2. Introdução
“a noção de Movimentos Sociais não faz parte
dos conceitos elementares da Sociologia [...] não
mergulha suas raízes na tradição sociológica tão
profundamente quanto outros ramos da
disciplina (p. 284).
Atualmente eles constituem um objeto
reconhecido da análise sociológica, com estudos
casuísticos e outros de alcance teórico mais
ambicioso;
Anos 60 Estados Unidos e 68 na Europa
(NMS);
3. O processo de institucionalização
teve 2 consequências principais:
• Legitimidade científica
reforçada e demonstrada
pelos primeiros balanços
realizados,
• Jenkins (1983), Teoria da
Mobilização de Recursos e
o estudo dos movimentos
sociais
• Klandermans, Kriesi e
Tarrow (1988), De Estrutura
para Ação: Comparando
Movimentos Sociais
Pesquisa entre culturas
• Autonomia
McAdam, McCarthy e
Zald, Movimentos
Sociais. In: Smelser
(org) Tratado de
Sociologia, 1988.
Deixaram de ser
abordados
prioritariamente sob o
ângulo do
comportamento coletivo.
4. Autonomia Relativa
a) Na Europa foi preciso lutar contra uma visão
redutora, para não dizer um subproduto, dos
conflitos de classe.
b) Nos Estados Unidos/além Atlântico, o risco
consistia sobretudo em deixar que sua
especificidade na perspectiva empolgante do
comportamento coletivo.
5. Uma caracterização elementar
do movimento social
• Sempre que se procura definir um movimento
social, confrontamo-nos de um modo geral com o
duplo problema de sua delimitação empírica e de
sua identificação analítica.
• Na delimitação empírica , os movimentos sociais
podem surgir, segundo uma fórmula da autoria de
Hanspeter Kriesi, (1988, p. 350 , como "fenômenos
que dificilmente se deixam apreender, sem limites
nítidos no espaço e no tempo"); trata-se de uma
dificuldade de que algumas tentativas de definição
nem sempre se dão conta.
6. • Critérios analíticos: esses critérios divergem
conforme os autores e variam consideravelmente
em seu grau de exigência.
• Por um lado, McCarthy e Zald propõem a
seguinte definição: "Um movimento social é um
conjunto de opiniões e de crenças comuns a
uma população que manifesta preferências pela
mudança de alguns elementos da estrutura
social e/ou da distribuição de recompensas
numa sociedade" (1977, p. 1217-1218).
• não são "mais do que estruturas de preferências", na
condição de que estas sejam "orientadas para a mudança
social"; a definição proposta nada diz quanto à mobilização
dos atores e a seus esforços no sentido de transporem essas
preferências para uma ação coletiva.
7. • Por outro lado, e em sentido inverso, Alain
Touraine defendeu uma concepção extremamente
exigente dos movimentos sociais, que se
identificariam simultaneamente por um modo de
ação, por um tipo de participantes e por um desafio.
Segundo ele, os movimentos sociais consistem de
fato numa 1 - "ação conflitual", 2 - conduzida por
"um ator de classe", 3 - que se opõe a seu
adversário de classe com vistas ao "controle do
sistema de ação histórico" (1973, p 347), "à direção
social da historicidade" (1978, p. 104).
• É determinante a presença conjunta dos três aspectos,
baseada no postulado da existência de um conflito social
central entre "um par de movimentos sociais antagônicos".
Com a aplicação de critérios tão restritivos; trata-se de uma
opção que é lícito considerar problemática.
8. • A noção de movimento social é problemática:
• É prudente restringir as ambições à formulação de
uma caracterização elementar. Mesmo essa
caracterização não é destituída de riscos, já que
deve-se evitar reificar o movimento social,
concebendo-o à imagem de um grupo, e mais ainda
hipostasiá-lo, conferindo-lhe uma vontade coletiva.
• É em termos de processo e não em referência a
um qualquer substrato grupal que é necessário
analisar um movimento social.
• Herbert Blumer (1946), satisfez essa dupla
exigência, ao propor que os movimentos sociais
fossem considerados "empreendimentos coletivos
destinados a estabelecer uma nova ordem de vida”
9. Blumer propõe essencialmente um quadro geral
de referência pertinente; Contudo atém-se a uma
acepção muito extensiva/englobante dessa noção,
em sua classificação dos movimentos sociais,
como "movimentos expressivos", "movimentos
gerais" e "movimentos específicos".
É sem dúvida preferível reservar a designação de
movimento social para certos tipos particulares de
empreendimento coletivo orientados para a
mudança.
• Parece-nos difícil defender sobretudo a posição
demasiado ambígua que Blumer adota em seu
tratamento das tendências culturais.
• Correntes culturais, fenômenos de moda, dinâmica de gostos e Mov. Religioso
10. Há uma característica que parece dever ser
atribuída exclusivamente aos movimentos
sociais:
Portadores de um protesto;
Esse protesto está na base do
empreendimento coletivo que constituem; e
É através dele que procuram conseguir
mudanças.
• As observações precedentes incitam-nos
também a que nos interroguemos sobre a
complexa questão de sua relação com o
político.
11. Protesto Confrontação Recurso à
violência
Certos especialistas, preocupados em realizar
uma análise dos movimentos sociais em
termos de processo evolutivo, conferiram a
violência uma importância crucial.
É assim que Charles Tilly (1984), entregando-
se por seu turno ao exercício perigoso da
definição, considera que "um movimento
social é uma série ininterrupta de interações
entre os detentores do poder e indivíduos que
pretendem com êxito falar a favor de um
conjunto de pessoas a quem falta
representação formal".
12. • Esta definição, dissipa a ilusão de que o curso
de um movimento social não é predeterminado,
mas depende das interações que estabelece
com seu contexto, em especial com o contexto
político;
• A definição proposta por Tilly tem outro aspecto
de interesse: o "conflito político"; "um movimento
social é uma série de interações..., ao longo da
qual essas pessoas (que representam o
movimento) formulam publicamente
reivindicações de mudanças na distribuição ou
no exercício do poder e fundamentam tais
reivindicações através de manifestações
públicas de apoio".
13. • Pode-se, no entanto, acusar Tilly de privilegiar
aqui, de um modo demasiado exclusivo, o jogo
de interações que se desenvolve entre o
movimento e as autoridades políticas. A
dinâmica de um movimento social é de fato mais
complexa: relações com um movimento próximo
mas concorrente; o (eventual) conflito com o
contramovimento a que seu próprio êxito deu
origem; as alianças explícitas ou implícitas que
firmou; a simpatia, ou a rejeição que as ações
do movimento suscitam no grande público; as
relações que conseguiu estabelecer com os
meios de comunicação de massa a fim de criar
uma imagem.
14. • Há ainda um último ponto para o qual a
definição de Tilly nos chama a atenção:0
conjunto de atores cujo movimento se faz
passar por porta-voz não dispõe de
representação formal; está excluído, em
diversos graus, dos canais de representação
instituídos;
• Não podemos deixar de evocar uma questão
freqüentemente debatida a propósito dos
movimentos sociais que é a da extensão e
profundidade das transformações que se
outorgam os portadores e agentes.
15. • Chegado ao fim desta panorâmica, a
melhor conclusão consiste, sem dúvida, em
substituir a formulação de Blumer por uma
definição de nossa lavra, ao menos a título
hipotético e provisório. Vamos considerar,
portanto, movimento social um
empreendimento coletivo de protesto e de
contestação que visa impor mudanças, de
importância variável, na estrutura social
e/ou política através do recurso freqüente,
mas não necessariamente exclusivo, a
meios não institucionalizados.
16. As tarefas essenciais de uma
sociologia dos movimentos sociais
A 1ª questão diz respeito às transformações das
condições macrossociológicas (de ordem
econômica, social e política);
A 2ª questão refere-se aos fatores mais diretos e
mais concretos da mobilização coletiva;
A 3ª questão é relativa aos componentes
ideológicos dos movimentos sociais, seus alicerces
em matéria de valores e de crenças;
A 4ª questão concerne às possibilidades de êxito,
relacionadas com as alianças e as coligações, força
dos adversários, a posição adotada pelo Público,
pelos meios de comunicação de massa, e com o
contexto global, interno e internacional.
17. Os primórdios da análise dos
movimentos sociais
Duas correntes merecem ser assinaladas:
A primeira aborda sob uma perspectiva histórica
o estudo do movimento social. Lorenz von Stein
forja e impõe uma maneira de conceber o
movimento social que permanecerá dominante na
Alemanha até o princípio do séc.XX.
A segunda, cuja orientação advém sobretudo da
psicologia coletiva, pretende ter descoberto na
noção de multidão a chave da elucidação científica
de múltiplos fenômenos das sociedades modernas.
Essa corrente é predominante na França, associado
a Gustave Lê Bon
18. Para Chazel, Etein vai desenvolvendo ser
percurso intelectual até que por volta de 1848, o
estudo dos movimentos sociais constitui seu núcleo
e passa a ser reconhecido como objeto de estudo
central;
• 1º Socialismo; 2º Comunismo; Movimento Social.
3º Democracia Social.
É através do exemplo da França que Stein
exprime o "movimento social". Segundo ele, esse
movimento é social num duplo sentido: por um lado,
é conduzido por toda uma classe, a classe
trabalhadora, em sua luta contra o capital; por outro
lado, sua verdadeira dinâmica não é de ordem
política, mas social. Ilusão utópica
19. • Gustave Lê Bom (1895), o "poder" das multidões é
"unicamente destrutivo".
Lê Bon consegue adornar suas opiniões de uma
auréola de cientificidade, ajustando às suas
preocupações a teoria da sugestão Hipnótica,
encontrando aí um duplo argumento. Por um lado, o
indivíduo em multidão é semelhante ao indivíduo
hipnotizado; e é ainda menos capaz de resistência,
"porque a sugestão, sendo a mesma para todos os
indivíduos, é superestimada ao tornar-se recíproca"
(p. 14). Por outro lado, a sugestão é assimétrica e
essencialmente desigual entre o "chefe ou mentor" e
a multidão, "um rebanho que não consegue
prescindir de um senhor" (p. 69). Assim se explica a
pretensa "lei da unidade mental das multidões" (p. 9).
20. A época do comportamento coletivo
Foi Park (1969), quem conferiu a corrente
comportamento coletivo suas verdadeiras cartas de
nobreza. Em sua opinião, tal noção não serve
apenas para designar um determinado campo de
investigação, ela implica uma perspectiva geral de
análise sociológica.
Uma das principais tarefas da sociologia
consiste em pôr em evidência os processos
através dos quais "a sociedade", no sentido de
modelos de cooperação instituídos, "é formada e
reformada". Esses processos passam por uma
sucessão de fases: agitação social, prosseguem
através de "movimentos de massa" e levam à
adaptação ou à transformação das instituições.
21. • Turner e Killian propõem a expressão teórica
mais amadurecida da corrente do
comportamento coletivo. Para tal, tiram o melhor
partido das pistas abertas por Park e por
Blumer, de quem são simultaneamente os
herdeiros e continuadores.
• Movimento social é "uma coletividade que age
com alguma continuidade para promover ou
resistir a uma mudança na sociedade ou no
grupo de que faz parte" (1957, p. 308).
• Deve-se reconhecer, porém, que Turner e Killian
nos propõem, mais que uma teoria elaborada
dos movimentos sociais, um quadro geral de
análise.
22. Neil Smelser (Theory of Collective Behavior, 1962),
com uma ambiciosa elaboração teórica tende a
apreender o comportamento coletivo a partir de um
quadro de referência sistêmico, base em Parsons.
Distingue cinco determinantes: a condutibilidade
estrutural, que define o tipo ou tipos de
comportamento coletivo; a tensão estrutural; o
desenvolvimento e a difusão de uma crença
generalizada; os "fatores de precipitação"; e, por
último, "a mobilização dos participantes para a ação".
Os movimentos sociais representam apenas um
aspecto da investigação, não constituem seu objeto
principal. A mobilização e seus processos específicos
continuam a ser também um tema de importância
secundária.
23. •William Kornhauser, The Poliücs of Mass Society (1959),
inscreve-se em outra tradição de pensamento:
•1. sociedade de massa que constituiu uma "sociedade
atomizada“; 2. A sociedade de massa não é definível apenas
em termos objetivos; considerada em termos subjetivos, é
formada por uma "população alienada"
•3. A sociedade de massa contém em si mesma uma dupla
fonte de fragilidade uma sociedade pluralista degradada que
corre o risco de degenerar numa sociedade totalitária.
•4. A característica estrutural essencial da sociedade de
massa reside na fragilidade dos grupos intermediários.
•5. Sociedade de massa produz o isolamento social mais que
o isolamento do indivíduo propriamente dito; 6. O
desenvolvimento de movimentos de massa relacionados as
desarticulações das estruturas comunitárias; 7. As massas
não estão igualmente predispostas à adoção de
comportamentos extremistas. Condição de marginalidade
social que é comum.
24. •As diferentes teorias reunidas nesta parte
foram contestadas em bloco, tenderiam a:
•- privilegiar indevidamente o nível
microssociológico; por McAdam, McCarthy e Zald
•- concentrar a atenção sobre a fase de
emergência dos movimentos sociais; por McAdam,
McCarthy e Zald
•- abordá-los essencialmente sob o ângulo de sua
suposta irracionalidade; pela corrente da
mobilização dos recursos
•- a ver neles apenas manifestações de crise; por
Alain Touraine
•- a quase ausência do elemento político na maior
parte desses modelos; por Chazel
25. A época da mobilização dos recursos
A partir do início dos anos 70 desenvolvem-se
novas perspectivas teóricas, no novo paradigma. A
expressão "mobilização dos recursos" forjada por
McCarthy e Zald (1973, 1977):
Atenção sobre os processos de mobilização;
Importância das organizações no surgimento e
no desenvolvimento;
Racionalidade do engajamento na ação coletiva;
Ênfase nas dimensões propriamente políticas.
Duas conseqüências importantes dessa inversão
de perspectiva:
Abordagem sob o ângulo dos conflito;
A psicologia social perde espaço para a
sociologia política e a ciência econômica.
26. • A Economia transmitiu, através de Olson,
uma consciência incisiva das dificuldades da
mobilização:
• "A comunidade de interesses... não basta
para provocar a ação (coletiva) que permite
promover o interesse de todos" (1965); e
este postulado aplica-se a "indivíduos
razoáveis e interessados" que "não se
empenharão voluntariamente em defender
os interesses do grupo“
• Os incentivos seletivos, (punições ou de
recompensas) um esboço de solução parcial
do paradoxo.
27. As principais contribuições — de Zald e
McCarthy, de Oberschall e de Tilly —
detiveram-se no "paradoxo da ação coletiva".
Tanto McCarthy como Zald raciocinam de
forma tipicamente olsoniana, em termos de
custos e benefícios.
Destacam o papel ainda mais importante a dois
outros fatores, o auxílio externo e os
empresários políticos;
Movimento social como um grupo de interesses,
uma representação forçada, uma espécie de
"burocratização do descontentamento social"
28. Anthony Oberschall, inverte a teoria de Olson se aplicando
ao estudo das condições propícias à mobilização no contexto
de um movimento social, e não à compreensão dos
obstáculos à ação coletiva
Recorda os incentivos seletivos para explicar o surgimento
de líderes e de militantes de oposição em situações de alto
risco;
Insiste igualmente na importância da ajuda externa;
Renuncia ao postulado de Olson segundo o qual "os
membros de uma vasta coletividade são decisores individuais
desorganizados análogos aos inúmeros pequenos produtores
independentes no mercado do economista clássico" (p. 117).
O modelo de Oberschall comporta: uma dimensão
horizontal; uma dimensão vertical; integração/segmentação;
as demandas; protesto; mobilização
Oberschall se mantém discreto em relação a dimensão
política
29. Charles Tilly vai recolocar os processos de
mobilização no contexto do que designa por
"politéia", que consiste, por um lado, num
governo e, por outro, nas partes em confronto,
colocados em posições mais ou menos
favoráveis para influenciá-lo, conforme se trate
de membros da politéia, dispondo de um
acesso institucionalizado aos centros de poder,
ou de contestadores que, não fazendo parte da
politéia, não se beneficiam dessas vantagens.
Com base neste "modelo elementar", o que
interessa essencialmente são as coligações
suscetíveis de se formar entre governo,
membros e contestadores.
30. Destaca que "os contestadores
procuram... entrar na politéia", do mesmo
modo que os seus "membros tentam
permanecer nela" (1978, p. 54). A entrada
no sistema político é apresentada como
uma das metas essenciais dos movimentos
sociais e a prioridade atribuída ao fator
político parece-lhe ainda mais
fundamentada na medida em que suas
análises sócio-históricas o levaram a pôr em
evidência um desenvolvimento paralelo dos
movimentos sociais e da nacionalização do
fator político.
31. Para além da mobilização dos recursos.
Rumo a uma abordagem multidimensional?
• A corrente da mobilização dos recursos
avançou e desenvolveu uma concepção sólida
mas, estrita dos movimentos sociais.
• Alargamento ou superação?
• É evidente que os recursos são visados de
forma muito ampla, a tal ponto que a noção é
definida de modo vago; podemos distinguir, ao
lado de recursos utilitários, recursos
coercitivos e recursos normativos.
32. Colocou em evidência a aptidão diferencial dos
grupos para agirem coletivamente, mas não atribuiu
o mesmo interesse às razões em nome das quais
eles se mobilizam e agem coletivamente;
Apresenta uma "visão linear dos movimentos
sociais” e esta não constitui a perspectiva mais
adequada para apreender sua dimensão cultural.
Evocaremos aqui, sucintamente, três exemplos,
de que o primeiro representa um caso de extensão,
o segundo uma primeira tentativa de superação e o
terceiro uma tentativa extremamente ambiciosa de
síntese com outras perspectivas analíticas, e em
particular a que presidiu ao estudo dos novos
movimentos sociais:
33. O primeiro exemplo é de Bert
Klandermans, cujo objetivo é conferir uma
"extensão psicossocial à teoria da
mobilização dos recursos". Interessam
essencialmente as decisões individuais
de participação num movimento social,
isto é, os diversos componentes da
"vontade de participar"; as expectativas
do ator relativas aos resultados dessa
ação e o valor que ele atribui a esses
resultados
34. Doug McAdam (1982), com uma solução mais
radical propõe claramente a substituição do modelo
da mobilização dos recursos pelo modelo,
considerado mais adequado, do processo político.
Vai romper com o que há de restrito, de unilateral,
considerando sua insistência nas representações
coletivas.
"libertação cognitiva" de uma posição de
resignação fatalista e impotente perante o sistema
social passam a uma perspectiva que lhes confere
uma eficácia possível e, logo, uma capacidade de
ação visando afirmar seus "direitos" num sistema
considerado contestável e portanto e ilegítimo.
reconhece assim a importância da dimensão
interpretativa "simbólica"
35. •Klandermans e Tarrow, evocam a atenção e o
lugar que confere ao nível macrossociológico.
•Este otimismo, a nosso ver, deve ser atenuado
com três observações: Primeiro, essa produção
caiu numa espécie de messianismo, fazendo dos
NMS os arautos da sociedade futura; Segundo, as
asserções de âmbito geral que supostamente
revelariam o sentido profundo dos movimentos
sociais não fazem mais do que traçar uma
orientação de estudo possível. Habermas, ao
descrever os NMS como "movimentos de recusa" e
"de resistência à colonização do mundo vivido";
•Por fim, a literatura relativa aos novos movimentos
sociais é percorrida, pela contraposição de duas
interpretações, ofensiva e defensiva.
36. • A contribuição mais significativa das
abordagens européias parece-nos residir na
insistência dada à dimensão cultural,
igualmente sublinhada por Klandermans e
Tarrow.
• A atitude de Alain Touraine, que consiste em
tratar um movimento social "como a
combinação de um princípio de identidade
(lutamos em nome de quem?), de um
princípio de oposição (contra quem?) e de
um princípio de totalidade (que designa a
dinâmica societária)" (1978, p. 109) é, desse
ponto de vista, significativa.
37. Em nossa opinião, a verdadeira síntese
consistiria numa abordagem
multidimensional, que reconhecesse a
importância de cada uma dessas duas
dimensões analíticas (POLÍTICA E
CULTURAL) e levasse ao mesmo tempo a
ressaltar sua interdependência empírica.
Essa abordagem deveria igualmente, em
lugar de se fechar no nível
macrossociológico ou inversamente no nível
microssociológico, ou até de justapô-los um
ao outro, tentar pensar a ligação entre
ambos.
38. Referência
CHAZEL, François. Movimentos sociais.
In: Boudon, Raymond (dir.). Tratado de
sociologia. Trad. T. Curvelo. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. p.283-
335.