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1
I
BORGES BARRETO
das casas de S. João de Macieira, Juste e Ronfe
(Lousada)
2
Acerca da Família “Borges Barreto” é mister que se ofereçam
elementos genealógicos de interesse para o estudo da mesma.
Esta família foi estudada pelo saudoso Amigo e eminente investigador
e historiógrafo Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas, in “Genealogia
da Família Borges Barreto”, manuscrito que o ilustre historiógrafo me
facilitou para consulta, juntamente com o seu velho Amigo e meu Primo, o
consagrado e saudoso investigador Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra.
Esse estudo, ainda como mero esquiço, muito incompleto, veio a ser
publicado, como parágrafos da obra “Carvalhos de Basto”, de que aquele
eminente investigador foi igualmente o autor e depois co-autor aquando da
sua ampliação e desenvolvimento nas diversas descendências deles
emanadas.
Descendem eles de Martim Borges, escudeiro d’el-rei, recebedor dos
dinheiros das terças e resíduos nas comarcas de Entre Douro e Minho (ano
de 1500), o mesmo a quem é concedida pelo monarca (em 05//08/1499) a
mercê do ofício de tabelião do público e judicial nos concelhos de Meinedo
e Cepães e Honra de Unhão (o cargo pertencia a Álvaro Eanes, que cometera
erros no seu ofício, pois tinha passado uma procuração falsa a um Rui Teles,
e que pelos erros cometidos perdera o ofício).1
Ao mesmo Martim Borges é igualmente concedido o cargo de escrivão
das sisas de Lousada e honra de Meinedo.
Naquela carta régia em que o monarca comunica aos juízes e homens
bons dos concelhos e Honra de Unhão, Meinedo e Cepães, que houvera por
bem conceder a Martim Borges a mercê do ofício de tabelião do público e
judicial naqueles concelhos, a Martim Borges, é dito que o agraciado era
morador em Santa Cruz.2
Mas qual Santa Cruz? Seria muito provavelmente
Santa Cruz de Riba Tâmega, hoje Vila Meã, que se estendia então pelos
concelhos de Lousada, Felgueiras, Marco de Canaveses e Penafiel, tanto
mais que a mulher, Maria Vieira, pertencia aos Vieiras de Riba Douro.3
Sabemos da sentença de Diogo Borges, escudeiro, no ano de 1485,
que obriga Maria Fernandes, da Honra do Unhão, a largar as herdades do
casal do Sargasal e de Leiros, mais outra em que morava o Gazeo, em
Recesinhos, legadas a Bustelo com encargos de missas por João Álvares de
S. Paio de Casais. O acto de posse no Mosteiro foi em 22/9/1503.4
Este Diogo Borges foi comendatário do Mosteiro de Refóios de Basto,
cavaleiro da Casa d’el-rei, escrivão das sisas do concelho de Lousada em
1
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 14, fl. 55v.
2
Idem, ibidem, ibidem.
3
D. Manuel I concede em 1513 foral a Santa Cruz de Riba Tâmega, que incluía freguesias do actual
concelho de Lousada (nomeadamente a de Caíde). Vide “Lousada e as suas freguesias na Idade Média”,
pág.s 127-135, 204; idem “Lousada Antiga”, Vol. 1, p. 189.
4
Arquivo do Mosteiro de Singeverga, Bustelo, Gav. 5, nº 55
3
15225
, tabelião das honras de Unhão, Cepães e Meinedo (1499-1523) e Juiz
Contador dos Resíduos de Entre Douro e Minho de 1500 a 1539.6
Este é, sem dúvida, o mesmo “Diogo Borges, cavaleiro da Casa d’el-
rei D. Manuel I, Contador dos Resíduos na comarca de Entre Douro e
Minho, que enviou dizer que poderia haver dois anos que o Marquês7
lhe
dera uma sua carta e outra d’el-rei, pelas quais lhe era mandado que
servisse o dito ofício dos Resíduos em Vila Real, até ver outra em contrário,
e sem embargo de não ser da jurisdição do suplicante. E usando o ofício e
sendo requerido por algumas partes, e querendo prover seus agravos, para
não perecer a justiça e o escrivão de seu ofício não ser presente, um João
Alves, tabelião, escrevia no ofício, e punha nos autos que servia o ofício pelo
marquês, devendo nomear que o servia por el-rei. E isto se passara por
ignorância e por lhe não parecer que errava, como errara. Enviando pedir,
el-rei, vendo seu dizer, e visto um seu praz-me assinado, lhe perdoou sua
justiça contanto pagasse 20 cruzados para a Piedade João Lourenço a fez”
Este documento tem a data de 23/07/1501 .8
Defende Maurício Antonino Fernandes, co-editor dos “Carvalhos de
Basto”, que seria Diogo Borges, comendatário do Mosteiro de Refóios de
Basto, o progenitor de Martim Borges.
Um neto de Martim Borges, o Dr. Heitor Borges Barreto, teve carta de
brasão de armas, para Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras, ainda no séc.
XVI (ano de 1567), e que foi publicada (súmula) por José de Sousa Machado,
como referiremos mais à frente.9
5
Deve ser o mesmo a quem, a 08/07/1482, o monarca concede formal de escrivão das sisas de Aguiar
(Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João II, liv. 6, fol. 100); e talvez o mesmo a
quem o mesmo monarca confirma como Escrivão da ouvidoria do crime (idem, ibidem, liv. 16, fol. 111).
6
A nomeação é datada de 08/05/1483 (Arq. Nac. Torre do Tombo, Chancelaria de D. João II, liv. 24, fol.
92). Perguntámo-nos se eventualmente existirá ligação deste com o D. Frei Diogo Borges, que de
Senhorinha Álvares, mulher solteira, teve um filho João Borges, que foi legitimado por carta régia de
02/10/1506 (Arq. Nac. Torre Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 38, fl. 66v).
7
Trata-se, obviamente, de D. Pedro Menezes, 3º Conde de Vila Real, primeiro filho de Dona Brites de
Menezes, filha herdeira do primeiro conde de Vila Real, a quem foi outorgado em 1489 o título de 1º
marquês de Vila Real, e viria a casar com Dona Brites de Bragança, governando a casa durante vinte e dois
anos.
8
Arq. Nac. Torre Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 46, fl. 39.
Acerca destes Borges, que foram senhores de Verdemilho (Aradas), Arcos (Anadia) e Ílhavo (Aveiro),
couto de Avelãs (Anadia), Casais de Sá, senhores da vila de Alva, de Carvalhais, Ferreiros, do reguengo de
Quintela, e dos padroados de S. Martinho de Alva e Santa Maria de Papião e S. Miguel de Mamouros e
ainda da honra de Calvos, ver com muito interesse o estudo de Manuel Abranches de Soveral “Os filhos e
netos do "muj honrrado barom" Dom Frei Lopo Dias de Souza, 8º mestre da Ordem de Cristo” e “Os
Borges de Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e Ílhavo”, da autoria de Luís Seabra Lopes,
Professor Associado, Universidade de Aveiro.
9
Alguns autores, nomeadamente Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes, in “Pinto do Valle
Peixoto de Souza Villas-Boas, da Casa de Carvalho de Arca em Polvoreira e Casa do Porto, em Lousada:
linhas familiares armoriais”, artigo inserido no nº 35 (ano de 2018) da revista Raízes € Memórias, da
Associação Portuguesa de Genealogia, insiste várias vezes em afirmar erradamente que a carta de brasão
passada a Heitor Borges Barreto era para “Borges, Barretos, Marinhos e Vieiras, e timbre de Borges”, o
que briga com o constante da carta de brasão publicada por José de Sousa Machado in “Brasões Inéditos”
nº 246, no qual é expressamente referido (o que aliás é inequivocamente provado documentalmente na obra
4
Ora, sendo o apelido e armas dos Barretos os referenciados no 1º
quartel daquela carta de armas, parece concluir-se que seria essa a sua
varonia e não a de Borges.
Tendo em conta a fiabilidade que, em princípio, merecem ainda as
cartas de brasão de armas do século XVI, lamentando-se embora a ausência
total da referência aos nomes dos progenitores do agraciado (o que não é
caso único em cartas de brasão daquele século), mas diz-se que aquelas
armas lhe pertencem “porquanto ele descendia por linha direita por seu pai,
mãe e avós como constava do documento que apresentava das gerações e
linhagens dos Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras que nestes Reinos são
Fidalgos de Cota de Armas”.
Atrevo-me, com a devida vénia aos editores dos “Carvalhos de Basto”
a transcrever na íntegra o documento da Carta de Brasão de Armas passada
ao Dr. Heitor Borges Barreto:
Carta de brasão passada ao Dr. Heitor Borges Barreto,
Desembargador da Casa do Cível, a 4 de Dezembro de 1547 - A. N. T. T.,
Chancelaria de D. Sebastião e Brasões Inéditos, nº 246, de José de Sousa
Machado (treslado).
“Portugal Rei de Armas Principal de ElRei Nosso Senhor: Faço
saber a quem esta minha carta de certidão virem que o Doctor Heitor
Borges Barreto, do Desembargo do dito Senhor e seu Desembargador na
Casa do Civel me pediu e requereu que porquanto ele descendia por linha
direita por parte de seu pai, mãe e avós como constava do instrumento que
apresentava das gerações e linhagens dos Barretos, Borges, Vieiras e
Marinhos, que nestes Reinos são Fidalgos de Cota Armas que lhe descreva
um escudo com as armas que ás ditas linhagens pertence e que ele de
direito devia trazer, pelo que eu busquei os livros da Nobreza que em meu
poder estão e achei que as armas que ás ditas linhagens pertencem serem
estas que lhe dou iluminadas.
O escudo esquartelado: ao primeiro dos Barretos e ao contrario dos
Vieiras, e ao segundo dos Borges e ao contrario dos Marinhos; e tem mais
seu paquife, elmo e Timbre dos Barretos, e por diferença um Trifolio verde
picado de oiro que tem elas, pois lhe pertencem segundo o regimento da
Armaria deve trazer e por verdade lhe passei esta em Lisboa por mim
assinada hoje 4 de Dezembro de 1567 anos.
Portugal Rei de Armas Principal”10
“Carvalhos de Basto”) que o brasão tinha no 1º quartel as armas dos Barretos e a dos Borges no 2º quartel,
e não o inverso.
10
In “Carvalhos de Basto”, Tomo 9, pág. 56, Doc. nº XLIII.
5
Na verdade, ele era filho de Manuel Vaz e mulher Filipa Borges, sendo
esta filha do 2º casamento de Martim Borges com Maria Vieira. Assim
sendo, seria lógico concluir que ele descenderia por seu pai da linhagem dos
Barretos, razão para lhe ser aplicada como diferença uma peça solta como se
fosse a sua varonia (um trifólio verde picado de ouro).
Acontece que o que pareceria lógico concluir não o é, pois que o uso
dos apelidos Borges Barreto já lhes vinha pelos filhos de Martim Borges. E
isto se confirma pela descendência do casal João Borges (Barreto) - filho
de Martim Borges - e mulher Briolanja Pires, moradores na vila de Torres
Novas onde possuíam casas na rua da Portela e a Quinta da Caveira, no couto
da mesma vila, nomeadamente Heitor Borges Barreto (casado com
Catarina Pinto da Fonseca) e que sucedeu na Casa e Quinta de S. João de
Macieira, foreira a Santa Clara do Porto, e seu irmão João Borges Barreto,
que sucedeu nos bens herdados de sua mãe em de Torres Novas.
Assim sendo teremos que concluir, obviamente, que os apelidos
Borges e Barreto já seriam os da ascendência de Martim Borges e que, a
acreditarmos na veracidade da carta de brasão passada ao Dr. Heitor Borges
Barreto em 1567, seria Barreto a varonia dele e não a de Borges. Ora isto
imediatamente colocaria em causa a probabilidade da sua filiação no
comendatário do Mosteiro de Refóios de Basto, Diogo Borges.
Aqui chegados e sem conseguir avançar, com segurança e baseado em
documentação que a sustente, a ascendência de Martim Borges continua a
ser uma incógnita genealógica.
É, sem embargo, um facto provado por inúmera documentação a
presença neste concelho dos Borges já, pelo menos, desde o século XV.
Também se mantém uma incógnita sobre quando e como se verificou a
ligação destes com os Barretos, vindo a originar a Família que vimos
estudando e que se espalhou, nomeadamente, pelos concelhos vizinhos.
Poderíamos ver uma fonte inspiradora no documento que nos prova
que o arcebispo de Braga, D. Baltasar Limpo, e Gaspar Nunes Barreto, no
ano de 1551, acordam que o padroado da igreja de Lustosa ficaria para os
sucessores deste?11
E este poderá ser identificável com o Gaspar Nunes
Barreto, que de 02/07/1560 a 02/07/1561 foi provedor da Santa Casa da
Misericórdia do Porto12
, que em 03/11/1537, sendo almoxarife do Armazém
e Tercenas da cidade do Porto, recebeu de Gonçalo Fernandes, tesoureiro da
Casa da Índia, 485.000 réis para despesa do seu ofício13
, o mesmo almoxarife
do Armazém e Tercenas da cidade do Porto que, em 11/11/1539, recebeu de
Francisco Rodrigues, almoxarife na vila de Aveiro, 100.000 réis à conta do
trigo e centeio que vendeu naquela vila14
?
11
Vide “Lousada e as suas freguesias na Idade Média”, pág. 246.
12
“Os Provedores da Santa Casa da Misericórdia do Porto (1499-2017), coordenação de Fernando de Sousa,
Volume I, Pág. 303.
13
Arq. Nac. Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, mç. 214, n.º 17.
14
Idem, ibidem, Corpo Cronológico, Parte II, mç. 230, n.º 19.
6
Mas tanto quanto nos é dado conhecer, este Gaspar Nunes Barreto
(que seria filho de Fernão Nunes Barreto, cavaleiro fidalgo da Casa Real.,
que em 24/09/1528, se tornou o 4º senhor de juro e herdade de Freiriz (Vila
Verde), Penegate (Amares) e Gafanhão (Castro Daire), senhor da quinta de
São João da Madeira e de sua mulher Isabel Ferraz) veio a ser senhor de juro
e herdade de Freiriz, Penegate e Gafanhão, bens herdados de seu irmão
Gonçalo, tendo igualmente herdado os senhorios de Santiago de Lustosa
(Braga) e Santa Marinha de Astromil (Porto), a quem em 1542, a Mitra
emprazou várias casas na rua das Flores, na cidade do Porto, e foi cavaleiro
professo na Ordem de Cristo, foi casado por duas vezes: a 1ª com Isabel
Cardoso, filha de Álvaro Baião e de sua mulher Filipa Carneiro; e em 2ªs
núpcias com Cecília de Madureira, filha de João Fernandes da Mota e de
Maria Fernandes de Madureira.
Assim sendo, não se vislumbra qualquer ligação destes Barretos com
os Borges aqui estudados que pudesse explicar a ascendência do Martim
Borges aqui tratado. Seria uma bastardia desconhecida dos nobiliaristas e
não documentada?
É, ainda assim, uma mera hipótese de trabalho a considerar, à falta de
outras fontes que o provem.
Resumindo: estamos em crer, sem ainda assim o podermos afirmar de
forma categórica (até documentação que o sustente), que Martim Borges
seria um descendente de Rui Borges, alcaide-Mor de Santarém, Senhor de
Alva, de Gestaçô, através de algum dos seus inúmeros filhos, quer de sua
mulher Genebra de Sousa (filha de Lopo Dias de Sousa, senhor de Mafra e
Ericeira), quer de qualquer das concubinas de quem houve bastardos
reconhecidos.
Rui Borges era filho 15
de Diogo Gonçalves Borges, senhor de Ourilhe
e Arco de Baúlhe, e de sua mulher Maria Lourenço, e foi senhor de
Verdemilho (em Aradas), de Arcos (em Anadia), de Ílhavo (em Aveiro), do
couto de Avelãs (em Anadia), de Casais de Sá, de Abuil, Rabel, Gestaçô,
Penajóia, Reriz e outras terras.
E tinha Rui Borges como irmãos Gomes Borges16
, escrivão da
chancelaria régia, Gonçalo Borges, abade comendatário de Refoios de Basto,
15
Assim o afirma também Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, “Nobiliário de Famílias de Portugal”,
Titº de Borges, § 30 N 7. Mas o mesmo autor hesita nesta filiação pois admite, baseando-se noutros autores,
que possa ser antes filho de João Gonçalves Borges, senhor da vila de Alva, irmão do Diogo.
Ver com muito interesse a Revista de História da Sociedade e da Cultura n.º 17, “Os Borges de
Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e Ílhavo”, da autoria de Prof. Luís Seabra Lopes, da
Universidade de Aveiro.
16
A Diogo Borges, fidalgo da Casa d’el-rei, neto de Gomes Borges, cavaleiro da Casa d’el-rei e escrivão
da sua Chancelaria, é confirmada (em 16/11/1497) a carta de D. Afonso V, dada em Sintra a 08/11/1454,
escrita por Lopo Fernandes e endereçada aos juízes da Torre de Moncorvo. “Gomes Borges tinha uma
herdade no termo da vila de Moncorvo, onde chamavam Almacay, junto de Aguiar do Douro, que era uma
grande légua. E da sua herdade à dita vila não havia senão montes e fráguas, e os gados dos moradores
da dita vila e de algumas aldeias, que ficavam a duas e três léguas, aí vinham pacer as ervas e comer os
pães que nela jaziam semeados, pelo que não achava quem lhe lavrasse a herdade no que recebia grande
7
e Duarte Borges, camareiro-mor de Dom Duarte, todos filhos de Diogo
Gonçalves.
De acordo com os restantes dados, seriam provavelmente sobrinhos de
Gonçalo Gonçalves Borges, muito documentado entre 1374 e 1394, alvazil
do crime em Lisboa em 1378-1379, partidário do mestre de Avis na crise de
1383-1385, referido como vassalo do rei em 1385 e beneficiário de um
conjunto importante de doações régias antes e depois da crise.17
Recebeu, por doação de seu sobrinho, Diogo Borges (filho de Gonçalo
Gonçalves Borges), que não teve herdeiros homens, o senhorio de vila de
Alva, de Carvalhais, de Ferreiros, do reguengo de Quintela, dos padroados
das igrejas de São Martinho de Alva, Santa Maria de Papião e São Miguel
de Mamouros. Essa doação foi confirmada em 03/07/1449 por D. Afonso V
e reconfirmada (postumamente) em 10/06/1497 por D. Manuel I.
Rui Borges sucedeu a seu pai na honra de Calvos, foi Cavaleiro da
Casa Real, Vedor da Fazenda e Camareiro-mor do Rei Dom Duarte. Foi
Alcaide-mor de Santarém e, em 1439, recebeu autorização do Rei Dom
Afonso V para "possuir e servir bestas cavalares e muares como forma de
ajuda do pagamento das custas da alcaidaria".
Foi o primeiro senhor do prazo da quinta de Carvalhais, na vila de
Oliveira (em Mesão Frio).
Este Rui Borges participou na defesa de Ceuta quando a cidade foi
sitiada pelo Rei de Granada.
Regressando a Martim Borges, refira-se que terá casado em 1ªs
núpcias com Genebra Sodré (filha de João Sodré, escudeiro da casa d’el-
rei)), que era sua mulher em 1523 (assim se depreende por uma carta de
perfilhação que foi passada a Martim Borges por Isabel Afonso, mulher de
Francisco Sodré e que referiremos adiante, no final, em Documentos).
Casou em 2ªs núpcias com Maria Vieira, mulher nobre dos Vieiras
de Riba Douro, filha de Lopo Dias, escudeiro, morador em Gaia, senhor do
casal de Santa Ovaia, em Fânzeres – bisneto de Álvaro Roiz de Carvalho,
escudeiro e vassalo d'el rei D. João I, senhor da Honra e Padroado de
Carvalho, e de sua mulher Mécia Vaz da Cunha, neta paterna do 7º senhor
de Tábua - senhor da quinta de Queirames e das Cinco Fogueiras da Ribeira
(Vale de Bouro, Celorico de Basto), por carta de 26.8.1387, de D. João I. e
perda e dano. E por isso pedia a el-rei que lhe coutasse a dita herdade. E el-rei, por lhe fazer mercê,
ordenou que de então em diante, nenhum gado de nenhuma pessoa, de qualquer estado e condição entrasse
em essa herdade, salvo os bois e gados daqueles que lha lavrassem. E qualquer outro gado que aí fosse
achado - bois, vacas ou bestas - pagasse de coima, por cada cabeça, 10 rs. brancos, e o gado meudo, 3 rs.
A qual coima seria para o dono da herdade. E mandava aos juízes e Corregedor da comarca que não
fossem nem consentissem ir contra o determinado, sob pena de 6.000 soldos dos seus encoutos. Belchior
Nogueira a fez.” (Arq. Nac. Torre do Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 40, fl. 12).
17
Vide obra citada na nota 14, “Os Borges de Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e
Ílhavo”, da autoria de Prof. Luís Seabra Lopes.
8
de sua mulher Maria Vieira (esta filha de Afonso Vieira e de sua mulher
Catarina Afonso).18
Teve vários filhos e filhas, entre eles Guiomar Borges, casada com
Manuel Francisco e moradora na sua quinta do Cabo, Aveleda, de cuja
metade era senhora. A outra metade pertencia a sua irmã Lucrécia Borges e
certos campos a sua outra irmã, Violante Borges.
Entre os filhos do 2º casamento, parece que o mais velho, conta-se
João Borges (Barreto), que se matriculou em ordens menores, em Braga, a
06/03/1512, dizendo-se de S. Martinho de Aveleda (Lousada).19
Este, ao
casar com Briolanja Pires, seria o progenitor dos futuros Morgados da
Quinta da Caveira, em Torres Novas e da Casa de Juste, em S. Fins do Torno,
Lousada (entre os vários filhos deste casal conta-se Briolanja Borges,
casada com Gonçalo Coelho de Sequeira, fidalgo da casa d’el-rei, capitão
no concelho de Unhão, que como alferes de infantaria viria a falecer em
Alcácer-Quibir, e senhor da casa e Quinta de Juste, em S. Fins do Torno,
Lousada, a que nos referiremos à frente (Casa de Juste, em S. Fins do
Torno, Lousada). Mas era também seu filho o Dr. Heitor Borges Barreto,
senhor da quinta de S. João de Macieira, casado com Catarina Pinto da
Fonseca, filha de Gonçalo Pinto da Fonseca, do Conselho de Governo
Interino do Estado Português da Índia, em 1629, e de sua mulher Juliana
Teixeira.
Igualmente seria filha do 2º casamento de Martim Borges uma
Briolanja Borges casada com Henrique de Araújo, matriculado em Braga
no ano de 1540, de quem descendem os senhores do casal de Lamas, em
Aveleda (Lousada).20
Do mesmo modo era filha daquele casal, do 2º matrimónio, Filipa
Borges, casada com Manuel Vaz, homem nobre, filho de João Vaz.
Deste casal nasceram vários filhos, dos quais destacamos: a) o Dr.
Heitor Borges Barreto, Doutor, desembargador dos Agravos da Casa da
Suplicação, do Paço e da Casa do Cível, Lente de Instituta da Universidade
de Coimbra (16/01/1559) e do Código (21/03/1560 e 30/04/1563), cavaleiro
professo na Ordem de Cristo com 20 mil réis de tença (habilitou-se em
23/03/1580 - Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de
Cristo, Letra H, Maço 1, n.º 6) e que teve carta de brasão de armas, para
Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras, ainda no séc. XVI (04/12/ 1567), e
cuja súmula foi publicada por José de Sousa Machado, in “Brasões Inéditos”
18
Vide, Geneall, in Casa da Serra, da Trofa. (Ascendência, Descendência e Colaterais), Guarda-Mór,
Edição de Publicações Multimédia Lda. Sem embargo, não se vislumbra onde entra a ligação com os
Marinhos que aparece na C.B.A. concedida a um seu descendente (Heitor Borges Barreto) ainda no século
XVI (ano de 1567). Somente vislumbramos uma possível ligação através de uma Filipa (?) Marinho,
solteira, do lugar da Igreja, falecida em S. João de Macieira (Lousada) a 06/03/1618, ainda que não
saibamos estabelecer a ligação desta com os Borges Barretos aqui estudados.
19
ADB, Matrículas de Ordens Sacras, Braga, Livro 6, ano de 1512.
20
“Carvalhos de Basto”, Vol. 9, pág. 202, Eugénio Andrea Cunha e Freitas e outros.
9
nº 246 e na íntegra, como deixámos transcrito atrás, pelos autores dos
“Carvalhos de Basto”, no Tomo 9, casado sem geração com Inês Temudo;
b) Henrique Borges Barreto, "homem muito nobre que vivia de suas
fazendas, que mandava grangear por seus criados, e se tratava com seu
cavalo em que andava", escrivão da Câmara, juiz e vereador do concelho de
Unhão, senhor da quinta de Souselinha (Vilar do Torno), por prazo de
25.1.1564 foreira ao Mosteiro de Freixo, casado em 1ªs núpcias com
Ambrósia de Almeida (c. g.) e em 2ªs com Margarida Gonçalves, de quem
ficou geração abaixo referenciada; c) Mécia Borges Barreto que casou com
Afonso Fernandes, senhor da quinta de Ronfe, em Meinedo (Lousada),
como veremos mais à frente.
Acerca do Dr. Heitor Borges Barreto, é curioso referir que ele esteve
ligado à construção do aqueduto de águas na cidade de Coimbra, que, em
1570, fizeram a reabilitação deste sistema aquando da falta de água que
assolou a cidade em consequência da seca prolongada e que, seguindo uma
ordem régia de D. Sebastião, procuraram e restabeleceram os antigos pontos
de abastecimento de água; pois o aqueduto foi feito à custa de serviços
lançados ao povo do concelho sobre a superintendência do desembargador
Heitor Borges Barreto, que coordenou os trabalhos de procura de água perto
de várias nascentes da quinta do Mosteiro de Santa Cruz.21
Casa de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada
Briolanja Borges, filha do 2º casamento de Martim Borges com
Maria Vieira, foi casada com Gonçalo Coelho de Sequeira, fidalgo da casa
d’el-rei, capitão no concelho de Unhão, que como alferes de infantaria viria
a falecer em Alcácer-Quibir, e senhor da casa e Quinta de Juste, em S. Fins
do Torno, Lousada.
Era Gonçalo Coelho de Sequeira filho do licenciado António Coelho
de Sequeira e de sua mulher Ana de Azevedo, senhores da casa e quinta de
Juste e do prazo de Penoucas, ambos em S. Fins do Torno, Lousada.22
Foi sua filha única e herdeira Vicência Borges de Sequeira, mulher
de Paulo da Cunha Coutinho, por cujo casamento ele foi senhor da casa de
Juste, em S. Fins do Torno, Lousada.
“Situada na freguesia do Torno, a Casa de Juste localiza-se em Lousada,
no Norte de Portugal, a 60 km do Porto e a 15 km de Guimarães.
A origem da propriedade de Juste remonta aos primórdios da nacionalidade
portuguesa havendo registos desde o início do século XIII, altura em que a
21
Vide “Intervenção de Arqueologia Preventiva, Sistema de galerias Subterrâneas de Coimbra”, direcção
técnico-científica de Miguel Almeida e Filipe Gonçalves e colaboração de Maria João Neves e Soraya
Rocha, Relatorios Dryas, O sistema de abastecimento medieval e as “questões” da água”.
22
“Carvalhos de Basto”, Vol. 9, pág. 230.
10
Villa de Juste era constituída por sete casais, um dos quais, pertencente ao
filho de D. Elvira Vasques. (Lopes, 2004, 360).
Esta informação, retirada das inquirições realizadas no tempo de D. Afonso
II, em 1220, é extremamente importante para compreender algumas
características atuais da Casa de Juste.
A primeira fase de ascensão da Casa de Juste terá ocorrido no século XV,
data a que corresponde, segundo os estudos arqueológicos efectuados,
grande parte das pedras utilizadas na construção do edifício principal da
Casa.
Nessa altura, eleva-se a importância da casa, que terá passado então a
habitação senhorial, ramo dos Coelho, supõe-se relacionada com a criação
do Senhorio de Felgueiras, doado por D. João I a Fernão Coelho,
descendente de Egas Moniz, e que incluía as terras de Felgueiras, Vieira e
Lousada (Machado, 1981, 160). Sucedendo o seu filho mais velho no
Senhorio, a Casa de Juste terá sido engrandecida a propriedade de Juste
para um outro filho, Martim Coelho de quem descendem os atuais
proprietários (Machado, 1981, 161).
Pertencendo no século XVI ao ramo Cunha Coutinho Ozório, por casamento
de Vicência Borges de Sequeira com Paulo da Cunha Ozório.
No ano de 1754, D. João Osório Pinto da Fonseca, então proprietário,
recebe de D. José I, a Carta de Armas. Nesta altura terão sido feitos alguns
melhoramentos na Casa, incluindo a construção da capela. A Casa de Juste
inicia uma nova fase em meados do século XVIII com o ramo Vieira de
Melo.”23
Casa de Juste, S. Fins do Torno, Lousada
23
In GENI, a propósito de Fernão Coelho, 1º senhor de Felgueiras e Vieira e da casa de Juste.
11
O que sabemos de fonte segura, ainda assim, é que foi dada no ano de
1610 a Paulo da Cunha Coutinho, senhor da casa de Juste, a mercê do ofício
de Justiça ou da Paz (no concelho de Unhão) por respeito aos serviços de seu
sogro, Gonçalo Coelho de Sequeira (filho de António Coelho), morto na
batalha de Alcácer Quibir.24
Curiosa e muito estudada é uma das pedras de armas desta casa, ainda
hoje se mantendo a dúvida levantada pelo saudoso Amigo, insigne Heraldista
e Investigador, Artur Vaz-Osório da Nóbrega, acerca do que se pretendeu
nela representar: que ali se encontram as armas dos Barretos não parece
carecer de dúvida, permanecendo esta no que parece ser uma mera diferença
(um crescente invertido) ou uma deficiente representação das armas dos
Pintos.25
Foi provavelmente trazida da casa de S. João de Macieira, pertença
dos Borges Barretos, quando se estabeleceu a ligação matrimonial com estes.
Casa de Ronfe, em Meinedo, Lousada
No século XVII, um herdeiro da casa de Ronfe, em Meinedo, Lousada,
o capitão de ordenanças e escrivão de Honra de Meinedo, Familiar do Santo
Ofício, André Borges Barreto era casado com Margarida Vaz (a qual
depois de viúva voltou a casar com Gonçalo de Basto, do Brunhal, da
freguesia de Meinedo, de cujo casamento também teve filhos). Este era filho
de Afonso Fernandes, senhor da quinta de Ronfe, e de sua mulher Mécia
Borges Barreto, irmã do Dr. Heitor Borges Barreto e de Henrique Borges
Barreto, acima referidos.
Sabe-se que tiveram um filho, André Borges (Barreto), também
Escrivão da mesma Honra que por sua vez se casou, diz-se, em Boim,
Lousada (sem embargo, não encontrei o assento do livro respectivo daquela
freguesia), com Maria do Couto, filha de Pero Simão (filho de Simão
Gonçalves, da Costa), lavrador e rendeiro que se tratava com seus criados, e
de sua mulher Paula do Couto, do lugar da Costa, freguesia de S. Vicente de
Boim (antigamente denominada Goim), Lousada.
Deste casamento nasceu o capitão André Borges do Couto, Familiar
do Santo Oficio (16/8/1677) e fidalgo de cota de armas (carta de 15/12/1696,
para Borges e Couto, no seguimento da carta de brasão de armas passada
24
Vide “Carvalhos de Basto”, Vol. 9, p. 245.
25
“Pedras De Armas Do Concelho De Lousada (Heráldica De Família)”. Porto: Edição da Junta de
Província do Douro Litoral. 1959. Artur Vaz-Osório da Nóbrega, pág. 65. Na nossa opinião, aquele
crescente invertido refere-se a uma diferença pessoal. Mas seria então lógico concluir que teria havido uma
carta de brasão de armas passada a algum dos ascendentes pelo ramo dos Borges Barretos. Mas além da
que foi passada ao Dr. Heitor Borges Barreto, em 04/12/ 1567, nenhuma outra se conhece que explicasse
esta dúvida heráldica.
12
anteriormente a seu sobrinho materno, da casa de Sá, como referiremos
adiante26
), escrivão da Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe, casado
com Ângela Bernardes da Fonseca, filha do capitão Gonçalo da Fonseca
Coutinho (que era filho de Pedro da Fonseca Coutinho, oriundo da freguesia
de Fonte Arcada, Penafiel e sr. da casa do Outeiro, em S. Miguel de Paredes,
e de sua mulher Maria Rebelo Ferreira) e mulher Maria Bernardes da
Fonseca, de quem descenderam todos os senhores da casa de Ronfe até à data
da sua alienação.
Casa de Ronfe, Meinedo, Lousada
“Capela de St. André -1685. Capitam Andre Borges do Couto. Autos
de peticão do capitam Andre Borges do couto da freguezia de Santa Maria
de Meinedo para licença, para dizer missa na cappella que erigio da
envocação de sancto Andre.
Diz o captam Andre Borges do couto da freguesia e couto de Meinedo que
fazendo a petição junta a vexema para lhe dar licença para em huma sua
26
Vide o que se diz na nota 26 à frente.
13
quinta fazer huma capella para elle e sua família ouvirem missa por ficar a
Parochia distante, em pellas mais cauzas declaradas na peticçaõ, foi Villma
servido com informaçaõ do Reverendo Doutor Provizor e parocho
conccederlhe a licença que pedia obrigandose a pôr de rendimento em bens
livres para a fabrica da dita capella. E esta esta já feita e tambem a
obrigação dos rendimentos. Como se vuê da escriptura que apresenta.
Vista a informação, do reverendo abbade de Rebordosa damos
licença para que na dita capella se possa dizer missa, para oque se passe
provizam. D. João Bispo do Porto. Por o suplicante feita a obrigação da
capella fabricada lhe façam conceder licença para nella se dizer missa
precedendo pró informação do parocho na decencia e ornato da dita
capella. E. R. M.
Visitei esta hermida e achando que está erecta e ornada decentemente
damos licença para que nela se possam dizer missa e se passe provisão.
Achey erecta com grandeza, vuneração bem apartadas das cazas a porta
principal para rua, estavaçe assentado o retabolo bem obrado, e custozo
com tres nichos ou pranchas.
Pella informação que tomei a do meio he para huma imagem de
Christo e dos lados Sam Miguel e S. André. O altar tem dez palmos de
cumprimento, a pedra de ara he forrada, e metida em caixilho do altar. O
frontal de damasco branco com alabrastos do mesmo encarnado. A
vestimenta de damasco branco com debastos de borcantel. Alva có perfeita
renda etoalha do altar. Calis, corporal, bolça, missal, estante, e pano della,
galhetas, e tendo o mais necessário com muita perfeição. Sobretudo e esta
ermida muito necessaria para os sacramentos porque daly a igreja se passao
muitos ribeiros, mãos caminhos, e ficara em de distancia de meia legoa. Por
tudo julgo que vossa excelência pode dar a licença que se pede para se dizer
missa na dita ermida. Este he o meu parecer. Vossa Senhoria fará o que mais
for servido. Rebordosa 28 de Novembro de 1685.”27
Mas igualmente uma filha, Maria Borges do Couto, casada com
Baltazar Gonçalves de Sá, senhor da casa de Sá, em Santa Eulália de
Barrosas, Vizela, sendo os pais de Manuel Borges do Couto, igualmente
fidalgo de cota de armas (teve 2 cartas de brasão, sendo a 1ª para Borges e
Couto28
(encontrando-se igualmente habilitado para Gomes e Barretos),
27
A. H. P. E. P. – Dote de Capelas do Concelho de Lousada. Capela de St. André -Ronfe. 1685, fls. 1 a 4,
SILVA, José Carlos Ribeiro da - A Casa Nobre No Concelho de Lousada, FLUP, 2007, in blog “Arte &
Património”, de José Carlos Silva).
28
Nesta Carta de Brasão de Armas, tal como acontecerá com a que posteriormente seria passada a seu
sobrinho, o capitão André Borges do Couto, senhor da casa de Ronfe, em Meinedo (Lousada), o castelo
das armas dos Coutos foi substituído por uma torre coberta (na iluminura da Carta de Brasão de seu tio vê-
se que a torre coberta está encimada por uma bandeira triangular). Desconhecemos se houve
intencionalidade em atribuir nestes casos uma diferença ao brasão da linhagem, que é em escudo vermelho,
um castelo de prata lavrado de negro, sobre um contrachefe ondado de prata e azul.
14
passada a 04/04/1696 – logo, anterior à semelhante passada a seu tio materno
da casa de Ronfe, acima referido - e a 2ª para Sá, Gonçalves, Borges e Couto,
Casa de Sá, Santa Eulália de Barrosas, Vizela
em 18/01/1733)29
, que casou com sua parente pelos Borges Barreto, Adriana
Borges da Rocha, neta (por seu pai, o capitão Mateus Borges da Silva,
capitão de infantaria de um terço de auxiliares) de Filipa Borges Barreto,
herdeira da quinta de Tigem, em Santo Adrião de Vizela, mulher de Simeão
Ribeiro da Silva, senhor do casal de Silvares, sendo ela filha de Simão
Ribeiro, senhor do casal de Silvares, e de sua mulher Margarida de
Oliveira Pinto, a qual era filha de outra Filipa Borges Barreto, mulher de
Amador Pinto de Sousa, escrivão da Câmara e almotaçaria do concelho de
Lousada, senhor da casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, e do
casal da Seara, em Caíde de Rei, Lousada (era ele filho de Gonçalo
Rodrigues Pinto, escudeiro e juiz ordinário do concelho de Lousada; neto
paterno de Rui de Oliveira Pinto, 2º senhor da casa do Porto, e mulher Isabel
Juzarte; bisneto paterno de António de Sousa, de Amarante, donatário do
concelho de Lousada e de sua jurisdição, fidalgo do Conselho (1475),
claveiro da Ordem de Cristo (antes de 1468), fronteiro de Nisa, Montalvão e
Alpalhão (31 de agosto de 1475), sendo filho natural de Afonso Vasques de
Sousa, freire da Ordem de Cristo, sendo este filho de outro Afonso Vasques
de Sousa, o Cavaleiro, e de sua mulher Leonor Lopes de Souza, em segundas
29
Vide “Cartas de Brasão”, António Machado de Faria de Pina Cabral, pág. 77, nº 84; “Pedras de Armas
do Concelho de Lousada”, Artur Vaz-Osório da Nóbrega, páginas 262 a 269.
15
núpcias da mesma, filha de D. Frei Lopo Dias de Souza, mestre da Ordem
de Cristo. Portanto, António de Sousa era dos Sousa ditos de Arronches por
parte desta sua bisavó Leonor Lopes de Sousa e de sua mulher Beatriz Pinto,
1ª senhora da casa do Porto, como consta da justificação de nobreza de seu
descendente Pantaleão Pinto Ribeiro, e dos Pinto Cochofel da casa de
Lagariça, como consta das cartas de armas dos netos deste António Pinto de
Sousa e padre José Pinto de Sousa, datadas respectivamente de 23/10/1731
e 08/11/1731. Aí se refere que eram descendentes da Casa da Lagariça no
concelho de Ferreiros e Tendais, tendo-lhes sido passadas cartas de armas:
escudo esquartelado, no I e IV Sousa, de Arronches, por privilégio; II as
armas dos Pinto; e III as armas dos Ribeiro; elmo de prata aberto guarnecido
de ouro; tendo por diferença uma brica de ouro com um trifólio de negro; e
timbre dos Pinto). 30
Aquela referida Filipa Borges Barreto era bisneta do acima citado
Henrique Borges Barreto, escrivão da Câmara, juiz e vereador do concelho
de Unhão, senhor da quinta de Souselinha (Vilar do Torno), e de sua mulher
Margarida Gonçalves, com a descendência que é desenvolvida in
“Memórias Familiares e Genealógicas”, do autor, na casa de Sá, de onde
descendem todos os diversos ramos da Família Moreira de Sá.31
30
Vide, com muito interesse sobre esta matéria, o estudo “O Arquivo da Casa do Porto: o seu estudo e a
sua representação- o modelo sistémico”, de Carla de Jesus Torres Moreira, da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, além de Manuel Abranches de Soveral, in “Os filhos e netos do "muj honrrado
barom" Dom Frei Lopo Dias de Souza, 8º mestre da Ordem de Cristo”.
31
Devo deixar aqui algum repúdio pela afirmação contida in “Carvalhos de Basto”, Tomo 9, no § 9º/A,
pág. 206 e seguintes, em que é afirmado textualmente na nota (104): “Contávamos com a colaboração de
Fernando M. Moreira de Sá Monteiro, para a actualização dos desc. desta casa. Mas este nosso Amigo
e colab., visto ter entre mãos um livro sobre esta Família, informou-nos que remetêssemos os nossos
Assinantes para essa sua obra, a sair brevemente.”.
Desconheço quem assim se quis exprimir, não acreditando que sejam palavras do saudoso e tão querido
Amigo, Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas, verdadeiramente a “Alma” da base do estudo dos
“Carvalhos de Basto” e um dos seus editores. Sinceramente parecem-me mais observações de um dos outros
co-editores, que me escuso a identificar.
Mas quero deixar aqui bem acentuado que NUNCA recusei informações acerca dos elementos
constantes daquele parágrafo, pois o que era pretendido era que “oferecesse” aos editores dos “Carvalhos
de Basto” toda a descendência da Casa de Sá, a partir daquele ramo dos Carvalhos o que, por razões óbvias,
seria totalmente disparatado e somente poderá ser lido como atrevimento e algum desplante de quem
formulou sequer essa pretensão.
Na verdade, o estudo a que venho dedicando mais de 50 anos de investigação não se compadece com
um mero desfilar de nomes e datas, e seria até redutor da minha parte uma tal partilha, por mais respeito
que me possam merecer alguns dos editores daquela obra, alguns infelizmente já falecidos.
Mas, sem falsa modéstia, gostaria que o meu nome tivesse sido ali citado noutros moldes, atento o facto
de contar na minha bibliografia provavelmente muito mais obra e investigação do que a de alguns dos co-
autores dos “Carvalhos de Basto”. E, na verdade, se o que me fosse pedido não ultrapassasse o razoável e
fosse formulado em moldes respeitosos, não como mero aprendiz que faculta alguns “elementos
primários”, provavelmente teriam evitado os muitos erros e lapsos contidos no deambular da genealogia
descrita naquele parágrafo e até em anteriores (como é o caso do §-7º Casal da Tagem (?) em Vizela,
repleto de lapsos e informações genealógicas incompletas. Na verdade, até o nome daquele casal está
errado, pois aparece em documentação antiga como “Tegem” e hoje mantém a nomenclatura de “Tigem”,
mas nunca “Tagem”!
Fique, pois, aqui registado o meu desagrado pelas palavras ali deixadas que, além do mais, nem sequer
correspondem à verdade, pois nunca me disponibilizei para tornar de tal forma redutora a minha obra,
deixando-a transcrita como um mero parágrafo dos “Carvalhos de Basto”. E mais ainda, porque
16
Alguma documentação com interesse para a Genealogia dos Borges
Barreto:
Ano de 1485: Sentença de Diogo Borges, escudeiro, que obriga Maria
Fernandes, da Honra do Unhão, a largar as herdades do casal do Sargasal e
de Leiros, mais outra em que morava o Gazeo, em Recesinhos, legadas a
Bustelo com encargos de missas por João Álvares de S. Paio de Casais. O
acto de posse no Mosteiro foi em 22/9/1503. Arquivo do Mosteiro de
Singeverga, Bustelo, Gav. 5, nº 55
Ano de 1499: Mercê a Martim Borges de Tabelião dos concelhos de Unhão
e Cepães e Honra de Meinedo. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 46
Ano de 1499: Confirmação da mercê dada a Martim Borges, Escudeiro,
para Tabelião das Honras do Unhão, Meinedo e Cepães, terras de Rui Teles.
Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 47
Ano de 1512: Matrícula em Ordens Menores de João Borges, natural de
Aveleda. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 224
Ano de 1522: Confirmação de Carta de “Escrivam” das sisas de Lousada e
honra de Meinedo dada a Martim Borges. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 48
Ano de 1523: Confirmação de Carta a Martim Borges de Tabelião do
Judicial em Unhão, Meinedo e Cepães. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 5
Ano de 1540: Matricula de Ordens Sacras, em Braga, de Henrique de
Araújo, casado com Briolanja Borges, pais de Gaspar, proprietário do casal
de Lamas (Aveleda). Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 202
Ano de 1540: Matricula de Ordens Sacras, em Braga, do Dr. Heitor Borges
Barreto, da Quinta de Souselinha, Vilar do Torno. Filho de Manuel Vaz e
de Filipa Borges, casado com Inês Temudo. Foi Desembargador dos
Agravos da Suplicação, do Paço e da Casa do Cível (Doc. nº XLIII),
Cavaleiro do Hábito de Cristo com 20 mil réis de tença (27/3/1580), tendo
45 para 46 anos, Lente de Instituta da Universidade de Coimbra (16/1/1559)
e do Código (21/3/1560 e 30/4/1563). Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 52
também é totalmente falso que alguma vez tivesse deixado a ideia ali transcrita de que “pudessem contar
com a minha colaboração para a actualização dos desc. desta casa” (leia-se, a casa de Sá em Santa
Eulália de Barrosas, Vizela, solar dos Moreiras de Sá). E para finalizar em tanta “trapalhada” inventada
por quem produziu aquele lamentável comentário, repudio que alguma vez “tenha informado que eles
remetessem os Assinantes” para a minha obra, “a sair brevemente”.
E nem comento mais…
17
Ano de 1564: Emprazamento da quinta de Souselinha, em Vilar do Torno,
por foro ao Most. do Freixo. Era senhor da quinta Henrique Borges, natural
de Macieira, “homem muito nobre que vivia das suas fazendas, que mandava
granjear por seus criados, e se tratava com seu cavalo, em que andava”.
Escrivão da Câmara, Juiz e Vereador do concelho do Unhão. Filho de
Manuel Vaz e de Filipa Borges. Casou 1ª vez com Ambrósia de Almeida
e 2ª vez com Margarida Gonçalves. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 53
Ano de 1567: Carta de Brasão de Armas passada pelo Rei D. Sebastião ao
Dr. Heitor Borges Barreto, senhor da Quinta da Souselinha (Vilar do
Torno), Desembargador da Casa do Cível. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 56
Ano de 1632: Paula do Couto, moradora na Costa (Boim), efectua
pagamento da sisa pela compra a André Alves e sua mr. das leiras de
Sabugueira e das Infestas, pertença do casal de Cadeiros (Pias). Memórias
do Mosteiro de Paço de Sousa, p. 237
Assentos de alguns livros paroquiais da freguesia de Aveleda:
Casamento de Vitória Borges com Francisco de Faria, sobrinho do abade
rev. António de Faria, a 11/11/1590, em Aveleda.
Casamento de Manuel Borges com Maria Coelho, a 11/03/1593, em
Aveleda, com licença de Braga, sendo testemunhas Francisco Frutuoso e seu
filho, Martim Borges e Gaspar Borges, do Cabo.
Casamento de Maria Borges com Melchior Gonçalves, a 27/11/1596, em
Aveleda.
Casamento de Guiomar Borges com Baltazar Fernandes, a 19/02/1601,
em Aveleda.
Casamento de Gonçalo Borges com Ana Gonçalves, de Barrimau, a
09/02/1603, em Aveleda.
Casamento de Bento Borges com Maria do Couto, a 20/02/1604, em
Aveleda, sendo testemunhas Manuel Pereira, de Sernande, Gonçalo Pinto,
do Porto, Gonçalo Vaz, da vila, Gaspar Fernandes Moreno e André
Gonçalves, da Lavandeira.
Casamento de Isabel do Couto com André de Sousa, a 22/02/1604, em
Aveleda.
Casamento de Paula do Couto com António Domingues, a 20/07/1606, em
Aveleda.
18
Casamento de Melchior Borges com Andreza Nunes, das Pontezinhas, a
07/06/1609, em Aveleda.
Casamento de Juliana Borges, filha de Francisco Fernandes e mulher Maria
Vieira, com Gonçalo Jorge, filho de Gaspar Jorge e mulher Filipa de
Magalhães (esta faleceu a 25/07/1595, em Aveleda), casou a 19/01/1615, em
Aveleda.
Óbito de Mécia Borges, mulher de Afonso Fernandes, a ?/09/1587, sem
manda, em Aveleda.
Óbito de Violante Borges, do Cabo, a 17/11/1595, em Aveleda, fez manda.
Óbito de Guiomar Borges, mulher de Manuel Francisco, do Cabo, a
07/05/1599.
Óbito de Manuel Borges, do Barrimau, a 22/04/1600.
Óbito de Martim Borges, filho de Frutuoso Francisco, filho famílias, a
?/03/1600, sem testamento.
Óbito de Gonçalo Borges, de Barrimau, a 26/03/1603, em Aveleda.
Óbito de Margarida Borges, filha de Manuel Francisco, do Cabo, em
14/01/1618, em Aveleda.
Óbito de Francisco, escravo de Afonso do Couto, a 25/04/1624, em
Aveleda.
Óbito de Ana Borges, do Mourinho, a 02/07/1626, “perguntei se fizera
manda ou testamento disse sua sobrinha que nam”.
Óbito de Ana, menor, filha de Gonçalo Borges e de sua mulher Ana
Gonçalves, a 30/11/1627, em Aveleda.
Óbito de Maria, filha de Gonçalo Borges e de sua mulher Ana Gonçalves,
a 05/12/1627, em Aveleda.
Óbito de Gonçalo Borges, de Barrimau, a 04/02/1629, em Aveleda,
“diseram me que fizera manda vocal, não o sei porque me não constou de
certo”.
Óbito de Manuel Borges, de Aveleda, a 15/05/1630, “diseram me q fizera
huns apontamentos”.
Óbito do Padre Belchior Barreto, abade de Nevogilde, Lousada, a
01/10/1630, estando no altar a celebrar missa, de morte súbita. Ele tomara
ordens em Braga no ano de 1585. Era filho de Henrique Borges Barreto e
de sua 2ª mulher Margarida Gonçalves.
19
Óbito do Padre João Borges, cura que foi de Aveleda, a 20/11/1634.
20
II
VELHOS
Senhores da Casa da Capela e administradores do
vínculo da Santíssima Trindade, em Sernande,
concelho de Felgueiras
21
É complexo elaborar um estudo que consiga estabelecer ligação
genealógica entre os inúmeros indivíduos de apelido Velho que nos
aparecem quer no concelho de Lousada, quer no de Felgueiras, para além
dos que, eventualmente tronco de todos aqueles, aparecem amiudadas vezes
na então vila de Guimarães, ainda antes do século XV, espalhando-se por
várias freguesias do concelho.
Exemplo do acima referido está naquele Pero Velho, que foi escudeiro
da Casa Real, a quem o seu tio João Eanes de Urrô, irmão de sua mãe chama
no seu testamento depositado no cartório de Cete feito na era de 1386 (ano
de 1348), para administrador de uma capela que instituiu no dito Mosteiro
de Cete. Na falta deste Pero Velho e sua descendência, seria substituído por
Fernão Garcia, de Rio de Moinhos e Afonso Lourenço, de Negrelos,
escudeiros, a quem deixava por testamenteiros; e que mortos os súbditos, a
fizesse cantar o parente mais chegado da sua linhagem e porque não houve
geração deste Pero Velho. E porque morreram os ditos testamenteiros, se
opôs depois a ela Lopo Esteves de Urrô, cavaleiro de Mouriz, metendo-se na
posse dos bens dela, na era de 1408 (ano de 1370).
E este será, provavelmente, o mesmo Pero Velho, referido no prazo
de Margaride, Guimarães, feito no ano de 1387 pela colegiada de Guimarães
a Pero Nandim, casal este em que morou o dito Pero Velho, já falecido.
Também sei, por informação fornecida pelo sempre gentil e sapiente
historiador vimaranense Dr. Rui Faria, que em 1440 um João Velho casado
com Isabel Rodrigues era proprietário de umas casas na Rua de Santa
Maria.32
Ainda possuímos a informação do emprazamento em três vidas que
faz o Cabido de Viseu a Baltazar Velho, escudeiro do Bispo, e mulher
Beatriz Soveral, de uma vinha e tojal na possessão de Santo Estevão, após
doação de Diogo Rodrigues, cavaleiro, feito em 05/04/1508 na capela do
Santo Espírito da Sé.33
Poderíamos arriscar que o tronco dos que agora pretendemos estudar
poderia ser o Diogo Velho, escudeiro do bispo de Viseu (D. Diego Ortiz de
Villegas), morador em Guimarães, a quem o rei D. Manuel I nomeia no cargo
de recebedor das sisas em 15/02/1513, conforme fora João do Vale, então
falecido, usufruindo de todos os direitos e mantimentos de seu antecessor.34
O mesmo a quem o mesmo monarca concede o ofício de almoxarife do
almoxarifado de Guimarães, com 5.000 réis de mantimento, sendo os 760
réis que dantes havia e os mais desde Janeiro acrescentados. E daria fiança
ao contador da comarca. O qual ofício tinha por renúncia de João de
32
O mesmo historiador e amigo, Dr. Rui Faria, igualmente nos facultou a informação de um instrumento
de escambo feito em 1435 a João Velho e Álvaro Martins, criados de Fernão Anes, ambos sapateiros, por
Fernão Anes escudeiro e tabelião publico e judicial por el rei. Será identificável este João Velho com o que
referimos casado em 1440 com Isabel Rodrigues, proprietário de umas casas na Rua de Santa Maria?
33
Arquivo Distrital de Viseu, Colecção de Pergaminhos, PT/ADVIS/COL/PERG/000241.
34
A. N. T. T., Chancelaria de D. Manuel I, liv. 42, fl. 10.
22
Andrade, segundo uma procuração, feita e assinada por Francisco
Gonçalves, tabelião, aos 20/07/1514, na qual fazia seu procurador o bispo de
Viseu, para renunciar em mãos d’El-Rei. Todavia João de Andrade mantinha
o julgado dos reguengos e direitos reais, renunciando somente o recebimento
do almoxarifado.35
Em 28/07/1521 era já falecido, pois que nesta data é nomeado pelo
mesmo monarca como almoxarife de Guimarães Gonçalo de Faria, escudeiro
da Casa Real.36
Logo depois, a 11/09/1521 é nomeado juiz dos reguengos e dos
direitos reais do almoxarifado de Guimarães o mesmo Gonçalo de Faria,
cargo que fora do falecido de Diogo Velho.37
Não podemos, embora, garantir a identificação com o Diogo Velho a
quem o mesmo monarca fez doação de umas casas na cidade do Porto, em
30/03/1497, por mandado a D. Martinho de Castelo Branco, senhor de Vila
Nova de Portimão, do seu conselho e vedor da sua fazenda.38
A data em que viveu este Diogo Velho, bem como a ligação a
Guimarães, assim como a consistência do nome na linha dos Velhos deste
nosso estudo, facilitaria a filiação nele do Brás Velho, morador em S. Miguel
de Silvares, do concelho de Lousada, o mais antigo antepassado
documentalmente comprovado. Este, falecido a 05/09/1591, teria nascido
cerca de 1510/1500, pois que o filho, igualmente chamado Diogo Velho, terá
nascido cerca de 1521, se a data indicada no assento de óbito estiver correcta,
pois falecendo em 1621 se diz que teria a provecta idade de 100 anos.
Mas, pelo nome, pela localidade, mas igualmente pela data, seria
eventualmente da mesma família o Diogo, filho de Diogo Velho e de sua
mulher Leonor de Meireles, de S. João de Covas, que tomou ordens menores,
em Braga, no ano de 1519.39
Um outro possível parentesco se poderá admitir com o Pero Velho,
“honrado mercador”, morador na vida de Guimarães, a quem a colegiada
de Guimarães fez prazo do seu casal de Campos, em S. Torcato, a
03/01/1533.40
Este era casado com Filipa Martins, a qual seria a 2ª vida no
prazo referido.
Este Pero Velho, mercador foi, nomeadamente, pai de António Velho,
escudeiro, criado do chantre da colegiada de Nossa Senhora da Oliveira,
como se prova no testemunho que dão ao prazo do casal do Paço e Pregal,
em São Torcato a 08/10/1537. Este casou com Catarina de Almeida, nascida
35
Idem, ibidem, liv. 15, fl. 111
36
Idem, ibidem, liv. 18, fl. 10
37
Idem, ibidem, liv. 18, fl. 15
38
Idem, ibidem, liv. 31, fl. 109
39
M. Antonino Fernandes, Matrículas dos Ordinandos da Mitra de Braga (1430-1588). Ponte de Lima:
Edições Carvalhos de Basto, Lda. Tomo I.
40
A. M. Alfredo Pimenta, Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares,
mç. 85, n.º 1
23
na rua Nova das Oliveiras, Oliveira (Santa Maria), Guimarães (filha de
Francisco de Almeida e de sua mulher Beatriz Machado da Maia).
Não podendo ir além do que explanámos, iremos tratar da genealogia
dos Velhos, que se inicia na freguesia de S. Miguel de Silvares, já que o
citado Brás Velho aí casou, desconhecendo se ele viera de outra freguesia (e
não excluiremos a vila de Guimarães, atendendo a que um dos filhos foi
precisamente Gonçalo Velho, cónego magistral da insigne e real colegiada
de Santa Maria da Oliveira, de Guimarães) ou era já natural daquela
freguesia lousadense.
I - BRÁS VELHO, indubitável tronco desta família, foi morador em S.
Miguel de Silvares, do concelho de Lousada, onde se deve ter consorciado e
onde veio a falecer a 05/09/1591, com testamento de que foram
testamenteiros seus filhos Diogo Velho e Mateus Velho. Foi morador na sua
quinta de Esplendém.
Casou com MARIA NUNES, que faleceu na mesma freguesia a
11/06/1598 e fez manda com Gaspar Fernandes Moreno, nomeando
testamenteiro seu filho Mateus Velho.
Assento de óbito de Brás Velho, de “Esprendem”
Filhos:
II (1) - Diogo Velho, que segue
II (2) - Rev. Gonçalo Velho, que tomou ordens menores em 1544, na
capela de S. Geraldo, em Braga, vindo a ser cónego da colegiada de
Santa Maria da Oliveira, Guimarães.
Tomou posse da cadeira de Magistral em 22/06/1566, sendo
bacharel em Artes, Filosofia e Teologia, investido na cadeira de Leitor
da Sagrada Escritura, para que lesse e ensinasse as lições dela
conforme o decreto do Sagrado Concílio Tridentino.41
41
Boletim de Trabalhos Históricos, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, vol. XXX, pág. 7, nota (3) de “A
Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira no seu cerimonial e nas suas festividades”,
comunicação feita em 22/06/1979 ao “Congresso Histórico sobre Guimarães e a sua Colegiada” por
Manuel Alves de Oliveira.
24
Foi por concurso o 1º magistral que houve na colegiada de
Guimarães. Já o era em 1571, vindo a falecer a 28/05/1613, às 9 horas
da noite.
Em 1610 o cónego magistral licenciado Gonçalo Velho fez
doação à Misericórdia de Guimarães de que era provedor o cónego
Jerónimo Carvalho da Fonseca, do dinheiro dos depósitos que estavam
feitos dos foros que se deviam do casal do Assento, da igreja de S.
Pedro de Azurém.42
II (3) - Brás Velho, que foi casar à freguesia de Pias, do mesmo
concelho, com Catarina Joana, de quem teve, pelo menos, a Marta
Nunes, casada em 1ªs núpcias com Baltazar Gonçalves, e em 2ªs
núpcias, na mesma freguesia, a 21/02/1605, com João Gaspar, filho
de Gaspar Fernandes e de sua mulher Maria Gonçalves.
II (4) - Violante Nunes, que foi moradora na sua quinta da Rabada, na
freguesia de Santa Maria de Alvarenga, onde faleceu a 22/04/1584,
com testamento, sendo testamenteiro seu 2º marido.43
Casou em 1ªs núpcias com Pero Jorge, que faleceu na mesma
freguesia a 29/04/1577, abintestado, sendo sepultado junto de seu pai,
sendo filho de Jorge Dias e mulher Maria Dias. C. g.
Casou em 2ªs núpcias, a 08/01/1578, em Alvarenga, com
Gaspar Vaz, filho de Gonçalo Vaz e de sua mulher Ana Gonçalves,
da freguesia de Santa Margarida de Lousada.
II (5) - Maria Nunes44
, casada em Alvarenga, a 28/09/1576 (sendo
recebida por seu tio “ho Sñor Gº Velho, cónego da igreja de Nossa
Senhora da Oliveira de Guimarães”, estando presentes Brás Velho e
Aleixo Velho, de Arrifana), com Baltazar Gonçalves, filho de
Gonçalo Afonso, da freguesia de Santa Marinha de Lodares, do
mesmo concelho de Lousada, e de sua mulher Maria Dias. C. g.
II (6) - Rev. Afonso Velho, baptizou sua sobrinha Marta Nunes em
1562, na freguesia de Alvarenga.
II (7) - Mateus Velho, morador na quinta de Esplendem, casou com
Apolónia Vaz (Ferreira), falecida a 28/11/1640, abintestada, ficando
seus filhos Gonçalo Ferreira e Anastácia Vaz com a obrigação do seu
bem de alma. C. g.
42
“Pedra Formosa”, Efemérides Vimaranenses, blogue informativo da Sociedade Martins Sarmento,
23/01/2007.
43
Esta casa da Rabada, em Alvarenga, que visitei exteriormente, há anos, na companhia do saudoso Primo
e distinto investigador e historiógrafo, Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra, foi-nos informado no local, por um
freguês, ter ela possuído uma pedra de armas que havia sido deslocalizada para parte incerta pelo seu
proprietário de então. Desconhecemos, malogradamente, que composição heráldica possuía a pedra de
armas.
44
Mantemos, embora, alguma dúvida acerca da filiação desta Maria Nunes, hesitando se seria filha dos que
lhe damos por pais, se neta e filha do casal Diogo Velho e Genebra Dias, adiante referidos. E isto porque a
filha deste casal, Marta Nunes, casa no ano de 1582, tendo sido baptizada no de 1562.
25
II (8) - Rev. Pero Velho, recebeu ordens menores em Braga, a
20/12/1572. Foi abade de S. Pedro da Raimonda, Lousada, onde
faleceu a 06/12/1602, estando enfermo havia três ou quatro meses e
havia renunciado em seu sobrinho o Revº. Gonçalo Velho, havia mais
de dois meses.
II - DIOGO VELHO, que deverá ter nascido cerca de 1521, se a idade está
indicada correctamente no assento de óbito: Diogo Velho, do Bairro,
freguesia de Santa Maria de Alvarenga, Lousada, faleceu de doença que
Deus lhe deu sendo de idade de cem anos, a 19/05/1621, confessado, não
comungou por não se atrever e está enterrado diante do arco junto de sua
mulher. Fez testamento.
Assento de óbito de Diogo Velho, do Bairro
Foi tabelião do concelho de Felgueiras e couto de Pombeiro, senhor
da Casa e Quinta do Bairro e administrador da capela de S. Roque, em Santa
Maria de Alvarenga.
Casou em Santa Maria de Alvarenga com GENEBRA DIAS, que
faleceu nesta freguesia a 06/01/1616, de morte repentina, sendo filha de
Diogo Gonçalves, senhor da quinta do Bairro (onde faleceu a 31/01/1586, co
testamento de que foi testamenteiro seu genro Diogo Velho) e de sua mulher
Maria Roiz (falecida a 04/01/1592, sendo sepultada junto de seu marido,
abintestada, tendo no dia do enterro 11 padres pagos a 70, e de jantar vaca, a
7 do mesmo mês 11 padres pagos a 60, e deu de jantar peixe fresco bom, e a
20/02/1593 se lhe fez o ano e teve 12 padres de graça a rogo do padre
Gonçalo Velho a que Diogo Velho disse que dava toda a esmola).
No livro misto nº 2 da freguesia de Alvarenga (a folhas 135) deixou escrito
o pároco:
26
“Na capela de São Roque 5 missas cada ano, pagas a meio tostão que
dizem os Reitores desta igreja pela alma de Diogo Velho, de que agora é
administrador Sebastião Teixeira morador em São Fins por comprar a ponte
da Veiga da mesma freguesia, as herdades sobre que carrega a satisfação
das esmolas delas, oração Deus venir largitor: não tem dia certo.
Este administrador da fábrica desta ermida, com porção de 5 medidas
a casa do Bairro desta freguesia que ora possui Margarida Nunes, Dona
viúva que ficou do capitão Gonçalo Fernandes de Sousa: fiz eu Reitor
Mateus Teixeira, Roteiro que está na igreja no tempo do Ilº Sr. Arcebispo
Dom Veríssimo e pus neste livro a continência dele. Mateus Teixeira.”
Tiveram, pelo menos45
:
III (1) - Revº Gonçalo Velho, que tomou a prima tonsura na capela de
S. Geraldo, da Sé de Braga, em 26/03/1583.
Foi abade de S. Pedro da Raimonda, Lousada, desde 1602.
III (2) – Marta Nunes, que segue
III – MARTA NUNES, foi baptizada a 07/01/1562, na freguesia de Santa
Maria de Alvarenga.
Foi senhora da casa e quinta do Bairro.
Casou em Alvarenga, a 13/05/1582, com JOÃO MANUEL,
mercador, natural da freguesia de Santa Maria de Gémeos, no termo de
Guimarães, filho de Manuel Dias, rico mercador, e de sua mulher Catarina
Afonso, o qual veio a falecer em Alvarenga a 26/12/1630, de uma doença de
que estava na cama havia muitos dias e cego, recebeu a Santa Unção e foi
confessado; não recebeu o Santíssimo Sacramento da Comunhão por não
poder e dizem que fez testamento, sendo enterrado numa cova que fez
defronte do altar de Santa Catarina, da igreja de Alvarenga.46
45
Vide o que deixamos escrito atrás na nota 13.
46
Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Notarial 46, fl. 69 vº:
Documento que documenta a filiação de João Manuel do Bairro, irmão de Cristóvão Dias inquiridor e
distribuidor no concelho de Lousada, Ano de 1588 a 18 de Janeiro.
“Quitação que deram António Dias Francisco Dias e Cristóvão Dias a João Manuel e a João Gonçalves
Nas pousadas do tabelião apareceram as partes António Dias mercador e morador na Rua das Molianas
e Francisco Dias mercador e morador no casal do Bairro da freguesia de Santa Maria de Gémeos e
Cristóvão Dias contador e destribuidor e enqueredor no concelho de Louzada e João Manuel morador no
casal do Bairro na freguesia de Santa Maria d’Alvarenga do dito concelho de Louzada todos irmãos e
filhos legítimos de Manuel Dias e de Catarina Afonso sua mulher defuntos e bem assim João Gonçalves
cavaleiro da casa del rei e morador que disse ser na cidade de Lisboa e natural da freguesia de Santo
Estêvão de Urgeses e logo por eles António Dias e Francisco Dias e Cristóvão Dias e João Manuel foi dito
que eles fizeram uma procuração ao dito João Gonçalves para em seus nomes cobrar arrecadar todos os
bens e fazenda que ficara de Pedro Manuel que se faleceu na cidade de Septa (Ceuta) nas caravelas da
Armada que os Turcos tomaram a qual arrecadação ele João Gonçalves lhe deu por fiador a Bartolomeu
Gonçalves mercador e morador ao Toural (…) e é verdade que ele João Gonçalves lhes tinha dado pagos
entregues e satisfeitos todos os bens e fazenda que ele arrecadara e cobrara”.
Mais uma informação que nos foi gentilmente fornecida pelo historiador vimaranense, Dr. Rui Faria, a
quem ficamos, mais uma vez, devedor.
27
Filhos:
IV (1) – Maria Nunes, nascida no casal do Bairro, freguesia de
Alvarenga (Santa Maria), concelho de Lousada, ca. 1583. Casou na
mesma freguesia a 24-Jan-1599 com Gonçalo Freire, filho de Gaspar
Pires, do Mouro.
IV (2) – Catarina Nunes, nascida no lugar do Bairro, freguesia de
Alvarenga, baptizada a 23/09/1585 e faleceu no Campo de Santa
Catarina, na tarde de uma quinta-feira de Janeiro de 1609, “jaz no
altar de Santa Catarina na Campa de seu pai porquanto se mandou
por testamento que fez Pantalião Ribeiro no qual mandou que nesta
Igreja a sepultassem. Obradas do enterramento / hum peru / 2
carneiros / duas rasas de triguo / 4 de milho / 4 cântaros de vinho,
hum de dez canadas quebrou e perdeu-se pelo caminho / Na Sexta-
feira dois de Janeiro de 609 teve offício por sua alma de seu marido
Francisco da Silva, vinte e um padres esmola a seis vinténs e de beber
peixe, pão e vinho / de todo o acima dito leva o vigário Francisco
Pinto a metade / E mais lhe dei a minha parte do peru que mo pediu /
mais vieraõ no dia e no offício três pescadinhas galeguas levou as
duas por lhe fazer graça pesariam todas seis arráteis / Fez mais
Francisco da Silva o mês aos 5 de Janeiro e aos seis o anno e a cada
estado destes teve quinze padres a preço e esmola sete vinténs (…)”.
Casou na mesma freguesia, a 03/11/1602, com Francisco da
Silva, filho de Gaspar Martins e de sua mulher Maria da Silva, da
freguesia de Sousela (Santa Maria. C. g.
IV (3) – Manuel Velho, que segue
IV (4) - Diogo Velho, nascido em Janeiro de 1587, baptizado em casa
por Margarida André mulher de Santos da Silva, faleceu a 31/01/1587.
Casou na freguesia de São João de Covas a 09/11/1608 com
Beatriz de Meireles Freire, herdeira do casal de Almedinha, filha de
Domingos Gaspar (Moreira) e de sua mulher Águeda Freire de
Meireles, senhores da casa de Rio de Moinhos, da freguesia de S. João
de Covas.47
C. g.
IV (5) – Isabel Nunes, nascida no lugar do Bairro da freguesia de
Alvarenga, onde casou a 13/11/1611, com Francisco Freire, filho de
Brás Dias e de sua mulher Maria Freire, moradores em Mós, freguesia
de S. Miguel de Silvares, filho de Brás Dias e de sua mulher Maria
Freire. Viveram no casal da Barruda.
Casou segunda vez a 05/07/1621 com Gonçalo Jorge.
47
Este casamento foi contra a vontade dos pais da noiva, segundo informa Manuel José da Costa Felgueiras
Gaio, no seu “Nobiliário de Famílias de Portugal” em título de Moreiras, da Lousa, e o padre Henrique
Moreira da Cunha, no seu Nobiliário, manuscrito, “Árvore da Antiga Família de Moreiras da Casa da
Lousa sita no lugar de Moreira, freguesia de S. Miguel da Gandra, Aguiar de Sousa”.
28
IV (6) – Margarida Nunes, foi senhora da casa do Bairro, em
Alvarenga.
Casou em Alvarenga, a 16/11/1625, com o capitão Gonçalo
Fernandes de Sousa, mercador de panos e linho, ofício de que vivera
juntamente com o rendimento de suas fazendas (uma testemunha no
processo de habilitação para o Santo Ofício do seu neto o Rev.
Gonçalo de Sousa e Oliveira, diz que o avô deste comprava nas feiras
pano de linho). Ele era natural de Cepeda, na freguesia de S. Martinho
de Arrifana de Sousa, filho de Sebastião Fernandes e de sua mulher
Maria André, estalajadeira no sítio da Ponte Cepeda, aonde vinham
pousar muitos mercadores e homens de fora. Nela foi aposentado
alguns tempos um mercador castelhano e por lhes nascer um filho
nesse tempo, o mercador se lhe afeiçoou e depois de ser de doze anos
o levou para Castela, donde veio homem feito. Pretendeu Catarina
André, sua tia, irmã da mãe, que o castelhano lhe levasse um seu filho
e por ele o não fazer, pelejando com sua irmã, afirmou que se ele lhe
levara o filho fora por o haver dele e não do marido. Desta fama nasceu
o dizer-se que Gonçalo Fernandes de Sousa tinha raça de cristão-novo,
o que é impossível averiguar. Quando ele ia às festas de Penafiel
diziam vulgarmente “lá vem o judeu de Alvarenga”. No mesmo
processo algumas testemunhas afirmam que Margarida Nunes tinha
fama de cristã-nova e a esse respeito se fizeram diligências tendo as
testemunhas ouvidas afirmado que ela era das principais famílias do
concelho de Lousada, com irmãos religiosos.48
Foi Gonçalo Fernandes de Sousa capitão de ordenanças do
concelho de Lousada, por eleição da câmara em 1641, exercitando até
1665, ano em que faleceu; e em todo este tempo acudiu com
pontualidade às obrigações que lhe tocavam do exercício da sua
companhia e das conduções dos soldados para a província do Minho;
serviu também, pelo espaço de 22 anos de tesoureiro das décimas e
depositário dos bens de raiz, sem que por este trabalho levasse salários.
C. g.
IV (7) – Anastácia Nunes da Fonseca, que casou com Pantaleão
Pinto Ribeiro, capitão-mor de Lousada, senhor da casa do Porto, em
Santa Margarida de Lousada, filho de Pantaleão Ribeiro e de sua
mulher Leonor Pinto da Fonseca, senhores da dita casa do Porto. C. g.
na casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, Lousada.49
48
A. N. T. T., Leitura de Bacharéis, Manuel Pinto de Sousa, maço 19, nº 3.
49
Leonor Pinto da Fonseca ou Leonor Pinto Borges, mãe do capitão-mor Pantaleão Pinto Ribeiro, era filha
de Amador Pinto de Sousa, escrivão da câmara e almotaçaria do concelho de Lousada, senhor da casa do
Porto, em Santa Margarida de Lousada, e do casal da Seara, em Caíde de Rei, Lousada, e de sua mulher
Filipa Borges Barreto, sendo ele filho de Gonçalo Rodrigues Pinto, escudeiro e juiz ordinário do concelho
de Lousada, e de sua mulher Leonor Vieira (filha de António Rodrigues Vieira e de sua mulher Maria da
Folha); neto paterno de Rui de Oliveira Pinto, 2º senhor da casa do Porto, e mulher Isabel Juzarte; bisneto
29
IV (8) – João Inocêncio, frade crúzio
IV (9) – Revº João Velho, vigário de Carvalhosa, Paços de Ferreira.
IV (10) – N. do sexo masculino, que morreu recém-nascido.
IV (11) - N. do sexo masculino, gémeo do anterior, morreu na mesma
data.
IV – MANUEL VELHO, natural da freguesia de Alvarenga, veio a falecer
na freguesia de Sernande, do concelho de Felgueiras, no lugar do Burgo, a
24/12/1669, com todos os sacramentos; fez testamento em que deixou sua 3ª
mulher por herdeira e foi sepultado na sua capela da Santíssima Trindade.
Foi tabelião do público e judicial do concelho de Felgueiras e couto
de Pombeiro, juiz dos órfãos do concelho de Unhão, familiar do Santo
Ofício50
, senhor da casa do Burgo, em Sernande, Felgueiras, e de meio casal
do Assento, na comenda de Airães, da Ordem de Cristo (em 08/10/162151
).
Casou em 1ªs núpcias, a 14/09/1614, em Sernande, com MARIA DO
COUTO (PEREIRA)52
, natural da mesma freguesia e herdeira da Casa do
Burgo, onde veio a falecer a 24/01/1641, com todos os sacramentos e fez
testamento; “era pessoa nobre e muito riqua”.53
Era filha de Manuel Pereira,
tabelião do público de Felgueiras e juiz dos órfãos do concelho de Unhão
durante, pelo menos, 30 anos 54
, e de sua mulher Antónia do Couto, senhores
da casa do Burgo.
Vieram eles a herdar a administração do vínculo da Santíssima
Trindade, instituído pelo irmão dela Salvador do Couto Pereira.
paterno de António de Sousa, de Amarante, donatário do concelho de Lousada e de sua jurisdição, fidalgo
do Conselho (1475), claveiro da Ordem de Cristo (antes de 1468), fronteiro de Nisa, Montalvão e Alpalhão
(31 de agosto de 1475), sendo filho natural de Afonso Vasques de Sousa, freire da Ordem de Cristo, sendo
este filho de outro Afonso Vasques de Sousa, o Cavaleiro, e de sua mulher Leonor Lopes de Souza, em
segundas núpcias da mesma, filha de D. Frei Lopo Dias de Souza, mestre da Ordem de Cristo. Portanto,
António de Sousa era dos Sousa ditos de Arronches por parte desta sua bisavó Leonor Lopes de Sousa e de
sua mulher Beatriz Pinto, 1ª senhora da casa do Porto, como consta da justificação de nobreza de seu
descendente Pantaleão Pinto Ribeiro, e dos Pinto Cochofel da casa de Lagariça, como consta das cartas de
armas dos netos deste António Pinto de Sousa e padre José Pinto de Sousa, datadas respectivamente de
23/10/1731 e 08/11/1731. Aí se refere que eram descendentes da casa da Lagariça no concelho de Ferreiros
e Tendais, tendo-lhes sido passadas cartas de armas: escudo esquartelado, no I e IV Sousa, de Arronches,
por privilégio; II as armas dos Pinto; e III as armas dos Ribeiro; elmo de prata aberto guarnecido de ouro;
tendo por diferença uma brica de ouro com um trifólio de negro; e timbre dos Pinto). Vd. Do autor “Borges
Barretos, das casas de S. João de Macieira, Juste e Ronfe (Lousada) (Aditamento ao estudo Memórias
Familiares e Genealógicas), a publicar em breve.
50
Idem, Santo Ofício, maço 53, doc. 1134.
51
Idem, Chancelaria da Ordem de Cristo, livro 19, fls. 25.
52
Teve uma irmã, Ana do Couto, que casou com Matias de Lemos Ribeiro, herdeiro da quinta de Moure,
filho de Jorge de Lemos Ribeiro, senhor da quinta de Moure, e de sua 2ª mulher Maria Teixeira, da torre
de Refontoura. C. G. (vide Nobiliário de Famílias de Portugal, Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Titº
de Lemos, $ 19, Nº 4)
53
Assim se expressou o pároco de Sernande ao elaborar o assento de óbito.
54
Por ser velho em 1618, tendo três filhas e um filho, foi-lhe passado um alvará, em Lisboa, a 11/05/1618,
pelo rei D. Filipe III, dando-lhe licença para renunciar o dito ofício numa das suas filhas, para a pessoa que
com ela casasse, vindo a ser confirmado em seu genro Manuel Velho.
A. N. T. T., Chancelaria de D. Filipe III, Doações, Livro 9, fls. 162 e 162vº.
30
Assento de óbito de Maria do Couto
“Salvador do Couto Pereira, irmão legítimo de Maria do Couto, 1ª
mulher de Manuel Velho, comprou uma herdade que foi de Maria Pacheco
e que depois possuiu Domingos Marques, barbeiro, casado com Catarina
Brochado; esta herdade era encapelada à Santíssima Trindade com 14
medidas de pão e 14 de vinho ou o que na verdade se achar. Faleceu Manuel
Velho e sua mulher Maria do Couto. Ficaram-lhe filhos do 1º matrimónio,
sobrinhos do instituidor, os quais trouxeram e trazem demandas com os
filhos do 3º matrimónio que são Manuel Velho Pinto e sua mãe Maria Pinta
e sonegam os títulos do vínculo e a instituição e há mais de 15 anos que se
não dá satisfação a elle por ficarem em posse e cabessa de cazal o S.or D.or
visitador fara nisto o que for justiça pª que se não perqua a menoria deste
bem pio”.
Assim se expressou o pároco de S. João de Sernande, no livro misto
nº 2, fls. 144 vº e 14555
, em que acrescenta: “Mais o Padre Francisco Mendes
Pereira, natural desta freguesia de S. João de Sernande que faleceu capelão
da capela de São Silvestre, freguesia de S. Miguel de Alcanissa, termo da
vila de Sintra, deixou duas missas rezadas por cada um deles esmola de
tostão que se digam na Capela da Santíssima Trindade, uma no seu dia e
outra no dia de fiéis de Deus a seu responso, em cada uma administrador
das ditas missas João do Couto Pereira, prior da Igreja de S. Miguel de
Alcanissa, e os bens que deixou no lugar de Sernande obrigados a este
legado”.
55
Arquivo Distrital do Porto, S. João de Sernande, Felgueiras, PT-ADPRT-PRQ-PFLG25-002-0002,
m0027.
31
“Declaração da obrigação das missas da Capella da Santíssima Trindade
sita no lugar do Burgo desta frgª de São João de Cernande”
Casou em 2ªs núpcias, a 12/10/1642, na freguesia de Santo Adrião de
Vizela, que pertencia então ao concelho de Felgueiras (hoje do concelho de
Vizela), com BEATRIZ LOPES DA ROCHA, moradora nesta freguesia,
irmã do Revº Jerónimo Lopes, abade desta freguesia (por sua vez sobrinho
do anterior abade, o Revº Salvador Lopes), filha de Pero Fernandes, oriundo
do casal do Ermo, em S. Lourenço do Selho, e de sua mulher D. Ana Lopes,
natural da freguesia de S. Pedro de Azurém, Guimarães, do lugar do Cano
das Gafas (era filha de João Lopes, sapateiro e mercador de couros, e de sua
mulher D. Catarina Gonçalves).56
Faleceu Beatriz Lopes da Rocha a
10/03/1654, com todos os sacramentos, deixando seu marido por herdeiro e
testamenteiro da terça de sua alma. S. g.
Casou em 3ªs núpcias, a 14/06/1655, na freguesia de Cristelos,
Lousada, com MARIA PINTO (RIBEIRO), nascida nesta freguesia a
13/01/1635, vindo a falecer a 02/11/1700, com todos os sacramentos, sendo
sepultada na igreja de Sernande, ficando seu filho Manuel Velho Pinto
obrigado ao bem da alma, e era filha de João Pereira e de sua mulher Maria
Pinto Ribeiro (irmã do capitão-mor de Lousada Pantaleão Pinto Ribeiro,
acima citado em IV (7), neta paterna de Gonçalo Gonçalves, do Barreiro, e
de sua mulher Maria Gonçalves; neta materna de Pantaleão Ribeiro e de sua
56
Acerca destes Lopes ou Lopes da Rocha e a sua eventual ligação com os Lopes da Ramada, depois Lopes
da Rocha, de Guimarães, tenho em mãos para futura publicação um estudo (que, eventualmente, possa ser
valorizado e honrado com a colaboração do ilustre investigador e historiador vimaranense, Dr. Rui Faria)
a que dei o nome “LOPES DA ROCHA, de Guimarães, administradores da capela de Santa Ana, na
colegiada da Oliveira, “que tem por armas duas ventosas”.
32
mulher Leonor Pinto da Fonseca (ou Leonor Pinto Borges), senhores da casa
do Porto, em Santa Margarida de Lousada.
Assento de óbito de Manuel Velho, em Sernande, “foi sepultado na sua Capella”.
Assento de óbito de Maria Pinto, em Sernande
Filhos do 1º matrimónio:
V (1) – Manuel Velho do Couto, que foi vereador em Guimarães, em
1658 e 1670, cavaleiro professo na Ordem de S. Bento de Avis,57
senhor da quinta da Silva, na freguesia de S. Miguel de Gonça,
Guimarães (por sua mulher), tendo falecido pobre a 04/01/1701, em
Gonça.
Teve carta da propriedade do ofício de escrivão do público,
judicial e notas, datada de 04/03/167158
e de tabelião do concelho de
Felgueiras, por carta de 31/05/1670,59
bem como alvará de
confirmação do ofício de juiz de órfãos do concelho de Unhão pela
aposentação da condessa do mesmo título, datado de 21/01/1673.60
Casou a 23/02/1650, em Nossa Senhora da Oliveira, Guimarães,
com Mariana da Guerra, “Morgada”, falecida a 22/02/1692, na sua
quinta da Silva, herdeira do Morgadio da quinta da Silva, em Gonça,
instituído por seu tio, D. Manuel Afonso da Guerra, que foi colegial
da Madalena (um dos colégios menores de Salamanca) antes de se
candidatar ao Colégio Maior de S. Bartolomeu, vindo posteriormente
a ser bispo de Cabo Verde, o qual era natural de Guimarães, filho de
57
A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês de Ordens Militares, Hábito de Avis com 20$000 réis de
pensão, liv.13, f. 80v, 02/09/1660.
58
A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.14, f.37v.
59
Idem, Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.14, f.37v.
60
A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.19, f.197v
33
António Afonso e de sua mulher Maria Gomes.61
O casamento foi
precedido de convenção antenupcial. S. g.62
Assento de óbito de “Mariana da Guerra morgada,
moradora na Quinta da Sylva, mulher de Manuel Velho do Couto”
Assento de óbito de Manuel Velho do Couto, “que falleceo pobre”,
sendo “Cavaleiro professo do hábito de S. Bento de Avis”
Teve bastardo em Domingas Pereira (ou Ferreira):
VI (1) – Filipe Velho do Couto, que foi tabelião de Felgueiras de
1714 a 1745,63
tendo casado a 05/02/1696, com Jacinta
Brochado Teixeira, senhora da casa de Cramarinhos, em
61
Vide “INQUIRIÇÃO À ASCENDÊNCIA, PESSOA E BENS DE UM ILUSTRE VIMARANENSE D.
MANUEL AFONSO DA GUERRA, BISPO DE CABO VERDE (+ 1624), de Armando de Jesus Marques,
in Congresso Histórico de Guimarães e sua Colegiada, Actas, Volume IV, Comunicações, Personagens
Ilustres de Guimarães.
62
Testamento de Manuel Velho do Couto e mulher Mariana da Guerra, no Livro B-22-1-36 (N-448, fls.
99), Guimarães, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.
63
A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Pedro II, liv. 14, f.197, Carta de tabelião de
Felgueiras, de 25/10/1701.
34
Salvador de Moure, filha de António Brochado da Costa e de sua
mulher Maria Teixeira. C. g.64
V (2) – Revº João do Couto Pereira, citado naquela declaração da
obrigação das missas da capela da Santíssima Trindade, foi prior de São
Miguel de Alcaniça arcebispado de Lisboa.
Filhos do 3º matrimónio:
V (3) – Manuel Velho Pinto, que segue
V (4) – João Velho Pinto, baptizado a 02/06/1658 em Sernande, sendo
padrinho Manuel Velho, de Gonça, Guimarães, seu meio-irmão.
V (5) – D. Maria Pinto, baptizada a 15/04/1663, em Sernande.
Casou a 12/11/1688, na mesma freguesia, com Francisco de
Barros Soares, filho de Brás Soares e de sua mulher Cecília de Barros,
da freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, Guimarães.
V (6) – António Pinto Ribeiro, baptizado a 11/04/1666, em Sernande,
e falecido solteiro a 29/12/1697, com todos os sacramentos, sendo
sepultado na igreja de Sernande, ficando seu irmão Manuel Velho
Pinto obrigado ao bem de alma.
V (7) – Matias Velho Pinto, baptizado a 09/12/1668, em Sernande,
morreu menino.
V (8) – Matias Velho Pinto, baptizado a 14/09/1670, sendo seu pai já
defunto.
V – MANUEL VELHO PINTO, baptizado a 23/04/1656 em Sernande,
vindo a falecer a 14/10/1723, com todos os sacramentos, sendo o seu corpo
sepultado de licença do Ilustríssimo Senhor na capela da Santíssima
Trindade, por assim o ordenar em seu testamento, no qual ordenou mais que
lhe mandassem dizer por sua alma três ofícios de vinte padres cada um, com
esmola de cento e cinquenta e que se desse de oferta ao pároco no ofício de
64
Na Inquirição de António Velho do Couto, filho de Filipe Velho do Couto e de sua mulher Jacinta
Machado Teixeira, afirma João Dias, lavrador natural de Rande e morador no lugar do Souto de São João
de Sernande que “o dito Filipe do Couto filho natural de Manuel Velho do Couto, natural do Burgo desta
freguesia da qual casou para a de Gonça termo de Guimarães aonde assistiu e morador que foi na dita
vila servindo nela como vereador repetidas vezes, e na dita vila teve o dito filho que como tal tratou e ficou
herdeiro de parte de seus bens sendo de todos por tal conhecido e na mesma forma o tratou sempre seu tio
Manuel Velho do Couto irmão do dito seu pai”; no mesmo sentido Domingos da Costa, oficial de sapateiro,
natural da freguesia de Varziela, morador no lugar do Assento, de 60 anos, mais ou menos, afirma “não
conheceu Manuel Velho do Couto mas sim a hum irmão do mesmo nome”; mais o depoimento de João de
Carvalho, jornaleiro, natural da freguesia de São Tomé de Friande, e morador no Burgo, idade de 70 anos,
mais ou menos afirma que “o dito de Manuel Velho do Couto nunca tornou a esta freguesia por grossas
demandas que trouxe com seu irmão, do mesmo nome, natural e morador que era na mesma casa do Burgo
e que ele testemunha conheceu por haver só quatro anos que é falecido, o qual sempre tratou por seu
sobrinho ao dito Filipe Velho que de todos é conhecido por filho natural do sobredito Manuel Velho do
Couto” (Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, Inquirições de Genere, Processo n.º 6275,
Pasta 278).
35
corpo presente três cruzados novos e nos outros seiscentos réis em cada
ofício.
Assento de baptismo de Manuel Velho Pinto, em Sernande
“Homem nobre, sabe muito bem ler e escrever e tem quantidade de
bens de raiz com que se sustenta largamente e com muita limpeza, e não tem
filhos fora do matrimónio”65
Diligência de habilitação para o Santo Ofício de Manuel Velho Pinto
Foi senhor da casa da Capela, administrador do vínculo da Santíssima
Trindade, bem como da quinta da Pena, tudo na freguesia de Sernande, e de
65
A. N. T. T., Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Manuel, mç. 53, doc. 1134.
36
meio casal do Assento, na comenda de Airães, da Ordem de Cristo, familiar
do Santo Ofício.
Casou a 13/03/1684, na freguesia de S. Tomé da Abação, Guimarães,
com D. SERAFINA PEREIRA DE ALMEIDA, natural da freguesia de
Santa Maria de Airães, do concelho de Felgueiras,66
e falecida a 26/02/1728,
em Sernande,67
filha legitimada do Licenciado Revº Simão Pereira de
Almeida68
, pároco desta freguesia e abade da freguesia de S. Tomé de
Abação, no termo de Guimarães69
, e de Maria Ribeiro, solteira, da freguesia
de Airães; neta paterna do Dr. Simão Pereira, bacharel formado em Leis,
corregedor na vila da Torre de Moncorvo, ouvidor da cidade de Tânger,70
e
de sua mulher e prima co-irmã D. Francisca de Almeida Brandão71
, senhores
da casa e quinta de Arvoredo, em Luzinde, Penalva do Castelo.
Assento de casamento de Manuel Velho Pinto com D. Serafina Pereira de Almeida
66
Diz-se isto em vários documentos; sem embargo, nem nos livros de baptismo da freguesia de Santa Maria
de Airães, nem nos da freguesia de S. Tomé de Abação, encontrámos o respectivo assento de baptismo.
67
Faleceu viúva, com todos os sacramentos, fez testamento vocal em que deixou que seu corpo fosse
sepultado na sua capela da Santíssima Trindade, na sepultura do seu marido e seus antepassados e que por
sua alma fariam seu herdeiros como deles esperava.
68
Era natural da freguesia de Luzinde, onde foi baptizado a 11/11/1622, pelo vigário de Pindo João Pais do
Amaral.
Uma irmã do Licenciado Simão Pereira de Almeida, de nome D. Francisca de Almeida, casou com
Damião Gonçalves de Chaves, morador em Viseu, pessoa nobre e por isso conhecida, Familiar do Santo
Ofício, o qual tendo sido casado em 1ªs núpcias com Marta de Gouveia, teve o Dr. Manuel Gouveia de
Chaves, Mestre Escola da Sé de Chaves, e D. Cristina de Chaves, casada com o donatário e senhor da vila
e comendador de Alva (A. N. T. T., Santo Ofício, Tribunal do Santo Oficio, Conselho Geral, Habilitações,
Damião, mç. 1, doc. 8 – Diligência de habilitação de Damião Gonçalves de Chaves).
69
Afirma o próprio Lic.º Simão Pereira de Almeida que tomou posse da igreja de S. Tomé de Abação a
20/04/1674.
70
Era ele filho de Pero Roiz, correeiro, da cidade de Coimbra, freguesia de Santiago, que se diz que “viveu
de tomar rendas e de sua fazenda” e de sua mulher Maria Fernandes, que vieram viver para a freguesia de
S. Martinho de Pindo, no lugar de Santa Eulália, onde faleceram.
71
Era filha de Manuel Pereira, do Arvoredo, e de sua mulher Francisca de Almeida. Um seu irmão,
Francisco Pereira, casou na Ínsua, a 04/02/1612, com Francisca de Albuquerque, filha de Francisco Pereira
e de sua mulher Ângela de Sequeira, dispensados no 2º grau de consanguinidade.
37
D. Serafina Pereira de Almeida foi legitimada por carta de legitimação
passada a 13/08/1681, a pedido do Licenciado Revº Simão Pereira de
Almeida, o qual dizendo que sendo clérigo de missa e reitor na igreja de
Santa Maria de Airães, houve uma filha de nome Serafina, de uma Maria
Ribeiro, do lugar da Ribeira, sendo mulher solteira, e porque não tinha outra
filha nem herdeiros legítimos, fazia doação e perfilhação, como provava pela
escritura que outorgou em 24/04/1681, nas notas do tabelião Domingos
Pacheco, do concelho de Felgueiras.72
Assento de óbito de Manuel Velho Pinto
Assento de óbito de D. Serafina Pereira (de Almeida)
72
A. N. T. T., Chancelaria de D. Afonso VI, Legitimações, livro 7, fls. 38 vº. Ainda assim, sublinhe-se que
no assento de baptismo do filho primogénito de Manuel Velho Pinto aparece como padrinho António
Pereira, “irmão de Dona Serafina Pereira”.
38
Filhos:
VI (1) – António Pereira de Almeida Velho, baptizado a 06/01/1687, em
Sernande, sendo padrinho António Pereira, irmão de sua mãe D. Serafina
Pereira de Almeida. S. m. n.
VI (2) – Manuel Pinto Pereira Velho, segue
VI (3) – D. Inês Pereira de Almeida, baptizada na mesma freguesia a
04/01/1691 e morreu criança.
VI (4) – D. Helena Pereira de Almeida, baptizada na mesma freguesia a
18/03/1693 e falecida solteira, de morte repentina, a 14/04/1770.
VI (5) – D. Maria Pereira Pinto de Almeida, baptizada a 04/10/1695 na
mesma freguesia, onde faleceu solteira a 11/02/1773, no lugar da Pena.
VI (6) – D. Inês Pereira de Almeida, baptizada a 23/03/1698, na mesma
freguesia, sendo padrinho seu irmão António, tendo falecido solteira a
05/08/1775, abintestada, no lugar da Pena.
VI (7) – Bernardo Pinto Pereira Velho, baptizado a 06/11/1700, na mesma
freguesia, sendo padrinho seu irmão Manuel. Faleceu criança.
VI (8) – D. Serafina Pereira de Almeida, baptizada a 11/10/1704, na mesma
freguesia. S. m. n.
VI (9) – Sebastião Pereira Velho e Almeida, baptizado a 20/01/1707, na
mesma freguesia, S. m. n.
VI (10) – Revº Bernardo Pereira Pinto Velho, nasceu a 30/03/1708, na
mesma freguesia.
Fez habilitação de genere em Braga, a 07/04/1732. 73
Armas dos Velhos, no Livro do Armeiro-Mor,
manuscrito iluminado de 1509, do reinado de D. Manuel I,
da autoria do Rei de Armas João du Cros
73
Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, “Inquirições de Genere Vita et Moribus”, Procº
31449, Pasta 1393.
39
VI – MANUEL PINTO PEREIRA VELHO, foi baptizado a 19/09/1688,
na freguesia de Sernande, sendo padrinho António Dias de São Paio, familiar
do Santo Ofício, senhor da quinta da Lamosa, em S. Vicente de Sousa,
Felgueiras, marido de D. Maria Borges do Couto (esta irmã inteira do senhor
da casa de Sá, em Santa Eulália de Barrosas, Manuel Borges do Couto74
).
Foi senhor da casa da Capela e administrador do vínculo da Santíssima
Trindade, na freguesia de Sernande, senhor da quinta da Pena, na mesma
freguesia.
Em 22/12/1751 foi-lhe concedida provisão para poder colocar um
confessionário na sua capela do vínculo da Santíssima Trindade. 75
Casou em 1ªs núpcias, na freguesia de Santa Cristina de Vilariño,
concello de Pereiro de Aguiar, no bispado de Orense, com DOÑA MARIA
TERESA PEAGUDA FEIJÓO Y NOVOA, natural desta freguesia, filha
de Don Francisco Peaguda Feijóo, natural da freguesia de Erdeño (?) 76
e de
sua mulher Doña Maria Antonia Feijóo y Novoa, da casa e quinta de
Vilariño77
("Casa dos Morgado, con escudo de los Feixoó y Sotelos" a qual
veio a falecer abintestada, a 05/12/1749, em Sernande, sendo sepultada na
capela de seu marido e em sepultura dos antepassados deste.
A “Casa dos Morgado” tem duas pedras de armas:
a 1ª com um escudo com as armas dos Feijóo em pleno;
a 2ª com um escudo esquartelado: no 1º quartel Feixóo; no 2º, três árvores (Pardo?);
no 3º Novoa; e no 4º Sotelo
74
Vide, do autor, “Memórias Familiares e Genealógicas”, Porto – 2018, pág.s 97 e 98.
75
Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, Provisão a favor de Manuel Pinto Pereira Velho,
morador na quinta da capela da freguesia de São João de Sernande, concelho de Unhão, possuidor da sua
capela da Santíssima Trindade, sita na mesma freguesia, para poder pôr um confessionário na mesma.
76
Não consegui encontrar freguesia com este nome nas consultas que fiz. Poderá ter mudado de nome, ou
este estar mal escrito no assento paroquial português.
77
É a "Casa dos Morgado, con escudo de los Feixoó y Sotelos".
40
Assento de casamento de Manuel Pinto Pereira Velho com D. Maria Leonarda de Carvalho e Almeida
Casou em 2ªs núpcias, a 22/09/1757, na igreja de Santo Ildefonso, na
cidade do Porto, com D. MARIA LEONARDA DE CARVALHO E
ALMEIDA, natural de S. Martinho de Mancelos, onde nasceu a 27/08/1730,
(foi baptizada pelo tio o Revº Luís de Almeida e Andrade, irmão de sua mãe)
viúva de Johann van der Moher, natural de Hamburg e mercador na cidade
do Porto (filho de Ulrequim van der Moher e de sua mulher Gertrude van der
Moher de Hambourg), filha de Domingos Mendes de Carvalho, natural de
Salvador de Travanca, Amarante, escrivão do eclesiástico na cidade do
Porto, o qual a 06/07/1773, em Santo Ildefonso, Porto, sendo sepultado na
igreja de Santo Elói, freguesia da Sé, da mesma cidade, e de sua mulher D.
Leonarda Maria de Almeida e Andrade, natural da freguesia de Monserrate,
41
na cidade de Viana do Castelo, falecida a 19/07/1759, sendo sepultada na
igreja dos Congregados, da mesma cidade do Porto (eles casaram na igreja
de S. José, Lisboa, a 08/12/1727); neta paterna do capitão Manuel Mendes
de Carvalho e Vasconcelos, senhor da casa da Cruz, na freguesia de Salvador
de Real, Amarante, e de Mariana Gonçalves, solteira e moradora em S. Pedro
de Ataíde; neta materna de Manuel Luís de Arantes, natural de Besteiros,
concelho de Amares,78
e de sua mulher D. Mariana de Almeida e Andrade,
natural da freguesia de Sobral Pichorro, Celorico da Beira, distrito da
Guarda.79
Filha do 1º casamento:
VII (1) – D. Maria Rosa, nasceu em Sernande a 02/01/1748, sendo
padrinhos de baptismo D. João Manuel de Menezes e a Ex.ª Senhora
D. Maria Rosa de Menezes, sua mulher, da Casa de Ponte de Lima,
por procuração que fizeram ao Revº Bernardo Pinto Velho e a D.
Helena Pereira de Almeida, seus tios paternos, ambos do lugar e casa
da Capela, da freguesia de Sernande, e aí faleceu solteira a 30/08/1754.
Filhos do 2º casamento:
VII (2) – Francisco de Borja Pinto Pereira, nasceu em Santo
Ildefonso, Porto, a 10/10/1758. Teve habilitação de genere, em Braga,
a 29/12/1770. 80
VII (3) – D. Ana Peregrina Pinto Pereira Velho de Carvalho e
Almeida, segue
VII – D. ANA PEREGRINA PINTO PEREIRA VELHO DE
CARVALHO E ALMEIDA, nasceu a 11/07/1761 em Santo Ildefonso,
Porto, sendo seus pais moradores na rua de Saltavalados, dessa freguesia,
tendo por padrinho seu avô materno Domingos Mendes de Carvalho e o
Doutor Francisco Ribeiro dos Guimarães, morador ao Padrão das Almas,
78
Era filho de José Luís, natural da freguesia de Caires, e de sua mulher Ana de Arantes, do lugar do
Estremadouro, Besteiros, Amares.
79
Era filha de António Roiz Sobral, tenente de guerra ou tenente de cavalos (segundo outros), escrivão do
público, judicial e notas da vila de Infias no termo de Fornos de Algodres (em sucessão a seu sogro) e de
sua mulher Mariana de Almeida (filha esta de Filipe da Veiga, escrivão do público, judicial e notas da vila
de Infias no termo de Fornos de Algodres por carta de 10/08/1646 de confirmação do mesmo ofício que lhe
fora concedido pelo conde de Linhares, donatário da dita vila e de sua mulher Maria Tenreiro, da freguesia
de Sobral Pichorro.
António Roiz Sobral e mulher Mariana de Almeida António Roiz Sobral e mulher Mariana de Almeida
moraram na sua quinta de Valverde, arrabalde da Portela, freguesia de Monserrate, Viana do Castelo.
Mariana de Almeida e Andrade teve carta de padrão de tença de 16.000 reais por carta de 05/04/1691.
Vide de Óscar Caeiro Pinto “Genealogia da Família Tenreiro”, edições Guarda-Mor, Lisboa 2011, pág.
34 e 37. E de Luís Soveral Varella, “Os Soveral da Beira: de Algodres a Sernancelhe, Viseu, Canas de
Senhorim e Oliveira do Conde”.
80
Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, “Inquirições de Genere Vita et Moribus”, Procº
29706, Pasta 1313.
42
com procuração de D. Joana Benta de Vasconcelos de Almeida, tia materna
da baptizada.
Veio a falecer a 10/9/1839 na casa de Sá.
Brasão de D. Ana Peregrina Pinto Pereira Velho de Carvalho e Almeida
Leitura heráldica: 1º quartel, Velho; no 2º Pinto; no 3º Carvalho, no 4º Vasconcelos
Foi senhora da casa da Capela e última administradora do vínculo da
Santíssima Trindade, em S. João de Sernande, Felgueiras.
Casou na igreja paroquial de Santa Eulália de Barrosas, a 01/06/1801,
com FRANCISCO JOAQUIM MOREIRA CARNEIRO BORGES DE
SÁ BARRETO (ou FRANCISCO JOAQUIM MOREIRA DE SÁ, como
passou a usar mais tarde), viúvo (c. g.) de D. Josefa Antónia de Sotomayor
Osório de Menezes e Vasconcelos, o qual nasceu a 14/4/1748 em Barrosas,
sendo baptizado no dia 28 pelo revº José Borges Barreto, seu tio-avô
materno, tendo por padrinhos o tio-avô revº Manuel Borges de Sá e a tia
materna D. Teresa de Jesus Borges do Couto e Sá, e veio a falecer em 1832:
“O Cavalheiro Francisco Joaquim Moreira de Sá da Caza de Sá desta
freguezia de Santa Eulália de Barrozas, termo de Guimarãens, Arcebispado
de Braga, faleceo de vida prezente com todos os Sacramentos da Sancta
Madre Igreja aon vinte e dois dias do Mes de Febreiro do Anno de mil oito
centos e trinta e dois e foi sepultado na Capella da mesma Quinta de Sá em
sepultura propria aos vinte e tres dias do mesmo Mes e Anno”.
Foi fidalgo da Casa de Sua Majestade (alvará régio de 29/8/1752),
cavaleiro professo na Ordem de Cristo (alvará de 18/3/1767), proprietário do
ofício de escrivão do público, judicial e notas da correição de Guimarães
(cargo que renunciou em José António de Freitas, autorizado por alvará régio
de 7/5/1799), 1º administrador do morgado de Sá, administrador do vínculo
de Santa Cruz, em Santo Adrião de Vizela e do morgado do Outeiro, com
capela de Nossa Senhora dos Remédios, em S. Paio dos Arcos de Valdevez,
senhor da casa e quinta de Sá, das quintas do Requeixo, Eira e Crasto e prazo
das bouças da Silva Verde, em Barrosas, da quinta das Queirosas, em Santo
43
Estêvão de Barrosas, da quinta do Monte, em Gondar, das quintas do
Mosteiro e Assento, em Serzedelo, das quintas de Tigem, Casal e prazo de
Silvares, em Santo Adrião de Vizela, da quinta do Outeiro, em Regilde, das
quintas da Cascalheira e Mourisco, em S. João das Caldas de Vizela, da casa
e quinta do Pinheiro, privilegiada das Tábuas Vermelhas de Nossa Senhora
da Oliveira de Guimarães, em Nespereira, da fazenda de Santo António, na
província de Minas Gerais, no Brasil, dos moinhos do esquerdo (de seis
rodas), em Fermentões, etc.
Francisco Joaquim Moreira de Sá foi poeta de mérito, tendo pertencido
com o irmão, o cónego magistral Joaquim José Moreira de Sá, à “Academia
Vimaranense”.
Da sua actividade literária destacam-se “A Queda de Napoleão”,
poema épico em cinco cantos dedicado ao Príncipe Regente, e a
“Proclamação aos Portugueses”, em verso heróico solto, impressa em
Coimbra, na Real Imprensa da Universidade.
Era filho herdeiro do capitão-mor Francisco Moreira Carneiro,
capitão-mor da vila de Nossa Senhora da Conceição de Mato Dentro, distrito
do Serro Frio, província de Minas Gerais, Brasil, cavaleiro-fidalgo da Casa
de Sua Majestade (por decreto régio de 23/2/1750), cavaleiro professo na
Ordem de Cristo (mercê de 22/6/1741), familiar do Santo Ofício (carta de
Outubro de 1743), fidalgo de cota de armas, com carta de brasão de armas
de 16/4/1750,senhor da quinta do Assento, na comenda de Santa Cristina de
Serzedelo, da Ordem de Cristo, etc., nascido a 17/4/1690 em S. Pedro de
Ferreira, do concelho de Aguiar de Sousa, e de sua mulher D. Eduarda
Catarina Borges do Couto e Sá, senhora da casa e quinta de Sá, da casa e
quinta do Pinheiro, privilegiada das Tábuas Vermelhas, em Nespereira, das
quintas de Tigem e do Casal, com o vínculo da capela de Santa Cruz, em
Santo Adrião de Vizela, da quinta do Outeiro, em Santa Comba de Regilde,
da quinta do Monte, em Gondar, da quinta do Requeixo, etc.
Filhos deste matrimónio:
VIII (1) - Miguel António Moreira de Sá, embora não fosse o
primogénito (era filho, como vimos, do 2º matrimónio de seu pai), veio a
tornar-se o herdeiro do morgadio e dos restantes bens patrimoniais de seus
pais, pelo que foi o 2º administrador do morgado de Sá, senhor da casa e
quinta de Sá, da quinta da Cascalheira, do prazo de Silvares, da quinta do
Outeiro, de Tigem, do vínculo de Santa Cruz e quinta do Casal, etc.
Nasceu a 14/11/1801 em Santa Eulália de Barrosas e veio a falecer a
27/7/1836 em Lisboa, sendo sepultado no cemitério do Alto de S. João.
Foi combatente da causa liberal, sendo distinta a sua folha de serviços
em defesa do seu monarca.
Em 1821 e 1822 era cadete da 1ª Companhia do 1º Batalhão do
Regimento de Infantaria nº 15.
44
Em 1826 era já tenente do Batalhão de Voluntários Nacionais, em
Guimarães, onde serviu até 1828. Neste mesmo ano, passou a servir no Porto
e, após a derrota das forças constitucionais, acompanha a divisão de Sá da
Bandeira na sua ida para a Galiza e depois para Inglaterra.
No ano seguinte, em 1829, regressa a Portugal.
Sendo descoberto em Monção é preso e conduzido sob prisão para o
castelo de Guimarães. 115
Julgado em tribunal de guerra, é condenado à morte por enforcamento,
juntamente com outros combatentes liberais.
Em 19/11/1830 é protagonista de uma espectacular evasão, com mais
cinco companheiros seus igualmente condenados à pena capital.
Segundo ele próprio relata num curioso livro de memórias (com a
narração das aventuras e sofrimentos como exilado e prisioneiro de guerra),
ter-se-á servido dos lençóis das camas rasgados em tiras, atadas umas às
outras, sendo a primeira presa às grades da prisão. Por elas desceram os
fugitivos até ao largo do Cano.
Embarcou no Porto para o Brasil onde, posteriormente, se lhe foi
juntar a família, enquanto a casa de Sá era sequestrada pelo governo do rei
D. Miguel.
Durante a sua permanência no Brasil escreveu e publicou uma
“História de D. João VI”, no seguimento de uma tendência literária que se
manifestou desde a infância e relatada ufanamente pelo pai.
Regressou a Portugal em Abril de 1834, alistando-se no Batalhão
Nacional fixo, de Guimarães, em que teve o posto de capitão.
Em 4/8/1834 foi eleito vereador da Câmara de Guimarães, eleição que
se repetiu em 15/2/1835.
Nos finais de 1835 partiu com a família para a capital a fim de ocupar
o cargo de redactor de “O Nacional”, órgão oposicionista a Agostinho José
Freire, vindo a falecer no ano seguinte.
Casou a 12/3/1822 na cidade do Rio de Janeiro, com D. Maria
Bebiana de Carvalho e Oliveira, nascida a 12/12/1803 na mesma cidade e
falecida em 20/11/1840 em Santa Eulália de Barrosas, na sua casa de Sá,
filha do conselheiro Dr. Jacinto Manuel de Oliveira, bacharel formado em
Leis, desembargador no Rio de Janeiro, do conselho de Sua Majestade,
comendador da Ordem de Cristo, natural do Serro Frio, província de Minas
Gerais, e de sua mulher D. Joana Maria Angélica de Carvalho, natural da
freguesia de Landim, concelho de Vila Nova de Famalicão; neta paterna de
Custódio Barbosa de Oliveira, de S. Salvador de Bente, Vila Nova de
Famalicão, e de sua mulher D. Jacinta Teresa de Jesus, da vila do Príncipe,
no Serro Frio; neta materna do tenente-coronel Bento Dias de Carvalho
Landim, mercador, familiar do Santo Ofício (carta de 6/3/1767), natural de
S. Salvador de Bente, e de sua mulher D. Ana Gonçalves de Jesus.
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  • 1. 1 I BORGES BARRETO das casas de S. João de Macieira, Juste e Ronfe (Lousada)
  • 2. 2 Acerca da Família “Borges Barreto” é mister que se ofereçam elementos genealógicos de interesse para o estudo da mesma. Esta família foi estudada pelo saudoso Amigo e eminente investigador e historiógrafo Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas, in “Genealogia da Família Borges Barreto”, manuscrito que o ilustre historiógrafo me facilitou para consulta, juntamente com o seu velho Amigo e meu Primo, o consagrado e saudoso investigador Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra. Esse estudo, ainda como mero esquiço, muito incompleto, veio a ser publicado, como parágrafos da obra “Carvalhos de Basto”, de que aquele eminente investigador foi igualmente o autor e depois co-autor aquando da sua ampliação e desenvolvimento nas diversas descendências deles emanadas. Descendem eles de Martim Borges, escudeiro d’el-rei, recebedor dos dinheiros das terças e resíduos nas comarcas de Entre Douro e Minho (ano de 1500), o mesmo a quem é concedida pelo monarca (em 05//08/1499) a mercê do ofício de tabelião do público e judicial nos concelhos de Meinedo e Cepães e Honra de Unhão (o cargo pertencia a Álvaro Eanes, que cometera erros no seu ofício, pois tinha passado uma procuração falsa a um Rui Teles, e que pelos erros cometidos perdera o ofício).1 Ao mesmo Martim Borges é igualmente concedido o cargo de escrivão das sisas de Lousada e honra de Meinedo. Naquela carta régia em que o monarca comunica aos juízes e homens bons dos concelhos e Honra de Unhão, Meinedo e Cepães, que houvera por bem conceder a Martim Borges a mercê do ofício de tabelião do público e judicial naqueles concelhos, a Martim Borges, é dito que o agraciado era morador em Santa Cruz.2 Mas qual Santa Cruz? Seria muito provavelmente Santa Cruz de Riba Tâmega, hoje Vila Meã, que se estendia então pelos concelhos de Lousada, Felgueiras, Marco de Canaveses e Penafiel, tanto mais que a mulher, Maria Vieira, pertencia aos Vieiras de Riba Douro.3 Sabemos da sentença de Diogo Borges, escudeiro, no ano de 1485, que obriga Maria Fernandes, da Honra do Unhão, a largar as herdades do casal do Sargasal e de Leiros, mais outra em que morava o Gazeo, em Recesinhos, legadas a Bustelo com encargos de missas por João Álvares de S. Paio de Casais. O acto de posse no Mosteiro foi em 22/9/1503.4 Este Diogo Borges foi comendatário do Mosteiro de Refóios de Basto, cavaleiro da Casa d’el-rei, escrivão das sisas do concelho de Lousada em 1 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 14, fl. 55v. 2 Idem, ibidem, ibidem. 3 D. Manuel I concede em 1513 foral a Santa Cruz de Riba Tâmega, que incluía freguesias do actual concelho de Lousada (nomeadamente a de Caíde). Vide “Lousada e as suas freguesias na Idade Média”, pág.s 127-135, 204; idem “Lousada Antiga”, Vol. 1, p. 189. 4 Arquivo do Mosteiro de Singeverga, Bustelo, Gav. 5, nº 55
  • 3. 3 15225 , tabelião das honras de Unhão, Cepães e Meinedo (1499-1523) e Juiz Contador dos Resíduos de Entre Douro e Minho de 1500 a 1539.6 Este é, sem dúvida, o mesmo “Diogo Borges, cavaleiro da Casa d’el- rei D. Manuel I, Contador dos Resíduos na comarca de Entre Douro e Minho, que enviou dizer que poderia haver dois anos que o Marquês7 lhe dera uma sua carta e outra d’el-rei, pelas quais lhe era mandado que servisse o dito ofício dos Resíduos em Vila Real, até ver outra em contrário, e sem embargo de não ser da jurisdição do suplicante. E usando o ofício e sendo requerido por algumas partes, e querendo prover seus agravos, para não perecer a justiça e o escrivão de seu ofício não ser presente, um João Alves, tabelião, escrevia no ofício, e punha nos autos que servia o ofício pelo marquês, devendo nomear que o servia por el-rei. E isto se passara por ignorância e por lhe não parecer que errava, como errara. Enviando pedir, el-rei, vendo seu dizer, e visto um seu praz-me assinado, lhe perdoou sua justiça contanto pagasse 20 cruzados para a Piedade João Lourenço a fez” Este documento tem a data de 23/07/1501 .8 Defende Maurício Antonino Fernandes, co-editor dos “Carvalhos de Basto”, que seria Diogo Borges, comendatário do Mosteiro de Refóios de Basto, o progenitor de Martim Borges. Um neto de Martim Borges, o Dr. Heitor Borges Barreto, teve carta de brasão de armas, para Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras, ainda no séc. XVI (ano de 1567), e que foi publicada (súmula) por José de Sousa Machado, como referiremos mais à frente.9 5 Deve ser o mesmo a quem, a 08/07/1482, o monarca concede formal de escrivão das sisas de Aguiar (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João II, liv. 6, fol. 100); e talvez o mesmo a quem o mesmo monarca confirma como Escrivão da ouvidoria do crime (idem, ibidem, liv. 16, fol. 111). 6 A nomeação é datada de 08/05/1483 (Arq. Nac. Torre do Tombo, Chancelaria de D. João II, liv. 24, fol. 92). Perguntámo-nos se eventualmente existirá ligação deste com o D. Frei Diogo Borges, que de Senhorinha Álvares, mulher solteira, teve um filho João Borges, que foi legitimado por carta régia de 02/10/1506 (Arq. Nac. Torre Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 38, fl. 66v). 7 Trata-se, obviamente, de D. Pedro Menezes, 3º Conde de Vila Real, primeiro filho de Dona Brites de Menezes, filha herdeira do primeiro conde de Vila Real, a quem foi outorgado em 1489 o título de 1º marquês de Vila Real, e viria a casar com Dona Brites de Bragança, governando a casa durante vinte e dois anos. 8 Arq. Nac. Torre Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 46, fl. 39. Acerca destes Borges, que foram senhores de Verdemilho (Aradas), Arcos (Anadia) e Ílhavo (Aveiro), couto de Avelãs (Anadia), Casais de Sá, senhores da vila de Alva, de Carvalhais, Ferreiros, do reguengo de Quintela, e dos padroados de S. Martinho de Alva e Santa Maria de Papião e S. Miguel de Mamouros e ainda da honra de Calvos, ver com muito interesse o estudo de Manuel Abranches de Soveral “Os filhos e netos do "muj honrrado barom" Dom Frei Lopo Dias de Souza, 8º mestre da Ordem de Cristo” e “Os Borges de Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e Ílhavo”, da autoria de Luís Seabra Lopes, Professor Associado, Universidade de Aveiro. 9 Alguns autores, nomeadamente Luís Miguel Pulido Garcia Cardoso de Menezes, in “Pinto do Valle Peixoto de Souza Villas-Boas, da Casa de Carvalho de Arca em Polvoreira e Casa do Porto, em Lousada: linhas familiares armoriais”, artigo inserido no nº 35 (ano de 2018) da revista Raízes € Memórias, da Associação Portuguesa de Genealogia, insiste várias vezes em afirmar erradamente que a carta de brasão passada a Heitor Borges Barreto era para “Borges, Barretos, Marinhos e Vieiras, e timbre de Borges”, o que briga com o constante da carta de brasão publicada por José de Sousa Machado in “Brasões Inéditos” nº 246, no qual é expressamente referido (o que aliás é inequivocamente provado documentalmente na obra
  • 4. 4 Ora, sendo o apelido e armas dos Barretos os referenciados no 1º quartel daquela carta de armas, parece concluir-se que seria essa a sua varonia e não a de Borges. Tendo em conta a fiabilidade que, em princípio, merecem ainda as cartas de brasão de armas do século XVI, lamentando-se embora a ausência total da referência aos nomes dos progenitores do agraciado (o que não é caso único em cartas de brasão daquele século), mas diz-se que aquelas armas lhe pertencem “porquanto ele descendia por linha direita por seu pai, mãe e avós como constava do documento que apresentava das gerações e linhagens dos Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras que nestes Reinos são Fidalgos de Cota de Armas”. Atrevo-me, com a devida vénia aos editores dos “Carvalhos de Basto” a transcrever na íntegra o documento da Carta de Brasão de Armas passada ao Dr. Heitor Borges Barreto: Carta de brasão passada ao Dr. Heitor Borges Barreto, Desembargador da Casa do Cível, a 4 de Dezembro de 1547 - A. N. T. T., Chancelaria de D. Sebastião e Brasões Inéditos, nº 246, de José de Sousa Machado (treslado). “Portugal Rei de Armas Principal de ElRei Nosso Senhor: Faço saber a quem esta minha carta de certidão virem que o Doctor Heitor Borges Barreto, do Desembargo do dito Senhor e seu Desembargador na Casa do Civel me pediu e requereu que porquanto ele descendia por linha direita por parte de seu pai, mãe e avós como constava do instrumento que apresentava das gerações e linhagens dos Barretos, Borges, Vieiras e Marinhos, que nestes Reinos são Fidalgos de Cota Armas que lhe descreva um escudo com as armas que ás ditas linhagens pertence e que ele de direito devia trazer, pelo que eu busquei os livros da Nobreza que em meu poder estão e achei que as armas que ás ditas linhagens pertencem serem estas que lhe dou iluminadas. O escudo esquartelado: ao primeiro dos Barretos e ao contrario dos Vieiras, e ao segundo dos Borges e ao contrario dos Marinhos; e tem mais seu paquife, elmo e Timbre dos Barretos, e por diferença um Trifolio verde picado de oiro que tem elas, pois lhe pertencem segundo o regimento da Armaria deve trazer e por verdade lhe passei esta em Lisboa por mim assinada hoje 4 de Dezembro de 1567 anos. Portugal Rei de Armas Principal”10 “Carvalhos de Basto”) que o brasão tinha no 1º quartel as armas dos Barretos e a dos Borges no 2º quartel, e não o inverso. 10 In “Carvalhos de Basto”, Tomo 9, pág. 56, Doc. nº XLIII.
  • 5. 5 Na verdade, ele era filho de Manuel Vaz e mulher Filipa Borges, sendo esta filha do 2º casamento de Martim Borges com Maria Vieira. Assim sendo, seria lógico concluir que ele descenderia por seu pai da linhagem dos Barretos, razão para lhe ser aplicada como diferença uma peça solta como se fosse a sua varonia (um trifólio verde picado de ouro). Acontece que o que pareceria lógico concluir não o é, pois que o uso dos apelidos Borges Barreto já lhes vinha pelos filhos de Martim Borges. E isto se confirma pela descendência do casal João Borges (Barreto) - filho de Martim Borges - e mulher Briolanja Pires, moradores na vila de Torres Novas onde possuíam casas na rua da Portela e a Quinta da Caveira, no couto da mesma vila, nomeadamente Heitor Borges Barreto (casado com Catarina Pinto da Fonseca) e que sucedeu na Casa e Quinta de S. João de Macieira, foreira a Santa Clara do Porto, e seu irmão João Borges Barreto, que sucedeu nos bens herdados de sua mãe em de Torres Novas. Assim sendo teremos que concluir, obviamente, que os apelidos Borges e Barreto já seriam os da ascendência de Martim Borges e que, a acreditarmos na veracidade da carta de brasão passada ao Dr. Heitor Borges Barreto em 1567, seria Barreto a varonia dele e não a de Borges. Ora isto imediatamente colocaria em causa a probabilidade da sua filiação no comendatário do Mosteiro de Refóios de Basto, Diogo Borges. Aqui chegados e sem conseguir avançar, com segurança e baseado em documentação que a sustente, a ascendência de Martim Borges continua a ser uma incógnita genealógica. É, sem embargo, um facto provado por inúmera documentação a presença neste concelho dos Borges já, pelo menos, desde o século XV. Também se mantém uma incógnita sobre quando e como se verificou a ligação destes com os Barretos, vindo a originar a Família que vimos estudando e que se espalhou, nomeadamente, pelos concelhos vizinhos. Poderíamos ver uma fonte inspiradora no documento que nos prova que o arcebispo de Braga, D. Baltasar Limpo, e Gaspar Nunes Barreto, no ano de 1551, acordam que o padroado da igreja de Lustosa ficaria para os sucessores deste?11 E este poderá ser identificável com o Gaspar Nunes Barreto, que de 02/07/1560 a 02/07/1561 foi provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto12 , que em 03/11/1537, sendo almoxarife do Armazém e Tercenas da cidade do Porto, recebeu de Gonçalo Fernandes, tesoureiro da Casa da Índia, 485.000 réis para despesa do seu ofício13 , o mesmo almoxarife do Armazém e Tercenas da cidade do Porto que, em 11/11/1539, recebeu de Francisco Rodrigues, almoxarife na vila de Aveiro, 100.000 réis à conta do trigo e centeio que vendeu naquela vila14 ? 11 Vide “Lousada e as suas freguesias na Idade Média”, pág. 246. 12 “Os Provedores da Santa Casa da Misericórdia do Porto (1499-2017), coordenação de Fernando de Sousa, Volume I, Pág. 303. 13 Arq. Nac. Torre do Tombo, Corpo Cronológico, Parte II, mç. 214, n.º 17. 14 Idem, ibidem, Corpo Cronológico, Parte II, mç. 230, n.º 19.
  • 6. 6 Mas tanto quanto nos é dado conhecer, este Gaspar Nunes Barreto (que seria filho de Fernão Nunes Barreto, cavaleiro fidalgo da Casa Real., que em 24/09/1528, se tornou o 4º senhor de juro e herdade de Freiriz (Vila Verde), Penegate (Amares) e Gafanhão (Castro Daire), senhor da quinta de São João da Madeira e de sua mulher Isabel Ferraz) veio a ser senhor de juro e herdade de Freiriz, Penegate e Gafanhão, bens herdados de seu irmão Gonçalo, tendo igualmente herdado os senhorios de Santiago de Lustosa (Braga) e Santa Marinha de Astromil (Porto), a quem em 1542, a Mitra emprazou várias casas na rua das Flores, na cidade do Porto, e foi cavaleiro professo na Ordem de Cristo, foi casado por duas vezes: a 1ª com Isabel Cardoso, filha de Álvaro Baião e de sua mulher Filipa Carneiro; e em 2ªs núpcias com Cecília de Madureira, filha de João Fernandes da Mota e de Maria Fernandes de Madureira. Assim sendo, não se vislumbra qualquer ligação destes Barretos com os Borges aqui estudados que pudesse explicar a ascendência do Martim Borges aqui tratado. Seria uma bastardia desconhecida dos nobiliaristas e não documentada? É, ainda assim, uma mera hipótese de trabalho a considerar, à falta de outras fontes que o provem. Resumindo: estamos em crer, sem ainda assim o podermos afirmar de forma categórica (até documentação que o sustente), que Martim Borges seria um descendente de Rui Borges, alcaide-Mor de Santarém, Senhor de Alva, de Gestaçô, através de algum dos seus inúmeros filhos, quer de sua mulher Genebra de Sousa (filha de Lopo Dias de Sousa, senhor de Mafra e Ericeira), quer de qualquer das concubinas de quem houve bastardos reconhecidos. Rui Borges era filho 15 de Diogo Gonçalves Borges, senhor de Ourilhe e Arco de Baúlhe, e de sua mulher Maria Lourenço, e foi senhor de Verdemilho (em Aradas), de Arcos (em Anadia), de Ílhavo (em Aveiro), do couto de Avelãs (em Anadia), de Casais de Sá, de Abuil, Rabel, Gestaçô, Penajóia, Reriz e outras terras. E tinha Rui Borges como irmãos Gomes Borges16 , escrivão da chancelaria régia, Gonçalo Borges, abade comendatário de Refoios de Basto, 15 Assim o afirma também Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, “Nobiliário de Famílias de Portugal”, Titº de Borges, § 30 N 7. Mas o mesmo autor hesita nesta filiação pois admite, baseando-se noutros autores, que possa ser antes filho de João Gonçalves Borges, senhor da vila de Alva, irmão do Diogo. Ver com muito interesse a Revista de História da Sociedade e da Cultura n.º 17, “Os Borges de Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e Ílhavo”, da autoria de Prof. Luís Seabra Lopes, da Universidade de Aveiro. 16 A Diogo Borges, fidalgo da Casa d’el-rei, neto de Gomes Borges, cavaleiro da Casa d’el-rei e escrivão da sua Chancelaria, é confirmada (em 16/11/1497) a carta de D. Afonso V, dada em Sintra a 08/11/1454, escrita por Lopo Fernandes e endereçada aos juízes da Torre de Moncorvo. “Gomes Borges tinha uma herdade no termo da vila de Moncorvo, onde chamavam Almacay, junto de Aguiar do Douro, que era uma grande légua. E da sua herdade à dita vila não havia senão montes e fráguas, e os gados dos moradores da dita vila e de algumas aldeias, que ficavam a duas e três léguas, aí vinham pacer as ervas e comer os pães que nela jaziam semeados, pelo que não achava quem lhe lavrasse a herdade no que recebia grande
  • 7. 7 e Duarte Borges, camareiro-mor de Dom Duarte, todos filhos de Diogo Gonçalves. De acordo com os restantes dados, seriam provavelmente sobrinhos de Gonçalo Gonçalves Borges, muito documentado entre 1374 e 1394, alvazil do crime em Lisboa em 1378-1379, partidário do mestre de Avis na crise de 1383-1385, referido como vassalo do rei em 1385 e beneficiário de um conjunto importante de doações régias antes e depois da crise.17 Recebeu, por doação de seu sobrinho, Diogo Borges (filho de Gonçalo Gonçalves Borges), que não teve herdeiros homens, o senhorio de vila de Alva, de Carvalhais, de Ferreiros, do reguengo de Quintela, dos padroados das igrejas de São Martinho de Alva, Santa Maria de Papião e São Miguel de Mamouros. Essa doação foi confirmada em 03/07/1449 por D. Afonso V e reconfirmada (postumamente) em 10/06/1497 por D. Manuel I. Rui Borges sucedeu a seu pai na honra de Calvos, foi Cavaleiro da Casa Real, Vedor da Fazenda e Camareiro-mor do Rei Dom Duarte. Foi Alcaide-mor de Santarém e, em 1439, recebeu autorização do Rei Dom Afonso V para "possuir e servir bestas cavalares e muares como forma de ajuda do pagamento das custas da alcaidaria". Foi o primeiro senhor do prazo da quinta de Carvalhais, na vila de Oliveira (em Mesão Frio). Este Rui Borges participou na defesa de Ceuta quando a cidade foi sitiada pelo Rei de Granada. Regressando a Martim Borges, refira-se que terá casado em 1ªs núpcias com Genebra Sodré (filha de João Sodré, escudeiro da casa d’el- rei)), que era sua mulher em 1523 (assim se depreende por uma carta de perfilhação que foi passada a Martim Borges por Isabel Afonso, mulher de Francisco Sodré e que referiremos adiante, no final, em Documentos). Casou em 2ªs núpcias com Maria Vieira, mulher nobre dos Vieiras de Riba Douro, filha de Lopo Dias, escudeiro, morador em Gaia, senhor do casal de Santa Ovaia, em Fânzeres – bisneto de Álvaro Roiz de Carvalho, escudeiro e vassalo d'el rei D. João I, senhor da Honra e Padroado de Carvalho, e de sua mulher Mécia Vaz da Cunha, neta paterna do 7º senhor de Tábua - senhor da quinta de Queirames e das Cinco Fogueiras da Ribeira (Vale de Bouro, Celorico de Basto), por carta de 26.8.1387, de D. João I. e perda e dano. E por isso pedia a el-rei que lhe coutasse a dita herdade. E el-rei, por lhe fazer mercê, ordenou que de então em diante, nenhum gado de nenhuma pessoa, de qualquer estado e condição entrasse em essa herdade, salvo os bois e gados daqueles que lha lavrassem. E qualquer outro gado que aí fosse achado - bois, vacas ou bestas - pagasse de coima, por cada cabeça, 10 rs. brancos, e o gado meudo, 3 rs. A qual coima seria para o dono da herdade. E mandava aos juízes e Corregedor da comarca que não fossem nem consentissem ir contra o determinado, sob pena de 6.000 soldos dos seus encoutos. Belchior Nogueira a fez.” (Arq. Nac. Torre do Tombo, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 40, fl. 12). 17 Vide obra citada na nota 14, “Os Borges de Carvalhais, Senhores de Ferreiros, Avelãs de Cima e Ílhavo”, da autoria de Prof. Luís Seabra Lopes.
  • 8. 8 de sua mulher Maria Vieira (esta filha de Afonso Vieira e de sua mulher Catarina Afonso).18 Teve vários filhos e filhas, entre eles Guiomar Borges, casada com Manuel Francisco e moradora na sua quinta do Cabo, Aveleda, de cuja metade era senhora. A outra metade pertencia a sua irmã Lucrécia Borges e certos campos a sua outra irmã, Violante Borges. Entre os filhos do 2º casamento, parece que o mais velho, conta-se João Borges (Barreto), que se matriculou em ordens menores, em Braga, a 06/03/1512, dizendo-se de S. Martinho de Aveleda (Lousada).19 Este, ao casar com Briolanja Pires, seria o progenitor dos futuros Morgados da Quinta da Caveira, em Torres Novas e da Casa de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada (entre os vários filhos deste casal conta-se Briolanja Borges, casada com Gonçalo Coelho de Sequeira, fidalgo da casa d’el-rei, capitão no concelho de Unhão, que como alferes de infantaria viria a falecer em Alcácer-Quibir, e senhor da casa e Quinta de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada, a que nos referiremos à frente (Casa de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada). Mas era também seu filho o Dr. Heitor Borges Barreto, senhor da quinta de S. João de Macieira, casado com Catarina Pinto da Fonseca, filha de Gonçalo Pinto da Fonseca, do Conselho de Governo Interino do Estado Português da Índia, em 1629, e de sua mulher Juliana Teixeira. Igualmente seria filha do 2º casamento de Martim Borges uma Briolanja Borges casada com Henrique de Araújo, matriculado em Braga no ano de 1540, de quem descendem os senhores do casal de Lamas, em Aveleda (Lousada).20 Do mesmo modo era filha daquele casal, do 2º matrimónio, Filipa Borges, casada com Manuel Vaz, homem nobre, filho de João Vaz. Deste casal nasceram vários filhos, dos quais destacamos: a) o Dr. Heitor Borges Barreto, Doutor, desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação, do Paço e da Casa do Cível, Lente de Instituta da Universidade de Coimbra (16/01/1559) e do Código (21/03/1560 e 30/04/1563), cavaleiro professo na Ordem de Cristo com 20 mil réis de tença (habilitou-se em 23/03/1580 - Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra H, Maço 1, n.º 6) e que teve carta de brasão de armas, para Barretos, Borges, Marinhos e Vieiras, ainda no séc. XVI (04/12/ 1567), e cuja súmula foi publicada por José de Sousa Machado, in “Brasões Inéditos” 18 Vide, Geneall, in Casa da Serra, da Trofa. (Ascendência, Descendência e Colaterais), Guarda-Mór, Edição de Publicações Multimédia Lda. Sem embargo, não se vislumbra onde entra a ligação com os Marinhos que aparece na C.B.A. concedida a um seu descendente (Heitor Borges Barreto) ainda no século XVI (ano de 1567). Somente vislumbramos uma possível ligação através de uma Filipa (?) Marinho, solteira, do lugar da Igreja, falecida em S. João de Macieira (Lousada) a 06/03/1618, ainda que não saibamos estabelecer a ligação desta com os Borges Barretos aqui estudados. 19 ADB, Matrículas de Ordens Sacras, Braga, Livro 6, ano de 1512. 20 “Carvalhos de Basto”, Vol. 9, pág. 202, Eugénio Andrea Cunha e Freitas e outros.
  • 9. 9 nº 246 e na íntegra, como deixámos transcrito atrás, pelos autores dos “Carvalhos de Basto”, no Tomo 9, casado sem geração com Inês Temudo; b) Henrique Borges Barreto, "homem muito nobre que vivia de suas fazendas, que mandava grangear por seus criados, e se tratava com seu cavalo em que andava", escrivão da Câmara, juiz e vereador do concelho de Unhão, senhor da quinta de Souselinha (Vilar do Torno), por prazo de 25.1.1564 foreira ao Mosteiro de Freixo, casado em 1ªs núpcias com Ambrósia de Almeida (c. g.) e em 2ªs com Margarida Gonçalves, de quem ficou geração abaixo referenciada; c) Mécia Borges Barreto que casou com Afonso Fernandes, senhor da quinta de Ronfe, em Meinedo (Lousada), como veremos mais à frente. Acerca do Dr. Heitor Borges Barreto, é curioso referir que ele esteve ligado à construção do aqueduto de águas na cidade de Coimbra, que, em 1570, fizeram a reabilitação deste sistema aquando da falta de água que assolou a cidade em consequência da seca prolongada e que, seguindo uma ordem régia de D. Sebastião, procuraram e restabeleceram os antigos pontos de abastecimento de água; pois o aqueduto foi feito à custa de serviços lançados ao povo do concelho sobre a superintendência do desembargador Heitor Borges Barreto, que coordenou os trabalhos de procura de água perto de várias nascentes da quinta do Mosteiro de Santa Cruz.21 Casa de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada Briolanja Borges, filha do 2º casamento de Martim Borges com Maria Vieira, foi casada com Gonçalo Coelho de Sequeira, fidalgo da casa d’el-rei, capitão no concelho de Unhão, que como alferes de infantaria viria a falecer em Alcácer-Quibir, e senhor da casa e Quinta de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada. Era Gonçalo Coelho de Sequeira filho do licenciado António Coelho de Sequeira e de sua mulher Ana de Azevedo, senhores da casa e quinta de Juste e do prazo de Penoucas, ambos em S. Fins do Torno, Lousada.22 Foi sua filha única e herdeira Vicência Borges de Sequeira, mulher de Paulo da Cunha Coutinho, por cujo casamento ele foi senhor da casa de Juste, em S. Fins do Torno, Lousada. “Situada na freguesia do Torno, a Casa de Juste localiza-se em Lousada, no Norte de Portugal, a 60 km do Porto e a 15 km de Guimarães. A origem da propriedade de Juste remonta aos primórdios da nacionalidade portuguesa havendo registos desde o início do século XIII, altura em que a 21 Vide “Intervenção de Arqueologia Preventiva, Sistema de galerias Subterrâneas de Coimbra”, direcção técnico-científica de Miguel Almeida e Filipe Gonçalves e colaboração de Maria João Neves e Soraya Rocha, Relatorios Dryas, O sistema de abastecimento medieval e as “questões” da água”. 22 “Carvalhos de Basto”, Vol. 9, pág. 230.
  • 10. 10 Villa de Juste era constituída por sete casais, um dos quais, pertencente ao filho de D. Elvira Vasques. (Lopes, 2004, 360). Esta informação, retirada das inquirições realizadas no tempo de D. Afonso II, em 1220, é extremamente importante para compreender algumas características atuais da Casa de Juste. A primeira fase de ascensão da Casa de Juste terá ocorrido no século XV, data a que corresponde, segundo os estudos arqueológicos efectuados, grande parte das pedras utilizadas na construção do edifício principal da Casa. Nessa altura, eleva-se a importância da casa, que terá passado então a habitação senhorial, ramo dos Coelho, supõe-se relacionada com a criação do Senhorio de Felgueiras, doado por D. João I a Fernão Coelho, descendente de Egas Moniz, e que incluía as terras de Felgueiras, Vieira e Lousada (Machado, 1981, 160). Sucedendo o seu filho mais velho no Senhorio, a Casa de Juste terá sido engrandecida a propriedade de Juste para um outro filho, Martim Coelho de quem descendem os atuais proprietários (Machado, 1981, 161). Pertencendo no século XVI ao ramo Cunha Coutinho Ozório, por casamento de Vicência Borges de Sequeira com Paulo da Cunha Ozório. No ano de 1754, D. João Osório Pinto da Fonseca, então proprietário, recebe de D. José I, a Carta de Armas. Nesta altura terão sido feitos alguns melhoramentos na Casa, incluindo a construção da capela. A Casa de Juste inicia uma nova fase em meados do século XVIII com o ramo Vieira de Melo.”23 Casa de Juste, S. Fins do Torno, Lousada 23 In GENI, a propósito de Fernão Coelho, 1º senhor de Felgueiras e Vieira e da casa de Juste.
  • 11. 11 O que sabemos de fonte segura, ainda assim, é que foi dada no ano de 1610 a Paulo da Cunha Coutinho, senhor da casa de Juste, a mercê do ofício de Justiça ou da Paz (no concelho de Unhão) por respeito aos serviços de seu sogro, Gonçalo Coelho de Sequeira (filho de António Coelho), morto na batalha de Alcácer Quibir.24 Curiosa e muito estudada é uma das pedras de armas desta casa, ainda hoje se mantendo a dúvida levantada pelo saudoso Amigo, insigne Heraldista e Investigador, Artur Vaz-Osório da Nóbrega, acerca do que se pretendeu nela representar: que ali se encontram as armas dos Barretos não parece carecer de dúvida, permanecendo esta no que parece ser uma mera diferença (um crescente invertido) ou uma deficiente representação das armas dos Pintos.25 Foi provavelmente trazida da casa de S. João de Macieira, pertença dos Borges Barretos, quando se estabeleceu a ligação matrimonial com estes. Casa de Ronfe, em Meinedo, Lousada No século XVII, um herdeiro da casa de Ronfe, em Meinedo, Lousada, o capitão de ordenanças e escrivão de Honra de Meinedo, Familiar do Santo Ofício, André Borges Barreto era casado com Margarida Vaz (a qual depois de viúva voltou a casar com Gonçalo de Basto, do Brunhal, da freguesia de Meinedo, de cujo casamento também teve filhos). Este era filho de Afonso Fernandes, senhor da quinta de Ronfe, e de sua mulher Mécia Borges Barreto, irmã do Dr. Heitor Borges Barreto e de Henrique Borges Barreto, acima referidos. Sabe-se que tiveram um filho, André Borges (Barreto), também Escrivão da mesma Honra que por sua vez se casou, diz-se, em Boim, Lousada (sem embargo, não encontrei o assento do livro respectivo daquela freguesia), com Maria do Couto, filha de Pero Simão (filho de Simão Gonçalves, da Costa), lavrador e rendeiro que se tratava com seus criados, e de sua mulher Paula do Couto, do lugar da Costa, freguesia de S. Vicente de Boim (antigamente denominada Goim), Lousada. Deste casamento nasceu o capitão André Borges do Couto, Familiar do Santo Oficio (16/8/1677) e fidalgo de cota de armas (carta de 15/12/1696, para Borges e Couto, no seguimento da carta de brasão de armas passada 24 Vide “Carvalhos de Basto”, Vol. 9, p. 245. 25 “Pedras De Armas Do Concelho De Lousada (Heráldica De Família)”. Porto: Edição da Junta de Província do Douro Litoral. 1959. Artur Vaz-Osório da Nóbrega, pág. 65. Na nossa opinião, aquele crescente invertido refere-se a uma diferença pessoal. Mas seria então lógico concluir que teria havido uma carta de brasão de armas passada a algum dos ascendentes pelo ramo dos Borges Barretos. Mas além da que foi passada ao Dr. Heitor Borges Barreto, em 04/12/ 1567, nenhuma outra se conhece que explicasse esta dúvida heráldica.
  • 12. 12 anteriormente a seu sobrinho materno, da casa de Sá, como referiremos adiante26 ), escrivão da Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe, casado com Ângela Bernardes da Fonseca, filha do capitão Gonçalo da Fonseca Coutinho (que era filho de Pedro da Fonseca Coutinho, oriundo da freguesia de Fonte Arcada, Penafiel e sr. da casa do Outeiro, em S. Miguel de Paredes, e de sua mulher Maria Rebelo Ferreira) e mulher Maria Bernardes da Fonseca, de quem descenderam todos os senhores da casa de Ronfe até à data da sua alienação. Casa de Ronfe, Meinedo, Lousada “Capela de St. André -1685. Capitam Andre Borges do Couto. Autos de peticão do capitam Andre Borges do couto da freguezia de Santa Maria de Meinedo para licença, para dizer missa na cappella que erigio da envocação de sancto Andre. Diz o captam Andre Borges do couto da freguesia e couto de Meinedo que fazendo a petição junta a vexema para lhe dar licença para em huma sua 26 Vide o que se diz na nota 26 à frente.
  • 13. 13 quinta fazer huma capella para elle e sua família ouvirem missa por ficar a Parochia distante, em pellas mais cauzas declaradas na peticçaõ, foi Villma servido com informaçaõ do Reverendo Doutor Provizor e parocho conccederlhe a licença que pedia obrigandose a pôr de rendimento em bens livres para a fabrica da dita capella. E esta esta já feita e tambem a obrigação dos rendimentos. Como se vuê da escriptura que apresenta. Vista a informação, do reverendo abbade de Rebordosa damos licença para que na dita capella se possa dizer missa, para oque se passe provizam. D. João Bispo do Porto. Por o suplicante feita a obrigação da capella fabricada lhe façam conceder licença para nella se dizer missa precedendo pró informação do parocho na decencia e ornato da dita capella. E. R. M. Visitei esta hermida e achando que está erecta e ornada decentemente damos licença para que nela se possam dizer missa e se passe provisão. Achey erecta com grandeza, vuneração bem apartadas das cazas a porta principal para rua, estavaçe assentado o retabolo bem obrado, e custozo com tres nichos ou pranchas. Pella informação que tomei a do meio he para huma imagem de Christo e dos lados Sam Miguel e S. André. O altar tem dez palmos de cumprimento, a pedra de ara he forrada, e metida em caixilho do altar. O frontal de damasco branco com alabrastos do mesmo encarnado. A vestimenta de damasco branco com debastos de borcantel. Alva có perfeita renda etoalha do altar. Calis, corporal, bolça, missal, estante, e pano della, galhetas, e tendo o mais necessário com muita perfeição. Sobretudo e esta ermida muito necessaria para os sacramentos porque daly a igreja se passao muitos ribeiros, mãos caminhos, e ficara em de distancia de meia legoa. Por tudo julgo que vossa excelência pode dar a licença que se pede para se dizer missa na dita ermida. Este he o meu parecer. Vossa Senhoria fará o que mais for servido. Rebordosa 28 de Novembro de 1685.”27 Mas igualmente uma filha, Maria Borges do Couto, casada com Baltazar Gonçalves de Sá, senhor da casa de Sá, em Santa Eulália de Barrosas, Vizela, sendo os pais de Manuel Borges do Couto, igualmente fidalgo de cota de armas (teve 2 cartas de brasão, sendo a 1ª para Borges e Couto28 (encontrando-se igualmente habilitado para Gomes e Barretos), 27 A. H. P. E. P. – Dote de Capelas do Concelho de Lousada. Capela de St. André -Ronfe. 1685, fls. 1 a 4, SILVA, José Carlos Ribeiro da - A Casa Nobre No Concelho de Lousada, FLUP, 2007, in blog “Arte & Património”, de José Carlos Silva). 28 Nesta Carta de Brasão de Armas, tal como acontecerá com a que posteriormente seria passada a seu sobrinho, o capitão André Borges do Couto, senhor da casa de Ronfe, em Meinedo (Lousada), o castelo das armas dos Coutos foi substituído por uma torre coberta (na iluminura da Carta de Brasão de seu tio vê- se que a torre coberta está encimada por uma bandeira triangular). Desconhecemos se houve intencionalidade em atribuir nestes casos uma diferença ao brasão da linhagem, que é em escudo vermelho, um castelo de prata lavrado de negro, sobre um contrachefe ondado de prata e azul.
  • 14. 14 passada a 04/04/1696 – logo, anterior à semelhante passada a seu tio materno da casa de Ronfe, acima referido - e a 2ª para Sá, Gonçalves, Borges e Couto, Casa de Sá, Santa Eulália de Barrosas, Vizela em 18/01/1733)29 , que casou com sua parente pelos Borges Barreto, Adriana Borges da Rocha, neta (por seu pai, o capitão Mateus Borges da Silva, capitão de infantaria de um terço de auxiliares) de Filipa Borges Barreto, herdeira da quinta de Tigem, em Santo Adrião de Vizela, mulher de Simeão Ribeiro da Silva, senhor do casal de Silvares, sendo ela filha de Simão Ribeiro, senhor do casal de Silvares, e de sua mulher Margarida de Oliveira Pinto, a qual era filha de outra Filipa Borges Barreto, mulher de Amador Pinto de Sousa, escrivão da Câmara e almotaçaria do concelho de Lousada, senhor da casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, e do casal da Seara, em Caíde de Rei, Lousada (era ele filho de Gonçalo Rodrigues Pinto, escudeiro e juiz ordinário do concelho de Lousada; neto paterno de Rui de Oliveira Pinto, 2º senhor da casa do Porto, e mulher Isabel Juzarte; bisneto paterno de António de Sousa, de Amarante, donatário do concelho de Lousada e de sua jurisdição, fidalgo do Conselho (1475), claveiro da Ordem de Cristo (antes de 1468), fronteiro de Nisa, Montalvão e Alpalhão (31 de agosto de 1475), sendo filho natural de Afonso Vasques de Sousa, freire da Ordem de Cristo, sendo este filho de outro Afonso Vasques de Sousa, o Cavaleiro, e de sua mulher Leonor Lopes de Souza, em segundas 29 Vide “Cartas de Brasão”, António Machado de Faria de Pina Cabral, pág. 77, nº 84; “Pedras de Armas do Concelho de Lousada”, Artur Vaz-Osório da Nóbrega, páginas 262 a 269.
  • 15. 15 núpcias da mesma, filha de D. Frei Lopo Dias de Souza, mestre da Ordem de Cristo. Portanto, António de Sousa era dos Sousa ditos de Arronches por parte desta sua bisavó Leonor Lopes de Sousa e de sua mulher Beatriz Pinto, 1ª senhora da casa do Porto, como consta da justificação de nobreza de seu descendente Pantaleão Pinto Ribeiro, e dos Pinto Cochofel da casa de Lagariça, como consta das cartas de armas dos netos deste António Pinto de Sousa e padre José Pinto de Sousa, datadas respectivamente de 23/10/1731 e 08/11/1731. Aí se refere que eram descendentes da Casa da Lagariça no concelho de Ferreiros e Tendais, tendo-lhes sido passadas cartas de armas: escudo esquartelado, no I e IV Sousa, de Arronches, por privilégio; II as armas dos Pinto; e III as armas dos Ribeiro; elmo de prata aberto guarnecido de ouro; tendo por diferença uma brica de ouro com um trifólio de negro; e timbre dos Pinto). 30 Aquela referida Filipa Borges Barreto era bisneta do acima citado Henrique Borges Barreto, escrivão da Câmara, juiz e vereador do concelho de Unhão, senhor da quinta de Souselinha (Vilar do Torno), e de sua mulher Margarida Gonçalves, com a descendência que é desenvolvida in “Memórias Familiares e Genealógicas”, do autor, na casa de Sá, de onde descendem todos os diversos ramos da Família Moreira de Sá.31 30 Vide, com muito interesse sobre esta matéria, o estudo “O Arquivo da Casa do Porto: o seu estudo e a sua representação- o modelo sistémico”, de Carla de Jesus Torres Moreira, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, além de Manuel Abranches de Soveral, in “Os filhos e netos do "muj honrrado barom" Dom Frei Lopo Dias de Souza, 8º mestre da Ordem de Cristo”. 31 Devo deixar aqui algum repúdio pela afirmação contida in “Carvalhos de Basto”, Tomo 9, no § 9º/A, pág. 206 e seguintes, em que é afirmado textualmente na nota (104): “Contávamos com a colaboração de Fernando M. Moreira de Sá Monteiro, para a actualização dos desc. desta casa. Mas este nosso Amigo e colab., visto ter entre mãos um livro sobre esta Família, informou-nos que remetêssemos os nossos Assinantes para essa sua obra, a sair brevemente.”. Desconheço quem assim se quis exprimir, não acreditando que sejam palavras do saudoso e tão querido Amigo, Dr. Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas, verdadeiramente a “Alma” da base do estudo dos “Carvalhos de Basto” e um dos seus editores. Sinceramente parecem-me mais observações de um dos outros co-editores, que me escuso a identificar. Mas quero deixar aqui bem acentuado que NUNCA recusei informações acerca dos elementos constantes daquele parágrafo, pois o que era pretendido era que “oferecesse” aos editores dos “Carvalhos de Basto” toda a descendência da Casa de Sá, a partir daquele ramo dos Carvalhos o que, por razões óbvias, seria totalmente disparatado e somente poderá ser lido como atrevimento e algum desplante de quem formulou sequer essa pretensão. Na verdade, o estudo a que venho dedicando mais de 50 anos de investigação não se compadece com um mero desfilar de nomes e datas, e seria até redutor da minha parte uma tal partilha, por mais respeito que me possam merecer alguns dos editores daquela obra, alguns infelizmente já falecidos. Mas, sem falsa modéstia, gostaria que o meu nome tivesse sido ali citado noutros moldes, atento o facto de contar na minha bibliografia provavelmente muito mais obra e investigação do que a de alguns dos co- autores dos “Carvalhos de Basto”. E, na verdade, se o que me fosse pedido não ultrapassasse o razoável e fosse formulado em moldes respeitosos, não como mero aprendiz que faculta alguns “elementos primários”, provavelmente teriam evitado os muitos erros e lapsos contidos no deambular da genealogia descrita naquele parágrafo e até em anteriores (como é o caso do §-7º Casal da Tagem (?) em Vizela, repleto de lapsos e informações genealógicas incompletas. Na verdade, até o nome daquele casal está errado, pois aparece em documentação antiga como “Tegem” e hoje mantém a nomenclatura de “Tigem”, mas nunca “Tagem”! Fique, pois, aqui registado o meu desagrado pelas palavras ali deixadas que, além do mais, nem sequer correspondem à verdade, pois nunca me disponibilizei para tornar de tal forma redutora a minha obra, deixando-a transcrita como um mero parágrafo dos “Carvalhos de Basto”. E mais ainda, porque
  • 16. 16 Alguma documentação com interesse para a Genealogia dos Borges Barreto: Ano de 1485: Sentença de Diogo Borges, escudeiro, que obriga Maria Fernandes, da Honra do Unhão, a largar as herdades do casal do Sargasal e de Leiros, mais outra em que morava o Gazeo, em Recesinhos, legadas a Bustelo com encargos de missas por João Álvares de S. Paio de Casais. O acto de posse no Mosteiro foi em 22/9/1503. Arquivo do Mosteiro de Singeverga, Bustelo, Gav. 5, nº 55 Ano de 1499: Mercê a Martim Borges de Tabelião dos concelhos de Unhão e Cepães e Honra de Meinedo. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 46 Ano de 1499: Confirmação da mercê dada a Martim Borges, Escudeiro, para Tabelião das Honras do Unhão, Meinedo e Cepães, terras de Rui Teles. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 47 Ano de 1512: Matrícula em Ordens Menores de João Borges, natural de Aveleda. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 224 Ano de 1522: Confirmação de Carta de “Escrivam” das sisas de Lousada e honra de Meinedo dada a Martim Borges. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 48 Ano de 1523: Confirmação de Carta a Martim Borges de Tabelião do Judicial em Unhão, Meinedo e Cepães. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 5 Ano de 1540: Matricula de Ordens Sacras, em Braga, de Henrique de Araújo, casado com Briolanja Borges, pais de Gaspar, proprietário do casal de Lamas (Aveleda). Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 202 Ano de 1540: Matricula de Ordens Sacras, em Braga, do Dr. Heitor Borges Barreto, da Quinta de Souselinha, Vilar do Torno. Filho de Manuel Vaz e de Filipa Borges, casado com Inês Temudo. Foi Desembargador dos Agravos da Suplicação, do Paço e da Casa do Cível (Doc. nº XLIII), Cavaleiro do Hábito de Cristo com 20 mil réis de tença (27/3/1580), tendo 45 para 46 anos, Lente de Instituta da Universidade de Coimbra (16/1/1559) e do Código (21/3/1560 e 30/4/1563). Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 52 também é totalmente falso que alguma vez tivesse deixado a ideia ali transcrita de que “pudessem contar com a minha colaboração para a actualização dos desc. desta casa” (leia-se, a casa de Sá em Santa Eulália de Barrosas, Vizela, solar dos Moreiras de Sá). E para finalizar em tanta “trapalhada” inventada por quem produziu aquele lamentável comentário, repudio que alguma vez “tenha informado que eles remetessem os Assinantes” para a minha obra, “a sair brevemente”. E nem comento mais…
  • 17. 17 Ano de 1564: Emprazamento da quinta de Souselinha, em Vilar do Torno, por foro ao Most. do Freixo. Era senhor da quinta Henrique Borges, natural de Macieira, “homem muito nobre que vivia das suas fazendas, que mandava granjear por seus criados, e se tratava com seu cavalo, em que andava”. Escrivão da Câmara, Juiz e Vereador do concelho do Unhão. Filho de Manuel Vaz e de Filipa Borges. Casou 1ª vez com Ambrósia de Almeida e 2ª vez com Margarida Gonçalves. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 53 Ano de 1567: Carta de Brasão de Armas passada pelo Rei D. Sebastião ao Dr. Heitor Borges Barreto, senhor da Quinta da Souselinha (Vilar do Torno), Desembargador da Casa do Cível. Carvalhos de Basto, Vol. 9, p. 56 Ano de 1632: Paula do Couto, moradora na Costa (Boim), efectua pagamento da sisa pela compra a André Alves e sua mr. das leiras de Sabugueira e das Infestas, pertença do casal de Cadeiros (Pias). Memórias do Mosteiro de Paço de Sousa, p. 237 Assentos de alguns livros paroquiais da freguesia de Aveleda: Casamento de Vitória Borges com Francisco de Faria, sobrinho do abade rev. António de Faria, a 11/11/1590, em Aveleda. Casamento de Manuel Borges com Maria Coelho, a 11/03/1593, em Aveleda, com licença de Braga, sendo testemunhas Francisco Frutuoso e seu filho, Martim Borges e Gaspar Borges, do Cabo. Casamento de Maria Borges com Melchior Gonçalves, a 27/11/1596, em Aveleda. Casamento de Guiomar Borges com Baltazar Fernandes, a 19/02/1601, em Aveleda. Casamento de Gonçalo Borges com Ana Gonçalves, de Barrimau, a 09/02/1603, em Aveleda. Casamento de Bento Borges com Maria do Couto, a 20/02/1604, em Aveleda, sendo testemunhas Manuel Pereira, de Sernande, Gonçalo Pinto, do Porto, Gonçalo Vaz, da vila, Gaspar Fernandes Moreno e André Gonçalves, da Lavandeira. Casamento de Isabel do Couto com André de Sousa, a 22/02/1604, em Aveleda. Casamento de Paula do Couto com António Domingues, a 20/07/1606, em Aveleda.
  • 18. 18 Casamento de Melchior Borges com Andreza Nunes, das Pontezinhas, a 07/06/1609, em Aveleda. Casamento de Juliana Borges, filha de Francisco Fernandes e mulher Maria Vieira, com Gonçalo Jorge, filho de Gaspar Jorge e mulher Filipa de Magalhães (esta faleceu a 25/07/1595, em Aveleda), casou a 19/01/1615, em Aveleda. Óbito de Mécia Borges, mulher de Afonso Fernandes, a ?/09/1587, sem manda, em Aveleda. Óbito de Violante Borges, do Cabo, a 17/11/1595, em Aveleda, fez manda. Óbito de Guiomar Borges, mulher de Manuel Francisco, do Cabo, a 07/05/1599. Óbito de Manuel Borges, do Barrimau, a 22/04/1600. Óbito de Martim Borges, filho de Frutuoso Francisco, filho famílias, a ?/03/1600, sem testamento. Óbito de Gonçalo Borges, de Barrimau, a 26/03/1603, em Aveleda. Óbito de Margarida Borges, filha de Manuel Francisco, do Cabo, em 14/01/1618, em Aveleda. Óbito de Francisco, escravo de Afonso do Couto, a 25/04/1624, em Aveleda. Óbito de Ana Borges, do Mourinho, a 02/07/1626, “perguntei se fizera manda ou testamento disse sua sobrinha que nam”. Óbito de Ana, menor, filha de Gonçalo Borges e de sua mulher Ana Gonçalves, a 30/11/1627, em Aveleda. Óbito de Maria, filha de Gonçalo Borges e de sua mulher Ana Gonçalves, a 05/12/1627, em Aveleda. Óbito de Gonçalo Borges, de Barrimau, a 04/02/1629, em Aveleda, “diseram me que fizera manda vocal, não o sei porque me não constou de certo”. Óbito de Manuel Borges, de Aveleda, a 15/05/1630, “diseram me q fizera huns apontamentos”. Óbito do Padre Belchior Barreto, abade de Nevogilde, Lousada, a 01/10/1630, estando no altar a celebrar missa, de morte súbita. Ele tomara ordens em Braga no ano de 1585. Era filho de Henrique Borges Barreto e de sua 2ª mulher Margarida Gonçalves.
  • 19. 19 Óbito do Padre João Borges, cura que foi de Aveleda, a 20/11/1634.
  • 20. 20 II VELHOS Senhores da Casa da Capela e administradores do vínculo da Santíssima Trindade, em Sernande, concelho de Felgueiras
  • 21. 21 É complexo elaborar um estudo que consiga estabelecer ligação genealógica entre os inúmeros indivíduos de apelido Velho que nos aparecem quer no concelho de Lousada, quer no de Felgueiras, para além dos que, eventualmente tronco de todos aqueles, aparecem amiudadas vezes na então vila de Guimarães, ainda antes do século XV, espalhando-se por várias freguesias do concelho. Exemplo do acima referido está naquele Pero Velho, que foi escudeiro da Casa Real, a quem o seu tio João Eanes de Urrô, irmão de sua mãe chama no seu testamento depositado no cartório de Cete feito na era de 1386 (ano de 1348), para administrador de uma capela que instituiu no dito Mosteiro de Cete. Na falta deste Pero Velho e sua descendência, seria substituído por Fernão Garcia, de Rio de Moinhos e Afonso Lourenço, de Negrelos, escudeiros, a quem deixava por testamenteiros; e que mortos os súbditos, a fizesse cantar o parente mais chegado da sua linhagem e porque não houve geração deste Pero Velho. E porque morreram os ditos testamenteiros, se opôs depois a ela Lopo Esteves de Urrô, cavaleiro de Mouriz, metendo-se na posse dos bens dela, na era de 1408 (ano de 1370). E este será, provavelmente, o mesmo Pero Velho, referido no prazo de Margaride, Guimarães, feito no ano de 1387 pela colegiada de Guimarães a Pero Nandim, casal este em que morou o dito Pero Velho, já falecido. Também sei, por informação fornecida pelo sempre gentil e sapiente historiador vimaranense Dr. Rui Faria, que em 1440 um João Velho casado com Isabel Rodrigues era proprietário de umas casas na Rua de Santa Maria.32 Ainda possuímos a informação do emprazamento em três vidas que faz o Cabido de Viseu a Baltazar Velho, escudeiro do Bispo, e mulher Beatriz Soveral, de uma vinha e tojal na possessão de Santo Estevão, após doação de Diogo Rodrigues, cavaleiro, feito em 05/04/1508 na capela do Santo Espírito da Sé.33 Poderíamos arriscar que o tronco dos que agora pretendemos estudar poderia ser o Diogo Velho, escudeiro do bispo de Viseu (D. Diego Ortiz de Villegas), morador em Guimarães, a quem o rei D. Manuel I nomeia no cargo de recebedor das sisas em 15/02/1513, conforme fora João do Vale, então falecido, usufruindo de todos os direitos e mantimentos de seu antecessor.34 O mesmo a quem o mesmo monarca concede o ofício de almoxarife do almoxarifado de Guimarães, com 5.000 réis de mantimento, sendo os 760 réis que dantes havia e os mais desde Janeiro acrescentados. E daria fiança ao contador da comarca. O qual ofício tinha por renúncia de João de 32 O mesmo historiador e amigo, Dr. Rui Faria, igualmente nos facultou a informação de um instrumento de escambo feito em 1435 a João Velho e Álvaro Martins, criados de Fernão Anes, ambos sapateiros, por Fernão Anes escudeiro e tabelião publico e judicial por el rei. Será identificável este João Velho com o que referimos casado em 1440 com Isabel Rodrigues, proprietário de umas casas na Rua de Santa Maria? 33 Arquivo Distrital de Viseu, Colecção de Pergaminhos, PT/ADVIS/COL/PERG/000241. 34 A. N. T. T., Chancelaria de D. Manuel I, liv. 42, fl. 10.
  • 22. 22 Andrade, segundo uma procuração, feita e assinada por Francisco Gonçalves, tabelião, aos 20/07/1514, na qual fazia seu procurador o bispo de Viseu, para renunciar em mãos d’El-Rei. Todavia João de Andrade mantinha o julgado dos reguengos e direitos reais, renunciando somente o recebimento do almoxarifado.35 Em 28/07/1521 era já falecido, pois que nesta data é nomeado pelo mesmo monarca como almoxarife de Guimarães Gonçalo de Faria, escudeiro da Casa Real.36 Logo depois, a 11/09/1521 é nomeado juiz dos reguengos e dos direitos reais do almoxarifado de Guimarães o mesmo Gonçalo de Faria, cargo que fora do falecido de Diogo Velho.37 Não podemos, embora, garantir a identificação com o Diogo Velho a quem o mesmo monarca fez doação de umas casas na cidade do Porto, em 30/03/1497, por mandado a D. Martinho de Castelo Branco, senhor de Vila Nova de Portimão, do seu conselho e vedor da sua fazenda.38 A data em que viveu este Diogo Velho, bem como a ligação a Guimarães, assim como a consistência do nome na linha dos Velhos deste nosso estudo, facilitaria a filiação nele do Brás Velho, morador em S. Miguel de Silvares, do concelho de Lousada, o mais antigo antepassado documentalmente comprovado. Este, falecido a 05/09/1591, teria nascido cerca de 1510/1500, pois que o filho, igualmente chamado Diogo Velho, terá nascido cerca de 1521, se a data indicada no assento de óbito estiver correcta, pois falecendo em 1621 se diz que teria a provecta idade de 100 anos. Mas, pelo nome, pela localidade, mas igualmente pela data, seria eventualmente da mesma família o Diogo, filho de Diogo Velho e de sua mulher Leonor de Meireles, de S. João de Covas, que tomou ordens menores, em Braga, no ano de 1519.39 Um outro possível parentesco se poderá admitir com o Pero Velho, “honrado mercador”, morador na vida de Guimarães, a quem a colegiada de Guimarães fez prazo do seu casal de Campos, em S. Torcato, a 03/01/1533.40 Este era casado com Filipa Martins, a qual seria a 2ª vida no prazo referido. Este Pero Velho, mercador foi, nomeadamente, pai de António Velho, escudeiro, criado do chantre da colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, como se prova no testemunho que dão ao prazo do casal do Paço e Pregal, em São Torcato a 08/10/1537. Este casou com Catarina de Almeida, nascida 35 Idem, ibidem, liv. 15, fl. 111 36 Idem, ibidem, liv. 18, fl. 10 37 Idem, ibidem, liv. 18, fl. 15 38 Idem, ibidem, liv. 31, fl. 109 39 M. Antonino Fernandes, Matrículas dos Ordinandos da Mitra de Braga (1430-1588). Ponte de Lima: Edições Carvalhos de Basto, Lda. Tomo I. 40 A. M. Alfredo Pimenta, Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares, mç. 85, n.º 1
  • 23. 23 na rua Nova das Oliveiras, Oliveira (Santa Maria), Guimarães (filha de Francisco de Almeida e de sua mulher Beatriz Machado da Maia). Não podendo ir além do que explanámos, iremos tratar da genealogia dos Velhos, que se inicia na freguesia de S. Miguel de Silvares, já que o citado Brás Velho aí casou, desconhecendo se ele viera de outra freguesia (e não excluiremos a vila de Guimarães, atendendo a que um dos filhos foi precisamente Gonçalo Velho, cónego magistral da insigne e real colegiada de Santa Maria da Oliveira, de Guimarães) ou era já natural daquela freguesia lousadense. I - BRÁS VELHO, indubitável tronco desta família, foi morador em S. Miguel de Silvares, do concelho de Lousada, onde se deve ter consorciado e onde veio a falecer a 05/09/1591, com testamento de que foram testamenteiros seus filhos Diogo Velho e Mateus Velho. Foi morador na sua quinta de Esplendém. Casou com MARIA NUNES, que faleceu na mesma freguesia a 11/06/1598 e fez manda com Gaspar Fernandes Moreno, nomeando testamenteiro seu filho Mateus Velho. Assento de óbito de Brás Velho, de “Esprendem” Filhos: II (1) - Diogo Velho, que segue II (2) - Rev. Gonçalo Velho, que tomou ordens menores em 1544, na capela de S. Geraldo, em Braga, vindo a ser cónego da colegiada de Santa Maria da Oliveira, Guimarães. Tomou posse da cadeira de Magistral em 22/06/1566, sendo bacharel em Artes, Filosofia e Teologia, investido na cadeira de Leitor da Sagrada Escritura, para que lesse e ensinasse as lições dela conforme o decreto do Sagrado Concílio Tridentino.41 41 Boletim de Trabalhos Históricos, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, vol. XXX, pág. 7, nota (3) de “A Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira no seu cerimonial e nas suas festividades”, comunicação feita em 22/06/1979 ao “Congresso Histórico sobre Guimarães e a sua Colegiada” por Manuel Alves de Oliveira.
  • 24. 24 Foi por concurso o 1º magistral que houve na colegiada de Guimarães. Já o era em 1571, vindo a falecer a 28/05/1613, às 9 horas da noite. Em 1610 o cónego magistral licenciado Gonçalo Velho fez doação à Misericórdia de Guimarães de que era provedor o cónego Jerónimo Carvalho da Fonseca, do dinheiro dos depósitos que estavam feitos dos foros que se deviam do casal do Assento, da igreja de S. Pedro de Azurém.42 II (3) - Brás Velho, que foi casar à freguesia de Pias, do mesmo concelho, com Catarina Joana, de quem teve, pelo menos, a Marta Nunes, casada em 1ªs núpcias com Baltazar Gonçalves, e em 2ªs núpcias, na mesma freguesia, a 21/02/1605, com João Gaspar, filho de Gaspar Fernandes e de sua mulher Maria Gonçalves. II (4) - Violante Nunes, que foi moradora na sua quinta da Rabada, na freguesia de Santa Maria de Alvarenga, onde faleceu a 22/04/1584, com testamento, sendo testamenteiro seu 2º marido.43 Casou em 1ªs núpcias com Pero Jorge, que faleceu na mesma freguesia a 29/04/1577, abintestado, sendo sepultado junto de seu pai, sendo filho de Jorge Dias e mulher Maria Dias. C. g. Casou em 2ªs núpcias, a 08/01/1578, em Alvarenga, com Gaspar Vaz, filho de Gonçalo Vaz e de sua mulher Ana Gonçalves, da freguesia de Santa Margarida de Lousada. II (5) - Maria Nunes44 , casada em Alvarenga, a 28/09/1576 (sendo recebida por seu tio “ho Sñor Gº Velho, cónego da igreja de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães”, estando presentes Brás Velho e Aleixo Velho, de Arrifana), com Baltazar Gonçalves, filho de Gonçalo Afonso, da freguesia de Santa Marinha de Lodares, do mesmo concelho de Lousada, e de sua mulher Maria Dias. C. g. II (6) - Rev. Afonso Velho, baptizou sua sobrinha Marta Nunes em 1562, na freguesia de Alvarenga. II (7) - Mateus Velho, morador na quinta de Esplendem, casou com Apolónia Vaz (Ferreira), falecida a 28/11/1640, abintestada, ficando seus filhos Gonçalo Ferreira e Anastácia Vaz com a obrigação do seu bem de alma. C. g. 42 “Pedra Formosa”, Efemérides Vimaranenses, blogue informativo da Sociedade Martins Sarmento, 23/01/2007. 43 Esta casa da Rabada, em Alvarenga, que visitei exteriormente, há anos, na companhia do saudoso Primo e distinto investigador e historiógrafo, Dr. Rui Moreira de Sá e Guerra, foi-nos informado no local, por um freguês, ter ela possuído uma pedra de armas que havia sido deslocalizada para parte incerta pelo seu proprietário de então. Desconhecemos, malogradamente, que composição heráldica possuía a pedra de armas. 44 Mantemos, embora, alguma dúvida acerca da filiação desta Maria Nunes, hesitando se seria filha dos que lhe damos por pais, se neta e filha do casal Diogo Velho e Genebra Dias, adiante referidos. E isto porque a filha deste casal, Marta Nunes, casa no ano de 1582, tendo sido baptizada no de 1562.
  • 25. 25 II (8) - Rev. Pero Velho, recebeu ordens menores em Braga, a 20/12/1572. Foi abade de S. Pedro da Raimonda, Lousada, onde faleceu a 06/12/1602, estando enfermo havia três ou quatro meses e havia renunciado em seu sobrinho o Revº. Gonçalo Velho, havia mais de dois meses. II - DIOGO VELHO, que deverá ter nascido cerca de 1521, se a idade está indicada correctamente no assento de óbito: Diogo Velho, do Bairro, freguesia de Santa Maria de Alvarenga, Lousada, faleceu de doença que Deus lhe deu sendo de idade de cem anos, a 19/05/1621, confessado, não comungou por não se atrever e está enterrado diante do arco junto de sua mulher. Fez testamento. Assento de óbito de Diogo Velho, do Bairro Foi tabelião do concelho de Felgueiras e couto de Pombeiro, senhor da Casa e Quinta do Bairro e administrador da capela de S. Roque, em Santa Maria de Alvarenga. Casou em Santa Maria de Alvarenga com GENEBRA DIAS, que faleceu nesta freguesia a 06/01/1616, de morte repentina, sendo filha de Diogo Gonçalves, senhor da quinta do Bairro (onde faleceu a 31/01/1586, co testamento de que foi testamenteiro seu genro Diogo Velho) e de sua mulher Maria Roiz (falecida a 04/01/1592, sendo sepultada junto de seu marido, abintestada, tendo no dia do enterro 11 padres pagos a 70, e de jantar vaca, a 7 do mesmo mês 11 padres pagos a 60, e deu de jantar peixe fresco bom, e a 20/02/1593 se lhe fez o ano e teve 12 padres de graça a rogo do padre Gonçalo Velho a que Diogo Velho disse que dava toda a esmola). No livro misto nº 2 da freguesia de Alvarenga (a folhas 135) deixou escrito o pároco:
  • 26. 26 “Na capela de São Roque 5 missas cada ano, pagas a meio tostão que dizem os Reitores desta igreja pela alma de Diogo Velho, de que agora é administrador Sebastião Teixeira morador em São Fins por comprar a ponte da Veiga da mesma freguesia, as herdades sobre que carrega a satisfação das esmolas delas, oração Deus venir largitor: não tem dia certo. Este administrador da fábrica desta ermida, com porção de 5 medidas a casa do Bairro desta freguesia que ora possui Margarida Nunes, Dona viúva que ficou do capitão Gonçalo Fernandes de Sousa: fiz eu Reitor Mateus Teixeira, Roteiro que está na igreja no tempo do Ilº Sr. Arcebispo Dom Veríssimo e pus neste livro a continência dele. Mateus Teixeira.” Tiveram, pelo menos45 : III (1) - Revº Gonçalo Velho, que tomou a prima tonsura na capela de S. Geraldo, da Sé de Braga, em 26/03/1583. Foi abade de S. Pedro da Raimonda, Lousada, desde 1602. III (2) – Marta Nunes, que segue III – MARTA NUNES, foi baptizada a 07/01/1562, na freguesia de Santa Maria de Alvarenga. Foi senhora da casa e quinta do Bairro. Casou em Alvarenga, a 13/05/1582, com JOÃO MANUEL, mercador, natural da freguesia de Santa Maria de Gémeos, no termo de Guimarães, filho de Manuel Dias, rico mercador, e de sua mulher Catarina Afonso, o qual veio a falecer em Alvarenga a 26/12/1630, de uma doença de que estava na cama havia muitos dias e cego, recebeu a Santa Unção e foi confessado; não recebeu o Santíssimo Sacramento da Comunhão por não poder e dizem que fez testamento, sendo enterrado numa cova que fez defronte do altar de Santa Catarina, da igreja de Alvarenga.46 45 Vide o que deixamos escrito atrás na nota 13. 46 Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Notarial 46, fl. 69 vº: Documento que documenta a filiação de João Manuel do Bairro, irmão de Cristóvão Dias inquiridor e distribuidor no concelho de Lousada, Ano de 1588 a 18 de Janeiro. “Quitação que deram António Dias Francisco Dias e Cristóvão Dias a João Manuel e a João Gonçalves Nas pousadas do tabelião apareceram as partes António Dias mercador e morador na Rua das Molianas e Francisco Dias mercador e morador no casal do Bairro da freguesia de Santa Maria de Gémeos e Cristóvão Dias contador e destribuidor e enqueredor no concelho de Louzada e João Manuel morador no casal do Bairro na freguesia de Santa Maria d’Alvarenga do dito concelho de Louzada todos irmãos e filhos legítimos de Manuel Dias e de Catarina Afonso sua mulher defuntos e bem assim João Gonçalves cavaleiro da casa del rei e morador que disse ser na cidade de Lisboa e natural da freguesia de Santo Estêvão de Urgeses e logo por eles António Dias e Francisco Dias e Cristóvão Dias e João Manuel foi dito que eles fizeram uma procuração ao dito João Gonçalves para em seus nomes cobrar arrecadar todos os bens e fazenda que ficara de Pedro Manuel que se faleceu na cidade de Septa (Ceuta) nas caravelas da Armada que os Turcos tomaram a qual arrecadação ele João Gonçalves lhe deu por fiador a Bartolomeu Gonçalves mercador e morador ao Toural (…) e é verdade que ele João Gonçalves lhes tinha dado pagos entregues e satisfeitos todos os bens e fazenda que ele arrecadara e cobrara”. Mais uma informação que nos foi gentilmente fornecida pelo historiador vimaranense, Dr. Rui Faria, a quem ficamos, mais uma vez, devedor.
  • 27. 27 Filhos: IV (1) – Maria Nunes, nascida no casal do Bairro, freguesia de Alvarenga (Santa Maria), concelho de Lousada, ca. 1583. Casou na mesma freguesia a 24-Jan-1599 com Gonçalo Freire, filho de Gaspar Pires, do Mouro. IV (2) – Catarina Nunes, nascida no lugar do Bairro, freguesia de Alvarenga, baptizada a 23/09/1585 e faleceu no Campo de Santa Catarina, na tarde de uma quinta-feira de Janeiro de 1609, “jaz no altar de Santa Catarina na Campa de seu pai porquanto se mandou por testamento que fez Pantalião Ribeiro no qual mandou que nesta Igreja a sepultassem. Obradas do enterramento / hum peru / 2 carneiros / duas rasas de triguo / 4 de milho / 4 cântaros de vinho, hum de dez canadas quebrou e perdeu-se pelo caminho / Na Sexta- feira dois de Janeiro de 609 teve offício por sua alma de seu marido Francisco da Silva, vinte e um padres esmola a seis vinténs e de beber peixe, pão e vinho / de todo o acima dito leva o vigário Francisco Pinto a metade / E mais lhe dei a minha parte do peru que mo pediu / mais vieraõ no dia e no offício três pescadinhas galeguas levou as duas por lhe fazer graça pesariam todas seis arráteis / Fez mais Francisco da Silva o mês aos 5 de Janeiro e aos seis o anno e a cada estado destes teve quinze padres a preço e esmola sete vinténs (…)”. Casou na mesma freguesia, a 03/11/1602, com Francisco da Silva, filho de Gaspar Martins e de sua mulher Maria da Silva, da freguesia de Sousela (Santa Maria. C. g. IV (3) – Manuel Velho, que segue IV (4) - Diogo Velho, nascido em Janeiro de 1587, baptizado em casa por Margarida André mulher de Santos da Silva, faleceu a 31/01/1587. Casou na freguesia de São João de Covas a 09/11/1608 com Beatriz de Meireles Freire, herdeira do casal de Almedinha, filha de Domingos Gaspar (Moreira) e de sua mulher Águeda Freire de Meireles, senhores da casa de Rio de Moinhos, da freguesia de S. João de Covas.47 C. g. IV (5) – Isabel Nunes, nascida no lugar do Bairro da freguesia de Alvarenga, onde casou a 13/11/1611, com Francisco Freire, filho de Brás Dias e de sua mulher Maria Freire, moradores em Mós, freguesia de S. Miguel de Silvares, filho de Brás Dias e de sua mulher Maria Freire. Viveram no casal da Barruda. Casou segunda vez a 05/07/1621 com Gonçalo Jorge. 47 Este casamento foi contra a vontade dos pais da noiva, segundo informa Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, no seu “Nobiliário de Famílias de Portugal” em título de Moreiras, da Lousa, e o padre Henrique Moreira da Cunha, no seu Nobiliário, manuscrito, “Árvore da Antiga Família de Moreiras da Casa da Lousa sita no lugar de Moreira, freguesia de S. Miguel da Gandra, Aguiar de Sousa”.
  • 28. 28 IV (6) – Margarida Nunes, foi senhora da casa do Bairro, em Alvarenga. Casou em Alvarenga, a 16/11/1625, com o capitão Gonçalo Fernandes de Sousa, mercador de panos e linho, ofício de que vivera juntamente com o rendimento de suas fazendas (uma testemunha no processo de habilitação para o Santo Ofício do seu neto o Rev. Gonçalo de Sousa e Oliveira, diz que o avô deste comprava nas feiras pano de linho). Ele era natural de Cepeda, na freguesia de S. Martinho de Arrifana de Sousa, filho de Sebastião Fernandes e de sua mulher Maria André, estalajadeira no sítio da Ponte Cepeda, aonde vinham pousar muitos mercadores e homens de fora. Nela foi aposentado alguns tempos um mercador castelhano e por lhes nascer um filho nesse tempo, o mercador se lhe afeiçoou e depois de ser de doze anos o levou para Castela, donde veio homem feito. Pretendeu Catarina André, sua tia, irmã da mãe, que o castelhano lhe levasse um seu filho e por ele o não fazer, pelejando com sua irmã, afirmou que se ele lhe levara o filho fora por o haver dele e não do marido. Desta fama nasceu o dizer-se que Gonçalo Fernandes de Sousa tinha raça de cristão-novo, o que é impossível averiguar. Quando ele ia às festas de Penafiel diziam vulgarmente “lá vem o judeu de Alvarenga”. No mesmo processo algumas testemunhas afirmam que Margarida Nunes tinha fama de cristã-nova e a esse respeito se fizeram diligências tendo as testemunhas ouvidas afirmado que ela era das principais famílias do concelho de Lousada, com irmãos religiosos.48 Foi Gonçalo Fernandes de Sousa capitão de ordenanças do concelho de Lousada, por eleição da câmara em 1641, exercitando até 1665, ano em que faleceu; e em todo este tempo acudiu com pontualidade às obrigações que lhe tocavam do exercício da sua companhia e das conduções dos soldados para a província do Minho; serviu também, pelo espaço de 22 anos de tesoureiro das décimas e depositário dos bens de raiz, sem que por este trabalho levasse salários. C. g. IV (7) – Anastácia Nunes da Fonseca, que casou com Pantaleão Pinto Ribeiro, capitão-mor de Lousada, senhor da casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, filho de Pantaleão Ribeiro e de sua mulher Leonor Pinto da Fonseca, senhores da dita casa do Porto. C. g. na casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, Lousada.49 48 A. N. T. T., Leitura de Bacharéis, Manuel Pinto de Sousa, maço 19, nº 3. 49 Leonor Pinto da Fonseca ou Leonor Pinto Borges, mãe do capitão-mor Pantaleão Pinto Ribeiro, era filha de Amador Pinto de Sousa, escrivão da câmara e almotaçaria do concelho de Lousada, senhor da casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada, e do casal da Seara, em Caíde de Rei, Lousada, e de sua mulher Filipa Borges Barreto, sendo ele filho de Gonçalo Rodrigues Pinto, escudeiro e juiz ordinário do concelho de Lousada, e de sua mulher Leonor Vieira (filha de António Rodrigues Vieira e de sua mulher Maria da Folha); neto paterno de Rui de Oliveira Pinto, 2º senhor da casa do Porto, e mulher Isabel Juzarte; bisneto
  • 29. 29 IV (8) – João Inocêncio, frade crúzio IV (9) – Revº João Velho, vigário de Carvalhosa, Paços de Ferreira. IV (10) – N. do sexo masculino, que morreu recém-nascido. IV (11) - N. do sexo masculino, gémeo do anterior, morreu na mesma data. IV – MANUEL VELHO, natural da freguesia de Alvarenga, veio a falecer na freguesia de Sernande, do concelho de Felgueiras, no lugar do Burgo, a 24/12/1669, com todos os sacramentos; fez testamento em que deixou sua 3ª mulher por herdeira e foi sepultado na sua capela da Santíssima Trindade. Foi tabelião do público e judicial do concelho de Felgueiras e couto de Pombeiro, juiz dos órfãos do concelho de Unhão, familiar do Santo Ofício50 , senhor da casa do Burgo, em Sernande, Felgueiras, e de meio casal do Assento, na comenda de Airães, da Ordem de Cristo (em 08/10/162151 ). Casou em 1ªs núpcias, a 14/09/1614, em Sernande, com MARIA DO COUTO (PEREIRA)52 , natural da mesma freguesia e herdeira da Casa do Burgo, onde veio a falecer a 24/01/1641, com todos os sacramentos e fez testamento; “era pessoa nobre e muito riqua”.53 Era filha de Manuel Pereira, tabelião do público de Felgueiras e juiz dos órfãos do concelho de Unhão durante, pelo menos, 30 anos 54 , e de sua mulher Antónia do Couto, senhores da casa do Burgo. Vieram eles a herdar a administração do vínculo da Santíssima Trindade, instituído pelo irmão dela Salvador do Couto Pereira. paterno de António de Sousa, de Amarante, donatário do concelho de Lousada e de sua jurisdição, fidalgo do Conselho (1475), claveiro da Ordem de Cristo (antes de 1468), fronteiro de Nisa, Montalvão e Alpalhão (31 de agosto de 1475), sendo filho natural de Afonso Vasques de Sousa, freire da Ordem de Cristo, sendo este filho de outro Afonso Vasques de Sousa, o Cavaleiro, e de sua mulher Leonor Lopes de Souza, em segundas núpcias da mesma, filha de D. Frei Lopo Dias de Souza, mestre da Ordem de Cristo. Portanto, António de Sousa era dos Sousa ditos de Arronches por parte desta sua bisavó Leonor Lopes de Sousa e de sua mulher Beatriz Pinto, 1ª senhora da casa do Porto, como consta da justificação de nobreza de seu descendente Pantaleão Pinto Ribeiro, e dos Pinto Cochofel da casa de Lagariça, como consta das cartas de armas dos netos deste António Pinto de Sousa e padre José Pinto de Sousa, datadas respectivamente de 23/10/1731 e 08/11/1731. Aí se refere que eram descendentes da casa da Lagariça no concelho de Ferreiros e Tendais, tendo-lhes sido passadas cartas de armas: escudo esquartelado, no I e IV Sousa, de Arronches, por privilégio; II as armas dos Pinto; e III as armas dos Ribeiro; elmo de prata aberto guarnecido de ouro; tendo por diferença uma brica de ouro com um trifólio de negro; e timbre dos Pinto). Vd. Do autor “Borges Barretos, das casas de S. João de Macieira, Juste e Ronfe (Lousada) (Aditamento ao estudo Memórias Familiares e Genealógicas), a publicar em breve. 50 Idem, Santo Ofício, maço 53, doc. 1134. 51 Idem, Chancelaria da Ordem de Cristo, livro 19, fls. 25. 52 Teve uma irmã, Ana do Couto, que casou com Matias de Lemos Ribeiro, herdeiro da quinta de Moure, filho de Jorge de Lemos Ribeiro, senhor da quinta de Moure, e de sua 2ª mulher Maria Teixeira, da torre de Refontoura. C. G. (vide Nobiliário de Famílias de Portugal, Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Titº de Lemos, $ 19, Nº 4) 53 Assim se expressou o pároco de Sernande ao elaborar o assento de óbito. 54 Por ser velho em 1618, tendo três filhas e um filho, foi-lhe passado um alvará, em Lisboa, a 11/05/1618, pelo rei D. Filipe III, dando-lhe licença para renunciar o dito ofício numa das suas filhas, para a pessoa que com ela casasse, vindo a ser confirmado em seu genro Manuel Velho. A. N. T. T., Chancelaria de D. Filipe III, Doações, Livro 9, fls. 162 e 162vº.
  • 30. 30 Assento de óbito de Maria do Couto “Salvador do Couto Pereira, irmão legítimo de Maria do Couto, 1ª mulher de Manuel Velho, comprou uma herdade que foi de Maria Pacheco e que depois possuiu Domingos Marques, barbeiro, casado com Catarina Brochado; esta herdade era encapelada à Santíssima Trindade com 14 medidas de pão e 14 de vinho ou o que na verdade se achar. Faleceu Manuel Velho e sua mulher Maria do Couto. Ficaram-lhe filhos do 1º matrimónio, sobrinhos do instituidor, os quais trouxeram e trazem demandas com os filhos do 3º matrimónio que são Manuel Velho Pinto e sua mãe Maria Pinta e sonegam os títulos do vínculo e a instituição e há mais de 15 anos que se não dá satisfação a elle por ficarem em posse e cabessa de cazal o S.or D.or visitador fara nisto o que for justiça pª que se não perqua a menoria deste bem pio”. Assim se expressou o pároco de S. João de Sernande, no livro misto nº 2, fls. 144 vº e 14555 , em que acrescenta: “Mais o Padre Francisco Mendes Pereira, natural desta freguesia de S. João de Sernande que faleceu capelão da capela de São Silvestre, freguesia de S. Miguel de Alcanissa, termo da vila de Sintra, deixou duas missas rezadas por cada um deles esmola de tostão que se digam na Capela da Santíssima Trindade, uma no seu dia e outra no dia de fiéis de Deus a seu responso, em cada uma administrador das ditas missas João do Couto Pereira, prior da Igreja de S. Miguel de Alcanissa, e os bens que deixou no lugar de Sernande obrigados a este legado”. 55 Arquivo Distrital do Porto, S. João de Sernande, Felgueiras, PT-ADPRT-PRQ-PFLG25-002-0002, m0027.
  • 31. 31 “Declaração da obrigação das missas da Capella da Santíssima Trindade sita no lugar do Burgo desta frgª de São João de Cernande” Casou em 2ªs núpcias, a 12/10/1642, na freguesia de Santo Adrião de Vizela, que pertencia então ao concelho de Felgueiras (hoje do concelho de Vizela), com BEATRIZ LOPES DA ROCHA, moradora nesta freguesia, irmã do Revº Jerónimo Lopes, abade desta freguesia (por sua vez sobrinho do anterior abade, o Revº Salvador Lopes), filha de Pero Fernandes, oriundo do casal do Ermo, em S. Lourenço do Selho, e de sua mulher D. Ana Lopes, natural da freguesia de S. Pedro de Azurém, Guimarães, do lugar do Cano das Gafas (era filha de João Lopes, sapateiro e mercador de couros, e de sua mulher D. Catarina Gonçalves).56 Faleceu Beatriz Lopes da Rocha a 10/03/1654, com todos os sacramentos, deixando seu marido por herdeiro e testamenteiro da terça de sua alma. S. g. Casou em 3ªs núpcias, a 14/06/1655, na freguesia de Cristelos, Lousada, com MARIA PINTO (RIBEIRO), nascida nesta freguesia a 13/01/1635, vindo a falecer a 02/11/1700, com todos os sacramentos, sendo sepultada na igreja de Sernande, ficando seu filho Manuel Velho Pinto obrigado ao bem da alma, e era filha de João Pereira e de sua mulher Maria Pinto Ribeiro (irmã do capitão-mor de Lousada Pantaleão Pinto Ribeiro, acima citado em IV (7), neta paterna de Gonçalo Gonçalves, do Barreiro, e de sua mulher Maria Gonçalves; neta materna de Pantaleão Ribeiro e de sua 56 Acerca destes Lopes ou Lopes da Rocha e a sua eventual ligação com os Lopes da Ramada, depois Lopes da Rocha, de Guimarães, tenho em mãos para futura publicação um estudo (que, eventualmente, possa ser valorizado e honrado com a colaboração do ilustre investigador e historiador vimaranense, Dr. Rui Faria) a que dei o nome “LOPES DA ROCHA, de Guimarães, administradores da capela de Santa Ana, na colegiada da Oliveira, “que tem por armas duas ventosas”.
  • 32. 32 mulher Leonor Pinto da Fonseca (ou Leonor Pinto Borges), senhores da casa do Porto, em Santa Margarida de Lousada. Assento de óbito de Manuel Velho, em Sernande, “foi sepultado na sua Capella”. Assento de óbito de Maria Pinto, em Sernande Filhos do 1º matrimónio: V (1) – Manuel Velho do Couto, que foi vereador em Guimarães, em 1658 e 1670, cavaleiro professo na Ordem de S. Bento de Avis,57 senhor da quinta da Silva, na freguesia de S. Miguel de Gonça, Guimarães (por sua mulher), tendo falecido pobre a 04/01/1701, em Gonça. Teve carta da propriedade do ofício de escrivão do público, judicial e notas, datada de 04/03/167158 e de tabelião do concelho de Felgueiras, por carta de 31/05/1670,59 bem como alvará de confirmação do ofício de juiz de órfãos do concelho de Unhão pela aposentação da condessa do mesmo título, datado de 21/01/1673.60 Casou a 23/02/1650, em Nossa Senhora da Oliveira, Guimarães, com Mariana da Guerra, “Morgada”, falecida a 22/02/1692, na sua quinta da Silva, herdeira do Morgadio da quinta da Silva, em Gonça, instituído por seu tio, D. Manuel Afonso da Guerra, que foi colegial da Madalena (um dos colégios menores de Salamanca) antes de se candidatar ao Colégio Maior de S. Bartolomeu, vindo posteriormente a ser bispo de Cabo Verde, o qual era natural de Guimarães, filho de 57 A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês de Ordens Militares, Hábito de Avis com 20$000 réis de pensão, liv.13, f. 80v, 02/09/1660. 58 A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.14, f.37v. 59 Idem, Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.14, f.37v. 60 A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês (Chancelaria) de D. Afonso VI, liv.19, f.197v
  • 33. 33 António Afonso e de sua mulher Maria Gomes.61 O casamento foi precedido de convenção antenupcial. S. g.62 Assento de óbito de “Mariana da Guerra morgada, moradora na Quinta da Sylva, mulher de Manuel Velho do Couto” Assento de óbito de Manuel Velho do Couto, “que falleceo pobre”, sendo “Cavaleiro professo do hábito de S. Bento de Avis” Teve bastardo em Domingas Pereira (ou Ferreira): VI (1) – Filipe Velho do Couto, que foi tabelião de Felgueiras de 1714 a 1745,63 tendo casado a 05/02/1696, com Jacinta Brochado Teixeira, senhora da casa de Cramarinhos, em 61 Vide “INQUIRIÇÃO À ASCENDÊNCIA, PESSOA E BENS DE UM ILUSTRE VIMARANENSE D. MANUEL AFONSO DA GUERRA, BISPO DE CABO VERDE (+ 1624), de Armando de Jesus Marques, in Congresso Histórico de Guimarães e sua Colegiada, Actas, Volume IV, Comunicações, Personagens Ilustres de Guimarães. 62 Testamento de Manuel Velho do Couto e mulher Mariana da Guerra, no Livro B-22-1-36 (N-448, fls. 99), Guimarães, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. 63 A. N. T. T., Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Pedro II, liv. 14, f.197, Carta de tabelião de Felgueiras, de 25/10/1701.
  • 34. 34 Salvador de Moure, filha de António Brochado da Costa e de sua mulher Maria Teixeira. C. g.64 V (2) – Revº João do Couto Pereira, citado naquela declaração da obrigação das missas da capela da Santíssima Trindade, foi prior de São Miguel de Alcaniça arcebispado de Lisboa. Filhos do 3º matrimónio: V (3) – Manuel Velho Pinto, que segue V (4) – João Velho Pinto, baptizado a 02/06/1658 em Sernande, sendo padrinho Manuel Velho, de Gonça, Guimarães, seu meio-irmão. V (5) – D. Maria Pinto, baptizada a 15/04/1663, em Sernande. Casou a 12/11/1688, na mesma freguesia, com Francisco de Barros Soares, filho de Brás Soares e de sua mulher Cecília de Barros, da freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, Guimarães. V (6) – António Pinto Ribeiro, baptizado a 11/04/1666, em Sernande, e falecido solteiro a 29/12/1697, com todos os sacramentos, sendo sepultado na igreja de Sernande, ficando seu irmão Manuel Velho Pinto obrigado ao bem de alma. V (7) – Matias Velho Pinto, baptizado a 09/12/1668, em Sernande, morreu menino. V (8) – Matias Velho Pinto, baptizado a 14/09/1670, sendo seu pai já defunto. V – MANUEL VELHO PINTO, baptizado a 23/04/1656 em Sernande, vindo a falecer a 14/10/1723, com todos os sacramentos, sendo o seu corpo sepultado de licença do Ilustríssimo Senhor na capela da Santíssima Trindade, por assim o ordenar em seu testamento, no qual ordenou mais que lhe mandassem dizer por sua alma três ofícios de vinte padres cada um, com esmola de cento e cinquenta e que se desse de oferta ao pároco no ofício de 64 Na Inquirição de António Velho do Couto, filho de Filipe Velho do Couto e de sua mulher Jacinta Machado Teixeira, afirma João Dias, lavrador natural de Rande e morador no lugar do Souto de São João de Sernande que “o dito Filipe do Couto filho natural de Manuel Velho do Couto, natural do Burgo desta freguesia da qual casou para a de Gonça termo de Guimarães aonde assistiu e morador que foi na dita vila servindo nela como vereador repetidas vezes, e na dita vila teve o dito filho que como tal tratou e ficou herdeiro de parte de seus bens sendo de todos por tal conhecido e na mesma forma o tratou sempre seu tio Manuel Velho do Couto irmão do dito seu pai”; no mesmo sentido Domingos da Costa, oficial de sapateiro, natural da freguesia de Varziela, morador no lugar do Assento, de 60 anos, mais ou menos, afirma “não conheceu Manuel Velho do Couto mas sim a hum irmão do mesmo nome”; mais o depoimento de João de Carvalho, jornaleiro, natural da freguesia de São Tomé de Friande, e morador no Burgo, idade de 70 anos, mais ou menos afirma que “o dito de Manuel Velho do Couto nunca tornou a esta freguesia por grossas demandas que trouxe com seu irmão, do mesmo nome, natural e morador que era na mesma casa do Burgo e que ele testemunha conheceu por haver só quatro anos que é falecido, o qual sempre tratou por seu sobrinho ao dito Filipe Velho que de todos é conhecido por filho natural do sobredito Manuel Velho do Couto” (Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, Inquirições de Genere, Processo n.º 6275, Pasta 278).
  • 35. 35 corpo presente três cruzados novos e nos outros seiscentos réis em cada ofício. Assento de baptismo de Manuel Velho Pinto, em Sernande “Homem nobre, sabe muito bem ler e escrever e tem quantidade de bens de raiz com que se sustenta largamente e com muita limpeza, e não tem filhos fora do matrimónio”65 Diligência de habilitação para o Santo Ofício de Manuel Velho Pinto Foi senhor da casa da Capela, administrador do vínculo da Santíssima Trindade, bem como da quinta da Pena, tudo na freguesia de Sernande, e de 65 A. N. T. T., Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Manuel, mç. 53, doc. 1134.
  • 36. 36 meio casal do Assento, na comenda de Airães, da Ordem de Cristo, familiar do Santo Ofício. Casou a 13/03/1684, na freguesia de S. Tomé da Abação, Guimarães, com D. SERAFINA PEREIRA DE ALMEIDA, natural da freguesia de Santa Maria de Airães, do concelho de Felgueiras,66 e falecida a 26/02/1728, em Sernande,67 filha legitimada do Licenciado Revº Simão Pereira de Almeida68 , pároco desta freguesia e abade da freguesia de S. Tomé de Abação, no termo de Guimarães69 , e de Maria Ribeiro, solteira, da freguesia de Airães; neta paterna do Dr. Simão Pereira, bacharel formado em Leis, corregedor na vila da Torre de Moncorvo, ouvidor da cidade de Tânger,70 e de sua mulher e prima co-irmã D. Francisca de Almeida Brandão71 , senhores da casa e quinta de Arvoredo, em Luzinde, Penalva do Castelo. Assento de casamento de Manuel Velho Pinto com D. Serafina Pereira de Almeida 66 Diz-se isto em vários documentos; sem embargo, nem nos livros de baptismo da freguesia de Santa Maria de Airães, nem nos da freguesia de S. Tomé de Abação, encontrámos o respectivo assento de baptismo. 67 Faleceu viúva, com todos os sacramentos, fez testamento vocal em que deixou que seu corpo fosse sepultado na sua capela da Santíssima Trindade, na sepultura do seu marido e seus antepassados e que por sua alma fariam seu herdeiros como deles esperava. 68 Era natural da freguesia de Luzinde, onde foi baptizado a 11/11/1622, pelo vigário de Pindo João Pais do Amaral. Uma irmã do Licenciado Simão Pereira de Almeida, de nome D. Francisca de Almeida, casou com Damião Gonçalves de Chaves, morador em Viseu, pessoa nobre e por isso conhecida, Familiar do Santo Ofício, o qual tendo sido casado em 1ªs núpcias com Marta de Gouveia, teve o Dr. Manuel Gouveia de Chaves, Mestre Escola da Sé de Chaves, e D. Cristina de Chaves, casada com o donatário e senhor da vila e comendador de Alva (A. N. T. T., Santo Ofício, Tribunal do Santo Oficio, Conselho Geral, Habilitações, Damião, mç. 1, doc. 8 – Diligência de habilitação de Damião Gonçalves de Chaves). 69 Afirma o próprio Lic.º Simão Pereira de Almeida que tomou posse da igreja de S. Tomé de Abação a 20/04/1674. 70 Era ele filho de Pero Roiz, correeiro, da cidade de Coimbra, freguesia de Santiago, que se diz que “viveu de tomar rendas e de sua fazenda” e de sua mulher Maria Fernandes, que vieram viver para a freguesia de S. Martinho de Pindo, no lugar de Santa Eulália, onde faleceram. 71 Era filha de Manuel Pereira, do Arvoredo, e de sua mulher Francisca de Almeida. Um seu irmão, Francisco Pereira, casou na Ínsua, a 04/02/1612, com Francisca de Albuquerque, filha de Francisco Pereira e de sua mulher Ângela de Sequeira, dispensados no 2º grau de consanguinidade.
  • 37. 37 D. Serafina Pereira de Almeida foi legitimada por carta de legitimação passada a 13/08/1681, a pedido do Licenciado Revº Simão Pereira de Almeida, o qual dizendo que sendo clérigo de missa e reitor na igreja de Santa Maria de Airães, houve uma filha de nome Serafina, de uma Maria Ribeiro, do lugar da Ribeira, sendo mulher solteira, e porque não tinha outra filha nem herdeiros legítimos, fazia doação e perfilhação, como provava pela escritura que outorgou em 24/04/1681, nas notas do tabelião Domingos Pacheco, do concelho de Felgueiras.72 Assento de óbito de Manuel Velho Pinto Assento de óbito de D. Serafina Pereira (de Almeida) 72 A. N. T. T., Chancelaria de D. Afonso VI, Legitimações, livro 7, fls. 38 vº. Ainda assim, sublinhe-se que no assento de baptismo do filho primogénito de Manuel Velho Pinto aparece como padrinho António Pereira, “irmão de Dona Serafina Pereira”.
  • 38. 38 Filhos: VI (1) – António Pereira de Almeida Velho, baptizado a 06/01/1687, em Sernande, sendo padrinho António Pereira, irmão de sua mãe D. Serafina Pereira de Almeida. S. m. n. VI (2) – Manuel Pinto Pereira Velho, segue VI (3) – D. Inês Pereira de Almeida, baptizada na mesma freguesia a 04/01/1691 e morreu criança. VI (4) – D. Helena Pereira de Almeida, baptizada na mesma freguesia a 18/03/1693 e falecida solteira, de morte repentina, a 14/04/1770. VI (5) – D. Maria Pereira Pinto de Almeida, baptizada a 04/10/1695 na mesma freguesia, onde faleceu solteira a 11/02/1773, no lugar da Pena. VI (6) – D. Inês Pereira de Almeida, baptizada a 23/03/1698, na mesma freguesia, sendo padrinho seu irmão António, tendo falecido solteira a 05/08/1775, abintestada, no lugar da Pena. VI (7) – Bernardo Pinto Pereira Velho, baptizado a 06/11/1700, na mesma freguesia, sendo padrinho seu irmão Manuel. Faleceu criança. VI (8) – D. Serafina Pereira de Almeida, baptizada a 11/10/1704, na mesma freguesia. S. m. n. VI (9) – Sebastião Pereira Velho e Almeida, baptizado a 20/01/1707, na mesma freguesia, S. m. n. VI (10) – Revº Bernardo Pereira Pinto Velho, nasceu a 30/03/1708, na mesma freguesia. Fez habilitação de genere em Braga, a 07/04/1732. 73 Armas dos Velhos, no Livro do Armeiro-Mor, manuscrito iluminado de 1509, do reinado de D. Manuel I, da autoria do Rei de Armas João du Cros 73 Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, “Inquirições de Genere Vita et Moribus”, Procº 31449, Pasta 1393.
  • 39. 39 VI – MANUEL PINTO PEREIRA VELHO, foi baptizado a 19/09/1688, na freguesia de Sernande, sendo padrinho António Dias de São Paio, familiar do Santo Ofício, senhor da quinta da Lamosa, em S. Vicente de Sousa, Felgueiras, marido de D. Maria Borges do Couto (esta irmã inteira do senhor da casa de Sá, em Santa Eulália de Barrosas, Manuel Borges do Couto74 ). Foi senhor da casa da Capela e administrador do vínculo da Santíssima Trindade, na freguesia de Sernande, senhor da quinta da Pena, na mesma freguesia. Em 22/12/1751 foi-lhe concedida provisão para poder colocar um confessionário na sua capela do vínculo da Santíssima Trindade. 75 Casou em 1ªs núpcias, na freguesia de Santa Cristina de Vilariño, concello de Pereiro de Aguiar, no bispado de Orense, com DOÑA MARIA TERESA PEAGUDA FEIJÓO Y NOVOA, natural desta freguesia, filha de Don Francisco Peaguda Feijóo, natural da freguesia de Erdeño (?) 76 e de sua mulher Doña Maria Antonia Feijóo y Novoa, da casa e quinta de Vilariño77 ("Casa dos Morgado, con escudo de los Feixoó y Sotelos" a qual veio a falecer abintestada, a 05/12/1749, em Sernande, sendo sepultada na capela de seu marido e em sepultura dos antepassados deste. A “Casa dos Morgado” tem duas pedras de armas: a 1ª com um escudo com as armas dos Feijóo em pleno; a 2ª com um escudo esquartelado: no 1º quartel Feixóo; no 2º, três árvores (Pardo?); no 3º Novoa; e no 4º Sotelo 74 Vide, do autor, “Memórias Familiares e Genealógicas”, Porto – 2018, pág.s 97 e 98. 75 Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, Provisão a favor de Manuel Pinto Pereira Velho, morador na quinta da capela da freguesia de São João de Sernande, concelho de Unhão, possuidor da sua capela da Santíssima Trindade, sita na mesma freguesia, para poder pôr um confessionário na mesma. 76 Não consegui encontrar freguesia com este nome nas consultas que fiz. Poderá ter mudado de nome, ou este estar mal escrito no assento paroquial português. 77 É a "Casa dos Morgado, con escudo de los Feixoó y Sotelos".
  • 40. 40 Assento de casamento de Manuel Pinto Pereira Velho com D. Maria Leonarda de Carvalho e Almeida Casou em 2ªs núpcias, a 22/09/1757, na igreja de Santo Ildefonso, na cidade do Porto, com D. MARIA LEONARDA DE CARVALHO E ALMEIDA, natural de S. Martinho de Mancelos, onde nasceu a 27/08/1730, (foi baptizada pelo tio o Revº Luís de Almeida e Andrade, irmão de sua mãe) viúva de Johann van der Moher, natural de Hamburg e mercador na cidade do Porto (filho de Ulrequim van der Moher e de sua mulher Gertrude van der Moher de Hambourg), filha de Domingos Mendes de Carvalho, natural de Salvador de Travanca, Amarante, escrivão do eclesiástico na cidade do Porto, o qual a 06/07/1773, em Santo Ildefonso, Porto, sendo sepultado na igreja de Santo Elói, freguesia da Sé, da mesma cidade, e de sua mulher D. Leonarda Maria de Almeida e Andrade, natural da freguesia de Monserrate,
  • 41. 41 na cidade de Viana do Castelo, falecida a 19/07/1759, sendo sepultada na igreja dos Congregados, da mesma cidade do Porto (eles casaram na igreja de S. José, Lisboa, a 08/12/1727); neta paterna do capitão Manuel Mendes de Carvalho e Vasconcelos, senhor da casa da Cruz, na freguesia de Salvador de Real, Amarante, e de Mariana Gonçalves, solteira e moradora em S. Pedro de Ataíde; neta materna de Manuel Luís de Arantes, natural de Besteiros, concelho de Amares,78 e de sua mulher D. Mariana de Almeida e Andrade, natural da freguesia de Sobral Pichorro, Celorico da Beira, distrito da Guarda.79 Filha do 1º casamento: VII (1) – D. Maria Rosa, nasceu em Sernande a 02/01/1748, sendo padrinhos de baptismo D. João Manuel de Menezes e a Ex.ª Senhora D. Maria Rosa de Menezes, sua mulher, da Casa de Ponte de Lima, por procuração que fizeram ao Revº Bernardo Pinto Velho e a D. Helena Pereira de Almeida, seus tios paternos, ambos do lugar e casa da Capela, da freguesia de Sernande, e aí faleceu solteira a 30/08/1754. Filhos do 2º casamento: VII (2) – Francisco de Borja Pinto Pereira, nasceu em Santo Ildefonso, Porto, a 10/10/1758. Teve habilitação de genere, em Braga, a 29/12/1770. 80 VII (3) – D. Ana Peregrina Pinto Pereira Velho de Carvalho e Almeida, segue VII – D. ANA PEREGRINA PINTO PEREIRA VELHO DE CARVALHO E ALMEIDA, nasceu a 11/07/1761 em Santo Ildefonso, Porto, sendo seus pais moradores na rua de Saltavalados, dessa freguesia, tendo por padrinho seu avô materno Domingos Mendes de Carvalho e o Doutor Francisco Ribeiro dos Guimarães, morador ao Padrão das Almas, 78 Era filho de José Luís, natural da freguesia de Caires, e de sua mulher Ana de Arantes, do lugar do Estremadouro, Besteiros, Amares. 79 Era filha de António Roiz Sobral, tenente de guerra ou tenente de cavalos (segundo outros), escrivão do público, judicial e notas da vila de Infias no termo de Fornos de Algodres (em sucessão a seu sogro) e de sua mulher Mariana de Almeida (filha esta de Filipe da Veiga, escrivão do público, judicial e notas da vila de Infias no termo de Fornos de Algodres por carta de 10/08/1646 de confirmação do mesmo ofício que lhe fora concedido pelo conde de Linhares, donatário da dita vila e de sua mulher Maria Tenreiro, da freguesia de Sobral Pichorro. António Roiz Sobral e mulher Mariana de Almeida António Roiz Sobral e mulher Mariana de Almeida moraram na sua quinta de Valverde, arrabalde da Portela, freguesia de Monserrate, Viana do Castelo. Mariana de Almeida e Andrade teve carta de padrão de tença de 16.000 reais por carta de 05/04/1691. Vide de Óscar Caeiro Pinto “Genealogia da Família Tenreiro”, edições Guarda-Mor, Lisboa 2011, pág. 34 e 37. E de Luís Soveral Varella, “Os Soveral da Beira: de Algodres a Sernancelhe, Viseu, Canas de Senhorim e Oliveira do Conde”. 80 Universidade do Minho, Arquivo Distrital de Braga, “Inquirições de Genere Vita et Moribus”, Procº 29706, Pasta 1313.
  • 42. 42 com procuração de D. Joana Benta de Vasconcelos de Almeida, tia materna da baptizada. Veio a falecer a 10/9/1839 na casa de Sá. Brasão de D. Ana Peregrina Pinto Pereira Velho de Carvalho e Almeida Leitura heráldica: 1º quartel, Velho; no 2º Pinto; no 3º Carvalho, no 4º Vasconcelos Foi senhora da casa da Capela e última administradora do vínculo da Santíssima Trindade, em S. João de Sernande, Felgueiras. Casou na igreja paroquial de Santa Eulália de Barrosas, a 01/06/1801, com FRANCISCO JOAQUIM MOREIRA CARNEIRO BORGES DE SÁ BARRETO (ou FRANCISCO JOAQUIM MOREIRA DE SÁ, como passou a usar mais tarde), viúvo (c. g.) de D. Josefa Antónia de Sotomayor Osório de Menezes e Vasconcelos, o qual nasceu a 14/4/1748 em Barrosas, sendo baptizado no dia 28 pelo revº José Borges Barreto, seu tio-avô materno, tendo por padrinhos o tio-avô revº Manuel Borges de Sá e a tia materna D. Teresa de Jesus Borges do Couto e Sá, e veio a falecer em 1832: “O Cavalheiro Francisco Joaquim Moreira de Sá da Caza de Sá desta freguezia de Santa Eulália de Barrozas, termo de Guimarãens, Arcebispado de Braga, faleceo de vida prezente com todos os Sacramentos da Sancta Madre Igreja aon vinte e dois dias do Mes de Febreiro do Anno de mil oito centos e trinta e dois e foi sepultado na Capella da mesma Quinta de Sá em sepultura propria aos vinte e tres dias do mesmo Mes e Anno”. Foi fidalgo da Casa de Sua Majestade (alvará régio de 29/8/1752), cavaleiro professo na Ordem de Cristo (alvará de 18/3/1767), proprietário do ofício de escrivão do público, judicial e notas da correição de Guimarães (cargo que renunciou em José António de Freitas, autorizado por alvará régio de 7/5/1799), 1º administrador do morgado de Sá, administrador do vínculo de Santa Cruz, em Santo Adrião de Vizela e do morgado do Outeiro, com capela de Nossa Senhora dos Remédios, em S. Paio dos Arcos de Valdevez, senhor da casa e quinta de Sá, das quintas do Requeixo, Eira e Crasto e prazo das bouças da Silva Verde, em Barrosas, da quinta das Queirosas, em Santo
  • 43. 43 Estêvão de Barrosas, da quinta do Monte, em Gondar, das quintas do Mosteiro e Assento, em Serzedelo, das quintas de Tigem, Casal e prazo de Silvares, em Santo Adrião de Vizela, da quinta do Outeiro, em Regilde, das quintas da Cascalheira e Mourisco, em S. João das Caldas de Vizela, da casa e quinta do Pinheiro, privilegiada das Tábuas Vermelhas de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, em Nespereira, da fazenda de Santo António, na província de Minas Gerais, no Brasil, dos moinhos do esquerdo (de seis rodas), em Fermentões, etc. Francisco Joaquim Moreira de Sá foi poeta de mérito, tendo pertencido com o irmão, o cónego magistral Joaquim José Moreira de Sá, à “Academia Vimaranense”. Da sua actividade literária destacam-se “A Queda de Napoleão”, poema épico em cinco cantos dedicado ao Príncipe Regente, e a “Proclamação aos Portugueses”, em verso heróico solto, impressa em Coimbra, na Real Imprensa da Universidade. Era filho herdeiro do capitão-mor Francisco Moreira Carneiro, capitão-mor da vila de Nossa Senhora da Conceição de Mato Dentro, distrito do Serro Frio, província de Minas Gerais, Brasil, cavaleiro-fidalgo da Casa de Sua Majestade (por decreto régio de 23/2/1750), cavaleiro professo na Ordem de Cristo (mercê de 22/6/1741), familiar do Santo Ofício (carta de Outubro de 1743), fidalgo de cota de armas, com carta de brasão de armas de 16/4/1750,senhor da quinta do Assento, na comenda de Santa Cristina de Serzedelo, da Ordem de Cristo, etc., nascido a 17/4/1690 em S. Pedro de Ferreira, do concelho de Aguiar de Sousa, e de sua mulher D. Eduarda Catarina Borges do Couto e Sá, senhora da casa e quinta de Sá, da casa e quinta do Pinheiro, privilegiada das Tábuas Vermelhas, em Nespereira, das quintas de Tigem e do Casal, com o vínculo da capela de Santa Cruz, em Santo Adrião de Vizela, da quinta do Outeiro, em Santa Comba de Regilde, da quinta do Monte, em Gondar, da quinta do Requeixo, etc. Filhos deste matrimónio: VIII (1) - Miguel António Moreira de Sá, embora não fosse o primogénito (era filho, como vimos, do 2º matrimónio de seu pai), veio a tornar-se o herdeiro do morgadio e dos restantes bens patrimoniais de seus pais, pelo que foi o 2º administrador do morgado de Sá, senhor da casa e quinta de Sá, da quinta da Cascalheira, do prazo de Silvares, da quinta do Outeiro, de Tigem, do vínculo de Santa Cruz e quinta do Casal, etc. Nasceu a 14/11/1801 em Santa Eulália de Barrosas e veio a falecer a 27/7/1836 em Lisboa, sendo sepultado no cemitério do Alto de S. João. Foi combatente da causa liberal, sendo distinta a sua folha de serviços em defesa do seu monarca. Em 1821 e 1822 era cadete da 1ª Companhia do 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 15.
  • 44. 44 Em 1826 era já tenente do Batalhão de Voluntários Nacionais, em Guimarães, onde serviu até 1828. Neste mesmo ano, passou a servir no Porto e, após a derrota das forças constitucionais, acompanha a divisão de Sá da Bandeira na sua ida para a Galiza e depois para Inglaterra. No ano seguinte, em 1829, regressa a Portugal. Sendo descoberto em Monção é preso e conduzido sob prisão para o castelo de Guimarães. 115 Julgado em tribunal de guerra, é condenado à morte por enforcamento, juntamente com outros combatentes liberais. Em 19/11/1830 é protagonista de uma espectacular evasão, com mais cinco companheiros seus igualmente condenados à pena capital. Segundo ele próprio relata num curioso livro de memórias (com a narração das aventuras e sofrimentos como exilado e prisioneiro de guerra), ter-se-á servido dos lençóis das camas rasgados em tiras, atadas umas às outras, sendo a primeira presa às grades da prisão. Por elas desceram os fugitivos até ao largo do Cano. Embarcou no Porto para o Brasil onde, posteriormente, se lhe foi juntar a família, enquanto a casa de Sá era sequestrada pelo governo do rei D. Miguel. Durante a sua permanência no Brasil escreveu e publicou uma “História de D. João VI”, no seguimento de uma tendência literária que se manifestou desde a infância e relatada ufanamente pelo pai. Regressou a Portugal em Abril de 1834, alistando-se no Batalhão Nacional fixo, de Guimarães, em que teve o posto de capitão. Em 4/8/1834 foi eleito vereador da Câmara de Guimarães, eleição que se repetiu em 15/2/1835. Nos finais de 1835 partiu com a família para a capital a fim de ocupar o cargo de redactor de “O Nacional”, órgão oposicionista a Agostinho José Freire, vindo a falecer no ano seguinte. Casou a 12/3/1822 na cidade do Rio de Janeiro, com D. Maria Bebiana de Carvalho e Oliveira, nascida a 12/12/1803 na mesma cidade e falecida em 20/11/1840 em Santa Eulália de Barrosas, na sua casa de Sá, filha do conselheiro Dr. Jacinto Manuel de Oliveira, bacharel formado em Leis, desembargador no Rio de Janeiro, do conselho de Sua Majestade, comendador da Ordem de Cristo, natural do Serro Frio, província de Minas Gerais, e de sua mulher D. Joana Maria Angélica de Carvalho, natural da freguesia de Landim, concelho de Vila Nova de Famalicão; neta paterna de Custódio Barbosa de Oliveira, de S. Salvador de Bente, Vila Nova de Famalicão, e de sua mulher D. Jacinta Teresa de Jesus, da vila do Príncipe, no Serro Frio; neta materna do tenente-coronel Bento Dias de Carvalho Landim, mercador, familiar do Santo Ofício (carta de 6/3/1767), natural de S. Salvador de Bente, e de sua mulher D. Ana Gonçalves de Jesus.