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Manual de Microbiologia Clínica
para o Controle de Infecção
em Serviços de Saúde
Edição Comemorativa para o IX Congresso Brasileiro de
Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar
Salvador, 30 de agosto a 3 de setembro de 2004
- Versão Preliminar -
Editora Agência Nacional de Vigilância Sanitária
SEPN 515, Edifício Omega. Bloco B, Brasília (DF), CEP 70770-502
Internet: www.anvisa.gov.br
Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços e Saúde
Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos
É permitida a reprodução total desta obra, desde que citada a fonte.
1. ed. 2004. Tiragem: 200 exemplares em CD
Edição nova com modificações no conteúdo e no título, tendo como base o Manual de Procedimentos
Básicos em Microbiologia Clínica publicado em 2000.
1. Infecção Hospitalar – Controle. 2. Infecção em Serviços de Saúde. 3. Microbiologia
Clínica. 4. Vigilância Sanitária em Serviços de Saúde. 5. Resistência microbiana. I. Brasil.
ANVISA Ministério da Saúde.
Coordenação do Projeto
Adelia Aparecida Marçal dos Santos – Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e
dos Eventos / ANVISA / MS
Autor
Carlos Emílio Levy - Laboratório de Microbiologia - Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Colaboradores
Angela von Nowakonski - Serviço de Microbiologia Clínica do Hospital das Clinicas - UNICAMP / Campinas SP
Caio Marcio Figueiredo Mendes - Universidade de São Paulo, Laboratório Fleury / São Paulo SP
Carlos Emílio Levy - Laboratório de Microbiologia - Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Carmen Oplustil - Laboratorio Fleury / São Paulo SP
Cássia Maria Zoccoli - Farmacêutica Bioquímica
Cláudia Maria Leite Maffei - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP / Ribeirão Preto SP
Elza Masae Mamizuka - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP / São Paulo SP
Emerson Danguy Cavassin - Laboratório de Microbiologia, Hospital das Clínicas da UE / Londrina PR
Flávia Rossi - Médica Microbiologista Clínica
Igor Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP
Helena Petridis – Consultora técnica da ANVISA
Lycia Mara Jenne Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP
Marcia de Souza Carvalho Melhem - Instituto Adolfo Lutz / São Paulo SP
Maria Carmen Gonçalves Lopes - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Marines Dalla Valle Martino - Hospital Israelita Albert Einstein / São Paulo SP
Nilton Lincopan – Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP
Rosângela Aparecida Mendes Silva - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP
Revisores
Claude André Solari - Sociedade Brasileira de Microbiologia / São Paulo SP
Helena Petridis – Consultora técnica ANVISA
José Carlos Serufo - Sociedade Brasileira de Medicina Tropical / Faculdade de Medicina da UFMG
Lauro Santos Filho - Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB / João Pessoa PB
Maria Rita Elmor – Laboratório de Microbiologia do Hospital Sírio Libanês / São Paulo SP
Pedro Bertollini - Professor aposentado da Faculdade de Odontologia de Piracicaba / USP
Sílvia Figueiredo Costa – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
CONTEÚDO GERAL
Módulo I
Principais Síndromes Infecciosas
1. Infecções do Trato Urinário
2. Infecções de Ossos e Articulações
3. Infecções de Pele e Tecido Subcutâneo
4. Infecções Intestinais
5. Infecções Abdominais
6. Infecções do Sistema Nervoso Central
7. Infecções Sistêmicas
8. Infecções Genitais
9. Infecções do Trato Respiratório Superior
10. Infecções do Trato Respiratório Inferior
11. Referências Bibliográficas
Módulo II
Segurança e Controle de Qualidade no
Laboratório de Microbiologia Clínica
1. Regulamento técnico para laboratórios clínicos
2. Requisitos básicos para laboratório de
microbiologia
3. Classificação dos laboratórios segundo o nível
de biossegurança
4. Laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3
5. Precauções quanto à contaminação
6. Controle de qualidade no laboratório
7. Referências Bibliográficas
Módulo III
Procedimentos Laboratoriais: da
Requisição do Exame à Análise
Microbiológica
1. Requisição de exames microbiológicos
2. Coleta, transporte e conservação de amostra
3. Microscopia e coloração
4. Semeadura em meios de cultura
5. Identificação
6. Manutenção e Estoque de Cultura
7. Referências Bibliográficas
Módulo IV
Descrição dos Meios de Cultura
Empregados nos Exames Microbiológicos
1. Introdução
2. Meios de cultura para transporte e conservação
3. Meios para crescimento e isolamento
4. Meios comerciais para provas de identificação
5. Fórmulas e produtos para provas de
identificação
6. Discos para identificação
7. Meios para teste de sensibilidade aos
antimicrobianos
8. Referências Bibliográficas
Módulo V
Detecção e identificação das bactérias
de importância médica
1. Estafilococos, Estreptococos, Enterococos e
outros Gram positivos
2. Neisserias
3. Enterobactérias
4. bastonetes não fermentadores
5. Bacilos curvos ou espiralados
6. Bacilos Gram positivos
7. Fastidiosos
8. Anaeróbios
9. Interpretação de resultados e laudos
10. Referências Bibliográficas
Módulo VI
Detecção e identificação das
micobactérias de importância médica
1. Introdução
2. Coleta de amostras
3. Processamento de amostras
4. Cultura para Isolamento de micobactérias
5. Identificação das diferentes espécies de
micobactérias
6. Anexos
7. Referências Bibliográficas
Módulo VII
Detecção e identificação dos fungos de
importância médica
1. Introdução
2. Coleta e transporte de amostras
3. Processamento de amostras
4. Identificação de fungos
5. Descrição das principais micoses
6. Referências Bibliográficas
INTRODUÇÃO
LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA CLÍNICA
O objetivo do laboratório de microbiologia não é apenas apontar o responsável por um determinado
estado infeccioso, mas sim, indicar, através do monitoramento de populações microbianas, qual o
perfil dos microrganismos que estão interagindo com o homem. Com essas informações, a equipe de
saúde é capaz de definir quais microrganismos podem ser responsáveis pelo quadro clínico do
paciente e assim, propor um tratamento mais adequado. No entanto, para alcançar esses objetivos,
os laboratórios de microbiologia devem possuir estrutura capaz de estabelecer informações sobre a
melhor amostra biológica, reconhecer a flora normal, reconhecer os contaminantes, identificar
microrganismos cujo tratamento beneficia o paciente, identificar microrganismos com propósitos
epidemiológicos, obter resultados rápidos em casos de emergência, racionalizar no uso de
antimicrobianos, realizar o transporte rápido das amostras e o relato dos resultados e manter uma
educação médica contínua em relação aos aspectos da infecção hospitalar.
A primeira edição do Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de
Infecção Hospitalar teve como proposta padronizar as técnicas microbiológicas consideradas
fundamentais na rotina e que pudessem dar respaldo às atividades das Comissões de Controle de
Infecção Hospitalar. Se, por um lado, sua virtude foi a simplicidade e objetividade no desenvolvimento
dos temas, as suas limitações e a rápida evolução do conhecimento nesta área logo reclamaram sua
atualização.
Estamos, agora, diante da oportunidade de resgatar algumas falhas daquela primeira edição,
procurando ampliar e aprofundar temas considerados essenciais, contando com um seleto e
conceituado corpo editorial e de colaboradores. Nossa expectativa é de que os laboratórios de
microbiologia, a partir das bases oferecidas por este Manual, possam assimilar e alcançar novos níveis
de complexidade laboratorial, atendendo às exigências e características próprias de cada unidade
hospitalar.
Não tivemos a pretensão de alcançar o conteúdo e a profundidade dos manuais-textos de
microbiologia tradicionalmente consultados e que também nos serviram de referência, mas sim, de
servir como manual de bancada de técnicas consagradas, procedimentos básicos padronizados e
informações atualizadas de utilidade no meio hospitalar.
Esta edição revisada e ampliada foi programada em 10 módulos, abrangendo os seguintes temas:
Módulo I Principais síndromes infecciosas
Módulo II Segurança e controle de qualidade no laboratório clínico
Módulo III Procedimentos laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica
Módulo IV Descrição dos meios de cultura empregados nos exames microbiológicos
Módulo V Detecção e identificação bactérias de importância médica
Módulo VI Detecção e identificação micobactérias de importância médica
Módulo VII Detecção e identificação de fungos de importância médica
Módulo VIII Detecção e identificação de vírus de importância médica (em produção)
Módulo IX Principais métodos de detecção da resistência no Laboratório Clínico (em produção)
Módulo X Laboratório de Microbiologia e sua interação com a Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (em produção)
Esperamos assim atender à grande maioria de microbiologistas que, afastados dos grandes centros,
não têm acesso a informações atualizadas na área de Microbiologia e que, melhor capacitados,
possam estar à altura das expectativas das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, oferecendo
um suporte técnico atualizado e mais eficiente.
INTRODUÇÃO A INFECÇÃO HOSPITALAR
Uma das maiores preocupações na área de saúde é a alta incidência de infecção hospitalar ou
nosocomial, isto é, infecção adquirida em ambientes hospitalares durante a internação ou após a alta
do paciente, quando este esteve hospitalizado ou passou por procedimentos médicos.
A infecção hospitalar atinge o mundo todo e representa uma das causas de morte em pacientes
hospitalizados. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa média de infecção hospitalar é de
cerca 15%, ao passo que nos EUA e na Europa é de 10%. Cabe lembrar, no entanto, que o índice de
infecção hospitalar varia significativamente, pois está diretamente relacionada com o nível de
atendimento e complexidade de cada hospital.
Diferentes microrganismos como bactérias, fungos, e vírus causam infecções hospitalares. O grupo de
patógenos, no entanto, que se destaca é o das bactérias que constituem a flora humana e que
normalmente não trazem risco a indivíduos saudáveis devido sua baixa virulência, mas que podem
causar infecção em indivíduos com estado clínico comprometido – denominadas assim de bactérias
oportunistas.
O segundo grupo de importância médica nas infecções hospitalares são os fungos, sendo o Candida
albicans e o Aspergillus os patógenos mais freqüentes. Os fungos são responsáveis por
aproximadamente 8% das infecções hospitalares. Dentre as viroses, o vírus da hepatite B e C,
enteroviroses e viroses associadas com pneumonia hospitalar são comumente registrados. As viroses
representam por volta de 5% das infecções.
Geralmente os sítios de infecção hospitalar mais freqüentemente atingidos são o trato urinário, feridas
cirúrgicas e trato respiratório. Os patógenos que lideram no ranking das infecções hospitalares estão
descritos na tabela abaixo.
Agentes mais comuns de infecções nosocomiais
Patógeno Sítios comuns de isolamento do patógeno
Bactérias Gram negativas
Escherichia coli Trato urinário, feridas cirúrgicas, sangue
Pseudomonas sp Trato urinário, trato respiratório, queimaduras
Klebsiella sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Proteus sp Trato urinário, feridas cirúrgicas
Enterobacter sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Serratia sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Bactérias Gram positivas
Streptococcus sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas
Staphylococcus aureus Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Staphylococcus epidermitis Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Fungi
Candida albicans Trato urinário, sangue
outros Trato urinário, sangue, trato respiratório
O ambiente hospitalar é inevitavelmente um grande reservatório de patógenos virulentos e
oportunistas, de modo que as infecções hospitalares podem ser adquiridas não apenas por pacientes,
que apresentam maior susceptibilidade, mas também, embora menos freqüentemente, por visitantes
e funcionários do próprio hospital.
Os patógenos implicados nas infecções hospitalares são transmitidos ao indivíduo tanto via endógena,
ou seja, pela própria flora do paciente quanto pela via exógena. Esta última inclui veículos como
mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo,
equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Muitos destes procedimentos são
invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano, de modo a elevar o risco de
infecção (vide Tabela)
Os principais fatores que influenciam a aquisição de uma infecção são:
ƒ status imunológico
ƒ idade (recém-nascidos e idosos são mais vuneráveis)
ƒ uso abusivo de antibióticos
ƒ procedimentos médicos, em particular, os invasivos
ƒ immunosupressão
ƒ falhas nos procedimentos de controle de infecção
Exemplos de microrganismos da flora normal humana
Pele Olhos Cavidade oral
Staphylococcus
Micrococcus
Propionibacterium
Corynebacterium
Streptococcus
Malassezia
Pityrosporum
Staphylococcus
Streptococus
Neisseria
Lactobacillus
Neisseria
Streptococcus
Fusobacterium
Actinomyces
Treponema
Bacteroides
Trato respiratório Trato Digestivo Trato Urogenital
Staphylococcus
Corynebacterium
Streptococcus
Hemophilus
Neisseria
Branhamella
Ouvido
Staphylococcus
Corynebacterium
Bacteroides
Lactobacillus
Enterococcus
Escherichia coli
Proteus
Klebsiella
Enterobacter
Bifidobacterium
Citrobacter
Fusobacterium
spirochetes
Streptococcus
Bacteroides
Mycobacterium
Neisseria
Enterobacter
Clostridium
Lactobacillus
Candida
Trichomonas
Procedimentos médicos comuns associados com infecções nosocomiais
Procedimento Doença Patógeno
Cateterização urinária Cistite Bacilos gram negativos, enterococos
Cirurgia Feridas, septicemia Staphylococcus, bacilo gram negativos,
bacteróides
Terapia intravenosa Infecção no local de injeção,
septicemia
Staphylococcus, klebsiella, Serratia,
Enterobacter, Candida
Intubação respiratória pneumonia Pseudomonas, klebsiella, Serratia
Diálise renal Sepse, reação pirogênica Vírus da hepatite B, Staphylococcus aureus,
Pseudomonas

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Manual de Microbiologia para Controle de Infecção

  • 1. Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção em Serviços de Saúde Edição Comemorativa para o IX Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar Salvador, 30 de agosto a 3 de setembro de 2004 - Versão Preliminar -
  • 2. Editora Agência Nacional de Vigilância Sanitária SEPN 515, Edifício Omega. Bloco B, Brasília (DF), CEP 70770-502 Internet: www.anvisa.gov.br Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços e Saúde Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos É permitida a reprodução total desta obra, desde que citada a fonte. 1. ed. 2004. Tiragem: 200 exemplares em CD Edição nova com modificações no conteúdo e no título, tendo como base o Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica publicado em 2000. 1. Infecção Hospitalar – Controle. 2. Infecção em Serviços de Saúde. 3. Microbiologia Clínica. 4. Vigilância Sanitária em Serviços de Saúde. 5. Resistência microbiana. I. Brasil. ANVISA Ministério da Saúde.
  • 3. Coordenação do Projeto Adelia Aparecida Marçal dos Santos – Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos / ANVISA / MS Autor Carlos Emílio Levy - Laboratório de Microbiologia - Centro Infantil Boldrini / Campinas SP Colaboradores Angela von Nowakonski - Serviço de Microbiologia Clínica do Hospital das Clinicas - UNICAMP / Campinas SP Caio Marcio Figueiredo Mendes - Universidade de São Paulo, Laboratório Fleury / São Paulo SP Carlos Emílio Levy - Laboratório de Microbiologia - Centro Infantil Boldrini / Campinas SP Carmen Oplustil - Laboratorio Fleury / São Paulo SP Cássia Maria Zoccoli - Farmacêutica Bioquímica Cláudia Maria Leite Maffei - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP / Ribeirão Preto SP Elza Masae Mamizuka - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP / São Paulo SP Emerson Danguy Cavassin - Laboratório de Microbiologia, Hospital das Clínicas da UE / Londrina PR Flávia Rossi - Médica Microbiologista Clínica Igor Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP Helena Petridis – Consultora técnica da ANVISA Lycia Mara Jenne Mimica - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa / São Paulo SP Marcia de Souza Carvalho Melhem - Instituto Adolfo Lutz / São Paulo SP Maria Carmen Gonçalves Lopes - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP Marines Dalla Valle Martino - Hospital Israelita Albert Einstein / São Paulo SP Nilton Lincopan – Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas - USP Rosângela Aparecida Mendes Silva - Laboratório de Microbiologia, Centro Infantil Boldrini / Campinas SP Revisores Claude André Solari - Sociedade Brasileira de Microbiologia / São Paulo SP Helena Petridis – Consultora técnica ANVISA José Carlos Serufo - Sociedade Brasileira de Medicina Tropical / Faculdade de Medicina da UFMG Lauro Santos Filho - Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPB / João Pessoa PB Maria Rita Elmor – Laboratório de Microbiologia do Hospital Sírio Libanês / São Paulo SP Pedro Bertollini - Professor aposentado da Faculdade de Odontologia de Piracicaba / USP Sílvia Figueiredo Costa – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
  • 4. CONTEÚDO GERAL Módulo I Principais Síndromes Infecciosas 1. Infecções do Trato Urinário 2. Infecções de Ossos e Articulações 3. Infecções de Pele e Tecido Subcutâneo 4. Infecções Intestinais 5. Infecções Abdominais 6. Infecções do Sistema Nervoso Central 7. Infecções Sistêmicas 8. Infecções Genitais 9. Infecções do Trato Respiratório Superior 10. Infecções do Trato Respiratório Inferior 11. Referências Bibliográficas Módulo II Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica 1. Regulamento técnico para laboratórios clínicos 2. Requisitos básicos para laboratório de microbiologia 3. Classificação dos laboratórios segundo o nível de biossegurança 4. Laboratórios NB-1, NB-2 e NB-3 5. Precauções quanto à contaminação 6. Controle de qualidade no laboratório 7. Referências Bibliográficas Módulo III Procedimentos Laboratoriais: da Requisição do Exame à Análise Microbiológica 1. Requisição de exames microbiológicos 2. Coleta, transporte e conservação de amostra 3. Microscopia e coloração 4. Semeadura em meios de cultura 5. Identificação 6. Manutenção e Estoque de Cultura 7. Referências Bibliográficas Módulo IV Descrição dos Meios de Cultura Empregados nos Exames Microbiológicos 1. Introdução 2. Meios de cultura para transporte e conservação 3. Meios para crescimento e isolamento 4. Meios comerciais para provas de identificação 5. Fórmulas e produtos para provas de identificação 6. Discos para identificação 7. Meios para teste de sensibilidade aos antimicrobianos 8. Referências Bibliográficas Módulo V Detecção e identificação das bactérias de importância médica 1. Estafilococos, Estreptococos, Enterococos e outros Gram positivos 2. Neisserias 3. Enterobactérias 4. bastonetes não fermentadores 5. Bacilos curvos ou espiralados 6. Bacilos Gram positivos 7. Fastidiosos 8. Anaeróbios 9. Interpretação de resultados e laudos 10. Referências Bibliográficas Módulo VI Detecção e identificação das micobactérias de importância médica 1. Introdução 2. Coleta de amostras 3. Processamento de amostras 4. Cultura para Isolamento de micobactérias 5. Identificação das diferentes espécies de micobactérias 6. Anexos 7. Referências Bibliográficas Módulo VII Detecção e identificação dos fungos de importância médica 1. Introdução 2. Coleta e transporte de amostras 3. Processamento de amostras 4. Identificação de fungos 5. Descrição das principais micoses 6. Referências Bibliográficas
  • 5. INTRODUÇÃO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA CLÍNICA O objetivo do laboratório de microbiologia não é apenas apontar o responsável por um determinado estado infeccioso, mas sim, indicar, através do monitoramento de populações microbianas, qual o perfil dos microrganismos que estão interagindo com o homem. Com essas informações, a equipe de saúde é capaz de definir quais microrganismos podem ser responsáveis pelo quadro clínico do paciente e assim, propor um tratamento mais adequado. No entanto, para alcançar esses objetivos, os laboratórios de microbiologia devem possuir estrutura capaz de estabelecer informações sobre a melhor amostra biológica, reconhecer a flora normal, reconhecer os contaminantes, identificar microrganismos cujo tratamento beneficia o paciente, identificar microrganismos com propósitos epidemiológicos, obter resultados rápidos em casos de emergência, racionalizar no uso de antimicrobianos, realizar o transporte rápido das amostras e o relato dos resultados e manter uma educação médica contínua em relação aos aspectos da infecção hospitalar. A primeira edição do Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Hospitalar teve como proposta padronizar as técnicas microbiológicas consideradas fundamentais na rotina e que pudessem dar respaldo às atividades das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar. Se, por um lado, sua virtude foi a simplicidade e objetividade no desenvolvimento dos temas, as suas limitações e a rápida evolução do conhecimento nesta área logo reclamaram sua atualização. Estamos, agora, diante da oportunidade de resgatar algumas falhas daquela primeira edição, procurando ampliar e aprofundar temas considerados essenciais, contando com um seleto e conceituado corpo editorial e de colaboradores. Nossa expectativa é de que os laboratórios de microbiologia, a partir das bases oferecidas por este Manual, possam assimilar e alcançar novos níveis de complexidade laboratorial, atendendo às exigências e características próprias de cada unidade hospitalar. Não tivemos a pretensão de alcançar o conteúdo e a profundidade dos manuais-textos de microbiologia tradicionalmente consultados e que também nos serviram de referência, mas sim, de servir como manual de bancada de técnicas consagradas, procedimentos básicos padronizados e informações atualizadas de utilidade no meio hospitalar. Esta edição revisada e ampliada foi programada em 10 módulos, abrangendo os seguintes temas: Módulo I Principais síndromes infecciosas Módulo II Segurança e controle de qualidade no laboratório clínico Módulo III Procedimentos laboratoriais: da requisição do exame à análise microbiológica Módulo IV Descrição dos meios de cultura empregados nos exames microbiológicos Módulo V Detecção e identificação bactérias de importância médica Módulo VI Detecção e identificação micobactérias de importância médica
  • 6. Módulo VII Detecção e identificação de fungos de importância médica Módulo VIII Detecção e identificação de vírus de importância médica (em produção) Módulo IX Principais métodos de detecção da resistência no Laboratório Clínico (em produção) Módulo X Laboratório de Microbiologia e sua interação com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (em produção) Esperamos assim atender à grande maioria de microbiologistas que, afastados dos grandes centros, não têm acesso a informações atualizadas na área de Microbiologia e que, melhor capacitados, possam estar à altura das expectativas das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar, oferecendo um suporte técnico atualizado e mais eficiente.
  • 7. INTRODUÇÃO A INFECÇÃO HOSPITALAR Uma das maiores preocupações na área de saúde é a alta incidência de infecção hospitalar ou nosocomial, isto é, infecção adquirida em ambientes hospitalares durante a internação ou após a alta do paciente, quando este esteve hospitalizado ou passou por procedimentos médicos. A infecção hospitalar atinge o mundo todo e representa uma das causas de morte em pacientes hospitalizados. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a taxa média de infecção hospitalar é de cerca 15%, ao passo que nos EUA e na Europa é de 10%. Cabe lembrar, no entanto, que o índice de infecção hospitalar varia significativamente, pois está diretamente relacionada com o nível de atendimento e complexidade de cada hospital. Diferentes microrganismos como bactérias, fungos, e vírus causam infecções hospitalares. O grupo de patógenos, no entanto, que se destaca é o das bactérias que constituem a flora humana e que normalmente não trazem risco a indivíduos saudáveis devido sua baixa virulência, mas que podem causar infecção em indivíduos com estado clínico comprometido – denominadas assim de bactérias oportunistas. O segundo grupo de importância médica nas infecções hospitalares são os fungos, sendo o Candida albicans e o Aspergillus os patógenos mais freqüentes. Os fungos são responsáveis por aproximadamente 8% das infecções hospitalares. Dentre as viroses, o vírus da hepatite B e C, enteroviroses e viroses associadas com pneumonia hospitalar são comumente registrados. As viroses representam por volta de 5% das infecções. Geralmente os sítios de infecção hospitalar mais freqüentemente atingidos são o trato urinário, feridas cirúrgicas e trato respiratório. Os patógenos que lideram no ranking das infecções hospitalares estão descritos na tabela abaixo. Agentes mais comuns de infecções nosocomiais Patógeno Sítios comuns de isolamento do patógeno Bactérias Gram negativas Escherichia coli Trato urinário, feridas cirúrgicas, sangue Pseudomonas sp Trato urinário, trato respiratório, queimaduras Klebsiella sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas Proteus sp Trato urinário, feridas cirúrgicas Enterobacter sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas Serratia sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas Bactérias Gram positivas Streptococcus sp Trato urinário, trato respiratório, feridas cirúrgicas Staphylococcus aureus Pele, feridas cirúrgicas, sangue Staphylococcus epidermitis Pele, feridas cirúrgicas, sangue Fungi Candida albicans Trato urinário, sangue outros Trato urinário, sangue, trato respiratório
  • 8. O ambiente hospitalar é inevitavelmente um grande reservatório de patógenos virulentos e oportunistas, de modo que as infecções hospitalares podem ser adquiridas não apenas por pacientes, que apresentam maior susceptibilidade, mas também, embora menos freqüentemente, por visitantes e funcionários do próprio hospital. Os patógenos implicados nas infecções hospitalares são transmitidos ao indivíduo tanto via endógena, ou seja, pela própria flora do paciente quanto pela via exógena. Esta última inclui veículos como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo, equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Muitos destes procedimentos são invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano, de modo a elevar o risco de infecção (vide Tabela) Os principais fatores que influenciam a aquisição de uma infecção são: ƒ status imunológico ƒ idade (recém-nascidos e idosos são mais vuneráveis) ƒ uso abusivo de antibióticos ƒ procedimentos médicos, em particular, os invasivos ƒ immunosupressão ƒ falhas nos procedimentos de controle de infecção Exemplos de microrganismos da flora normal humana Pele Olhos Cavidade oral Staphylococcus Micrococcus Propionibacterium Corynebacterium Streptococcus Malassezia Pityrosporum Staphylococcus Streptococus Neisseria Lactobacillus Neisseria Streptococcus Fusobacterium Actinomyces Treponema Bacteroides Trato respiratório Trato Digestivo Trato Urogenital Staphylococcus Corynebacterium Streptococcus Hemophilus Neisseria Branhamella Ouvido Staphylococcus Corynebacterium Bacteroides Lactobacillus Enterococcus Escherichia coli Proteus Klebsiella Enterobacter Bifidobacterium Citrobacter Fusobacterium spirochetes Streptococcus Bacteroides Mycobacterium Neisseria Enterobacter Clostridium Lactobacillus Candida Trichomonas
  • 9. Procedimentos médicos comuns associados com infecções nosocomiais Procedimento Doença Patógeno Cateterização urinária Cistite Bacilos gram negativos, enterococos Cirurgia Feridas, septicemia Staphylococcus, bacilo gram negativos, bacteróides Terapia intravenosa Infecção no local de injeção, septicemia Staphylococcus, klebsiella, Serratia, Enterobacter, Candida Intubação respiratória pneumonia Pseudomonas, klebsiella, Serratia Diálise renal Sepse, reação pirogênica Vírus da hepatite B, Staphylococcus aureus, Pseudomonas