O documento apresenta uma entrevista com o ilustrador Leandro Dexter sobre sua carreira. Ele conta que sempre gostou de desenhar, mas não imaginava viver disso. Começou a atuar profissionalmente em 2012 após incentivo de amigos, conseguindo trabalhos inicialmente por indicação. Atualmente tem uma carreira bem-sucedida como ilustrador freelancer, criando para diversas marcas, porém enfrenta desafios como a instabilidade financeira. Ele recomenda que aspirantes à área estudem e amem o que fazem.
2. INTRODUÇÃO
Nessa pesquisa de campo, optei por realizar uma entrevista
com um amigo de longa data: Leandro Dexter. Hoje em
dia, ele se destaca na área de ilustração, sendo muito elogiado e
convidado para executar grandes jobs. Fiz esta escolha pois
o mesmo atua na mesma área que eu, e que considero uma
grande referência.
Através deste trabalho, gostaria de retratar como funciona a
cabeça de um profissional da área, também como é a sua rotina,
os seus métodos, as formas de aprendizado, os métodos de se
inserir no mercado, e principalmente, conselhos para quem está
começando.
Também tenho como objetivo apreciar e divulgar o seu trabalho,
assim como demonstrar suas visões e considerações sobre o seu
portifólio.
3. QUEM É LEANDRO DEXTER?
Leandro Cavalcante,
também conhecido como
Leandro Dexter é hoje uma
das novas referências de
design e ilustração no
cenário “street” de São
Paulo. Aos 32 anos e natu-
ral de Guarulhos/SP, tem
como carro-chefe
ilustrações do merchandise
de algumas bandas,
especialmente em estam-
pas para camisetas. Além
disso também já assinou
artes para diversas marcas
de roupa.
Em crescente ascenção
no mercado, já coleciona
também grandes jobs em
outros nichos, tendo como
grandes clientes o Burger
King, Pizzaria da Mooca,
Grupo Abril (revista Mundo
Estranho), Hermes & Renato
(programa de TV), flyers e
cartazes para diversos
eventos, exibições de Live
Paint, entre outros diversos
projetos. Tudo isso com
poucos anos de atuação
nesta área.
4. ENTREVISTA
indicaram pra amigos,
como eu sempre tive
contato com bandas de
underground, acabou
sendo bem mais facil
entrar no mercado, da
galera que eu andava, a
maior parte entrou pro
mundo da moda,
publicidade ou musica,
foi meio que natural e
surreal ao mesmo tempo.
04 - Além de lutar por uma
certa estabilidade, quais
são os principais desafios
de ser ilustrador
free-lancer? E as vanta-
gens?
LD: O desafio é matar um
leão por dia literalmente,
você faz malabarismo
entre um trampo e outro,
as vezes vc faz um valor X
em um mês mais ou
menos e de vez em
quando você faz a mesma
grana em uma semana
a desenhar, brincando,
desenhando a galera, até
que comecei a fazer um
curso por uns meses, pra
poder me achar como
profissional e aprender
técnicas que explicassem
aonde eu queria chegar,
aos poucos alguns
trabalhos foram pintan-
do, a primeira banda que
me pagou por uma
estampa foi o Running
Like Lions, da qual eu
ainda faço trabalhos até
hoje com o maior prazer.
03 - Como surgiram os
contatos e as primeiras
oportunidades no meio?
LD: Foram de amigos que
01 - Você se imaginava
quando desenhava os
primeiros traços que
poderia viver disso?
LD: Imaginei em sonho,
bem distante, quando eu
estava plantado em uma
cadeira monitorando
dados, da rede de uma
empresa de telecomuni-
cações pela qual trabalhei
por dez anos.
02 - Qual foi o momento
em que você decidiu
entrar de cabeça nesse
mercado?
LD: Não teve um momen-
to certo, eu por incentivo
de amigos em 2012 voltei
5. ou dependendo (de vez
em nunca) em um dia.
05 - Do recebimento do
briefing até a finalização
e entrega do job para o
cliente: como funciona o
seu processo de criação?
LD: O processo funciona
com o email ou men-
sagem que eu recebo,
dependendo do canal, eu
já dou aquela sacada no
que se trata, as vezes tem
a ver com algo que você
sempre quis desenhar e
nunca teve oportunidade.
Geralmente pego o
briefing, com o máximo
de imagem de referencia,
eu sempre peço algum
trabalho meu que a
pessoa tenha gostado. Às
vezes nessa eu ja mato o
que ela espera de mim.
06 - Dentre todos os
projetos que você já fez,
qual foi o de maior
visibilidade? E qual foi o
mais desafiador?
LD: O de mais visibilidade:
fica entre a camiseta do
Fausto do Hermes &
Renato e Burger King. O
mais desafiador foi o
mural da pizzaria A Pizza
da Mooca, eu nunca tinha
pintado um mural com
POSCA , ainda mais no
negativo, tinta branca na
parede preta. Acabou que
teve uma repercussão
absurda e me fez ganhar
mais um desafio, que vai
6. ser um live paint no Coala
Festival daqui uma
semana.
07 - De onde você tira
inspiração para os seus
trabalhos?
LD: Inspiração vem do
mundo, eu observo tudo,
eu passo o dia vendo
tudo, desde TV ao mundo
real, é preciso perceber
tudo e filtrar o que agrada
aos olhos, sem contar o
mundo da ilustração que
te mostra muita coisa
legal pra absorver.
08 - Possuí planos e proje-
tos futuros dentro do seu
trabalho? Quais seriam?
LD: Meus planos futuros
são: montar uma lojinha
de prints, camisetas e
produtos em geral, apren-
der a fazer uns murais
coloridos, pra poder
concluir outro plano que
é sair mais da batcaverna,
quero também ter mais
tempo pra estudar.
7.
8. 09 - É muito comum na
área, designers e ilustra-
dores sofrerem
ocasionalmente do
"bloqueio criativo", você
sofre disso? Se sofre,
como faz pra driblar?
LD: Bloqueio criativo é
rotina, você não para de
criar, você acha todas
suas ideias uma b#&%@.
Na verdade é dificil saber
se isso se chama bloqueio
criativo ou você está se
cobrando demais.
10 - Você possuí alguma
formação acadêmica na
área?
LD: Nada, sou formado
em Redes de Computado-
res, fiz alguns cursos
rápidos, mas aprendi na
raça mesmo, perguntan-
do alguma coisa pra um,
outra pro outro, e às vezes
eu percebia que estava
conseguindo desenhar
coisa que nunca
desenhei. Sei lá eu
respirei desenho por uns
3 anos até me estabilizar
no meio.
11 - De que forma você
enxerga o mercado nessa
área atualmente?
LD: O mercado é invisivel
pra mim, eu tenho clien-
tes antigos que somem,
clientes novos que nunca
ouvir falar, dificilmente
tem rolado algo fixo e é
aquilo que falei no
começo, matar um leão
por dia. Você nunca sabe
o que vai pingar na sua
caixa de e-mail.
12 - E pra finalizar: quais
os caminhos que você
indica para quem está
começando agora?
LD: O caminho é estudar
mesmo que seja sozinho,
se você gosta mesmo
disso você ta dentro, se
você ta querendo pela
grana, status e glamour...
desencana.
9. CONCLUSÃO
Com as respostas do entrevistado, em sua ótica, podemos
fazer
algumas conclusões:
- Uma boa forma de adquirir um bom networking, é começar
inicialmente a fazer trabalhos para pessoas próximas, assim
cria-se automaticamente um portifólio, e através do
boca-a-boca
seu nome pode se tornar mais reconhecido.
- Para um freelancer nesta área, cada dia é um novo desafio.
Quem se interessa pela área tem que saber lidar com uma
certa flexibilidade nos rendimentos mensais.
- Uma boa forma de conseguir realizar os jobs, é exigir o
máximo de referências possíveis, assim também como
propor algo do seu próprio portifólio que interesse ao
cliente, facilitando assim o desenvolvimento do projeto.
- Deve-se sempre procurar outras formas e perspectivas
dentro do seu ramo de atuação, para sempre estar se
reinventando e evoluindo, assim como se preparando para
desafios maiores.
- Observar com atenção o mundo à sua volta é uma grande
fonte de inspiração, quanto maior o senso de observação,
maior é a facilidade de ilustrar.
- O famoso “bloqueio criativo” na verdade é apenas o efeito
de uma rotina repetitiva, mas em alguns casos também pode
ser algo psicológico, fruto de uma grande cobrança interna.
- O mercado é flexível: da mesma forma que clientes surgem
repentinamente, outros desaparecem. Sendo assim, ter um
grande networking é extremamente importante.
- Quem trabalha com isso, trabalha com amor por o que faz.
Se alguem espera nesse mercado uma vida de luxo e glam-
ourosa, talvez deva procurar outra ocupação.
- Não é pré-requisito obrigatório ter alguma formação numa
área
que pode-se considerar artística. Porém, toda forma de
adquirir
conhecimento é sempre recomendável. Com muito treino e
estudos é possível se tornar um grande profissional do
design ou da ilustração.