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Mestres do Pensar
Aristóteles, Jonathan Barnes
Darwin, Jonathan Howard
Descartes, Tom Sorell
Espinosa, Roger Scruton
Hegel, Peter Singer
Heidegger, Michael Inwood
Hobbes, Richard Tuck
Hume, A. J. Ayer
Kierkegaard, Patrick Gardiner
Leibniz, G. MacDonald Ross
Locke, John Dunn
Marx, Peter Singer
Montaigne, Peter Burke
Nietzsche, Michael Tanner
Platão, R. M. Hare
Schopenhauer, Christopher Janaway
Wittgenstein, A. C. Grayling
TRADUÇÃO
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Descartes, Tom Sorell
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Hegel, Peter Singer
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Hume, A. J. Ayer
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Montaigne, Peter Burke
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Schopenhauer, Christopher Janaway
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Título original:
Monraigne
© Peter Burke 1981
ISBN 0-19-287523-X
Montaigne was originally published in English in 1981.
This translation is publi hed by arrangements with
Oxford University Press.
For sale ia BraziJ only.
Montaigne foi originalmente publicado em inglês em 1981.
Esta tradução é publicada em acordo com Oxford University Press.
Para venda somente no Brasil.
PREPARAÇÃO: Maurício B. Leal
DIAGRAMAÇÃO: Flávio Santana
REv1sÃo: Denise Ceron
Edições Loyola
Rua 1822 n" 347 - Ipiranga
04216-000 São Paulo, SP
Caixa Postal 42.335 - 04218-970 - São Paulo, SP
{§) (] 1) 6914-1922
00 (1 1) 6163-4275
Home page e vendas: www.loyola.com.br
Editorial: loyola@loyola.com.br
Vendas: vendas@ loyola.com.br
Todos os direitos reservados. Nenhuma pane desta obra pode
ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico. incluindofotocópia
e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem pennissão escrita da Editora.
ISBN: 85-15-03374-7
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 2006
Sumário
Prefácio ............................................................... 7
1. Montaigne em sua época .................................... 9
2. O humanismo de Montaigne .............................. 17
3. O ceticismo de Montaigne .................................. 27
4. A religião de Montaigne ..................................... 33
5. A política de Montaigne ..................................... 45
6. Montaigne como psicólogo................................. 55
7. Montaigne como etnógrafo................................. 65
8. Montaigne como historiador.............................. 75
9. A estética de Montaigne ..................................... 83
10. O desenvolvimento dos Ensaios ................... 91
Leituras Recomendadas ...................................... 105
Nota do tradutor ................................................. 111
Índice remissivo .................................................. 113
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Título original:
Monraigne
© Peter Burke 1981
ISBN 0-19-287523-X
Montaigne was originally published in English in 1981.
This translation is publi hed by arrangements with
Oxford University Press.
For sale ia BraziJ only.
Montaigne foi originalmente publicado em inglês em 1981.
Esta tradução é publicada em acordo com Oxford University Press.
Para venda somente no Brasil.
PREPARAÇÃO: Maurício B. Leal
DIAGRAMAÇÃO: Flávio Santana
REv1sÃo: Denise Ceron
Edições Loyola
Rua 1822 n" 347 - Ipiranga
04216-000 São Paulo, SP
Caixa Postal 42.335 - 04218-970 - São Paulo, SP
{§) (] 1) 6914-1922
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e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de
dados sem pennissão escrita da Editora.
ISBN: 85-15-03374-7
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 2006
Sumário
Prefácio ............................................................... 7
1. Montaigne em sua época .................................... 9
2. O humanismo de Montaigne .............................. 17
3. O ceticismo de Montaigne .................................. 27
4. A religião de Montaigne ..................................... 33
5. A política de Montaigne ..................................... 45
6. Montaigne como psicólogo................................. 55
7. Montaigne como etnógrafo................................. 65
8. Montaigne como historiador.............................. 75
9. A estética de Montaigne ..................................... 83
10. O desenvolvimento dos Ensaios ................... 91
Leituras Recomendadas ...................................... 105
Nota do tradutor ................................................. 111
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"orno historiador das idéias a quem foi permitido entrar
numa área tradicionalmente abordada por estudantes
- de literatura, sou particularmente grato a Dorothy
Coleman, a Margaret McGowan e a Ruth Morse por seus co-
mentários a respeito das primeiras versões deste trabalho. Devo
também agradecer a Henry Hardy, a Quentin Skinner e a Keith
Thomas por suas críticas e sugestões, e a Riccardo Steiner, por
chamar minha atenção para o interesse de Freud por Montaigne
e para o sucesso de Montaigne na Itália.
As referências entre parênteses às citações dos Ensaios
correspondem respectivamente ao livro e ao capítulo.
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também agradecer a Henry Hardy, a Quentin Skinner e a Keith
Thomas por suas críticas e sugestões, e a Riccardo Steiner, por
chamar minha atenção para o interesse de Freud por Montaigne
e para o sucesso de Montaigne na Itália.
As referências entre parênteses às citações dos Ensaios
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~ orno Shakespeare, Montaigne é, em certo sentido, nos-
L so contemporâneo. Poucos escritores do século XVI são
mais fáceis de ler hoje ou nos falam tão direta e ime-
diatamente como ele. Édifícil não apreciar Montaigne, e quase
igualmente difícil não o tratar como contemporâneo. Antes do
Iluminismo, foi um crítico da autoridade intelectual; antes da
psicanálise, um frio observador da sexualidade humana; e, antes
do nascimento da antropologia social, um estudioso imparcial de
outras culturas. Éfácil vê-lo como um moderno nascido fora de
sua época.
Montaigne, entretanto, não é tão moderno quanto parece.
Seu interesse por detalhes autobiográficos .p_ode recordar aparen-
temente os românticos, mas sua auto-análise foi empreendida por
razões diferentes. Embora fosse cético, não era agnóstico no sentido
moderno. Chamá-lo de "liberal" ou de "conservador", no sentido
em que hoje usamos esses termos, é não entender bem sua posição.
Montaigne partilhou interesses, atitudes, valores e pressupostos
- em outras palavras, toda uma mentalidade - com seus con-
temporâneos, sobretudo com aqueles que pertenciam a seu grupo
social e a sua geração. Outros franceses da época, além de
Montaigne, duvidaram do poder da razão humana para alcançar a
verdade, condenaram os dois partidos que participaram das guer-
ras civis e publicaram breves discursos sobre vários temas. Na
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mais fáceis de ler hoje ou nos falam tão direta e ime-
diatamente como ele. Édifícil não apreciar Montaigne, e quase
igualmente difícil não o tratar como contemporâneo. Antes do
Iluminismo, foi um crítico da autoridade intelectual; antes da
psicanálise, um frio observador da sexualidade humana; e, antes
do nascimento da antropologia social, um estudioso imparcial de
outras culturas. Éfácil vê-lo como um moderno nascido fora de
sua época.
Montaigne, entretanto, não é tão moderno quanto parece.
Seu interesse por detalhes autobiográficos .p_ode recordar aparen-
temente os românticos, mas sua auto-análise foi empreendida por
razões diferentes. Embora fosse cético, não era agnóstico no sentido
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- em outras palavras, toda uma mentalidade - com seus con-
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realidade, alguns dos temas sobre os quais escolheu escrever eram
lugares-comuns da época; o que o distingue de seus contemporâ-
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neos é o que fez com esses temas. Se não foi um típico, foi um
verdadeiro homem do século XVI. Isso não significa que nada tenha
a nos dizer. Ele lança um desafio a nossas opiniões como o fez com
as de sua geração.
Montaigne não era um pensador sistemático. De fato, apre-
sentou suas idéias de maneira deliberadamente assistemática. Em
conseqüência, sérios perigos aguardam qualquer um que tente
apresentar uma explicação sistemática de seu pensamento. Tal
explicação toma naturalmente a forma de citações com um co-
mentário explicativo. Essas citações precisam ser tiradas de seu
contexto original. Tratar a obra de Montaigne dessa maneira é
perigoso sobretudo porque ele contou de maneira incomum com
um contexto. Gostava de ser ambíguo e irônico. Gostava de citar
outros escritores, mas também de fazer citações contrárias a seu
novo contexto para lhes dar outro significado. Um dos prazeres
em ler Montaigne é a constante descoberta de novos significados
possíveis em seus escritos; a dificuldade é decidir se um certo sig-
nificado era ou não intencional. Não existe nenhuma maneira
infalfvel de fazer isso, e todas as afirmações seguras sobre as cren-
ças de Montaigne devem ser tratadas com ceticismo. Entretanto,
não teremos nenhuma possibilidade de entendê-lo se não o
recolocarmos em seu ambiente social e cultural.
Michel Eyquem de Montaigne nasceu em 1533. Pertencia
ao que se poderia chamar de "geração de 1530". As gerações não
podem ser calculadas com exatidão; são definíveis com base em
critérios sociais e culturais, assim como por meio de datas de
nascimento, mantidas juntas em virtude de um sentimento de
comunidade derivado da experiência comum. A geração de 1530,
na França, era o primeiro grupo que não tinha nenhuma lem-
brança do mundo anterior à Reforma. Esse grupo incluía o juris-
ta e historiador Etienne Pasquier (nascido em 1529), conhecido
de Montaigne e grande admirador dos Ensaios; o melhor amigo de
Montaigne, Etienne de La Boétie (1530); Jean Bodin (c. 1530),
o mais destacado intelectual da França no final do século XVI e
homem a quem Montaigne professava grande estima, embora
rejeitasse suas opiniões sobre a bruxaria; o impressor erudito Henri
Etienne (1531) e o soldado cavalheiro François de la Noue
(1531 ), ambos calvinistas (João Calvino, nascido em 1509, per-
tencia a uma geração anterior). Talvez valha a pena estender a
noção de uma "geração de 1530" a fim de incluir, por um lado,
Pierre Charron (1540), discípulo intelectual de Montaigne, e,
por outro, Pierre Ronsard (1524) e Marc-Antoine Muret (1526),
um dos professores de Montaigne.
Quer se inclinasse a favor do catolicismo, do calvinismo ou
de algo mais incomum (acredita-se que Bodin tenha se tomado
judeu), essa geração teve que chegar a um acordo a respeito de
uma divisão de opinião sem precedentes sobre questões geral-
mente consideradas absolutamente fundamentais. A experiên-
cia de Montaigne acerca das divisões religiosas em sua família
(sua irmã Jeanne tomou-se calvinista, e também, durante certo
tempo, seu irmão Thomas, enquanto seu pai permaneceu um
católico firme) estava longe de ser atípica. A preocupação com
o problema da diversidade religiosa era característica da época,
embora a atitude de Montaigne fosse muito pessoaL
O conhecimento do grupo social ao qual pertencia é tão
importante para entender as idéias de Montaigne quanto o de sua
geração. Era o filho mais velho e herdeiro de um cavalheiro gascão,
Pierre Eyquem. Entretanto, sua mãe, Antoinette de Loupes, era
de origem hispânica e provavelmente judia (embora sua família
vivesse na França havia séculos), e a nobreza de seu pai era de
cepa relativamente recente. "Cepa" é a palavra apropriada, pois
havia comerciantes de vinho no passado recente de sua família,
residentes e proprietários de terras não muito distantes de Bordeaux.
Pode-se dizer que o Château d'Eyquem corria nas veias de
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realidade, alguns dos temas sobre os quais escolheu escrever eram
lugares-comuns da época; o que o distingue de seus contemporâ-
•
neos é o que fez com esses temas. Se não foi um típico, foi um
verdadeiro homem do século XVI. Isso não significa que nada tenha
a nos dizer. Ele lança um desafio a nossas opiniões como o fez com
as de sua geração.
Montaigne não era um pensador sistemático. De fato, apre-
sentou suas idéias de maneira deliberadamente assistemática. Em
conseqüência, sérios perigos aguardam qualquer um que tente
apresentar uma explicação sistemática de seu pensamento. Tal
explicação toma naturalmente a forma de citações com um co-
mentário explicativo. Essas citações precisam ser tiradas de seu
contexto original. Tratar a obra de Montaigne dessa maneira é
perigoso sobretudo porque ele contou de maneira incomum com
um contexto. Gostava de ser ambíguo e irônico. Gostava de citar
outros escritores, mas também de fazer citações contrárias a seu
novo contexto para lhes dar outro significado. Um dos prazeres
em ler Montaigne é a constante descoberta de novos significados
possíveis em seus escritos; a dificuldade é decidir se um certo sig-
nificado era ou não intencional. Não existe nenhuma maneira
infalfvel de fazer isso, e todas as afirmações seguras sobre as cren-
ças de Montaigne devem ser tratadas com ceticismo. Entretanto,
não teremos nenhuma possibilidade de entendê-lo se não o
recolocarmos em seu ambiente social e cultural.
Michel Eyquem de Montaigne nasceu em 1533. Pertencia
ao que se poderia chamar de "geração de 1530". As gerações não
podem ser calculadas com exatidão; são definíveis com base em
critérios sociais e culturais, assim como por meio de datas de
nascimento, mantidas juntas em virtude de um sentimento de
comunidade derivado da experiência comum. A geração de 1530,
na França, era o primeiro grupo que não tinha nenhuma lem-
brança do mundo anterior à Reforma. Esse grupo incluía o juris-
ta e historiador Etienne Pasquier (nascido em 1529), conhecido
de Montaigne e grande admirador dos Ensaios; o melhor amigo de
Montaigne, Etienne de La Boétie (1530); Jean Bodin (c. 1530),
o mais destacado intelectual da França no final do século XVI e
homem a quem Montaigne professava grande estima, embora
rejeitasse suas opiniões sobre a bruxaria; o impressor erudito Henri
Etienne (1531) e o soldado cavalheiro François de la Noue
(1531 ), ambos calvinistas (João Calvino, nascido em 1509, per-
tencia a uma geração anterior). Talvez valha a pena estender a
noção de uma "geração de 1530" a fim de incluir, por um lado,
Pierre Charron (1540), discípulo intelectual de Montaigne, e,
por outro, Pierre Ronsard (1524) e Marc-Antoine Muret (1526),
um dos professores de Montaigne.
Quer se inclinasse a favor do catolicismo, do calvinismo ou
de algo mais incomum (acredita-se que Bodin tenha se tomado
judeu), essa geração teve que chegar a um acordo a respeito de
uma divisão de opinião sem precedentes sobre questões geral-
mente consideradas absolutamente fundamentais. A experiên-
cia de Montaigne acerca das divisões religiosas em sua família
(sua irmã Jeanne tomou-se calvinista, e também, durante certo
tempo, seu irmão Thomas, enquanto seu pai permaneceu um
católico firme) estava longe de ser atípica. A preocupação com
o problema da diversidade religiosa era característica da época,
embora a atitude de Montaigne fosse muito pessoaL
O conhecimento do grupo social ao qual pertencia é tão
importante para entender as idéias de Montaigne quanto o de sua
geração. Era o filho mais velho e herdeiro de um cavalheiro gascão,
Pierre Eyquem. Entretanto, sua mãe, Antoinette de Loupes, era
de origem hispânica e provavelmente judia (embora sua família
vivesse na França havia séculos), e a nobreza de seu pai era de
cepa relativamente recente. "Cepa" é a palavra apropriada, pois
havia comerciantes de vinho no passado recente de sua família,
residentes e proprietários de terras não muito distantes de Bordeaux.
Pode-se dizer que o Château d'Eyquem corria nas veias de
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Montaigne, mas deve-se acrescentar que ele não tinha orgulho de
suas origens. Nobre da quarta geração, foi o primeiro de sua linha-
gem a
..renunciar ao sobrenome Eyquem e a autodenominar-se,
segundo o nome da propriedade herdada, de Montaigne. Descre-
veu sua família, não com muita precisão, como famosa pela "bra-
vura" (preud'homie, a virtude característica do cavalheiro medie-
val). Gostava de referir-se a si mesmo como soldado, papel básico
da nobreza tradicional, embora sua principal ocupação, entre a
universidade e antes de seu prematuro retiro, foi, na realidade, a
de magistrado (conseiller) na corte (parlament) de Bordeaux, posto
que ocupou de 1557 a 1570. Na prática, estava mais próximo da
nova nobreza jurídica (noblesse de robe), em cujo seio se casou, que
da velha nobreza militar (noblesse d'épée).
Os militares nobres, tradicionalmente, não eram amantes
do saber, e as freqüentes afirmações de Montaigne de não ser
um homem de estudos não deveriam ser entendidas como mo-
déstia pessoal, verdadeira ou falsa, mas como lugares-comuns
no grupo social com o qual ele se identificava. Suas reflexões
acerca da educação das crianças (1.26) eram explicitamente
destinadas às instruções de um cavalheiro, e enfatizavam a ne-
cessidade de evitar o que ele chamava de pedantismo. Seu ideal
era o do amador, do diletante. Da mesma maneira, Montaigne
gostava de dar a impressão de que não estudava, mas simples-
mente folheava seus livros de vez em quando, "sem ordem, sem
método"; de que não retocava seus escritos, mas simplesmente
tomava nota de tudo o que lhe passava pela cabeça; e de que
seu propósito ao escrever, cc:>mo declarou no prefácio dos En-
saios, era puramente "doméstico e privado", em atenção à sua
família e aos amigos, não para o público em geral. Essa era a
única forma de escrever da qual um cavalheiro francês da épo-
ca não tinha razão para envergonhar-se.
No entanto, não se deve exagerar o grau da concordância
de Montaigne com as opiniões contemporâneas esperadas de um
membro da nobreza francesa. Se ele tivesse sido típico, não o
lembraríamos de maneira alguma. A fim de apreciar um pouco
mais de perto a mistura do que havia de distintivo e de conven-
cional em suas atitudes, pode ser útil considerar uma das princi-
pais decisões de sua vida: o retiro. Em 1570 vendeu seu posto de
magistrado - a venda de tais cargos era normal na época - e
se retirou para a propriedade que havia herdado com a morte de
seu pai, dois anos antes. Refugiou-se em sua biblioteca, no ter-
ceiro pavimento de uma torre.redonda, aposento que decorou
com inscrições em grego e em latim. Lá, disse a seus leitores que
passava "a maior parte dos dias de minha vida e a maior parte das
horas do dia" (3.3).
Por que se retirou? A explicação mais óbvia é política. Mais
tarde Montaigne descreveu sua propriedade como um "retiro para
descansar das guerras" (2.15). Em 1570 fazia oito anos que as
guerras civis estavam em vigor. Michel de L'Hôpital, chanceler
de França, que em vão havia tentado impedir ·que católicos e
protestantes matassem uns aos outros, tinha abandonado a luta
em 1568, retirando-se para sua propriedade em Vignay. Seja como
for, Montaigne tinha 37 anos em 1570. Poucos anos depois se
autodescreveria como tendo "adentrado as avenidas da velhice,
tendo ultrapassado há muito os quarenta anos" (2.17). Parece
que ele pensava sobre seu retiro mais ou m~nos como um atual
sexagenário. Semelhante idéia não era uma mórbida peculiari-
dade sua. No século XVI, era perfeitamente normal que as pes-
soas se considerassem velhas aos 40 anos. O que entendemos
como a crise da meia-idade, que leva à consciência de que o
futuro é limitado, o que um psiquiatra chamaria de "resignação
construtiva", era percebido no século XVI como a crise do fim
da vida, freqüentemente com boas razões. Embora Montaigne
tivesse, na realidade, 22 anos pela frente em 1570, seu grande
amigo Etienne de La Boétie havia morrido em 1563, aos 32 anos,
e o poeta Joachim du Bellay em 1560, com 37. O fato de um dos
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Montaigne, mas deve-se acrescentar que ele não tinha orgulho de
suas origens. Nobre da quarta geração, foi o primeiro de sua linha-
gem a
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segundo o nome da propriedade herdada, de Montaigne. Descre-
veu sua família, não com muita precisão, como famosa pela "bra-
vura" (preud'homie, a virtude característica do cavalheiro medie-
val). Gostava de referir-se a si mesmo como soldado, papel básico
da nobreza tradicional, embora sua principal ocupação, entre a
universidade e antes de seu prematuro retiro, foi, na realidade, a
de magistrado (conseiller) na corte (parlament) de Bordeaux, posto
que ocupou de 1557 a 1570. Na prática, estava mais próximo da
nova nobreza jurídica (noblesse de robe), em cujo seio se casou, que
da velha nobreza militar (noblesse d'épée).
Os militares nobres, tradicionalmente, não eram amantes
do saber, e as freqüentes afirmações de Montaigne de não ser
um homem de estudos não deveriam ser entendidas como mo-
déstia pessoal, verdadeira ou falsa, mas como lugares-comuns
no grupo social com o qual ele se identificava. Suas reflexões
acerca da educação das crianças (1.26) eram explicitamente
destinadas às instruções de um cavalheiro, e enfatizavam a ne-
cessidade de evitar o que ele chamava de pedantismo. Seu ideal
era o do amador, do diletante. Da mesma maneira, Montaigne
gostava de dar a impressão de que não estudava, mas simples-
mente folheava seus livros de vez em quando, "sem ordem, sem
método"; de que não retocava seus escritos, mas simplesmente
tomava nota de tudo o que lhe passava pela cabeça; e de que
seu propósito ao escrever, cc:>mo declarou no prefácio dos En-
saios, era puramente "doméstico e privado", em atenção à sua
família e aos amigos, não para o público em geral. Essa era a
única forma de escrever da qual um cavalheiro francês da épo-
ca não tinha razão para envergonhar-se.
No entanto, não se deve exagerar o grau da concordância
de Montaigne com as opiniões contemporâneas esperadas de um
membro da nobreza francesa. Se ele tivesse sido típico, não o
lembraríamos de maneira alguma. A fim de apreciar um pouco
mais de perto a mistura do que havia de distintivo e de conven-
cional em suas atitudes, pode ser útil considerar uma das princi-
pais decisões de sua vida: o retiro. Em 1570 vendeu seu posto de
magistrado - a venda de tais cargos era normal na época - e
se retirou para a propriedade que havia herdado com a morte de
seu pai, dois anos antes. Refugiou-se em sua biblioteca, no ter-
ceiro pavimento de uma torre.redonda, aposento que decorou
com inscrições em grego e em latim. Lá, disse a seus leitores que
passava "a maior parte dos dias de minha vida e a maior parte das
horas do dia" (3.3).
Por que se retirou? A explicação mais óbvia é política. Mais
tarde Montaigne descreveu sua propriedade como um "retiro para
descansar das guerras" (2.15). Em 1570 fazia oito anos que as
guerras civis estavam em vigor. Michel de L'Hôpital, chanceler
de França, que em vão havia tentado impedir ·que católicos e
protestantes matassem uns aos outros, tinha abandonado a luta
em 1568, retirando-se para sua propriedade em Vignay. Seja como
for, Montaigne tinha 37 anos em 1570. Poucos anos depois se
autodescreveria como tendo "adentrado as avenidas da velhice,
tendo ultrapassado há muito os quarenta anos" (2.17). Parece
que ele pensava sobre seu retiro mais ou m~nos como um atual
sexagenário. Semelhante idéia não era uma mórbida peculiari-
dade sua. No século XVI, era perfeitamente normal que as pes-
soas se considerassem velhas aos 40 anos. O que entendemos
como a crise da meia-idade, que leva à consciência de que o
futuro é limitado, o que um psiquiatra chamaria de "resignação
construtiva", era percebido no século XVI como a crise do fim
da vida, freqüentemente com boas razões. Embora Montaigne
tivesse, na realidade, 22 anos pela frente em 1570, seu grande
amigo Etienne de La Boétie havia morrido em 1563, aos 32 anos,
e o poeta Joachim du Bellay em 1560, com 37. O fato de um dos
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principais temas de seus ensaios ser aquilo que os contemporâ-
neos chamavam de a "arte de morrer bem" nos sugere que Mon-
•
taigne se retirou a fim de se preparar para a morte.
Montaigne considerou o retiro como o início de seu fim,
embora não tenha sido mais do que o fim de seu início. Ainda
deixaria sua torre para visitar a Alemanha, a Suíça e a Itália, em
1580-1581, e para exercer dois mandatos como prefeito de
Bordeaux em seu retomo (1581-1585). Em 1588, participou nas
negociações entre o rei Henrique III e o líder protestante
Henrique de Navarra (mais tarde Henrique IV). Nos intervalos
entre essas atividades escreveu os Ensaios.
Quanto à decisão de se isolar no campo, que pode parecer
estranha a um homem que não gostava do cultivo da terra, para
não mencionar a caça ou a administração de suas posses, era
também convencional. Para as elites da Europa renascentista,
como para as da antiga Roma, a zona n.iral estava associada a
tempo livre para instrução (otium), assim como a cidade estava
associada aos negócios, no sentido de ocupações políticas (nego-
tium). Uma inscrição na biblioteca de Montaigne, datada de 1571,
a consagra à liberdade, à tranqüilidade e ao ócio, e descreve seu
proprietário como "bastante fatigado de servir à corte e aos ne-
gócios públicos". Desse modo, Montaigne se auto-situava numa
longa e distinta tradição de rejeição da vida pública, e em parti-
cular da vida nas cortes dos príncipes expressada por muitos es-
critores antigos e modernos, tais como Horácio (um de seus
autores favoritos), o bispo espanhol Antonio de Guevara, cujo
Desprezo da corte e louvor da aldeia (1539) lhe era igualmente
bem conhecido, e Guy du Faur de Pibrac (1529-1584) com os
Prazeres da vida rural, o cavalheiro gascão ao qual Montaigne
admirava por ser "um espírito nobre".
O retiro de Montaigne era uma evasão da sociedade, mas
tratava-se de um modo de evasão que estava estruturado pela
sociedade e refletia o ideal contemporâneo do ócio para o estu-
do. O ex-chanceler Michel de L'Hôpital passou o retiro com-
pondo versos em latim, como seu equivalente moderno instalar-
se-ia para escrever suas memórias. L'Hôpital se ajustava ao ideal
humanista do Renascimento. Há boas razões para considerar
Montaigne também um humanista.
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neos chamavam de a "arte de morrer bem" nos sugere que Mon-
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taigne se retirou a fim de se preparar para a morte.
Montaigne considerou o retiro como o início de seu fim,
embora não tenha sido mais do que o fim de seu início. Ainda
deixaria sua torre para visitar a Alemanha, a Suíça e a Itália, em
1580-1581, e para exercer dois mandatos como prefeito de
Bordeaux em seu retomo (1581-1585). Em 1588, participou nas
negociações entre o rei Henrique III e o líder protestante
Henrique de Navarra (mais tarde Henrique IV). Nos intervalos
entre essas atividades escreveu os Ensaios.
Quanto à decisão de se isolar no campo, que pode parecer
estranha a um homem que não gostava do cultivo da terra, para
não mencionar a caça ou a administração de suas posses, era
também convencional. Para as elites da Europa renascentista,
como para as da antiga Roma, a zona n.iral estava associada a
tempo livre para instrução (otium), assim como a cidade estava
associada aos negócios, no sentido de ocupações políticas (nego-
tium). Uma inscrição na biblioteca de Montaigne, datada de 1571,
a consagra à liberdade, à tranqüilidade e ao ócio, e descreve seu
proprietário como "bastante fatigado de servir à corte e aos ne-
gócios públicos". Desse modo, Montaigne se auto-situava numa
longa e distinta tradição de rejeição da vida pública, e em parti-
cular da vida nas cortes dos príncipes expressada por muitos es-
critores antigos e modernos, tais como Horácio (um de seus
autores favoritos), o bispo espanhol Antonio de Guevara, cujo
Desprezo da corte e louvor da aldeia (1539) lhe era igualmente
bem conhecido, e Guy du Faur de Pibrac (1529-1584) com os
Prazeres da vida rural, o cavalheiro gascão ao qual Montaigne
admirava por ser "um espírito nobre".
O retiro de Montaigne era uma evasão da sociedade, mas
tratava-se de um modo de evasão que estava estruturado pela
sociedade e refletia o ideal contemporâneo do ócio para o estu-
do. O ex-chanceler Michel de L'Hôpital passou o retiro com-
pondo versos em latim, como seu equivalente moderno instalar-
se-ia para escrever suas memórias. L'Hôpital se ajustava ao ideal
humanista do Renascimento. Há boas razões para considerar
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Jdo Renascimento na Itália (1860), o conceito_de
___, "humanismo" tem sido popular entre os historiadores,
mas nem todos o têm empregado do mesmo modo. Alguns usam
o termo num sentido vago para se referir à preocupação com a
dignidade do homem, opondo um Renascimento antropocêntrico
- às vezes de modo demasiado simples - a uma Idade Média
teocêntrica. Outros historiadores preferem empregar o termo
"humanista" da maneira como se utilizava umanista nas univer-
sidades italianas por volta de 1500. Nesse sentido, um huma-
nista era mestre profissional das "humanidades" (studia huma-
nitatis), ou seja, de história, ética, poesia e Tetórica. Essas quatro
matérias foram consideradas especialmente ,íhumanas" por Cícero
e outros intelectuais romanos, e também pelo renascentistas, pois
se acreditava que as características essenciais do homem eram
sua habilidade para falar e para distinguir o certo do errado.
Os humanistas do Renascimento, nesse sentido do termo,
distinguiam-se facilmente de seus colegas acadêmicos em virtu-
de de rejeitarem os "escolásticos" (scholastici), ou seja, filósofos
medievais tais como Tomás de Aquino, Duns Scotus e Guilher-
me de Ockham, e seu mestre Aristóteles. Os humanistas rejeita-
vam tanto a linguagem da filosofia escolástica - que não era
clássica (e portanto, a seus olhos, bárbara) - como sua concen-
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mas nem todos o têm empregado do mesmo modo. Alguns usam
o termo num sentido vago para se referir à preocupação com a
dignidade do homem, opondo um Renascimento antropocêntrico
- às vezes de modo demasiado simples - a uma Idade Média
teocêntrica. Outros historiadores preferem empregar o termo
"humanista" da maneira como se utilizava umanista nas univer-
sidades italianas por volta de 1500. Nesse sentido, um huma-
nista era mestre profissional das "humanidades" (studia huma-
nitatis), ou seja, de história, ética, poesia e Tetórica. Essas quatro
matérias foram consideradas especialmente ,íhumanas" por Cícero
e outros intelectuais romanos, e também pelo renascentistas, pois
se acreditava que as características essenciais do homem eram
sua habilidade para falar e para distinguir o certo do errado.
Os humanistas do Renascimento, nesse sentido do termo,
distinguiam-se facilmente de seus colegas acadêmicos em virtu-
de de rejeitarem os "escolásticos" (scholastici), ou seja, filósofos
medievais tais como Tomás de Aquino, Duns Scotus e Guilher-
me de Ockham, e seu mestre Aristóteles. Os humanistas rejeita-
vam tanto a linguagem da filosofia escolástica - que não era
clássica (e portanto, a seus olhos, bárbara) - como sua concen-
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tração na lógica, que consideravam árida e sem relevância em
com~aração com o estudo da ética. Rejeitavam a cultura da que
eles foram os primeiros a chamar de "Idade Média" a favor dos
modelos clássicos, tanto de linguagem como de comportamento.
Cícero lhes ensinava como escrever; Sócrates, Catão e Cipião
lhes ensinavam como viver e como morrer.
O movimento humanista, que floresceu nos séculos XV e
XVI, durou muito tempo e envolveu muitas pessoas para ser
considerado uniforme e imutável. Alguns humanistas admira-
ram Júlio César, outros preferiram Brutus, seu assassino. Al-
guns humanistas, agora muitas vezes denominados "cívicos",
pensavam que a vida ativa era superior à contemplativa. Te-
riam considerado que Montaigne se auto-realizaria melhor ad-
ministrando Bordeaux em vez de recolhendo-se a sua torre.
Outros humanistas acreditavam exatamente no contrário. Al-
guns se interessavam pela retórica, outros pela filosofia, e hou-
ve muitos conflitos entre os dois grupos. Alguns humanistas
seguiam Platão, outros Aristóteles (contudo, ao contrário dos
escolásticos, eles o liam em grego) e outros, ainda, os estóicos,
especialmente o filósofo romano Sêneca (4 a.C-65 d.C.) e o
ideal de "constância" manifestado em suas Cartas a Lucílio. O
homem constante, segundo Sêneca, propaga luzpela vida. Sabe
como pôr limites a seus desejos e por essa razão permanece tão
impassível ante os reveses da inconstante fortuna como um pé
de carvalho ante o vento. Trata-se de uma boa filosofia para
maus tempos, e não é de estranhar que tenha parecido espe-
cialmente atraente aos intelectuais europeus durante as guerras
religiosas do final do século XVI. Na França, o companheiro de
Montaigne nos tribunais, Pressac (1574), e o nobre calvinista
Philippe Duplessis Mornay (1576) traduziram as cartas de
Sêneca. Nos Países Baixos, que também sofreram o que ele
chamou de "os distúrbios das guerras civis", o grande erudito
Justus Lipsius, admirador de Montaigne, editou Sêneca e escre-
veu um tratado Da constância (1585). Por volta de 1590, o ju-
rista francês Guillaume du Vair escreveu um livro sobre o mes-
mo tema que se tornou bastante popular.
Mesmo distintos entre si como eram (ou chegaram a ser),
os humanistas coincidiram na admiração pela Antiguidade clás-
sica, em sua crença de que a sabedoria dos antigos poderia recon-
ciliar-se com o cristianismo em sua preocupação central com o
homem. Como Sócrates, consideravam o autoconhecimento a
coisa mais importante, e não o conhecimento da natureza. Gos-
tavam de citar uma frase do filósofo grego Protágoras (c. 485-c.
415 a.C.), a observação um tanto críptica de que "o homem é a
medida de todas as coisas, das coisas que são enquanto são e das
que não são enquanto não são".
Montaigne não foi um humanista no sentido estritamente
profissional, como (digamos) Adrien Turnebe, professor de gre-
go no Colégio Real de Paris que, segundo Montaigne escreveu,
"conhecia tudo" e foi o mais importante erudito em "mil anos".
Entretanto, ele compartilhou os interesses e as atitudes dos
humanistas. Embora seja bastante provável que soubesse pouco
grego, seu latim era excelente. Graças ao gosto de seu pai pelos
experimentos educativos, o latim foi, literalmente, a primeira
língua de Montaigne. Segundo nos conta, não lhe falaram outra
coisa até que tivesse 6 anos (1.26). Em conseqüência, lia Ovídio
por diversão numa idade em que outros jovens liam romances de
cavalaria - as novelas de faroeste do século XVI-, se _
é que
liam alguma coisa. Montaigne passou a receber uma educação
humanista completa no recém-fundado Colégio de Guyenne em
Bordeaux, que, além de ser convenientemente perto de casa, era
uma das melhores escolas do novo gênero que podiam ser en-
contradas na Europa naquele tempo. Foi instruído por humanistas
que mais tarde se tomaram famosos, sobretudo Marc-Antoine
Muret e o escocês George Buchanan, e atuou nas tragédias lati-
nas que eles compunham. Éprovável, embora isso não possa ser
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tração na lógica, que consideravam árida e sem relevância em
com~aração com o estudo da ética. Rejeitavam a cultura da que
eles foram os primeiros a chamar de "Idade Média" a favor dos
modelos clássicos, tanto de linguagem como de comportamento.
Cícero lhes ensinava como escrever; Sócrates, Catão e Cipião
lhes ensinavam como viver e como morrer.
O movimento humanista, que floresceu nos séculos XV e
XVI, durou muito tempo e envolveu muitas pessoas para ser
considerado uniforme e imutável. Alguns humanistas admira-
ram Júlio César, outros preferiram Brutus, seu assassino. Al-
guns humanistas, agora muitas vezes denominados "cívicos",
pensavam que a vida ativa era superior à contemplativa. Te-
riam considerado que Montaigne se auto-realizaria melhor ad-
ministrando Bordeaux em vez de recolhendo-se a sua torre.
Outros humanistas acreditavam exatamente no contrário. Al-
guns se interessavam pela retórica, outros pela filosofia, e hou-
ve muitos conflitos entre os dois grupos. Alguns humanistas
seguiam Platão, outros Aristóteles (contudo, ao contrário dos
escolásticos, eles o liam em grego) e outros, ainda, os estóicos,
especialmente o filósofo romano Sêneca (4 a.C-65 d.C.) e o
ideal de "constância" manifestado em suas Cartas a Lucílio. O
homem constante, segundo Sêneca, propaga luzpela vida. Sabe
como pôr limites a seus desejos e por essa razão permanece tão
impassível ante os reveses da inconstante fortuna como um pé
de carvalho ante o vento. Trata-se de uma boa filosofia para
maus tempos, e não é de estranhar que tenha parecido espe-
cialmente atraente aos intelectuais europeus durante as guerras
religiosas do final do século XVI. Na França, o companheiro de
Montaigne nos tribunais, Pressac (1574), e o nobre calvinista
Philippe Duplessis Mornay (1576) traduziram as cartas de
Sêneca. Nos Países Baixos, que também sofreram o que ele
chamou de "os distúrbios das guerras civis", o grande erudito
Justus Lipsius, admirador de Montaigne, editou Sêneca e escre-
veu um tratado Da constância (1585). Por volta de 1590, o ju-
rista francês Guillaume du Vair escreveu um livro sobre o mes-
mo tema que se tornou bastante popular.
Mesmo distintos entre si como eram (ou chegaram a ser),
os humanistas coincidiram na admiração pela Antiguidade clás-
sica, em sua crença de que a sabedoria dos antigos poderia recon-
ciliar-se com o cristianismo em sua preocupação central com o
homem. Como Sócrates, consideravam o autoconhecimento a
coisa mais importante, e não o conhecimento da natureza. Gos-
tavam de citar uma frase do filósofo grego Protágoras (c. 485-c.
415 a.C.), a observação um tanto críptica de que "o homem é a
medida de todas as coisas, das coisas que são enquanto são e das
que não são enquanto não são".
Montaigne não foi um humanista no sentido estritamente
profissional, como (digamos) Adrien Turnebe, professor de gre-
go no Colégio Real de Paris que, segundo Montaigne escreveu,
"conhecia tudo" e foi o mais importante erudito em "mil anos".
Entretanto, ele compartilhou os interesses e as atitudes dos
humanistas. Embora seja bastante provável que soubesse pouco
grego, seu latim era excelente. Graças ao gosto de seu pai pelos
experimentos educativos, o latim foi, literalmente, a primeira
língua de Montaigne. Segundo nos conta, não lhe falaram outra
coisa até que tivesse 6 anos (1.26). Em conseqüência, lia Ovídio
por diversão numa idade em que outros jovens liam romances de
cavalaria - as novelas de faroeste do século XVI-, se _
é que
liam alguma coisa. Montaigne passou a receber uma educação
humanista completa no recém-fundado Colégio de Guyenne em
Bordeaux, que, além de ser convenientemente perto de casa, era
uma das melhores escolas do novo gênero que podiam ser en-
contradas na Europa naquele tempo. Foi instruído por humanistas
que mais tarde se tomaram famosos, sobretudo Marc-Antoine
Muret e o escocês George Buchanan, e atuou nas tragédias lati-
nas que eles compunham. Éprovável, embora isso não possa ser
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provado, que tenha continuado seus estudos com Turnebe e outros
na ,l)niversidade de Paris.
Essa educação deixou marcas. Já vimos como Montaigne
concebia seu retiro da vida pública do ponto de vista clássico ou
humanista. Mais ou menos cinco anos depois, pintou 57 máxi-
mas nas vigas de sua biblioteca, do mesmo modo como o huma-
nista Marsílio Ficino havia feito nas paredes da sala de sua casa
de campo em Careggi, na Toscana. Das máximas de Montaigne,
25 eram citações gregas e 32 latinas, entre as quais figurava uma
do comediógrafo romano Terêncio (c. 195-159 a.C.) que pode-
ria servir de lema para o humanismo em seu sentido amplo: "Sou
homem, e nada humano julgo ser-me alheio" (Homo sum, humani
a me nihil alienum puto).
É raro o ensaio que não esteja repleto de citações latinas
(1 .264 delas no total). Montaigne fez muitas vezes citações de
segunda mão - como ele francamente admitiu-, mas, a julgar
por suas referências e seus empréstimos, é claro que todos os seus
autores favoritos eram antigos. Nove romanos e dois gregos são
citados com mais freqüência do que todos os demais escritores
pós-clássicos. Seus favoritos são, em ordem ascendente de im-
portância, Ovídio, Tácito, Heródoto, César, Virgílio, Diógenes
Laércio (autor das Vidas dos filósofos, e usado mais para o que os
filósofos disseram do que para o que ele disse sobre eles), Horácio,
Lucrécio, Cícero, Sêneca e Plutarco. Montaigne compartilhava
a admiração de seus contemporâneos por Sêneca, especialmente
pelas Cartas a Lucílio. Vários dos primeiros ensaios são pouco
mais que mosaicos de citações desse filósofo romano (o próprio
Montaigne fala de "incrustação"), e a prosa informal, não-
ciceroniana, dos Ensaios deve muito a Sêneca. Quanto às obras
de Plutarco (c. 46-c. 127 d.C.), Montaigne as estudou cuidado-
samente na nova tradução francesa feita pelo bispo Jacques
Amyot, e se refere a elas ou faz empréstimos dos discursos morais
e da vida dos gregos e romanos famosos quase quatrocentas vezes
ao longo de seus Ensaios. Como Henrique IV, poderia ter chama-
do Plutarco de sua "consciência". Seus poetas favoritos, como
seus filósofos favoritos, eram clássicos; não somente Ovídio e
Horácio, mas também Catulo, Marcial e Juvenal.
Também os heróis de Montaigne são todos antigos. A dis-
cussão acerca dos "homens mais excelentes" (2.36) é centrada
em Homero, Alexandre Magno e, no lugar mais elevado de to-
dos, o general tebano Epaminondas (morto em 362 a.C.). Mais
tarde foi Sócrates que se tornou o herói de Montaigne: "esse
homem incomparável", "o homem mais sábio que já existiu", "o
mais perfeito de que já tive notícia". Montaigne considerou sua
época medíocre em comparação com as glórias da Antiguidade,
e os antigos foram seu ponto de referência para julgar o presente,
exatamente como o foram para os humanistas.
Como os humanistas, Montaigne dedicou pouco tempo aos
escolásticos, a Aristóteles, o "deus da ciência escolástica" - pelo
menos à sua Lógica ou à sua Metafísica. Quando, algum tempo
depois, descobriu a Ética e a Política, Montaigne as apreciou muito
mais, e também nisso foi um homem de seu tempo. Como
Sócrates, Cícero e os humanistas, acreditava que o estudo pró-
prio da humanidade é o homem: a condição humana, não o
universo físico. A primeira coisa que uma çriança deve aprender,
escreveu, é "a se conhecer e a saber morrer bem e viver bem"
(1.26). Montaigne não era ignorante em matéria de ciências fí-
sicas. Estava informado sobre a teoria heliocêntrica de Copérnico;
assim como sobre os "átomos de Epicuro, o cheio e o vazio de
Leucipo e Demócrito ou a água de Tales" (2.12), mas essas idéias
abstratas não despertavam sua curiosidade. Não se preocupou
em saber se era Copérnico ou Ptolomeu que estava certo, se o
Sol girava em tomo da Terra ou esta em tomo do Sol. Montaigne
estava, ao contrário, mais interessado na tecnologia contempo-
rânea, nas máquinas engenhosas, como mostra o diário de sua
viagem ao exterior, com minuciosas descrições dos portões auto-
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na ,l)niversidade de Paris.
Essa educação deixou marcas. Já vimos como Montaigne
concebia seu retiro da vida pública do ponto de vista clássico ou
humanista. Mais ou menos cinco anos depois, pintou 57 máxi-
mas nas vigas de sua biblioteca, do mesmo modo como o huma-
nista Marsílio Ficino havia feito nas paredes da sala de sua casa
de campo em Careggi, na Toscana. Das máximas de Montaigne,
25 eram citações gregas e 32 latinas, entre as quais figurava uma
do comediógrafo romano Terêncio (c. 195-159 a.C.) que pode-
ria servir de lema para o humanismo em seu sentido amplo: "Sou
homem, e nada humano julgo ser-me alheio" (Homo sum, humani
a me nihil alienum puto).
É raro o ensaio que não esteja repleto de citações latinas
(1 .264 delas no total). Montaigne fez muitas vezes citações de
segunda mão - como ele francamente admitiu-, mas, a julgar
por suas referências e seus empréstimos, é claro que todos os seus
autores favoritos eram antigos. Nove romanos e dois gregos são
citados com mais freqüência do que todos os demais escritores
pós-clássicos. Seus favoritos são, em ordem ascendente de im-
portância, Ovídio, Tácito, Heródoto, César, Virgílio, Diógenes
Laércio (autor das Vidas dos filósofos, e usado mais para o que os
filósofos disseram do que para o que ele disse sobre eles), Horácio,
Lucrécio, Cícero, Sêneca e Plutarco. Montaigne compartilhava
a admiração de seus contemporâneos por Sêneca, especialmente
pelas Cartas a Lucílio. Vários dos primeiros ensaios são pouco
mais que mosaicos de citações desse filósofo romano (o próprio
Montaigne fala de "incrustação"), e a prosa informal, não-
ciceroniana, dos Ensaios deve muito a Sêneca. Quanto às obras
de Plutarco (c. 46-c. 127 d.C.), Montaigne as estudou cuidado-
samente na nova tradução francesa feita pelo bispo Jacques
Amyot, e se refere a elas ou faz empréstimos dos discursos morais
e da vida dos gregos e romanos famosos quase quatrocentas vezes
ao longo de seus Ensaios. Como Henrique IV, poderia ter chama-
do Plutarco de sua "consciência". Seus poetas favoritos, como
seus filósofos favoritos, eram clássicos; não somente Ovídio e
Horácio, mas também Catulo, Marcial e Juvenal.
Também os heróis de Montaigne são todos antigos. A dis-
cussão acerca dos "homens mais excelentes" (2.36) é centrada
em Homero, Alexandre Magno e, no lugar mais elevado de to-
dos, o general tebano Epaminondas (morto em 362 a.C.). Mais
tarde foi Sócrates que se tornou o herói de Montaigne: "esse
homem incomparável", "o homem mais sábio que já existiu", "o
mais perfeito de que já tive notícia". Montaigne considerou sua
época medíocre em comparação com as glórias da Antiguidade,
e os antigos foram seu ponto de referência para julgar o presente,
exatamente como o foram para os humanistas.
Como os humanistas, Montaigne dedicou pouco tempo aos
escolásticos, a Aristóteles, o "deus da ciência escolástica" - pelo
menos à sua Lógica ou à sua Metafísica. Quando, algum tempo
depois, descobriu a Ética e a Política, Montaigne as apreciou muito
mais, e também nisso foi um homem de seu tempo. Como
Sócrates, Cícero e os humanistas, acreditava que o estudo pró-
prio da humanidade é o homem: a condição humana, não o
universo físico. A primeira coisa que uma çriança deve aprender,
escreveu, é "a se conhecer e a saber morrer bem e viver bem"
(1.26). Montaigne não era ignorante em matéria de ciências fí-
sicas. Estava informado sobre a teoria heliocêntrica de Copérnico;
assim como sobre os "átomos de Epicuro, o cheio e o vazio de
Leucipo e Demócrito ou a água de Tales" (2.12), mas essas idéias
abstratas não despertavam sua curiosidade. Não se preocupou
em saber se era Copérnico ou Ptolomeu que estava certo, se o
Sol girava em tomo da Terra ou esta em tomo do Sol. Montaigne
estava, ao contrário, mais interessado na tecnologia contempo-
rânea, nas máquinas engenhosas, como mostra o diário de sua
viagem ao exterior, com minuciosas descrições dos portões auto-
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máticos em Nuremberg e da gruta "milagrosa" em Pratolino, na
Toscana, onde a força da água levava algumas estátuas a se mo-
vimefltar e a tocar música. Entretanto, quando chegou a Roma,
seu entusiasmo foi o de qualquer humanista. Ele visitou a Biblio-
teca do Vaticano e admirou os manuscritos de seus autores favo-
ritos, Plutarco e Sêneca, e passou dias estudando as ruínas da
cidade clássica. Elogiou as obras de arte antigas e modernas, mas
não teve muito a dizer sobre elas.
Montaigne foi apresentado, algumas vezes, como crítico do
humanismo, como parte de um "contra-renascimento". Não está
totalmente claro o que pensou do maior humanista de seu sécu-
lo. Devia muito a Erasmo, mas raramente se referiu a ele, talvez
porque a Igreja chegara a associar Erasmo a Lutero. Tinha aver-
são ao pedantismo e zombava num estilo um tanto erasmiano do
erudito que estudava até altas horas: "pensas que ele procura nos
livros como se tornar mais honrado, mais contente e mais sábio?
Nada de novo. Ele morrerá ali, ou informará à posteridade a
medida dos versos de Plauto e a ortografia correta de uma pala-
vra latina" (1.39). Ocasionalmente, e também como Erasmo,
Montaigne criticou o ideal estóico do homem constante, "um
colosso imóvel e impassível", como antinatural, talvez desuma-
no (1.44). Se os humanistas foram crentes acríticos no valor da
filologia clássica, na retórica, na dignidade do homem e no po-
der da razão humana, não pode haver dúvida alguma sobre o
distanciamento de Montaigne em relação a suas atitudes; mas,
como indica o exemplo de Erasmo, isso significa simplificar
indevidamente o movimento. Houve humanistas que criticaram
a retórica ou que escreveram contra os estóicos, assim como houve
escritores antigos que o fizeram (Plutarco, por exemplo, mos-
trando-se, mais uma vez, digno da aprovação de Montaigne).
No que diz respeito à dignidade do homem, seria um erro
estabelecer um contraste tão forte entre o famoso Discurso sobre
a dignidade do homem de Pico della Mirandola e o não menos
famoso rebaixamento das pretensões humanas que Montaigne
faz na "Apologia de Raymond Sebond" (2.12). É verdade que
Montaigne rebate Pico, e argumenta em defesa da insignificân-
cia do homem, "esta miserável e insignificante criatura, que nem
sequer é senhora de si mesma[...] e contudo ousa dizer-se senho-
ra e imperatriz do universo". Os desacordos entre os filósofos, a
sabedoria dos animais - como o cão que "deduz" com seu olfato
que caminho seu dono tomou -, a falibilidade dos sentidos e
muitos outros argumentos são impressos ao serviço de combater
a vaidade e a presunção humanas, e especialmente a idéia de que
é o uso da razão que distingue o homem dos animais. Montaigne
apresenta a repetida citação humanista de Protágoras apenas para
a escarnecer: "Realmente Protágoras nos contava vantagens ao
tornar o homem a medida de todas as coisas, ele que nunca sou-
be sequer a sua" (2.12).
Os humanistas, entretanto, não foram inconscientes da fra-
queza humana. Suas composições retóricas sobre a dignidade do
homem muitas vezes eram acompanhadas de composições sobre
sua miséria, expondo argumentos a favor e contra, como fez o
escritor francês Pierre Boaystuau em seu Teatro do mundo (1559),
livro que figurava na biblioteca de Montaigne. Pico exemplificou
um lado da questão, Montaigne o outro. A apologia é uma com-
posição cujo espírito difere muito do dos outros ensaios. Apesar de
alegar suspeitar da retórica, o que Montaigne nos ofereceu foi um
brilhante discurso sobre a miséria do homem. Essa não era toda a
história, e ele o sabia. Em outra parte ele sugere que "não há nada
tão belo e legítimo quanto desempenhar bem e adequadamente o
papel de homem, nem ciência tão árdua quanto a de saber viver
bem e naturalmente esta vida; e de todas as nossas doenças a mais
selvagem é menosprezar nosso ser" (3.13).
.Montaigne não foi um humanista "típico" - se é que hou-
ve algum. Era demasiado individualista para tanto. Certamen-
te não foi um neoplatônico, como tantos humanistas. Julgou
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Toscana, onde a força da água levava algumas estátuas a se mo-
vimefltar e a tocar música. Entretanto, quando chegou a Roma,
seu entusiasmo foi o de qualquer humanista. Ele visitou a Biblio-
teca do Vaticano e admirou os manuscritos de seus autores favo-
ritos, Plutarco e Sêneca, e passou dias estudando as ruínas da
cidade clássica. Elogiou as obras de arte antigas e modernas, mas
não teve muito a dizer sobre elas.
Montaigne foi apresentado, algumas vezes, como crítico do
humanismo, como parte de um "contra-renascimento". Não está
totalmente claro o que pensou do maior humanista de seu sécu-
lo. Devia muito a Erasmo, mas raramente se referiu a ele, talvez
porque a Igreja chegara a associar Erasmo a Lutero. Tinha aver-
são ao pedantismo e zombava num estilo um tanto erasmiano do
erudito que estudava até altas horas: "pensas que ele procura nos
livros como se tornar mais honrado, mais contente e mais sábio?
Nada de novo. Ele morrerá ali, ou informará à posteridade a
medida dos versos de Plauto e a ortografia correta de uma pala-
vra latina" (1.39). Ocasionalmente, e também como Erasmo,
Montaigne criticou o ideal estóico do homem constante, "um
colosso imóvel e impassível", como antinatural, talvez desuma-
no (1.44). Se os humanistas foram crentes acríticos no valor da
filologia clássica, na retórica, na dignidade do homem e no po-
der da razão humana, não pode haver dúvida alguma sobre o
distanciamento de Montaigne em relação a suas atitudes; mas,
como indica o exemplo de Erasmo, isso significa simplificar
indevidamente o movimento. Houve humanistas que criticaram
a retórica ou que escreveram contra os estóicos, assim como houve
escritores antigos que o fizeram (Plutarco, por exemplo, mos-
trando-se, mais uma vez, digno da aprovação de Montaigne).
No que diz respeito à dignidade do homem, seria um erro
estabelecer um contraste tão forte entre o famoso Discurso sobre
a dignidade do homem de Pico della Mirandola e o não menos
famoso rebaixamento das pretensões humanas que Montaigne
faz na "Apologia de Raymond Sebond" (2.12). É verdade que
Montaigne rebate Pico, e argumenta em defesa da insignificân-
cia do homem, "esta miserável e insignificante criatura, que nem
sequer é senhora de si mesma[...] e contudo ousa dizer-se senho-
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sabedoria dos animais - como o cão que "deduz" com seu olfato
que caminho seu dono tomou -, a falibilidade dos sentidos e
muitos outros argumentos são impressos ao serviço de combater
a vaidade e a presunção humanas, e especialmente a idéia de que
é o uso da razão que distingue o homem dos animais. Montaigne
apresenta a repetida citação humanista de Protágoras apenas para
a escarnecer: "Realmente Protágoras nos contava vantagens ao
tornar o homem a medida de todas as coisas, ele que nunca sou-
be sequer a sua" (2.12).
Os humanistas, entretanto, não foram inconscientes da fra-
queza humana. Suas composições retóricas sobre a dignidade do
homem muitas vezes eram acompanhadas de composições sobre
sua miséria, expondo argumentos a favor e contra, como fez o
escritor francês Pierre Boaystuau em seu Teatro do mundo (1559),
livro que figurava na biblioteca de Montaigne. Pico exemplificou
um lado da questão, Montaigne o outro. A apologia é uma com-
posição cujo espírito difere muito do dos outros ensaios. Apesar de
alegar suspeitar da retórica, o que Montaigne nos ofereceu foi um
brilhante discurso sobre a miséria do homem. Essa não era toda a
história, e ele o sabia. Em outra parte ele sugere que "não há nada
tão belo e legítimo quanto desempenhar bem e adequadamente o
papel de homem, nem ciência tão árdua quanto a de saber viver
bem e naturalmente esta vida; e de todas as nossas doenças a mais
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tou-se com o que chamava de "sacrilégio audacioso" ao dizer
isso tm público. Considerava melhor saber bem a própria lín-
gua, e talvez a língua empregada no mercado de uma região
vizinha, do que saber latim e grego; evidentemente, reagia, ao
considerar isso, à educação que seu pai lhe havia proporciona-
do. Não pensou que a autoridade dos antigos fosse decisiva. Ao
contrário da maioria de seus contemporâneos, Montaigne não
acreditou nas autoridades (fora as da Igreja). Como vimos,
opinou que boa parte do ensino clássico era inútil pedantismo.
Declarou que preferia entender antes a si mesmo que a Cícero.
Tinha pouca confiança na razão humana. Era, sem dúvida, um
humanista excêntrico. Se após todas essas qualificações o ter-
mo ainda parece apropriado, deve-se ao constante uso que
Montaigne faz da Antiguidade clássica como ponto de referên-
cia e a sua admiração por certas personalidades antigas, como
Sócrates e Plutarco.
Não é difícil entender por que Montaigne admirava Sócrates:
a consciência de sua própria ignorância, a insistência no auto-
conhecimento, o desprezo pelos sofistas profissionais, o infor-
malismo e a ironia, tudo nos lembra Montaigne. Quanto a Plutarco,
tratava-se também de almas gêmeas. Plutarco foi um filósofo, mas
também um homem prático, um patrício que desempenhou car-
gos públicos tanto em Delfos como em sua Queronéia natal. Sua
preocupação pela vida reta se manifesta em suas vidas paralelas de
gregos e romanos famosos, assim como em seus discursos éticos,
que foram traduzidos para o francês em 1572, precisamente a tem-
po de Montaigne utilizá-los. Há um discurso sobre a racionalidade
dos animais, do qual Montaigne fez empréstimos para sua apolo-
gia; outro sobre a afeição dos pais pelos filhos, do qual há ecos no
ensaio de Montaigne sobre o mesmo tema; e outros, dos quais
Montaigne também apreendeu muito, sobre a decadência dos orá-
culos e sobre a "superstição". Quase sempre, a confissão sobre si
mesmo, o humor e o tom coloquial desses discursos nos fazem lem-
brar os de Montaigne por causa das freqüentes digressões e as ain-
da mais freqüentes citações (Erasmo falou do "mosaico" de
Plutarco). Éclaro que, ainda mais do que Sêneca, Plutarco ajudou
Montaigne a descobrir a própria voz.
Essa era, naturalmente, a principal função dos escritores
clássicos para os humanistas do Renascimento. Tratava-se de
"mestres do passado". Chamar Montaigne de humanista signi-
fica situá-lo numa tradição cultural sem a qual seria difícil com-
preender os Ensaios. Mas já vimos que Montaigne foi um
humanista de uma geração especial, que enfrentou problemas
intelectuais bem distintos daqueles de seus predecessores. En-
tre esses problemas, um dos mais sérios constitui o tema do
próximo capítulo.
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tou-se com o que chamava de "sacrilégio audacioso" ao dizer
isso tm público. Considerava melhor saber bem a própria lín-
gua, e talvez a língua empregada no mercado de uma região
vizinha, do que saber latim e grego; evidentemente, reagia, ao
considerar isso, à educação que seu pai lhe havia proporciona-
do. Não pensou que a autoridade dos antigos fosse decisiva. Ao
contrário da maioria de seus contemporâneos, Montaigne não
acreditou nas autoridades (fora as da Igreja). Como vimos,
opinou que boa parte do ensino clássico era inútil pedantismo.
Declarou que preferia entender antes a si mesmo que a Cícero.
Tinha pouca confiança na razão humana. Era, sem dúvida, um
humanista excêntrico. Se após todas essas qualificações o ter-
mo ainda parece apropriado, deve-se ao constante uso que
Montaigne faz da Antiguidade clássica como ponto de referên-
cia e a sua admiração por certas personalidades antigas, como
Sócrates e Plutarco.
Não é difícil entender por que Montaigne admirava Sócrates:
a consciência de sua própria ignorância, a insistência no auto-
conhecimento, o desprezo pelos sofistas profissionais, o infor-
malismo e a ironia, tudo nos lembra Montaigne. Quanto a Plutarco,
tratava-se também de almas gêmeas. Plutarco foi um filósofo, mas
também um homem prático, um patrício que desempenhou car-
gos públicos tanto em Delfos como em sua Queronéia natal. Sua
preocupação pela vida reta se manifesta em suas vidas paralelas de
gregos e romanos famosos, assim como em seus discursos éticos,
que foram traduzidos para o francês em 1572, precisamente a tem-
po de Montaigne utilizá-los. Há um discurso sobre a racionalidade
dos animais, do qual Montaigne fez empréstimos para sua apolo-
gia; outro sobre a afeição dos pais pelos filhos, do qual há ecos no
ensaio de Montaigne sobre o mesmo tema; e outros, dos quais
Montaigne também apreendeu muito, sobre a decadência dos orá-
culos e sobre a "superstição". Quase sempre, a confissão sobre si
mesmo, o humor e o tom coloquial desses discursos nos fazem lem-
brar os de Montaigne por causa das freqüentes digressões e as ain-
da mais freqüentes citações (Erasmo falou do "mosaico" de
Plutarco). Éclaro que, ainda mais do que Sêneca, Plutarco ajudou
Montaigne a descobrir a própria voz.
Essa era, naturalmente, a principal função dos escritores
clássicos para os humanistas do Renascimento. Tratava-se de
"mestres do passado". Chamar Montaigne de humanista signi-
fica situá-lo numa tradição cultural sem a qual seria difícil com-
preender os Ensaios. Mas já vimos que Montaigne foi um
humanista de uma geração especial, que enfrentou problemas
intelectuais bem distintos daqueles de seus predecessores. En-
tre esses problemas, um dos mais sérios constitui o tema do
próximo capítulo.
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O ceticismo de Montaigne
l ue sais-je? (Que sei eu?) é a frase que a posteridade tem
associado mais intimamente a Montaigne. E com ra-
zão: foi quase literalmente sua máxima, e apareceu numa
das faces de uma medalha que mandou cunhar, no verdadeiro
estilo renascentista, por volta do ano de 1570. Na outra face
figurava o par de pratos de uma balança em equilíbrio, apresen-
tando a mesma posição em termos visuais. Nas vigas da biblioteca
Montaigne fez inscrever "não há nada certo exceto a incerteza"
e "suspendo o juízo". Essa última frase era uma das oito citações,
todas com o mesmo propósito, tomadas do filósofo clássico tar-
dio Sexto Empírico.
Sexto, que viveu por volta de 200 d.C., foi o autor das
Hypotyposes ou "esboços" do ceticismo, uma introdução ao tema
que sobreviveu enquanto se perderam os escritos dos filósofos
nos quais ele se baseou (tais como os de Pirro de Élis, devido a
quem o ceticismo é freqüentemente chamado de "pirronismo").
Ele define o princípio básico do ceticismo como o de "opor a
toda proposição uma proposição equivalente" e de suspender o
juízo entre as duas, com base no fato de que não sabemos nem
podemos saber qual é correta. Sexto defende o ceticismo ba-
seando-se em vários argumentos. Um deles é a falibilidade de
nossos sentidos. "Os mesmos objetos não produzem as mesmas
impressões", pois, para tomar um exemplo muito repetido, "os
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das faces de uma medalha que mandou cunhar, no verdadeiro
estilo renascentista, por volta do ano de 1570. Na outra face
figurava o par de pratos de uma balança em equilíbrio, apresen-
tando a mesma posição em termos visuais. Nas vigas da biblioteca
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e "suspendo o juízo". Essa última frase era uma das oito citações,
todas com o mesmo propósito, tomadas do filósofo clássico tar-
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Sexto, que viveu por volta de 200 d.C., foi o autor das
Hypotyposes ou "esboços" do ceticismo, uma introdução ao tema
que sobreviveu enquanto se perderam os escritos dos filósofos
nos quais ele se baseou (tais como os de Pirro de Élis, devido a
quem o ceticismo é freqüentemente chamado de "pirronismo").
Ele define o princípio básico do ceticismo como o de "opor a
toda proposição uma proposição equivalente" e de suspender o
juízo entre as duas, com base no fato de que não sabemos nem
podemos saber qual é correta. Sexto defende o ceticismo ba-
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brancos são amarelos". Além disso, nossa reação a um tipo
especial de ac_
ontecimento, tal como o aparecimento de um
meteoro no céu, varia segundo sua freqüência ou raridade, de
modo que o mesmo acontecimento às vezes parece normal e
outras, surpreendente. Outro argumento a favor do ceticismo
é o da diversidade dos juízos e costumes humanos. "Os hindus
gostam de algumas coisas, nosso povo de outras [...]. Alguns
etíopes tatuam suas crianças, mas nós não [...] e enquanto os
hindus têm relações sexuais em público muitas outras raças
consideram isso vergonhoso". Parece impossível evitar o rela-
tivismo, ou seja, a conclusão de que todos os cost~mes têm o
mesmo valor. Mais uma vez, suspende-se o juízo. E claro que
não podemos viver num estado de suspensão permanente, e
Sexto recomenda que vivamos, na prática, "de acordo com os
costumes de nossos países e suas leis e instituições". Ele se
opõe ao dogmatismo, que é a confiança de que nossos costu-
mes e atitudes são corretos, e os dos outros, errados. Sexto
chega a criticar o filósofo grego Protágoras, como fez Mon-
taigne, por tornar o homem "a medida de todas as coisas"; em
outras palavras, por defender o etnocentrismo praticado pela
raça humana.
A posição de Sexto é uma elaboração da de Sócrates, de
quem se dizia que havia declarado que nada sabia exceto que
nada sabia. Outro enunciado clássico da posição cética figura no
livro Academica, de Cícero (escrito por volta de 45 a.C.), um
diálogo que discute as opiniões de Arcesilau, um filósofo da "Nova
Academia" que foi mais longe até mesmo do que Sócrates, de-
clarando que nem sequer poderíamos estar certos de que nada
era certo - um ceticismo reflexivo e autocrítico.
Na Idade Média, o livro de Sexto se perdeu e parece que se
deu pouca importância a debates epistemológicos desse tipo até
o século XIV, quando o filósofo inglês Guilherme de Ockham
(c. 1300-1349) argumentou que era impossível provar, mediante
a razão humana, que Deus é infinito ou onisciente, ou mesmo
que existe um Deus, em vez de muitos. Ao contrário dos céticos
clássicos, não duvidou de nosso conhecimento deste mundo; o
que Ockham fez foi, como os filósofos do mundo muçulmano,
separar os terrenos da fé e da razão. No século XV, a Douta igno-
rância, de Nicolau de Cusa - livro conhecido por Montaigne
-, explorou a argumentação de Ockham, a saber, a possibilida-
de de conhecer Deus por meios não-racionais.
As idéias de Ockham foram bastante conhecidas no século
XVI e ensinadas em muitas universidades. É provável que te-
nham tomado o ceticismo antigo um pouco mais fácil de ser
aceito quando foi redescoberto, diminuindo a resistência inte-
lectual às idéias do pirrônicos. Étambém provável que os céticos
antigos fossem contemplados pela ótica ockhamista. Uma sínte-
se de ambas as tradições intelectuais foi esboçada por Erasmo.
Em seu Elogio da loucura (1509) - outro livro pertencente à
biblioteca de Montaigne -, Erasmo explorou ao máximo as pos-
sibilidades paradoxais de um discurso burlesco em louvor da lou-
cura pronunciado pela própria Loucura, valendo-se do ceticismo
para solapar o que considerava o dogmatismo dos filósofos esco-
lásticos e concluindo, à maneira de Nicolau de Cusa (e de São
Paulo), com a apresentação do cristianismo como uma forma de
loucura superior à sabedoria. Erasmo unia desse modo temas das
tradições clássica e cristã.
Assim procedeu também Gianfrancesco Pico delia Mirandola,
sobrinho daquele Pico que havia escrito sobre a dignidàde do
homem. Em Exame da vaidade da doutrina dos pagãos (1520), uti-
liza Sexto (embora ele ainda não estivesse impresso) para comba-
ter tanto a filosofia clássica como a adivinhação, a quiromancia, a
geomancia etc., na época levadas a sério por muitas pessoas instruí-
das, assim como pelas pessoas comuns. Para Gianfrancesco Pico,
as autênticas fontes do conhecimento são a profecia e a revelação.
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brancos são amarelos". Além disso, nossa reação a um tipo
especial de ac_
ontecimento, tal como o aparecimento de um
meteoro no céu, varia segundo sua freqüência ou raridade, de
modo que o mesmo acontecimento às vezes parece normal e
outras, surpreendente. Outro argumento a favor do ceticismo
é o da diversidade dos juízos e costumes humanos. "Os hindus
gostam de algumas coisas, nosso povo de outras [...]. Alguns
etíopes tatuam suas crianças, mas nós não [...] e enquanto os
hindus têm relações sexuais em público muitas outras raças
consideram isso vergonhoso". Parece impossível evitar o rela-
tivismo, ou seja, a conclusão de que todos os cost~mes têm o
mesmo valor. Mais uma vez, suspende-se o juízo. E claro que
não podemos viver num estado de suspensão permanente, e
Sexto recomenda que vivamos, na prática, "de acordo com os
costumes de nossos países e suas leis e instituições". Ele se
opõe ao dogmatismo, que é a confiança de que nossos costu-
mes e atitudes são corretos, e os dos outros, errados. Sexto
chega a criticar o filósofo grego Protágoras, como fez Mon-
taigne, por tornar o homem "a medida de todas as coisas"; em
outras palavras, por defender o etnocentrismo praticado pela
raça humana.
A posição de Sexto é uma elaboração da de Sócrates, de
quem se dizia que havia declarado que nada sabia exceto que
nada sabia. Outro enunciado clássico da posição cética figura no
livro Academica, de Cícero (escrito por volta de 45 a.C.), um
diálogo que discute as opiniões de Arcesilau, um filósofo da "Nova
Academia" que foi mais longe até mesmo do que Sócrates, de-
clarando que nem sequer poderíamos estar certos de que nada
era certo - um ceticismo reflexivo e autocrítico.
Na Idade Média, o livro de Sexto se perdeu e parece que se
deu pouca importância a debates epistemológicos desse tipo até
o século XIV, quando o filósofo inglês Guilherme de Ockham
(c. 1300-1349) argumentou que era impossível provar, mediante
a razão humana, que Deus é infinito ou onisciente, ou mesmo
que existe um Deus, em vez de muitos. Ao contrário dos céticos
clássicos, não duvidou de nosso conhecimento deste mundo; o
que Ockham fez foi, como os filósofos do mundo muçulmano,
separar os terrenos da fé e da razão. No século XV, a Douta igno-
rância, de Nicolau de Cusa - livro conhecido por Montaigne
-, explorou a argumentação de Ockham, a saber, a possibilida-
de de conhecer Deus por meios não-racionais.
As idéias de Ockham foram bastante conhecidas no século
XVI e ensinadas em muitas universidades. É provável que te-
nham tomado o ceticismo antigo um pouco mais fácil de ser
aceito quando foi redescoberto, diminuindo a resistência inte-
lectual às idéias do pirrônicos. Étambém provável que os céticos
antigos fossem contemplados pela ótica ockhamista. Uma sínte-
se de ambas as tradições intelectuais foi esboçada por Erasmo.
Em seu Elogio da loucura (1509) - outro livro pertencente à
biblioteca de Montaigne -, Erasmo explorou ao máximo as pos-
sibilidades paradoxais de um discurso burlesco em louvor da lou-
cura pronunciado pela própria Loucura, valendo-se do ceticismo
para solapar o que considerava o dogmatismo dos filósofos esco-
lásticos e concluindo, à maneira de Nicolau de Cusa (e de São
Paulo), com a apresentação do cristianismo como uma forma de
loucura superior à sabedoria. Erasmo unia desse modo temas das
tradições clássica e cristã.
Assim procedeu também Gianfrancesco Pico delia Mirandola,
sobrinho daquele Pico que havia escrito sobre a dignidàde do
homem. Em Exame da vaidade da doutrina dos pagãos (1520), uti-
liza Sexto (embora ele ainda não estivesse impresso) para comba-
ter tanto a filosofia clássica como a adivinhação, a quiromancia, a
geomancia etc., na época levadas a sério por muitas pessoas instruí-
das, assim como pelas pessoas comuns. Para Gianfrancesco Pico,
as autênticas fontes do conhecimento são a profecia e a revelação.
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