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Geografias das
 Sexualidades
     Eduarda Ferreira
    e-Geo, FCSH, UNL
O primeiro estudo académico, com ampla
divulgação, que investigou a importância crítica do
espaço e lugar na mobilização dos movimentos
sociais, e que incluía a análise de movimentos lésbicos
e gays, não é da área da Geografia.


Manuel Castells, um sociólogo, no seu livro “The City
and the Grassroots” (Castells, 1983) explora
movimentos sociais urbanos modernos a partir de uma
análise da organização do espaço.
Os primeiros trabalhos da área da geografia sobre
sexualidades, e especificamente os que abordaram
temas relacionados com a
homossexualidade, centraram-se no mapeamento de
“guetos gay” e bairros nas cidades ocidentais
contemporâneas.


Estes estudos foram criticados pela sua abordagem
moralista e heterossexista às relações sociais e sexuais
de lésbicas e gays (Bell & Valentine, 1995).
Na década de 1990 surgiram um número significativo
de estudos sobre sexualidades e espaço com uma
abordagem positiva, utilizando métodos etnográficos e
integrando perspetivas de lésbicas e gays.
Embora na década de 1990 os principais temas de
estudo fossem: o impacto das comunidades gay em
áreas urbanas, as territorialidades de áreas gay
residenciais e de negócio, o poder do voto gay como
reação à hostilidade e opressão, e o papel da
sexualidade nas dinâmicas espaciais do capitalismo
(Knopp, 1990, 1992), a hegemonia da
heterossexualidade nas relações sociais e nos contextos
diários em todos os espaços como a
rua, casa, trabalho, zonas comerciais, etc., começa
também a ser um tema de crescente interesse na
investigação geográfica (Davis, 1992;
Valentine, 1993a, 1993b).
“Mapping desire: geographies of sexualities” (Bell & Valentine, 1995)
é um marco na investigação geográfica sobre sexualidades. A relação
entre espaço e sexualidades, as componentes materiais e simbólicas
do espaço e as formas pelas quais o espaço é produzido são ilustradas
em contextos específicos como bairros urbanos, zonas rurais, ilhas de
fantasia e a casa.
A diversidade das identidades abordadas neste livro revela várias
formas de “ser” e de “fazer sexualidade”, a multiplicidade e as formas
contraditórias em que a sexualidade é vivida.
Os editores reconheceram as limitações da sua investigação por ser
baseada em informação recolhida junto de “brancos” que vivem em
cidades contemporâneas no Reino Unido e EUA,
A investigação sobre sexualidade noutros contextos sociais e culturais
poderia permitir explorar variações interculturais da diversidade e
complexidade das sexualidades.
É possível argumentar que após 17 anos estas limitações ainda são
atuais.
O conceito de cidadania sexual como forma de pensar
as constantes transformações das paisagens
políticas, legais, sociais e culturais da
sexualidade, começa a emergir nos inícios dos anos
2000.


Começam a surgir estudos sobre a relação da cidadania
sexual com o mercado, casamento, contexto
militar, cidade, família; e a relação da sexualidade com
o consumo, espaço e globalização (Bell & Binnie, 2000).
Um passo significativo para a visibilidade das geografias
e geógrafas lésbicas foi dado por Gill Valentine com a
edição do livro “From nowhere to everywhere: lesbian
geographies” (Valentine, 2000). Este livro traça a
emergência das geografias lésbicas e o seu contributo
para a compreensão da relação de constituição mútua
entre espaço e sexualidade.
Explora a produção e regulação do espaço
heterossexual no trabalho, casa, universidade, rua e
bairros, e de como as lésbicas definem espaços físicos e
intangíveis através de aspetos tais como o vestuário, a
linguagem e a música.
Novas interpretações de espaço e sexualidade surgem
com base na teoria queer, desafiando a natureza
desincorporada do conhecimento
geográfico, reafirmando o valor do social e do material
na teorização sobre identidades queer.
O corpo humano é estudado como um veículo para o
conhecimento das relações entre pessoas e lugares, de
como a identidade sexual se relaciona com
comunidades, e de como os seres humanos “fazem”
género através de práticas reguladas como a
heterossexualidade (Bell, 2001).
Uma abordagem mais política explora as relações entre
as nações, globalização e dissidência sexual, focando
diversos aspetos como: mobilidade queer, migração e
turismo, aspetos económicos da globalização
queer, políticas queer do pós-colonialismo, políticas
espaciais da SIDA, cosmopolitismo queer e
nacionalismo, e cidadania sexual (Binnie, 2004).
O livro “Geographies of Sexualities: Theory, Practices and
Politics” (Browne, Lim & Brown, 2009) apresenta uma
abordagem interdisciplinar das geografias das sexualidades.
O seu conteúdo é muito diversificado, desde estudos de
identidades lésbicas e gay, estilos de vida e práticas
corporais, até à ilustração de que as categorias não são
finitas mas fluídas.
Salientas as potenciais interseções, sobreposições e
cruzamentos entre heterossexual e homossexual, gay e
lésbica, ou gay, hetero e queer.
Tendo em consideração que as sexualidades são
construídas em função da classe, raça e etnicidade
questiona não só a heteronormatividade mas também a
homonormatividade e outros modelos de relações de
poder sexualizadas.
A sexualidade é uma área legítima e significativa de
investigação geográfica, abrangendo diversas áreas
desde a geografia cultural, social e feminista até à
geografia política e económica.
Referências bibliográficas

     • Bell, D. & Binnie, J. (2000). The sexual citizen: queer politics
       and beyond. Cambridge: Wiley-Blackwell.
     • Bell, D. & Valentine, G. (Eds.) (1995). Mapping Desire:
       Geographies of Sexualities. London: Routledge.
     • Bell, D. (1991). Insignificant Others: Lesbian and Gay
       Geographies. In Area, Vol. 23, No. 4, pp. 323-329.
     • Bell, D. (Ed.) (2001). Pleasure zones: bodies, cities, spaces:
       Space, place, and society. Syracuse University Press.
     • Binnie, J. (2004). The globalization of sexuality. London: Sage.



13
Referências bibliográficas

     • Browne, K., Lim, J. &Brown, G. (Eds.) (2009). Geographies of
       Sexualities: Theory, Practices and Politics. Surrey: Ashgate.
     • Castells, M. (1983). The City and the Grassroots: A Cross-
       Cultural Theory of Urban Social Movements. Berkeley:
       University of California Press.
     • Davis, T. (1992). Where should we go from here? Towards an
       understanding of gay and lesbian communities. Paper
       presented at the twenty-seventh International Geographical
       Congress, Washington DC, August.




14
Referências bibliográficas

     • Knopp, L. (1990). Some theoretical implications of gay
       involvement in an urban land marker. Political Geography
       Quarterly 9:337-352.
     • Knopp, L. (1992). Sexuality and the spatial dynamics of
       capitalism. Environment and Planning D: Society and
       Space, 10:651-669.
     • Valentine G, (1993b). Negotiating and managing multiple
       sexual identities: lesbian time-space strategies. Transactions
       of the Institute of British Geographers, New Series 18 237-
       248.



15
Referências bibliográficas

     • Valentine, G. (1993a). (Hetero)sexing space: lesbian
       perceptions and experiences of everyday spaces.
       Environment and Planning D: Society and Space, 11, pp. 395-
       413.
     • Valentine, G. (Ed.) (2000). From Nowhere to Everywhere:
       Lesbian Geographies. New York: Harrington Park Press.




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Geografias das Sexualidades

  • 1. Geografias das Sexualidades Eduarda Ferreira e-Geo, FCSH, UNL
  • 2. O primeiro estudo académico, com ampla divulgação, que investigou a importância crítica do espaço e lugar na mobilização dos movimentos sociais, e que incluía a análise de movimentos lésbicos e gays, não é da área da Geografia. Manuel Castells, um sociólogo, no seu livro “The City and the Grassroots” (Castells, 1983) explora movimentos sociais urbanos modernos a partir de uma análise da organização do espaço.
  • 3. Os primeiros trabalhos da área da geografia sobre sexualidades, e especificamente os que abordaram temas relacionados com a homossexualidade, centraram-se no mapeamento de “guetos gay” e bairros nas cidades ocidentais contemporâneas. Estes estudos foram criticados pela sua abordagem moralista e heterossexista às relações sociais e sexuais de lésbicas e gays (Bell & Valentine, 1995).
  • 4. Na década de 1990 surgiram um número significativo de estudos sobre sexualidades e espaço com uma abordagem positiva, utilizando métodos etnográficos e integrando perspetivas de lésbicas e gays.
  • 5. Embora na década de 1990 os principais temas de estudo fossem: o impacto das comunidades gay em áreas urbanas, as territorialidades de áreas gay residenciais e de negócio, o poder do voto gay como reação à hostilidade e opressão, e o papel da sexualidade nas dinâmicas espaciais do capitalismo (Knopp, 1990, 1992), a hegemonia da heterossexualidade nas relações sociais e nos contextos diários em todos os espaços como a rua, casa, trabalho, zonas comerciais, etc., começa também a ser um tema de crescente interesse na investigação geográfica (Davis, 1992; Valentine, 1993a, 1993b).
  • 6. “Mapping desire: geographies of sexualities” (Bell & Valentine, 1995) é um marco na investigação geográfica sobre sexualidades. A relação entre espaço e sexualidades, as componentes materiais e simbólicas do espaço e as formas pelas quais o espaço é produzido são ilustradas em contextos específicos como bairros urbanos, zonas rurais, ilhas de fantasia e a casa. A diversidade das identidades abordadas neste livro revela várias formas de “ser” e de “fazer sexualidade”, a multiplicidade e as formas contraditórias em que a sexualidade é vivida. Os editores reconheceram as limitações da sua investigação por ser baseada em informação recolhida junto de “brancos” que vivem em cidades contemporâneas no Reino Unido e EUA, A investigação sobre sexualidade noutros contextos sociais e culturais poderia permitir explorar variações interculturais da diversidade e complexidade das sexualidades. É possível argumentar que após 17 anos estas limitações ainda são atuais.
  • 7. O conceito de cidadania sexual como forma de pensar as constantes transformações das paisagens políticas, legais, sociais e culturais da sexualidade, começa a emergir nos inícios dos anos 2000. Começam a surgir estudos sobre a relação da cidadania sexual com o mercado, casamento, contexto militar, cidade, família; e a relação da sexualidade com o consumo, espaço e globalização (Bell & Binnie, 2000).
  • 8. Um passo significativo para a visibilidade das geografias e geógrafas lésbicas foi dado por Gill Valentine com a edição do livro “From nowhere to everywhere: lesbian geographies” (Valentine, 2000). Este livro traça a emergência das geografias lésbicas e o seu contributo para a compreensão da relação de constituição mútua entre espaço e sexualidade. Explora a produção e regulação do espaço heterossexual no trabalho, casa, universidade, rua e bairros, e de como as lésbicas definem espaços físicos e intangíveis através de aspetos tais como o vestuário, a linguagem e a música.
  • 9. Novas interpretações de espaço e sexualidade surgem com base na teoria queer, desafiando a natureza desincorporada do conhecimento geográfico, reafirmando o valor do social e do material na teorização sobre identidades queer. O corpo humano é estudado como um veículo para o conhecimento das relações entre pessoas e lugares, de como a identidade sexual se relaciona com comunidades, e de como os seres humanos “fazem” género através de práticas reguladas como a heterossexualidade (Bell, 2001).
  • 10. Uma abordagem mais política explora as relações entre as nações, globalização e dissidência sexual, focando diversos aspetos como: mobilidade queer, migração e turismo, aspetos económicos da globalização queer, políticas queer do pós-colonialismo, políticas espaciais da SIDA, cosmopolitismo queer e nacionalismo, e cidadania sexual (Binnie, 2004).
  • 11. O livro “Geographies of Sexualities: Theory, Practices and Politics” (Browne, Lim & Brown, 2009) apresenta uma abordagem interdisciplinar das geografias das sexualidades. O seu conteúdo é muito diversificado, desde estudos de identidades lésbicas e gay, estilos de vida e práticas corporais, até à ilustração de que as categorias não são finitas mas fluídas. Salientas as potenciais interseções, sobreposições e cruzamentos entre heterossexual e homossexual, gay e lésbica, ou gay, hetero e queer. Tendo em consideração que as sexualidades são construídas em função da classe, raça e etnicidade questiona não só a heteronormatividade mas também a homonormatividade e outros modelos de relações de poder sexualizadas.
  • 12. A sexualidade é uma área legítima e significativa de investigação geográfica, abrangendo diversas áreas desde a geografia cultural, social e feminista até à geografia política e económica.
  • 13. Referências bibliográficas • Bell, D. & Binnie, J. (2000). The sexual citizen: queer politics and beyond. Cambridge: Wiley-Blackwell. • Bell, D. & Valentine, G. (Eds.) (1995). Mapping Desire: Geographies of Sexualities. London: Routledge. • Bell, D. (1991). Insignificant Others: Lesbian and Gay Geographies. In Area, Vol. 23, No. 4, pp. 323-329. • Bell, D. (Ed.) (2001). Pleasure zones: bodies, cities, spaces: Space, place, and society. Syracuse University Press. • Binnie, J. (2004). The globalization of sexuality. London: Sage. 13
  • 14. Referências bibliográficas • Browne, K., Lim, J. &Brown, G. (Eds.) (2009). Geographies of Sexualities: Theory, Practices and Politics. Surrey: Ashgate. • Castells, M. (1983). The City and the Grassroots: A Cross- Cultural Theory of Urban Social Movements. Berkeley: University of California Press. • Davis, T. (1992). Where should we go from here? Towards an understanding of gay and lesbian communities. Paper presented at the twenty-seventh International Geographical Congress, Washington DC, August. 14
  • 15. Referências bibliográficas • Knopp, L. (1990). Some theoretical implications of gay involvement in an urban land marker. Political Geography Quarterly 9:337-352. • Knopp, L. (1992). Sexuality and the spatial dynamics of capitalism. Environment and Planning D: Society and Space, 10:651-669. • Valentine G, (1993b). Negotiating and managing multiple sexual identities: lesbian time-space strategies. Transactions of the Institute of British Geographers, New Series 18 237- 248. 15
  • 16. Referências bibliográficas • Valentine, G. (1993a). (Hetero)sexing space: lesbian perceptions and experiences of everyday spaces. Environment and Planning D: Society and Space, 11, pp. 395- 413. • Valentine, G. (Ed.) (2000). From Nowhere to Everywhere: Lesbian Geographies. New York: Harrington Park Press. 16