O documento discute a família patriarcal e suas funções econômicas de uma perspectiva sociológica. Primeiro, define os conceitos de "função econômica" e "família patriarcal", reconhecendo que não são claros. Em seguida, propõe focar nas atividades da família patriarcal que contribuíam para manter o sistema econômico, em vez de confundir estruturas familiares com condições econômicas. Por fim, sugere estudar especificamente as funções econômicas da famí
O documento descreve a origem e evolução histórica da Maçonaria, desde as primeiras organizações de ofício na Roma Antiga, passando pelas confrarias medievais de construtores, até a formação da Maçonaria moderna a partir do século XVII. Também aborda o papel político da Maçonaria ao longo da história, especialmente no Brasil, desmistificando a ideia de ser apenas uma ordem religiosa.
[1] O documento discute como os rituais e performances de torcedores de futebol, como acenar com lenços brancos, podem ser analisados como um ritual político que ajuda os torcedores a reconstruir sua identidade e sentido de controle.
[2] O autor observou diversos tipos de torcedores em um estádio, incluindo grupos que viajam para todos os jogos e famílias que realizam rituais como comer antes das partidas.
[3] O autor argumenta que os rituais dentro do estádio ajudam os tor
O abandono da razão descolonização de discursos sobre infância e família, 1999Pedro Bevilaqua Pupo Alves
O documento discute os modelos tradicionais usados para analisar a família brasileira, como a família nuclear, patriarcal e a "crise da família". Argumenta-se que esses modelos importados não capturam totalmente a realidade brasileira e que é necessário uma abordagem descolonizada que considere o contexto histórico e social de cada modelo teórico.
Este documento discute a repressão política no Brasil durante o período militar entre 1964-1970, especificamente em Teresina, Piauí. Ele analisa o impacto do golpe militar sobre as organizações sociais e a Igreja Católica na cidade, com base nos depoimentos de testemunhas da época. O objetivo é reconstruir a memória coletiva daqueles que sofreram perseguição política para compreender melhor esse período histórico conturbado.
O documento descreve a experiência de alguns protestantes em Pernambuco que se aproximaram da ideologia comunista durante os anos 1940, contrariando a postura majoritária do protestantismo brasileiro que nutria reservas em relação às ideologias de esquerda. O texto cita exemplos de protestantes em Paulista que militavam no Partido Comunista Brasileiro e sofriam perseguição por isso, mesmo dentro de suas igrejas. Aproximações entre protestantes e ideais de esquerda não eram incomuns, mas a adesão ao comunismo como most
1) O texto discute a ruptura radical de Caio Prado Júnior com a ordem social existente e sua evolução para posições cada vez mais radicais, culminando no comunismo.
2) Florestan Fernandes argumenta que essa ruptura se deve principalmente a uma "ruptura moral interior" de Caio Prado Júnior, ao invés de apenas fatores intelectuais ou políticos.
3) O texto também resume os principais livros e ideias desenvolvidas por Caio Prado Júnior ao longo de sua carreira, que refletiram sua
Entre o publico e o privado relacoes de genero no pensamento positivista e ...sioliv
Este documento discute como o pensamento positivista e católico no Brasil do século XIX estabeleceu o lugar da mulher na esfera privada e ajudou a consolidar a herança patriarcal. O positivismo via a mulher como tendo uma "identidade positiva" baseada em sua habilidade emocional e superioridade moral, justificando sua submissão aos homens. O catolicismo também promovia uma visão tradicional dos papéis de gênero. Ambos influenciaram a sociedade brasileira a ver a mulher como pertenc
Este documento discute a organização dos intelectuais no Brasil ao longo de três períodos históricos: 1) No Império, as academias e institutos foram os principais espaços de atividade intelectual. 2) Na República Velha, a universidade e a pós-graduação passaram a ser o centro da comunidade científica. 3) Mais recentemente, as organizações não-governamentais ganharam importância, refletindo mudanças na "inteligência coletiva".
O documento descreve a origem e evolução histórica da Maçonaria, desde as primeiras organizações de ofício na Roma Antiga, passando pelas confrarias medievais de construtores, até a formação da Maçonaria moderna a partir do século XVII. Também aborda o papel político da Maçonaria ao longo da história, especialmente no Brasil, desmistificando a ideia de ser apenas uma ordem religiosa.
[1] O documento discute como os rituais e performances de torcedores de futebol, como acenar com lenços brancos, podem ser analisados como um ritual político que ajuda os torcedores a reconstruir sua identidade e sentido de controle.
[2] O autor observou diversos tipos de torcedores em um estádio, incluindo grupos que viajam para todos os jogos e famílias que realizam rituais como comer antes das partidas.
[3] O autor argumenta que os rituais dentro do estádio ajudam os tor
O abandono da razão descolonização de discursos sobre infância e família, 1999Pedro Bevilaqua Pupo Alves
O documento discute os modelos tradicionais usados para analisar a família brasileira, como a família nuclear, patriarcal e a "crise da família". Argumenta-se que esses modelos importados não capturam totalmente a realidade brasileira e que é necessário uma abordagem descolonizada que considere o contexto histórico e social de cada modelo teórico.
Este documento discute a repressão política no Brasil durante o período militar entre 1964-1970, especificamente em Teresina, Piauí. Ele analisa o impacto do golpe militar sobre as organizações sociais e a Igreja Católica na cidade, com base nos depoimentos de testemunhas da época. O objetivo é reconstruir a memória coletiva daqueles que sofreram perseguição política para compreender melhor esse período histórico conturbado.
O documento descreve a experiência de alguns protestantes em Pernambuco que se aproximaram da ideologia comunista durante os anos 1940, contrariando a postura majoritária do protestantismo brasileiro que nutria reservas em relação às ideologias de esquerda. O texto cita exemplos de protestantes em Paulista que militavam no Partido Comunista Brasileiro e sofriam perseguição por isso, mesmo dentro de suas igrejas. Aproximações entre protestantes e ideais de esquerda não eram incomuns, mas a adesão ao comunismo como most
1) O texto discute a ruptura radical de Caio Prado Júnior com a ordem social existente e sua evolução para posições cada vez mais radicais, culminando no comunismo.
2) Florestan Fernandes argumenta que essa ruptura se deve principalmente a uma "ruptura moral interior" de Caio Prado Júnior, ao invés de apenas fatores intelectuais ou políticos.
3) O texto também resume os principais livros e ideias desenvolvidas por Caio Prado Júnior ao longo de sua carreira, que refletiram sua
Entre o publico e o privado relacoes de genero no pensamento positivista e ...sioliv
Este documento discute como o pensamento positivista e católico no Brasil do século XIX estabeleceu o lugar da mulher na esfera privada e ajudou a consolidar a herança patriarcal. O positivismo via a mulher como tendo uma "identidade positiva" baseada em sua habilidade emocional e superioridade moral, justificando sua submissão aos homens. O catolicismo também promovia uma visão tradicional dos papéis de gênero. Ambos influenciaram a sociedade brasileira a ver a mulher como pertenc
Este documento discute a organização dos intelectuais no Brasil ao longo de três períodos históricos: 1) No Império, as academias e institutos foram os principais espaços de atividade intelectual. 2) Na República Velha, a universidade e a pós-graduação passaram a ser o centro da comunidade científica. 3) Mais recentemente, as organizações não-governamentais ganharam importância, refletindo mudanças na "inteligência coletiva".
Giddens, anthony. a constituição da sociedade (1)Vania Pradebon
Este documento apresenta uma introdução a um livro sobre a teoria da estruturação de Anthony Giddens. O texto descreve o contexto no qual a teoria foi desenvolvida, marcado por desafios à sociologia dominante da época, liderada por Talcott Parsons. A introdução também aborda a influência de Parsons na formação da sociologia moderna e a transferência do desenvolvimento teórico para os Estados Unidos no pós-guerra.
Giddens, anthony. a constituição da sociedade (1)Vania Pradebon
Este documento apresenta uma introdução a um livro sobre a teoria da estruturação de Anthony Giddens. O texto descreve o contexto no qual a teoria foi desenvolvida, marcado por desafios à sociologia dominante da época, liderada por Talcott Parsons. A introdução também aborda a influência de Parsons na formação da sociologia moderna e a transferência do desenvolvimento teórico para os Estados Unidos no pós-guerra.
Este documento discute a filosofia brasileira da segunda metade do século XX em 3 frases:
1) A filosofia brasileira passou por novos rumos a partir da década de 1950, quando a sociedade brasileira ganhou maior consciência de sua complexidade cultural e da necessidade de inserção no processo de modernização.
2) Importantes correntes filosóficas foram transplantadas para o Brasil nesse período, como o marxismo, existencialismo e filosofia analítica, enquanto a música popular brasileira,
1) O documento discute como as religiões são frequentemente estudadas como fenômenos universais e autocontidos, em vez de como discursos históricos e políticos.
2) Critica o paradigma weberiano da secularização por não reconhecer como as religiões constroem critérios públicos e privados.
3) Argumenta que a Igreja Católica no Brasil ajudou a construir a sociedade civil e conceitos de direitos através de debates sobre laicidade e apoio a movimentos sociais.
1) O documento discute a obra e importância de Caio Prado Jr. como o primeiro marxista brasileiro.
2) Caio Prado Jr. foi capaz de utilizar o método marxista de forma original para analisar a experiência histórico-social brasileira.
3) Embora o marxismo tenha tido dificuldades em compreender a América Latina, Caio Prado Jr. conseguiu analisar as particularidades do Brasil de forma diferenciada dos demais marxistas brasileiros.
O documento discute a trajetória do autor nos Estudos Culturais e como essa área é percebida no Brasil versus no exterior. Ele destaca que (1) se envolveu com os Estudos Culturais na década de 1990 na Alemanha e Escócia, mas é visto como sociólogo no Brasil, (2) os Estudos Culturais não são uma área disciplinar formal no Brasil, embora autores sejam lidos, e (3) as fronteiras disciplinares são mais fluidas no Brasil devido à institucionalização tardia das ciências sociais
1. A sociologia latino-americana está passando por um processo de revitalização com um retorno ao pensamento crítico e uma ênfase maior na teoria e na análise da dinâmica social total.
2. No entanto, ainda há desafios como superar o empirismo excessivo e a fragmentação dos estudos sociais sem considerar as relações entre os fenômenos e a sociedade como um todo.
3. Será necessário estabelecer vínculos entre os fenômenos particulares e a totalidade social, assim como recuperar a anál
Este documento discute a relação entre formação humana e trabalho a partir da perspectiva de Marx. Segundo o autor, Marx enxerga o trabalho como uma ação formativa que estabelece relações entre o ser humano, a natureza e outros seres humanos sob determinações históricas. No capitalismo, o trabalho explorado gera uma formação unilateral, mas a produção mecanizada traz elementos de uma formação mais abrangente ligada aos interesses dos trabalhadores. Os Institutos Federais tentam experiências nesse horizonte político-pedagógico, podendo se pos
A produtividade da escola improdutiv frigotoKarla Cândido
Este documento discute a regressão social e educacional nas últimas três décadas sob a ideologia do capital humano. Analisa como novas noções surgiram para mascarar esta regressão e destaca o desafio da esquerda em melhor compreender a relação entre teoria e ação política.
Obrigado por compartilhar a história do desenvolvimento de seu interesse em estudar Florestan Fernandes. Sua introdução fornece um contexto útil para entender como você chegou a esta pesquisa. Desejo-lhe sucesso no restante de seu trabalho.
Igreja Catolica E Movimentos Catolicos Operariosguestb196c
Este documento discute a formação da Pastoral Operária (PO) na Arquidiocese de São Paulo entre 1970-1975. A PO foi formada para reunir diferentes grupos católicos que atuavam entre operários. No início, havia diferentes perspectivas sobre a abordagem da Igreja com os trabalhadores, gerando debates entre militantes católicos sobre o papel da hierarquia e a autonomia dos leigos.
Este documento discute o metodismo como um movimento libertador na América Latina. Apresenta três pontos principais: 1) O metodismo latino-americano está mais vinculado ao metodismo norte-americano do que ao original britânico; 2) O metodismo latino-americano se desenvolveu como parte do projeto liberal modernizador das elites no século XIX; 3) É necessária uma releitura do metodismo para que ele possa participar significativamente da busca por um novo horizonte histórico para os povos latino-american
Marx estado idelologia e direito saulo barretoSaulo Barreto
O documento discute a teoria do Estado de Karl Marx. Em três frases:
1) Marx via o Estado e o Direito como instrumentos da classe dominante para manter o status quo e defender os interesses da burguesia.
2) Ele defendia a extinção do Estado capitalista e do Direito burguês após uma revolução do proletariado que estabeleceria a ditadura do proletariado.
3) No entanto, questões como se o direito e o Estado seriam totalmente abolidos na sociedade comunista idealizada por Marx permanecem em aber
Este documento discute as desigualdades sociais e classes sociais na sociedade portuguesa. Primeiro, analisa as teorias marxistas e weberianas sobre classes e desigualdades. Segundo, examina como o trabalho e campo produtivo estruturam as classes e como essas estruturas estão mudando. Terceiro, discute como outros fatores além da classe, como identidade e gênero, também afetam as desigualdades sociais.
A sociedade capitalista é dividida entre classes sociais baseadas em propriedade e renda, enquanto a sociedade feudal era dividida em ordens hierárquicas como nobres, clero e camponeses. Na Idade Média, o trabalho era visto de forma negativa, a Igreja exercia forte influência e as relações sociais eram definidas por vassalagem, suserania e servidão.
A sociologia da inautenticidade gilson cirialloVicente Silva
1) O documento analisa o livro "A Modernização Seletiva" de Jessé Souza, que critica a "sociologia da inautenticidade" e sua visão do Brasil como não plenamente moderno.
2) Jessé Souza defende que a modernidade ocidental teve trajetórias diversas e contraditórias em diferentes países, portanto o Brasil pode ser visto como uma variante seletiva da modernidade.
3) A análise recorre a autores como Weber, Elias e Habermas para contextualizar a modernização ocidental e apoiar a te
O autor argumenta que o Partido Socialista perdeu seu foco ideológico no socialismo e precisa redefinir seu projeto de sociedade. Ele aponta que a crise econômica e o crescimento de forças extremistas exigem que a esquerda ofereça alternativas ao capitalismo predatório. Defende que o PS realize um congresso para debater sua liderança, estratégia para o país e alianças.
Democracia Racial E Multiculturalismo. A Ambivalente Singularidade Cultural B...janioguga
Este documento discute a obra de Gilberto Freyre e sua análise da formação social brasileira. Apresenta a crítica de Anthony Marx à teoria da "democracia racial" de Freyre e argumenta que Freyre via a sociedade brasileira como estruturalmente sadomasoquista devido à ausência do Estado e instituições, o que levou ao domínio pessoal. A dialética entre os princípios despótico e inclusivo do patriarcalismo brasileiro explica a singularidade cultural do país.
Este documento discute questões políticas e ideológicas de forma complexa, citando diversos autores e conceitos. Em três frases:
1. Critica o revisionismo e o governismo burguês, defendendo uma análise marxista-leninista das relações de poder e da luta de classes.
2. Discute como o sentido das palavras depende do contexto histórico-social e das posições ideológicas em disputa, e não existe de forma intrínseca.
3. Aponta que conceitos como "poder popular"
O documento discute o revisionismo político de Vinícius Santos, apontando contradições entre suas declarações públicas e posicionamentos que acabam apoiando o governo burguês. Questiona o uso frequente da "ironia" para reinterpretar posições expressas por escrito e alegar outros sentidos não reconhecidos pelos demais debatedores. Critica também a desorientação política e a defesa do acúmulo de forças dentro dos aparelhos governistas, em vez da luta de classes.
Este documento discute os conceitos de família e parentesco nas ciências sociais. Apresenta como esses conceitos foram desenvolvidos ao longo do tempo através dos estudos antropológicos e como possuem variações culturais, tornando difícil uma definição universal. Também explica como as novas formas familiares na sociedade contemporânea desafiam ainda mais tais conceitos.
1. O documento discute as transformações na estrutura familiar ao longo da história e as diferentes configurações familiares existentes na sociedade pós-moderna.
2. Analisa a evolução da família nuclear tradicional para novas formas como famílias monoparentais, homoparentais, adotivas e recompostas.
3. Argumenta que essas novas configurações sempre existiram, mas eram marginalizadas, e que a sociedade precisa reconhecer a diversidade familiar existente.
Giddens, anthony. a constituição da sociedade (1)Vania Pradebon
Este documento apresenta uma introdução a um livro sobre a teoria da estruturação de Anthony Giddens. O texto descreve o contexto no qual a teoria foi desenvolvida, marcado por desafios à sociologia dominante da época, liderada por Talcott Parsons. A introdução também aborda a influência de Parsons na formação da sociologia moderna e a transferência do desenvolvimento teórico para os Estados Unidos no pós-guerra.
Giddens, anthony. a constituição da sociedade (1)Vania Pradebon
Este documento apresenta uma introdução a um livro sobre a teoria da estruturação de Anthony Giddens. O texto descreve o contexto no qual a teoria foi desenvolvida, marcado por desafios à sociologia dominante da época, liderada por Talcott Parsons. A introdução também aborda a influência de Parsons na formação da sociologia moderna e a transferência do desenvolvimento teórico para os Estados Unidos no pós-guerra.
Este documento discute a filosofia brasileira da segunda metade do século XX em 3 frases:
1) A filosofia brasileira passou por novos rumos a partir da década de 1950, quando a sociedade brasileira ganhou maior consciência de sua complexidade cultural e da necessidade de inserção no processo de modernização.
2) Importantes correntes filosóficas foram transplantadas para o Brasil nesse período, como o marxismo, existencialismo e filosofia analítica, enquanto a música popular brasileira,
1) O documento discute como as religiões são frequentemente estudadas como fenômenos universais e autocontidos, em vez de como discursos históricos e políticos.
2) Critica o paradigma weberiano da secularização por não reconhecer como as religiões constroem critérios públicos e privados.
3) Argumenta que a Igreja Católica no Brasil ajudou a construir a sociedade civil e conceitos de direitos através de debates sobre laicidade e apoio a movimentos sociais.
1) O documento discute a obra e importância de Caio Prado Jr. como o primeiro marxista brasileiro.
2) Caio Prado Jr. foi capaz de utilizar o método marxista de forma original para analisar a experiência histórico-social brasileira.
3) Embora o marxismo tenha tido dificuldades em compreender a América Latina, Caio Prado Jr. conseguiu analisar as particularidades do Brasil de forma diferenciada dos demais marxistas brasileiros.
O documento discute a trajetória do autor nos Estudos Culturais e como essa área é percebida no Brasil versus no exterior. Ele destaca que (1) se envolveu com os Estudos Culturais na década de 1990 na Alemanha e Escócia, mas é visto como sociólogo no Brasil, (2) os Estudos Culturais não são uma área disciplinar formal no Brasil, embora autores sejam lidos, e (3) as fronteiras disciplinares são mais fluidas no Brasil devido à institucionalização tardia das ciências sociais
1. A sociologia latino-americana está passando por um processo de revitalização com um retorno ao pensamento crítico e uma ênfase maior na teoria e na análise da dinâmica social total.
2. No entanto, ainda há desafios como superar o empirismo excessivo e a fragmentação dos estudos sociais sem considerar as relações entre os fenômenos e a sociedade como um todo.
3. Será necessário estabelecer vínculos entre os fenômenos particulares e a totalidade social, assim como recuperar a anál
Este documento discute a relação entre formação humana e trabalho a partir da perspectiva de Marx. Segundo o autor, Marx enxerga o trabalho como uma ação formativa que estabelece relações entre o ser humano, a natureza e outros seres humanos sob determinações históricas. No capitalismo, o trabalho explorado gera uma formação unilateral, mas a produção mecanizada traz elementos de uma formação mais abrangente ligada aos interesses dos trabalhadores. Os Institutos Federais tentam experiências nesse horizonte político-pedagógico, podendo se pos
A produtividade da escola improdutiv frigotoKarla Cândido
Este documento discute a regressão social e educacional nas últimas três décadas sob a ideologia do capital humano. Analisa como novas noções surgiram para mascarar esta regressão e destaca o desafio da esquerda em melhor compreender a relação entre teoria e ação política.
Obrigado por compartilhar a história do desenvolvimento de seu interesse em estudar Florestan Fernandes. Sua introdução fornece um contexto útil para entender como você chegou a esta pesquisa. Desejo-lhe sucesso no restante de seu trabalho.
Igreja Catolica E Movimentos Catolicos Operariosguestb196c
Este documento discute a formação da Pastoral Operária (PO) na Arquidiocese de São Paulo entre 1970-1975. A PO foi formada para reunir diferentes grupos católicos que atuavam entre operários. No início, havia diferentes perspectivas sobre a abordagem da Igreja com os trabalhadores, gerando debates entre militantes católicos sobre o papel da hierarquia e a autonomia dos leigos.
Este documento discute o metodismo como um movimento libertador na América Latina. Apresenta três pontos principais: 1) O metodismo latino-americano está mais vinculado ao metodismo norte-americano do que ao original britânico; 2) O metodismo latino-americano se desenvolveu como parte do projeto liberal modernizador das elites no século XIX; 3) É necessária uma releitura do metodismo para que ele possa participar significativamente da busca por um novo horizonte histórico para os povos latino-american
Marx estado idelologia e direito saulo barretoSaulo Barreto
O documento discute a teoria do Estado de Karl Marx. Em três frases:
1) Marx via o Estado e o Direito como instrumentos da classe dominante para manter o status quo e defender os interesses da burguesia.
2) Ele defendia a extinção do Estado capitalista e do Direito burguês após uma revolução do proletariado que estabeleceria a ditadura do proletariado.
3) No entanto, questões como se o direito e o Estado seriam totalmente abolidos na sociedade comunista idealizada por Marx permanecem em aber
Este documento discute as desigualdades sociais e classes sociais na sociedade portuguesa. Primeiro, analisa as teorias marxistas e weberianas sobre classes e desigualdades. Segundo, examina como o trabalho e campo produtivo estruturam as classes e como essas estruturas estão mudando. Terceiro, discute como outros fatores além da classe, como identidade e gênero, também afetam as desigualdades sociais.
A sociedade capitalista é dividida entre classes sociais baseadas em propriedade e renda, enquanto a sociedade feudal era dividida em ordens hierárquicas como nobres, clero e camponeses. Na Idade Média, o trabalho era visto de forma negativa, a Igreja exercia forte influência e as relações sociais eram definidas por vassalagem, suserania e servidão.
A sociologia da inautenticidade gilson cirialloVicente Silva
1) O documento analisa o livro "A Modernização Seletiva" de Jessé Souza, que critica a "sociologia da inautenticidade" e sua visão do Brasil como não plenamente moderno.
2) Jessé Souza defende que a modernidade ocidental teve trajetórias diversas e contraditórias em diferentes países, portanto o Brasil pode ser visto como uma variante seletiva da modernidade.
3) A análise recorre a autores como Weber, Elias e Habermas para contextualizar a modernização ocidental e apoiar a te
O autor argumenta que o Partido Socialista perdeu seu foco ideológico no socialismo e precisa redefinir seu projeto de sociedade. Ele aponta que a crise econômica e o crescimento de forças extremistas exigem que a esquerda ofereça alternativas ao capitalismo predatório. Defende que o PS realize um congresso para debater sua liderança, estratégia para o país e alianças.
Democracia Racial E Multiculturalismo. A Ambivalente Singularidade Cultural B...janioguga
Este documento discute a obra de Gilberto Freyre e sua análise da formação social brasileira. Apresenta a crítica de Anthony Marx à teoria da "democracia racial" de Freyre e argumenta que Freyre via a sociedade brasileira como estruturalmente sadomasoquista devido à ausência do Estado e instituições, o que levou ao domínio pessoal. A dialética entre os princípios despótico e inclusivo do patriarcalismo brasileiro explica a singularidade cultural do país.
Este documento discute questões políticas e ideológicas de forma complexa, citando diversos autores e conceitos. Em três frases:
1. Critica o revisionismo e o governismo burguês, defendendo uma análise marxista-leninista das relações de poder e da luta de classes.
2. Discute como o sentido das palavras depende do contexto histórico-social e das posições ideológicas em disputa, e não existe de forma intrínseca.
3. Aponta que conceitos como "poder popular"
O documento discute o revisionismo político de Vinícius Santos, apontando contradições entre suas declarações públicas e posicionamentos que acabam apoiando o governo burguês. Questiona o uso frequente da "ironia" para reinterpretar posições expressas por escrito e alegar outros sentidos não reconhecidos pelos demais debatedores. Critica também a desorientação política e a defesa do acúmulo de forças dentro dos aparelhos governistas, em vez da luta de classes.
Este documento discute os conceitos de família e parentesco nas ciências sociais. Apresenta como esses conceitos foram desenvolvidos ao longo do tempo através dos estudos antropológicos e como possuem variações culturais, tornando difícil uma definição universal. Também explica como as novas formas familiares na sociedade contemporânea desafiam ainda mais tais conceitos.
1. O documento discute as transformações na estrutura familiar ao longo da história e as diferentes configurações familiares existentes na sociedade pós-moderna.
2. Analisa a evolução da família nuclear tradicional para novas formas como famílias monoparentais, homoparentais, adotivas e recompostas.
3. Argumenta que essas novas configurações sempre existiram, mas eram marginalizadas, e que a sociedade precisa reconhecer a diversidade familiar existente.
O documento discute a teoria da família de Parsons e seu modelo nuclear democrático, apontando limitações em explicar outros modelos de família. Apresenta debates nos EUA pré-Parsons sobre mudanças na estrutura familiar e a transição da família extensa para a nuclear. Questiona a universalidade do modelo nuclear e a visão de outros modelos como desvios do padrão.
Este documento discute a família na sociedade moderna. Questiona o retorno nostálgico ao modelo tradicional de família e argumenta que a família vem mudando historicamente. Também examina como a família foi capturada pela nova ordem disciplinar do Estado moderno e como isso afetou principalmente as famílias pobres.
O documento discute a relação entre filosofia e família ao longo da história. A família não recebeu muita atenção dos filósofos, que se concentraram em outros tópicos como o cosmos, a pólis e o indivíduo. Também analisa como oposições como biológico vs social prejudicaram a reflexão filosófica sobre a família.
O discurso sociológico sobre a família apresenta um percurso marcado por contradições e paradoxos que acompanham as profundas transformações da sociedade ocidental após a Revolução Industrial. O artigo propõe uma periodização da produção sociológica sobre a família em quatro períodos e discute as principais tendências e temas abordados em cada um.
GÊNERO NA TEORIA SOCIAL Papéis, interações e instituições.Juliana Anacleto
Este artigo discute três teorias sobre gênero na teoria social: 1) A teoria dos papéis sociais, que vê as diferenças biológicas entre homens e mulheres como justificativa para desigualdades sociais; 2) As teorias baseadas em interações sociais, que enfatizam como as interações diárias constroem diferenças de gênero; 3) As teorias baseadas em instituições, que analisam como instituições como família e trabalho contribuem para desigualdades. O artigo argumenta que
1) O documento discute a abordagem filosófica da família na pós-modernidade, traçando quatro eixos históricos do pensamento filosófico sobre a família.
2) Argumenta que a família deixou de ser vista como um "locus philosophicus" na era moderna devido ao individualismo, mas merece ser redescoberta em sua ética de reciprocidade.
3) Defende que a felicidade humana está na plena realização de sua natureza através da família, não apenas no sucesso econômico.
1. O documento discute questões metodológicas e éticas no estudo etnográfico do Estado, especialmente no que diz respeito à identificação de informantes.
2. A autora analisa como as etnografias clássicas tratavam experiências individuais de forma anônima ou genérica, enquanto etnografias contemporâneas identificam informantes.
3. Quando o estudo é realizado na própria sociedade do pesquisador, há um consenso de anonimato dos informantes, mesmo em casos de experiências
Trabalho Social com Famílias_ SUAS em perspectiva.pptxThaseCarvalho2
O documento discute conceitos-chave do trabalho social com famílias no contexto do Sistema Único de Assistência Social brasileiro. Aborda a evolução histórica do conceito de família, os desafios atuais, e como o trabalho social com famílias deve ser orientado pelos princípios da cidadania, autonomia e justiça social.
Antropologia e psicologia apontamentos para um diálogo aberto, 2004Jailda Gama
O documento discute as bases epistemológicas da antropologia e psicologia e como elas se relacionam. A autora argumenta que a antropologia enfatiza o contexto social enquanto a psicologia foca no indivíduo. No entanto, ambas as disciplinas reconhecem a influência mútua entre indivíduo e sociedade. A autora também discute como conceitos como "cultura" evoluíram para incorporar dinamicidade e agência individual.
O documento discute a abordagem da antropologia política e sua evolução histórica. Inicialmente, o foco era entender as formas de poder em sociedades "primitivas", comparando-as às sociedades modernas. Posteriormente, passou-se a estudar como atores sociais compreendem e experienciam a política em contextos específicos. No Brasil, destaca-se o Nucleo de Antropologia da Política, que investiga a política como meio de acesso a recursos públicos. A antropologia busca compreender práticas locais sem
Reflexões sobre a resistência indígenaDaniel Silva
Este documento discute a importância da cultura e da festa para entender a resistência dos grupos subalternos. A festa permite observar a dialética entre dominação e resistência, onde elementos populares e dominantes se encontram. Ela é um local privilegiado para estudar valores, símbolos e comportamentos sociais.
An dreas hofbauer entre olhares antropológicos e perspectivas dos estudos cul...Douglas Evangelista
O documento discute as perspectivas antropológicas e dos estudos culturais e pós-coloniais sobre as diferenças humanas. A antropologia tradicionalmente enfatizou a noção de cultura como sistemas distintos, mas pesquisadores recentes destacam mais a agência individual e a dinâmica cultural. Os estudos culturais e pós-coloniais analisam também questões de poder e representação. O autor argumenta que estas abordagens podem se complementar para entender melhor as complexidades das diferenças humanas hoje.
1) O documento discute as noções de gênero, parentesco e identidade no sertão nordestino, especificamente na região do Cariri.
2) Questiona como conceitos como "família patriarcal" e "parentesco" podem ocidentalizar as relações sociais estudadas.
3) Defende que a antropologia deve ir além dos conceitos para captar as múltiplas formas de subjetividade e relações sociais.
1. O documento discute a justiça política de Trasímaco no Livro I da República de Platão. 2. Trasímaco propõe que a justiça é o interesse do mais forte, enquanto Sócrates refuta essa visão. 3. O debate entre as visões de justiça de Trasímaco e Sócrates representa a pergunta ética central do século V a.C. na Grécia Antiga.
Semelhante a Florestan fernandes familia patriarcal e suas funcoes economicas (20)
[1] A revolução representa mudanças drásticas e violentas na estrutura da sociedade que subvertem a ordem social vigente. [2] O golpe de 1964 no Brasil foi uma contra-revolução que impediu a continuidade da revolução democrática, não uma revolução. [3] Para as classes trabalhadoras brasileiras, a revolução significa tanto transformações estruturais na sociedade capitalista quanto a luta anticapitalista e socialista pelo poder.
Oliveira, marcos marques de florestan fernandes; recife, fundação joquim na...Daylson Lima
O documento apresenta a biografia do sociólogo brasileiro Florestan Fernandes. Ele descreve sua infância humilde em São Paulo nos anos 1920 e 1930, quando precisou conciliar os estudos com trabalhos para ajudar a sustentar a família. Também aborda sua formação acadêmica na Faculdade de Ciências Sociais da USP e sua atuação como militante político e defensor da educação pública ao longo da vida. O texto oferece um panorama da trajetória e das contribuições desse importante intelectual para a sociologia e a educação
O ensino da sociologia na escola seundaria brasileiraDaylson Lima
A empresa de tecnologia anunciou um novo smartphone com câmera aprimorada, maior tela e melhor processador. O novo aparelho também possui bateria de maior duração e armazenamento expansível. O lançamento do novo modelo está previsto para o último trimestre do ano, com preço sugerido a partir de US$799.
Florestan fernandes -_o_significado_do_protesto_negroDaylson Lima
O documento discute a situação dos negros no Brasil nas décadas de 1950 e 1980. A pesquisa sociológica revelou a real discriminação e segregação racial, contrariando a propaganda oficial de democracia racial. Apesar de alguns avanços, a maioria dos negros permanece excluída economicamente. O autor defende que brancos e negros devem lutar juntos por uma transformação social que elimine as desigualdades raciais.
Florestan fernandes -_a_sociologia_de_durkheimDaylson Lima
1) O documento descreve a vida e obra do sociólogo francês Émile Durkheim, situando-o no contexto histórico e intelectual da França da segunda metade do século XIX.
2) Durkheim estudou na École Normale Supérieure, onde se tornou amigo de Jaurès e colega de Bergson. Lecionou em diversos liceus antes de assumir a primeira cátedra de Sociologia na Universidade de Bordeaux entre 1887-1902.
3) Sua obra principal foi produzida nesse período em Bordeaux, inclu
Florestan fernandes. em busca do socialismoDaylson Lima
O documento discute a importância da educação para o desenvolvimento econômico e social de um país. Ele argumenta que investimentos em educação melhoram a produtividade e a capacidade de inovação, levando a maiores ganhos de produtividade ao longo do tempo. Além disso, uma população mais educada promove sociedades mais estáveis e democráticas.
Florestan fernandes o ardil dos politicosDaylson Lima
Este texto analisa o discurso antipolítico de Fernando Collor de Mello e argumenta que ele é um político tradicional que se beneficiou do sistema político que critica. Também alerta que a fabricação de candidatos presidenciais pode trazer riscos para o Brasil, dado seu contexto histórico e social complexo.
Florestan fernandes memoria viva da educacao brasileiraDaylson Lima
This document summarizes Florestan Fernandes' deposition for the Memória Viva da Educação Brasileira project launched by INEP in 1989. The deposition covers:
1) Fernandes believes the central element of education is the school and classroom, where much of the educational process takes place, and advocates fighting to restore their dignity and importance.
2) He discusses the need for educational guidelines and coordination to ensure all have the opportunity to learn and be reincorporated into society through an educational revolution addressing Brazil's social structures.
3) Fernandes addresses the need for workers' education to transform them into capable defenders of their class interests through educational processes.
Florestan fernandes historia e historias entrevistaDaylson Lima
Florestan Fernandes fala sobre sua trajetória intelectual e política desde a juventude, abordando temas como sua entrada na USP, a luta pela educação pública e democracia, o desenvolvimento da sociologia no Brasil e suas obras. Ele reflete sobre a importância da participação na história do país e da coerência em suas posições ao longo do tempo.
Florestan fernandes ciencias sociais. na otica de um intelectual militanteDaylson Lima
Florestan Fernandes descreve sua formação intelectual como resultado de sua experiência de vida difícil na infância e adolescência, quando precisou trabalhar desde cedo para sobreviver. Sua educação inicial veio das lições da vida real e do convívio com pessoas de diferentes origens. Esse passado o preparou para se tornar um sociólogo comprometido com as causas sociais.
1. O documento discute a "crise da ditadura" no Brasil e como ela revelou a incapacidade das classes dominantes de resolver os problemas sociais e conduzir a revolução burguesa.
2. As classes dominantes interromperam tanto as revoluções quanto as contra-revoluções, mostrando sua impotência para impor seus interesses particulares contra a vontade da maioria.
3. A "crise da ditadura" é tão importante quanto a suposta "crise da democracia" e revela a incapacidade crônica do imperial
Fernandes, florestan que tipo de republicaDaylson Lima
1) El científico social Florestan Fernandes fue invitado a colaborar en la sección Tendencias y Debates del periódico Folha de S. Paulo en 1983.
2) Fernandes produjo una serie de artículos que demostraron su habilidad para superar el sectarismo y transmitir su conocimiento científico y vigor militante.
3) La recopilación de estos artículos periodísticos en un libro permite una visión global de su pensamiento político y sirve como referencia importante para quienes luchan por la democ
Fernandes, florestan o negro no mundo dos brancosDaylson Lima
O documento discute a importância da educação para o desenvolvimento econômico e social de um país. Ele argumenta que investimentos em educação melhoram a produtividade e capacidade de inovação, levando a maiores ganhos de produto interno bruto e bem-estar social ao longo do tempo.
Fernandes, florestan capitalismo dependente e classes sociais na américa la...Daylson Lima
A empresa está enfrentando desafios financeiros devido à queda nas vendas e precisa cortar custos. O diretor financeiro recomenda demitir funcionários para economizar em folha de pagamento ou negociar reduções salariais para evitar demissões.
Fernandes, florestan [artigo] padroes-de-dominacao-externa-na-america-latinaDaylson Lima
1) O documento discute os padrões de dominação externa na América Latina desde a colonização espanhola e portuguesa. 2) Inicialmente, o sistema colonial explorava ilimitadamente os recursos latino-americanos para benefício das coroas europeias e colonizadores. 3) Após a independência, os países europeus, principalmente a Inglaterra, assumiram o controle econômico da região de forma indireta, por meio do comércio e mercados, perpetuando a dependência externa.
Fernandes 1968 sociedade de classes e subdesenvolvimentoDaylson Lima
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na economia global em 2020. Muitos países entraram em recessão à medida que medidas de bloqueio foram implementadas para conter a propagação do vírus, levando a uma queda acentuada na produção e no consumo. Governos e bancos centrais em todo o mundo lançaram pacotes de estímulo maciços para apoiar empresas e famílias durante a crise de saúde.
1) O texto discute as relações entre democracia e socialismo, argumentando que igualdade sem liberdade não corresponde aos ideais do socialismo.
2) Rosa Luxemburgo e Antonio Gramsci compreenderam que as condições de atraso da Rússia pré-revolucionária levariam a consequências que impediriam a conversão da ditadura do proletariado em uma forma mais avançada de democracia.
3) Tanto Rosa quanto Gramsci acreditavam que a estatização dos meios de produção levariam aos ideais dem
Fernandes, florestan [artigo] comunidade-e-sociedade-tonnies-ferdinand-comu...Daylson Lima
1) O documento discute as diferenças conceituais entre comunidade e sociedade, argumentando que comunidade se refere a relações mais íntimas e orgânicas enquanto sociedade se refere a relações mais públicas e mecânicas.
2) A teoria da comunidade é apresentada, começando por formas embrionárias como a relação entre mãe e filho, casais e irmãos.
3) É discutido como desigualdades surgem naturalmente dentro da comunidade, mas só até certo ponto para não ameaçar a unidade da
Florestan fernandes familia patriarcal e suas funcoes economicas
1. FF
A F A M Í L I A P A T R I A R C A L E
S U A S F U N Ç Õ E S E C O N Ô M I C A S
F L O R E S T A N F E R N A N D E S
R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 674
F L O R E S T A N F E R N A N D E S
I
INTRODUÇÃO – A discussão socioló-
gica do tema proposto envolve natural-
mente algumas dificuldades de ordem te-
órica.Defato,apesardeseuempregocor-
rente na sociologia, os conceitos de “fun-
ção econômica” e de “família patriarcal”
nãosãoconceitoslogicamente“claros”.Com
freqüência, o recurso ao conceito de “função
econômica”, no contexto de pensamento
implícito na formulação do ponto sorteado
(“a família patriarcal e suas funções econô-
micas”), se associa à idéia de que a família
patriarcal representa uma espécie de estrutu-
ra social básica do sistema econômico ou
ainda à pretensão de comprovar que o exer-
cício de atividades econômicas fundamen-
tais está subordinado à atuação de pressões e
controles sociais concentrados nas mãos de
um senhor e nas dos seus apaniguados e su-
bordinados, graças ao funcionamento de “um
sistema patriarcal” de atribuição do status e
papéis sociais. Doutro lado, a própria noção
de “família patriarcal” não é precisa quanto às
conotações propriamente sociológicas. O
símile mais geral para sua definição é o que se
oferece através da antiga forma social assumi-
da pela organização do poder senhorial nas tri-
bos hebraicas. Nesse caso, um patriarca exer-
cia seu poder de mando (em vários sentidos:
econômico, militar, religioso e político), em
nome da tradição e de sua condição de des-
cendente e sucessor de um ancestral mítico
2. R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6 75
Florestan recebe
o prêmio Fábio
Prado, 1948,
em foto com
Fernando de
Azevedo; abaixo,
Campanha em
Defesa da Escola
Pública, no Rio
Grande do Sul
Prova escrita sobre tema sor-
teado no concurso de livre-
docência à cadeira de Socio-
logia I da Faculdade de Filoso-
fia, Ciências e Letras da Uni-
versidade de São Paulo, reali-
zada no dia 19 de outubro de
1953. Foi sorteado o ponto no
17. Compuseram a banca exa-
minadora os professores
Fernando de Azevedo, Roger
Bastide, Herbert Baldus, Má-
rio Wagner Vieira da Cunha e
Octavio da Costa Eduardo. Gil-
berto Freyre, escolhido para
compor a banca, enviou à Fa-
culdade a seguinte carta:
“Apipucos, Recife, 21 de Se-
tembro de 1953. / Exmo. Sr.
Prof. Dr. E. Simões de Paula,
M. D. Diretor da Faculdade de
Filosofia, São Paulo / Acabo
de receber a carta em que V.
Excia. me comunica haver sido
escolhido meu nome para in-
tegrar a comissão examinado-
ra do concurso para livre-
docência da I Cadeira de
Sociologia dessa Faculdade,
ao qual se inscreveu o Dr.
FlorestanFernandes,ilustreci-
entista social que muito admi-
ro./ Infelizmente não me é pos-
sível tomar no momento com-
promissos de examinador, ao
lado, aliás, de eminentes pro-
fessores, que igualmente ad-
miro e estimo. O que muito la-
mento./ Creia V. Excia. na mi-
nha consideração e apreço
pessoais e na minha constan-
te simpatia pela Universidade
de São Paulo e pela Faculda-
de que V. Excia. dirige./ Gil-
berto Freyre” (Arquivo da Fa-
culdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Univer-
sidade de São Paulo). (Nota
de José de Souza Martins.)
3. 76 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
comum. A tribo poderia não possuir uma po-
siçãoecológicadefinidaepersistente,maspos-
suía uma organização interna estável, graças
à qual se garantia a unidade permanente de
diversos grupos, através da ordem de suces-
são e da comunhão religiosa, que servia de
fundamento à comunidade de interesses polí-
ticos, econômicos e militares, e que assegura-
va a continuidade das parentelas no espaço e
no tempo. Contudo, esse símile, que serviu
paraacunhagemsociológicadoconceito,não
foiobservadoposteriormente.Aondeseapre-
sentaram modalidades de exercício da domi-
nação senhorial começaram a ver os sociólo-
gos manifestações típicas da família patriar-
cal. Graças a isso o conceito de “família patri-
arcal” foi aplicado ao estudo de povos primi-
tivos (por Thurnwald, por exemplo); ao estu-
do do sistema feudal na China antiga (por
Granet, por exemplo); ao estudo do sistema
feudalnassociedadesocidentais(porPirenne
e por Brentano, por exemplo); e no estudo da
organização da família, que resultou da ex-
pansão da Europa ocidental, através da colo-
nização européia do continente americano.
Em nosso entender, porém, não se deve
confundir a “família patriarcal” com as ativi-
dades econômicas que se desenvolviam den-
tro de seus quadros humanos e sociais. Se to-
mássemos como ponto de referência a dis-
cussãodoproblematendoemvistaasituação
descrita por Pirenne e por Brentano, sería-
mos levados a considerar a “família patriar-
cal” como uma unidade econômica. Pois, de
fato, fora dela não existiam outros limites e
meios ao desenvolvimento da vida econômi-
ca em uma economia sem mercados, dotada
de meios restritos de troca. Contudo, essa
maneira de encarar o problema seria
insatisfatória, pressupondo uma confusão
lamentável entre as condições materiais e
rurais da produção econômica com os efeitos
porelasproduzidos.Daípensarmosqueseria
mais conveniente definir de uma maneira
estrita as funções econômicas da família pa-
triarcal.Parafinsinterpretativos,entendemos
por“funçõeseconômicas”dafamíliapatriar-
cal as atividades sociais dos componentes da
família patriarcal, independentemente da si-
tuação econômica relativa delas dentro do
sistemasocialporelaconstituído,quecontri-
buíssem para manter direta ou indiretamente
a constituição e o funcionamento do sistema
correspondente de vida econômica.
Quanto ao conceito de “família patriar-
cal”,evidencia-seatualmenteatendênciapara
ressaltar certos traços típicos, pondo-se de
lado os aspectos peculiares e manifestações
Imagem antológica
— Ginásio Riachuelo,
Madureza, em 1936
(Florestan é o 5º
da esquerda
para a direita,
na fila do centro)
4. 77R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
culturais do fenômeno, por mais relevantes
que estes sejam quanto à definição, descrição
e interpretação da família patriarcal entre os
hebreus,entreosromanos,entrecertospovos
primitivos contemporâneos, etc. Aliás, é este
procedimento que oferece consistência lógi-
caaoempregoindiscriminadodoconceitona
sociologia. Nesse caso, os traços essenciais
da família patriarcal são: a crença na existên-
ciadelaçosconsangüíneos,definidosatravés
de um antepassado comum, mítico ou real; a
vigênciadecritériosdetransmissãohereditá-
ria da posição de “chefe” ou de “senhor” em
linha masculina, com preferência ao
primogênito da esposa legal ou de uma das
esposas legais; ao exercício do poder senho-
rial através de normas estabelecidas pela tra-
dição, independentemente de sua origem ou
fundamento religioso; o princípio de unidade
econômica e política dos componentes da
unidadefamilial,sobaliderançado“senhor”;
acomunhãoreligiosa;eoprincípiodesolida-
riedade no grupo de parentes, em todas as
ações ou situações em que estes ou seus apa-
niguados ou subordinados se envolvessem
como e enquanto membros ou representantes
de uma unidade familial. Como se vê, trata-
se de uma caracterização que alcança um
“mínimo de definição”, como se diz atual-
mentenasociologia.Eessemínimológicode
definição é obtido por meio da deslocação da
ênfase científica dos aspectos estruturais va-
riáveis para aqueles que são por assim dizer
aspectos estruturais constantes. Embora se
admita que existe uma relação entre a “famí-
lia patriarcal” e a estrutura do meio social em
que ela se insere, para alcançar alguma coe-
rência em sua definição foi preciso abando-
nar a pretensão de defini-la em termos de
fatores estruturais característicos de algumas
de suas manifestações histórico-culturais.
A ORIENTAÇÃO SOCIOLÓGICA
NA INVESTIGAÇÃO DAS FUNÇÕES
ECONÔMICAS DA FAMÍLIA PATRIARCAL
Visto isso, poderíamos passar a outro as-
pecto sugerido pela formulação do tema. A
aplicação do ponto de vista sociológico à in-
vestigação das funções econômicas da famí-
lia patriarcal, ainda que se defina o que se
entende sociologicamente pelos dois concei-
tos, pode estar sujeita a interesses científicos
particulares.Noprogramaatualdacadeirade
SociologiaI,eleseinscreveclaramentecomo
um tema de história econômica. E de fato não
foram os sociólogos mas os economistas da
escola histórica que puseram pela primeira
vez em evidência a significação sociológica
de uma análise da vida econômica sob os
quadros sociais da família patriarcal. Doutro
lado, foram os historiadores que se dedicam
à investigação da Europa medieval que des-
cobriram as ligações mais profundas de um
certo tipo de organização da vida doméstica
com a organização da vida econômica. Se
aceitássemos essa orientação, seríamos leva-
dos a discutir o tema concretamente tomando
como ponto de referência a situação históri-
co-social que abrange um período bem deter-
minado da história européia, que abrange
Fac-símile da prova
de Florestan
Fernandes para a
Livre Docência da
Cadeira de
Sociologia, realizada
a 19 de outubro de
1959, com o tema:
"A Família Patriarcal
e suas Funções
Econômicas"
5. 78 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
põe uma escolha rigorosa do tema a ser exa-
minado. Sabe-se que a família patriarcal se
manifesta em diversos níveis de civilização e
em variados tipos de organização estrutural
da sociedade. Além disso, o valor original de
uma dissertação diminui a olhos vistos quan-
to mais ela se concentra em fenômenos de-
masiado conhecidos no próprio campo de
investigações. Por isso, preferimos limitar o
alcance do tema proposto, no que concerne à
sua discussão empírico-indutiva, propondo-
nos a considerar a seguir, nos limites de
proporcionalidade facultados pela condição
em que nos encontramos, as
FUNÇÕES ECONÔMICAS DA FAMÍLIA
PATRIARCAL EM SÃO PAULO
É sabido que um dos fenômenos melhor
estudados da vida social brasileira é exata-
menteoda“famíliapatriarcal”.Pondodelado
investigações que encontraram menor resso-
nância, por causa da delimitação do tema ou
do caráter geral da própria orientação. Al-
guns trabalhos lograram alcançar grande no-
toriedade e mereceram, pela própria contri-
buição que traziam, grande interesse entre os
especialistas. Entre eles, cumpre-nos pôr em
evidência os que possuem maior relevância
para a interpretação sociológica (1):
1o
) Os estudos de Oliveira Viana. Este
autor deve ser considerado como o inegável
precursor sociológico na investigação desse
tema.Suaobraseconfinahistoricamente,mas
incide de preferência nas manifestações da
família patriarcal que poderiam nos interes-
sar mais de perto e que dizem respeito ao sul
do país.
2o
) A obra de Gilberto Freyre, cujo alcan-
ce sociológico repousa na contribuição que
nos legou para o estudo da família patriarcal
no Brasil (inclusive sobre os seus aspectos
econômicos).
3o
) As obras em que são por assim dizer
analisadas as funções econômicas propria-
mente ditas da família patriarcal no Brasil:
são as obras de Caio Prado Júnior (Formação
do Brasil Contemporâneo) e de Fernando de
Azevedo (Canaviais e Engenhos na Vida
Política do Brasil), que trataram igualmente
das relações existentes entre a constituição
aproximadamente o lapso de tempo entre os
séculos XI-XV (ou, como fazem outros: a
organização da família patriarcal romana).
Além desse, porém, a sociologia moderna
elaborou dois pontos de vista diferentes: um
consiste em tomar cada uma das manifesta-
ções histórico-culturais da família patriarcal,
analisá-las detidamente com o propósito de
pôr em evidência seus aspectos peculiares e
de elaborar uma análise comparativa; outro
consiste em escolher uma das manifestações
histórico-sociais do fenômeno, e analisá-la
segundo as implicações e os critérios da pró-
pria investigação sociológica. O fundamento
lógico deste procedimento monográfico de-
riva da necessidade de lidar, para fins
interpretativos que almejam à comparação,
com investigações particulares realizadas
pelos próprios sociólogos (e não por histori-
adores,poreconomistas,porespecialistasem
ciênciapolíticaeemdireitocomparado).Com
isso, a comparação não é negada, propria-
mentefalando;mastransferidaparaumaépo-
ca mais propícia, em que a sociologia tenha
acumulado por meios próprios e segundo as
exigências do espírito de investigação positi-
va os seus materiais de trabalho.
Ora, acontece que o primeiro tipo de con-
sideração do fenômeno tem merecido uma
atenção cuidadosa por parte dos especialistas.
E uma obra como a de Max Weber (Economia
eSociedade)chegaaconterosresultadosmais
frutíferosefecundosquesepretendessealcan-
çar por meio da investigação comparativa, tal
como ela pode ser desenvolvida no presente
pelos sociólogos. Como não pretendemos fa-
zer aqui um resumo dos resultados a que che-
gou aquele sociólogo, inclinamo-nos a consi-
derar o tema proposto em termos da segunda
orientaçãoassinalada.Elaapresentaoriscode
confundir-se com os antigos ensaios de histó-
ria econômica; mas, por seu próprio espírito,
distingue-sedestespelofatodepretenderapre-
sentar uma explicação dos fatos que atenta em
conexões funcionais e causais, em vez de in-
sistirsomentenacaracterizaçãodeseqüências
e fases da vida econômica que assumem um
padrãodefinidoquandoencaradasdeumapers-
pectiva temporal.
Coloca-se, porém, uma dificuldade. Essa
orientação, por sua própria natureza, pressu-
1 Deixamos de mencionar a
obrarecentedeLuísMartins
(O Patriarca e o Bacharel),
porque ainda não tivemos
oportunidadedelê-lanasua
edição recente.
6. 79R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
interna da família patriarcal em suas cone-
xões com as condições da vida econômica no
Brasil e da influência exercida, com base na
situação econômica, pelos senhores rurais
brasileiros e por suas famílias.
4o
) A análise comparativa desenvolvida
por Emílio Willems (Assimilação e Popula-
ções Marginais no Brasil Meridional e A
Aculturação dos Alemães no Brasil), através
do confronto da organização da família patri-
arcal com a dos migrantes alemães, que colo-
nizaram ou se fixaram em Santa Catarina e
Rio Grande do Sul.
5°)Aúnicatentativadesíntesequeconhe-
cemos e que procura compreender a organiza-
ção da família patriarcal tendo em vista as
condições de sua organização, de sua desinte-
gração e da formação da família conjugal
moderna, que coincide com a integração de
novostiposdeorganizaçãodafamíliaemnos-
so meio – o ensaio de Antonio Candido, “The
Brazilian Family” (publicado parcialmente
como capítulo da obra editada por T. Lynn
Smith, Brazil: Portrait of a Half Continente).
No estado atual da investigação socioló-
Na foto do alto, Fernando Henrique Cardoso,
e Samuel Noah Eisenstadt (à esquerda de Florestan),
na Universidade de Münster, Alemanha;
acima, durante o 2º Congresso Sindical dos
Trabalhadores do Estado de São Paulo, 1960,
Caio Prado Júnior e Florestan estão em pé,
à esquerda, na fila dos oradores
7. 80 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
gica no Brasil poderíamos analisar o tema
proposto aproveitando os resultados das in-
vestigações dos autores citados. Mas tería-
mos que repetir, inevitavelmente – e sem
nenhum mérito pessoal – o que escreveram
esses autores, em particular Gilberto Freyre.
Por isso, preferimos explorar o pouco que
conhecemos sobre esse assunto, e que obti-
vemos através de nossa própria iniciativa,
eminvestigaçõescujosresultadosjásãopar-
cialmente conhecidos do público. Lamenta-
mos não nos ser possível aprofundar a aná-
lise dos problemas sugeridos. Não nos dare-
mos por satisfeitos se ela sugerir de forma
adequada como enfrentaríamos a tarefa de
pôr em evidência, sociologicamente, as fun-
ções econômicas da família patriarcal em
São Paulo.
Na análise que empreendemos sobre as
relações entre economia e sociedade na evo-
lução de São Paulo (sinteticamente exposta,
ainda que de forma superficial, no primeiro
capítulo do trabalho escrito em colaboração
com Roger Bastide, o qual capítulo se
intitula: “Do Escravo ao Cidadão”*) fica
evidente que há fases estruturalmente dis-
tintas na história econômica do nosso esta-
do. Contudo, todo um longo período que vai
do século XVI aos fins do século XIX apre-
sentaumarelativahomogeneidadesocialque
não é afetada pelas alterações que se produ-
zem na organização da vida econômica. Os
núcleosdeatividadeseconômicasfundamen-
tais se alteram (passa-se sucessivamente do
apresamento para a mineração e desta para a
lavoura de subsistência e depois para a ex-
ploraçãopropriamentecolonialdocafé),com
eles se transformam substancialmente os
padrões de instituição e de organização do
sistema de trabalho (passa-se da exploração
dominante do trabalho escravo indígena para
a do trabalho escravo africano e depois à
exploração combinada do trabalho escravo
negroedotrabalholivre),semqueaestrutura
social sofresse nenhum abalo realmente pro-
fundo. É que essas transformações se opera-
ram sem pôr em jogo os próprios princípios
da organização social: a posse de escravos e
aexploraçãodegrandesextensõesterritoriais.
A sociedade transformara-se nos aspectos
exteriores de sua economia, mas permanece-
ra relativamente invariável em sua substân-
cia – a propriedade territorial e a exploração
do trabalho servil.
Esse background sugere, naturalmente,
que na análise das funções econômicas (es-
pecíficas) da família patriarcal é preciso se-
parar os aspectos que revelam certa estabi-
lidade dentro da instabilidade geral da evo-
lução do sistema de relações sociais de São
Paulo,dosquesetransformamcontinuamen-
te, através dos diferentes períodos ou ciclos
da história econômica de São Paulo. E indi-
ca, em segundo lugar, a conveniência de as-
sinalar concretamente as imputações feitas
funcionalmente, quanto às relações da eco-
nomia paulista com a organização da famí-
lia patriarcal. A isso limitaremos a nossa
dissertação, por julgarmos que aí está o es-
sencial em uma análise como a presente.
Quanto às funções econômicas, que po-
deríamos considerar “constantes”, é preciso
considerar três aspectos distintos – o que a
família patriarcal significou em nosso meio
do ponto de vista adaptativo e do ajustamen-
to recíproco dos homens como condição da
vida econômica; o que ela significava como
meio de classificação social e de ajustamen-
to dos indivíduos a um sistema senhorial e
escravocrata de relações de produção; e a
sua função propriamente ativa na
dinamização da vida econômica. Quanto ao
primeiro ponto, é óbvio que a família patri-
arcal não se explica em São Paulo (encarada
sociologicamente) senão pelas condições
econômicas que favoreceram e tornaram
possível a transferência e revitalização de
um padrão de organização da vida domésti-
ca que se encontrava em desagregação na
Europa.Aproduçãobaseadanamão-de-obra
escrava, o gênero de atividade econômica
(apresamento, lavoura extensiva de produ-
tos de subsistência ou depois dos produtos
coloniais e a grande propriedade territorial)
eafacilidade(relativa)deobtermão-de-obra
escrava parecem ter agido como fatores de
perpetuação e de integração da família pa-
triarcal ao novo meio geográfico, econômi-
co e humano. Sob este aspecto, somos leva-
dos a definir como funções econômicas es-
pecíficas da família patriarcal um conjunto
de atividades que repousavam em sua estru-
* Florestan Fernandes se refe-
re ao que viria a ser o primeiro
capítulo do livro de Roger
BastideeFlorestanFernandes:
Brancos e Negros em São
Paulo (Ensaio Sociológico so-
bre Aspectos da Formação,
Manifestações Atuais e Efeitos
do Preconceito de Cor na So-
ciedade Paulistana), 2ª. edi-
ção, São Paulo, 1959, pp. 1-
76. Esse capítulo foi escrito por
Florestan Fernandes e publi-
cado originalmente na revista
Anhembi (bol. X, número 30,
São Paulo, 1953). O conjunto
do livro teve uma primeira edi-
ção como parte de obra maior:
Roger Bastide e Florestan
Fernandes (organizadores),
Relações Raciais entre Negros
e Brancos em São Paulo, Edi-
tora Anhembi, São Paulo, 1955
(N. de J. S. M.).
8. 81R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 7 4 - 8 1, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6
tura e em seu funcionamento. Tais ativida-
des são as que contribuíam para a adaptação
dos brancos à vida nos trópicos, à mentali-
dade de exploração mercantil do trabalho
humanosobaformadeescravizaçãodeentes
humanoseàidéiadequeoajustamentointer-
humano podia se ajustar a outros padrões,
que não existiam mais em plena vigência
nas sociedades européias. A família patriar-
cal forneceu assim o próprio arcabouço do
novo regime social, em que a divisão
estamental foi completada por uma divisão
em castas: em sua estrutura ela continha o
próprio modelo da sociedade inclusiva, que
ela representava como um pequeno mundo
autônomo e completo. Os seus três núcleos
fundamentais (o núcleo legal, o núcleo de
dependentes e o núcleo de escravos) conti-
nham todas as situações sociais possíveis na
sociedade escravocrata brasileira e ofere-
ciam todos os estímulos que alimentavam
os ideais de vida da camada senhorial, suas
pretensões de direito absoluto, suas aspira-
ções de nobreza e sua ética social, que abran-
gia uma vasta gama de diferenciação dos
homens e do seu destino social. Nesse plano
de relações adaptativas e de ajustamentos
dos homens uns aos outros, a família patri-
arcal desempenhou sempre a mesma fun-
ção, que é estritamente econômica no que
concerne às condições de existência mate-
rial que repousavam em semelhante estru-
tura social.
Quanto ao segundo ponto, ele é evidente
e se inclui parcialmente nos processos já
mencionados. De fato, desde o século XVI a
classificação social dos indivíduos e sua dis-
tribuição no sistema de ocupações sociais
depende diretamente da própria posição dos
sujeitos na estrutura da família patriarcal.
Esta provê o sistema econômico mediante a
combinação de preceitos tradicionais com
argumentos pecuniários – o que o membro
donúcleolegaldafamíliapatriarcalnãopode
fazer, faz por ele o seu dependente e, princi-
palmente, o seu escravo. Essa combinação
(queserepeteemoutroscasosanálogos)ofe-
rece barreiras mais ou menos conhecidas à
expansão econômica, tanto no que concerne
à divisão do trabalho e à especialização, que
ao desenvolvimento da produção e da troca.
Era porém uma decorrência dessa função da
família patriarcal (que, aliás, variou nos pe-
ríodos de história econômica de São Paulo)
restringiraoperaçãodosmecanismosdavida
econômica,quesópodiaexpandir-se,assim,
dentro dos limites próprios a uma economia
sem mercado e posteriormente a uma eco-
nomia baseada na exploração de produtos
tropicais sob regime escravocrata.
Quanto ao terceiro ponto, é claro que a
família patriarcal só operava dentro de cer-
tos limites como fator restritivo da vida
econômica. Vista à luz da época histórico-
social que nos interessa, é óbvio que ela
operava como um agente de dinamização da
vida econômica. A experiência histórica
demonstra como os imperativos surgidos ou
impostos pela concepção patriarcal do mun-
do puderam ser atendidos sob atividades
econômicas distintas (apresamento, lavoura
desubsistênciaeexploraçãodeprodutostro-
picais). Desse modo, a defesa de uma situa-
ção econômica e socialmente privilegiada
atuou contra as normas legadas pela tradi-
ção e contra os preconceitos dos paulistas
por várias atividades econômicas senhoriais
(é o que atestam, principalmente, os depoi-
mentos legados ou coordenados pelo
Desemb. Machado de Oliveira).
Falta-nos tempo para examinar os ele-
mentos variáveis. Mas podemos apontá-los
sucintamente:
1o
) a função de equipar a camada senho-
rial com os meios legais e propriamente eco-
nômicos das atividades econômicas básicas;
2o
) restringir o acesso de indivíduos da
mesma “raça” ou indivíduos mestiços mas
de outros estamentos à situação econômica
da camada senhorial;
3o
) restringir a competição e os confli-
tos no próprio nível senhorial, restringir o
exercício de atividades não-nobilitantes a
membros da mesma “raça” de outros
estamentos e a representantes de outra
“raça” e abrir critérios plásticos de classi-
ficação a todos os indivíduos pertencentes
ao núcleo legal da família. Isso permitia
uma renovação periódica de seus quadros
humanos sem pôr em risco o exercício da
dominação senhorial, confinada assim a
uma só camada social.