Uma raposa esperta tentou enganar um galo para comê-lo, mas o galo desconfiou de seu plano de fingir amizade. Quando o galo ameaçou chamar os cães da quinta, a raposa fugiu com medo.
1. Era uma vez uma raposa muito esperta.
Um dia, passeando, viu uma capoeira cheia de galinhas. Entrou lá
dentro e comeu uma.
No dia seguinte a raposa construiu junto à capoeira uma casa. E
dentro da casa escavou um túnel que ia dar à capoeira. E todas as
noites comia uma galinha.
Um belo dia o dono das galinhas trouxe um galo, grande e bonito, e
meteu-o também na capoeira. Mas como o galo não gostava dos
poleiros, voou para cima de uma árvore, e assim escapou à raposa,
que por mais que tentasse não conseguia apanhá-lo.
Desesperada, a raposa começou a pensar como é que podia
apanhar o galo, que era bastante maior que as galinhas e mais
tenrinho e saboroso. Inventou então uma história, que lhe teria sido
contada pelo dono da quinta, e que era assim: «a partir de agora
todos os animais tinham que ser amigos entre si, e nenhum podia
comer o outro.»
E a raposa começou a cantar: -Hoje é um dia muito feliz! Hoje é um
dia muito feliz! Hoje é um dia muito feliz!
O galo pensou que a raposa estava maluca, e perguntou-lhe: -
Porque estás tão alegre?
E a raposa: -Porque a partir de hoje todos os animais têm que ser
amigos uns dos outros. Desce, meu amigo galo, que eu quero dar-
te um abraço e um beijinho.
O galo, desconfiando do que ela lhe dizia e para a pôr à prova,
gritou-lhe: -Ainda bem que assim é, pois vem aí a matilha dos
ferozes cães da quinta!
A raposa, cheia de medo e já correndo, disse-lhe: -Adeus, já me
estava mesmo a ir embora.
E metendo o rabo entre as pernas fugiu a bom fugir, nunca mais
2. sendo vista por aquelas paragens.
E o galo pensou: -Tão esperta, tão esperta, mas não me enganou!
E a paz voltou a reinar naquela capoeira.
Có, có-có-ri-có, có….