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JORNAL VALOR ECONÔMICO (SP)




Indústria de lentes eleva produção
Roberta Campassi, de São Paulo
02/04/2009

A Essilor e a Carl Zeiss Vision, as duas maiores fabricantes de lentes
para óculos no Brasil, vão expandir a produção em 2009 e investir em
infraestrutura para maximizar o valor de seus produtos. As empresas
avaliam que quem precisa de óculos não deixará de gastar com eles, apesar
da desaceleração econômica.

A Essilor, multinacional francesa fabricante das lentes Varilux, entre
outras, ampliará em 25% a produção em sua fábrica em Manaus, de 20
milhões de lentes ao ano para 25 milhões - no mundo, a empresa é líder
com produção de 220 milhões anualmente. O objetivo é atender a demanda no
mercado brasileiro e também as exportações para América Latina, países
asiáticos e outros como Austrália e Canadá, que recebem 20% do total de
lentes fabricado no Brasil.
Já a alemã Carl Zeiss elevará a produção em sua fábrica de Petrópolis
(RJ) em cerca de 15% até o fim do ano, especialmente para compensar o
fechamento de uma planta na Venezuela em 2008. Com isso, a capacidade
produtiva chegará próxima ao limite e uma expansão de infraestrutura será
feita em 2010, afirma Marcelo D'Anna, gerente de marketing da companhia
para América Latina. A empresa não revela o tamanho de sua produção
brasileira.
Além de fabricar mais, as companhias estão preocupadas também em quot;agregar
valorquot; às lentes - para usar o jargão do mundo empresarial.

Nesse sentido, a Essilor no Brasil iniciou em 2008 uma estratégia de
compra de laboratórios óticos. São esses laboratórios que adquirem as
lentes semiacabadas das fabricantes, modificam-nas conforme a necessidade
do usuário final e entregam-nas às óticas, que por sua vez vendem os
óculos montados. Ou seja, eles são intermediários que retêm parte
significativa do valor gerado na cadeia produtiva.

Em 2008, a Essilor comprou o controle do laboratório Unilab, em
Fortaleza, e de dois outros laboratórios em São Paulo, que foram unidos
sob o nome Technopark e atendem todo o território paulista. Agora, a
companhia parte em busca de novas compras. quot;Temos negociações em
andamento. Nossa prioridade é atender praticamente todas as maiores
cidades brasileirasquot;, afirma Thomas Bayer, presidente da Essilor no
Brasil.

Esse movimento de ganhar posições na cadeira produtiva vai beneficiar o
consumidor, diz Bayer, na medida em que o tempo de fabricação da lente
vai cair. Em algumas regiões o tempo de entrega da lente é de até duas
semanas e o objetivo da Essilor é reduzi-lo para até cinco dias, segundo
o executivo.

Igual estratégia foi usada pela Carl Zeiss há três anos, quando adquiriu
a rede Quality Lab e o Meister Haus. Hoje, a empresa tem 15 laboratórios
no Brasil. quot;É um ótimo canal para escoar novos produtos às óticasquot;, conta
D'Anna.

Outra forma de valorizar a lente é a aplicação de diversos tipos de
tratamento, entre os quais o antirreflexo, que aumenta a resistência e a
transparência da lente, além de melhorar o conforto para os olhos. Tanto
a Carl Zeiss quanto a Essilor vão aportar recursos para aumentar o número
de centros próprios onde as lentes recebem esses tratamentos.

Para honrar todo o plano - ampliação da fábrica, aquisições e novos
centros - a Essilor tem R$ 45 milhões disponíveis, mais do que os R$ 30
milhões em 2008. A companhia espera crescer 20% no Brasil, em 2009, após
realizar esses investimentos. quot;Somos um setor privilegiadoquot;, diz Bayer.
quot;Óculos são um investimento relativamente baixo.quot;

Dados da Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos
(Abiótioca) mostram que o setor cresceu 32% em 2007 e 23% em 2008. quot;Em
janeiro e fevereiro deste ano, crescemos cerca de 15%. Estamos tendo mais
trabalho para vender, mas o movimento continua fortequot;, afirma Bento
Alcoforado, diretor-executivo da entidade.

Os trunfos da indústria de óculos em meio à crise, segundo ele, são o
fato de que esse objeto é uma necessidade, virou item de moda e é
encontrado numa ampla gama de preços. Hoje, é possível comprar um modelo
de R$ 80 - para quem tem baixa miopia e opta por armação simples - ou
óculos que custam nada menos do que R$ 10,7 mil e levam a mais alta
tecnologia.

quot;Quem trabalha só com armações, contudo, pode estar sentindo mais a
crise, porque as pessoas precisam trocar o grau das lentes, mas não
necessariamente a armaçãoquot;, afirma D'Anna, da Carl Zeiss.

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  • 1. JORNAL VALOR ECONÔMICO (SP) Indústria de lentes eleva produção Roberta Campassi, de São Paulo 02/04/2009 A Essilor e a Carl Zeiss Vision, as duas maiores fabricantes de lentes para óculos no Brasil, vão expandir a produção em 2009 e investir em infraestrutura para maximizar o valor de seus produtos. As empresas avaliam que quem precisa de óculos não deixará de gastar com eles, apesar da desaceleração econômica. A Essilor, multinacional francesa fabricante das lentes Varilux, entre outras, ampliará em 25% a produção em sua fábrica em Manaus, de 20 milhões de lentes ao ano para 25 milhões - no mundo, a empresa é líder com produção de 220 milhões anualmente. O objetivo é atender a demanda no mercado brasileiro e também as exportações para América Latina, países asiáticos e outros como Austrália e Canadá, que recebem 20% do total de lentes fabricado no Brasil.
  • 2. Já a alemã Carl Zeiss elevará a produção em sua fábrica de Petrópolis (RJ) em cerca de 15% até o fim do ano, especialmente para compensar o fechamento de uma planta na Venezuela em 2008. Com isso, a capacidade produtiva chegará próxima ao limite e uma expansão de infraestrutura será feita em 2010, afirma Marcelo D'Anna, gerente de marketing da companhia para América Latina. A empresa não revela o tamanho de sua produção brasileira. Além de fabricar mais, as companhias estão preocupadas também em quot;agregar valorquot; às lentes - para usar o jargão do mundo empresarial. Nesse sentido, a Essilor no Brasil iniciou em 2008 uma estratégia de compra de laboratórios óticos. São esses laboratórios que adquirem as lentes semiacabadas das fabricantes, modificam-nas conforme a necessidade do usuário final e entregam-nas às óticas, que por sua vez vendem os óculos montados. Ou seja, eles são intermediários que retêm parte significativa do valor gerado na cadeia produtiva. Em 2008, a Essilor comprou o controle do laboratório Unilab, em Fortaleza, e de dois outros laboratórios em São Paulo, que foram unidos sob o nome Technopark e atendem todo o território paulista. Agora, a companhia parte em busca de novas compras. quot;Temos negociações em andamento. Nossa prioridade é atender praticamente todas as maiores cidades brasileirasquot;, afirma Thomas Bayer, presidente da Essilor no Brasil. Esse movimento de ganhar posições na cadeira produtiva vai beneficiar o consumidor, diz Bayer, na medida em que o tempo de fabricação da lente vai cair. Em algumas regiões o tempo de entrega da lente é de até duas semanas e o objetivo da Essilor é reduzi-lo para até cinco dias, segundo o executivo. Igual estratégia foi usada pela Carl Zeiss há três anos, quando adquiriu a rede Quality Lab e o Meister Haus. Hoje, a empresa tem 15 laboratórios no Brasil. quot;É um ótimo canal para escoar novos produtos às óticasquot;, conta D'Anna. Outra forma de valorizar a lente é a aplicação de diversos tipos de tratamento, entre os quais o antirreflexo, que aumenta a resistência e a transparência da lente, além de melhorar o conforto para os olhos. Tanto a Carl Zeiss quanto a Essilor vão aportar recursos para aumentar o número de centros próprios onde as lentes recebem esses tratamentos. Para honrar todo o plano - ampliação da fábrica, aquisições e novos centros - a Essilor tem R$ 45 milhões disponíveis, mais do que os R$ 30 milhões em 2008. A companhia espera crescer 20% no Brasil, em 2009, após realizar esses investimentos. quot;Somos um setor privilegiadoquot;, diz Bayer. quot;Óculos são um investimento relativamente baixo.quot; Dados da Associação Brasileira de Produtos e Equipamentos Ópticos (Abiótioca) mostram que o setor cresceu 32% em 2007 e 23% em 2008. quot;Em janeiro e fevereiro deste ano, crescemos cerca de 15%. Estamos tendo mais trabalho para vender, mas o movimento continua fortequot;, afirma Bento Alcoforado, diretor-executivo da entidade. Os trunfos da indústria de óculos em meio à crise, segundo ele, são o fato de que esse objeto é uma necessidade, virou item de moda e é encontrado numa ampla gama de preços. Hoje, é possível comprar um modelo
  • 3. de R$ 80 - para quem tem baixa miopia e opta por armação simples - ou óculos que custam nada menos do que R$ 10,7 mil e levam a mais alta tecnologia. quot;Quem trabalha só com armações, contudo, pode estar sentindo mais a crise, porque as pessoas precisam trocar o grau das lentes, mas não necessariamente a armaçãoquot;, afirma D'Anna, da Carl Zeiss.