SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 38
MOVIMENTOS SOCIAIS
FRANÇOIS CHAZEL
Limitações
atuais
Processo de
maturação
O que é?
Introdução
 “a noção de Movimentos Sociais não faz parte
dos conceitos elementares da Sociologia [...] não
mergulha suas raízes na tradição sociológica tão
profundamente quanto outros ramos da
disciplina (p. 284).
 Atualmente eles constituem um objeto
reconhecido da análise sociológica, com estudos
casuísticos e outros de alcance teórico mais
ambicioso;
 Anos 60 Estados Unidos e 68 na Europa
(NMS);
O processo de institucionalização
teve 2 consequências principais:
• Legitimidade científica
reforçada e demonstrada
pelos primeiros balanços
realizados,
• Jenkins (1983), Teoria da
Mobilização de Recursos e
o estudo dos movimentos
sociais
• Klandermans, Kriesi e
Tarrow (1988), De Estrutura
para Ação: Comparando
Movimentos Sociais
Pesquisa entre culturas
• Autonomia
McAdam, McCarthy e
Zald, Movimentos
Sociais. In: Smelser
(org) Tratado de
Sociologia, 1988.
Deixaram de ser
abordados
prioritariamente sob o
ângulo do
comportamento coletivo.
Autonomia Relativa
a) Na Europa foi preciso lutar contra uma visão
redutora, para não dizer um subproduto, dos
conflitos de classe.
b) Nos Estados Unidos/além Atlântico, o risco
consistia sobretudo em deixar que sua
especificidade na perspectiva empolgante do
comportamento coletivo.
Uma caracterização elementar
do movimento social
• Sempre que se procura definir um movimento
social, confrontamo-nos de um modo geral com o
duplo problema de sua delimitação empírica e de
sua identificação analítica.
• Na delimitação empírica , os movimentos sociais
podem surgir, segundo uma fórmula da autoria de
Hanspeter Kriesi, (1988, p. 350 , como "fenômenos
que dificilmente se deixam apreender, sem limites
nítidos no espaço e no tempo"); trata-se de uma
dificuldade de que algumas tentativas de definição
nem sempre se dão conta.
• Critérios analíticos: esses critérios divergem
conforme os autores e variam consideravelmente
em seu grau de exigência.
• Por um lado, McCarthy e Zald propõem a
seguinte definição: "Um movimento social é um
conjunto de opiniões e de crenças comuns a
uma população que manifesta preferências pela
mudança de alguns elementos da estrutura
social e/ou da distribuição de recompensas
numa sociedade" (1977, p. 1217-1218).
• não são "mais do que estruturas de preferências", na
condição de que estas sejam "orientadas para a mudança
social"; a definição proposta nada diz quanto à mobilização
dos atores e a seus esforços no sentido de transporem essas
preferências para uma ação coletiva.
• Por outro lado, e em sentido inverso, Alain
Touraine defendeu uma concepção extremamente
exigente dos movimentos sociais, que se
identificariam simultaneamente por um modo de
ação, por um tipo de participantes e por um desafio.
Segundo ele, os movimentos sociais consistem de
fato numa 1 - "ação conflitual", 2 - conduzida por
"um ator de classe", 3 - que se opõe a seu
adversário de classe com vistas ao "controle do
sistema de ação histórico" (1973, p 347), "à direção
social da historicidade" (1978, p. 104).
• É determinante a presença conjunta dos três aspectos,
baseada no postulado da existência de um conflito social
central entre "um par de movimentos sociais antagônicos".
Com a aplicação de critérios tão restritivos; trata-se de uma
opção que é lícito considerar problemática.
• A noção de movimento social é problemática:
• É prudente restringir as ambições à formulação de
uma caracterização elementar. Mesmo essa
caracterização não é destituída de riscos, já que
deve-se evitar reificar o movimento social,
concebendo-o à imagem de um grupo, e mais ainda
hipostasiá-lo, conferindo-lhe uma vontade coletiva.
• É em termos de processo e não em referência a
um qualquer substrato grupal que é necessário
analisar um movimento social.
• Herbert Blumer (1946), satisfez essa dupla
exigência, ao propor que os movimentos sociais
fossem considerados "empreendimentos coletivos
destinados a estabelecer uma nova ordem de vida”
 Blumer propõe essencialmente um quadro geral
de referência pertinente; Contudo atém-se a uma
acepção muito extensiva/englobante dessa noção,
em sua classificação dos movimentos sociais,
como "movimentos expressivos", "movimentos
gerais" e "movimentos específicos".
 É sem dúvida preferível reservar a designação de
movimento social para certos tipos particulares de
empreendimento coletivo orientados para a
mudança.
• Parece-nos difícil defender sobretudo a posição
demasiado ambígua que Blumer adota em seu
tratamento das tendências culturais.
• Correntes culturais, fenômenos de moda, dinâmica de gostos e Mov. Religioso
 Há uma característica que parece dever ser
atribuída exclusivamente aos movimentos
sociais:
 Portadores de um protesto;
 Esse protesto está na base do
empreendimento coletivo que constituem; e
 É através dele que procuram conseguir
mudanças.
• As observações precedentes incitam-nos
também a que nos interroguemos sobre a
complexa questão de sua relação com o
político.
Protesto Confrontação Recurso à
violência
Certos especialistas, preocupados em realizar
uma análise dos movimentos sociais em
termos de processo evolutivo, conferiram a
violência uma importância crucial.
É assim que Charles Tilly (1984), entregando-
se por seu turno ao exercício perigoso da
definição, considera que "um movimento
social é uma série ininterrupta de interações
entre os detentores do poder e indivíduos que
pretendem com êxito falar a favor de um
conjunto de pessoas a quem falta
representação formal".
• Esta definição, dissipa a ilusão de que o curso
de um movimento social não é predeterminado,
mas depende das interações que estabelece
com seu contexto, em especial com o contexto
político;
• A definição proposta por Tilly tem outro aspecto
de interesse: o "conflito político"; "um movimento
social é uma série de interações..., ao longo da
qual essas pessoas (que representam o
movimento) formulam publicamente
reivindicações de mudanças na distribuição ou
no exercício do poder e fundamentam tais
reivindicações através de manifestações
públicas de apoio".
• Pode-se, no entanto, acusar Tilly de privilegiar
aqui, de um modo demasiado exclusivo, o jogo
de interações que se desenvolve entre o
movimento e as autoridades políticas. A
dinâmica de um movimento social é de fato mais
complexa: relações com um movimento próximo
mas concorrente; o (eventual) conflito com o
contramovimento a que seu próprio êxito deu
origem; as alianças explícitas ou implícitas que
firmou; a simpatia, ou a rejeição que as ações
do movimento suscitam no grande público; as
relações que conseguiu estabelecer com os
meios de comunicação de massa a fim de criar
uma imagem.
• Há ainda um último ponto para o qual a
definição de Tilly nos chama a atenção:0
conjunto de atores cujo movimento se faz
passar por porta-voz não dispõe de
representação formal; está excluído, em
diversos graus, dos canais de representação
instituídos;
• Não podemos deixar de evocar uma questão
freqüentemente debatida a propósito dos
movimentos sociais que é a da extensão e
profundidade das transformações que se
outorgam os portadores e agentes.
• Chegado ao fim desta panorâmica, a
melhor conclusão consiste, sem dúvida, em
substituir a formulação de Blumer por uma
definição de nossa lavra, ao menos a título
hipotético e provisório. Vamos considerar,
portanto, movimento social um
empreendimento coletivo de protesto e de
contestação que visa impor mudanças, de
importância variável, na estrutura social
e/ou política através do recurso freqüente,
mas não necessariamente exclusivo, a
meios não institucionalizados.
As tarefas essenciais de uma
sociologia dos movimentos sociais
A 1ª questão diz respeito às transformações das
condições macrossociológicas (de ordem
econômica, social e política);
A 2ª questão refere-se aos fatores mais diretos e
mais concretos da mobilização coletiva;
A 3ª questão é relativa aos componentes
ideológicos dos movimentos sociais, seus alicerces
em matéria de valores e de crenças;
A 4ª questão concerne às possibilidades de êxito,
relacionadas com as alianças e as coligações, força
dos adversários, a posição adotada pelo Público,
pelos meios de comunicação de massa, e com o
contexto global, interno e internacional.
Os primórdios da análise dos
movimentos sociais
Duas correntes merecem ser assinaladas:
 A primeira aborda sob uma perspectiva histórica
o estudo do movimento social. Lorenz von Stein
forja e impõe uma maneira de conceber o
movimento social que permanecerá dominante na
Alemanha até o princípio do séc.XX.
 A segunda, cuja orientação advém sobretudo da
psicologia coletiva, pretende ter descoberto na
noção de multidão a chave da elucidação científica
de múltiplos fenômenos das sociedades modernas.
Essa corrente é predominante na França, associado
a Gustave Lê Bon
 Para Chazel, Etein vai desenvolvendo ser
percurso intelectual até que por volta de 1848, o
estudo dos movimentos sociais constitui seu núcleo
e passa a ser reconhecido como objeto de estudo
central;
• 1º Socialismo; 2º Comunismo; Movimento Social.
3º Democracia Social.
 É através do exemplo da França que Stein
exprime o "movimento social". Segundo ele, esse
movimento é social num duplo sentido: por um lado,
é conduzido por toda uma classe, a classe
trabalhadora, em sua luta contra o capital; por outro
lado, sua verdadeira dinâmica não é de ordem
política, mas social. Ilusão utópica
• Gustave Lê Bom (1895), o "poder" das multidões é
"unicamente destrutivo".
Lê Bon consegue adornar suas opiniões de uma
auréola de cientificidade, ajustando às suas
preocupações a teoria da sugestão Hipnótica,
encontrando aí um duplo argumento. Por um lado, o
indivíduo em multidão é semelhante ao indivíduo
hipnotizado; e é ainda menos capaz de resistência,
"porque a sugestão, sendo a mesma para todos os
indivíduos, é superestimada ao tornar-se recíproca"
(p. 14). Por outro lado, a sugestão é assimétrica e
essencialmente desigual entre o "chefe ou mentor" e
a multidão, "um rebanho que não consegue
prescindir de um senhor" (p. 69). Assim se explica a
pretensa "lei da unidade mental das multidões" (p. 9).
A época do comportamento coletivo
 Foi Park (1969), quem conferiu a corrente
comportamento coletivo suas verdadeiras cartas de
nobreza. Em sua opinião, tal noção não serve
apenas para designar um determinado campo de
investigação, ela implica uma perspectiva geral de
análise sociológica.
 Uma das principais tarefas da sociologia
consiste em pôr em evidência os processos
através dos quais "a sociedade", no sentido de
modelos de cooperação instituídos, "é formada e
reformada". Esses processos passam por uma
sucessão de fases: agitação social, prosseguem
através de "movimentos de massa" e levam à
adaptação ou à transformação das instituições.
• Turner e Killian propõem a expressão teórica
mais amadurecida da corrente do
comportamento coletivo. Para tal, tiram o melhor
partido das pistas abertas por Park e por
Blumer, de quem são simultaneamente os
herdeiros e continuadores.
• Movimento social é "uma coletividade que age
com alguma continuidade para promover ou
resistir a uma mudança na sociedade ou no
grupo de que faz parte" (1957, p. 308).
• Deve-se reconhecer, porém, que Turner e Killian
nos propõem, mais que uma teoria elaborada
dos movimentos sociais, um quadro geral de
análise.
 Neil Smelser (Theory of Collective Behavior, 1962),
com uma ambiciosa elaboração teórica tende a
apreender o comportamento coletivo a partir de um
quadro de referência sistêmico, base em Parsons.
 Distingue cinco determinantes: a condutibilidade
estrutural, que define o tipo ou tipos de
comportamento coletivo; a tensão estrutural; o
desenvolvimento e a difusão de uma crença
generalizada; os "fatores de precipitação"; e, por
último, "a mobilização dos participantes para a ação".
 Os movimentos sociais representam apenas um
aspecto da investigação, não constituem seu objeto
principal. A mobilização e seus processos específicos
continuam a ser também um tema de importância
secundária.
•William Kornhauser, The Poliücs of Mass Society (1959),
inscreve-se em outra tradição de pensamento:
•1. sociedade de massa que constituiu uma "sociedade
atomizada“; 2. A sociedade de massa não é definível apenas
em termos objetivos; considerada em termos subjetivos, é
formada por uma "população alienada"
•3. A sociedade de massa contém em si mesma uma dupla
fonte de fragilidade uma sociedade pluralista degradada que
corre o risco de degenerar numa sociedade totalitária.
•4. A característica estrutural essencial da sociedade de
massa reside na fragilidade dos grupos intermediários.
•5. Sociedade de massa produz o isolamento social mais que
o isolamento do indivíduo propriamente dito; 6. O
desenvolvimento de movimentos de massa relacionados as
desarticulações das estruturas comunitárias; 7. As massas
não estão igualmente predispostas à adoção de
comportamentos extremistas. Condição de marginalidade
social que é comum.
•As diferentes teorias reunidas nesta parte
foram contestadas em bloco, tenderiam a:
•- privilegiar indevidamente o nível
microssociológico; por McAdam, McCarthy e Zald
•- concentrar a atenção sobre a fase de
emergência dos movimentos sociais; por McAdam,
McCarthy e Zald
•- abordá-los essencialmente sob o ângulo de sua
suposta irracionalidade; pela corrente da
mobilização dos recursos
•- a ver neles apenas manifestações de crise; por
Alain Touraine
•- a quase ausência do elemento político na maior
parte desses modelos; por Chazel
A época da mobilização dos recursos
A partir do início dos anos 70 desenvolvem-se
novas perspectivas teóricas, no novo paradigma. A
expressão "mobilização dos recursos" forjada por
McCarthy e Zald (1973, 1977):
 Atenção sobre os processos de mobilização;
 Importância das organizações no surgimento e
no desenvolvimento;
 Racionalidade do engajamento na ação coletiva;
 Ênfase nas dimensões propriamente políticas.
Duas conseqüências importantes dessa inversão
de perspectiva:
Abordagem sob o ângulo dos conflito;
A psicologia social perde espaço para a
sociologia política e a ciência econômica.
• A Economia transmitiu, através de Olson,
uma consciência incisiva das dificuldades da
mobilização:
• "A comunidade de interesses... não basta
para provocar a ação (coletiva) que permite
promover o interesse de todos" (1965); e
este postulado aplica-se a "indivíduos
razoáveis e interessados" que "não se
empenharão voluntariamente em defender
os interesses do grupo“
• Os incentivos seletivos, (punições ou de
recompensas) um esboço de solução parcial
do paradoxo.
As principais contribuições — de Zald e
McCarthy, de Oberschall e de Tilly —
detiveram-se no "paradoxo da ação coletiva".
Tanto McCarthy como Zald raciocinam de
forma tipicamente olsoniana, em termos de
custos e benefícios.
Destacam o papel ainda mais importante a dois
outros fatores, o auxílio externo e os
empresários políticos;
Movimento social como um grupo de interesses,
uma representação forçada, uma espécie de
"burocratização do descontentamento social"
Anthony Oberschall, inverte a teoria de Olson se aplicando
ao estudo das condições propícias à mobilização no contexto
de um movimento social, e não à compreensão dos
obstáculos à ação coletiva
Recorda os incentivos seletivos para explicar o surgimento
de líderes e de militantes de oposição em situações de alto
risco;
Insiste igualmente na importância da ajuda externa;
Renuncia ao postulado de Olson segundo o qual "os
membros de uma vasta coletividade são decisores individuais
desorganizados análogos aos inúmeros pequenos produtores
independentes no mercado do economista clássico" (p. 117).
O modelo de Oberschall comporta: uma dimensão
horizontal; uma dimensão vertical; integração/segmentação;
as demandas; protesto; mobilização
 Oberschall se mantém discreto em relação a dimensão
política
 Charles Tilly vai recolocar os processos de
mobilização no contexto do que designa por
"politéia", que consiste, por um lado, num
governo e, por outro, nas partes em confronto,
colocados em posições mais ou menos
favoráveis para influenciá-lo, conforme se trate
de membros da politéia, dispondo de um
acesso institucionalizado aos centros de poder,
ou de contestadores que, não fazendo parte da
politéia, não se beneficiam dessas vantagens.
Com base neste "modelo elementar", o que
interessa essencialmente são as coligações
suscetíveis de se formar entre governo,
membros e contestadores.
 Destaca que "os contestadores
procuram... entrar na politéia", do mesmo
modo que os seus "membros tentam
permanecer nela" (1978, p. 54). A entrada
no sistema político é apresentada como
uma das metas essenciais dos movimentos
sociais e a prioridade atribuída ao fator
político parece-lhe ainda mais
fundamentada na medida em que suas
análises sócio-históricas o levaram a pôr em
evidência um desenvolvimento paralelo dos
movimentos sociais e da nacionalização do
fator político.
Para além da mobilização dos recursos.
Rumo a uma abordagem multidimensional?
• A corrente da mobilização dos recursos
avançou e desenvolveu uma concepção sólida
mas, estrita dos movimentos sociais.
• Alargamento ou superação?
• É evidente que os recursos são visados de
forma muito ampla, a tal ponto que a noção é
definida de modo vago; podemos distinguir, ao
lado de recursos utilitários, recursos
coercitivos e recursos normativos.
 Colocou em evidência a aptidão diferencial dos
grupos para agirem coletivamente, mas não atribuiu
o mesmo interesse às razões em nome das quais
eles se mobilizam e agem coletivamente;
 Apresenta uma "visão linear dos movimentos
sociais” e esta não constitui a perspectiva mais
adequada para apreender sua dimensão cultural.
Evocaremos aqui, sucintamente, três exemplos,
de que o primeiro representa um caso de extensão,
o segundo uma primeira tentativa de superação e o
terceiro uma tentativa extremamente ambiciosa de
síntese com outras perspectivas analíticas, e em
particular a que presidiu ao estudo dos novos
movimentos sociais:
O primeiro exemplo é de Bert
Klandermans, cujo objetivo é conferir uma
"extensão psicossocial à teoria da
mobilização dos recursos". Interessam
essencialmente as decisões individuais
de participação num movimento social,
isto é, os diversos componentes da
"vontade de participar"; as expectativas
do ator relativas aos resultados dessa
ação e o valor que ele atribui a esses
resultados
Doug McAdam (1982), com uma solução mais
radical propõe claramente a substituição do modelo
da mobilização dos recursos pelo modelo,
considerado mais adequado, do processo político.
Vai romper com o que há de restrito, de unilateral,
considerando sua insistência nas representações
coletivas.
"libertação cognitiva" de uma posição de
resignação fatalista e impotente perante o sistema
social passam a uma perspectiva que lhes confere
uma eficácia possível e, logo, uma capacidade de
ação visando afirmar seus "direitos" num sistema
considerado contestável e portanto e ilegítimo.
reconhece assim a importância da dimensão
interpretativa "simbólica"
•Klandermans e Tarrow, evocam a atenção e o
lugar que confere ao nível macrossociológico.
•Este otimismo, a nosso ver, deve ser atenuado
com três observações: Primeiro, essa produção
caiu numa espécie de messianismo, fazendo dos
NMS os arautos da sociedade futura; Segundo, as
asserções de âmbito geral que supostamente
revelariam o sentido profundo dos movimentos
sociais não fazem mais do que traçar uma
orientação de estudo possível. Habermas, ao
descrever os NMS como "movimentos de recusa" e
"de resistência à colonização do mundo vivido";
•Por fim, a literatura relativa aos novos movimentos
sociais é percorrida, pela contraposição de duas
interpretações, ofensiva e defensiva.
• A contribuição mais significativa das
abordagens européias parece-nos residir na
insistência dada à dimensão cultural,
igualmente sublinhada por Klandermans e
Tarrow.
• A atitude de Alain Touraine, que consiste em
tratar um movimento social "como a
combinação de um princípio de identidade
(lutamos em nome de quem?), de um
princípio de oposição (contra quem?) e de
um princípio de totalidade (que designa a
dinâmica societária)" (1978, p. 109) é, desse
ponto de vista, significativa.
Em nossa opinião, a verdadeira síntese
consistiria numa abordagem
multidimensional, que reconhecesse a
importância de cada uma dessas duas
dimensões analíticas (POLÍTICA E
CULTURAL) e levasse ao mesmo tempo a
ressaltar sua interdependência empírica.
Essa abordagem deveria igualmente, em
lugar de se fechar no nível
macrossociológico ou inversamente no nível
microssociológico, ou até de justapô-los um
ao outro, tentar pensar a ligação entre
ambos.
Referência
CHAZEL, François. Movimentos sociais.
In: Boudon, Raymond (dir.). Tratado de
sociologia. Trad. T. Curvelo. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. p.283-
335.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Movimentos Sociais na Ciência Política Chazel.pptx

Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista (clás...
Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista  (clás...Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista  (clás...
Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista (clás...Cleide Magáli dos Santos
 
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depois
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depoisMovimentos Socias em Portugal: o antes e o depois
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depoisFábio Rafael Augusto
 
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação  Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação Queite Lima
 
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação Queite Lima
 
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...Fabiana Adaice
 
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...Luis Antonio Araujo
 
Apresentação2 versão alunos
Apresentação2   versão alunosApresentação2   versão alunos
Apresentação2 versão alunosMyrian Del Vecchio
 
Movimentos Sociais e Serviço Social
Movimentos Sociais e Serviço SocialMovimentos Sociais e Serviço Social
Movimentos Sociais e Serviço SocialAndré Santos Luigi
 
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisRebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisElisio Estanque
 
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeRccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeElisio Estanque
 
Abers e von bulow 2011 movimentos sociais na teoria e na pratica
Abers e von bulow 2011  movimentos sociais na teoria e na praticaAbers e von bulow 2011  movimentos sociais na teoria e na pratica
Abers e von bulow 2011 movimentos sociais na teoria e na praticaUniversity of Campinas
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicamoratonoise
 
86jose roberto paludo
86jose roberto paludo86jose roberto paludo
86jose roberto paludoPeterson Paz
 

Semelhante a Movimentos Sociais na Ciência Política Chazel.pptx (20)

Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista (clás...
Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista  (clás...Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista  (clás...
Aula 2 - Conceito de movimentos sociais a partir do paradigma marxista (clás...
 
Movimentos sociais
Movimentos sociaisMovimentos sociais
Movimentos sociais
 
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depois
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depoisMovimentos Socias em Portugal: o antes e o depois
Movimentos Socias em Portugal: o antes e o depois
 
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação  Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
 
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
Gohn, maria da. glória. movimentos sociais e educação
 
movimentos sociais.pdf
movimentos sociais.pdfmovimentos sociais.pdf
movimentos sociais.pdf
 
Sociologia iv
Sociologia ivSociologia iv
Sociologia iv
 
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...
Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais, maria da glo...
 
Imprimir
ImprimirImprimir
Imprimir
 
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...
As ciências sociais em duas tentativas de análise dos movimentos sociais no B...
 
Apresentação2 versão alunos
Apresentação2   versão alunosApresentação2   versão alunos
Apresentação2 versão alunos
 
Movimentos Sociais e Serviço Social
Movimentos Sociais e Serviço SocialMovimentos Sociais e Serviço Social
Movimentos Sociais e Serviço Social
 
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisRebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
 
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeRccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
 
Abers e von bulow 2011 movimentos sociais na teoria e na pratica
Abers e von bulow 2011  movimentos sociais na teoria e na praticaAbers e von bulow 2011  movimentos sociais na teoria e na pratica
Abers e von bulow 2011 movimentos sociais na teoria e na pratica
 
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticicaGrupo de estudos anarquistas josé oiticica
Grupo de estudos anarquistas josé oiticica
 
Atps mov.sociais
Atps mov.sociaisAtps mov.sociais
Atps mov.sociais
 
86jose roberto paludo
86jose roberto paludo86jose roberto paludo
86jose roberto paludo
 
Teoria do conflito
Teoria do conflitoTeoria do conflito
Teoria do conflito
 
Movimentos sociais
Movimentos sociaisMovimentos sociais
Movimentos sociais
 

Último

PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfFrancisco Márcio Bezerra Oliveira
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfLuizaAbaAba
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 

Último (20)

PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 

Movimentos Sociais na Ciência Política Chazel.pptx

  • 2. Introdução  “a noção de Movimentos Sociais não faz parte dos conceitos elementares da Sociologia [...] não mergulha suas raízes na tradição sociológica tão profundamente quanto outros ramos da disciplina (p. 284).  Atualmente eles constituem um objeto reconhecido da análise sociológica, com estudos casuísticos e outros de alcance teórico mais ambicioso;  Anos 60 Estados Unidos e 68 na Europa (NMS);
  • 3. O processo de institucionalização teve 2 consequências principais: • Legitimidade científica reforçada e demonstrada pelos primeiros balanços realizados, • Jenkins (1983), Teoria da Mobilização de Recursos e o estudo dos movimentos sociais • Klandermans, Kriesi e Tarrow (1988), De Estrutura para Ação: Comparando Movimentos Sociais Pesquisa entre culturas • Autonomia McAdam, McCarthy e Zald, Movimentos Sociais. In: Smelser (org) Tratado de Sociologia, 1988. Deixaram de ser abordados prioritariamente sob o ângulo do comportamento coletivo.
  • 4. Autonomia Relativa a) Na Europa foi preciso lutar contra uma visão redutora, para não dizer um subproduto, dos conflitos de classe. b) Nos Estados Unidos/além Atlântico, o risco consistia sobretudo em deixar que sua especificidade na perspectiva empolgante do comportamento coletivo.
  • 5. Uma caracterização elementar do movimento social • Sempre que se procura definir um movimento social, confrontamo-nos de um modo geral com o duplo problema de sua delimitação empírica e de sua identificação analítica. • Na delimitação empírica , os movimentos sociais podem surgir, segundo uma fórmula da autoria de Hanspeter Kriesi, (1988, p. 350 , como "fenômenos que dificilmente se deixam apreender, sem limites nítidos no espaço e no tempo"); trata-se de uma dificuldade de que algumas tentativas de definição nem sempre se dão conta.
  • 6. • Critérios analíticos: esses critérios divergem conforme os autores e variam consideravelmente em seu grau de exigência. • Por um lado, McCarthy e Zald propõem a seguinte definição: "Um movimento social é um conjunto de opiniões e de crenças comuns a uma população que manifesta preferências pela mudança de alguns elementos da estrutura social e/ou da distribuição de recompensas numa sociedade" (1977, p. 1217-1218). • não são "mais do que estruturas de preferências", na condição de que estas sejam "orientadas para a mudança social"; a definição proposta nada diz quanto à mobilização dos atores e a seus esforços no sentido de transporem essas preferências para uma ação coletiva.
  • 7. • Por outro lado, e em sentido inverso, Alain Touraine defendeu uma concepção extremamente exigente dos movimentos sociais, que se identificariam simultaneamente por um modo de ação, por um tipo de participantes e por um desafio. Segundo ele, os movimentos sociais consistem de fato numa 1 - "ação conflitual", 2 - conduzida por "um ator de classe", 3 - que se opõe a seu adversário de classe com vistas ao "controle do sistema de ação histórico" (1973, p 347), "à direção social da historicidade" (1978, p. 104). • É determinante a presença conjunta dos três aspectos, baseada no postulado da existência de um conflito social central entre "um par de movimentos sociais antagônicos". Com a aplicação de critérios tão restritivos; trata-se de uma opção que é lícito considerar problemática.
  • 8. • A noção de movimento social é problemática: • É prudente restringir as ambições à formulação de uma caracterização elementar. Mesmo essa caracterização não é destituída de riscos, já que deve-se evitar reificar o movimento social, concebendo-o à imagem de um grupo, e mais ainda hipostasiá-lo, conferindo-lhe uma vontade coletiva. • É em termos de processo e não em referência a um qualquer substrato grupal que é necessário analisar um movimento social. • Herbert Blumer (1946), satisfez essa dupla exigência, ao propor que os movimentos sociais fossem considerados "empreendimentos coletivos destinados a estabelecer uma nova ordem de vida”
  • 9.  Blumer propõe essencialmente um quadro geral de referência pertinente; Contudo atém-se a uma acepção muito extensiva/englobante dessa noção, em sua classificação dos movimentos sociais, como "movimentos expressivos", "movimentos gerais" e "movimentos específicos".  É sem dúvida preferível reservar a designação de movimento social para certos tipos particulares de empreendimento coletivo orientados para a mudança. • Parece-nos difícil defender sobretudo a posição demasiado ambígua que Blumer adota em seu tratamento das tendências culturais. • Correntes culturais, fenômenos de moda, dinâmica de gostos e Mov. Religioso
  • 10.  Há uma característica que parece dever ser atribuída exclusivamente aos movimentos sociais:  Portadores de um protesto;  Esse protesto está na base do empreendimento coletivo que constituem; e  É através dele que procuram conseguir mudanças. • As observações precedentes incitam-nos também a que nos interroguemos sobre a complexa questão de sua relação com o político.
  • 11. Protesto Confrontação Recurso à violência Certos especialistas, preocupados em realizar uma análise dos movimentos sociais em termos de processo evolutivo, conferiram a violência uma importância crucial. É assim que Charles Tilly (1984), entregando- se por seu turno ao exercício perigoso da definição, considera que "um movimento social é uma série ininterrupta de interações entre os detentores do poder e indivíduos que pretendem com êxito falar a favor de um conjunto de pessoas a quem falta representação formal".
  • 12. • Esta definição, dissipa a ilusão de que o curso de um movimento social não é predeterminado, mas depende das interações que estabelece com seu contexto, em especial com o contexto político; • A definição proposta por Tilly tem outro aspecto de interesse: o "conflito político"; "um movimento social é uma série de interações..., ao longo da qual essas pessoas (que representam o movimento) formulam publicamente reivindicações de mudanças na distribuição ou no exercício do poder e fundamentam tais reivindicações através de manifestações públicas de apoio".
  • 13. • Pode-se, no entanto, acusar Tilly de privilegiar aqui, de um modo demasiado exclusivo, o jogo de interações que se desenvolve entre o movimento e as autoridades políticas. A dinâmica de um movimento social é de fato mais complexa: relações com um movimento próximo mas concorrente; o (eventual) conflito com o contramovimento a que seu próprio êxito deu origem; as alianças explícitas ou implícitas que firmou; a simpatia, ou a rejeição que as ações do movimento suscitam no grande público; as relações que conseguiu estabelecer com os meios de comunicação de massa a fim de criar uma imagem.
  • 14. • Há ainda um último ponto para o qual a definição de Tilly nos chama a atenção:0 conjunto de atores cujo movimento se faz passar por porta-voz não dispõe de representação formal; está excluído, em diversos graus, dos canais de representação instituídos; • Não podemos deixar de evocar uma questão freqüentemente debatida a propósito dos movimentos sociais que é a da extensão e profundidade das transformações que se outorgam os portadores e agentes.
  • 15. • Chegado ao fim desta panorâmica, a melhor conclusão consiste, sem dúvida, em substituir a formulação de Blumer por uma definição de nossa lavra, ao menos a título hipotético e provisório. Vamos considerar, portanto, movimento social um empreendimento coletivo de protesto e de contestação que visa impor mudanças, de importância variável, na estrutura social e/ou política através do recurso freqüente, mas não necessariamente exclusivo, a meios não institucionalizados.
  • 16. As tarefas essenciais de uma sociologia dos movimentos sociais A 1ª questão diz respeito às transformações das condições macrossociológicas (de ordem econômica, social e política); A 2ª questão refere-se aos fatores mais diretos e mais concretos da mobilização coletiva; A 3ª questão é relativa aos componentes ideológicos dos movimentos sociais, seus alicerces em matéria de valores e de crenças; A 4ª questão concerne às possibilidades de êxito, relacionadas com as alianças e as coligações, força dos adversários, a posição adotada pelo Público, pelos meios de comunicação de massa, e com o contexto global, interno e internacional.
  • 17. Os primórdios da análise dos movimentos sociais Duas correntes merecem ser assinaladas:  A primeira aborda sob uma perspectiva histórica o estudo do movimento social. Lorenz von Stein forja e impõe uma maneira de conceber o movimento social que permanecerá dominante na Alemanha até o princípio do séc.XX.  A segunda, cuja orientação advém sobretudo da psicologia coletiva, pretende ter descoberto na noção de multidão a chave da elucidação científica de múltiplos fenômenos das sociedades modernas. Essa corrente é predominante na França, associado a Gustave Lê Bon
  • 18.  Para Chazel, Etein vai desenvolvendo ser percurso intelectual até que por volta de 1848, o estudo dos movimentos sociais constitui seu núcleo e passa a ser reconhecido como objeto de estudo central; • 1º Socialismo; 2º Comunismo; Movimento Social. 3º Democracia Social.  É através do exemplo da França que Stein exprime o "movimento social". Segundo ele, esse movimento é social num duplo sentido: por um lado, é conduzido por toda uma classe, a classe trabalhadora, em sua luta contra o capital; por outro lado, sua verdadeira dinâmica não é de ordem política, mas social. Ilusão utópica
  • 19. • Gustave Lê Bom (1895), o "poder" das multidões é "unicamente destrutivo". Lê Bon consegue adornar suas opiniões de uma auréola de cientificidade, ajustando às suas preocupações a teoria da sugestão Hipnótica, encontrando aí um duplo argumento. Por um lado, o indivíduo em multidão é semelhante ao indivíduo hipnotizado; e é ainda menos capaz de resistência, "porque a sugestão, sendo a mesma para todos os indivíduos, é superestimada ao tornar-se recíproca" (p. 14). Por outro lado, a sugestão é assimétrica e essencialmente desigual entre o "chefe ou mentor" e a multidão, "um rebanho que não consegue prescindir de um senhor" (p. 69). Assim se explica a pretensa "lei da unidade mental das multidões" (p. 9).
  • 20. A época do comportamento coletivo  Foi Park (1969), quem conferiu a corrente comportamento coletivo suas verdadeiras cartas de nobreza. Em sua opinião, tal noção não serve apenas para designar um determinado campo de investigação, ela implica uma perspectiva geral de análise sociológica.  Uma das principais tarefas da sociologia consiste em pôr em evidência os processos através dos quais "a sociedade", no sentido de modelos de cooperação instituídos, "é formada e reformada". Esses processos passam por uma sucessão de fases: agitação social, prosseguem através de "movimentos de massa" e levam à adaptação ou à transformação das instituições.
  • 21. • Turner e Killian propõem a expressão teórica mais amadurecida da corrente do comportamento coletivo. Para tal, tiram o melhor partido das pistas abertas por Park e por Blumer, de quem são simultaneamente os herdeiros e continuadores. • Movimento social é "uma coletividade que age com alguma continuidade para promover ou resistir a uma mudança na sociedade ou no grupo de que faz parte" (1957, p. 308). • Deve-se reconhecer, porém, que Turner e Killian nos propõem, mais que uma teoria elaborada dos movimentos sociais, um quadro geral de análise.
  • 22.  Neil Smelser (Theory of Collective Behavior, 1962), com uma ambiciosa elaboração teórica tende a apreender o comportamento coletivo a partir de um quadro de referência sistêmico, base em Parsons.  Distingue cinco determinantes: a condutibilidade estrutural, que define o tipo ou tipos de comportamento coletivo; a tensão estrutural; o desenvolvimento e a difusão de uma crença generalizada; os "fatores de precipitação"; e, por último, "a mobilização dos participantes para a ação".  Os movimentos sociais representam apenas um aspecto da investigação, não constituem seu objeto principal. A mobilização e seus processos específicos continuam a ser também um tema de importância secundária.
  • 23. •William Kornhauser, The Poliücs of Mass Society (1959), inscreve-se em outra tradição de pensamento: •1. sociedade de massa que constituiu uma "sociedade atomizada“; 2. A sociedade de massa não é definível apenas em termos objetivos; considerada em termos subjetivos, é formada por uma "população alienada" •3. A sociedade de massa contém em si mesma uma dupla fonte de fragilidade uma sociedade pluralista degradada que corre o risco de degenerar numa sociedade totalitária. •4. A característica estrutural essencial da sociedade de massa reside na fragilidade dos grupos intermediários. •5. Sociedade de massa produz o isolamento social mais que o isolamento do indivíduo propriamente dito; 6. O desenvolvimento de movimentos de massa relacionados as desarticulações das estruturas comunitárias; 7. As massas não estão igualmente predispostas à adoção de comportamentos extremistas. Condição de marginalidade social que é comum.
  • 24. •As diferentes teorias reunidas nesta parte foram contestadas em bloco, tenderiam a: •- privilegiar indevidamente o nível microssociológico; por McAdam, McCarthy e Zald •- concentrar a atenção sobre a fase de emergência dos movimentos sociais; por McAdam, McCarthy e Zald •- abordá-los essencialmente sob o ângulo de sua suposta irracionalidade; pela corrente da mobilização dos recursos •- a ver neles apenas manifestações de crise; por Alain Touraine •- a quase ausência do elemento político na maior parte desses modelos; por Chazel
  • 25. A época da mobilização dos recursos A partir do início dos anos 70 desenvolvem-se novas perspectivas teóricas, no novo paradigma. A expressão "mobilização dos recursos" forjada por McCarthy e Zald (1973, 1977):  Atenção sobre os processos de mobilização;  Importância das organizações no surgimento e no desenvolvimento;  Racionalidade do engajamento na ação coletiva;  Ênfase nas dimensões propriamente políticas. Duas conseqüências importantes dessa inversão de perspectiva: Abordagem sob o ângulo dos conflito; A psicologia social perde espaço para a sociologia política e a ciência econômica.
  • 26. • A Economia transmitiu, através de Olson, uma consciência incisiva das dificuldades da mobilização: • "A comunidade de interesses... não basta para provocar a ação (coletiva) que permite promover o interesse de todos" (1965); e este postulado aplica-se a "indivíduos razoáveis e interessados" que "não se empenharão voluntariamente em defender os interesses do grupo“ • Os incentivos seletivos, (punições ou de recompensas) um esboço de solução parcial do paradoxo.
  • 27. As principais contribuições — de Zald e McCarthy, de Oberschall e de Tilly — detiveram-se no "paradoxo da ação coletiva". Tanto McCarthy como Zald raciocinam de forma tipicamente olsoniana, em termos de custos e benefícios. Destacam o papel ainda mais importante a dois outros fatores, o auxílio externo e os empresários políticos; Movimento social como um grupo de interesses, uma representação forçada, uma espécie de "burocratização do descontentamento social"
  • 28. Anthony Oberschall, inverte a teoria de Olson se aplicando ao estudo das condições propícias à mobilização no contexto de um movimento social, e não à compreensão dos obstáculos à ação coletiva Recorda os incentivos seletivos para explicar o surgimento de líderes e de militantes de oposição em situações de alto risco; Insiste igualmente na importância da ajuda externa; Renuncia ao postulado de Olson segundo o qual "os membros de uma vasta coletividade são decisores individuais desorganizados análogos aos inúmeros pequenos produtores independentes no mercado do economista clássico" (p. 117). O modelo de Oberschall comporta: uma dimensão horizontal; uma dimensão vertical; integração/segmentação; as demandas; protesto; mobilização  Oberschall se mantém discreto em relação a dimensão política
  • 29.  Charles Tilly vai recolocar os processos de mobilização no contexto do que designa por "politéia", que consiste, por um lado, num governo e, por outro, nas partes em confronto, colocados em posições mais ou menos favoráveis para influenciá-lo, conforme se trate de membros da politéia, dispondo de um acesso institucionalizado aos centros de poder, ou de contestadores que, não fazendo parte da politéia, não se beneficiam dessas vantagens. Com base neste "modelo elementar", o que interessa essencialmente são as coligações suscetíveis de se formar entre governo, membros e contestadores.
  • 30.  Destaca que "os contestadores procuram... entrar na politéia", do mesmo modo que os seus "membros tentam permanecer nela" (1978, p. 54). A entrada no sistema político é apresentada como uma das metas essenciais dos movimentos sociais e a prioridade atribuída ao fator político parece-lhe ainda mais fundamentada na medida em que suas análises sócio-históricas o levaram a pôr em evidência um desenvolvimento paralelo dos movimentos sociais e da nacionalização do fator político.
  • 31. Para além da mobilização dos recursos. Rumo a uma abordagem multidimensional? • A corrente da mobilização dos recursos avançou e desenvolveu uma concepção sólida mas, estrita dos movimentos sociais. • Alargamento ou superação? • É evidente que os recursos são visados de forma muito ampla, a tal ponto que a noção é definida de modo vago; podemos distinguir, ao lado de recursos utilitários, recursos coercitivos e recursos normativos.
  • 32.  Colocou em evidência a aptidão diferencial dos grupos para agirem coletivamente, mas não atribuiu o mesmo interesse às razões em nome das quais eles se mobilizam e agem coletivamente;  Apresenta uma "visão linear dos movimentos sociais” e esta não constitui a perspectiva mais adequada para apreender sua dimensão cultural. Evocaremos aqui, sucintamente, três exemplos, de que o primeiro representa um caso de extensão, o segundo uma primeira tentativa de superação e o terceiro uma tentativa extremamente ambiciosa de síntese com outras perspectivas analíticas, e em particular a que presidiu ao estudo dos novos movimentos sociais:
  • 33. O primeiro exemplo é de Bert Klandermans, cujo objetivo é conferir uma "extensão psicossocial à teoria da mobilização dos recursos". Interessam essencialmente as decisões individuais de participação num movimento social, isto é, os diversos componentes da "vontade de participar"; as expectativas do ator relativas aos resultados dessa ação e o valor que ele atribui a esses resultados
  • 34. Doug McAdam (1982), com uma solução mais radical propõe claramente a substituição do modelo da mobilização dos recursos pelo modelo, considerado mais adequado, do processo político. Vai romper com o que há de restrito, de unilateral, considerando sua insistência nas representações coletivas. "libertação cognitiva" de uma posição de resignação fatalista e impotente perante o sistema social passam a uma perspectiva que lhes confere uma eficácia possível e, logo, uma capacidade de ação visando afirmar seus "direitos" num sistema considerado contestável e portanto e ilegítimo. reconhece assim a importância da dimensão interpretativa "simbólica"
  • 35. •Klandermans e Tarrow, evocam a atenção e o lugar que confere ao nível macrossociológico. •Este otimismo, a nosso ver, deve ser atenuado com três observações: Primeiro, essa produção caiu numa espécie de messianismo, fazendo dos NMS os arautos da sociedade futura; Segundo, as asserções de âmbito geral que supostamente revelariam o sentido profundo dos movimentos sociais não fazem mais do que traçar uma orientação de estudo possível. Habermas, ao descrever os NMS como "movimentos de recusa" e "de resistência à colonização do mundo vivido"; •Por fim, a literatura relativa aos novos movimentos sociais é percorrida, pela contraposição de duas interpretações, ofensiva e defensiva.
  • 36. • A contribuição mais significativa das abordagens européias parece-nos residir na insistência dada à dimensão cultural, igualmente sublinhada por Klandermans e Tarrow. • A atitude de Alain Touraine, que consiste em tratar um movimento social "como a combinação de um princípio de identidade (lutamos em nome de quem?), de um princípio de oposição (contra quem?) e de um princípio de totalidade (que designa a dinâmica societária)" (1978, p. 109) é, desse ponto de vista, significativa.
  • 37. Em nossa opinião, a verdadeira síntese consistiria numa abordagem multidimensional, que reconhecesse a importância de cada uma dessas duas dimensões analíticas (POLÍTICA E CULTURAL) e levasse ao mesmo tempo a ressaltar sua interdependência empírica. Essa abordagem deveria igualmente, em lugar de se fechar no nível macrossociológico ou inversamente no nível microssociológico, ou até de justapô-los um ao outro, tentar pensar a ligação entre ambos.
  • 38. Referência CHAZEL, François. Movimentos sociais. In: Boudon, Raymond (dir.). Tratado de sociologia. Trad. T. Curvelo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. p.283- 335.