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Sustentabilidade: a construção de uma nova gestão para empresas*
A sustentabilidade é uma prática em constante ascensão junto às empresas. O termo está
permanentemente em construção e em adaptação, de acordo com as contribuições de pesquisas
acadêmicas realizadas ao redor do planeta. Portanto, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável
são conceitos ainda não sacramentados pela comunidade técnica e científica, embora hoje estejam
vulgarizados em documentos e estudos sobre o desenvolvimento regional e urbano como sinônimos,
por exemplo.
Os conceitos se relacionam. Uma das primeiras concepções de desenvolvimento sustentável foi
apresentada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em abril de 1987, durante a Assembléia
Geral da ONU. Na ocasião, a Comissão Mundial de Meio Ambiente apresentou o relatório Nosso Futuro
Comum, que define o conceito como “o desenvolvimento que preenche as necessidades do presente,
sem comprometer a habilidade das gerações futuras de preencherem suas próprias necessidades”.
(ONU, 1998)
Anos mais tarde, o sociólogo britânico John Elkington, um dos maiores protagonistas nas discussões
sobre sustentabilidade e responsabilidade social, concebeu o Triple Bottom Line (TBL), termo utilizado
mundialmente e sem tradução para o português.
O TBL é um conceito que mostra a importância de as empresas incorporarem três componentes à sua
estratégia de negócio. São eles: prosperidade econômica, justiça social e proteção ao meio ambiente.
Todos se tornam parte do desenvolvimento dos processos e produtos (ELKINGTON, 1999). Ao gerar
valores econômico, social e ambiental, as companhias podem valorizar sua marca e fortalecer sua
participação no mercado.
Uma empresa sustentável significa ser economicamente lucrativa, agregada a uma postura
ambientalmente adequada – de harmonia com a natureza – e socialmente responsável – mais justa
respeitando as diversidades (conforme mostra a figura 1 abaixo). Esse é o grande desafio que
permeia, inclusive, muitos fóruns de discussão – o Instituto Ethos, o Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas (GIFE), entre outros.
* Elaborado por Daniela Saraiva Santos e Mirza Laranja, gerentes de Projetos do IDIS.
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A complexidade dos desafios requer mobilizações globais e compromissos diretos do Estado.
Consequentemente, o conceito de desenvolvimento sustentável passa a estar na pauta dos governos,
e influenciar políticas públicas, tornando ainda mais urgente a necessidade de as empresas o
colocarem em prática.
No século 21, não basta apenas cumprir as legislações de um país, de um estado ou de um município.
As instituições precisam atuar ativamente para que a sustentabilidade seja incorporada ao seu
negócio, por meio do planejamento e da gestão estratégica. As organizações que de fato se
comportam e se comprometem com o desenvolvimento sustentável – e consequentemente com o
futuro – podem conseguir melhor desempenho nos seus negócios.
Para o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), portanto, a política de
sustentabilidade deve ser inerente à estratégia de negócio da empresa. Nesse contexto, os códigos de
ética e de conduta, que regem os relacionamentos com os diferentes públicos de interesse
(stakeholders), devem refletir o entendimento da instituição sobre o tema. Internamente, o reflexo
será o engajamento de todas as áreas da corporação, como recursos humanos, financeiro, compras,
entre outras.
Gestão
O processo de adoção do desenvolvimento sustentável envolve diversos processos da gestão da
empresa:
• Repensar as metas de curto, médio e longo prazos;
• Definir a rota de sustentabilidade: o que se deseja alcançar, quando, como irá ser feito, que
recursos e adaptações serão necessários e como se quer ser reconhecido;
• Propor objetivos estratégicos, analisar os riscos e adotar prioridades;
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• Aplicar os métodos imprescindíveis para alcançá-las;
• Determinar o valor que pretende gerar e buscar mantê-los em toda a sua execução;
• Monitorar e acompanhar o desempenho da empresa. Quando necessário, redefinir metas.
Para que o monitoramento e o desempenho sejam acompanhados segundo os princípios da
sustentabilidade, a empresa deve criar indicadores de processos, de produtos e de impactos – ou se
valer do uso daqueles pré-existentes mais adequados ao seu negócio. O indicador é o instrumento de
avaliação que permite mensurar as modificações ocorridas na organização. Um sistema de indicadores
é um conjunto de instrumentos capazes de satisfazer certos princípios. Neste caso, o
desenvolvimento sustentável considera as dimensões ambiental, econômica e social.
A escolha coerente de um sistema de indicadores requer clareza sobre os aspectos a serem avaliados,
pois são eles que deverão orientar a definição sobre o tipo de indicador recomendado para o
monitoramento de cada empresa. A escolha é individual e adaptável às necessidades locais, o que
inclui o momento de desenvolvimento.
Toda a avaliação servirá de base para diferentes ações, entre elas:
• Sintetizar as informações necessárias para a gestão local com base no Triple Bottom Line;
• Medir as lacunas, pontuando a diferença entre o desempenho atual e os objetivos
previamente estabelecidos;
• Reorientar rotas, quando necessário;
• Identificar as prioridades de ação.
Comunicação
Comunicar os resultados para os públicos de interesse é outro ponto importante. Dois dos propósitos
legítimos da adoção da sustentabilidade são a manutenção e o fortalecimento da imagem,
influenciando diretamente na reputação da empresa. A confecção de relatórios ou outros tipos de
comunicação que atinjam os stakeholders é uma estratégia que pode ser adotada.
Hoje, e cada vez mais no futuro, será exigido das companhias um posicionamento condizente com o
desenvolvimento sustentável e perpetuação da vida no planeta. Isso envolve:
• Mudança de paradigma e parâmetro para autoavaliação e tomada de decisão;
• Capacidade de inovar e de se adaptar a mudanças
• Percepção de impacto e responsabilização (no longo prazo, seu entorno e ciclo de vida de
produto, cadeia produtiva)
• Boa comunicação e interação com outros setores e atores.
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Enfim, requer o uso de diversas competências e recursos, entre as quais se detacam os recursos
humanos. Quem estiver fora dessa demanda da sociedade, poderá se considerar, no longo prazo, fora
do jogo.
Referências Bibliográficas
Doing Good: Business and Sustainability Challenge: The Economist Intelligent Unit, 2008.
ELKINGTON, John. Cannibals with Forks - The Tipple Bottom Line of 21st Century Business. Capstone,
1999.
NISHIOKA, J., Instrumento para análise da Sustentabilidade Organizacional: O caso da Construção
Civil. Tese (Doutorado). Centro Tecnológico Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil.
Universidade Federal Fluminense, 2008.
Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU), 1987.
The Natural Step Framework Guidebook, 2000.
VAN PEBORG, Ernesto and the Odiseo Team. Sustainability 2.0: Networking enterprise and citizens to
face world challenges, 2007.
WILLIARD, Bob. The Business Case for Sustainability: UW–Green Bay, 2009.
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Gestão sustentável: desafios e benefícios para empresas

  • 1. 1 Sustentabilidade: a construção de uma nova gestão para empresas* A sustentabilidade é uma prática em constante ascensão junto às empresas. O termo está permanentemente em construção e em adaptação, de acordo com as contribuições de pesquisas acadêmicas realizadas ao redor do planeta. Portanto, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são conceitos ainda não sacramentados pela comunidade técnica e científica, embora hoje estejam vulgarizados em documentos e estudos sobre o desenvolvimento regional e urbano como sinônimos, por exemplo. Os conceitos se relacionam. Uma das primeiras concepções de desenvolvimento sustentável foi apresentada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em abril de 1987, durante a Assembléia Geral da ONU. Na ocasião, a Comissão Mundial de Meio Ambiente apresentou o relatório Nosso Futuro Comum, que define o conceito como “o desenvolvimento que preenche as necessidades do presente, sem comprometer a habilidade das gerações futuras de preencherem suas próprias necessidades”. (ONU, 1998) Anos mais tarde, o sociólogo britânico John Elkington, um dos maiores protagonistas nas discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade social, concebeu o Triple Bottom Line (TBL), termo utilizado mundialmente e sem tradução para o português. O TBL é um conceito que mostra a importância de as empresas incorporarem três componentes à sua estratégia de negócio. São eles: prosperidade econômica, justiça social e proteção ao meio ambiente. Todos se tornam parte do desenvolvimento dos processos e produtos (ELKINGTON, 1999). Ao gerar valores econômico, social e ambiental, as companhias podem valorizar sua marca e fortalecer sua participação no mercado. Uma empresa sustentável significa ser economicamente lucrativa, agregada a uma postura ambientalmente adequada – de harmonia com a natureza – e socialmente responsável – mais justa respeitando as diversidades (conforme mostra a figura 1 abaixo). Esse é o grande desafio que permeia, inclusive, muitos fóruns de discussão – o Instituto Ethos, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), entre outros. * Elaborado por Daniela Saraiva Santos e Mirza Laranja, gerentes de Projetos do IDIS. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 2. 2 A complexidade dos desafios requer mobilizações globais e compromissos diretos do Estado. Consequentemente, o conceito de desenvolvimento sustentável passa a estar na pauta dos governos, e influenciar políticas públicas, tornando ainda mais urgente a necessidade de as empresas o colocarem em prática. No século 21, não basta apenas cumprir as legislações de um país, de um estado ou de um município. As instituições precisam atuar ativamente para que a sustentabilidade seja incorporada ao seu negócio, por meio do planejamento e da gestão estratégica. As organizações que de fato se comportam e se comprometem com o desenvolvimento sustentável – e consequentemente com o futuro – podem conseguir melhor desempenho nos seus negócios. Para o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), portanto, a política de sustentabilidade deve ser inerente à estratégia de negócio da empresa. Nesse contexto, os códigos de ética e de conduta, que regem os relacionamentos com os diferentes públicos de interesse (stakeholders), devem refletir o entendimento da instituição sobre o tema. Internamente, o reflexo será o engajamento de todas as áreas da corporação, como recursos humanos, financeiro, compras, entre outras. Gestão O processo de adoção do desenvolvimento sustentável envolve diversos processos da gestão da empresa: • Repensar as metas de curto, médio e longo prazos; • Definir a rota de sustentabilidade: o que se deseja alcançar, quando, como irá ser feito, que recursos e adaptações serão necessários e como se quer ser reconhecido; • Propor objetivos estratégicos, analisar os riscos e adotar prioridades; PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 3. 3 • Aplicar os métodos imprescindíveis para alcançá-las; • Determinar o valor que pretende gerar e buscar mantê-los em toda a sua execução; • Monitorar e acompanhar o desempenho da empresa. Quando necessário, redefinir metas. Para que o monitoramento e o desempenho sejam acompanhados segundo os princípios da sustentabilidade, a empresa deve criar indicadores de processos, de produtos e de impactos – ou se valer do uso daqueles pré-existentes mais adequados ao seu negócio. O indicador é o instrumento de avaliação que permite mensurar as modificações ocorridas na organização. Um sistema de indicadores é um conjunto de instrumentos capazes de satisfazer certos princípios. Neste caso, o desenvolvimento sustentável considera as dimensões ambiental, econômica e social. A escolha coerente de um sistema de indicadores requer clareza sobre os aspectos a serem avaliados, pois são eles que deverão orientar a definição sobre o tipo de indicador recomendado para o monitoramento de cada empresa. A escolha é individual e adaptável às necessidades locais, o que inclui o momento de desenvolvimento. Toda a avaliação servirá de base para diferentes ações, entre elas: • Sintetizar as informações necessárias para a gestão local com base no Triple Bottom Line; • Medir as lacunas, pontuando a diferença entre o desempenho atual e os objetivos previamente estabelecidos; • Reorientar rotas, quando necessário; • Identificar as prioridades de ação. Comunicação Comunicar os resultados para os públicos de interesse é outro ponto importante. Dois dos propósitos legítimos da adoção da sustentabilidade são a manutenção e o fortalecimento da imagem, influenciando diretamente na reputação da empresa. A confecção de relatórios ou outros tipos de comunicação que atinjam os stakeholders é uma estratégia que pode ser adotada. Hoje, e cada vez mais no futuro, será exigido das companhias um posicionamento condizente com o desenvolvimento sustentável e perpetuação da vida no planeta. Isso envolve: • Mudança de paradigma e parâmetro para autoavaliação e tomada de decisão; • Capacidade de inovar e de se adaptar a mudanças • Percepção de impacto e responsabilização (no longo prazo, seu entorno e ciclo de vida de produto, cadeia produtiva) • Boa comunicação e interação com outros setores e atores. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com
  • 4. 4 Enfim, requer o uso de diversas competências e recursos, entre as quais se detacam os recursos humanos. Quem estiver fora dessa demanda da sociedade, poderá se considerar, no longo prazo, fora do jogo. Referências Bibliográficas Doing Good: Business and Sustainability Challenge: The Economist Intelligent Unit, 2008. ELKINGTON, John. Cannibals with Forks - The Tipple Bottom Line of 21st Century Business. Capstone, 1999. NISHIOKA, J., Instrumento para análise da Sustentabilidade Organizacional: O caso da Construção Civil. Tese (Doutorado). Centro Tecnológico Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal Fluminense, 2008. Relatório Brundtland, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU), 1987. The Natural Step Framework Guidebook, 2000. VAN PEBORG, Ernesto and the Odiseo Team. Sustainability 2.0: Networking enterprise and citizens to face world challenges, 2007. WILLIARD, Bob. The Business Case for Sustainability: UW–Green Bay, 2009. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com