Este documento discute o estilo de dança e música kuduro de Angola. Descreve como o kuduro surgiu em Angola nas décadas de 1980 e 1990 e se tornou uma expressão cultural importante do país. Também explica como o kuduro ajuda a promover a cultura e identidade de Angola no mundo, apesar de enfrentar desafios como a falta de reconhecimento e disputas internas.

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O estilo de dança "Kuduro" e sua importância na "manifestação" geográfica de
um país que se chama Angola (parte I)
Isaac Simão Santo1
(isaacsanto82@outlook.pt)
Leandro Cláudio Santo2
RESUMO
O presente estudo surge como resposta ao desafio lançado em Agosto de 2013 em
Coimbra por estudantes de vários países, dentre eles, da Europa, América e até de
África para quem o nome "Angola" não era estranho e que, por isso, representava uma
aposta conhecer algo mais desse "sítio", como afirmara um colega de quarto da Estónia.
Se para uns o Criolo era sinónimo de Cabo-Verde, o Fado correspondia a Portugal, o
Samba ao Brasil e o bom futebol a Espanha, Alemanha e/ou Inglaterra (até ai houve
discussão), para outros o "Kuduro" ou "Kiudorou", como pronunciavam, era como uma
lavra nas profundezas de um continente, "longínquo" local que se chamava Angola!
Foi nossa a missão de mostrar, primeiro pelas músicas do Youtube e depois pela
tradução de algumas letras, que se tratava de um país africano expressão portuguesa, um
dos maiores e mais importantes da África Subsahariana, cujo crescimento económico,
dimensão, diversidade cultural e população são duas, 10 ou mais vezes superiores a
vários países, até mesmo europeus como Portugal, Eslovénia, Croácia, Bélgica e Suiça.
INTRODUÇÃO
O Kuduro define-se como o estilo de música e dança original de Angola entre os finais
da década de 80 e princípios da década de 90, o qual se distingue pelo ritmo
marcadamente acelerado na maneira de cantar e dançar; letras com alguma ou muita
sintonia na rima e batidas electrónicas que acabam por provocar o endurecimento do
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Licenciado em Geografia, especialista em Geociências e Mestre em Ambiente e Ordenamento. Docente de Geografia no Instituto
Superior Politécnico Maravilha
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Disc Jocker e estudante de Geografia do ISCED de Benguela

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quadril (nádegas) e, mais recentemente, de todo o corpo (dependendo da condição física
do seu executante). De acordo com Wilper (2011, p. 3) "grande parte dos movimentos
da dança é associado ao break-dance, em verdadeiras performances individuais ou em
grupo, muito teatralizadas".
Embora tenha a sua essência ligada a grupos sociais menos favorecidos3
, esta forma de
estar cultural se foi massificando para as demais classes sociais atingindo,
inclusivamente, o topo da governação angolana com a famosa "dança da família".
Este estilo de dança e música, cujos criadores ainda não foram marcadamente
reconhecidos, tem no seu início um nome incontornável: Tony Amado. De acordo com
alguns executores, foi dele a ideia de criação desta nova forma de vida cultural, baseada
no filme de Jean Claude van Damme, de 1988, cujo título é "O desafio do Dragão".
IMPORTÂNCIA PARA "MANIFESTAÇÃO" GEOGRÁFICA DE ANGOLA
Apesar de não ter o reconhecimento social que bem merecia, é já aproveitado por
cidadãos de outros países, inclusivamente de expressão inglesa. De acordo com Dog
Murras, em entrevista ao programa Hora Quente, da TPA, conduzido por Pedro N'zagi,
o Kuduro está presente até nos Estados Unidos da América porque os músicos quem
assim o faz (e bem) têm essa "liberdade", pelo facto de os próprios donos do estilo
"estarem preocupados" com lutas entre si, "preocupação em destruir quem constrói,
destruir quem cresce quando é do nosso seio".
Mas, o mais interessante de tal entrevista é que muitos dos actuais cantores estrangeiros
de Kuduro não falam de Angola, país de origem dos seus proventos. Daí, a necessidade
de se valorizar o Kuduro criando uma ligação entre este estilo de dança e o país,
aproveitando-se ainda a valorização que muitos cantores fazem das línguas nacionais
como Beto de Almeida e Moniz de Almeida, sendo este, também o alcance deste
primeiro texto.
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Não concordamos com a nota de que era feito inicialmente por pessoas pobres, porquanto os seus principais ícones como Tony
Amado, Sebem ou ainda Dog Murras (Como bom angolano, a banga e a pimpa em primeiro lugar) não só tinham um nível de
conhecimento académico aceitável, como também em nada ficavam a dever aos muitos jovens angolanos da época.

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LOCALIZAÇÃO DE ANGOLA
Angola é um país africano de Língua Oficial Portuguesa que se localiza na costa
ocidental da África Subsahariana. Localiza-se entre os paralelos 4º 22' e 18º 02' S e
meridianos 11º 41' e 24º 05' L, estando, por isso, a sul do Equador e a Norte do Trópico
de Capricórnio. Ocupa uma área de 1.246.700 Km2
, fazendo fronteira com a República
do Congo (N4
), Congo Democrático (NE), Namíbia (S), Zâmbia (E) e Oceano Atlântico
(O) conforme o Ministério do Urbanismo e Ambiente no seu relatório lançado em 2006.
O seu vasto território, colonizado por cerca de 500 anos por Portugal, conheceu a sua
independência em 1975. Conta com 18 províncias, sendo Luanda a sua capital e o
principal centro económico, político o que a torna no centro demográfico do país.
Ilustração 1 - Localização de Angola
Fonte: Googleheart (24.06.2015)
É nesta parcela do país, aonde vivem mais de seis milhões de habitantes, de acordo com
o censo geral realizado em Maio de 2014, onde se registam as maiores realizações
musicais e, no essencial, o centro da "invenção" da dança e da sonoridade do Kuduro.
Apesar da forte influência de outros estilos musicais, o Kuduro se vem afigurando como
música de eleição de vários espectáculos internacionais, com destaque para Portugal e
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Considerando-se que o limite N da província do Namibe é o Congo Brazaville e não o Congo Democrático.

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Brasil, isso por via de Angolanos, sem se contar com outros shows realizados por não
angolanos adeptos deste modus vivendi de um povo que, depois da guerra anti-colonial,
viveu mais de duas décadas de guerra civil. No entanto, apesar de ter afectado nalguns
sentidos, noutros aguçou a criatividade de tal sorte que existem milhares de cantores e
seguidores deste estilo por todo o país, havendo, inclusivamente, programas
radiofónicos dedicados ao Kuduro.
A sua valorização, aliada a um maior trabalho de todos os kuduristas e amigos do estilo
e das instituições vocacionadas (Ministério da Cultura, casas de música, editoras, etc.),
contribuirão para maior afirmação do país, cujas consequências serão o conhecimento
das outras riquezas do país, com destaque para a música. Deste processo poderão
resultar ganhos para o turismo cultural e uma maior internacionalização da música, a
qual pode ser objecto de estudo em universidades que se dedicam a investigação aos
estudos africanos.
Referências
Hora quente, in http://www.youtube.com/watch?v=WSWG1wsuNCo (24.06.2015)
Kuduro, in https://pt.wikipedia.org/?title=Kuduro (23.06.2015)
MINUA - Relatório do Estado do Ambiente em Angola. 2006. Disponível em
http://www.ecolex.org/server2.php/libcat/docs/LI/MON-083704.pdf. Acedido em 2013.
WILPER, Agnela, B. - Kuduro de Angola. A exclusão de uma nova linguagem.
Disponível em
http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1308362282_ARQUIVO_
KudurodeAngola.Aexclusaodeumanovalinguagem.pdf. Acedido aos 24.06.2015