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INQUÉRITO 4.428 DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
AUTOR(A/S)(ES) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INVEST.(A/S) :ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO
ADV.(A/S) :JOSE ROBERTO FIGUEIREDO SANTORO
INVEST.(A/S) :JOSE SERRA
ADV.(A/S) :JOSE PAULO SEPULVEDA PERTENCE E
OUTRO(A/S)
DECISÃO: 1. Ao autorizar a abertura deste inquérito, relatei:
“1. O Procurador-Geral da República requer a abertura de
inquérito para investigar fatos relacionados ao Senador da
República José Serra e ao Ministro das Relações Exteriores
Aloysio Nunes Ferreira Filho, em razão das declarações
prestadas pelos colaboradores Arnaldo Cumplido de Souza
Couto (Termo de Depoimento n. 2), Benedicto Barbosa da Silva
Júnior (Termos de Depoimento n. 13, 24, 35 e 60), Carlos
Armando Guedes Paschoal (Termos de Depoimento n. 5 e 7),
Luiz Eduardo da Rocha Soares (Termo de Depoimento n. 18),
Roberto Cumplido (Termo de Depoimento n. 1), Fábio
Andreani Gandolfo (Termo de Depoimento n. 2) e Pedro
Augusto Ribeiro Novis (Termo de Depoimento n. 5).
Conforme o Ministério Público, relatam os colaboradores
a ocorrência de ajuste de mercado entre as empresas Andrade
Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Serveng
Civilsan, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, CR Almeida,
Constran e Odebrecht objetivando frustrar o caráter
competitivo de processo licitatório associado à construção do
Rodoanel Sul, no Estado de São Paulo. Todas essas pessoas
jurídicas referidas reuniram-se com representantes da empresa
DERSA, concessionária de serviço público vinculado ao
Governo de São Paulo e responsável pela contratação da obra
em comento, quando solicitados ajustes no edital licitatório,
providências que foram atendidas pela mencionada
concessionária. Nesse cenário, a Odebrecth sagrou-se vencedora
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
INQ 4428 / DF
do Lote 2 do Rodoanel, sendo que, logo em seguida, Mário
Rodrigues Júnior, então Diretor de Engenharia da DERSA, teria
solicitado o pagamento de R$ 1.200.000,00 (um milhão e
duzentos mil reais), sob a alegação de que tais valores seriam
destinados ao custeio de campanhas eleitorais.
Os colaboradores noticiam que, no ano de 2007, José Serra,
então Governador do Estado de São Paulo, publicou decreto
impondo às empresas a renegociações de contratos mantidos
com o poder público. Nessa ocasião, a DERSA seria dirigida por
Paulo Vieira Sousa, conhecido como Paulo Preto, pessoa
próxima ao então Governador José Serra. Após a repactuação
em relação ao consórcio liderado pela Odebrecht, Paulo Vieira
Sousa solicitou o pagamento de 0,75% do valor recebido por
cada empresa, sob pena de alterações contratuais prejudiciais.
No âmbito da Odebrecht, referida solicitação foi atendida, com
pagamentos efetuados, na ordem de R$ 2.200.000,00 (dois
milhões e duzentos mil reais), em favor da offshore Circle
Technical Company Inc, que pertenceria a Amaro Ramos,
supostamente conhecido operador do Partido Social
Democrático Brasileiro (PSDB). Os repasses teriam cessado após
investigações implementadas pelo Ministério Público Federal e
Tribunal de Contas da União, que concluíram pela ilegalidade
das alterações contratuais.
Os colaboradores também narram a ocorrência de
solicitação de vantagem indevida, a pretexto de doação
eleitoral, efetuada pelo então Chefe da Casa Civil do Governo
de São Paulo Aloysio Nunes. Na oportunidade, a Odebrecht
estava enfrentando dificuldades em relação à DERSA, ocasião
em que o ora Ministro de Estado solicitou auxílio no custeio de
sua campanha ao Senado Federal, comprometendo-se, em
contrapartida, a auxiliar na negociação dessas questões. Nessa
ótica, teriam sido repassados, de modo não contabilizado e por
meio do Setor de Operações Estruturadas, R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais) em favor do aludido agente público.
Ainda nessa linha, o colaborador Pedro Augusto Ribeiro
Novis, então Presidente do Conselho Administrativo da
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INQ 4428 / DF
Braskem (controlada pela Odebrecht), afirma ter realizado
diversas contribuições em favor de campanhas do Senador da
República José Serra, objetivando manter boas relações com o
agente político e almejando futuro auxílio em obras de
infraestrutura, concessões na área de transporte e saneamento
no Estado de São Paulo. Relata o pagamento de R$ 2.000.000,00
(dois milhões de reais) à campanha do ano de 2004 e R$
4.000.000,00 (quatro milhões de reais) à campanha do candidato
ao Governo do Estado de São Paulo, transações operadas por
meio de depósito em contas correntes mantidas no exterior e
indicadas por Amaro Ramos, suposto operador do PSDB.
Conforme informado pelo Procurador-Geral da República,
durante o governo de José Serra a Odebrecht sagrou-se
vencedora em diversos processos licitatórios. Nesse mesmo
contexto, em 2008, o Senador da República José Serra teria
solicitado diretamente ao Grupo Odebrecht o pagamento de R$
3.000.000,00 (três milhões de reais), a pretexto de contribuição à
Prefeitura Municipal de São Paulo. Em 2009, o então Presidente
Nacional do PSDB, Sérgio Guerra, solicitou ao colaborador o
pagamento de outros R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) a
fim de custear campanhas majoritárias, inclusive do Senador
José Serra à Presidência da República. Nessa ocasião, o
colaborador Pedro Augusto Ribeiro Novis teria condicionado a
realização desses repasses ao recebimento de valores devidos
em decorrência de obras executadas pelo grupo no Estado de
São Paulo. Sérgio Guerra, em contraproposta, teria afirmado
que os atrasados seriam adimplidos, desde que 15% (quinze por
cento) desses valores fossem transferidos ao próprio PSDB,
avença que teria sido confirmada pelo então Governador José
Serra. Assim, Pedro Novis teria autorizado pagamento na
ordem de R$ 23.300.000,00 (vinte e três milhões e trezentos mil
reais), sendo que a contrapartida almejada foi efetivamente
cumprida. Os pagamentos teriam sido tratados entre
representantes do Grupo Odebrecht e Ronaldo César Coelho e
Márcio Fortes, pessoas indicadas pelo Senador da República
José Serra. ” (fls. 20-26).
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INQ 4428 / DF
Sobreveio requerimento da autoridade policial no sentido de dilação
de prazo às investigações, oportunidade em que o Procurador-Geral da
República manifesta-se pela livre distribuição dos autos, por não
vislumbrar, em princípio, hipótese de conexão ou continência a justificar
prevenção deste Relator (fls. 151/152).
2. Da análise detalhada da petição que postula a abertura do caderno
indiciário (fls. 2-16), extrai-se que os fatos em apuração se referem à
suposta prática de ilicitudes pelos investigados tanto no curso do
processo licitatório destinado à construção do Rodoanel Sul no Estado de
São Paulo como em alterações contratuais posteriores à finalização do
certame.
De outra parte, da certidão de fl. 19, infere-se que os autos me foram
distribuídos por prevenção à Pet 6.530, que cuida, em síntese, dos
referidos acordos celebrados por executivos e ex-executivos do Grupo
Odebrecht e Braskem S/A, no contexto da cognominada “Operação Lava
Jato”.
E confrontando o objeto da referida petição geradora da prevenção
com os fatos aqui em apuração, conclui-se, na linha do que preconizado
pelo órgão acusador, que não há, neste momento, qualquer causa de
modificação de competência que justifique o afastamento da regra da
livre distribuição.
Com efeito, no caso em análise, busca-se elucidar supostos repasses
indevidos ao então Governador do Estado de São Paulo José Serra e a
Aloysio Nunes Ferreira Filho, à época dos fatos Chefe da Casa Civil, o
que, ao menos por ora, em nada se relaciona com o que se apura na
referida operação de repercussão nacional.
Em hipótese semelhante, o Plenário desta Suprema Corte assentou
que a colaboração premiada, por si só, não se constitui em critério de
definição de competência, razão pela qual não há obrigatoriedade de
distribuição por prevenção dos respectivos termos referentes a fatos
desprovidos de qualquer das causas previstas no art. 76 e art. 77 do
Código de Processo Penal, os quais devem receber o tratamento próprio
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INQ 4428 / DF
do descobrimento fortuito de provas. Confira-se a esse respeito:
“Questão de ordem no inquérito. Processual Penal. Crimes
relacionados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão. Indícios de participação de Senadora da República em
ilícito penal. Remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal.
(…) Colaboração premiada. Delação de crimes não conexos com
a investigação primária. Equiparação ao encontro fortuito de
prova. Aplicação das regras de determinação, de modificação e
de concentração da competência. Inexistência de prevenção,
pelas mesmas razões, tanto de Ministro da Corte quanto de
juízo de origem. (…) 3. A colaboração premiada, como meio de
obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de
modificação ou de concentração de competência. (...) 16. A
mesma razão (inexistência de conexão) que motivou o não
reconhecimento da prevenção de Ministro da Suprema Corte
que supervisiona a investigação de crimes relacionados à
Petrobras estende-se ao juízo de primeiro grau. (…) 20. A
questão de ordem se resolve no sentido do desmembramento
do feito, a fim de que a investigação prossiga perante a
Suprema Corte somente em relação à autoridade com
prerrogativa de foro, com a consequente remessa de cópia dos
autos à Seção Judiciária do Estado de São Paulo,
independentemente da publicação do acórdão, para livre
distribuição, preservada a validade dos atos praticados na
origem, inclusive medidas cautelares, dentre as quais a prisão
preventiva de um dos investigados, tendo em vista a aplicação
da teoria do juízo aparente (HC nº 81.260/ES, Pleno, Relator o
Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 19/4/02) (Inq 4.130 QO, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 3.2.2016).
3. À luz dessas considerações, submeto a questão à consideração da
eminente Presidente deste Supremo Tribunal Federal, Min. CÁRMEN
LÚCIA, competindo ao novo Relator o exame do pleito de prorrogação
do prazo à conclusão das investigações. Por força do decidido, fica
prejudicada a “Questão de Ordem” às fls. 39-42.
5
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INQ 4428 / DF
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 23 de junho de 2017.
Ministro EDSON FACHIN
Relator
Documento assinado digitalmente
6
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Investigação STF - Paulo Preto

  • 1. INQUÉRITO 4.428 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. EDSON FACHIN AUTOR(A/S)(ES) :MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA INVEST.(A/S) :ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO ADV.(A/S) :JOSE ROBERTO FIGUEIREDO SANTORO INVEST.(A/S) :JOSE SERRA ADV.(A/S) :JOSE PAULO SEPULVEDA PERTENCE E OUTRO(A/S) DECISÃO: 1. Ao autorizar a abertura deste inquérito, relatei: “1. O Procurador-Geral da República requer a abertura de inquérito para investigar fatos relacionados ao Senador da República José Serra e ao Ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira Filho, em razão das declarações prestadas pelos colaboradores Arnaldo Cumplido de Souza Couto (Termo de Depoimento n. 2), Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Termos de Depoimento n. 13, 24, 35 e 60), Carlos Armando Guedes Paschoal (Termos de Depoimento n. 5 e 7), Luiz Eduardo da Rocha Soares (Termo de Depoimento n. 18), Roberto Cumplido (Termo de Depoimento n. 1), Fábio Andreani Gandolfo (Termo de Depoimento n. 2) e Pedro Augusto Ribeiro Novis (Termo de Depoimento n. 5). Conforme o Ministério Público, relatam os colaboradores a ocorrência de ajuste de mercado entre as empresas Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Serveng Civilsan, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, CR Almeida, Constran e Odebrecht objetivando frustrar o caráter competitivo de processo licitatório associado à construção do Rodoanel Sul, no Estado de São Paulo. Todas essas pessoas jurídicas referidas reuniram-se com representantes da empresa DERSA, concessionária de serviço público vinculado ao Governo de São Paulo e responsável pela contratação da obra em comento, quando solicitados ajustes no edital licitatório, providências que foram atendidas pela mencionada concessionária. Nesse cenário, a Odebrecth sagrou-se vencedora Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
  • 2. INQ 4428 / DF do Lote 2 do Rodoanel, sendo que, logo em seguida, Mário Rodrigues Júnior, então Diretor de Engenharia da DERSA, teria solicitado o pagamento de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), sob a alegação de que tais valores seriam destinados ao custeio de campanhas eleitorais. Os colaboradores noticiam que, no ano de 2007, José Serra, então Governador do Estado de São Paulo, publicou decreto impondo às empresas a renegociações de contratos mantidos com o poder público. Nessa ocasião, a DERSA seria dirigida por Paulo Vieira Sousa, conhecido como Paulo Preto, pessoa próxima ao então Governador José Serra. Após a repactuação em relação ao consórcio liderado pela Odebrecht, Paulo Vieira Sousa solicitou o pagamento de 0,75% do valor recebido por cada empresa, sob pena de alterações contratuais prejudiciais. No âmbito da Odebrecht, referida solicitação foi atendida, com pagamentos efetuados, na ordem de R$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais), em favor da offshore Circle Technical Company Inc, que pertenceria a Amaro Ramos, supostamente conhecido operador do Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB). Os repasses teriam cessado após investigações implementadas pelo Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União, que concluíram pela ilegalidade das alterações contratuais. Os colaboradores também narram a ocorrência de solicitação de vantagem indevida, a pretexto de doação eleitoral, efetuada pelo então Chefe da Casa Civil do Governo de São Paulo Aloysio Nunes. Na oportunidade, a Odebrecht estava enfrentando dificuldades em relação à DERSA, ocasião em que o ora Ministro de Estado solicitou auxílio no custeio de sua campanha ao Senado Federal, comprometendo-se, em contrapartida, a auxiliar na negociação dessas questões. Nessa ótica, teriam sido repassados, de modo não contabilizado e por meio do Setor de Operações Estruturadas, R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) em favor do aludido agente público. Ainda nessa linha, o colaborador Pedro Augusto Ribeiro Novis, então Presidente do Conselho Administrativo da 2 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
  • 3. INQ 4428 / DF Braskem (controlada pela Odebrecht), afirma ter realizado diversas contribuições em favor de campanhas do Senador da República José Serra, objetivando manter boas relações com o agente político e almejando futuro auxílio em obras de infraestrutura, concessões na área de transporte e saneamento no Estado de São Paulo. Relata o pagamento de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) à campanha do ano de 2004 e R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) à campanha do candidato ao Governo do Estado de São Paulo, transações operadas por meio de depósito em contas correntes mantidas no exterior e indicadas por Amaro Ramos, suposto operador do PSDB. Conforme informado pelo Procurador-Geral da República, durante o governo de José Serra a Odebrecht sagrou-se vencedora em diversos processos licitatórios. Nesse mesmo contexto, em 2008, o Senador da República José Serra teria solicitado diretamente ao Grupo Odebrecht o pagamento de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), a pretexto de contribuição à Prefeitura Municipal de São Paulo. Em 2009, o então Presidente Nacional do PSDB, Sérgio Guerra, solicitou ao colaborador o pagamento de outros R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) a fim de custear campanhas majoritárias, inclusive do Senador José Serra à Presidência da República. Nessa ocasião, o colaborador Pedro Augusto Ribeiro Novis teria condicionado a realização desses repasses ao recebimento de valores devidos em decorrência de obras executadas pelo grupo no Estado de São Paulo. Sérgio Guerra, em contraproposta, teria afirmado que os atrasados seriam adimplidos, desde que 15% (quinze por cento) desses valores fossem transferidos ao próprio PSDB, avença que teria sido confirmada pelo então Governador José Serra. Assim, Pedro Novis teria autorizado pagamento na ordem de R$ 23.300.000,00 (vinte e três milhões e trezentos mil reais), sendo que a contrapartida almejada foi efetivamente cumprida. Os pagamentos teriam sido tratados entre representantes do Grupo Odebrecht e Ronaldo César Coelho e Márcio Fortes, pessoas indicadas pelo Senador da República José Serra. ” (fls. 20-26). 3 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
  • 4. INQ 4428 / DF Sobreveio requerimento da autoridade policial no sentido de dilação de prazo às investigações, oportunidade em que o Procurador-Geral da República manifesta-se pela livre distribuição dos autos, por não vislumbrar, em princípio, hipótese de conexão ou continência a justificar prevenção deste Relator (fls. 151/152). 2. Da análise detalhada da petição que postula a abertura do caderno indiciário (fls. 2-16), extrai-se que os fatos em apuração se referem à suposta prática de ilicitudes pelos investigados tanto no curso do processo licitatório destinado à construção do Rodoanel Sul no Estado de São Paulo como em alterações contratuais posteriores à finalização do certame. De outra parte, da certidão de fl. 19, infere-se que os autos me foram distribuídos por prevenção à Pet 6.530, que cuida, em síntese, dos referidos acordos celebrados por executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht e Braskem S/A, no contexto da cognominada “Operação Lava Jato”. E confrontando o objeto da referida petição geradora da prevenção com os fatos aqui em apuração, conclui-se, na linha do que preconizado pelo órgão acusador, que não há, neste momento, qualquer causa de modificação de competência que justifique o afastamento da regra da livre distribuição. Com efeito, no caso em análise, busca-se elucidar supostos repasses indevidos ao então Governador do Estado de São Paulo José Serra e a Aloysio Nunes Ferreira Filho, à época dos fatos Chefe da Casa Civil, o que, ao menos por ora, em nada se relaciona com o que se apura na referida operação de repercussão nacional. Em hipótese semelhante, o Plenário desta Suprema Corte assentou que a colaboração premiada, por si só, não se constitui em critério de definição de competência, razão pela qual não há obrigatoriedade de distribuição por prevenção dos respectivos termos referentes a fatos desprovidos de qualquer das causas previstas no art. 76 e art. 77 do Código de Processo Penal, os quais devem receber o tratamento próprio 4 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
  • 5. INQ 4428 / DF do descobrimento fortuito de provas. Confira-se a esse respeito: “Questão de ordem no inquérito. Processual Penal. Crimes relacionados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Indícios de participação de Senadora da República em ilícito penal. Remessa dos autos ao Supremo Tribunal Federal. (…) Colaboração premiada. Delação de crimes não conexos com a investigação primária. Equiparação ao encontro fortuito de prova. Aplicação das regras de determinação, de modificação e de concentração da competência. Inexistência de prevenção, pelas mesmas razões, tanto de Ministro da Corte quanto de juízo de origem. (…) 3. A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de determinação, de modificação ou de concentração de competência. (...) 16. A mesma razão (inexistência de conexão) que motivou o não reconhecimento da prevenção de Ministro da Suprema Corte que supervisiona a investigação de crimes relacionados à Petrobras estende-se ao juízo de primeiro grau. (…) 20. A questão de ordem se resolve no sentido do desmembramento do feito, a fim de que a investigação prossiga perante a Suprema Corte somente em relação à autoridade com prerrogativa de foro, com a consequente remessa de cópia dos autos à Seção Judiciária do Estado de São Paulo, independentemente da publicação do acórdão, para livre distribuição, preservada a validade dos atos praticados na origem, inclusive medidas cautelares, dentre as quais a prisão preventiva de um dos investigados, tendo em vista a aplicação da teoria do juízo aparente (HC nº 81.260/ES, Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 19/4/02) (Inq 4.130 QO, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 3.2.2016). 3. À luz dessas considerações, submeto a questão à consideração da eminente Presidente deste Supremo Tribunal Federal, Min. CÁRMEN LÚCIA, competindo ao novo Relator o exame do pleito de prorrogação do prazo à conclusão das investigações. Por força do decidido, fica prejudicada a “Questão de Ordem” às fls. 39-42. 5 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.
  • 6. INQ 4428 / DF Publique-se. Intime-se. Brasília, 23 de junho de 2017. Ministro EDSON FACHIN Relator Documento assinado digitalmente 6 Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 13097506.