corriqueiramente em nosso dia-a-dia sobre o Rei do Baião. Bem além de
  • 10. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 2 contar sua vida e obra, segue uma linhagem de certo modo desconhecida, que serve para atribuir informações pertinentes para a área de comunicação. O fato de suas músicas, roupas e costumes terem sido de grande relevância e impor- tância não só para a cultura nordestina, como também para a brasileira, des- perta um interesse com relação ao lado “publicitário”, mesmo que intuitivo, des- te ícone nacional. Tornar público este lado desconhecido por muitos do nosso Rei do Baião faz com que a sociedade acadêmica, os fãs e simpatizantes ab- sorvam ainda mais conhecimento e admiração por ele. Destaca-se também o fato de que por não existir um veiculo de informa- ção que trate especificamente do lado empresarial e publicitário– intuitivo -de uma figura tão ilustre para o cenário nacional, torna o estudo de alta relevância. Bem como para notarmos a importância que a publicidade já tinha a partir da década de 50, e aprendermos como unir talento e planejamento estratégico em busca de um ideal de sucesso. Já que muitos autores vêem Luiz Gonzaga co- mo figura midiática que carregou o nome do nordeste por onde passou, é de extrema importância o estudo do caso em uma visão mais acadêmica, uma analise inédita que trará conclusões e interpretações relevantes para o merca- do atual nordestino do forró e de outros produtos e serviços da região. Na presente monografia procura-se identificar na história da integração da música nordestina à comunicação de massa, os fatores que permitiram a inserção de um artista popular, destaca-se também o seu poder de gerencia- mento de crises no final dos anos 50, quando em declínio, o baião caiu no es- quecimento popular por alguns anos, bem como suas estratégias para se fazer presente cada vez mais no território nacional, permanecendo até mesmo nos dias atuais, vinte e quatro anos após sua morte. Destaca-se também o seu po- der de gerenciamento de crises no final dos anos 50, quando em declínio, o baião caiu no esquecimento popular por alguns anos.
  • 11. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 3 Capítulo 2 LUIZ GONZAGA E A CULTURA NORDESTINA De origem pobre, o pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento, ou simplesmente Lua1 , apelido de infância, nasceu e cresceu em uma região onde a seca reinava. Nessas terras, mais exatamente no começo do século 20, no Exu – sertão pernambucano -, nascia Luiz Gonzaga em 13 de dezembro de 1912. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, "sanfoneiro de 8baixos" e Ana Batista de Jesus. O casal teve oito filhos. Luiz Gonzaga desde menino já tocava sanfona. Aos 13 anos, com dinheiro emprestado compra sua primeira sanfona. Para contrariedade de sua mãe Santana (como era mais co- nhecida), Luiz passou a acompanhar o pai nas festas da região. Segundo MARCELO e RODRIGUES (2012), de 1920 a 1929, o jovem sanfoneiro acom- panhou seu pai e ganhou muita experiência, observava com atenção a reação dos convidados aos números que fazia. Ainda em 29, por causa de um namoro proibido pela família da moça, Luiz Gonzaga foge para a cidade do Crato no Ceará. E em 1930 vai para Forta- leza, onde entra para o exército. Lá passou a ser o corneteiro da tropa e teve aulas de sanfona com o soldado Domingos Ambrósio, saindo nove anos depois rumo ao Rio de Janeiro, onde se apresentava em bares, cabarés e programas de calouros. A partir daí, ao contrário do que se imaginara, sua ligação com o Nor- deste em muito se fortaleceu. Reunindo qualidade de compositor, instrumentis- ta e cantor à rara capacidade de comunicação com o público, Luiz era um e- xemplo de artista do povo que conseguiu penetrar na comunicação de massa 1 Ao longo da sua vida teve vários outros pseudônimos, tais como: Gonzagão, Gonzaga, Lula, “Rei do Baião”, entre outros.
  • 12. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 4 sem afastar sua música das raízes e da atmosfera que envolve as coisas do povo do Nordeste (FERRETTI, 1983, p. 81). Luiz Gonzaga surgiu para o Brasil num momento privilegiado. A indústria radiofônica já era não era mais a mesma, tinha se desenvolvido. Apresentava alto nível de qualidade e elaboração. O baião ficou por muitos anos na boca do povo, era o som da moda no país. Entretanto, no final dos anos50, com o sur- gimento da televisão, Luiz Gonzaga e seu estilo musical era sido esquecido, surgia a Bossa Nova e a Jovem Guarda. Em decorrência do declínio instaurado no baião, destaca-se o fato da capacidade do “Rei do Baião” em contornar a crise. Criou algumas estratégias, se adaptou e fortaleceu novamente sua imagem. Nesta fase é interessante destacar que Gonzaga começou a introduzir elementos que antes não faziam parte de sua trajetória, elementos estes até então desconhecidos à cultura nor- destina. Violinos, bateria e instrumentos elétricos foram adaptados ao baião. Destaca-se também o fato de que, mesmo com essa nova roupagem, Luís nunca abandonou suas origens e sempre esteve levando a cultura do Nordeste por onde quer que fosse. Em 21 de junho de 1989 Luiz Gonzaga foi internado no Recife, no Hospi- tal Santa Joana, sofria de osteoporose há alguns anos, e no dia 2 de agosto faleceu vitima de parada cardiorrespiratória. Deixou, além de inúmeros amigos e parceiros, seu vasto legado de ensinamentos musicais e empresariais para a sociedade brasileira. No ano de 2012, o mito estaria completando 100 anos de vida. Em decorrência deste marco, várias homenagens foram-lhe prestadas, como, por exemplo, a criação do Dia Nacional do Forró2 . A data é uma home- nagem ao dia do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. 2 Foi instituído pela Lei nº 11.176, sancionado pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 2005, e teve origem no projeto de Lei nº 4265/2001, de autoria da deputada federal Luiza E- rundina (PSB/SP). BARROS (2011, disponível em: <www.primeiraedicao.com.br>. Acesso em: 22 mai. 2013)
  • 13. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 5 Capítulo 3 O MARKETING INTUITIVO DO REI DO BAIÃO 3.1 Luiz Gonzaga e o rádio No governo de Getúlio Vargas, mas precisamente na década de quaren- ta, o rádio era o principal veículo de comunicação de massas da época, desta forma, era pensado como o meio capaz de produzir não só a integração nacio- nal, com o encurtamento das distâncias e diferenças entre suas regiões, mas também como capaz de produzir e divulgar a cultura nacional, embora fosse um veiculo de fato comercial, sustentado pela propaganda. A modernização do Brasil, a partir das ondas do rádio e da indústria do disco se consolidou neste período. Rádio, indústria fonográfica e imprensa colaboraram nesse processo de modernização. Segundo FERRETTI (1983), o rádio deu início ao seu período de ouro após o suicídio de Vargas, em 1954, em um período de crise nacional. Este meio de comunicação passou a atingir as cidades e o público do interior de di- versos pontos do país, assumindo grande importância no lazer das pessoas menos favorecidas. O rádio impôs uma nova educação musical e auditiva, produzindo uma nova escuta social. O radinho de pilha, de acordo com ALBUQUERQUE JÚ- NIOR (2011) era símbolo de integração dos migrantes com o espaço urbano, sendo um veículo de integração ao novo espaço social e cultural que viviam. A ascensão do rádio possibilitou o desenvolvimento massivo não apenas do samba nos anos 30, mas também do baião após os anos 1950. FERRETTI (1983) afirma ainda que a influência do rádio já se mostrava benéfica para o disco, uma vez que, projetando os artistas, estimulava a venda de suas grava- ções, e não tardou a ser usado como veículo de propaganda política. O rádio
  • 14. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 6 tem papel decisivo na difusão musical, fazendo os sucessos e orientando, de certo modo, o que deve ser gravado e consumido – daí as manobras das gra- vadoras no sentido de criar estratégias visando o lucro. O primeiro contato de Luiz Gonzaga com o principal veículo de comuni- cação da época, o rádio, foi em 1940, quando ainda não era reconhecido na- cionalmente. Gonzaga participava como músico dos programas de calouros de Ary Barroso3 , o que lhe rendia uns poucos tostões. Segundo ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011), foi neste programa, na Rádio Nacional, que em 1940, após executar a música Vira e Mexe, conquista a nota máxima e é contratado pela rádio que reunia artistas de todos os lugares. Em 1946, através da parceria com o compositor Humberto Teixeira4 , Gonzaga lança a música Baião, ritmo que seria até o ano de 1954 o de maior sucesso no país e com repercussão até no exterior. É importante destacar que o baião, como afirma FERRETTI (1983), já era um ritmo tradicional no Nordeste, mas até então desconhecido no Cen- tro-Sul. E que, apesar de se vincular à indústria cultural, essa vinculação, longe de ter provocado na música tradicional do Nordeste um impacto negativo, rea- vivou o gosto do povo pelo seu próprio cancioneiro. Gonzaga fez parte de uma geração de artistas da chamada Música Po- pular Brasileira, que tinha as camadas populares como seu maior foco. Uma música comercial, que tinha no rádio o seu principal veículo. De acordo com MORAES (2009), na época de Luiz Gonzaga, as emissoras de rádio apresen- tavam diferentes estilos musicais, em São Paulo, por exemplo, predominavam programas de ópera e música erudita direcionados para a elite, enquanto nas emissoras do Rio de Janeiro os programas tinham caráter mais popular. Somado a tudo isso, o sucesso de Gonzaga coincidiu com o período de instalação da ditadura do Estado Novo (1937-1945) de Vargas, que dentre ou- tras medidas, apoiava e incentivava os ritmos e culturas regionais do Brasil. 3 Ary de Resende Barroso nasceu no Rio de Janeiro e se tornou compositor e radialista brasilei- ro de música popular. 4 Humberto Cavalcanti Teixeira, advogado, deputado federal e compositor brasileiro. Conhecido como parceiro de Luiz Gonzaga e pelo grande sucesso com a composição da música “Asa Branca”, lançada em 1947.
  • 15. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 7 Entre um frágil Nordeste do ponto de vista social e uma crescente indústria fo- nográfica germinava o criador do forró, que antes desta divulgação pelo rádio, não era quase conhecido em outras regiões brasileiras. O rádio foi o instrumento mais importante para o projeto estratégico de divulgação da música regional pelo país. Como cita MORAES (2009), sinteti- zando ritmos, Gonzaga e Humberto Teixeira deram maior publicidade ao baião. FERRETTI (1983) complementa afirmando que entre 1948 e 1954 o baião tor- nou-se o ritmo da moda, conquistando interpretes, compositores e dominando o mercado de música popular brasileira. Entretanto, tudo isso se deve à força de uma grande parcela da população brasileira que migrou para o Centro-Sul. Com destaque aos nordestinos, que saíam da sua terra natal em busca de me- lhores condições de vida em São Paulo e Rio de Janeiro. 3.2 Os migrantes nordestinos Em 1930, de acordo com FERRETTI (1983), devido não só a crises na agricultura, mas também, à expansão urbano-industrial, o governo do Presidente Getúlio Vargas, iniciado naquele ano, foi marcado por grande transferência de população do campo para a cidade e de migração nordestina para o Centro-Sul. A melhoria dos transportes e dos meios de comunicação, como: correios, jornais de circulação nacional e, principalmente, a presença do rádio, tornou as noticias das oportunidades no Sul, constantemente propagandeadas por governos e instituições interessadas na atração desta mão de obra. Era um estimulo crescente para a migração. Se aproveitando disso, Luiz Gonzaga viu surgir seu mercado em potencial, mas para isso tinha que criar uma forma de atingi-los. Para ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011), Luiz Gonzaga se tornou aquele artista capaz de atender à necessidade do migrante de escutar coisas familiares, sons que lembravam sua terra, sua infância. O sucesso de suas músicas entre os migrantes participa da própria solidificação de uma identidade regional entre indivíduos que são igualmente marcados, nestas grandes
  • 16. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 8 cidades, por estereótipos como o do “baiano” em São Paulo e do “paraíba” no Rio. Gonzaga usou o rádio como meio e os migrantes nordestinos como público. FERRETTI (1983) afirma que a música nordestina converteu-se num foco de resistência à dominação estrangeira e, com isso, o baião, lançado em disco pela primeira vez em 1946, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, passou a dominar a MPB. Reinou por alguns anos como a música da moda brasileira, de canto a canto do país ouvia e se dançava o baião, a dupla de sucesso se tornava os queridinhos da população carente de representantes. É de fato interessante destacar que o sucesso de Luiz Gonzaga foi fruto de uma série de códigos que atendia ao consumo crescente de signos nordestinos e regionais da época, buscando produzir uma sensação de proximidade com a terra natal dos migrantes. Para FERRETTI (1983) uma vez que a música de Luiz Gonzaga se apoiou na cultura do povo de baixa renda, tornou-se, na década de 50, conhecida em todo o território nacional, se transformando em ritmo da moda, conquistando compositores e intérpretes tanto do Nordeste como do Sul, e Luiz Gonzaga, devido a sua simpatia e comunicação com o público, foi por ele aclamado “Rei do Baião”. Segundo a revista Nosso Século (1980, apud FERRETTI, 1983, p. 57), o anuário do IBGE de 1953 registrava a população da cidade do Rio de Janeiro como de 1.533.698 habitantes, dos quais 121.923 eram nordestinos e 114.214 eram mineiros. ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011) afirma ainda que existia em Luiz Gonzaga uma estratégia em seu trabalho, que era a de fixar uma dada imagem do Nordeste no Sul. Sua visão popular nordestina foi aliada, ao mesmo tempo, a todo um trabalho de divulgação e criação de formas musicais que partiam de matérias de expressão, vindas do Nordeste, tornando-as formas destinadas ao mercado de discos e shows. É interessante destacar também que a indústria do disco contribuiu de forma marcante nesta estratégia, ou seja, o rádio teve papel decisivo na difusão musical Gonzagueana. Fazendo os sucessos e orientando, de certo modo, o que devia ser gravado e consumido, o meio radiofônico buscava sempre o lucro.
  • 17. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 9 3.3 As parcerias Primeiramente é importante destacar que a questão das parcerias que Luiz Gonzaga apresentava tem dois pontos distintos. Familiares de alguns des- tes parceiros, dos compositores, para ser mais preciso, afirmam que Luiz Gon- zaga em nada contribuía no processo criativo das obras. Por outro, vários pes- quisadores afirmam que suas relações artísticas e de amizade possibilitaram uma maior divulgação e a reafirmação da musicalidade no cenário nacional da época. E é neste, o caminho a que vou prosseguir. Deixando de lado este ressentimento por parte dos familiares, é interes- sante evidenciar que Luiz Gonzaga participou ativamente do processo de cria- ção de tudo o que gravou. Ele interferia em tudo, tanto na questão melódica quanto nas palavras que as letras das músicas traziam. A penetração da músi- ca popular nordestina na comunicação de massa, segundo FERRETTI (1983), ocorrida de fato na época do baião, deve muito a elaboração feita por Luiz Gonzaga e seus parceiros. Durante toda sua carreira, Gonzaga manteve muitas parcerias. Em torno de 50 compositores e vários outros cantores trabalharam com ele, muitos de forma recorrente. Os principais foram José Marcolino, Humberto Teixeira, Zé Dantas e Dominguinhos. Todos estes com enorme contribuição na musicalida- de de sucesso do Rei do Baião. Em entrevista5 , Humberto Teixeira contou que no primeiro encontro com Gonzagão chegou a algumas conclusões importantes. Uma delas é que a mú- sica ou o ritmo que iria servir de lastro para a campanha de lançamento da mú- sica nordestina no Sul, seria o baião. Fizeram naquele primeiro dia os primeiros versos, discutiram as primeiras idéias em torno da “Asa Branca”, que só dois anos depois foi gravada, em 3 de março de 1947. Graças ao sucesso, Humber- to Teixeira conseguiu ainda se eleger Deputado Federal pelo Ceará. 5 AZEVEDO (1977, apud NETO, 2012) (disponível em: <www.overmundo.com.br>. Acesso em: 14 mar. 2013)
  • 18. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 10 As parcerias não traziam visibilidade apenas para Luiz Gonzaga, Zé Dantas, por exemplo, atingiu o auge de sua parceria na década de 50, passan- do a ganhar dinheiro com o sucesso de suas músicas, o que lhe daria um pa- drão de vida melhor, proporcionando sua independência financeira. Com relação a Zé Marcolino, como era conhecido José Marcolino Alves, que foi um compositor paraibano que sempre gostou da cultura nordestina. É interessante destacar o fato de ele ter sido um fã assíduo de Luiz Gonzaga. Tinha muita vontade de conhecê-lo e depois de várias tentativas sem sucesso, conseguiu o primeiro contato em um hotel no estado da Paraíba. Já com relação à história de Dominguinhos e Luiz Gonzaga, a afinidade começou em 1950 - época de ouro do baião-, onde Gonzaga era o Rei e Do- minguinhos era apenas um menino. Consagrado por público e crítica, ele não só deu continuidade, como evoluiu e ampliou o legado da sanfona nordestina pelo mundo. 3.4 A estratégia sonora Não era só o ritmo Gonzagueano que via a instituir uma escuta do Nor- deste, mas as letras, os hábitos do dia-a-dia, o sotaque, as expressões locais que utilizava e os elementos culturais populares, tudo vai significar o Nordeste. Gonzaga era um artista durante 24 horas do dia. Não que pensasse nisso co- mo uma forma de se mostrar, mas pelo fato desses elementos serem expres- sões comuns para ele. De tão viver o Nordeste, Luiz Gonzaga foi um profissio- nal altamente firme, correto e respeitado pela sociedade da época. Essa estratégia criada por Luiz Gonzaga ganhou força na recepção dos nordestinos. Era uma linguagem que estruturou o sentido de saudade dos mi- grantes – já antes comentado. Mas é interessante destacar também que esse gênero operou-se em meio a diversas forças, numa disputa de tendência com o samba, por exemplo, e pela entrada de produtos estrangeiros na classe média
  • 19. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 11 brasileira que desde o término da Segunda Guerra invadiu o mercado nacional (FERRETTI, p. 63). Relembrar sua tradição e resgatar os signos nordestinos foi uma forma que fez com que Luiz Gonzaga se tornasse uma tendência no país, surgira uma nova proposta musical. Lançou o baião na indústria fonográfica e radiofô- nica com o intuito de instituí-lo como gênero nacional. Como consequência, Luiz Gonzaga, o Nordeste e o baião foram divulgados e difundidos pelos meios de comunicação de massa por um período em torno de dez anos, se tornando uma febre não só na sua região de origem, mas também de todo o território brasileiro. Embora muita coisa tenha ocorrido no improviso, principalmente a parte empresarial, Gonzaga, fez-se, segundo ALBUQUERQUE JÚNIOR (2011), uma recriação comercial de uma série de sons, ritmos e temas folclóricos do Nor- deste. Foi ele também que inaugurou o trio instrumental composto por sanfona, zabumba e triângulo. Entretanto, FERRETTI (1983) lembra que antes da veicu- lação do baião pelo disco e pelo rádio, violeiros, cantadores e sanfoneiros já percorriam todo o sertão, acompanhando os ciclos das feiras e das festas que ali eram abundantes. Este fato gerava uma dualidade de pensamentos na du- pla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Enquanto Teixeira afirmava que eles não foram os criadores do baião, mas os que lhe deram uma nova roupagem, Gonzaga afirmava que ele havia sim marcado o ritmo do baião pelo fato de ter introduzido elementos próprios ao ritmo, sistematizando assim o surgimento de um novo estilo musical. Divergências de opinião à parte TELES (2012, apud MARCELO e RO- DRIGUES, p. 22) é mais direto, afirma que o baião, como gênero e dança, já existia desde o século XIX. Acrescentando ainda que este estilo foi a nossa primeira música de laboratório, ou seja, idealizado com a finalidade de ser con- sumido como um produto, com o intuito de se tornar uma moda musical. Como de fato aconteceu.
  • 20. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 12 3.5 A estratégia visual Para aumentar ainda mais seu apelo para com o público-alvo, Luiz Gon- zaga, criou uma forma de se vestir e de dar entrevistas que lembrasse sempre suas origens. Esta sacada foi uma das mais importantes para a sua carreira. O fato de uma pessoa na década de 40 e 50, no Rio de Janeiro, aparecer com chapéu e roupa de couro era uma novidade das mais impactantes. Sua inspira- ção veio dos tempos áureos do rádio no Brasil. O ano era 1943. Trazido pelas mãos do radialista Almirante6 , o sanfonei- ro gaúcho Pedro Raimundo7 estreava na Rádio Nacional8 com suas roupas de gaúcho - bombacha, chapéu, chicote -, e foi inspirado nele, que Gonzagão re- solveu assumir a identidade de um artista regional, sendo um representante do “Nordeste”. Dois personagens marcantes da cultura nordestina foram represen- tados por Luiz Gonzaga. 3.5.1 O vaqueiro Como um dos principais ícones semióticos do Nordeste brasileiro, o va- queiro foi um dos personagens que mais deu inspiração ao artista - usava gi- bão e roupas de couro. Foi esta a estratégia utilizada por Gonzaga como ins- trumento de comunicação para dialogar com seu público/ouvinte. Gostava de afirmar que o gibão foi considerado uma proteção para a sua vida artística con- tra os ritmos estrangeiros e o samba. Era o meio utilizado para deixar claro que ele era um artista da terra, do Nordeste. Ainda com relação à estética dos vaqueiros, Luiz Gonzaga, em suas músicas, gostava também de introduzir os costumes do vaqueiro, como por exemplo, o uso de aboios, que consiste em um canto sem palavras cantado pelos vaqueiros quando conduzem o gado pelas pastagens ou para o curral. 6 Cantor, compositor e radialista brasileiro, seu codinome na Era de Ouro do Rádio era: "a mais alta patente do Rádio". 7 Acordeonista, compositor e cantor regionalista brasileiro. Seu auge foi nas décadas de 40 e 50. 8 Antiga estação de rádio do Rio de Janeiro.
  • 21. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 13 Era também uma forma de introduzir cada vez mais simplicidade às suas can- ções. Figura 1 – De gibão e chapéu de couro (disponível em: <www.lastfm.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013). Figura 2 – O Vaqueiro Gonzagão (disponível em: <www.ims.uol.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
  • 22. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 14 3.5.2 O cangaceiro Gonzaga admitia publicamente que era fã dos cangaceiros9 . Em sua memória, via que a figura destes era uma das que mais representava a região que ele queria cantar, e resolveu imitá-los, criando para isso uma indumentária típica que reunia as roupas usadas pelos cangaceiros. Usava chapéu de can- gaceiro, lenço no pescoço - numa referência ao lenço usado pelo sanfoneiro Pedro Raimundo -, uma bolsa de couro e sandálias do mesmo material, com- pondo um traje que fazia referência ao cangaço. Aqui é interessante destacar que Luiz gostava de Lampião, mas seu grande herói do sertão era outro can- gaceiro, intitulado de o “Rei do Cangaço”: Gostava de Lampião, mas idolatrava mesmo era Antônio Silvino. Co- nhecido por diversas alcunhas – “Rei do Cangaço”, “Rifle de Ouro”, “Governador do Sertão” - e responsável por diversos saques e assas- sinatos no interior do Nordeste, o pernambucano Silvino foi o canga- ceiro mais conhecido da região nordestina antes de Lampião. (MAR- CELO e RODRIGUES, p. 21). Esta indumentária - chapéu de couro vistoso e cheio de medalhas -, era o que mais fascinava Gonzaga. Entretanto, quando cismou em se vestir assim, na Rádio Nacional, recebeu uma séria advertência e proibição do diretor da rádio. Gonzaga não obedeceu. Continuou usando o seu chapéu de cangaceiro trazido diretamente de Exu/PE: Telegrafou para sua mãe Santana no Araripe e pediu que lhe man- dasse um chapéu de couro bonito, que lembrasse Lampião. Santana comprou o chapéu na Fazenda do Baixio, onde trabalhava José Cla- ra, habilidoso chapeleiro. (ECHEVERRIA, p. 101) É importante destacar que apesar de Luiz Gonzaga se apresentar como cangaceiro, sua luta diferia em muito daquela do cangaço. FERRETTI (1983) afirma que longe de representar um povo rebelde, Luiz levantava sua voz procurando sensibilizar o Governo Federal para as necessidades do povo nordestino. 9 Homens que vagavam pelas cidades em busca de justiça e vingança pela falta de emprego, alimento e cidadania causando o desordenamento da rotina dos camponeses.
  • 23. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 15 Nas capas dos discos, nas fotos promocionais e em tudo que era show onde se apresentava via-se sua teimosia. Sua persistência foi tanta que o figu- rino é incorporado até os dias de hoje por cantores do gênero. Para compor seu personagem, Gonzaga se apropriou ainda do xaxado - dança e som atribu- ídos a Lampião e seu bando. Com ele, o xaxado passou a ser conhecido nos espaços artísticos das principais cidades do país. O sanfoneiro se constituiu num divulgador do xaxado nos meios radiofônicos. O gênero apareceu nos au- ditórios de rádio, televisão e teatros das grandes cidades. Figura 4 – O Cangaceiro Gonzagão (disponível em: <www.folha.uol.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013). Figura 3 – A indumentária dos cangaceiros (disponível em: <www.lastfm.com.br>. Acesso em: 21 mai. 2013).
  • 24. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 16 3.5.3 As capas dos LP’s A construção imagética do Nordeste e do nordestino está presente não só em suas músicas e indumentária, mas também inserido nas capas de seus LP's. Aqui é importante evidenciar que esta estratégia não só foi construída pelo artista, mas também pelas gravadoras a que passou. Foi o resultado de um processo de negociação entre artista e empresa, ou seja, o disco também era um produto da gravadora, e cabia a ela, transmiti-lo da forma comercial a que lhe fosse interessante. Importâncias à parte, os símbolos difundidos por Gonzaga ganha suces- so pela relação entre seres e coisas do Nordeste, de forma a estabelecer uma relação simbólica que penetra a função imaginária do seu público-alvo. Tais imagens, produzidas enquanto produtos fazem referência à espacialidade nor- destina e seus signos - o vaqueiro, o cangaceiro, os animais, a natureza, o luar do serão, o sol que queima, entre outros símbolos. Mostrando como exemplo duas das diversas capas de LP’s utilizadas por Luiz Gonzaga, vê-se um retrato fiel do ambiente nordestino tão defendido pelo artista. A primeira capa é a do Disco “Ô Véio Macho”, de 1962, gravado pela RCA Victor. Nota-se nesta capa (Figura 5) que toda a sua essência é remetida aos elementos do Nordeste brasileiro. O papagaio, as roupas de couro pendu- radas na parede, o tecido quadriculado remetendo às festas juninas, a sanfona, e principalmente as cores vivas e marcantes, além, é claro, da expressão popu- lar que dá nome ao disco – “Ô véio macho”10 . Tudo isso somado era visto como uma forma de se remeter às origens dos migrantes nordestinos que partiram rumo ao Centro-Sul do Brasil. Na capa, nota-se também uma melhor elabora- ção na qualidade dos elementos, seja pela distribuição espacial destes, como também pela preocupação em passar uma fisionomia mais alegre por parte do artista. 10 Expressão utilizada para dar ênfase à virilidade de um homem. Usa-se também para eviden- ciar a força e confiança do homem.
  • 25. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 17 A segunda capa escolhida para exemplificar a questão estética difundida por Luiz Gonzaga em sua carreira é a do Disco “Danado de Bom”11 , de 1984, gravado pela RCA/Camden. Nota-se que mesmo com uma diferença de vinte e dois anos para o disco analisado anteriormente, a essência continua a mesma (Figura 6). Luiz Gonzaga continuou mostrando o seu Nordeste como elemento primordial. Neste caso, o artista aparece totalmente vestido de cangaceiro, mas diferente do anterior, ele agora se apresenta ao ar livre, evidenciando, desta forma, os aspectos naturais do sertão – o céu azul. Mesmo com aparência mais experiente, a fisionomia utilizada ainda é a mesma da anterior, a irreve- rência, seja pela expressão “danado de bom” ou pela alegria transmitida. 11 Primeiro disco de ouro do artista no qual tinha João Silva por principal parceiro. Figura 5 – Capa do disco “Ô Véio Danado” (disponível em: <www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 21 abr. 2013).
  • 26. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 18 3.6 A generosidade de um artista popular Tão importante para a divulgação da música nordestina, Luiz Gonzaga também exerceu papel fundamental na vida de outros artistas, conhecidos ou não. Gonzaga levava consigo grande generosidade. O que pudesse fazer, não media esforço para ajudar um amigo ou parente a crescer na vida. Sempre amparou nordestinos vindos de suas cidades para buscar a vida nas cidades grandes, acreditou em todos. Por onde andava sempre presenteava com uma sanfona algum “danado” que ousava a dedilhar o instrumento. É interessante destacar que ele fazia isso não só pelo fato de ter um bom coração, Gonzaga era um estrategista, trazia estes novos talentos para perto de si. Ajudava, en- caminhava e ensinava, trazia pra perto uma juventude promissora. Figura 6 – Capa do disco “Danado de Bom” (disponível em: <www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 21 abr. 2013).
  • 27. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 19 Além disso, Gonzaga usava sua generosidade para contribuir com a so- ciedade, otimista, incentivava a turma para trabalhar pelo povo, pelos mais po- bres, pelos velhos. Sua visão social era tanta, que segundo o escritor João Má- ximo12 , em meados dos anos 1980, usou sua fama para pacificar uma rixa en- tre duas famílias do nordeste e com sua música também arrecadou dinheiro para vítimas da seca dos anos 80. Almir Oliveira13 fala que Luiz Gonzaga en- controu na maçonaria o ambiente ideal para ajudar os mais necessitados. Luiz Gonzaga também exerceu papel fundamental para o desbrava- mento da maçonaria no Sertão pernambucano. Utilizou a influência que tinha para liderar o grupo que fundaria a Loja Maçônica Força da Verdade, em 1988, a primeira do Exu. Doou o terreno para a constru- ção do imóvel, comprou materiais e deu dinheiro para ajudar a levan- tar a casa [...] Na maçonaria, o Rei do Baião encontrou o ambiente ideal para satisfazer a maior das suas necessidades: ajudar os mais pobres. FOLHA DE PERNAMBUCO (disponível em, <www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013). 3.7 Luiz Gonzaga canta para o Papa Assim como na maioria dos nordestinos, Luiz Gonzaga não escondia sua devoção e, em toda a sua vida, foi um homem bastante religioso. Mas foi em meados dos anos 80 que o Rei do Baião realizou um de seus maiores so- nhos: cantar para o Papa João Paulo II. Em 9 de julho de 1980, é aberto em Fortaleza/CE o X Congresso Euca- rístico Nacional. O Papa João Paulo II participa das celebrações no estádio Castelão. Em torno de 120 mil pessoas estiveram no evento, sendo considera- do o maior público da história do estádio14 . Quando Gonzaga se preparava pa- ra entrar e tocar sua composição mais conhecida, a Asa Branca, o público veio a delírio, a avalanche de gente foi tanta, que tomou de conta do espaço em que o sanfoneiro estava. 12 Escritor e jornalista da história da música brasileira. 13 O maçom Almir Oliveira de Amorim é ex-funcionário do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe) no Exu. 14 Informação retirada do Portal Arena Castelão (disponível em: www.arenacastelao.com. A- cesso em: 20 mai 2013).
  • 28. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 20 O encontro, como era de se esperar, rendeu uma música. “Obrigado, João Paulo II”, que foi composta no mesmo ano, em parceria com Gothardo Lemos15 . Entretanto, o maior legado deixado por este encontro, foi o fato de Gonzaga ter sido visto, não só pelo Brasil, mas também pelo cenário católico mundial. “O cantador” como foi chamado pelo Papa (Figura 8), aumentou sua visibilidade e difundiu mais ainda a imagem do Nordeste. 15 Padre da arquidiocese de Fortaleza e antigo fã e amigo da família Gonzaga. Figura 7 – O Papa e o Rei do Baião (disponível em: <www.vejajuazeiro.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2013). Figura 8 – “O Cantador” (disponível em: <www.museugonzagaoserrinha.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2013).
  • 29. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 21 3.8 Gonzagão se apresenta na França Luiz Gonzaga cantou para o povo parisiense em duas oportunidades, em 1982 e 1986. Em 1982, atendendo convite da cantora Nazaré Pereira16 , viaja para a França apresentando-se em Paris no teatro Bobinot. A cantora fa- zia sucesso com a música Cheiro da Carolina e decidiu levar o Rei para a França o conhecer (Figuras 9 e 10). Na platéia, entre outros, estavam Maria Bethânia, Celso Furtado e o ex-ministro Nascimento e Silva. Já em 1986, Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil- França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público aproximado de 15 mil pessoas. Gonzaga já não tocava apenas no Brasil, era um artista internacional. Suas participações rendiam ainda mais visibilidade e fama para sua imagem. Sempre com as vestes nordestinas, levou para a Europa um pouquinho do jeito carismático e simples do Nordeste brasileiro. 16 Cantora paraense. Conheceu Luiz Gonzaga em 1982. Figura 9 – Gonzagão se apresenta em Paris (disponível em: <www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em: 20 abr. 2013).
  • 30. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 22 Figura 10 – Em Paris, no Teatro Bobinot (disponível em: <www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em: 20 abr. 2013). Figura 11 – Nas ruas de Paris (disponível em: <www.memorialgonzagao.merecedestaque.com>. Acesso em: 20 abr. 2013).
  • 31. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 23 Capítulo 4 O DECLINIO DO BAIÃO (FINAL DA DÉCADA DE 50) Mesmo com as estratégias criadas por Luiz Gonzaga para disseminar o Nordeste em todo o território nacional, o baião viria a declínio na década de 50. Era o surgimento de um novo Brasil, época em que o presidente Juscelino Ku- bitschek assumia o país (1956-1961). Juscelino foi o responsável pela constru- ção de uma nova capital federal, Brasília, promoveu o desenvolvimento do inte- rior do Brasil e a integração do país. Surgia a Bossa Nova, a Jovem Guarda, e principalmente a televisão. Com relação à Bossa Nova e a Jovem Guarda, os novos gêneros con- quistaram espaço na MPB devido a esta política de integração que tornou o Brasil um país urbano. O público deixou de comprar os discos do Rei do Baião e os jovens trocavam o som da sanfona pelo do violão, instrumento mais co- mum nas cidades. FERRETTI (1983) afirma que por volta de 1954 e até o final da década de 60 o baião desapareceu das paradas de sucesso das emissoras de rádio, sendo apenas ouvido no Nordeste e nos subúrbios das cidades para onde foi grande a migração nordestina. Foi nessa fase em que o baião reinventado por Luiz Gonzaga e Humber- to Teixeira entrava em esquecimento. O advento de novos meios de comunica- ção, sobretudo a televisão, não alcançou o mesmo desempenho anteriormente obtido por intermédio do rádio, que chegara aos lares de milhares de brasilei- ros. Em meados de 50 o baião desapareceu das “paradas de sucesso”, como também os sambas de origem popular e as músicas baseadas em ritmos sertanejos do Centro-Sul. Os programas de auditório chegaram ao fim e a Rádio Nacional teve o seu prestígio em declínio. A TV, que aparecera em 1950, pouco a pouco ia conquistando espaço na divulgação da MPB, ficando a programação musical das
  • 32. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 24 rádios baseada quase exclusivamente na transmissão de gravação em disco. Tinhorão (1981, apud FERRETTI, p. 65). Além disso, na avaliação de um de seus parceiros musicais, Onildo Al- meida17 , outro agravante da diminuição das vendas de discos de Luiz Gonzaga era o fator preço. Enquanto os novos artistas do Brasil vendiam seus produtos com um valor mais acessível, a RCA Victor era mais resistente, argumentava que Gonzaga não poderia gravar uma linha popular, visto que ele era topo de linha, por isso não viam necessidade de baratear os preços. Nessa fase de decaimento do baião, Gonzaga sem grandes platéias nas capitais investiu pelo interior do país, onde sempre teve muito público. Tocava em circos, em cima de caminhões e comícios. FERRETTI (1983) afirma que embora afastado dos horários nobres do rádio e da TV, o baião continuou sua marcha. Continuou a gravar seus discos, embora em menor número e devido ao baixo poder aquisitivo do seu público, seus shows eram geralmente patroci- nados pela indústria, comércio e por políticos atuantes na região, reunindo, em praça pública, grande número de pessoas. Esta nova estratégia surgia com o intuito de conquistar e apostar ainda mais em um público fiel, que sempre esteve com ele, fazendo com que, mesmo distante dos veículos de comunicação da época, nunca deixou de se apresen- tar e ganhar seus trocados. Era o surgimento de um novo Gonzaga, um ho- mem de negócios. 17 Onildo de Almeida nasceu em Caruaru/PE. Foimúsico, poeta e compositor. Compôs músicas para famosos como Gilberto Gil e Luiz Gonzaga.
  • 33. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 25 Capítulo 5 GONZAGA: O HOMEM DE NEGÓCIOS Gonzaga estava com dificuldades financeiras e via seu baião cada vez mais ser esquecido. Entretanto, com a nova estratégia de percorrer o país e fazer shows na maioria das grandes cidades brasileiras, acabara conhecendo as mais diversas tradições e histórias do país. Foi, portanto, um andarilho que percorreu longas distâncias para divulgar suas músicas, um verdadeiro comu- nicador ambulante. Nesta época de pouco sucesso, Luiz Gonzaga fazia de tudo para voltar a mídia e se fazer reconhecer novamente no mercado musical brasileiro. É im- prescindível destacar que sua gravadora, com maior apelo empresarial, tem importante participação nessa nova trajetória. Por outro lado, o seu espírito empreendedor esteve sempre muito pre- sente. No final dos anos 60, aproveitou-se de uma fofoca criada pelo produtor artístico Carlos Imperial18 , que entrara em contato com ele no Festival de Gua- raparí (1965), no qual dizia que os Beatles cantariam Asa Branca, para voltar a ser manchete de jornal (FERRETTI, p. 72). Deu uma série de entrevistas sobre possíveis interpretes de suas músicas e trouxe as atenções para si. Luís Gonzaga deu uma gargalhada quando soube que os Beatles iam gravar "Asa Branca", baião feito por ele e Humberto Teixeira em 1948. "Agora é que eu quero ver se os Beatles vendem mesmo", co- mentou. "Minha gravação vendeu mais de 2 milhões de discos.". Re- vista Veja de 11 de setembro de 1968 (disponível em: <www.veja.abril.com.br/numero1/p_110.html>. Acesso em: 22 mai. 2013). Nessa fase merece também destaque o surgimento de Casas de Forró para o divertimento da juventude de classe média, saturada pelas “discotecas”, 18 Carlos Eduardo da Corte Imperial foi um produtor artístico brasileiro. Dono de personalidade polêmica, se auto-declarava o "rei da pilantragem"
  • 34. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 26 ampliando o mercado de trabalho para os artistas ligados à música brasileira, em especial ao gênero nordestino (FERRETTI, p. 26). Este novo meio de se fazer sucesso surgiu em resposta às dificuldades para se gravar um disco, que não seria tocado em programa radiofônico de maior prestígio. Desse modo, Luiz Gonzaga resistiu aos anos de “ostracismo” a que foi condenado pela in- dústria cultural nos anos 60 e pôde “reaparecer” na década de 70. 5.1 Luiz Gonzaga e a adaptação ao mercado No final dos anos 70 e meados dos anos 80, a RCA Victor, principal gra- vadora do sanfoneiro, criava uma nova estratégia mercadológica para alavan- car o sucesso do baião. Chegava a hora de incorporar efeitos especiais, de introduzir a tecnologia em suas músicas. Gonzaga aceitou sem discussão. Queria se adaptar ao público que acabara de perder em decorrência do surgi- mento dos novos ritmos musicais. Para satisfazer a um público “mais exigente”, os discos de Luiz Gonzaga passaram a ser gravados em muitos canais, e a contar com participação de músicos conceituados, às vezes silenciando sua sanfona que tantos aplausos conquistara. Em seus shows passou a se vestir de modo mais “discreto e civilizado”. Mas, mesmo com essas mudanças, suas músicas só tiveram acesso à FM quando interpretadas por artista nordestino mais próximo da juventude de classe média e mais influenciado pela cultura erudita. (FERRETTI, p. 77). COSTA (2012) afirma que Gonzaga evoluiu bastante, adaptando-se as tendências da moda. Nessa época ouve uma verdadeira mistura de instrumen- tos. Violinos, cellos, bateria e baixo elétrico, totalmente estranhos à arte de Luiz Gonzaga. Para alguns, aquilo era algo ruim, para outros apenas o aprimora- mento de um artista popular. Para melhor penetrar no público de classe média passou a gravar em vários canais e a lançar seus discos em selos de luxo, e a se fazer acompanhar de músicos mais respeitados pelos críticos de arte. FERRETTI (1983) afirma ainda que com o decorrer dos anos, essas mudanças tornaram-se mais claras,
  • 35. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 27 em virtude de sua vinculação ao público universitário e do interesse despertado na comunicação de massas, de onde havia sido quase afastada desde meados dos anos 50. Foi esse novo público que o trouxe de volta à comunicação de massa, mas não com o mesmo destaque dos anos de 40 e 50. 5.2 O empresário Luiz Gonzaga Nos anos 70, aproveitando do sucesso em que o baião fizera em anos anteriores, surgiram no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, as chamadas Casas de Forró, onde aconteciam os bailes de forró. Luiz Gonzaga, de acordo com SILVA (2003), percebendo que estes geravam bom retorno fi- nanceiro e ainda propiciavam sua volta aos holofotes da mídia e à cena musi- cal brasileira, criou o Forró Asa Branca, na Ilha do Governador, que acontecia uma vez por semana. O sanfoneiro conseguia um bom retorno artístico e finan- ceiro com a divulgação dos bailes. Esta foi mais uma forma de resistência desenvolvida contra a música es- trangeira, e que contou com grande participação de artistas nordestinos. FER- RETTI (1983) afirma que na então década de 70 as Casas de Forró passaram a ser frequentadas pelo público universitário, trabalhadores da construção civil e empregados domésticos. As casas de forró surgiram no Rio de Janeiro e São Paulo, como local de divertimento de migrante nordestino, logo após o lançamento do baião e eram frequentados por trabalhadores de construção, empregadas domesticas e por outros segmentos das camadas subalternas. No início dos anos 70, quando os intelectuais, desejosos de contato com o povo, deixaram de frequentar as gafieiras, estas já tendo perdido seu público tradicional, e numa tentativa de sobrevivência, passaram a realizar em alguns dias da semana “noites do forró”, tentando conquistar o público nordestino. (FERRETTI, p.74). Ainda segundo FERRETTI (1983), para Luiz Gonzaga as Casas de Forró não só defendiam a música brasileira, quase sem espaço na comunicação de massas, como também ampliavam o mercado de trabalho
  • 36. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 28 para músicos, artistas e compositores nordestinos marginalizados por tanto tempo. 5.3 Os jingles e o garoto-propaganda CADENA (2012) afirma que o jingle nasceu no Brasil antes da mídia em formato de partituras distribuídas pelas casas comerciais, na década de 30. Muitos anos depois, já com a existência do rádio como veículo, o jingle que então se chamava de “musiquinha de propaganda”, conquistou a massa a par- tir de músicas carnavalescas, sambas-enredos e outros gêneros. As agências de propaganda custaram a aceitar o baião como uma opção de ritmo para o jingle. Jingle e samba eram uma coisa só e não se imaginava outra união. CADENA (2012) afirma ainda que Luiz Gonzaga quebrou esse circulo vicioso gravando para varejistas do Rio de Janeiro e em seguida para o resto do país em torno de uma centena de jingles. As empresas queriam unir seus nomes ao sucesso do Rei do Baião, aproveitando seu enorme carisma e apoio popular. Luiz Gonzaga fez jingles para marca de colírio, bicicleta, banco, governo, cigarro, comércio. Muitas vezes, rodava o Brasil em turnês patrocinadas pelas empresas, fazendo shows gratuitos para o povo (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, disponível em, <www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013). Em 1951, Gonzaga assina contrato com a Colírio Moura Brasil. Este contrato foi o primeiro de um artista popular com uma empresa, o que ocorrerá posteriormente com a Shell, que lhe patrocina uma excursão de caminhão pelo interior do Brasil, apresentando-se em toda cidade com mais de quatrocentos mil habitantes (ALBUQUERQUE JÚNIOR, p. 174). No início da década de 60, Luiz Gonzaga foi garoto-propaganda do Fu- mo DuBom (Figuras 12 e 13), divulgando a qualidade do produto, a cultura nordestina e aproveitando para buscar equilíbrio financeiro em razão do ostra- cismo ao qual foi relegado em razão do advento de tendências musicais inspi-
  • 37. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 29 radas em culturas do estrangeiro, como a Jovem Guarda. Andou ainda pelo Nordeste inteiro divulgado as Pilhas Eveready (Figura 14). Por onde a carava- na passava, distribuía prêmios nas cidades, e as capitais eram alvo principal da divulgação. Outro bem memorável foi o criado para o Banco Bamerindus, que de forma bem popular, Gonzaga fala que dinheiro tem que ser bem esticado e guardado. CADENA (2012) afirma que durante sua vida, Luiz Gonzaga por diversas vezes gravou jingles de campanhas para políticos importantes do cenário na- cional e foi aí em que obteve possivelmente o seu maior recall: na campanha para Presidente de Janio Quadros e para Governador de Carlos Lacerda em 1962. Em entrevistas, Gonzaga afirmava que não levava em consideração os partidos políticos, mas o perfil do homem público, queria ganhar dinheiro e se sustentar. Nos anos 70, sem receio em falar abertamente de marcas em suas mú- sicas, sendo elas usadas como jingles sob encomenda ou não, Gonzaga utili- zou em seu disco “Aquilo Bom” (1972) uma divertida música que falava de um recém proprietário de um Chevrolet que contava vantagem como forma de im- pressionar sua mulher. A música intitulada “Meu Chevrolet”, é de autoria de Roberto Martins*. O auge de suas participações como garoto-propaganda aconteceu prin- cipalmente por volta dos anos 80, quando fez vários comerciais para várias empresas, principalmente as nordestinas, como por exemplo: Armazém Paraí- ba, Casas Pernambucanas, Caninha da Roça, Catuaba Selvagem, Café Peti- nho, Cuscuz Milharina, Sandálias Dupé, Bancos Banmerindus, Crush (Figura 15), Martini (Figura 16), Bicicletas Monark (Figura 17), Baú da Felicidade (Figu- ra 18) e muitos outros.
  • 38. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 30 Figura 12 – O fumo de cabra macho (disponível em: <www.bandofrock.blogspot.com.br/2010/09/minha-vida-e- andar-por-este-pais.html>. Acesso em: 2 abr. 2013). Figura 13 – Fumo Dubom (disponível em: <www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 2 abr. 2013).
  • 39. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 31 Figura 14 – Luiz e as Pilhas Eveready (disponível em: <www.forroemvinil.com/luiz-gonzaga-foto-da-propaganda-das- pilhas-eveready>. Acesso em: 2 abr. 2013).
  • 40. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 32 Figura 15 – Beba Crush (disponível em: <www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem- gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013). Figura 16 – Gonzaga e o Martini (disponível em: <www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem- gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
  • 41. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 33 Figura 17 – Gonzaga e a Monark (disponível em: <www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem- gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013). Figura 18 – Baú da Felicidade (disponível em: <www.bravonline.abril.com.br/materia/eu-nao-existiria-sem- gonzagao>. Acesso em: 2 abr. 2013).
  • 42. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 34 Capítulo 6 O LEGADO Gonzaga foi o maior referencial da música nordestina. Ele foi o garoto propaganda de maior expressão, foi o que apresentou o Nordeste pa- ra o mundo em todas as suas nuances. Acho que se alguém nunca ouviu Luiz Gonzaga, não sabe nada sobre o nordeste brasileiro. A- nastácia (2012, apud SANTOS). Quando se afirma que Luiz Gonzaga foi o maior divulgador da cultura nordestina não é à toa. O Rei do Baião construiu uma obra que conquistou mi- lhares de fãs no Brasil e no mundo. Não apenas como forma de publicizar o Nordeste, Gonzaga influenciou e ensinou outras tantas pessoas a terem su- cesso em suas vidas profissionais. Artistas renomados como Sivuca, Marinês, Dominguinhos, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Fagner, Gonzaguinha e entre outros, abriram caminho para as atuais formas de se fazer música. Sua musicalidade simples e lucrativa, também rompeu fronteiras. Luiz Gonzaga é admirado por estrelas como o britânico David Byrne, e pela banda sul-coreana Coreyah, que fez uma das mais interessantes versões para a música Asa Branca19 . FERRETTI (1983) afirma que apesar de registrada em discos e partitu- ras e considerada resistente ao tempo, a música de Luiz Gonzaga sofreu ao longo dos anos um processo de atualização, exibindo sinais de adaptação aos diferentes momentos vividos pela MPB e, com isso, conquistando milhares de fãs nos mais diversos públicos. A música de Gonzaga é, então, altamente ca- paz de penetrar na imaginação das pessoas em épocas diferentes. Do mais velho ao mais novo. Do rico ao pobre. Do popular ao erudito. 19 Consultar vídeo pelo link: www.youtube.com/watch?v=Eq8a6RVhrZ8
  • 43. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 35 A música dele significa a maior escola musical regional para o Brasil. Até hoje toda criança quer aprender um pouco de acordeom para to- car a Asa Branca. Ele foi o maior fenômeno nacional nordestino, e daqui a 20 anos todo mundo vai continuar querendo tocar o Gonza- gão. Calixto (2012, apud SANTOS). Como ensinamento para os dias de hoje, Gonzaga foi um artista capaz de interpretar de tal forma um estilo musical, que, além disso, era simplesmen- te o maior representante de uma região. Além de interprete, era também can- tor, sanfoneiro, compositor e mais do que tudo isso, um “homem show”, capaz de conquistar atenções de qualquer público. A valorização da cultura nordestina, desde os anos áureos de sucesso do Rei do Baião até os dias correntes, foi um dos mais importantes legados deixados pelo artista para a sociedade atual. A questão do preconceito, sobre- tudo em grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo, contra o nordestino é um fato presente cada vez maior em nosso dia-a-dia. A partir do momento em que um artista popular emerge do desconhecido e leva consigo até seu leito de morte um sentimento de valorização e orgulho das suas raízes é de fato um grande e importante passo para a igualdade de respeito da socie- dade atual. Luiz Gonzaga lutou, carregou e disseminou a imagem do Nordeste para o Brasil e para o mundo. Transformou até então o desconhecido em algo belo e capaz de despertar a imaginação de milhares de pessoas, até mesmo daquelas que nunca antes tivera algum contato com a cultura nordestina. Em decorrência disso, tem-se o fato de que Luiz Gonzaga através de to- da essa cultura e conhecimento do Nordeste que ele difundiu no Centro-Sul do Brasil, acabou por mostrar também as mazelas e problemas sociais enfrenta- dos pelo povo sofredor da região. Cantou como ninguém a alegria e os proble- mas do nordestino. Pôs a tona todo o processo de esquecimento por parte dos governantes com relação ao Nordeste. Era, de fato, o seu representante maior, o ídolo desta nação.
  • 44. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 36 FERREIRA (2010), afirma que Luiz Gonzaga revolucionou o imaginário do povo brasileiro, fez se introduzir o nordestino na identidade nacional. Tradu- ziu e acrescentou símbolos nordestinos ao seu vasto repertorio musical. Luiz Gonzaga, por meio da sua música, deu origem a uma das mais significativas representações da cultura brasileira. [...] Há quem diga que o Nordeste, tal qual o compreendemos, foi uma invenção de Seu Lua. A grandeza de sua obra fez dele um dos representantes mais i- lustres da cultura brasileira, pelo que dela ele soube traduzir e o que a ela soube, com sua genialidade, acrescentar. FERREIRA (disponí- vel em: <www.gazetaonline.globo.com>. Acesso em: 21 mai. 2013). Com o Baião, Luiz encontrou nos arquivos da memória os instrumentos musicais para compor uma orquestra diferenciada, com o sotaque de sua terra, criando o trio de sanfona, zabumba e triângulo. Desta forma, ele firmou a iden- tidade nacional brasileira contra o invasor estrangeiro. Defendeu e resistiu for- temente às culturas de fora, manteve viva a cultura popular do seu povo, ensi- nou aos seus fãs como compreender e valorizar suas raízes. Preservou o natu- ral e o puro. Atualmente, vê-se ainda a valorização da obra de Gonzaga como forma de transcender os limites musicais e invadir o espaço educacional do país. No Sergipe, por exemplo, há um projeto20 que visa desenvolver os conhecimentos dos alunos através das letras das músicas de Luiz Gonzaga, que além de ser uma atividade prazerosa, contribui para o enriquecimento cultural, social e his- tórico destes alunos. Assim, a discografia de Luiz Gonzaga constitui um excelente material didático diversificado para a formação de alfabetizadores, pois inter- preta e demonstra o Nordeste de forma realista. Dessa forma, pode ser utilizada para a abordagem da Língua Portuguesa, História, Geo- grafia, Matemática, Ciências e Arte de forma interdisciplinar. ALMEI- DA (p. 9). 20 Fonte: ALMEIDA, José Augusto de. Luiz Gonzaga para alfabetização de jovens e adultos - Curso de formação de Alfabetizadores. Disponível em: <www.cereja.org.br/arquivos_upload/LuizGonzaga_JoseAugustoAlmeida.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2013.
  • 45. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 37 Somado a isso se ressalta ainda a questão da indústria do forró atual e as suas várias interpretações. Um mercado em crescente desenvolvimento que vai tomando conta da região Nordeste e se espalhando para as demais. Tudo isso evidenciado em decorrência da obra de Luiz Gonzaga. O poder de atingir às multidões, tanto na forma de entretenimento popular como de geração de renda, não encontra limitações desde seu advento. É difícil mensurar os números que envolvem esse seg- mento, especialmente no que concerne ao faturamento das bandas. Esse nicho de mercado não surgiu tão repentinamente. Foi fruto e consequência de um trabalho de divulgação de Luiz Gonzaga [...] Fa- zendo com que houvesse o que muitos especialistas chamam de ca- deia produtiva do forró. Um mercado em ascensão e reprimido e que agora se mostra para o mundo e agrega valor aos negócios. ALEX (2012). Tanto na forma de entretenimento, como de geração de renda, o ritmo não encontra limites para atingir as multidões. O forró já domina a comunicação de massas do país, assim como fazia Luiz Gonzaga com o seu baião desde a década de 40. A indústria forrozeira aprendeu a se desenvolver e se reconhe- cer, sucedeu-se ao ritmo lançado pelo Rei do Baião e adaptou-se às novas tendências. Depois, sucede-se toda a rede que dá suporte e visibilidade às bandas, como meios de comunicação, gravadoras, estúdios, gráficas, entre outros. Ainda com relação ao cenário atual, Luiz Gonzaga, que morreu em 2 de agosto de 1989, completaria em 2012 o centenário de seu nascimento, ganhou um filme sobre sua biografia. Gonzaga - de pai pra filho, que chegou aos cine- mas em outubro e mostrou como era a relação entre ele e o filho Gonzaguinha. Foi um filme altamente emocionante, que fez com que a nova geração passas- se a conhecer – ainda – mais a vida e obra deste grande ídolo brasileiro.
  • 46. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 38 Capítulo 7 CONCLUSÃO O sucesso conquistado por Luiz Gonzaga é de fato extremamente rele- vante para o cenário musical e empresarial atual. Sua forma criada para con- quistar mais adeptos é uma estratégia que deveria ser praticada até os dias de hoje. Com uma visão altamente empreendedora, Gonzaga aliou sua vida pro- fissional aos seus costumes, mostrou e ensinou para o mundo como se valori- zar a cultura do seu povo e utilizar isso para obter reconhecimento. Criou práti- cas em que a sociedade deveria se espelhar para se fazer desenvolver. Luiz Gonzaga ajudou, dentre outras coisas, a diminuir o preconceito para com os nordestinos, mostrou para o homem do Sul o valor da sua terra, se utilizou dos meios de comunicação de massa para atingir cada vez mais fãs. Criou elemen- tos essenciais para o se fazer reconhecer, as roupas, a música, os elementos nordestinos, tudo era de extrema razão e importância. No cenário empresarial, Luiz Gonzaga contribuiu para que surgisse uma nova forma de se administrar, ensinou a contornar crises, a ganhar dinheiro por meio de práticas simples e eficientes, a ser reconhecido na mídia, além de vá- rios outros legados. Bem além do forró, baião ou xote, o fazer musical deste ícone nacional, desde a década de 50, contribuí atualmente também para ou- tros ritmos culturais do país. É importante destacar que além do lado empresarial de sucesso, Luiz Gonzaga com toda sua simplicidade sempre amou sua terra e seu povo de forma incondicional, dedicou sua vida para apresentar sua região. Imortalizou a fauna, a flora e o povo nordestino. Foi o verdadeiro “herói” de um povo sofri- do que enfrentava o esquecimento dos seus governantes. Trouxe as atenções do mundo para a realidade enfrentada pela população nordestina que sempre
  • 47. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 39 batalhou e suou para resistir aos preconceitos de um país de diferentes cultu- ras. A importância de Luiz Gonzaga é tão grande que mesmo depois de vinte e quatro anos de sua morte, o legado deixado continua sendo passado de gera- ção em geração. Mesmo que sua obra sofra constantes modificações e atualizações pelas bandas atuais de forró, a essência deixada por ele será sempre levada e difun- dida pelos quatro cantos do país. O que se pode indagar aqui é o fato de que esta nova forma de se fazer o forró representa realmente a cultura regional de um povo ou apenas um artificialismo destinado ao consumo de um segmento que não contribui para a identidade cultural brasileira? Não interessa. O que merece destaque mesmo é a forma de integração da cultura popular nordestina à comunicação de massa, que vem se atualizando e adaptando, através do tempo, assim como fazia Luiz Gonzaga, que desenvolveu um trabalho de con- tínua reelaboração atualizando-se e adaptando-se aos seus diferentes públi- cos. Fato este olhado com respeito por uns, por sua modernização que acom- panha os rumos da globalização, e criticada por outros, como longe da fidelida- de às raízes da cultura brasileira e sua vinculação à cultura do povo nordestino. Embora alguns poucos autores escrevam sobre o tema em questão, dis- sertando sobre este lado desconhecido, até então, pela sociedade atual, há uma carência grande e principalmente pouco acessível de materiais. Nota-se que consultando fontes modernas de pesquisa, as pessoas não se interessam de fato por saber como e porque Luiz Gonzaga conseguiu fazer tanto sucesso, ou como ele contribuiu para criar uma identidade nordestina. No desenvolver deste trabalho foram presenciadas situações em que houve um total desinte- resse por parte destas pessoas da nova geração que focam apenas no que já foi dito e não procuram a falar sobre o desconhecido. Não contribuindo, desta forma, para uma riqueza maior ainda de ensinamentos que o artista nos dei- xou. Para terminar, é de se notar a extrema importância dos estudos com re- lação ao lado “publicitário” ou simplesmente empresarial do eterno Rei do Bai- ão. Mesmo que quase tudo tenha sido de forma intuitiva, sem estudos acadê-
  • 48. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 40 micos, sua maneira de como gerir um negocio necessita de uma atenta análise e interpretação. Assim como suas músicas eternizadas pela sociedade, deverí- amos focar também na sua forma empreendedora que o fez se tornar por mui- tos anos uma febre em todo o território nacional. Seu legado é vasto e comple- xo, para que se tenha uma real interpretação de seus ensinamentos, a nova geração deve seguir a linha de pensamento deste trabalho e contribuir, desta forma, não só para suas vidas acadêmicas, mas também para com uma socie- dade igualitária e menos preconceituosa.
  • 49. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 41 8 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do nordeste e ou- tras artes. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2011 ALEX, Sergio. O legado de Luiz Gonzaga (conhecido como Seu Lua). Dispo- nível em: <www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/o-legado- de-luiz-gonzaga-conhecido-como-seu-lua/67767>. Acesso em: 22 mai. 2013 ALMEIDA, José Augusto de. Luiz Gonzaga para alfabetização de jovens e adultos - Curso de formação de Alfabetizadores. Disponível em: <www.cereja.org.br/arquivos_upload/LuizGonzaga_JoseAugustoAlmeida.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2013 ARENA CASTELÃO. Disponível em: <www.arenacastelao.com>. Acesso em: 20 mai 2013 AUGUSTO, Carlos. Obra de Luiz Gonzaga se eterniza. Disponível em: <http://www.aracaju.se.gov.br/>. Acesso em: 17 mar. 2012 BARROS, Rone. Brasil comemora hoje, o Dia Nacional do Forró. Disponível em: <www.primeiraedicao.com.br>. Acesso em: 22 mai. 2013 BIBLIOTECA VIRTUAL. Contexto político, social e econômico. Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org>. Acesso em: 05 mar. 2013 CADENA, Nelson. O jinglista Luiz Gonzaga: ouça registros raros do rei do baião em comerciais de rádio. Disponível em: <www.ibahia.com/detalhe/noticia/o-jinglista-luiz-gonzaga-ouca-registros-raros- do-rei-baiao-em-comerciais-de-radio>. Acesso em: 21 mar. 2013 CARDOSO, Tayguara Torres. História oral e desenvolvimento do nordeste: análise de um debate. Disponível em: <http://www.fiocruz.br>. Acesso em: 14 mar. 2013 COSTA, Jean Henrique. Luiz Gonzaga: entre o mito da pureza musical e a indústria cultural. Disponível em: <www.periodicos.uem.br>. Acesso em: 3 mar. 2013
  • 50. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 42 CORREA, Nondas. O marketing de Luiz Gonzaga na década de 50, ainda serve para hoje? Disponível em: <http://fe.epaentretenimento.com>. Acesso em: 17 mar. 2013 DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Gonzagão, o garoto-propaganda. Disponível em: <http://blogs.diariodepernambuco.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2013 ECHEVERRIA, Regina. Gonzaguinha e Gonzagão: uma história brasileira. São Paulo: Leya, 2012. FERREIRA, Juca. O legado de Luiz Gonzaga. Disponivel em:<http://www.gazetaonline.globo.com>. Acesso em: 14 mar. 2013 FERRETTI, Mundicarmo Maria Rocha. Na batida do baião, no balanço do forró: a música de Zedantas e Luiz Gonzaga no seu contexto de produção e sua atualização na década de 70. Natal, RN, 1983. 252p. Dissertação (Mestra- do em Ciências Sociais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Univer- sidade Federal do Rio Grande do Norte. FOLHA DE PERNAMBUCO. Em meados de 80, gravadora muda estratégia. Disponível em, <www.folhape.com.br>. Acesso em: 01 abr 2013 KORNIS, Mônica Almeida. O Brasil de JK: sociedade e cultura nos anos 1950. Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br>. Acesso em: 05 mar. 2013 LEAL, Aline. Gonzaga foi, antes de tudo, um marqueteiro, diz o afilhado. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/>. Acesso em: 21 mar. 2013 LÚCIO, Antônio. Os movimentos culturais nos anos 1950/60. Disponível em: <http://www.uni-vos.com>. Acesso em: 05 mar. 2013 MENDES, Felipe. Luiz Gonzaga: o inventor do nordeste. Disponível em: <http://www.especiais.leiaja.com/oinventordonordeste/>. Acesso em: 06 mar. 2013 MARCELO, Carlos; RODRIGUES, Rosualdo. O fole roncou! Uma história do forró. Rio de Janeiro: Zahar, 2012 MORAES, Jonas Rodrigues de. “Truce um triângulo, no matulão (...) xote, maracatu e baião”: a performance musical de Luiz Gonzaga. Disponível em: <http://www.programabolsa.org.br/pbolsa/pbolsaTeseFicha/arquivos/tese_jonas _rodrigues_de_moraes.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2013
  • 51. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Comunicação Social Curso de Publicidade e Propaganda _____________________________________________________________________ 43 NITAHARA, Akemi. Cultura nordestina foi descoberta por causa de Luiz Gonzaga. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2013 PRATES, Carlos. Aprendendo com Luiz Gonzaga e a sua genialidade. Dis- ponível em: <http://www.ibahia.com/>. Acesso em: 21 mar. 2013 QUEIROGA, Onaldo. Por um forró autêntico. Disponível em: <http://www.luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 17 mar. 2013 REVISTA VEJA. Gonzaga, a volta do baião. Disponível em: <www.veja.abril.com.br/numero1/p_110.html>. Acesso em: 22 mai. 2013 SANTANA, Ana Lucia. Baião. Disponível em: <http://www.infoescola.com>. Acesso em: 04 mar. 2013 SATO, Adriana KeiOhashi. et al. Bossa Nova: música e contexto sócio-cultural. São Paulo: 2005. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/>. Acesso em: 13 mar. 2013