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Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
GELSON LUIZ MIKUSZKA




                        FÉ E MISSÃO
       HISTÓRIA DA PROVÍNCIA REDENTORISTA
                DE CAMPO GRANDE
                     1929-1989


                              1ª Edição




                              Curitiba
                            Redentorista
                               2009
Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
Todos os direitos reservados
       Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida sem a permissão escrita do editor
___________________________________________________________

Mikuszka, Gelson Luiz

       Fé e Missão: História da Província Redentorista de Campo Grande 1929-1989 /
Gelson Luiz Mikuszka. — Curitiba, PR: Redentorista, 2009.

       ISBN 978-85-909103-0-5

       1. Congregações Cristãs 2. Redentoristas no Brasil 3. Missão redentorista

                                                                            CDD –
255.640981
______________________________________________

Redentorista
Rua Ubaldino do Amaral - Alto da Glória
Caixa Postal 20013 - CEP 80062-980
Curitiba /PR




       Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
Agradecimentos


             Aos que de uma forma ou outra contribuíram com este livro
             Pe. Joaquim Parron – Pe. Afonso Tremba – Pe. Sérgio Sviental
             – Pe. Armando Russo – Otávio Schimieguel

             Depoimentos
             Pe. Lourenço Kearns – Pe. Eugenio Sullivan – Pe. Egidio
             Gardner – Pe. Guilherme Tracy – Pe. João Hennessy –
             Edmundo Twomey – Pe. Ricardo Blissert
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Introdução




      É emocionante ver as imagens que mostram o momento em que o homem
pisou pela primeira vez na lua. Neil Amstrong, comandante dessa maravilhosa
façanha, definiu esse momento como um grande salto da humanidade. Vieram
descobrimentos, novos costumes, a derrocada de partidos políticos e muitas
transformações. Apareceram as revoluções armadas, tecnológicas, científicas,
humanas e sociais. Nasceram os movimentos; vieram os Beatles e os Rolling
Stones. Inventaram o toca-fitas, a TV e os primeiros computadores, que de tão
imensos, pareciam grandes “monstros” tecnológicos. Estes evoluíram, reduziram
seu tamanho e aumentaram a eficiência. Nasceu o CD e morreu o vinil. A
medicina avançou e aprendeu a clonar. Fala-se em projeto genoma, cura da AIDS
e avanços programados para um futuro próximo. Progredimos na tecnologia,
podemos nos comunicar instantaneamente, mas ainda não demos o maior de
todos os saltos: não conseguimos minimizar a saudade, preencher a solidão,
acalmar a ansiedade, erradicar o preconceito, evitar catástrofes e mortes. Enfim, a
humanidade continua carente e precisa de um grande salto em direção ao ser
humano. Requisito básico para que isso aconteça é a fé. O problema é que poucos
a entendem e sabem de sua força e poder no mundo. Outros se referem a ela
dizendo ser uma coisa doentia, covarde, própria dos fracos e oprimidos, que não
tendo outra coisa em que se agarrar a inventam para sobreviver, vivendo de ilusão
e esperança em algo que não vai levar a absolutamente nada. Mas não entendem
que a fé, a priori, não muda o mundo, mas muda as pessoas; e as pessoas mudam
o mundo.
       Examinando a história de nossos pioneiros, verificamos que em meio a
tantos infortúnios, pela fé mostraram ser capazes de realizações que admiram e
impulsionam o mundo. Graças à fé, tais “filhos de Santo Afonso”, vindo das
longínquas terras norte-americanas, trouxeram esperança para os pobres, sofridos
e abandonados. Andavam por regiões despovoadas, enfrentando as dificuldades e
obstáculos da missão. Como verdadeiros heróis, entre cânticos e preces, se
lançaram aos campos de pastoreio, plantaram, colheram e cuidaram das almas.
Como desbravadores de corações, construíram uma nova realidade erguendo
paróquias, escolas, comunidades, orientando homens e mulheres em direção ao
céu. Mais do que enfermeiros de corpos, foram verdadeiros médicos de almas.
Aprenderam na prática que a fé é chama aquecedora do espírito na busca de
forças para superar mágoas, decepções, revoltas e até mesmo a morte.


      Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
Tempos que longe vão! Não havia televisão, nem muitos carros, nem
muitas opções. O principal meio de transporte era o cavalo, trem e os pés que
entravam na mata, encontravam pessoas, construíam comunidades e descobriam
maravilhas. As notícias demoravam a chegar ao destino e, quando chegavam, não
era mais novidade, já era passado. O padre era obrigado a usar a batina o tempo
todo e, se não fossem alguns “rebeldes”, todos teriam de usar a chamada
“tonsura”. No início, as missas eram celebradas em latim e quase sempre em
capelas mal construídas e lugarejos distantes, sem conforto, sem luz elétrica,
somente com a força da fé. Índios, peões, caboclos e gente humilde eram os
ouvintes da Palavra de Deus.
       Buscando ajudar as regiões que missionavam, construíram belas igrejas,
bem equipadas escolas e as primeiras grandes construções. Implementaram a
cultura, a educação, a religiosidade e a fé. Na memória dos anciãos e em cada
trecho da região se faz presente a história, o registro daquilo que o missionário de
preto com rosário e cruz na cintura se propôs a fazer.
       Duas passagens de navio partindo dos Estados Unidos até o Brasil em 1929,
alguns dólares, um monte de sonhos e muita vontade de trabalhar abriram toda
essa possibilidade. Não foi fácil, era preciso ser um bom empreendedor, coisas
precisavam ser construídas, um povo precisava ser atendido e evangelizado. Com
o desabrochar das plantas pantaneiras, o canto dos pássaros nativos, o sol ardente
e aquecedor, entre os caboclos e peões, entre a gente simples do interior do Mato
Grosso e do Paraná, ora enfrentando cobras, ora passando rios, visitando
fazendas, cabanas e tribos indígenas, assim nasceu a Província de Campo Grande.
Simples, ousada, inserida, popular, adentrando nos lares mais distantes. Não foi
somente o suor desses pioneiros, nem seu desejo, nem sua garra, nem sua
inteligência ou talento, mas a fé que traziam e alimentavam no coração e nas
comunidades. Mais do que um livro de história, este é um livro de fé. Esses
homens souberam usar sua fé, demonstrando destemor para com o trabalho,
mesmo diante das fraquezas, tribulações e limitações. Perseveraram na missão e
traziam na consciência aquilo que ensina São Paulo no capítulo cinco da carta aos
Romanos: “Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a
perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada
produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.




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Introducao

  • 1. Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
  • 2. GELSON LUIZ MIKUSZKA FÉ E MISSÃO HISTÓRIA DA PROVÍNCIA REDENTORISTA DE CAMPO GRANDE 1929-1989 1ª Edição Curitiba Redentorista 2009 Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
  • 3. Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida sem a permissão escrita do editor ___________________________________________________________ Mikuszka, Gelson Luiz Fé e Missão: História da Província Redentorista de Campo Grande 1929-1989 / Gelson Luiz Mikuszka. — Curitiba, PR: Redentorista, 2009. ISBN 978-85-909103-0-5 1. Congregações Cristãs 2. Redentoristas no Brasil 3. Missão redentorista CDD – 255.640981 ______________________________________________ Redentorista Rua Ubaldino do Amaral - Alto da Glória Caixa Postal 20013 - CEP 80062-980 Curitiba /PR Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
  • 4. Agradecimentos Aos que de uma forma ou outra contribuíram com este livro Pe. Joaquim Parron – Pe. Afonso Tremba – Pe. Sérgio Sviental – Pe. Armando Russo – Otávio Schimieguel Depoimentos Pe. Lourenço Kearns – Pe. Eugenio Sullivan – Pe. Egidio Gardner – Pe. Guilherme Tracy – Pe. João Hennessy – Edmundo Twomey – Pe. Ricardo Blissert Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
  • 5. Introdução É emocionante ver as imagens que mostram o momento em que o homem pisou pela primeira vez na lua. Neil Amstrong, comandante dessa maravilhosa façanha, definiu esse momento como um grande salto da humanidade. Vieram descobrimentos, novos costumes, a derrocada de partidos políticos e muitas transformações. Apareceram as revoluções armadas, tecnológicas, científicas, humanas e sociais. Nasceram os movimentos; vieram os Beatles e os Rolling Stones. Inventaram o toca-fitas, a TV e os primeiros computadores, que de tão imensos, pareciam grandes “monstros” tecnológicos. Estes evoluíram, reduziram seu tamanho e aumentaram a eficiência. Nasceu o CD e morreu o vinil. A medicina avançou e aprendeu a clonar. Fala-se em projeto genoma, cura da AIDS e avanços programados para um futuro próximo. Progredimos na tecnologia, podemos nos comunicar instantaneamente, mas ainda não demos o maior de todos os saltos: não conseguimos minimizar a saudade, preencher a solidão, acalmar a ansiedade, erradicar o preconceito, evitar catástrofes e mortes. Enfim, a humanidade continua carente e precisa de um grande salto em direção ao ser humano. Requisito básico para que isso aconteça é a fé. O problema é que poucos a entendem e sabem de sua força e poder no mundo. Outros se referem a ela dizendo ser uma coisa doentia, covarde, própria dos fracos e oprimidos, que não tendo outra coisa em que se agarrar a inventam para sobreviver, vivendo de ilusão e esperança em algo que não vai levar a absolutamente nada. Mas não entendem que a fé, a priori, não muda o mundo, mas muda as pessoas; e as pessoas mudam o mundo. Examinando a história de nossos pioneiros, verificamos que em meio a tantos infortúnios, pela fé mostraram ser capazes de realizações que admiram e impulsionam o mundo. Graças à fé, tais “filhos de Santo Afonso”, vindo das longínquas terras norte-americanas, trouxeram esperança para os pobres, sofridos e abandonados. Andavam por regiões despovoadas, enfrentando as dificuldades e obstáculos da missão. Como verdadeiros heróis, entre cânticos e preces, se lançaram aos campos de pastoreio, plantaram, colheram e cuidaram das almas. Como desbravadores de corações, construíram uma nova realidade erguendo paróquias, escolas, comunidades, orientando homens e mulheres em direção ao céu. Mais do que enfermeiros de corpos, foram verdadeiros médicos de almas. Aprenderam na prática que a fé é chama aquecedora do espírito na busca de forças para superar mágoas, decepções, revoltas e até mesmo a morte. Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5
  • 6. Tempos que longe vão! Não havia televisão, nem muitos carros, nem muitas opções. O principal meio de transporte era o cavalo, trem e os pés que entravam na mata, encontravam pessoas, construíam comunidades e descobriam maravilhas. As notícias demoravam a chegar ao destino e, quando chegavam, não era mais novidade, já era passado. O padre era obrigado a usar a batina o tempo todo e, se não fossem alguns “rebeldes”, todos teriam de usar a chamada “tonsura”. No início, as missas eram celebradas em latim e quase sempre em capelas mal construídas e lugarejos distantes, sem conforto, sem luz elétrica, somente com a força da fé. Índios, peões, caboclos e gente humilde eram os ouvintes da Palavra de Deus. Buscando ajudar as regiões que missionavam, construíram belas igrejas, bem equipadas escolas e as primeiras grandes construções. Implementaram a cultura, a educação, a religiosidade e a fé. Na memória dos anciãos e em cada trecho da região se faz presente a história, o registro daquilo que o missionário de preto com rosário e cruz na cintura se propôs a fazer. Duas passagens de navio partindo dos Estados Unidos até o Brasil em 1929, alguns dólares, um monte de sonhos e muita vontade de trabalhar abriram toda essa possibilidade. Não foi fácil, era preciso ser um bom empreendedor, coisas precisavam ser construídas, um povo precisava ser atendido e evangelizado. Com o desabrochar das plantas pantaneiras, o canto dos pássaros nativos, o sol ardente e aquecedor, entre os caboclos e peões, entre a gente simples do interior do Mato Grosso e do Paraná, ora enfrentando cobras, ora passando rios, visitando fazendas, cabanas e tribos indígenas, assim nasceu a Província de Campo Grande. Simples, ousada, inserida, popular, adentrando nos lares mais distantes. Não foi somente o suor desses pioneiros, nem seu desejo, nem sua garra, nem sua inteligência ou talento, mas a fé que traziam e alimentavam no coração e nas comunidades. Mais do que um livro de história, este é um livro de fé. Esses homens souberam usar sua fé, demonstrando destemor para com o trabalho, mesmo diante das fraquezas, tribulações e limitações. Perseveraram na missão e traziam na consciência aquilo que ensina São Paulo no capítulo cinco da carta aos Romanos: “Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Pe. Gelson Luiz Mikuszka - ISBN 978-85-909103-0-5