2. As promessas de Deus concedem o que os mandamentos
ordenam e cumprem o que eles exigem, a fim de que tudo seja
de Deus, o mandamento e o cumprimento”, resumiu Lutero.
“Somente Deus ordena, e somente Deus cumpre”.
É nesse sentido que a fé nos dispensa dos mandamentos e
assim nos faz livres.
3. CAPÍTULO 14
FÉ SALVADORA
1. A graça de fé é uma obra do Espírito de Cristo nos corações,1 e por ela os
eleitos são habilitados a crer para a salvação de suas almas. Normalmente
essa obra é lavrada pelo ministério da Palavra de Deus.2 E com a Palavra, a
administração do Batismo, a Ceia do Senhor, a oração, e outros meios
designados por Deus, a fé é aumentada e fortalecida.3
1 - II Coríntios 4:13; Efésios 2:8.
2 - Romanos 10:14,17.
3 - Lucas 17:5; I Pedro 2:2; Atos 20:32.
5. McGrath28 aponta três noções “essenciais” sobre graça em Agostinho:
“Graça preveniente” (“vir à frente”), isto é, a graça de Deus está atuando na vida do ser humano antes mesmo
deste se converter. A “graça vem à frente” da humanidade, preparando a vontade humana para a o ato de
conversão. Com isso, entende-se que a graça não torna atuante, operante na vida de uma pessoa somente após sua
conversão, pois o processo que leva à salvação é um processo preparatório, já que a graça proveniente de Deus está
ativa.
“Graça operativa”, aqui Agostinho enfatiza o aspecto de que Deus opera a conversão sem que haja qualquer
participação dos pecadores. A conversão é puramente divina, sendo que é Deus quem age sobre o pecador. “O
termo „“graça operativa”‟ é usado como uma referência ao modo pelo qual a graça preveniente não depende da
cooperação do homem para produzir seus efeitos [...]”29.
“Graça cooperativa”, Deus, após a conversão do pecador, colabora com a renovada disposição do ser humano, no
sentido de conseguir se transformar e crescer em santidade. Uma vez libertada a vontade humana do pecado, Deus
pode contribuir com a vontade livre do pecado.
MCGRATH. Teologia sistemática, histórica e filosófica
6. Fé
É vista como dom de Deus
Efésios 2:1 e 8
1. Dom dado para a nossa salvação.
Não é algo que está em nós e ela nos habilita a crer.
A fé vem mas não de nós. Vem de Deus.
2. Fé como confiança que é posta em prática.
3. Fé conjunto de crenças do cristianismo.
Trindade por exemplo.
4. Livro sobre a Fé inútil.
Acreditar mas não ter relacionamento com Deus.
7. 2. Por esta fé o cristão crê ser verdadeiro tudo quanto é revelado na
Palavra,4 a qual se reveste da autoridade do próprio Deus. E também
reconhece a sobre-excelência da Palavra, acima de todos os escritos e todas
as demais coisas neste mundo5 – por ela demonstrar a glória de Deus nos
atributos de Deus; a excelência de Cristo na natureza e nos ofícios de Cristo;
o poder e a plenitude do Espírito Santo nas obras e operações do Espírito.
Reconhecendo tudo isso, o cristão é capacitado a confiar sua alma
irrestritamente à verdade assim crida;6 e a reagir coerentemente, segundo a
índole de cada passagem em particular: prestando obediência aos
mandamentos;7 tremendo ante as ameaças;8 e abraçando as promessas de
Deus para esta vida e a que há de ser.9 Mas os atos mais importantes da fé
salvadora relacionam-se diretamente a Cristo: aceitar a Cristo, recebê-lo, e
confiar exclusivamente nEle para a justificação, a santificação e a vida
eterna, conforme as disposições do pacto da graça.10
9. O tríplice ofício de Cristo (“Munus triplex”), o qual ele exerceu tanto em seu estado de
humilhação como no de exaltação, está figurado no Antigo Testamento nos ofícios
profético, sacerdotal e real – ofícios que eram consagrados através de unção (sendo
“ungido” o significado do termo grego “Cristo” e hebraico “Messias”).
Como Profeta, ele nos revela a vontade e a pessoa de Deus. Como Sacerdote, ele é nosso
mediador diante de Deus, oferecendo a si mesmo, uma só vez, em sacrifício para satisfazer
a justiça divina e nos reconciliar com o Pai e vivendo sempre para interceder por aqueles
que se achegam a Deus. Como Rei, ele governa como o vice-regente do Pai sobre o mundo,
protege o seu povo e conquista sobre seus inimigos.
Ressalta-se que, apesar de vermos tais sombras no Antigo Testamento, não devemos supor
que Deus se aproveitou “a posteriori” desses ofícios para ilustrar a obra messiânica, mas
que foram decretados antes da fundação do mundo para nos revelar o Cristo. Primeiro vem
a realidade eterna do Filho, depois os ofícios terrenos. Ele é o Logos, o Cordeiro que foi
morto e o braço direito do Pai antes da fundação do mundo.
Vinicius Musselman Pimentel
10. Ademais, encontramos esse tríplice ofício em todas as Escrituras.
Em Gênesis, Cristo é como
•Profeta: a Palavra criadora do Pai (Gn1.3; cf. Jo 1.1-4; Cl 1.16) e o
Anjo do Senhor que traz a revelação da vontade e da aliança de
Deus (16.7; 31.11-13; cf. 2 Co 1.20)
•Sacerdote: o sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (14.17-
20; cf. Hb 7.17, 22, 24-25), o descendente mediador das bênçãos
para todas as famílias da terra (12.1-3, 7; 13.15; 24.7; cf. Gl 3.1-16) e
o subtituto provido por Deus para ser sacrificado no lugar da
descendência de Abraão (Gn 22.13-14; cf. Jo 3.17 e Hb 2.16)
•Rei: o Descendente de Judá de quem o cetro jamais se apartará
(49.10; cf. Ap 5.5 e Hb 1.8) e que pisa sobre a cabeça da serpente
(3.15 ; cf. Cl 2.15).
11. E em Apocalipse, ele é como
•Profeta: a testemunha fiel (1.5) que traz revelação, a qual Deus lhe
deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer
(1.1) e que é digna de abrir os sete selos da revelação do juízo de
Deus (6.1).
•Sacerdote: o Cordeiro que foi morto (5.11) e que, por meio de seu
sangue, liberta (1.5) e compra para Deus gente de toda tribo, língua,
povo e nação (5.9).
•Rei: o vitorioso Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi (5.11) e o
soberano dos reis da terra (1.5), que possui, reina e governa com
cetro de ferro sobre o reino do mundo (2.27; 11.15) e que julga e
guerreia com justiça (19.11).
12. Por fim, por estarmos unidos em Cristo, o tríplice ofício de Cristo tem duas
implicações. A primeira é aquilo que ele realiza por nós em cada um deles, conforme
descrito acima. A segunda, e muitas vezes negligenciadas, é que somos chamados a
sermos à imagem do Filho (com as devidas limitações observadas). Somos
chamados como
•Profetas: a ensinarmos tudo aquilo que Deus falou através do Filho nos últimos
tempos (Mt 28.18-20), proclamando a mensagem de juízo e salvação do evangelho
(Mc 16.15; Rm 2.16; 2Co 2.14-17) e sendo, como igreja, coluna e firmeza da
verdade (1 Tm 3.15).
•Sacerdotes: a cuidarmos um dos outros (Hb 3.13; 10.25) e intercedermos um pelos
outros e pelo mundo (Ef 6.18; 1 Ts 5.17; 1Tm 2.1-4), vivendo como um reino
sacerdotal (Ex 19.6; 1 Pe 2.9; Ap 5.10)
•Reis: a levarmos todo pensamento cativo à Cristo (2Co 2.15) e os povos à
obediência ao Rei dos reis (Mt 28.18-20; Rm 18.15) e a vivermos como reino
sacerdotal (Ex 19.6; 1 Pe 2.9; Ap 5.10), na certeza de que um dia pisaremos sobre a
cabeça de Satanás (Rm 16.20), julgaremos os anjos e o mundo (1Co 6.2-3) e nos
assentaremos no trono de Cristo (Ap 3.21).
Louvado seja nosso Salvador todo-suficiente!
13. 3. Esta fé pode ter graduações diferentes, ser mais forte ou mais fraca.11 No
entanto, assim como as demais graças salvadoras, e mesmo se for
pequeníssima, ela é de um tipo e de uma natureza diferentes daquela fé e da
graça comum que os seguidores professos possuem.12 Por isso, mesmo que
seja muitas vezes atacada e enfraquecida, a fé salvadora sempre alcança a
vitória.13 Ela existe em muitas pessoas, crescendo para a plena certeza da
esperança,14 mediante Cristo, que é o autor e também o consumador da
nossa fé.15
11 - Hebreus 5:13-14; Mateus 6:30; Romanos 4:19-20.
12 - II Pedro 1:1.
13 - Efésios 6:16; I João 5:4-5.
14 - Hebreus 6:11-12; Colossenses 2:2.
15 - Hebreus 12:2.