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Química
EDUARDO FLEURY MORTIMER
ANDRÉA HORTA MACHADO
ENSINO
MÉDIO
3
MANUAL DO
PROFESSOR
Química
Eduardo FlEury MortiMEr
andréa Horta MacHado
ENSINO
MÉDIO
3
Eduardo Fleury Mortimer
Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Bacharel e Licenciado em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo.
Pós-doutorado na Washington University, em St. Louis, EUA.
Pesquisador do CNPq na área de Educação em Ciências.
Andréa Horta Machado
Professora Associada do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais.
Bacharel e Licenciada em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Mestre e Doutora em Educação – Metodologia de Ensino de Química, pela Faculdade
de Educação da Universidade Estadual de Campinas – SP.
2ª edição
São Paulo, 2013
MANUAL DO
PROFESSOR
2
Diretoria editorial: Angélica Pizzutto Pozzani
Gerência de produção editorial: Hélia de Jesus Gonsaga
Editoria de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias:
José Roberto Miney
Editora assistente: Regina Melo Garcia
Assessoria técnica: Giovana Pasqualini da Silva
Mestre em Ciências, área de Tecnologia Nuclear – aplicações,
pela Universidade de São Paulo-IPEN-SP. Bacharel em Ciências,
com habilitação em Química, pela Faculdade Oswaldo Cruz-SP
Supervisão de arte e produção: Sérgio Yutaka Suwari
Editor de arte: Edson Haruo Toyota
Diagramação: Avits Estúdio Gráfico Ltda. e Walmir S. Santos
Supervisão de criação: Didier Moraes
Design gráfico: Homem de Melo & Troia Design (capa e miolo)
Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Arnaldo R. Arruda,
Vanessa de Paula Santos e Gabriela Macedo de Andrade (estag.)
Supervisão de iconografia: Sílvio Kligin
Pesquisador iconográfico: Douglas Cometti
Cartografia: Robson Resendo da Rocha e Mário Yoshida
Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin
Ilustrações: Antônio Robson, Avits,
Luís Iria, Paulo César Pereira e Tânia Ricci
Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A.
Av. Otaviano Alves de Lima, 4400
6o
andar e andar intermediário ala B
Freguesia do Ó – CEP 02909-900 – São Paulo – SP
Tel.: 4003-3061
www.scipione.com.br/atendimento@scipione.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Mortimer, Eduardo Fleury
Química : ensino médio / Eduardo Fleury Mortimer,
Andréa Horta Machado. – 2. ed. – São Paulo: Scipione,
2013.
Obra em 3 v.
1. Química (Ensino médio) I. Machado,Andréa Horta.
II.Título.
13–02530 CDD–540.07
Índice para catálogo sistemático:
1. Química: Ensino médio 540.07
2013
ISBN 978 85262 9116-4 (AL)
ISBN 978 85262 9117-1 (PR)
Código da obra CL 712760
Uma publicação
Versão digital
Diretoria de tecnologia de educação: Ana Teresa Ralston
Gerência de desenvolvimento digital: Mário Matsukura
Gerência de inovação: Guilherme Molina
Coordenadores de tecnologia de educação: Daniella Barreto e
Luiz Fernando Caprioli Pedroso
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Editores de tecnologia de educação: Cristiane Buranello e Juliano Reginato
Editores assistentes de tecnologia de educação: Aline Oliveira Bagdanavicius,
Drielly Galvão Sales da Silva, José Victor de Abreu e
Michelle Yara Urcci Gonçalves
Assistentes de produção de tecnologia de educação: Alexandre Marques,
Gabriel Kujawski Japiassu, João Daniel Martins Bueno, Paula Pelisson Petri,
Rodrigo Ferreira Silva e Saulo André Moura Ladeira
Desenvolvimento dos objetos digitais: Agência GR8, Atômica Studio,
Cricket Design, Daccord e Mídias Educativas
Desenvolvimento do livro digital: Digital Pages
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_002_digital.indd 2 16/07/2013 08:55
3
Apresentação
Prezado aluno,
Este livro contém atividades e textos destinados
ao estudo introdutório da Química. As atividades aqui
propostas estão estruturadas de modo a possibilitar
que vocês, alunos, discutam em grupo e apresentem
interpretações para fenômenos simples que são
importantes para o entendimento da Química.
A realização dos experimentos aqui propostos não
requer equipamentos sofisticados e pode ser desenvolvida
em uma sala de aula comum. O objetivo é promover uma
integração entre teoria e prática, usando os experimentos
como forma de interrogar a natureza e gerar discussões
sobre os fenômenos de interesse da Química.
A sua participação nas discussões é fundamental,
pois aprender Química é, de certa forma, aprender a
dialogar com e sobre a Química. Então, não tenha medo
de errar! Ao expressar seu pensamento e submeter suas
opiniões à crítica construtiva dos colegas e do professor,
você terá oportunidade de aprimorar suas concepções
sobre a Química e se aproximar cada vez mais do mundo
da ciência. Afinal, essa é a forma como a ciência tem se
desenvolvido ao longo da História. Hipóteses e teorias,
hoje consideradas válidas, poderão, no futuro, parecer
tão ingênuas quanto os enganos que cometemos. Por isso,
não há que se temer os erros, mas aprender a conviver
com eles, percebendo-os como uma etapa no caminho da
aprendizagem da Química.
Os autores
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 3 4/8/13 9:14 AM
4
Comoaobraestá
A obra
O conteúdo deste volume é dividido em 5 capítulos, em
que são tratados temas fundamentais para a construção
de uma base conceitual que possibilita uma visão ampla,
interdisciplinar e contextualizada da Química.
Efeitoestufae
mudançasclimáticas:
Químicaparacuidar
doplaneta
Em tempos de mudanças climáticas, cuidar
melhor do planeta praticamente se torna
objetivo (e responsabilidade) de todos nós.
O tema deste capítulo é bem controverso,
mas abordaremos alguns aspectos
científicos que possibilitarão uma
compreensão mais ampla dos argumentos
envolvidos na questão, levando a um
posicionamento menos emocional
e mais esclarecido sobre o assunto.
Vamos utilizar o conhecimento químico
para compreender como funciona o efeito
estufa e os gases envolvidos nesse
fenômeno. Esperamos que as informações
apresentadas contribuam para
que possamos cuidar melhor
do nosso planeta.
Figura 4.1 Degelo no glaciar Perito Moreno,
Patagônia, Argentina, 2011.
As mudanças climáticas são
motivo de controvérsia entre os
cientistas: seriam elas realmente
consequência da ação humana?
4
CAPÍTULO
215
214
Curioso/Shutterstock/Glow
Images
Jan Martin Will/Shutterstock/G
l
o
w
I
m
a
g
e
s
Ricardo Chaves/Arquivo da editora
229
EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: QUÍMICA PARA CUIDAR DO PLANETA CAPÍTULO 4
4
atividade 4
Um modelo para o comportamento
das moléculas de gás carbônico
Nesta atividade vamos utilizar um modelo para representar as
moléculas de gás carbônico (CO2) e então compreender as relações en-
tre os gases estufa e a radiação infravermelha.
Para representar uma molécula de CO2, vamos nos valer de um
modelo físico que, embora extremamente simplificado, nos permite
compreender o modo como as moléculas respondem à radiação eletro-
magnética de diferentes faixas de frequência.
Material
Três bolinhas de tênis, dois arcos de serra velhos ou hastes metá-
licas flexíveis.
O que fazer
A21 Montem o modelo fixando as hastes nas bolinhas, conforme mostrado na
figura 4.15.
A22 Segurem a bolinha central e balancem-na para cima e para baixo, variando
a frequência – mais rápido e mais devagar. Observem o que acontece com
as hastes metálicas e com as bolinhas nas pontas das hastes.
Questões
Q17. Descrevam o que vocês observaram em relação ao movimento das boli-
nhas laterais quando a frequência de movimento da bolinha central foi
baixa.
Q18. Descrevam o que vocês observaram em relação ao movimento das boli-
nhaslateraisquandoafrequênciademovimentodabolinhacentralfoialta.
Q19. Discutam com seus colegas e procurem elaborar um modelo que explique
essas diferenças.
Figura 4.15
Modelo para a molécula de CO2.
Sérgio
Dotta
Jr./Arquivo
da
editora
97
ALIMENTOS E NUTRIÇÃO: QUÍMICA PARA CUIDAR DA SAÚDE CAPÍTULO 2
projeto 1
Dietas em debate
Dietas milagrosas que prometem a boa forma em tempo recor-
de e sem sofrimento aparecem na mesma proporção que aumenta o
peso da população mundial. O motivo, em geral, é a insatisfação
das pessoas com o próprio corpo, por não estar dentro dos padrões
de uma sociedade que cultiva a magreza como sinônimo de sucesso
e beleza.
Além de dietas milagrosas, existem também propostas que con-
sideram uma alimentação balanceada e organizada.
Neste projeto, faremos um estudo de vários tipos de dietas. Cada
grupo de alunos deverá trabalhar com um dos tipos de dieta relaciona-
dos a seguir:
• Dieta dos pontos;
• Dieta do índice glicêmico;
• Dieta de South Beach;
• Dieta do grupo sanguíneo;
• Dieta da sopa;
• Dieta da USP.
P1 Cada grupo deverá preparar um relatório escrito com uma série de argu-
mentos sobre as vantagens e desvantagens de se adotar a dieta escolhida.
1
EXERCÍCIOS
E3. Muitas pessoas já devem ter passado pela triste experiência de, ao chegar de férias,
encontrar a geladeira com um cheiro terrível por causa de algum alimento que foi ali
deixado por um longo período de tempo e estragou-se. Sabendo que esses odores de-
sagardáveis se devem às aminas que se formaram com o apodrecimento dos alimen-
tos e que as aminas se comportam como bases, o que você poderia usar para limpar a
geladeira e remover esse odor? Pense em coisas que você encontra na sua cozinha.
Justifique sua resposta.
E4. A principal fonte do alcaloide nicotina (C10H14N2) é o tabaco (Nicotina tabacum), maté-
ria-prima fundamental na indústria do fumo para o processo de fabricação de cigarros.
Esse processo produz como resíduo uma solução aquosa extremamente rica em nico-
tina e altamente tóxica. Explique por que a nicotina é solúvel em água.
14
Projeto
Os projetos têm como objetivo
trabalhar o tema de forma
mais ampla e contextualizada.
Têm um caráter de atividade
integradora, pois promovem
a interação do conhecimento
químico com outras áreas do
conhecimento.
Capítulos
Os temas são desenvolvidos
ao longo de cada capítulo,
conforme seções descritas
a seguir.
Atividade
Esta seção propõe atividades
(experimentais, de pesquisa,
de elaboração de texto,
de raciocínio lógico, entre
outras) acompanhadas de
questões que promovem o
diálogo dos alunos com os
fenômenos em foco.
Exercícios
Aqui são apresentados
exercícios mais simples,
diretamente relacionados ao
que foi abordado em Texto ou
em Atividade.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 4 4/8/13 9:14 AM
5
organizada >>>>>>>>
209
ÁGUA NOS AMBIENTES URBANOS: QUÍMICA PARA CUIDAR DO PLANETA CAPÍTULO 3
3
Questõesdeexames
Todas as questões devem ser respondidas em seu caderno. Não escreva no livro.
QUESTÕES FECHADAS
Q82. (UFPI) A chuva ácida resulta, principalmente, da poluição
produzida pela queima de carvão e combustíveis fósseis
que liberam óxidos para atmosfera, os quais são transfor-
mados em ácidos. Esses ácidos, ao se dissolverem em
gotas de chuva, diminuem o seu pH. É importante frisar,
no entanto, que a água da chuva já é, naturalmente, leve-
mente ácida, em face da presença, na atmosfera, de:
a) N2. b) O2. c) CO2. d) NO2. e) SO2.
Q83. (PUC-MG) Um grave problema ambiental atualmente é o
aquecimento das águas dos rios, lagos e mares por indús-
trias que as utilizam para o resfriamento de turbinas e ele-
vam a temperatura até 25 ºC acima do normal. Isso pode
provocar a morte de peixes e outras espécies aquáticas,
ao diminuir a quantidade de oxigênio dissolvido na água.
Portanto, é correto concluir que:
a) Esse aquecimento diminui a solubilidade do oxigênio
na água, provocando o seu desprendimento.
b) Esse aquecimento provoca o rompimento das ligações
H e O nas moléculas de água.
c) Esse aquecimento provoca o aquecimento do gás car-
bônico.
d) Esse aquecimento faz com que mais de um átomo de
oxigênio se liga a cada molécula de água.
e) Os peixes e outras espécies acabam morrendo por
aquecimento e não por asfixia.
Q84. (UFRN)Numbalãodevidro,commeiolitrodecapacidade,con-
tendo 250 mL de água destilada (H2O), nas condições am-
bientais,foidissolvida(porborbulhamento)umacertaquanti-
dade de gás amônia (NH3). Sendo o pH da solução formada
igual a 8 (oito), a concentração de íons hidrogênio [H
], em
relaçãoàconcentraçãodeíonshidroxila[OH
],deveser:
a) dez vezes maior.
b) cem vezes menor.
c) dez vezes menor.
d) cem vezes maior.
Q85. (UFMG) Em recente acidente numa fábrica de papel, com
graves consequências ambientais, 12 milhões de litros de
um rejeito, contendo diversos contaminantes  entre
eles,asodacáustica(NaOH)–,foramderramadosnoleito
de um rio. Considere um ponto do rio, abaixo do lugar onde
ocorreu a entrada da soda cáustica. O pH da água foi medi-
do,nesselocal,numintervalodetempoquevaidaentrada
da soda cáustica no rio até ocorrer a diluição desse conta-
minante.
Indique a alternativa cujo gráfico melhor representa a va-
riação do pH medido.
a)
tempo
pH
b)
tempo
pH
c)
tempo
pH
d)
tempo
pH
Figura 3.55
Alternativas da questão Q85.
Q86. (UFRGS-RS)Sea10mLdeumasoluçãoaquosadepH4,0
foremadicionados90mLdeágua,opHdasoluçãoresultante
seráiguala:
a) 0,4. c) 4,0. e) 5,5.
b) 3,0. d) 5,0.
Q87. (UEMS) A qualidade da água destinada ao consumo huma-
no é determinada por diversos parâmetros. A portaria
1469, de 29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde
determina o valor máximo permitido para a concentração
de íons NO3

como sendo de 10 mg  L1
em água destina-
da a consumo humano. Se uma pessoa tomar 3,2 litros de
208
Questões
Q75. Os quadros comparam as medidas realizadas com padrões da classe 3 de
águas doces, a qual não permite o contato primário. No entanto, várias pes-
soas entram na água da lagoa da Pampulha, principalmente para pescar.
Discutacomseuscolegasecomentemessefato,sabendoquealegislação
do Conama classifica as águas pelo uso que a população faz dela.
Q76. Observem os dados de turbidez e digam qual é o mês em que ela é mais
elevada. Como vocês podem explicar esse dado?
Q77. Observem os dados de oxigênio dissolvido em função da profundidade. Vo-
cês notam algum padrão? Em caso positivo, expliquem-no.
Q78. Em qual mês os dados de oxigênio dissolvido são mais baixos? Como vo-
cês poderiam explicar esse fato?
Q79. Observem os dados de coliformes termotolerantes e digam em que mês
esse parâmetro é mais elevado. Como vocês explicam esse fato?
Q80. O dado mais crítico nesses quadros, para a água permanecer como classe 3,
éaDBO.Lembrem-sedequeaDBOédefinidacomoaquantidadedeoxigênio
necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana ae-
róbicaeque,portanto,elafuncionacomoumindicadordaquantidadedema-
téria orgânica ou de esgotos na água. Observem os dados dos quadros e
digam em que mês (meses) a DBO esteve adequada para classificar a água
com classe 3.
Q81. Em que mês os dados de DBO são mais elevados? Como vocês explicam
esse fato?
<www2.ana.gov.br>
Página da Agência Nacional de Águas (ANA), onde há biblioteca virtual com vários textos para download,
além de mapas e base de bados para consulta. Acesso em: 24 out. 2012.
<www.cetesb.sp.gov.br/publicacoes/publicacoes.asp>
Página da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qual disponibiliza vários textos referen-
tes à qualidade das águas doces, salinas, subterrâneas, entre outras. Acesso em: 24 out. 2012.
<www.manuelzao.ufmg.br>
Página do Projeto Manuelzão, projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que
apresenta várias publicaÁões e materiais para consulta. Acesso em: 24 out. 2012.
<www.mma.gov.br/port/conama>
Página do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), órgão consultivo e deliberado pelo Ministério do
Meio Ambiente e que traz algumas leis e diretrizes sobre a qualidade da água.
nainternet
216
texto 1
Aquecimento global: um tema
polêmico
Ao contrário do que supõe boa parte do que é veiculado sobre o
tema “aquecimento global” pela mídia, do ponto de vista científico, a
compreensão que se tem dele ainda está sujeita a forte controvérsia.
De um lado, podemos agrupar cientistas que têm posições mais
ou menos convergentes com aquelas expressas pelo Painel Intergover-
namental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). Os relatórios do
IPCC apontam que a Terra encontra-se em ciclo acentuado e crescente
de aquecimento, sendo essa elevação da temperatura causada pelo au-
mento de emissão de gases estufa pela ação humana, principalmente o
gás carbônico (CO2).
De outro lado, podemos agrupar cientistas que se autodenomi-
nam céticos e que contestam o fato de o aquecimento estar relacionado
à ação antropogênica ou consideram que há exagero nas projeções rea-
lizadas pelo IPCC.
Neste capítulo, procuramos apresentar conceitos e modelos cien-
tíficos para que você possa compreender alguns dos argumentos apre-
sentados pelos dois lados dessa controvérsia. Para estruturar o texto,
consideramos, a princípio, os argumentos e dados apresentados pelo
IPCC, desenvolvendo modelos e conceitos que ajudam a interpretar e
compreender esse ponto de vista. Em seguida, no Texto 3, vamos apre-
sentar pontos de vista conflitantes com tal visão.
Desse modo, não é nossa intenção tomar partido de uma ou de
outra posição nesse debate, mas apenas informar e desenvolver ferra-
mentas conceituais que permitam, a cada um de nós, nos informarmos
e nos posicionarmos sobre o tema, além de compreender as dinâmicas
envolvidas na construção do conhecimento científico na sociedade.
Juca
Varella/Folhapress
Figura 4.2
A emissão de gases estufa para a
atmosfera está relacionada ao
aumento da temperatura global
do planeta?
Questões de
exames
São propostas questões extraídas
dos vestibulares de universidades
brasileiras e do Enem, relacionadas
ao que foi abordado no capítulo.
Na internet
Esta seção traz sugestões
de páginas da internet que
se referem ao conteúdo
estudadonocapítulo.
Questões
Esta seção traz questões relacionadas ao que foi abordado em Texto ou em
Atividade. Muitas vezes são propostas para ajudar o aluno a compreender
o conteúdo apresentado em Texto, envolvendo respostas mais diretas; em
outras, são questões que buscam fazer o aluno utilizar conceitos abordados
para pensar um pouco mais para elaborar as respostas.
Questões
preliminares
Questõesqueantecedemo
estudodeumtema,permitindo
aoalunoformularhipóteses
sobrefênomenoscotidianos,
tornandomaisfácileatraente
oensinodaQuímica.
Texto
A seção inclui textos que constituem um fechamento para a
seção Atividade, em que são respondidas as questões das
atividades. Inclui também outros textos que abordam aspectos
teóricos e conceituais e, por fim, textos retirados de periódicos
ou de páginas da internet, os quais apresentam informações
mais amplas e contextualizadas.
14
sempre seja tão clara e precisa. Algumas substâncias
consideradas drogas são ou já foram usadas como me-
dicamentos. Um exemplo clássico é a morfina, sem dúvida uma droga que
também é usada como medicamento para pacientes com doença terminal,
por ser um potente analgésico capaz de aliviar dores.
Muitos dos assuntos que trataremos aqui têm uma interface gran-
de com a Biologia e, em alguns momentos, com a História e a Geografia.
Seria ideal que eles fossem estudados em uma perspectiva multidisci-
plinar: consulte os professores de Biologia, História e Geografia sempre
que tiver alguma dúvida relacionada aos temas aqui abordados.
Antes de tentar responder às várias questões que esse tema gera,
vamos refletir um pouco mais sobre algumas perguntas. Discuta com
seus colegas de grupo e tente responder às questões a seguir, transcre-
vendo as respostas do seu grupo no quadro, para que vocês possam
compará-las com as respostas de outros grupos.
Questões preliminares
Q1. O que são drogas?
Q2. Cigarros e bebidas alcoólicas podem ser classificados como drogas?
Certamente, as respostas a essas perguntas não foram
unânimes. Muitos podem ter lançado mão de um critério
legal para concluir que aquilo que é proibido por lei pode
ser considerado como droga. Nesse caso, os cigarros e as
bebidas alcoólicas não seriam classificados como tal. Ou-
tros podem ter usado como critério o fato de a substância
alterar os estados de consciência. Por esse critério, as bebi-
das seriam consideradas drogas, mas os cigarros, não.
elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins de diagnóstico.(Fonte: Anvisa.)
Figura 1.3
Apesar de legais, o tabaco e o álcool também
são drogas do ponto de vista farmacológico.
Fernando
Moraes/Arquivo
da
editora
Este ícone indica Objetos
Educacionais Digitais
relacionados aos
conteúdos do livro.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 5 4/8/13 9:14 AM
6
Atividade 2
> A estrutura das moléculas orgânicas e
os orbitais – II, 32
Texto 8
> Propriedades físicas dos alcanos, 33
Texto 9
> Alquenos e a isomeria cis-trans, 35
Texto 10
> Alquenos e alquinos, 38
Texto 11
> Os hidrocarbonetos aromáticos e a
ocorrência de câncer de pulmão entre
fumantes, 41
Texto 12
> Outras substâncias presentes nos
cigarros ou na sua fumaça: aldeídos e
cetonas, 44
Texto 13
> Caracterizando quimicamente a
nicotina: a função amina, 47
Texto 14
> As bebidas alcoólicas e o etanol, 49
Texto 15
> Um pouco da história do vinho e da
cerveja, 53
Atividade 3
> Bebida e direção: uma mistura
perigosa, 55
Texto 16
> Mas nem tudo é dor: o ácido
acetilsalicílico e o paracetamol, 58
Texto 17
> Cafeína, 62
Texto 18
> Maconha, 63
Efeitos da maconha, 64
Umanovafunçãoorgânicapresentena
estruturamoleculardoTHC–oséteres,65
Texto 19
> Cocaína, 66
O que é cocaína?, 66
Umabrevehistóriadeseucultivo
euso,66
Como funciona a dependência?, 67
Sumário
10
O que você vai estudar
neste volume
Vamos aprender Química falando e
fazendo Química?
Capítulo 1
12
A Química das drogas e
medicamentos e as
funções orgânicas
Texto 1
> O que são drogas e medicamentos?, 14
Texto 2
> O tabaco e a história de um hábito que
se tornou uma epidemia mundial, 16
Texto 3
> A representação das moléculas
orgânicas e as funções orgânicas, 18
Atividade 1
> A estrutura das moléculas orgânicas e
os orbitais, 19
Texto 4
> Compreendendo a relação entre
orbitais e a estrutura das moléculas
orgânicas, 20
Orbitais atômicos, 20
Configuração eletrônica, 21
Orbitais moleculares, 22
A ligação covalente e a estrutura do
carbono, 22
Texto 5
> Geometria molecular e moléculas
orgânicas, 27
Texto 6
> Um pouco sobre a nomenclatura dos
compostos orgânicos, 30
Texto 7
> A representação das moléculas
orgânicas: os alcanos, 31
Texto 20
> Sobre o ópio e seus derivados: morfina
e heroína, 68
Uma breve história do cultivo e uso do
ópio, 68
Morfina e heroína – aspectos
químicos, 69
Morfina e heroína – dependência, 70
Texto 21
> Um pouco de fisiologia e química do
sistema nervoso, 70
As aminas do cérebro – alegria,
depressão e neuroses, 71
Texto 22
> Como fármacos atuam quimicamente
no organismo?, 73
Na internet, 75
Questões de exames, 76
Capítulo 2
88
Alimentos e nutrição:
Química para cuidar da
saúde
Texto 1
> Manutenção do peso ideal, 90
O que é peso ideal?, 90
IMC e circunferência abdominal:
parâmetros para avaliar a composição
corporal, 90
Atividade 1
> Calorias e rótulos de produtos, 93
Projeto 1
> Dietas em debate, 97
Atividade 2
> Diet e light, 99
Texto 2
> Substâncias e alimentos que nos
ajudam a manter a saúde, 102
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 6 4/8/13 9:14 AM
7
Texto 3
> Vitaminas e sais minerais:
micronutrientes importantes
em nossa dieta, 104
Vitaminas, 105
Sais minerais, 107
Texto 4
> Interações entre nutrientes na
alimentação, 110
Interação entre magnésio e cálcio, 110
Interação entre vitamina C e ferro, 111
Texto 5
> Castanhas, 114
Texto 6
> Ácidos graxos e gorduras, 115
A Química dos ácidos graxos e das
gorduras, 116
As gorduras trans e a indústria
alimentícia, 120
Ácidos graxos e gorduras na
manutenção da saúde, 122
Texto 7
> Colesterol: aprendendo um pouco
sobre esta molécula complexa, 124
Aspectos químicos do colesterol, 124
O colesterol LDL, 125
O colesterol HDL, 125
O colesterol VLDL, 125
Importância do colesterol na
manutenção da saúde, 125
Texto 8
> Conhecendo um pouco sobre
as fibras, 127
A celulose, 127
A lignina, 128
A pectina, 129
Função das fibras no organismo, 129
Texto 9
> Açúcar: ingestão limitada, 130
Texto 10
> Sal: ingerir moderadamente, 134
O cloreto de sódio, 134
A função do sal em nosso corpo, 135
Onde o sal está escondido?, 135
Consumo excessivo de sal e
hipertensão, 136
Atividade 3
> Reflexões sobre o consumo de
refrigerantes, 138
Na internet, 142
Questões de exames, 143
Capítulo 3
150
Água nos ambientes
urbanos: Química para
cuidar do planeta
Texto 1
> As águas de nossa cidade e sua
qualidade, 152
Texto 2
> Parâmetros de qualidade da água, 156
Atividade 1
> Qualidade da água de sua cidade, 161
Texto 3
> Tratamentos bem-sucedidos e a
situação brasileira, 162
Texto 4
> A importância do oxigênio dissolvido
na água, 166
Atividade 2
> Determinação do oxigênio dissolvido
numa amostra de água, 168
Texto 5
> Determinação do oxigênio dissolvido
numa amostra de água, 172
Texto 6
> A importância do oxigênio dissolvido
em ambientes aquáticos, 174
Texto 7
> Relembrando o que são substâncias
ácidas e básicas, 176
Texto 8
> O pH e a qualidade da água, 178
Atividade 3
> Medindo o pH de uma amostra de
água a partir de uma escala de pH, 181
Parte A – Preparando as soluções e o
indicador de repolho roxo, 182
Parte B – Preparando a escala-padrão
de pH, 182
Parte C – Testando o pH de diferentes
amostras de água, 183
Texto 9
> A turbidez das águas, 184
Atividade 4
> Construindo um turbidímetro, 185
Atividade 5
> Determinando a turbidez de uma
amostra de água, 188
Texto 10
> A turbidez como parâmetro de
qualidade das águas, 189
Texto 11
> Condutividade elétrica como
parâmetro de qualidade de água, 190
Atividade 6
> Medindo a condutividade de uma
amostra de água, 190
Texto 12
> Condutividade elétrica nos sistemas
aquáticos, 192
Texto 13
> Eutrofização e cianobactérias, 194
Texto 14
> Parâmetros biológicos de qualidade da
água – coliformes, 196
Atividade 7
> Tratando de dados relativos aos
parâmetros de qualidade da água, 200
Atividade 8
> Padrões de depuração da água, 203
As águas da lagoa da Pampulha, 204
Na internet, 208
Questões de exames, 209
Capítulo 4
214
Efeito estufa e mudanças
climáticas: Química para
cuidar do planeta
Texto 1
> Aquecimento global: um tema
polêmico, 216
Atividade 1
> O que sabemos sobre efeito estufa e
aquecimento global?, 217
Texto 2
> As temperaturas da Terra e a radiação
solar, 217
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8
Texto 3
> A polêmica por trás desta questão:
como explicar as variações da
temperatura média global?, 219
Atividade 2
> Medindo temperaturas de sistemas
que recebem continuamente energia
de uma fonte externa, 220
Texto 4
> O balanço energético do planeta Terra,
223
Texto 5
> A radiação no infravermelho e o
espectro eletromagnético, 225
Texto 6
> A descoberta da radiação na região do
infravermelho, 227
Atividade 3
> Anéis ressonantes, 228
Atividade 4
> Um modelo para o comportamento
das moléculas de gás carbônico, 229
Texto 7
> Um modelo para a interação entre a
radiação infravermelha e as moléculas
de gás carbônico, 230
Texto 8
> Gases estufa, 233
Alguns gases envolvidos no efeito
estufa, 233
Texto 9
> O ciclo do carbono, 236
Dióxido de carbono, 236
Impactos ambientais no ciclo do
carbono, 241
Atividade 5
> Revendo o que sabemos sobre efeito
estufa e aquecimento global, 244
Atividade 6
> O ser humano e a proteção dos
ambientes, 244
Na internet, 246
Questões de exames, 247
Capítulo 5
252
Química de materiais
recicláveis
Atividade 1
> Qual parte do lixo de nossa casa é
reciclável?, 254
Texto 1
> Qual parte do lixo de nossa casa é
reciclável?, 255
Texto 2
> Ciclo de vida: de onde vem e para
onde vai o que produzimos e
consumimos?, 258
Texto 3
> Ciclo de vida das garrafas PET, 259
Atividade 2
> Reconhecendo o PET, 260
Texto 4
> Do petróleo ao polímero: de onde vêm
as garrafas PET, 264
Texto 5
> Para onde vão as garrafas PET?, 267
Atividade 3
> Polímeros sintéticos, 268
Atividade 4
> Produzindo um polímero
termorrígido, 273
Texto 6
> O polímero ureia-formaldeído:
obtenção e características, 274
Atividade 5
> Polímeros e interações
intermoleculares, 276
Parte A – Papel molhado, 276
Parte B – Polímeros e absorção de
água, 277
Parte C – Polímeros nas fraldas, 278
Texto 7
> Polímeros e interações
intermoleculares, 279
Atividade 6
> Ciclo de vida do papel, 281
Texto 8
> Ciclodevidadosvidros:deondevêmos
vidrosutilizadosparaembalagens?,287
Outros tipos de vidro, 289
O que é um vidro?, 289
Simetria e periodicidade
translacional, 290
Transição vítrea, 290
Texto 9
> Ciclo de vida dos vidros: como são
preparados os vidros?, 291
Texto 10
> Ciclo de vida dos vidros: para onde vão
os vidros?, 294
Texto 11
> Ciclo de vida do alumínio: produção da
alumina, 295
Texto 12
> Ciclo de vida do alumínio: produção do
alumínio metálico, 297
Texto 13
> Ciclo de vida do alumínio:
reciclagem, 299
Na internet, 300
Questões de exames, 301
Potenciais de eletrodos-padrão
– A 25 o
C, 307
Tabela periódica, 309
Valores da primeira energia de
ionização, 310
Respostas, 311
Sugestões de leituras, 318
Bibliografia consultada, 318
Índice remissivo, 319
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 8 4/8/13 9:14 AM
9
Sumário—Volume1
Capítulo 1 – O que é Química?
Capítulo 2 – Introdução ao estudo das propriedades específicas dos materiais
Capítulo 3 – Materiais: Estudo de processos de separação e purificação
Capítulo 4 – Aprendendo sobre o lixo urbano
Capítulo 5 – Um modelo para os estados físicos dos materiais
Capítulo 6 – Modelos para o átomo e uma introdução à tabela periódica
Capítulo 7 – Introdução às transformações químicas
Capítulo 8 – Quantidades nas transformações químicas
Capítulo 9 – 
Ligações químicas, interações intermoleculares e propriedades
dos materiais
Sumário—Volume2
Capítulo 1 – Soluções e solubilidade
Capítulo 2 – 
Termoquímica: energia nas mudanças de estado físico e nas
transformações químicas
Capítulo 3 – Cinética química: controlando a velocidade das reações químicas
Capítulo 4 – Uma introdução ao estudo do equilíbrio químico
Capítulo 5 – 
Movimento de elétrons: uma introdução ao estudo da
eletroquímica
Capítulo 6 – Propriedades coligativas
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 9 15/04/2013 15:26
10
Vamos aprender Química falando e fazendo
Química?
Neste livro, procuramos abordar temas que
julgamos fundamentais para a construção de uma
base conceitual que possibilite uma visão de con­
junto da Química. Procuramos abordar esses temas
de forma contextualizada, buscando articular a
construção do conhecimento químico e sua aplica­
ção a problemas sociais, ambientais e tecnológicos.
Ele está estruturado em torno de três temas
fundamentais, cuja relação pode ser ilustrada com
a figura A.1. Esse triângulo expressa, esquematica­
mente, a ideia de que a Química é uma ciência que
estuda as propriedades, a constituição e as trans­
formações das substâncias e dos materiais. Nesse
mundo tecnológico em que vivemos, o químico é
um grande “artífice da matéria”, pois é capaz de
transformá-la para obter produtos com constitui-
ção e propriedades específicas que permitem sua
utilização para finalidades bem determinadas.
As mudanças que
ocorreram nas carroce­
rias dos automóveis nos
últimos anos são um
exemplo que pode aju­
dar você a entender co­
mo a Química funciona
e como se relacionam os
focos de interesse dessa
ciência. Se você comparar um automóvel construído
nas décadas de 1960 ou 1970 com um construído
hoje, poderá verificar que nos antigos quase todas as
peças da lataria eram feitas de metal: os para-cho­
ques, as saias dos para-lamas, o painel, etc. Nos car­
ros atuais, a maioria dessas peças de metal foi
substituída por peças de plástico, ainda que a pintura
metálica aplicada sobre elas esconda sua verdadeira
natureza. Essas mudanças têm várias vantagens eco­
nômicas (os plásticos são mais baratos e mais leves
do que os metais) e de segurança (os plásticos se des­
mancham mais facilmente no caso de colisões).
A substituição dos metais por plásticos só foi
possível graças às pesquisas científicas desenvolvi­
das pelos químicos. Em 1951, dois químicos, traba­
lhando para uma companhia norte-americana,
fabricaram pela primeira vez o polipropileno. Trans-
formaram o gás propileno em um sólido que se asse­
melhava a uma bala “puxa-puxa”. Os vários tipos de
polipropileno são usados na fabricação de muitas
peças de automóvel, incluindo os já citados para­
propriedades
constituição transformações
substâncias
e materiais
Figura A.1
Triângulo 1 – focos de interesse
da Química.
-choques e saias dos para-lamas, e painéis, caixas de
bateria, tapetes, etc. Muitos materiais podem ser des­
cobertos acidentalmente, mas a pesquisa por esses
materiais normalmente segue uma certa sequência
lógica, a qual é possível determinar previamente.
Fotos:
Bruce
Benedict/Transtock/
Cobris/Latinstock
Figura A.2
A Química ajudou a
desenvolver novos
materiais que
tornaram os
automóveis mais
baratos, mais
econômicos e mais
seguros.
A indústria, nesse caso a automobilística, esta­
belece quais seriam as propriedades ideais dos mate­
riais que poderiam substituir os metais na fabricação
dos carros. Com isso, solicita dos cientistas a síntese
dos materiais que possuam tais propriedades.
Os químicos, especialistas que conhecem es­
sas propriedades, já tinham ideia de um grupo de
materiais que possuía propriedades semelhantes
àquelas solicitadas pela indústria: os polímeros
(nesse caso particular, o polipropileno). Conhecen­
do a constituição desses materiais e como obtê-los
por meio de trans­for­mações químicas, foram capa­
zes então de desenvolver variedades desse políme­
ro adequadas especificamente às necessidades da
indústria automobilística.
Marco
de
Bari/Arquivo
da
editora
Figura A.3
Os automóveis do
final do século XX são
repletos de peças
fabricadas com
diferentes variedades
de polipropileno.
Izmostock/Alamy/OtherImages
Oquevocêvaiestudarnestevolume
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 10 15/04/2013 15:26
11
Neste livro você vai rever alguns conceitos
que já aprendeu anteriormente, mas tendo em vis-
ta outros contextos. Vai também aprender novos
conceitos que o ajudarão a entender melhor vá-
rios fenômenos.
No capítulo 1 você vai estudar a química
dos fármacos – drogas e medicamentos – e enten-
der um pouco mais sobre como eles atuam em
nosso organismo. Nesse capítulo você terá a
oportunidade de conhecer a estrutura química de
várias substâncias orgânicas, embora a maior
parte do que chamamos “Química orgânica” este-
ja diluída nos diversos assuntos estudados em
outros capítulos nos volumes 1 e 2. Afinal, os
princípios da Química são universais e explicam
propriedades tanto dos compostos inorgânicos
como dos orgânicos.
Figura A.4
A Química estudada neste livro ajudará você a entender a Química de
drogas e medicamentos.
No capítulo 2 abordaremos um tema muito
importante relacionado à sua saúde. Vamos apre-
sentar algumas recomendações em relação à sua
alimentação, apontadas por especialistas da área
médica como importantes para a manutenção da
boa saúde. Trataremos de cada uma dessas reco-
mendações, procurando utilizar os conhecimentos
químicos para compreendê-las melhor.
No capítulo 3 vamos estudar a água dos ma-
res, rios e lagos presentes em ambientes urbanos.
Relembraremos alguns conceitos importantes,
como os de solubilidade de gases em líquidos e de
pH. Sabemos que no Brasil a maioria desses corpos
de água estão poluídos em consequência do lança-
mento de esgotos domésticos e/ou industriais. Por-
tanto, estudar a qualidade da água presente nos
ambientes urbanos e o que podemos fazer para
aperfeiçoá-la é de vital importância para a melho-
ria da qualidade de vida de cada cidadão e para a
sobrevivência do planeta.
David
Levenson/Alamy/Other
Images
No capítulo 4 abordaremos um tema atual e
bem controverso: efeito estufa e mudanças climá-
ticas. Procuramos apresentar conceitos e modelos
científicos para que você possa compreender al-
guns dos argumentos envolvidos na polêmica em
questão. Para isso, vamos relembrar os conceitos
de espectro eletromagnético, radiação infraverme-
lha, ressonância. Discutiremos questões relaciona-
das ao efeito estufa e às diferentes posições de
cientistas no que diz respeito à relação entre o
aquecimento global e o aumento do efeito estufa
causado por ações humanas.
No capítulo 5 vamos estudar de forma mais
profunda alguns materiais recicláveis. Para isso,
retomaremos conceitos que foram aprendidos ao
longo de dois anos de estudos de Química. Abor-
daremos a ideia do ciclo de vida de produtos e,
como parte dele, os processos de reciclagem. Nos-
sa ideia é tornar disponíveis conceitos químicos
para promover condições que levem as pessoas a
compreender melhor como os materiais estão inse-
ridos em nossas vidas.
Figura A.5
Neste livro iremos estudar mais profundamente alguns materiais
recicláveis.
Os textos e atividades aqui reunidos são
frutos de um longo trabalho de pesquisa, em sala
de aula e fora dela. Por meio dessa pesquisa,
procuramos entender como os alunos constroem
conceitos químicos e quais são as principais difi-
culdades a serem superadas no processo de ensi-
no-aprendizagem.
Acreditamos que, ao traduzir os resultados
dessas pesquisas em sala de aula em uma proposta
curricular e didática para o ensino da Química, es-
tamos contribuindo para o avanço da educação em
nossas escolas e para a formação de cidadãos aptos
a participar da nossa sociedade e a transformá-la,
preservar o ambiente e lutar pela melhoria da qua-
lidade de vida de todos os brasileiros.
Sérgio
Dotta
Jr./Arquivo
da
editora
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 11 4/8/13 9:14 AM
AQuímicadas
drogase
medicamentos
easfunções
orgânicas
Neste capítulo, vamos estudar um
tema polêmico: as drogas.
a discussão já se inicia quando
tentamos responder à pergunta:
O que são drogas?
a resposta não é tão evidente ou
óbvia como alguns poderiam pensar.
Estudaremos também os
medicamentos, conhecidos
cientificamente como fármacos.
Nessa abordagem, conheceremos um
conjunto de substâncias que têm
características em
comum ‒ conhecidas
como substâncias
orgânicas ‒ e
identificaremos
suas funções e
propriedades.
1
CAPÍTULO
Cigarros e bebidas alcoólicas podem
ser classificados como drogas?
12
Felipe O'Neill/Folha Imagem/CPDOCJB
R
a
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ditora Abril
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 12 4/8/13 9:19 AM
Figura 1.1 Muitas drogas e medicamentos são
constituídos por substâncias orgânicas.
Importante: medicamentos só devem ser
utilizados sob prescrição médica.
13
M.
Unal
Ozmen/Shutterstock/Glow
Images
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 13 4/8/13 9:19 AM
14
texto 1
O que são drogas e medicamentos?
A palavra usada atualmente pela ciência para
designar os medicamentos é fármaco, que pode ser
definido como qualquer substância farmacologica-
mente ativa usada em benefício da saúde. Por moti-
vos didáticos e por seu uso consagrado na vida
cotidiana, no entanto, continuaremos a usar aqui a
palavra “medicamentos” com mais frequência, ape-
sar de a palavra “fármacos” também ser empregada
em algumas situações.
Aplicamos essa distinção (droga 3 medica-
mento) porque faz parte da nossa forma cotidiana de
falar sobre esses assuntos, embora essa diferença nem
sempre seja tão clara e precisa. Algumas substâncias
consideradas drogas são ou já foram usadas como me-
dicamentos. Um exemplo clássico é a morfina, sem dúvida uma droga que
também é usada como medicamento para pacientes com doença terminal,
por ser um potente analgésico capaz de aliviar dores.
Muitos dos assuntos que trataremos aqui têm uma interface gran-
de com a Biologia e, em alguns momentos, com a História e a Geografia.
Seria ideal que eles fossem estudados em uma perspectiva multidisci-
plinar: consulte os professores de Biologia, História e Geografia sempre
que tiver alguma dúvida relacionada aos temas aqui abordados.
Antes de tentar responder às várias questões que esse tema gera,
vamos refletir um pouco mais sobre algumas perguntas. Discuta com
seus colegas de grupo e tente responder às questões a seguir, transcre-
vendo as respostas do seu grupo no quadro, para que vocês possam
compará-las com as respostas de outros grupos.
Questões preliminares
Q1. O que são drogas?
Q2. Cigarros e bebidas alcoólicas podem ser classificados como drogas?
Certamente, as respostas a essas perguntas não foram
unânimes. Muitos podem ter lançado mão de um critério
legal para concluir que aquilo que é proibido por lei pode
ser considerado como droga. Nesse caso, os cigarros e as
bebidas alcoólicas não seriam classificados como tal. Ou-
tros podem ter usado como critério o fato de a substância
alterar os estados de consciência. Por esse critério, as bebi-
das seriam consideradas drogas, mas os cigarros, não.
David
Levenson/Alamy/Other
Images
Figura 1.2
Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou
elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para
fins de diagnóstico.(Fonte: Anvisa.)
Figura 1.3
Apesar de legais, o tabaco e o álcool também
são drogas do ponto de vista farmacológico.
Fernando
Moraes/Arquivo
da
editora
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15
A QuímicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulO 1
1
Considerar uma substância legal ou ilegal exige, no entanto, uma
discussão bastante ampla, pois sua legalidade não está relacionada
apenas às suas propriedades químicas ou a efeitos que ela possa pro-
vocar no usuário ou ainda aos riscos que seu consumo possa represen-
tar para a saúde.
Os grupos sociais é que definem a legalidade do consumo dessas
substâncias, e os critérios variam de uma cultura para outra ou de um
momento histórico para outro. Um bom exemplo de como esses crité-
rios se alteram é o período da história norte-americana no qual vigorou
a chamada “Lei seca”, que proibia o consumo de álcool. Outro exem-
plo é a Lei federal n. 11705, de 2008, que proíbe que motoristas dirijam
sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa.
Além desses exemplos, vale registrar que no Brasil, no início
do século XX, a cocaína e a maconha eram vendidas livremente nas
farmácias: a primeira como anestésico para dor de dente e a segunda
como expectorante ou sedativo. Esses critérios são, portanto, mais
culturais do que científicos, e não são muito úteis para um estudo
químico das drogas. A farmacologia, ramo da ciência que estuda me-
dicamentos e drogas, assim como seus efeitos sobre o organismo,
define:
Drogas são substâncias capazes de modificar o funcionamento dos
organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de
comportamento.
Medicamentos são drogas utilizadas com finalidade terapêutica.
Drogas psicotrópicas são substâncias que atuam sobre o sistema
nervoso central (SNC), modificando o comportamento do usuário.
Há várias maneiras possíveis de classificar as drogas. Você já deve
ter ouvido falar em drogas que provocam dependência. Em certos casos,
essa dependência pode levar à tolerância e à síndrome de abstinência.
A tolerância é a necessidade de se utilizar quantidades cada vez
maiores de droga para que o mesmo efeito causado por ela seja manti-
do. A síndrome de abstinência é um conjunto de sinais e sintomas que
podem ser observados quando pessoas com dependência de alguma
droga interrompem seu uso.
O hábito de tomar uma “cervejinha” nas festas ou reuniões de ami-
gos em fins de semana certamente não caracteriza alcoolismo (a depen-
dência do álcool). Uma pessoa que não consiga dormir sem tomar sua
dose diária de uísque pode, no entanto, ser considerada alcoólatra.
Uma outra maneira de classificar as drogas é considerar os gru-
pos químicos presentes na estrutura molecular das substâncias. Nesse
sentido, as drogas, em sua maioria, são alcaloides: bases orgânicas ni-
trogenadas também conhecidas como aminas. O termo alcaloide indi-
ca que esses produtos são alcalinos; portanto, se comportam como
bases na maioria das reações ácido-base.
Já o álcool etílico e a maconha são alcoóis, substâncias que têm um
grupo hidroxila (-OH) ligado a cadeias carbônicas. Todas as drogas são,
portanto, substâncias orgânicas, ou seja, possuem cadeias carbônicas.
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16
Do ponto de vista da ação das drogas sobre o sistema nervoso
central, elas podem ser classificadas como depressoras, estimulantes
ou perturbadoras. Os três grupos de drogas promovem alterações na
comunicação química, por meio da ativação ou desativação de certos
neurotransmissores, substâncias responsáveis pela transmissão de si-
nais elétricos entre as diversas partes do sistema nervoso central. A
diferença entre os grupos relaciona-se ao tipo de efeito comportamen-
tal: depressoras e estimulantes promovem alterações quantitativas, e
as perturbadoras, qualitativas (delírios e alucinações, ou seja, a pessoa
entra num “mundo de fantasias”).
As depressoras diminuem a atividade cerebral e por essa razão
são chamadas de depressoras da atividade do sistema nervoso cen-
tral (SNC). A pessoa que faz uso desse tipo de droga fica “desligada”,
“devagar”. As estimulantes aumentam a atividade do cérebro, dei-
xando o usuário “ligado”, “elétrico”. Finalmente, as drogas perturba-
doras normalmente provocam alucinações, sendo por isso chamadas
de alucinógenas.
No quadro a seguir apresentamos algumas drogas psicotrópicas
classificadas segundo esse último critério:
Depressoras da atividade do SNC Estimulantes do SNC Perturbadoras da atividade do SNC
•álcool
•soníferos ou hipnóticos (provocam sono): barbitúricos,
alguns benzodiazepínicos
•ansiolíticos (acalmam, inibem a ansiedade):
benzodiazepínicos, etc.
•opiáceos (aliviam a dor e provocam sonolência):
morfina, heroína, codeína, meperidina, etc.
•inalantes ou solventes: colas, tintas, removedores, tíner,
benzina, éter, esmalte, lança-perfume, “cheirinho da loló”
•cocaína
• crack
•nicotina
•anfetaminas
•De origem vegetal: mescalina (do cacto
mexicano), tetraidrocanabinol – THC
(da maconha), psilocibina (de certos
cogumelos), lírio, trombeta, zabumba
ou saia-branca
•Deorigemsintética:ácidolisérgico–LSD,
ecstasy, anticolinérgicos
texto 2
O tabaco e a história de
um hábito que se tornou uma
epidemia mundial
O tabaco começou a ser utilizado em rituais religiosos
nas sociedades indígenas da América Central há mais de
3000 anos. A planta, cientificamente chamada Nicotiana ta-
bacum, chegou ao Brasil provavelmente trazida pelas tribos
tupi-guarani, que migraram daquela região. Foram os coloni-
zadores portugueses que aqui chegaram no século XVI que
levaram o tabaco para a Europa. Ainda naquele século, seu
uso começou a se disseminar por todo o Velho Continente,
Quadro 1.1
Alguns exemplos de drogas psicotrópicas.
Ferrell
McCollough/Corbis/Latinstock
Figura 1.4
Nicotiana tabacum.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 16 4/8/13 9:19 AM
17
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
introduzido por Jean Nicot (1530-1600), diplomata francês vindo de
Portugal. Como acontece com a maioria das novidades, ao tabaco ini-
cialmente também foram atribuídas propriedades curativas. Dizem até
que Catarina de Médici (1519-1589), rainha da França, utilizava-o para
curar suas enxaquecas – ela só não sabia da dor de cabeça que esse novo
modismo ainda causaria à humanidade...
Suas folhas eram inicialmente comercializadas sob a forma de fumo
para cachimbo, rapé, tabaco para mascar e charutos. Já ao final do século
XIX, porém, o tabaco começou a ser industrializado sob a forma de cigar-
ros. Seu uso espalhou-se como uma epidemia, por todo o mundo, a partir
de meados do século XX, com o desenvolvimento da publicidade e do
marketing. A folha do tabaco, pela importância econômica que o produto
representava para o Brasil, foi incorporada ao brasão da República.
A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatos médi-
cos que relacionavam o cigarro a várias doenças contraídas pelos fu-
mantes. O então hábito de fumar (considerado charmoso por alguns),
muitas vezes associado à autoafirmação, passou a ser encarado como
uma dependência que precisa ser tratada e acompanhada.
Existem muitas substâncias nas folhas de tabaco e outras que são
adicionadas durante o processo de produção dos cigarros. Mas você
tem ideia de quais são essas substâncias?
Segundo dados da Senad, a queima do tabaco dá origem a uma
fumaça composta de cerca de 4700 componentes já identificados até
2002. São reconhecidamente carcinogênicas – causadoras de câncer –
68 dessas substâncias.
A seguir listamos algumas delas:
• acetona;
• alcatrão;
• amônia;
• arsênico;
• butano;
• cádmio;
• cianeto;
• dicloro-difenil-tricloroetano (DDT);
• monóxido de carbono;
• naftalina;
• nicotina;
• tolueno.
Questões
Q3. Faça uma pesquisa sobre o tabaco e apresente argumentos contra seu
uso.
Q4. Pesquise páginas antitabagistas na internet e compare as informações en-
contradas com aquelas presentes nas páginas de fabricantes de cigarros.
Q5. Pesquise as substâncias que foram listadas no texto como sendo consti-
tuintes do cigarro e descubra algumas de suas utilizações.
Q6. Pesquise a existência de outras substâncias na constituição do cigarro e
tente obter as suas fórmulas estruturais.
Observação: Não deixe de indicar a fonte das pesquisas realizadas.
Divulgação/arquivo
da
editora
Figura 1.5
Por sua importância econômica
para o Brasil da virada do século
XIX, as folhas de tabaco foram
incorporadas ao brasão da
República.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 17 4/8/13 9:19 AM
18
texto 3
a representação das moléculas
orgânicas e as funções orgânicas
Do ponto de vista químico, podemos classificar as substâncias
orgânicas levando em consideração os grupos funcionais presentes
nas suas moléculas.
As substâncias que encontramos nos organismos vivos são con-
sideradas substâncias orgânicas. Até meados do século XIX, acredita-
va-se que apenas os organismos vivos eram capazes de sintetizar
substâncias orgânicas – doutrina que ficou conhecida como vitalismo.
Desde a síntese da ureia a partir de cianato de amônia, realizada em
laboratório por Friedrich Wöhler (1800-1882), em 1828, essa doutrina,
porém, caiu em desuso e muitas das substâncias orgânicas utilizadas
passaram a ser sintetizadas em laboratório.
Essas substâncias geralmente são constituídas por moléculas
que apresentam cadeias de átomos de carbono – as chamadas ca-
deias carbônicas –, na maior parte das vezes ligadas a outros grupos
que, além do carbono e do hidrogênio, podem conter átomos de
oxigênio e nitrogênio. Esses quatro átomos – carbono, hidrogênio,
oxigênio e nitrogênio – são os principais constituintes das substân-
cias orgânicas, sendo os componentes das partes fundamentais das
células dos organismos vivos. Além dessas substâncias, existe ainda
uma variedade de outros átomos nos organismos vivos, que inclui:
fósforo, componente dos ossos e dos dentes, substância que desem-
penha papel fundamental no metabolismo dos organismos vivos; cál-
cio, outro componente dos ossos e dentes; magnésio, que também
desempenha papel importante na regulação do metabolismo; sódio,
potássio e cloro, que regulam a pressão osmótica das células; ferro,
que forma um complexo com a hemoglobina e por isso participa do
transporte do oxigênio no sangue e de seu armazenamento nas célu-
las; e uma série de outros elementos químicos componentes das
enzimas.
Nas substâncias que são formadas por moléculas não muito com-
plexas, o grupo funcional é que vai caracterizar o comportamento quí-
mico dessas substâncias. Nas substâncias formadas por moléculas
mais complexas, como a maioria das drogas e medicamentos que serão
estudados neste capítulo, há geralmente mais de um grupo funcional e
o comportamento químico é definido não só pela presença desses gru-
pos, mas também pela forma como eles se distribuem na estrutura mo-
lecular e pelas relações que estabelecem com as substâncias presentes
no organismo. Nesse sentido, não é fácil prever o comportamento quí-
mico de substâncias constituídas por moléculas complexas que apre-
sentam mais de um grupo funcional. Esse comportamento pode ser
estudado empiricamente, mas é difícil predizê-lo apenas com o conhe-
cimento da estrutura molecular.
Maria
Platt-Evans/SPL/Latinstock
Figura 1.6
Com a síntese da ureia, realizada
em laboratório em 1828, Friedrich
Wöhler pôs em xeque a doutrina
conhecida como vitalismo.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 18 4/8/13 9:19 AM
19
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
atividade 1
a estrutura das moléculas orgânicas e
os orbitais
Neste capítulo abordaremos as funções orgânicas presentes nas
moléculas de diferentes drogas e medicamentos, suas propriedades, al-
gumas transformações nas quais estão envolvidas e sua representação.
Existem diferentes formas de representação para as moléculas
orgânicas. Neste momento de nosso curso precisamos de novos instru-
mentos teóricos que nos ajudem a ampliar a compreensão sobre o
modo como essas substâncias são constituídas.
Para abordarmos a forma como os átomos de carbono se ligam
quando participam de ligações simples, duplas e triplas, vamos traba-
lhar com balões de látex − como aqueles usados em festas de aniversá-
rio –, para fazermos uma analogia com o carbono quando ele se
encontra envolvido em ligações simples, duplas e triplas com outros
átomos de carbono. Depois discutiremos a teoria por trás dessas liga-
ções e entenderemos melhor a analogia.
Material
Nove balões de látex (aqueles usados em festas de aniversário).
O que fazer
A1 Encham dois balões e amarrem um ao outro pelas bocas.
A2 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que
adquire.
A3 Encham três balões de aniversário e amarrem uns aos outros pelas bocas.
A4 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que
adquire.
A5 Enchamquatrobalõesdeaniversárioeamarremunsaosoutrospelasbocas.
A6 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que
adquire.
Questões
Q7. Considerando os arranjos que os conjuntos de balões adquiriram, o que vo-
cês podem dizer sobre a disposição geométrica dos balões?
Q8. Copiem o quadro ao lado no caderno e comple-
tem-no com dados sobre os arranjos geométri-
cos que vocês observaram.
Quadro 1.2
Figuras e nomes das disposições
geométricas envolvendo dois, três e
quatro balões.
Número
de
balões
Figura que representa a
disposição geométrica
dos balões
Nome da disposição
geométrica dos
balões
2 ////////////////////////////// /////////////////////////////
3 /////////////////////////////// /////////////////////////////
4 /////////////////////////////// /////////////////////////////
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20
texto 4
compreendendo a relação entre
orbitais e a estrutura das moléculas
orgânicas
Ao estudarmos os modelos para o átomo no capítulo 6 do volu-
me 1, discutimos a distribuição dos elétrons em níveis e subníveis de
energia. Considerando o modelo proposto pela mecânica quântica,
discutimos a existência de orbitais atômicos.
Neste texto vamos retomar a ideia de orbitais atômicos para estu-
dar a relação existente entre a forma desses orbitais e a estrutura espa-
cial das moléculas orgânicas.
Orbitais atômicos
Existem diferentes tipos de orbitais atômicos e os elétrons com
diferentes energias ocupam orbitais diferentes. A forma desses orbitais
atômicos e sua posição relativa no espaço são fatores diretamente rela-
cionados ao arranjo espacial dos átomos na molécula. Esse arranjo es-
pacial também está relacionado ao tipo de ligação covalente que será
estabelecida entre os átomos, ao comportamento químico das molécu-
las e, portanto, às propriedades das substâncias.
Considerando o modelo atual para o átomo, concebemos o orbi-
tal como a região do espaço onde, com maior probabilidade, se pode
encontrar o elétron. Essa forma de conceber o orbital é resultante de
uma abordagem matemática complexa. As expressões matemáticas
utilizadas – chamadas equações de onda – descrevem algumas pro-
priedades dos elétrons em função de sua distribuição nos átomos e
moléculas: por exemplo, a energia total e o momento angular de cada
elétron. Cada equação de onda apresenta várias soluções e cada uma
dessas soluções corresponde a um orbital de energia diferente para o
elétron.
Para representar os orbitais e dar uma ideia física
de suas formas, é interessante usarmos a imagem de uma
nuvem, que se apresenta mais densa nas regiões onde for
mais elevada a probabilidade de se encontrar o elétron.
Note que um orbital, coerente com a ideia de uma descri-
ção probabilística que a equação de onda fornece, é uma
região do espaço que não tem fronteiras bem delimitadas.
O orbital 1s, por exemplo, pode ser representado
como uma esfera com o centro no núcleo do átomo. A
figura 1.7 apresenta um gráfico que relaciona a função
de onda, y, em função do raio do átomo. Neste gráfico
observamos que a probabilidade de encontrar o elétron
é maior próxima ao núcleo e decresce muito rapida-
mente à medida que o raio da esfera vai aumentando.
Avits/Arquivo
da
editora
nuvem
eletrônica
probabilidade
c
r
Figura 1.7
Diagrama da função de onda (y) em função do raio
da esfera (r) para o orbital 1s.
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21
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
O orbital 2s também se apresenta na forma esférica, maior que o
orbital 1s. Possui maior energia e menor estabilidade, em virtude de a
distância média entre o elétron e o núcleo ser maior e, consequente-
mente, menor a atração eletrostática.
Com uma energia um pouco maior temos os orbitais 2p. Cada orbi-
tal p tem a forma de um haltere com lobos a igual distância do núcleo do
átomo. Os eixos dos três orbitais são perpendiculares entre si e se cruzam
sobre o núcleo. Para distingui-los, utilizamos a notação 2px, 2py e 2pz, e,
nestes casos, x, y e z referem-se aos eixos cartesianos correspondentes. A
figura a seguir representa cada orbital p em seu respectivo eixo.
x
px
1
2
y
py
x
2
1
y
pz
z
x
2
1
Configuração eletrônica
Ao fazermos a distribuição eletrônica dos elétrons em um átomo,
é importante considerar alguns pontos.
Já sabemos que, para um átomo no estado fundamental, os elé-
trons encontram-se nos níveis, subníveis e orbitais de menor energia.
Portanto, para fazermos a distribuição eletrônica por subníveis para
esse átomo, começamos preenchendo os orbitais de menor energia.
Quando aprendemos sobre o tipo e a forma dos orbitais, verificamos
que cada orbital atômico pode ser preenchido por, no máximo, dois elé-
trons. Mas isso só pode acontecer caso seus spins sejam opostos, pois os
elétrons em um átomo sempre têm um conjunto único dos quatro núme-
ros quânticos que os caracterizam. Assim, dois elétrons no mesmo orbital
têm: o mesmo número quântico n correspondente a sua energia total e ao
nível de energia em que se encontram; o mesmo número quântico l, cor-
respondente ao subnível de energia em que se encontram; e o mesmo
número quântico ml, correspondente ao orbital em que se encontram. Por-
tanto, seu número quântico spin tem que ser diferente: um elétron terá
spin 
1
2
e o outro 2
1
2
. Esse princípio, segundo o qual em um átomo dois
elétrons nunca podem ter os mesmos quatro números quânticos, é conhe-
cido como Princípio de Exclusão de Pauli. Não aprofundaremos a abor-
dagem sobre o significado do número quântico spin. Por enquanto basta
entendermos que é um dos números quânticos associados ao elétron.
Existe ainda outra regra, conhecida como Regra de Hund, que diz que
para orbitais de mesma energia (px, py e pz) distribui-se, inicialmente, um
elétron em cada orbital. Somente quando todos os orbitais estiverem preen-
chidos, o segundo elétron, com spin oposto, é colocado naquele orbital.
Avits/Arquivo
da
editora
Figura 1.8
Representação para os orbitais 2px, 2py e 2pz.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 21 4/8/13 9:19 AM
22
Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que, a
partir do nível n = 3, surgem algumas inversões nos subníveis de ener-
gia. O subnível 4s, por exemplo, apresenta menor energia do que o
subnível 3d e, portanto, ao fazermos a distribuição eletrônica, deve-
mos preencher o subnível 4s antes do 3d.
Orbitais moleculares
Do ponto de vista do modelo atômico proposto pela mecânica
quântica, quando ocorre a formação de uma molécula, os orbitais atômi-
cos interagem e dão origem a um novo conjunto de níveis energéticos
que correspondem a novas distribuições da nuvem eletrônica (densidade
de probabilidade). Esses novos orbitais moleculares passam a envolver
dois ou mais núcleos.
É aqui que entra uma nova ferramenta teórica que nos oferece
elementos para compreender esses novos orbitais formados. É a Teoria
dos Orbitais Moleculares, também conhecida por TOM. Não vamos
nos aprofundar nos aspectos teóricos, mas essa teoria coloca seu foco
na ligação química e diz que todos os elétrons de valência têm uma
influência na estabilidade da molécula.
Para compreendermos aspectos ligados às representações de mo-
léculas orgânicas, é importante retomarmos ideias sobre a formação de
ligações covalentes que envolvem átomos de carbono.
A ligação covalente e a estrutura do carbono
Para que uma ligação covalente entre dois átomos seja formada,
um orbital de um deles deve se sobrepor a um orbital do outro e cada
um desses orbitais deve conter apenas um elétron. Quando isso acon-
tece, os dois orbitais atômicos combinam-se para originar orbitais mo-
leculares, ocupado pelos dois elétrons. Esses dois elétrons possuem
spins opostos, isto é, devem estar desemparelhados.
Essa nova organização dos elétrons e núcleos contém menos
energia – ou seja, é mais estável – que a organização correspondente
aos átomos isolados. No entanto, nessa nova configuração, a atração
eletrostática aumenta, pois cada um dos elétrons, que era atraído ape-
nas por um núcleo no átomo isolado, passa a ser atraído por dois nú-
cleos de carga positiva quando a ligação é formada.
O carbono é um elemento essencial na estrutura dos compostos
orgânicos. Nesse ponto de nosso estudo vamos aprofundar a compre-
ensão de como podem ser compreendidas as ligações covalentes dos
átomos de carbono com outros átomos. Vamos começar por investigar
as ligações químicas em uma molécula de metano, CH4.
Questões
Q9. Em seu caderno, faça a distribuição eletrônica por subníveis para o átomo
de carbono.
Q10. No caderno, faça a distribuição eletrônica por subníveis para o átomo de
hidrogênio.
23
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Q11. Considerando a distribuição eletrônica feita para os átomos de carbono e
hidrogênio, quantas ligações poderiam ser realizadas?
Q12. Que composto de carbono e hidrogênio poderia ser formado se participas-
sem das ligações os dois orbitais p do átomo de carbono que possuem elé-
trons desemparelhados?
Para compreender como são feitas as ligações covalentes da mo-
lécula de metano (CH4), você fez a distribuição eletrônica para os áto-
mos de carbono e hidrogênio. Se você fez corretamente essas
distribuições, pôde verificar que só seria possível a formação de duas
ligações com átomos de hidrogênio. Nesse caso, o carbono estaria uti-
lizando dois orbitais p e poderia ser formado o composto CH2. Esse
composto já foi detectado, mas é muito reativo, ou seja, pouco estável.
Sabemos que a menor molécula formada entre carbono e hidrogê-
nio que se apresenta estável é o metano (CH4). Isso significa que o carbo-
no se apresenta estável quando estabelece ligações covalentes com
quatro átomos de hidrogênio, e não com dois, como somos levados a
considerar tendo em vista a distribuição eletrônica por subníveis.
Então, como é possível compreender que o CH4 exista de forma
estável?
A diferença de energia entre os orbitais 2s e 2p não é muito gran-
de. Isso nos leva a considerar a possibilidade de que um dos elétrons
do orbital 2s seja promovido para um dos orbitais 2p, o qual se encon-
traria vazio.
Esse procedimento requer que certa quantidade de energia seja
fornecida e podemos pensar que essa energia pode ser obtida a partir
da formação das ligações carbono-hidrogênio. É exatamente isso que
propõe o modelo da mecânica quântica. Assim, o carbono pode formar
quatro ligações com quatro átomos de hidrogênio.
Considerando que o orbital 2s do carbono é menor que os orbitais
2p, uma das ligações C H, aquela feita usando um orbital 2s do carbono,
deveria ser menor que as outras três, aquelas feitas com os orbitais p do
carbono. Entretanto, verificou-se experimentalmente que as quatro liga-
ções C H apresentam o mesmo comprimento: 1,1 ? 10-11
m.
Como podemos explicar esse dado experimental?
O modelo matemático usado propõe a “mistura” de um orbital s
com três orbitais p, formando quatro novos orbitais, denominados sp3
, de
mesma energia. A essa “mistura de orbitais” dá-se o nome de hibridação.
A figura a seguir mostra representações para a distribuição ele-
trônica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativa-
do e no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp3
.
estado fundamental
1s2
2s2
2p2
estado ativado
1s2
2s1
2p3
estado híbrido
1s2
sp3
Figura 1.9
Diagramas representando a
distribuição dos elétrons do
átomo de carbono nos subníveis,
nos estados fundamental, ativado
e híbrido sp3
.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 23 4/8/13 9:19 AM
24
A ligação covalente formada pela interpenetração frontal dos orbi-
tais sp3
– no caso de uma ligação entre dois átomos de carbono, como na
molécula de etano –, é uma ligação conhecida como ligação sigma, s. Em
todas as situações em que o carbono participa de ligações simples, este
modelo propõe a formação de orbitais sp3
resultante de hibridação. No
caso da ligação s com os átomos de hidrogênio, o que ocorre é uma sobre-
posição frontal entre um orbital sp3
do átomo de carbono e um orbital s do
átomo de hidrogênio. A formação dessas ligações do tipo sigma está ilus-
trada nas figuras 1.10 e 1.11, para o metano e o etano, respectivamente.
H
C
H
H
H
C ⫹ 4 H C
H
H
H
H
átomo de carbono
com hibridação sp3
sobreposição dos
orbitais s e sp3
ligações ␴
no metano
1
átomo de carbono sp3
átomo de carbono sp3
ligações s no etano
(os seis orbitais sp3
remanescentes estão em azul)
(em cada caso, os orbitais sp3
estão coloridos em vermelho)
C C C C
Mas o carbono, em outras moléculas, pode formar outro tipo de
ligação, conhecida como ligação dupla. Na ligação dupla, além de
uma ligação s, há também uma ligação pi, p. Esse tipo de ligação está
presente na molécula de eteno, C2H4.
No eteno, cada átomo de carbono está ligado a três átomos. Pode-
ríamos supor que apenas três dos orbitais semipreenchidos do carbono
participassem da formação dessa ligação.
Nesse caso, no entanto, continua a ocorrer uma hibridação, só
que agora ela envolve apenas o orbital s e dois dos orbitais p, formando
três novos orbitais de mesma energia denominados sp2
. O outro orbital
p não participa da hibridação e o elétron que ocupa esse orbital perma-
nece com a mesma energia que apresentava anteriormente. Assim,
cada carbono tem a possibilidade de fazer três ligações covalentes do
tipo s e uma ligação covalente do tipo p, que vai constituir a segunda
das ligações que formam a dupla ligação presente no carbono.
Ilustrações:
Avits/Arquivo
editora
Figura 1.10
Formação das ligações sigma na molécula de metano.
Figura 1.11
Formação das ligações sigma na molécula de etano.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 24 4/8/13 9:19 AM
25
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Portanto, cada átomo de carbono na molécula de eteno apresenta:
• 2 ligações s formadas a partir da sobreposição frontal de orbital sp2
do carbono e orbital s do hidrogênio;
• 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbitais sp2
dos carbonos – esta é uma das ligações da dupla ligação;
• 1 ligação p formada a partir da superposição lateral de orbitais p –
esta é a segunda ligação da dupla ligação.
A figura abaixo mostra representações para a distribuição eletrô-
nica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativado e
no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp2
.
estado fundamental
1s2
2s2
2p2
estado ativado
1s2
2s1
2p3
estado híbrido
1s2
sp2
p
A ligação covalente formada pela interpenetração frontal dos orbi-
tais sp2
– no caso de uma ligação entre dois átomos de carbono, como na
molécula de eteno – é uma ligação s. Em todas as situações em que o
carbono participa de ligações duplas, esse modelo propõe a formação de
orbitais sp2
resultante de hibridação. No caso da ligação s com os áto-
mos de hidrogênio, o que ocorre é uma sobreposição frontal entre um
orbital sp2
do átomo de carbono e um orbital s, do átomo de hidrogênio.
No caso da ligação dupla entre os átomos de carbono, uma das ligações
é do tipo s, resultante da interpenetração dos orbitais sp2
e a outra é uma
ligação p, resultante da formação de uma nuvem eletrônica abaixo e
acima do plano formado pela ligação s. Essa ligação é formada a partir
dos orbitais p dos átomos de carbono. A formação dessas ligações, do
tipo s e p, para o eteno, está representada na figura a seguir.
C
120o
H
p
sp2
H
H
H
C
H
H
H
H
C C
s
p
sobreposição dos
orbitais sp2
e p
ligação p
Um outro composto de carbono e hidrogênio, o etino, C2H2,
apresenta uma ligação tripla entre os átomos de carbono. Nessa mo-
lécula, cada átomo de carbono está ligado a dois átomos diferentes
e, portanto, apenas dois dos orbitais semipreenchidos do carbono
Figura 1.12
Diagramas que representam a
distribuição dos elétrons do
átomo de carbono nos subníveis,
nos estados fundamental, ativado
e híbrido sp2
.
Avits/Arquivo
da
editora
Figura 1.13
Formação das ligações s e p na molécula de eteno.
26
participam da formação dessas ligações. Os outros dois orbitais p
vão participar da formação de duas ligações p, resultantes da forma-
ção de uma nuvem eletrônica abaixo e acima do plano formado pela
ligação s – umas das ligações p – e outra nuvem eletrônica atrás e na
frente da do plano formado pela ligação s.
Na ligação s, por outro lado, a hibridação envolve apenas o orbi-
tal s e um dos orbitais p, formando dois novos orbitais de mesma ener-
gia, denominados orbitais sp. Os dois outros orbitais p não participam
da hibridação e os elétrons nesses orbitais permanecem com a mesma
energia que apresentavam anteriormente. Eles vão ser responsáveis
pela formação das ligações p. A formação dessas duas ligações p e da
ligação s, para o etino, está representada na figura a seguir.
C
H C C C
ligação ␲
ligação ␲
py
py
pz
pz
H
H H ␴
Assim, cada carbono no etino tem a possibilidade de fazer duas
ligações covalentes simples e duas ligações duplas:
• 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbital sp do
carbono e orbital s do hidrogênio;
• 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbitais sp dos
carbonos;
• 2 ligações p formadas a partir da superposição lateral de orbitais p.
A figura a seguir mostra representações para a distribuição ele-
trônica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativado
e no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp.
estado fundamental
1s2
2s2
2p2
estado ativado
1s2
2s1
2p3
estado híbrido
1s2
sp
p
p
A sobreposição lateral de orbitais p é menos eficiente do que a
sobreposição frontal dos orbitais, sejam eles sp, sp2
ou sp3
. Assim, as
ligações p são mais fracas do que as ligações s. Dessa forma é necessá-
rio mais energia para promover a quebra de ligações sigma do que para
promover a quebra de ligações pi.
Avits/Arquivo
da
editora
Figura 1.14
Formação das ligações s e p na molécula de etino.
Figura 1.15
Diagramas que representam a distribuição dos elétrons do átomo de carbono nos subníveis, nos estados
fundamental, ativado e híbrido sp.
27
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Questões
Q13. Considerandoomodeloatualparaoátomo,comosepodeconceber
um orbital?
Q14. O orbital 1s pode ser representado como uma esfera com o cen-
tro no núcleo do átomo, como vemos na figura ao lado. Por que a
nuvem eletrônica é representada de forma mais densa no cen-
tro da esfera?
Q15. Que características apresentam os orbitais p?
Q16. Faça a distribuição dos elétrons seguindo os princípios descri-
tos no texto para os átomos de:
a) boro;
b) nitrogênio;
c) flúor.
Q17. Utilizando a ideia de hibridação discutida no texto, explique
como é possível compreender que o CH4 exista de forma estável.
Q18. O que é uma ligação sigma (s)?
Q19. O que é uma ligação pi (p)?
Q20. Descreva as ligações existentes na molécula de eteno.
Q21. Descreva as ligações existentes na molécula de etino.
Q22. Considere os arranjos de balões feitos na Atividade 1. Estabeleça a corres-
pondência entre tais arranjos e o arranjo dos orbitais sp3
, sp2
e sp que estu-
damos no texto anterior. Justifique sua resposta.
texto 5
Geometria molecular e moléculas
orgânicas
Quando você e seu grupo amarraram os balões na Atividade 1,
foi possível observar que eles ficaram arranjados de tal forma que se
afastaram o máximo possível um do outro. Na primeira situação você
amarrou dois balões que adquiriram um arranjo que chamamos de geo-
metria linear, pois os dois balões estão dispostos ao longo de uma li-
nha imaginária, guardando um ângulo de 180º entre si. Quando você
amarrou três balões, eles ficaram organizados em um plano numa con-
figuração que denominamos geometria trigonal plana, pois todos os
balões estão no mesmo plano, guardando um ângulo de 120º entre si.
Finalmente no terceiro arranjo, com quatro balões, a configuração é
conhecida como geometria tetraédrica, pois os balões estão distribuí-
dos ao longo dos vértices de um tetraedro.
nuvem
eletrônica
probabilidade
c
r
Figura 1.16
Diagrama da função de onda (y)
em função do raio da esfera (r)
para o orbital 1s.
Ilustrações:
Avits/Arquivo
da
editora
Não
escreva
no livro.
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28
A figura a seguir mostra os arranjos dos balões nas três situações:
Fotos:
Sérgio
Dotta
Jr/Arquivo
da
editora
Podemos fazer uma analogia dos balões de aniversário com os pa-
res de elétrons existentes ao redor do átomo central em uma molécula.
Do mesmo modo que os balões adquirem um arranjo geométrico
no qual estão mais afastados um do outro, os pares de elétrons existen-
tes ao redor do átomo central de uma molécula também tenderão a se
afastar ao máximo uns dos outros. Isso está relacionado ao fato de pos-
suírem carga de mesmo sinal (negativa) e, portanto, se repelirem mu-
tuamente.
O formato dos orbitais sp3
não é equivalente àquele dos orbitais
s ou p não híbridos. Os dois lóbulos de um orbital híbrido não são si-
métricos.
nó
Os quatro orbitais sp3
formam, idealmente, um ângulo de 109,5º
entre si, uma vez que se orientam ao longo dos vértices de um tetrae-
dro regular.
No caso do metano teríamos um tetraedro com o átomo de carbono
ao centro e os quatro átomos de hidrogênio nos vértices do tetraedro.
H
H
H
H
C C
Figura 1.17
Orientação espacial dos balões de
látex. Na primeira situação estão
amarrados dois balões, na
segunda estão amarrados três
balões e, na terceira situação,
estão amarrados quatro balões.
Figura 1.18
Formato geral de um orbitais
híbrido. Neste orbital, por exemplo,
o lobo positivo (mais escuro) é
considerado maior que o negativo.
Figura 1.19
Orientação espacial dos orbitais
sp3
. Os lóbulos dos orbitais sp3
são orientados ao longo dos
vértices do tetraedro.
Ilustrações:
Avits/Arquivo
da
editora
Figura 1.20
Orientação espacial dos orbitais
na molécula de metano.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 28 4/8/13 9:19 AM
29
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Já os três orbitais sp2
orientam-se no espaço de acordo com uma
geometria trigonal planar, ou seja, todos se encontram no mesmo plano
e o ângulo entre esses orbitais é de 120º.
120o
O orbital que não participa da hibridação fica orientado perpen-
dicularmente ao plano que contém os três orbitais sp2
.
Os dois carbonos estão ligados por uma dupla ligação. Uma dessas
duas ligações é covalente, uma ligação s. A outra dessas duas ligações é
formada por orbitais p desses carbonos – perpendiculares ao plano da
molécula – que se sobrepõem, formando a ligação p, que também é uma
ligação covalente.
A figura 1.22 é uma representação para a orientação espacial e
para os tipos de ligação formados na molécula de eteno.
H
H
H
H
sigma sp2
-sp2
pi
sigmasp
2 -s
C C
Os dois orbitais sp do carbono estão orientados ao longo de um
mesmo eixo, mas em direções opostas. O ângulo entre esses orbitais é
de 180º.
Os orbitais que não participam da hibridação ficam orientados
perpendicularmente ao plano que contém os três orbitais sp. No etino
formam-se duas ligações p.
A figura a seguir é uma representação para a orientação espacial
das ligações no etino.
␲
etino H C C H
␲
H ␴ sp-s H
␴ sp-s
␴ sp-sp C
C
Ilustrações:
Avits/Aquivo
da
editora
Figura 1.21
Orientaçãoespacialdosorbitaissp2
.
Figura 1.22
Orientação espacial dos orbitais
na molécula de eteno.
Figura 1.23
Orientação espacial dos orbitais sp.
Figura 1.24
Orientação espacial dos orbitais
na molécula de etino.
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30
texto 6
um pouco sobre a nomenclatura dos
compostos orgânicos
A nomenclatura dos compostos orgânicos segue regras muito sim-
ples, definidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada
(conhecida pela sigla inglesa Iupac). Na nomenclatura Iupac são utiliza-
dos prefixos que designam quantos átomos de carbono existem na ca-
deia principal da molécula. Os sufixos indicam a que função orgânica
pertence a substância, e os números mostram a posição dessas funções
ou dos grupos que substituem os hidrogênios. A numeração é sempre
feita na cadeia carbônica principal e começa na extremidade da cadeia
mais próxima ao grupo funcional. É escolhida como cadeia principal, a
ser numerada, a mais longa que contenha o grupo funcional. Vamos re-
tomar a fórmula do 2,3-dimetil-2-buteno para exemplificar essas regras:
CH3
CH3
1 2 3 4
C
C CH3
CH3
Note que, nesse caso, como a dupla ligação está situada no meio
da cadeia numerada, não faz diferença começar a numerar da esquer-
da para a direita ou da direita para a esquerda. Como a cadeia mais
longa que contém o grupo funcional – nesse caso uma dupla ligação,
características do alqueno – possui quatro átomos de carbono, o pre-
fixo usado para dar nome ao composto é but. Como a função é um
alqueno, o sufixo usado para o nome do composto é eno. Daí chega-se
ao nome buteno, que resulta da junção do prefixo but – para quatro
carbonos – com o sufixo eno – para os alquenos.
O número 2 imediatamente antes do nome buteno indica a
posição do carbono de menor número que contém esse grupo fun-
cional, no caso a dupla ligação, que está entre os carbonos 2 e 3. As
ramificações ligadas à cadeia principal são designadas nesse caso
por metil, que é o nome do grupo –CH3. Os números 2 e 3 antes da
palavra dimetil indi-
cam que esses grupos
estão ligados aos car-
bonos 2 e 3. O prefixo
di, em dimetil, indica
que são dois desses gru-
pos substituindo os áto-
mos de hidrogênio.
No quadro ao lado
apresentamos os prefi-
xos usados para cadeias
carbônicas contendo de
1 a 5 átomos:
Quadro 1.3
Prefixos usados para cadeias de
1 a 5 átomos.
Nome do prefixo N-
º de átomos de C Exemplo da cadeia
met 1 C
et 2 C C
prop 3 C C C
but 4 C C C C
pent 5 C C C C C
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31
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Essa lógica prossegue para cadeias maiores com o uso dos prefi-
xos hex, hept, oct, non e dec para cadeias de 6, 7, 8, 9 e 10 átomos
respectivamente, e assim por diante.
São três os menores grupos, que fazem parte da classe de grupos
alquila e são suficientes para lidar com as moléculas mais simples.
Esses grupos podem ser formalmente considerados como deriva-
dos do alcano correspondente pela perda de um átomo de hidrogênio.
Assim, o metano (CH4), pela perda de um átomo de hidrogênio origina
o grupo metil (–CH3).
Grupos alquila são aqueles derivados dos hidrocarbonetos alifáticos.
O grupo mais comum derivado de um hidrocarboneto aromático
é o grupo fenila, que pode ser formalmente considerado derivado do
benzeno pela perda de um átomo de hidrogênio.
Quanto ao sufixo, para as funções que já conhecemos usamos ano
para os alcanos, eno para os alquenos e ino para os alquinos. Vimos tam-
bém que para o grupo amina é utilizado o próprio nome amina como
sufixo. À medida que formos estudando outras funções orgânicas neste
capítulo, explicitaremos os sufixos correspondentes.
texto 7
a representação das moléculas
orgânicas: os alcanos
Para entendermos um pouco mais as representações das molécu-
las de substâncias orgânicas, vamos tomar dois exemplos de substân-
cias constituídas por moléculas com apenas átomos de carbono e os
correspondentes átomos de hidrogênio. Por conterem apenas esses
átomos, essas substâncias pertencem à função orgânica denominada
hidrocarboneto.
O butano, um dos constituintes do gás de cozinha, de fórmula
molecular C4H10, poderia ser representado como:
CH3 CH2 CH2 CH3
Essa representação, no entanto, não nos fornece qualquer infor-
mação sobre como os átomos estão distribuídos no espaço. Se repre-
sentarmos a mesma molécula usando o artifício de omitir os átomos de
carbono e hidrogênio, ganhamos em informação sobre a distribuição
dos átomos no espaço. Veja a figura 1.26.
Note que, nessa representação, cada ponta dos traços representa-
dos indica a presença de um átomo de carbono, ligado aos seus respec-
tivos hidrogênios. É simples calcular o número de átomos de
hidrogênio, pois a valência do carbono é igual a quatro nos compostos
orgânicos. Isso significa que cada átomo de carbono deve estar partici-
pando de quatro ligações químicas com os átomos vizinhos.
Figura 1.25
Grupo fenila, que pode ser
representado por – C6H5.
Figura 1.26
Representação da molécula do
butano omitindo os átomos de
carbono e hidrogênio.
Nome Grupo
metil – CH3
etil – CH2 – CH3
propil – CH2 – CH2 – CH3
Quadro 1.4
Prefixos utilizados para grupos
originados de alcanos pela perda
de um átomo de hidrogênio.
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32
No caso dessa classe específica de hidrocarbonetos exemplifica-
da pelo butano, basta observar a quantos outros átomos de carbono
cada átomo de carbono está ligado e adicionar o número de hidrogê-
nios suficiente para perfazer quatro ligações. Note que, no caso do bu-
tano, os dois átomos de carbono da extremidade da cadeia estão ligados
a apenas um outro átomo de carbono. Dessa forma, cada um estará li-
gado a mais três átomos de hidrogênio. Já os dois átomos de carbono
situados no meio da cadeia se ligam a dois outros átomos de carbono.
Dessa forma, cada um desses dois átomos estará ligado a mais dois
átomos de hidrogênio. É assim que chegamos à seguinte representação:
CH3 CH2 CH2 CH3
O butano faz parte do conjunto de hidrocarbonetos conhecidos
como alcanos. Alcanos são hidrocarbonetos que apresentam átomos de
carbono participando apenas de ligações simples com outros átomos de
carbono. Em todos os alcanos, os átomos de carbono, por participarem
apenas de ligações simples, apresentam geometria tetraédrica. Isso sig-
nifica que, considerando o átomo de carbono no centro de um tetraedro,
cada um dos átomos ligados a esse átomo está localizado nas extremida-
des desse tetraedro. O valor do ângulo entre essas ligações é de 109,5º.
Note que, nessa representação, as duas linhas comuns estão situa-
das no mesmo plano – o plano definido pela folha do papel –, enquan-
to a linha tracejada está “entrando” para esse plano e a linha mais
grossa está “saindo” desse plano. Veja a figura 1.27.
atividade 2
a estrutura das moléculas orgânicas e
os orbitais – II
A estrutura das moléculas orgânicas nem sempre é de fácil visua-
lização. Nesta atividade vocês vão construir as estruturas de moléculas
utilizando massa de modelar para facilitar a compreensão do arranjo
espacial dos orbitais das moléculas.
Materiais
Massa de modelar (ou bolinhas de poliestireno), palitos de dente.
O que fazer
A7 Construam um modelo para a molécula de metano (CH4) usando massa de
modelar (ou bolinhas de poliestireno) e palitos de dente.
A8 Apartirdosmodelosdasmoléculasdemetanoquevocêsfizeram,construam,
comamassademodelar,ummodeloparaamoléculaden-butano(C4H10).
A9 Construam, ainda com a massa de modelar, um modelo para a molécula de
2-metil-propano (C4H10).
Figura 1.27
Representação tetraédrica para os
carbonos que participam apenas
de ligações simples.
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33
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Questões
Q23. Qual é a principal diferença entre os modelos construídos em A8 e A9?
Q24. Que tipo de ligação química existe entre os átomos de carbono na molécula
de n-butano? No modelo que vocês construíram é possível girar os átomos
de carbono em torno da ligação?
Q25. A figura ao lado apresenta as variações
de energia potencial, devido à rotação
sobre a ligação C2 – C3 de uma molécula
de n-butano. As representações para as
moléculas são conhecidas como proje-
ções de Newman. Nessa representação
destaca-se, no caso do n-butano, a liga-
ção C2 – C3, pois este destaque permite
evidenciar o que ocorre com os grupos
que estão ligados a esses átomos quan-
do ocorre o giro dos átomos em torno da
ligação. A essas diferentes configura-
çõesqueamoléculapodeassumirdá-se
o nome de conformações.
a) Quais as formas mais estáveis para o
n-butano? Justifiquem.
b) Que características têm as formas menos estáveis que promovem o
aumento da energia potencial da molécula?
texto 8
Propriedades físicas dos alcanos
Os alcanos de até quatro átomos de carbono são gases à tempera-
tura ambiente. Vamos agora comparar as temperaturas de fusão e de
ebulição desses compostos com compostos de massas molares seme-
lhantes, por exemplo, a água e a acetona.
Substância Fórmula
molecular
Massa molar
(g/mol)
Temperatura de
fusão (ºC)
Temperatura de
ebulição (ºC)
metano CH4 16 183 162
etano C2H6 30 172 88,5
propano C3H8 44 187 42
n-butano C4H10 58 138 0
acetona C3H6O 58 94 56
água H2O 18 0 100
Handbook of Chemistry and Physics. 79. ed. Florida: CRC Press, 1998.
CH3
CH3
escalonada
CH3
CH3
CH3
CH3
CH3
CH3
CH3
CH3
escalonada
anti
3,4kJ
14,2kJ
18,4-25,5kJ
rotação
energia
potencial
Figura 1.28
Variações de energia potencial
devido à rotação sobre a ligação
C2 –C3 do n-butano.
Quadro 1.5
Temperaturas de fusão e de
ebulição de alguns compostos e
suas respectivas massas molares.
34
Questões
Q26. O que você observa quando compara as tempera-
turas de fusão e ebulição para o n-butano e a ace-
tona?
Q27. ExpliqueoquefoiobservadoemQ26considerando
a massa molar e os tipos de interações intermole-
cularesexistentesemcadaumadassubstâncias.
Q28. Oquevocêobservaquandocomparaastempera-
turasdefusãoeebuliçãoparaoetanoeaágua?
Q29. ExpliqueoquefoiobservadoemQ28considerando
a massa molar e os tipos de interações intermole-
cularesexistentesemcadaumadassubstâncias.
Q30. Oquevocêobservaquandocomparaastempera-
turasdefusãoeebuliçãoparaacetonaeágua?
Q31. ExpliqueoquefoiobservadoemQ30considerando
a massa molar e os tipos de interações intermole-
cularesexistentesemcadaumadassubstâncias.
Como se pode observar, as moléculas dos alcanos apresentam apenas
interações intermoleculares do tipo Van der Waals. Como essas interações
são fracas, as temperaturas de fusão e ebulição dos alcanos são relativamen-
te baixas. Assim, os alcanos de cadeia linear constituídos por até quatro
átomos de carbono são gases; os constituídos por cinco átomos de carbono
até 18 são líquidos; e, a partir de 18, são sólidos à temperatura ambiente.
Quando comparamos as temperaturas de fusão e ebulição dos al-
canos com a acetona, observamos que para a mesma massa molar os
valores para a acetona são maiores do que para o n-butano. Isso pode ser
explicado já que na acetona há um grupo carbonila, o que confere à mo-
lécula a possibilidade de estabelecer interações intermoleculares do
tipo dipolo-dipolo permanente, que são mais intensas do que as intera-
ções de Van der Waals presentes nos alcanos (figura 1.29).
Já quando comparamos o etano e a água, observamos diferença
semelhante. Os valores de temperatura de fusão e ebulição para a água
são bem maiores que os valores para o etano. Nesse caso, a diferença se
deve à possibilidade que a água tem de estabelecer ligações de hidrogê-
nio entre suas moléculas. Essas interações são ainda mais fortes que
aquelas presentes na acetona, o que fica claro quando comparamos os
dados de temperaturas de fusão e ebulição para a água e a acetona.
Vamos analisar agora alcanos que possuem a mesma massa molar
e temperaturas de fusão e ebulição diferentes. Veja o quadro 1.6:
Substância Fórmula
molecular Fórmula estrutural Temperatura de
fusão (ºC)
Temperatura de
ebulição (ºC)
hexano C6H14 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 295,3 68,7
2,2-dimetil-
-butano
C6H14
CH3
CH3
CH3
CH2
C CH3 299,0 49,7
heptano C7H16 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 290,6 98,5
2,2-dimetil-
-pentano
C7H16
CH3
CH3
CH3
CH2
C CH2
CH3 2123,8 79,2
octano C8H18 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 256,8 125,6
2,2-dimetil-
-hexano
C8H18
CH3
CH3
CH3
CH2
C CH2
CH2
CH3 2121,1 106,8
C
O
Figura 1.29
Representação para a carbonila.
Nela observamos a ligação dupla
entre os átomos de carbono e
oxigênio.
Quadro 1.6
Temperaturas de fusão e ebulição
para algumas substâncias e suas
fórmulas estruturais.
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35
A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1
1
Questões
Q32. Considerando os alcanos de mesma fórmula molecular, que diferença exis-
te entre as estruturas de cada par?
Q33. Oquevocêpodedizeremrelaçãoàstemperaturasdefusãoeebuliçãopara
cada par de substâncias de mesma fórmula molecular?
Q34. Explique a diferença de valores observados em Q33 utilizando o modelo de
interações intermoleculares.
No quadro 1.6, listamos três pares de substâncias orgânicas com
a mesma fórmula molecular e, portanto, de mesma massa molar. Cada
par continha um composto com cadeia linear (sem ramificações) e ou-
tro com cadeia ramificada.
Em cada par, os compostos de cadeia linear têm temperaturas de
fusão e ebulição maiores do que os de cadeia ramificada. Pode-se ex-
plicar esse fato admitindo-se que a superfície de contato é menor entre
as cadeias ramificadas quando comparadas às cadeias normais.
Os hidrocarbonetos apresentam, entre suas moléculas, apenas
interações de Van der Waals. O fato de que essas interações dependam
da superfície de contato entre as moléculas é observável para um gran-
de número de substâncias orgânicas. Como as cadeias orgânicas de
hidrocarbonetos com uma mesma massa molar podem ser mais ou me-
nos ramificadas, a comparação entre suas temperaturas de fusão e ebu-
lição evidencia esse fato.
Os alcanos são solúveis em solventes apolares, como éter, benze-
no e clorofórmio, e insolúveis em água e outros solventes polares.
Um material constituído por alcanos muito utilizado em nossa so-
ciedade é a gasolina. Ela é composta por uma mistura constituída princi-
palmente por octanos, que são alcanos com oito átomos de carbono nas
suas moléculas. A gasolina é insolúvel em água, mas solubiliza o etanol
(álcool etílico, C2H5OH). No entanto, se agitarmos em uma proveta água e
gasolina, o etanol passará para a fase da água. Isso pode ser explicado pelo
fato de o etanol ter uma parte de sua molécula semelhante à dos hidrocar-
bonetos e, portanto, interagindo com a gasolina. O grupo OH presente no
etanol possibilita que ele seja mais solúvel na água do que na gasolina.
texto 9
alquenos e a isomeria cis-trans
Discutimos anteriormente a geometria de moléculas como o me-
tano, o eteno e o etino. Vejamos agora o exemplo do 2-buteno, de fór-
mula molecular C4H8. Se escrevermos a fórmula dessa molécula
representando todos os átomos de carbono e hidrogênio, teremos:
CH3 CH CH CH3
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 35 4/8/13 9:19 AM
36
Essa representação, como já comentamos, não nos fornece qual-
quer informação sobre a geometria da molécula, ou seja, a distribuição
de seus átomos no espaço.
Se representarmos a mesma molécula usando o artifício de omi-
tir os átomos de carbono e hidrogênio, é realçada a informação sobre
a distribuição dos átomos no espaço. Nesse caso, como a ligação du-
pla entre carbonos não pode girar em torno de seu eixo, é possível
existir duas estruturas diferentes.
Assim, temos o cis-2-buteno, no qual os dois grupos –CH3 estão
no mesmo lado, considerando-se os dois lados – o de cima e o de baixo
– definidos pela ligação dupla. No trans-2-buteno, os dois grupos –CH3
estão em lados opostos (figura 1.30).
A possibilidade da existência de mais de uma fórmula estrutural
para a mesma fórmula molecular é conhecida como isomeria.
O fato de que os átomos de uma molécula se distribuem de
forma diferente no espaço pode conferir propriedades físicas e quí-
micas diferentes a compostos que são isômeros entre si.
Compostos isômeros têm a mesma fórmula molecular e diferentes
fórmulas estruturais.
Essas diferenças podem ser bem acentuadas caso os dois compostos
apresentem isomeria de função. Neste caso estão, por exemplo, o etanol e
o éter dimetílico, que pertencem a duas funções orgânicas diferentes e por
isso apresentam propriedades físicas e químicas bem diferentes.
No caso da chamada isomeria de posição, a diferença está na posi-
ção do grupo funcional nas moléculas dos isômeros. Por exemplo, o 1-bu-
teno é isômero de posição do 2-buteno e a diferença entre eles está na
posição da dupla ligação, situada entre os carbonos 1 e 2, no caso do
1-buteno. A diferença entre suas propriedades físicas e químicas não é
tão acentuada como no caso da isomeria de função.
Em outros casos, como na isomeria cis-trans e na isomeria ópti-
ca, também chamada de estereoisomeria, a diferença é apenas na con-
figuração espacial dos grupos e as diferenças entre as propriedades
físicas e químicas de um par de isômeros podem não ser tão acentua-
das e se restringir a apenas algumas propriedades físicas e químicas.
Quando estão envolvidas substâncias com atividade farmacoló-
gica − como drogas e medicamentos –, as diferenças na configuração
espacial dos grupos podem, no entanto, ser fundamentais, com um dos
isômeros podendo apresentar atividade biológica e o outro, não.
Um bom exemplo é a talidomida. Como é um sedativo leve, pode
ser utilizado no tratamento das náuseas, muito comuns no período
inicial da gravidez. Quando foi lançado como medicamento no merca-
do, o produto continha uma mistura de seus dois isômeros ópticos, a
R-talidomida e a S-talidomida. O que não se sabia, à época, era que o
isômero S tinha atividade teratogênica, que leva à má-formação congê-
nita e afeta principalmente o desenvolvimento dos braços e das pernas
do bebê. Essa mesma atividade não é observada no isômero R, que age
cis-2-buteno
trans-2-buteno
Figura 1.30
Estruturas possíveis para o
2-buteno.
Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 36 4/8/13 9:19 AM
Dieta em debate: vantagens e desvantagens
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Dieta em debate: vantagens e desvantagens

  • 1. Química EDUARDO FLEURY MORTIMER ANDRÉA HORTA MACHADO ENSINO MÉDIO 3 MANUAL DO PROFESSOR
  • 2.
  • 3. Química Eduardo FlEury MortiMEr andréa Horta MacHado ENSINO MÉDIO 3 Eduardo Fleury Mortimer Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel e Licenciado em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado na Washington University, em St. Louis, EUA. Pesquisador do CNPq na área de Educação em Ciências. Andréa Horta Machado Professora Associada do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais. Bacharel e Licenciada em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre e Doutora em Educação – Metodologia de Ensino de Química, pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – SP. 2ª edição São Paulo, 2013 MANUAL DO PROFESSOR
  • 4. 2 Diretoria editorial: Angélica Pizzutto Pozzani Gerência de produção editorial: Hélia de Jesus Gonsaga Editoria de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias: José Roberto Miney Editora assistente: Regina Melo Garcia Assessoria técnica: Giovana Pasqualini da Silva Mestre em Ciências, área de Tecnologia Nuclear – aplicações, pela Universidade de São Paulo-IPEN-SP. Bacharel em Ciências, com habilitação em Química, pela Faculdade Oswaldo Cruz-SP Supervisão de arte e produção: Sérgio Yutaka Suwari Editor de arte: Edson Haruo Toyota Diagramação: Avits Estúdio Gráfico Ltda. e Walmir S. Santos Supervisão de criação: Didier Moraes Design gráfico: Homem de Melo & Troia Design (capa e miolo) Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Arnaldo R. Arruda, Vanessa de Paula Santos e Gabriela Macedo de Andrade (estag.) Supervisão de iconografia: Sílvio Kligin Pesquisador iconográfico: Douglas Cometti Cartografia: Robson Resendo da Rocha e Mário Yoshida Tratamento de imagem: Cesar Wolf e Fernanda Crevin Ilustrações: Antônio Robson, Avits, Luís Iria, Paulo César Pereira e Tânia Ricci Direitos desta edição cedidos à Editora Scipione S.A. Av. Otaviano Alves de Lima, 4400 6o andar e andar intermediário ala B Freguesia do Ó – CEP 02909-900 – São Paulo – SP Tel.: 4003-3061 www.scipione.com.br/atendimento@scipione.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mortimer, Eduardo Fleury Química : ensino médio / Eduardo Fleury Mortimer, Andréa Horta Machado. – 2. ed. – São Paulo: Scipione, 2013. Obra em 3 v. 1. Química (Ensino médio) I. Machado,Andréa Horta. II.Título. 13–02530 CDD–540.07 Índice para catálogo sistemático: 1. Química: Ensino médio 540.07 2013 ISBN 978 85262 9116-4 (AL) ISBN 978 85262 9117-1 (PR) Código da obra CL 712760 Uma publicação Versão digital Diretoria de tecnologia de educação: Ana Teresa Ralston Gerência de desenvolvimento digital: Mário Matsukura Gerência de inovação: Guilherme Molina Coordenadores de tecnologia de educação: Daniella Barreto e Luiz Fernando Caprioli Pedroso Coordenadora de edição de conteúdo digital: Regina Melo Editores de tecnologia de educação: Cristiane Buranello e Juliano Reginato Editores assistentes de tecnologia de educação: Aline Oliveira Bagdanavicius, Drielly Galvão Sales da Silva, José Victor de Abreu e Michelle Yara Urcci Gonçalves Assistentes de produção de tecnologia de educação: Alexandre Marques, Gabriel Kujawski Japiassu, João Daniel Martins Bueno, Paula Pelisson Petri, Rodrigo Ferreira Silva e Saulo André Moura Ladeira Desenvolvimento dos objetos digitais: Agência GR8, Atômica Studio, Cricket Design, Daccord e Mídias Educativas Desenvolvimento do livro digital: Digital Pages Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_002_digital.indd 2 16/07/2013 08:55
  • 5. 3 Apresentação Prezado aluno, Este livro contém atividades e textos destinados ao estudo introdutório da Química. As atividades aqui propostas estão estruturadas de modo a possibilitar que vocês, alunos, discutam em grupo e apresentem interpretações para fenômenos simples que são importantes para o entendimento da Química. A realização dos experimentos aqui propostos não requer equipamentos sofisticados e pode ser desenvolvida em uma sala de aula comum. O objetivo é promover uma integração entre teoria e prática, usando os experimentos como forma de interrogar a natureza e gerar discussões sobre os fenômenos de interesse da Química. A sua participação nas discussões é fundamental, pois aprender Química é, de certa forma, aprender a dialogar com e sobre a Química. Então, não tenha medo de errar! Ao expressar seu pensamento e submeter suas opiniões à crítica construtiva dos colegas e do professor, você terá oportunidade de aprimorar suas concepções sobre a Química e se aproximar cada vez mais do mundo da ciência. Afinal, essa é a forma como a ciência tem se desenvolvido ao longo da História. Hipóteses e teorias, hoje consideradas válidas, poderão, no futuro, parecer tão ingênuas quanto os enganos que cometemos. Por isso, não há que se temer os erros, mas aprender a conviver com eles, percebendo-os como uma etapa no caminho da aprendizagem da Química. Os autores Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 3 4/8/13 9:14 AM
  • 6. 4 Comoaobraestá A obra O conteúdo deste volume é dividido em 5 capítulos, em que são tratados temas fundamentais para a construção de uma base conceitual que possibilita uma visão ampla, interdisciplinar e contextualizada da Química. Efeitoestufae mudançasclimáticas: Químicaparacuidar doplaneta Em tempos de mudanças climáticas, cuidar melhor do planeta praticamente se torna objetivo (e responsabilidade) de todos nós. O tema deste capítulo é bem controverso, mas abordaremos alguns aspectos científicos que possibilitarão uma compreensão mais ampla dos argumentos envolvidos na questão, levando a um posicionamento menos emocional e mais esclarecido sobre o assunto. Vamos utilizar o conhecimento químico para compreender como funciona o efeito estufa e os gases envolvidos nesse fenômeno. Esperamos que as informações apresentadas contribuam para que possamos cuidar melhor do nosso planeta. Figura 4.1 Degelo no glaciar Perito Moreno, Patagônia, Argentina, 2011. As mudanças climáticas são motivo de controvérsia entre os cientistas: seriam elas realmente consequência da ação humana? 4 CAPÍTULO 215 214 Curioso/Shutterstock/Glow Images Jan Martin Will/Shutterstock/G l o w I m a g e s Ricardo Chaves/Arquivo da editora 229 EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: QUÍMICA PARA CUIDAR DO PLANETA CAPÍTULO 4 4 atividade 4 Um modelo para o comportamento das moléculas de gás carbônico Nesta atividade vamos utilizar um modelo para representar as moléculas de gás carbônico (CO2) e então compreender as relações en- tre os gases estufa e a radiação infravermelha. Para representar uma molécula de CO2, vamos nos valer de um modelo físico que, embora extremamente simplificado, nos permite compreender o modo como as moléculas respondem à radiação eletro- magnética de diferentes faixas de frequência. Material Três bolinhas de tênis, dois arcos de serra velhos ou hastes metá- licas flexíveis. O que fazer A21 Montem o modelo fixando as hastes nas bolinhas, conforme mostrado na figura 4.15. A22 Segurem a bolinha central e balancem-na para cima e para baixo, variando a frequência – mais rápido e mais devagar. Observem o que acontece com as hastes metálicas e com as bolinhas nas pontas das hastes. Questões Q17. Descrevam o que vocês observaram em relação ao movimento das boli- nhas laterais quando a frequência de movimento da bolinha central foi baixa. Q18. Descrevam o que vocês observaram em relação ao movimento das boli- nhaslateraisquandoafrequênciademovimentodabolinhacentralfoialta. Q19. Discutam com seus colegas e procurem elaborar um modelo que explique essas diferenças. Figura 4.15 Modelo para a molécula de CO2. Sérgio Dotta Jr./Arquivo da editora 97 ALIMENTOS E NUTRIÇÃO: QUÍMICA PARA CUIDAR DA SAÚDE CAPÍTULO 2 projeto 1 Dietas em debate Dietas milagrosas que prometem a boa forma em tempo recor- de e sem sofrimento aparecem na mesma proporção que aumenta o peso da população mundial. O motivo, em geral, é a insatisfação das pessoas com o próprio corpo, por não estar dentro dos padrões de uma sociedade que cultiva a magreza como sinônimo de sucesso e beleza. Além de dietas milagrosas, existem também propostas que con- sideram uma alimentação balanceada e organizada. Neste projeto, faremos um estudo de vários tipos de dietas. Cada grupo de alunos deverá trabalhar com um dos tipos de dieta relaciona- dos a seguir: • Dieta dos pontos; • Dieta do índice glicêmico; • Dieta de South Beach; • Dieta do grupo sanguíneo; • Dieta da sopa; • Dieta da USP. P1 Cada grupo deverá preparar um relatório escrito com uma série de argu- mentos sobre as vantagens e desvantagens de se adotar a dieta escolhida. 1 EXERCÍCIOS E3. Muitas pessoas já devem ter passado pela triste experiência de, ao chegar de férias, encontrar a geladeira com um cheiro terrível por causa de algum alimento que foi ali deixado por um longo período de tempo e estragou-se. Sabendo que esses odores de- sagardáveis se devem às aminas que se formaram com o apodrecimento dos alimen- tos e que as aminas se comportam como bases, o que você poderia usar para limpar a geladeira e remover esse odor? Pense em coisas que você encontra na sua cozinha. Justifique sua resposta. E4. A principal fonte do alcaloide nicotina (C10H14N2) é o tabaco (Nicotina tabacum), maté- ria-prima fundamental na indústria do fumo para o processo de fabricação de cigarros. Esse processo produz como resíduo uma solução aquosa extremamente rica em nico- tina e altamente tóxica. Explique por que a nicotina é solúvel em água. 14 Projeto Os projetos têm como objetivo trabalhar o tema de forma mais ampla e contextualizada. Têm um caráter de atividade integradora, pois promovem a interação do conhecimento químico com outras áreas do conhecimento. Capítulos Os temas são desenvolvidos ao longo de cada capítulo, conforme seções descritas a seguir. Atividade Esta seção propõe atividades (experimentais, de pesquisa, de elaboração de texto, de raciocínio lógico, entre outras) acompanhadas de questões que promovem o diálogo dos alunos com os fenômenos em foco. Exercícios Aqui são apresentados exercícios mais simples, diretamente relacionados ao que foi abordado em Texto ou em Atividade. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 4 4/8/13 9:14 AM
  • 7. 5 organizada >>>>>>>> 209 ÁGUA NOS AMBIENTES URBANOS: QUÍMICA PARA CUIDAR DO PLANETA CAPÍTULO 3 3 Questõesdeexames Todas as questões devem ser respondidas em seu caderno. Não escreva no livro. QUESTÕES FECHADAS Q82. (UFPI) A chuva ácida resulta, principalmente, da poluição produzida pela queima de carvão e combustíveis fósseis que liberam óxidos para atmosfera, os quais são transfor- mados em ácidos. Esses ácidos, ao se dissolverem em gotas de chuva, diminuem o seu pH. É importante frisar, no entanto, que a água da chuva já é, naturalmente, leve- mente ácida, em face da presença, na atmosfera, de: a) N2. b) O2. c) CO2. d) NO2. e) SO2. Q83. (PUC-MG) Um grave problema ambiental atualmente é o aquecimento das águas dos rios, lagos e mares por indús- trias que as utilizam para o resfriamento de turbinas e ele- vam a temperatura até 25 ºC acima do normal. Isso pode provocar a morte de peixes e outras espécies aquáticas, ao diminuir a quantidade de oxigênio dissolvido na água. Portanto, é correto concluir que: a) Esse aquecimento diminui a solubilidade do oxigênio na água, provocando o seu desprendimento. b) Esse aquecimento provoca o rompimento das ligações H e O nas moléculas de água. c) Esse aquecimento provoca o aquecimento do gás car- bônico. d) Esse aquecimento faz com que mais de um átomo de oxigênio se liga a cada molécula de água. e) Os peixes e outras espécies acabam morrendo por aquecimento e não por asfixia. Q84. (UFRN)Numbalãodevidro,commeiolitrodecapacidade,con- tendo 250 mL de água destilada (H2O), nas condições am- bientais,foidissolvida(porborbulhamento)umacertaquanti- dade de gás amônia (NH3). Sendo o pH da solução formada igual a 8 (oito), a concentração de íons hidrogênio [H ], em relaçãoàconcentraçãodeíonshidroxila[OH ],deveser: a) dez vezes maior. b) cem vezes menor. c) dez vezes menor. d) cem vezes maior. Q85. (UFMG) Em recente acidente numa fábrica de papel, com graves consequências ambientais, 12 milhões de litros de um rejeito, contendo diversos contaminantes  entre eles,asodacáustica(NaOH)–,foramderramadosnoleito de um rio. Considere um ponto do rio, abaixo do lugar onde ocorreu a entrada da soda cáustica. O pH da água foi medi- do,nesselocal,numintervalodetempoquevaidaentrada da soda cáustica no rio até ocorrer a diluição desse conta- minante. Indique a alternativa cujo gráfico melhor representa a va- riação do pH medido. a) tempo pH b) tempo pH c) tempo pH d) tempo pH Figura 3.55 Alternativas da questão Q85. Q86. (UFRGS-RS)Sea10mLdeumasoluçãoaquosadepH4,0 foremadicionados90mLdeágua,opHdasoluçãoresultante seráiguala: a) 0,4. c) 4,0. e) 5,5. b) 3,0. d) 5,0. Q87. (UEMS) A qualidade da água destinada ao consumo huma- no é determinada por diversos parâmetros. A portaria 1469, de 29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde determina o valor máximo permitido para a concentração de íons NO3  como sendo de 10 mg  L1 em água destina- da a consumo humano. Se uma pessoa tomar 3,2 litros de 208 Questões Q75. Os quadros comparam as medidas realizadas com padrões da classe 3 de águas doces, a qual não permite o contato primário. No entanto, várias pes- soas entram na água da lagoa da Pampulha, principalmente para pescar. Discutacomseuscolegasecomentemessefato,sabendoquealegislação do Conama classifica as águas pelo uso que a população faz dela. Q76. Observem os dados de turbidez e digam qual é o mês em que ela é mais elevada. Como vocês podem explicar esse dado? Q77. Observem os dados de oxigênio dissolvido em função da profundidade. Vo- cês notam algum padrão? Em caso positivo, expliquem-no. Q78. Em qual mês os dados de oxigênio dissolvido são mais baixos? Como vo- cês poderiam explicar esse fato? Q79. Observem os dados de coliformes termotolerantes e digam em que mês esse parâmetro é mais elevado. Como vocês explicam esse fato? Q80. O dado mais crítico nesses quadros, para a água permanecer como classe 3, éaDBO.Lembrem-sedequeaDBOédefinidacomoaquantidadedeoxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana ae- róbicaeque,portanto,elafuncionacomoumindicadordaquantidadedema- téria orgânica ou de esgotos na água. Observem os dados dos quadros e digam em que mês (meses) a DBO esteve adequada para classificar a água com classe 3. Q81. Em que mês os dados de DBO são mais elevados? Como vocês explicam esse fato? <www2.ana.gov.br> Página da Agência Nacional de Águas (ANA), onde há biblioteca virtual com vários textos para download, além de mapas e base de bados para consulta. Acesso em: 24 out. 2012. <www.cetesb.sp.gov.br/publicacoes/publicacoes.asp> Página da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qual disponibiliza vários textos referen- tes à qualidade das águas doces, salinas, subterrâneas, entre outras. Acesso em: 24 out. 2012. <www.manuelzao.ufmg.br> Página do Projeto Manuelzão, projeto de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que apresenta várias publicaÁões e materiais para consulta. Acesso em: 24 out. 2012. <www.mma.gov.br/port/conama> Página do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), órgão consultivo e deliberado pelo Ministério do Meio Ambiente e que traz algumas leis e diretrizes sobre a qualidade da água. nainternet 216 texto 1 Aquecimento global: um tema polêmico Ao contrário do que supõe boa parte do que é veiculado sobre o tema “aquecimento global” pela mídia, do ponto de vista científico, a compreensão que se tem dele ainda está sujeita a forte controvérsia. De um lado, podemos agrupar cientistas que têm posições mais ou menos convergentes com aquelas expressas pelo Painel Intergover- namental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). Os relatórios do IPCC apontam que a Terra encontra-se em ciclo acentuado e crescente de aquecimento, sendo essa elevação da temperatura causada pelo au- mento de emissão de gases estufa pela ação humana, principalmente o gás carbônico (CO2). De outro lado, podemos agrupar cientistas que se autodenomi- nam céticos e que contestam o fato de o aquecimento estar relacionado à ação antropogênica ou consideram que há exagero nas projeções rea- lizadas pelo IPCC. Neste capítulo, procuramos apresentar conceitos e modelos cien- tíficos para que você possa compreender alguns dos argumentos apre- sentados pelos dois lados dessa controvérsia. Para estruturar o texto, consideramos, a princípio, os argumentos e dados apresentados pelo IPCC, desenvolvendo modelos e conceitos que ajudam a interpretar e compreender esse ponto de vista. Em seguida, no Texto 3, vamos apre- sentar pontos de vista conflitantes com tal visão. Desse modo, não é nossa intenção tomar partido de uma ou de outra posição nesse debate, mas apenas informar e desenvolver ferra- mentas conceituais que permitam, a cada um de nós, nos informarmos e nos posicionarmos sobre o tema, além de compreender as dinâmicas envolvidas na construção do conhecimento científico na sociedade. Juca Varella/Folhapress Figura 4.2 A emissão de gases estufa para a atmosfera está relacionada ao aumento da temperatura global do planeta? Questões de exames São propostas questões extraídas dos vestibulares de universidades brasileiras e do Enem, relacionadas ao que foi abordado no capítulo. Na internet Esta seção traz sugestões de páginas da internet que se referem ao conteúdo estudadonocapítulo. Questões Esta seção traz questões relacionadas ao que foi abordado em Texto ou em Atividade. Muitas vezes são propostas para ajudar o aluno a compreender o conteúdo apresentado em Texto, envolvendo respostas mais diretas; em outras, são questões que buscam fazer o aluno utilizar conceitos abordados para pensar um pouco mais para elaborar as respostas. Questões preliminares Questõesqueantecedemo estudodeumtema,permitindo aoalunoformularhipóteses sobrefênomenoscotidianos, tornandomaisfácileatraente oensinodaQuímica. Texto A seção inclui textos que constituem um fechamento para a seção Atividade, em que são respondidas as questões das atividades. Inclui também outros textos que abordam aspectos teóricos e conceituais e, por fim, textos retirados de periódicos ou de páginas da internet, os quais apresentam informações mais amplas e contextualizadas. 14 sempre seja tão clara e precisa. Algumas substâncias consideradas drogas são ou já foram usadas como me- dicamentos. Um exemplo clássico é a morfina, sem dúvida uma droga que também é usada como medicamento para pacientes com doença terminal, por ser um potente analgésico capaz de aliviar dores. Muitos dos assuntos que trataremos aqui têm uma interface gran- de com a Biologia e, em alguns momentos, com a História e a Geografia. Seria ideal que eles fossem estudados em uma perspectiva multidisci- plinar: consulte os professores de Biologia, História e Geografia sempre que tiver alguma dúvida relacionada aos temas aqui abordados. Antes de tentar responder às várias questões que esse tema gera, vamos refletir um pouco mais sobre algumas perguntas. Discuta com seus colegas de grupo e tente responder às questões a seguir, transcre- vendo as respostas do seu grupo no quadro, para que vocês possam compará-las com as respostas de outros grupos. Questões preliminares Q1. O que são drogas? Q2. Cigarros e bebidas alcoólicas podem ser classificados como drogas? Certamente, as respostas a essas perguntas não foram unânimes. Muitos podem ter lançado mão de um critério legal para concluir que aquilo que é proibido por lei pode ser considerado como droga. Nesse caso, os cigarros e as bebidas alcoólicas não seriam classificados como tal. Ou- tros podem ter usado como critério o fato de a substância alterar os estados de consciência. Por esse critério, as bebi- das seriam consideradas drogas, mas os cigarros, não. elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.(Fonte: Anvisa.) Figura 1.3 Apesar de legais, o tabaco e o álcool também são drogas do ponto de vista farmacológico. Fernando Moraes/Arquivo da editora Este ícone indica Objetos Educacionais Digitais relacionados aos conteúdos do livro. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 5 4/8/13 9:14 AM
  • 8. 6 Atividade 2 > A estrutura das moléculas orgânicas e os orbitais – II, 32 Texto 8 > Propriedades físicas dos alcanos, 33 Texto 9 > Alquenos e a isomeria cis-trans, 35 Texto 10 > Alquenos e alquinos, 38 Texto 11 > Os hidrocarbonetos aromáticos e a ocorrência de câncer de pulmão entre fumantes, 41 Texto 12 > Outras substâncias presentes nos cigarros ou na sua fumaça: aldeídos e cetonas, 44 Texto 13 > Caracterizando quimicamente a nicotina: a função amina, 47 Texto 14 > As bebidas alcoólicas e o etanol, 49 Texto 15 > Um pouco da história do vinho e da cerveja, 53 Atividade 3 > Bebida e direção: uma mistura perigosa, 55 Texto 16 > Mas nem tudo é dor: o ácido acetilsalicílico e o paracetamol, 58 Texto 17 > Cafeína, 62 Texto 18 > Maconha, 63 Efeitos da maconha, 64 Umanovafunçãoorgânicapresentena estruturamoleculardoTHC–oséteres,65 Texto 19 > Cocaína, 66 O que é cocaína?, 66 Umabrevehistóriadeseucultivo euso,66 Como funciona a dependência?, 67 Sumário 10 O que você vai estudar neste volume Vamos aprender Química falando e fazendo Química? Capítulo 1 12 A Química das drogas e medicamentos e as funções orgânicas Texto 1 > O que são drogas e medicamentos?, 14 Texto 2 > O tabaco e a história de um hábito que se tornou uma epidemia mundial, 16 Texto 3 > A representação das moléculas orgânicas e as funções orgânicas, 18 Atividade 1 > A estrutura das moléculas orgânicas e os orbitais, 19 Texto 4 > Compreendendo a relação entre orbitais e a estrutura das moléculas orgânicas, 20 Orbitais atômicos, 20 Configuração eletrônica, 21 Orbitais moleculares, 22 A ligação covalente e a estrutura do carbono, 22 Texto 5 > Geometria molecular e moléculas orgânicas, 27 Texto 6 > Um pouco sobre a nomenclatura dos compostos orgânicos, 30 Texto 7 > A representação das moléculas orgânicas: os alcanos, 31 Texto 20 > Sobre o ópio e seus derivados: morfina e heroína, 68 Uma breve história do cultivo e uso do ópio, 68 Morfina e heroína – aspectos químicos, 69 Morfina e heroína – dependência, 70 Texto 21 > Um pouco de fisiologia e química do sistema nervoso, 70 As aminas do cérebro – alegria, depressão e neuroses, 71 Texto 22 > Como fármacos atuam quimicamente no organismo?, 73 Na internet, 75 Questões de exames, 76 Capítulo 2 88 Alimentos e nutrição: Química para cuidar da saúde Texto 1 > Manutenção do peso ideal, 90 O que é peso ideal?, 90 IMC e circunferência abdominal: parâmetros para avaliar a composição corporal, 90 Atividade 1 > Calorias e rótulos de produtos, 93 Projeto 1 > Dietas em debate, 97 Atividade 2 > Diet e light, 99 Texto 2 > Substâncias e alimentos que nos ajudam a manter a saúde, 102 Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 6 4/8/13 9:14 AM
  • 9. 7 Texto 3 > Vitaminas e sais minerais: micronutrientes importantes em nossa dieta, 104 Vitaminas, 105 Sais minerais, 107 Texto 4 > Interações entre nutrientes na alimentação, 110 Interação entre magnésio e cálcio, 110 Interação entre vitamina C e ferro, 111 Texto 5 > Castanhas, 114 Texto 6 > Ácidos graxos e gorduras, 115 A Química dos ácidos graxos e das gorduras, 116 As gorduras trans e a indústria alimentícia, 120 Ácidos graxos e gorduras na manutenção da saúde, 122 Texto 7 > Colesterol: aprendendo um pouco sobre esta molécula complexa, 124 Aspectos químicos do colesterol, 124 O colesterol LDL, 125 O colesterol HDL, 125 O colesterol VLDL, 125 Importância do colesterol na manutenção da saúde, 125 Texto 8 > Conhecendo um pouco sobre as fibras, 127 A celulose, 127 A lignina, 128 A pectina, 129 Função das fibras no organismo, 129 Texto 9 > Açúcar: ingestão limitada, 130 Texto 10 > Sal: ingerir moderadamente, 134 O cloreto de sódio, 134 A função do sal em nosso corpo, 135 Onde o sal está escondido?, 135 Consumo excessivo de sal e hipertensão, 136 Atividade 3 > Reflexões sobre o consumo de refrigerantes, 138 Na internet, 142 Questões de exames, 143 Capítulo 3 150 Água nos ambientes urbanos: Química para cuidar do planeta Texto 1 > As águas de nossa cidade e sua qualidade, 152 Texto 2 > Parâmetros de qualidade da água, 156 Atividade 1 > Qualidade da água de sua cidade, 161 Texto 3 > Tratamentos bem-sucedidos e a situação brasileira, 162 Texto 4 > A importância do oxigênio dissolvido na água, 166 Atividade 2 > Determinação do oxigênio dissolvido numa amostra de água, 168 Texto 5 > Determinação do oxigênio dissolvido numa amostra de água, 172 Texto 6 > A importância do oxigênio dissolvido em ambientes aquáticos, 174 Texto 7 > Relembrando o que são substâncias ácidas e básicas, 176 Texto 8 > O pH e a qualidade da água, 178 Atividade 3 > Medindo o pH de uma amostra de água a partir de uma escala de pH, 181 Parte A – Preparando as soluções e o indicador de repolho roxo, 182 Parte B – Preparando a escala-padrão de pH, 182 Parte C – Testando o pH de diferentes amostras de água, 183 Texto 9 > A turbidez das águas, 184 Atividade 4 > Construindo um turbidímetro, 185 Atividade 5 > Determinando a turbidez de uma amostra de água, 188 Texto 10 > A turbidez como parâmetro de qualidade das águas, 189 Texto 11 > Condutividade elétrica como parâmetro de qualidade de água, 190 Atividade 6 > Medindo a condutividade de uma amostra de água, 190 Texto 12 > Condutividade elétrica nos sistemas aquáticos, 192 Texto 13 > Eutrofização e cianobactérias, 194 Texto 14 > Parâmetros biológicos de qualidade da água – coliformes, 196 Atividade 7 > Tratando de dados relativos aos parâmetros de qualidade da água, 200 Atividade 8 > Padrões de depuração da água, 203 As águas da lagoa da Pampulha, 204 Na internet, 208 Questões de exames, 209 Capítulo 4 214 Efeito estufa e mudanças climáticas: Química para cuidar do planeta Texto 1 > Aquecimento global: um tema polêmico, 216 Atividade 1 > O que sabemos sobre efeito estufa e aquecimento global?, 217 Texto 2 > As temperaturas da Terra e a radiação solar, 217 Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 7 4/8/13 9:14 AM
  • 10. 8 Texto 3 > A polêmica por trás desta questão: como explicar as variações da temperatura média global?, 219 Atividade 2 > Medindo temperaturas de sistemas que recebem continuamente energia de uma fonte externa, 220 Texto 4 > O balanço energético do planeta Terra, 223 Texto 5 > A radiação no infravermelho e o espectro eletromagnético, 225 Texto 6 > A descoberta da radiação na região do infravermelho, 227 Atividade 3 > Anéis ressonantes, 228 Atividade 4 > Um modelo para o comportamento das moléculas de gás carbônico, 229 Texto 7 > Um modelo para a interação entre a radiação infravermelha e as moléculas de gás carbônico, 230 Texto 8 > Gases estufa, 233 Alguns gases envolvidos no efeito estufa, 233 Texto 9 > O ciclo do carbono, 236 Dióxido de carbono, 236 Impactos ambientais no ciclo do carbono, 241 Atividade 5 > Revendo o que sabemos sobre efeito estufa e aquecimento global, 244 Atividade 6 > O ser humano e a proteção dos ambientes, 244 Na internet, 246 Questões de exames, 247 Capítulo 5 252 Química de materiais recicláveis Atividade 1 > Qual parte do lixo de nossa casa é reciclável?, 254 Texto 1 > Qual parte do lixo de nossa casa é reciclável?, 255 Texto 2 > Ciclo de vida: de onde vem e para onde vai o que produzimos e consumimos?, 258 Texto 3 > Ciclo de vida das garrafas PET, 259 Atividade 2 > Reconhecendo o PET, 260 Texto 4 > Do petróleo ao polímero: de onde vêm as garrafas PET, 264 Texto 5 > Para onde vão as garrafas PET?, 267 Atividade 3 > Polímeros sintéticos, 268 Atividade 4 > Produzindo um polímero termorrígido, 273 Texto 6 > O polímero ureia-formaldeído: obtenção e características, 274 Atividade 5 > Polímeros e interações intermoleculares, 276 Parte A – Papel molhado, 276 Parte B – Polímeros e absorção de água, 277 Parte C – Polímeros nas fraldas, 278 Texto 7 > Polímeros e interações intermoleculares, 279 Atividade 6 > Ciclo de vida do papel, 281 Texto 8 > Ciclodevidadosvidros:deondevêmos vidrosutilizadosparaembalagens?,287 Outros tipos de vidro, 289 O que é um vidro?, 289 Simetria e periodicidade translacional, 290 Transição vítrea, 290 Texto 9 > Ciclo de vida dos vidros: como são preparados os vidros?, 291 Texto 10 > Ciclo de vida dos vidros: para onde vão os vidros?, 294 Texto 11 > Ciclo de vida do alumínio: produção da alumina, 295 Texto 12 > Ciclo de vida do alumínio: produção do alumínio metálico, 297 Texto 13 > Ciclo de vida do alumínio: reciclagem, 299 Na internet, 300 Questões de exames, 301 Potenciais de eletrodos-padrão – A 25 o C, 307 Tabela periódica, 309 Valores da primeira energia de ionização, 310 Respostas, 311 Sugestões de leituras, 318 Bibliografia consultada, 318 Índice remissivo, 319 Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 8 4/8/13 9:14 AM
  • 11. 9 Sumário—Volume1 Capítulo 1 – O que é Química? Capítulo 2 – Introdução ao estudo das propriedades específicas dos materiais Capítulo 3 – Materiais: Estudo de processos de separação e purificação Capítulo 4 – Aprendendo sobre o lixo urbano Capítulo 5 – Um modelo para os estados físicos dos materiais Capítulo 6 – Modelos para o átomo e uma introdução à tabela periódica Capítulo 7 – Introdução às transformações químicas Capítulo 8 – Quantidades nas transformações químicas Capítulo 9 – Ligações químicas, interações intermoleculares e propriedades dos materiais Sumário—Volume2 Capítulo 1 – Soluções e solubilidade Capítulo 2 – Termoquímica: energia nas mudanças de estado físico e nas transformações químicas Capítulo 3 – Cinética química: controlando a velocidade das reações químicas Capítulo 4 – Uma introdução ao estudo do equilíbrio químico Capítulo 5 – Movimento de elétrons: uma introdução ao estudo da eletroquímica Capítulo 6 – Propriedades coligativas Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 9 15/04/2013 15:26
  • 12. 10 Vamos aprender Química falando e fazendo Química? Neste livro, procuramos abordar temas que julgamos fundamentais para a construção de uma base conceitual que possibilite uma visão de con­ junto da Química. Procuramos abordar esses temas de forma contextualizada, buscando articular a construção do conhecimento químico e sua aplica­ ção a problemas sociais, ambientais e tecnológicos. Ele está estruturado em torno de três temas fundamentais, cuja relação pode ser ilustrada com a figura A.1. Esse triângulo expressa, esquematica­ mente, a ideia de que a Química é uma ciência que estuda as propriedades, a constituição e as trans­ formações das substâncias e dos materiais. Nesse mundo tecnológico em que vivemos, o químico é um grande “artífice da matéria”, pois é capaz de transformá-la para obter produtos com constitui- ção e propriedades específicas que permitem sua utilização para finalidades bem determinadas. As mudanças que ocorreram nas carroce­ rias dos automóveis nos últimos anos são um exemplo que pode aju­ dar você a entender co­ mo a Química funciona e como se relacionam os focos de interesse dessa ciência. Se você comparar um automóvel construído nas décadas de 1960 ou 1970 com um construído hoje, poderá verificar que nos antigos quase todas as peças da lataria eram feitas de metal: os para-cho­ ques, as saias dos para-lamas, o painel, etc. Nos car­ ros atuais, a maioria dessas peças de metal foi substituída por peças de plástico, ainda que a pintura metálica aplicada sobre elas esconda sua verdadeira natureza. Essas mudanças têm várias vantagens eco­ nômicas (os plásticos são mais baratos e mais leves do que os metais) e de segurança (os plásticos se des­ mancham mais facilmente no caso de colisões). A substituição dos metais por plásticos só foi possível graças às pesquisas científicas desenvolvi­ das pelos químicos. Em 1951, dois químicos, traba­ lhando para uma companhia norte-americana, fabricaram pela primeira vez o polipropileno. Trans- formaram o gás propileno em um sólido que se asse­ melhava a uma bala “puxa-puxa”. Os vários tipos de polipropileno são usados na fabricação de muitas peças de automóvel, incluindo os já citados para­ propriedades constituição transformações substâncias e materiais Figura A.1 Triângulo 1 – focos de interesse da Química. -choques e saias dos para-lamas, e painéis, caixas de bateria, tapetes, etc. Muitos materiais podem ser des­ cobertos acidentalmente, mas a pesquisa por esses materiais normalmente segue uma certa sequência lógica, a qual é possível determinar previamente. Fotos: Bruce Benedict/Transtock/ Cobris/Latinstock Figura A.2 A Química ajudou a desenvolver novos materiais que tornaram os automóveis mais baratos, mais econômicos e mais seguros. A indústria, nesse caso a automobilística, esta­ belece quais seriam as propriedades ideais dos mate­ riais que poderiam substituir os metais na fabricação dos carros. Com isso, solicita dos cientistas a síntese dos materiais que possuam tais propriedades. Os químicos, especialistas que conhecem es­ sas propriedades, já tinham ideia de um grupo de materiais que possuía propriedades semelhantes àquelas solicitadas pela indústria: os polímeros (nesse caso particular, o polipropileno). Conhecen­ do a constituição desses materiais e como obtê-los por meio de trans­for­mações químicas, foram capa­ zes então de desenvolver variedades desse políme­ ro adequadas especificamente às necessidades da indústria automobilística. Marco de Bari/Arquivo da editora Figura A.3 Os automóveis do final do século XX são repletos de peças fabricadas com diferentes variedades de polipropileno. Izmostock/Alamy/OtherImages Oquevocêvaiestudarnestevolume Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 10 15/04/2013 15:26
  • 13. 11 Neste livro você vai rever alguns conceitos que já aprendeu anteriormente, mas tendo em vis- ta outros contextos. Vai também aprender novos conceitos que o ajudarão a entender melhor vá- rios fenômenos. No capítulo 1 você vai estudar a química dos fármacos – drogas e medicamentos – e enten- der um pouco mais sobre como eles atuam em nosso organismo. Nesse capítulo você terá a oportunidade de conhecer a estrutura química de várias substâncias orgânicas, embora a maior parte do que chamamos “Química orgânica” este- ja diluída nos diversos assuntos estudados em outros capítulos nos volumes 1 e 2. Afinal, os princípios da Química são universais e explicam propriedades tanto dos compostos inorgânicos como dos orgânicos. Figura A.4 A Química estudada neste livro ajudará você a entender a Química de drogas e medicamentos. No capítulo 2 abordaremos um tema muito importante relacionado à sua saúde. Vamos apre- sentar algumas recomendações em relação à sua alimentação, apontadas por especialistas da área médica como importantes para a manutenção da boa saúde. Trataremos de cada uma dessas reco- mendações, procurando utilizar os conhecimentos químicos para compreendê-las melhor. No capítulo 3 vamos estudar a água dos ma- res, rios e lagos presentes em ambientes urbanos. Relembraremos alguns conceitos importantes, como os de solubilidade de gases em líquidos e de pH. Sabemos que no Brasil a maioria desses corpos de água estão poluídos em consequência do lança- mento de esgotos domésticos e/ou industriais. Por- tanto, estudar a qualidade da água presente nos ambientes urbanos e o que podemos fazer para aperfeiçoá-la é de vital importância para a melho- ria da qualidade de vida de cada cidadão e para a sobrevivência do planeta. David Levenson/Alamy/Other Images No capítulo 4 abordaremos um tema atual e bem controverso: efeito estufa e mudanças climá- ticas. Procuramos apresentar conceitos e modelos científicos para que você possa compreender al- guns dos argumentos envolvidos na polêmica em questão. Para isso, vamos relembrar os conceitos de espectro eletromagnético, radiação infraverme- lha, ressonância. Discutiremos questões relaciona- das ao efeito estufa e às diferentes posições de cientistas no que diz respeito à relação entre o aquecimento global e o aumento do efeito estufa causado por ações humanas. No capítulo 5 vamos estudar de forma mais profunda alguns materiais recicláveis. Para isso, retomaremos conceitos que foram aprendidos ao longo de dois anos de estudos de Química. Abor- daremos a ideia do ciclo de vida de produtos e, como parte dele, os processos de reciclagem. Nos- sa ideia é tornar disponíveis conceitos químicos para promover condições que levem as pessoas a compreender melhor como os materiais estão inse- ridos em nossas vidas. Figura A.5 Neste livro iremos estudar mais profundamente alguns materiais recicláveis. Os textos e atividades aqui reunidos são frutos de um longo trabalho de pesquisa, em sala de aula e fora dela. Por meio dessa pesquisa, procuramos entender como os alunos constroem conceitos químicos e quais são as principais difi- culdades a serem superadas no processo de ensi- no-aprendizagem. Acreditamos que, ao traduzir os resultados dessas pesquisas em sala de aula em uma proposta curricular e didática para o ensino da Química, es- tamos contribuindo para o avanço da educação em nossas escolas e para a formação de cidadãos aptos a participar da nossa sociedade e a transformá-la, preservar o ambiente e lutar pela melhoria da qua- lidade de vida de todos os brasileiros. Sérgio Dotta Jr./Arquivo da editora Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_003a011_Iniciais.indd 11 4/8/13 9:14 AM
  • 14. AQuímicadas drogase medicamentos easfunções orgânicas Neste capítulo, vamos estudar um tema polêmico: as drogas. a discussão já se inicia quando tentamos responder à pergunta: O que são drogas? a resposta não é tão evidente ou óbvia como alguns poderiam pensar. Estudaremos também os medicamentos, conhecidos cientificamente como fármacos. Nessa abordagem, conheceremos um conjunto de substâncias que têm características em comum ‒ conhecidas como substâncias orgânicas ‒ e identificaremos suas funções e propriedades. 1 CAPÍTULO Cigarros e bebidas alcoólicas podem ser classificados como drogas? 12 Felipe O'Neill/Folha Imagem/CPDOCJB R a u l J u n i o r / E ditora Abril Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 12 4/8/13 9:19 AM
  • 15. Figura 1.1 Muitas drogas e medicamentos são constituídos por substâncias orgânicas. Importante: medicamentos só devem ser utilizados sob prescrição médica. 13 M. Unal Ozmen/Shutterstock/Glow Images Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 13 4/8/13 9:19 AM
  • 16. 14 texto 1 O que são drogas e medicamentos? A palavra usada atualmente pela ciência para designar os medicamentos é fármaco, que pode ser definido como qualquer substância farmacologica- mente ativa usada em benefício da saúde. Por moti- vos didáticos e por seu uso consagrado na vida cotidiana, no entanto, continuaremos a usar aqui a palavra “medicamentos” com mais frequência, ape- sar de a palavra “fármacos” também ser empregada em algumas situações. Aplicamos essa distinção (droga 3 medica- mento) porque faz parte da nossa forma cotidiana de falar sobre esses assuntos, embora essa diferença nem sempre seja tão clara e precisa. Algumas substâncias consideradas drogas são ou já foram usadas como me- dicamentos. Um exemplo clássico é a morfina, sem dúvida uma droga que também é usada como medicamento para pacientes com doença terminal, por ser um potente analgésico capaz de aliviar dores. Muitos dos assuntos que trataremos aqui têm uma interface gran- de com a Biologia e, em alguns momentos, com a História e a Geografia. Seria ideal que eles fossem estudados em uma perspectiva multidisci- plinar: consulte os professores de Biologia, História e Geografia sempre que tiver alguma dúvida relacionada aos temas aqui abordados. Antes de tentar responder às várias questões que esse tema gera, vamos refletir um pouco mais sobre algumas perguntas. Discuta com seus colegas de grupo e tente responder às questões a seguir, transcre- vendo as respostas do seu grupo no quadro, para que vocês possam compará-las com as respostas de outros grupos. Questões preliminares Q1. O que são drogas? Q2. Cigarros e bebidas alcoólicas podem ser classificados como drogas? Certamente, as respostas a essas perguntas não foram unânimes. Muitos podem ter lançado mão de um critério legal para concluir que aquilo que é proibido por lei pode ser considerado como droga. Nesse caso, os cigarros e as bebidas alcoólicas não seriam classificados como tal. Ou- tros podem ter usado como critério o fato de a substância alterar os estados de consciência. Por esse critério, as bebi- das seriam consideradas drogas, mas os cigarros, não. David Levenson/Alamy/Other Images Figura 1.2 Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.(Fonte: Anvisa.) Figura 1.3 Apesar de legais, o tabaco e o álcool também são drogas do ponto de vista farmacológico. Fernando Moraes/Arquivo da editora Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 14 4/8/13 9:19 AM
  • 17. 15 A QuímicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulO 1 1 Considerar uma substância legal ou ilegal exige, no entanto, uma discussão bastante ampla, pois sua legalidade não está relacionada apenas às suas propriedades químicas ou a efeitos que ela possa pro- vocar no usuário ou ainda aos riscos que seu consumo possa represen- tar para a saúde. Os grupos sociais é que definem a legalidade do consumo dessas substâncias, e os critérios variam de uma cultura para outra ou de um momento histórico para outro. Um bom exemplo de como esses crité- rios se alteram é o período da história norte-americana no qual vigorou a chamada “Lei seca”, que proibia o consumo de álcool. Outro exem- plo é a Lei federal n. 11705, de 2008, que proíbe que motoristas dirijam sob a influência de álcool ou de qualquer substância psicoativa. Além desses exemplos, vale registrar que no Brasil, no início do século XX, a cocaína e a maconha eram vendidas livremente nas farmácias: a primeira como anestésico para dor de dente e a segunda como expectorante ou sedativo. Esses critérios são, portanto, mais culturais do que científicos, e não são muito úteis para um estudo químico das drogas. A farmacologia, ramo da ciência que estuda me- dicamentos e drogas, assim como seus efeitos sobre o organismo, define: Drogas são substâncias capazes de modificar o funcionamento dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Medicamentos são drogas utilizadas com finalidade terapêutica. Drogas psicotrópicas são substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central (SNC), modificando o comportamento do usuário. Há várias maneiras possíveis de classificar as drogas. Você já deve ter ouvido falar em drogas que provocam dependência. Em certos casos, essa dependência pode levar à tolerância e à síndrome de abstinência. A tolerância é a necessidade de se utilizar quantidades cada vez maiores de droga para que o mesmo efeito causado por ela seja manti- do. A síndrome de abstinência é um conjunto de sinais e sintomas que podem ser observados quando pessoas com dependência de alguma droga interrompem seu uso. O hábito de tomar uma “cervejinha” nas festas ou reuniões de ami- gos em fins de semana certamente não caracteriza alcoolismo (a depen- dência do álcool). Uma pessoa que não consiga dormir sem tomar sua dose diária de uísque pode, no entanto, ser considerada alcoólatra. Uma outra maneira de classificar as drogas é considerar os gru- pos químicos presentes na estrutura molecular das substâncias. Nesse sentido, as drogas, em sua maioria, são alcaloides: bases orgânicas ni- trogenadas também conhecidas como aminas. O termo alcaloide indi- ca que esses produtos são alcalinos; portanto, se comportam como bases na maioria das reações ácido-base. Já o álcool etílico e a maconha são alcoóis, substâncias que têm um grupo hidroxila (-OH) ligado a cadeias carbônicas. Todas as drogas são, portanto, substâncias orgânicas, ou seja, possuem cadeias carbônicas. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 15 4/8/13 9:19 AM
  • 18. 16 Do ponto de vista da ação das drogas sobre o sistema nervoso central, elas podem ser classificadas como depressoras, estimulantes ou perturbadoras. Os três grupos de drogas promovem alterações na comunicação química, por meio da ativação ou desativação de certos neurotransmissores, substâncias responsáveis pela transmissão de si- nais elétricos entre as diversas partes do sistema nervoso central. A diferença entre os grupos relaciona-se ao tipo de efeito comportamen- tal: depressoras e estimulantes promovem alterações quantitativas, e as perturbadoras, qualitativas (delírios e alucinações, ou seja, a pessoa entra num “mundo de fantasias”). As depressoras diminuem a atividade cerebral e por essa razão são chamadas de depressoras da atividade do sistema nervoso cen- tral (SNC). A pessoa que faz uso desse tipo de droga fica “desligada”, “devagar”. As estimulantes aumentam a atividade do cérebro, dei- xando o usuário “ligado”, “elétrico”. Finalmente, as drogas perturba- doras normalmente provocam alucinações, sendo por isso chamadas de alucinógenas. No quadro a seguir apresentamos algumas drogas psicotrópicas classificadas segundo esse último critério: Depressoras da atividade do SNC Estimulantes do SNC Perturbadoras da atividade do SNC •álcool •soníferos ou hipnóticos (provocam sono): barbitúricos, alguns benzodiazepínicos •ansiolíticos (acalmam, inibem a ansiedade): benzodiazepínicos, etc. •opiáceos (aliviam a dor e provocam sonolência): morfina, heroína, codeína, meperidina, etc. •inalantes ou solventes: colas, tintas, removedores, tíner, benzina, éter, esmalte, lança-perfume, “cheirinho da loló” •cocaína • crack •nicotina •anfetaminas •De origem vegetal: mescalina (do cacto mexicano), tetraidrocanabinol – THC (da maconha), psilocibina (de certos cogumelos), lírio, trombeta, zabumba ou saia-branca •Deorigemsintética:ácidolisérgico–LSD, ecstasy, anticolinérgicos texto 2 O tabaco e a história de um hábito que se tornou uma epidemia mundial O tabaco começou a ser utilizado em rituais religiosos nas sociedades indígenas da América Central há mais de 3000 anos. A planta, cientificamente chamada Nicotiana ta- bacum, chegou ao Brasil provavelmente trazida pelas tribos tupi-guarani, que migraram daquela região. Foram os coloni- zadores portugueses que aqui chegaram no século XVI que levaram o tabaco para a Europa. Ainda naquele século, seu uso começou a se disseminar por todo o Velho Continente, Quadro 1.1 Alguns exemplos de drogas psicotrópicas. Ferrell McCollough/Corbis/Latinstock Figura 1.4 Nicotiana tabacum. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 16 4/8/13 9:19 AM
  • 19. 17 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 introduzido por Jean Nicot (1530-1600), diplomata francês vindo de Portugal. Como acontece com a maioria das novidades, ao tabaco ini- cialmente também foram atribuídas propriedades curativas. Dizem até que Catarina de Médici (1519-1589), rainha da França, utilizava-o para curar suas enxaquecas – ela só não sabia da dor de cabeça que esse novo modismo ainda causaria à humanidade... Suas folhas eram inicialmente comercializadas sob a forma de fumo para cachimbo, rapé, tabaco para mascar e charutos. Já ao final do século XIX, porém, o tabaco começou a ser industrializado sob a forma de cigar- ros. Seu uso espalhou-se como uma epidemia, por todo o mundo, a partir de meados do século XX, com o desenvolvimento da publicidade e do marketing. A folha do tabaco, pela importância econômica que o produto representava para o Brasil, foi incorporada ao brasão da República. A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatos médi- cos que relacionavam o cigarro a várias doenças contraídas pelos fu- mantes. O então hábito de fumar (considerado charmoso por alguns), muitas vezes associado à autoafirmação, passou a ser encarado como uma dependência que precisa ser tratada e acompanhada. Existem muitas substâncias nas folhas de tabaco e outras que são adicionadas durante o processo de produção dos cigarros. Mas você tem ideia de quais são essas substâncias? Segundo dados da Senad, a queima do tabaco dá origem a uma fumaça composta de cerca de 4700 componentes já identificados até 2002. São reconhecidamente carcinogênicas – causadoras de câncer – 68 dessas substâncias. A seguir listamos algumas delas: • acetona; • alcatrão; • amônia; • arsênico; • butano; • cádmio; • cianeto; • dicloro-difenil-tricloroetano (DDT); • monóxido de carbono; • naftalina; • nicotina; • tolueno. Questões Q3. Faça uma pesquisa sobre o tabaco e apresente argumentos contra seu uso. Q4. Pesquise páginas antitabagistas na internet e compare as informações en- contradas com aquelas presentes nas páginas de fabricantes de cigarros. Q5. Pesquise as substâncias que foram listadas no texto como sendo consti- tuintes do cigarro e descubra algumas de suas utilizações. Q6. Pesquise a existência de outras substâncias na constituição do cigarro e tente obter as suas fórmulas estruturais. Observação: Não deixe de indicar a fonte das pesquisas realizadas. Divulgação/arquivo da editora Figura 1.5 Por sua importância econômica para o Brasil da virada do século XIX, as folhas de tabaco foram incorporadas ao brasão da República. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 17 4/8/13 9:19 AM
  • 20. 18 texto 3 a representação das moléculas orgânicas e as funções orgânicas Do ponto de vista químico, podemos classificar as substâncias orgânicas levando em consideração os grupos funcionais presentes nas suas moléculas. As substâncias que encontramos nos organismos vivos são con- sideradas substâncias orgânicas. Até meados do século XIX, acredita- va-se que apenas os organismos vivos eram capazes de sintetizar substâncias orgânicas – doutrina que ficou conhecida como vitalismo. Desde a síntese da ureia a partir de cianato de amônia, realizada em laboratório por Friedrich Wöhler (1800-1882), em 1828, essa doutrina, porém, caiu em desuso e muitas das substâncias orgânicas utilizadas passaram a ser sintetizadas em laboratório. Essas substâncias geralmente são constituídas por moléculas que apresentam cadeias de átomos de carbono – as chamadas ca- deias carbônicas –, na maior parte das vezes ligadas a outros grupos que, além do carbono e do hidrogênio, podem conter átomos de oxigênio e nitrogênio. Esses quatro átomos – carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio – são os principais constituintes das substân- cias orgânicas, sendo os componentes das partes fundamentais das células dos organismos vivos. Além dessas substâncias, existe ainda uma variedade de outros átomos nos organismos vivos, que inclui: fósforo, componente dos ossos e dos dentes, substância que desem- penha papel fundamental no metabolismo dos organismos vivos; cál- cio, outro componente dos ossos e dentes; magnésio, que também desempenha papel importante na regulação do metabolismo; sódio, potássio e cloro, que regulam a pressão osmótica das células; ferro, que forma um complexo com a hemoglobina e por isso participa do transporte do oxigênio no sangue e de seu armazenamento nas célu- las; e uma série de outros elementos químicos componentes das enzimas. Nas substâncias que são formadas por moléculas não muito com- plexas, o grupo funcional é que vai caracterizar o comportamento quí- mico dessas substâncias. Nas substâncias formadas por moléculas mais complexas, como a maioria das drogas e medicamentos que serão estudados neste capítulo, há geralmente mais de um grupo funcional e o comportamento químico é definido não só pela presença desses gru- pos, mas também pela forma como eles se distribuem na estrutura mo- lecular e pelas relações que estabelecem com as substâncias presentes no organismo. Nesse sentido, não é fácil prever o comportamento quí- mico de substâncias constituídas por moléculas complexas que apre- sentam mais de um grupo funcional. Esse comportamento pode ser estudado empiricamente, mas é difícil predizê-lo apenas com o conhe- cimento da estrutura molecular. Maria Platt-Evans/SPL/Latinstock Figura 1.6 Com a síntese da ureia, realizada em laboratório em 1828, Friedrich Wöhler pôs em xeque a doutrina conhecida como vitalismo. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 18 4/8/13 9:19 AM
  • 21. 19 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 atividade 1 a estrutura das moléculas orgânicas e os orbitais Neste capítulo abordaremos as funções orgânicas presentes nas moléculas de diferentes drogas e medicamentos, suas propriedades, al- gumas transformações nas quais estão envolvidas e sua representação. Existem diferentes formas de representação para as moléculas orgânicas. Neste momento de nosso curso precisamos de novos instru- mentos teóricos que nos ajudem a ampliar a compreensão sobre o modo como essas substâncias são constituídas. Para abordarmos a forma como os átomos de carbono se ligam quando participam de ligações simples, duplas e triplas, vamos traba- lhar com balões de látex − como aqueles usados em festas de aniversá- rio –, para fazermos uma analogia com o carbono quando ele se encontra envolvido em ligações simples, duplas e triplas com outros átomos de carbono. Depois discutiremos a teoria por trás dessas liga- ções e entenderemos melhor a analogia. Material Nove balões de látex (aqueles usados em festas de aniversário). O que fazer A1 Encham dois balões e amarrem um ao outro pelas bocas. A2 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que adquire. A3 Encham três balões de aniversário e amarrem uns aos outros pelas bocas. A4 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que adquire. A5 Enchamquatrobalõesdeaniversárioeamarremunsaosoutrospelasbocas. A6 Soltem o conjunto sobre a mesa e observem a disposição geométrica que adquire. Questões Q7. Considerando os arranjos que os conjuntos de balões adquiriram, o que vo- cês podem dizer sobre a disposição geométrica dos balões? Q8. Copiem o quadro ao lado no caderno e comple- tem-no com dados sobre os arranjos geométri- cos que vocês observaram. Quadro 1.2 Figuras e nomes das disposições geométricas envolvendo dois, três e quatro balões. Número de balões Figura que representa a disposição geométrica dos balões Nome da disposição geométrica dos balões 2 ////////////////////////////// ///////////////////////////// 3 /////////////////////////////// ///////////////////////////// 4 /////////////////////////////// ///////////////////////////// Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 19 4/8/13 9:19 AM
  • 22. 20 texto 4 compreendendo a relação entre orbitais e a estrutura das moléculas orgânicas Ao estudarmos os modelos para o átomo no capítulo 6 do volu- me 1, discutimos a distribuição dos elétrons em níveis e subníveis de energia. Considerando o modelo proposto pela mecânica quântica, discutimos a existência de orbitais atômicos. Neste texto vamos retomar a ideia de orbitais atômicos para estu- dar a relação existente entre a forma desses orbitais e a estrutura espa- cial das moléculas orgânicas. Orbitais atômicos Existem diferentes tipos de orbitais atômicos e os elétrons com diferentes energias ocupam orbitais diferentes. A forma desses orbitais atômicos e sua posição relativa no espaço são fatores diretamente rela- cionados ao arranjo espacial dos átomos na molécula. Esse arranjo es- pacial também está relacionado ao tipo de ligação covalente que será estabelecida entre os átomos, ao comportamento químico das molécu- las e, portanto, às propriedades das substâncias. Considerando o modelo atual para o átomo, concebemos o orbi- tal como a região do espaço onde, com maior probabilidade, se pode encontrar o elétron. Essa forma de conceber o orbital é resultante de uma abordagem matemática complexa. As expressões matemáticas utilizadas – chamadas equações de onda – descrevem algumas pro- priedades dos elétrons em função de sua distribuição nos átomos e moléculas: por exemplo, a energia total e o momento angular de cada elétron. Cada equação de onda apresenta várias soluções e cada uma dessas soluções corresponde a um orbital de energia diferente para o elétron. Para representar os orbitais e dar uma ideia física de suas formas, é interessante usarmos a imagem de uma nuvem, que se apresenta mais densa nas regiões onde for mais elevada a probabilidade de se encontrar o elétron. Note que um orbital, coerente com a ideia de uma descri- ção probabilística que a equação de onda fornece, é uma região do espaço que não tem fronteiras bem delimitadas. O orbital 1s, por exemplo, pode ser representado como uma esfera com o centro no núcleo do átomo. A figura 1.7 apresenta um gráfico que relaciona a função de onda, y, em função do raio do átomo. Neste gráfico observamos que a probabilidade de encontrar o elétron é maior próxima ao núcleo e decresce muito rapida- mente à medida que o raio da esfera vai aumentando. Avits/Arquivo da editora nuvem eletrônica probabilidade c r Figura 1.7 Diagrama da função de onda (y) em função do raio da esfera (r) para o orbital 1s. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 20 4/8/13 9:19 AM
  • 23. 21 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 O orbital 2s também se apresenta na forma esférica, maior que o orbital 1s. Possui maior energia e menor estabilidade, em virtude de a distância média entre o elétron e o núcleo ser maior e, consequente- mente, menor a atração eletrostática. Com uma energia um pouco maior temos os orbitais 2p. Cada orbi- tal p tem a forma de um haltere com lobos a igual distância do núcleo do átomo. Os eixos dos três orbitais são perpendiculares entre si e se cruzam sobre o núcleo. Para distingui-los, utilizamos a notação 2px, 2py e 2pz, e, nestes casos, x, y e z referem-se aos eixos cartesianos correspondentes. A figura a seguir representa cada orbital p em seu respectivo eixo. x px 1 2 y py x 2 1 y pz z x 2 1 Configuração eletrônica Ao fazermos a distribuição eletrônica dos elétrons em um átomo, é importante considerar alguns pontos. Já sabemos que, para um átomo no estado fundamental, os elé- trons encontram-se nos níveis, subníveis e orbitais de menor energia. Portanto, para fazermos a distribuição eletrônica por subníveis para esse átomo, começamos preenchendo os orbitais de menor energia. Quando aprendemos sobre o tipo e a forma dos orbitais, verificamos que cada orbital atômico pode ser preenchido por, no máximo, dois elé- trons. Mas isso só pode acontecer caso seus spins sejam opostos, pois os elétrons em um átomo sempre têm um conjunto único dos quatro núme- ros quânticos que os caracterizam. Assim, dois elétrons no mesmo orbital têm: o mesmo número quântico n correspondente a sua energia total e ao nível de energia em que se encontram; o mesmo número quântico l, cor- respondente ao subnível de energia em que se encontram; e o mesmo número quântico ml, correspondente ao orbital em que se encontram. Por- tanto, seu número quântico spin tem que ser diferente: um elétron terá spin  1 2 e o outro 2 1 2 . Esse princípio, segundo o qual em um átomo dois elétrons nunca podem ter os mesmos quatro números quânticos, é conhe- cido como Princípio de Exclusão de Pauli. Não aprofundaremos a abor- dagem sobre o significado do número quântico spin. Por enquanto basta entendermos que é um dos números quânticos associados ao elétron. Existe ainda outra regra, conhecida como Regra de Hund, que diz que para orbitais de mesma energia (px, py e pz) distribui-se, inicialmente, um elétron em cada orbital. Somente quando todos os orbitais estiverem preen- chidos, o segundo elétron, com spin oposto, é colocado naquele orbital. Avits/Arquivo da editora Figura 1.8 Representação para os orbitais 2px, 2py e 2pz. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 21 4/8/13 9:19 AM
  • 24. 22 Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que, a partir do nível n = 3, surgem algumas inversões nos subníveis de ener- gia. O subnível 4s, por exemplo, apresenta menor energia do que o subnível 3d e, portanto, ao fazermos a distribuição eletrônica, deve- mos preencher o subnível 4s antes do 3d. Orbitais moleculares Do ponto de vista do modelo atômico proposto pela mecânica quântica, quando ocorre a formação de uma molécula, os orbitais atômi- cos interagem e dão origem a um novo conjunto de níveis energéticos que correspondem a novas distribuições da nuvem eletrônica (densidade de probabilidade). Esses novos orbitais moleculares passam a envolver dois ou mais núcleos. É aqui que entra uma nova ferramenta teórica que nos oferece elementos para compreender esses novos orbitais formados. É a Teoria dos Orbitais Moleculares, também conhecida por TOM. Não vamos nos aprofundar nos aspectos teóricos, mas essa teoria coloca seu foco na ligação química e diz que todos os elétrons de valência têm uma influência na estabilidade da molécula. Para compreendermos aspectos ligados às representações de mo- léculas orgânicas, é importante retomarmos ideias sobre a formação de ligações covalentes que envolvem átomos de carbono. A ligação covalente e a estrutura do carbono Para que uma ligação covalente entre dois átomos seja formada, um orbital de um deles deve se sobrepor a um orbital do outro e cada um desses orbitais deve conter apenas um elétron. Quando isso acon- tece, os dois orbitais atômicos combinam-se para originar orbitais mo- leculares, ocupado pelos dois elétrons. Esses dois elétrons possuem spins opostos, isto é, devem estar desemparelhados. Essa nova organização dos elétrons e núcleos contém menos energia – ou seja, é mais estável – que a organização correspondente aos átomos isolados. No entanto, nessa nova configuração, a atração eletrostática aumenta, pois cada um dos elétrons, que era atraído ape- nas por um núcleo no átomo isolado, passa a ser atraído por dois nú- cleos de carga positiva quando a ligação é formada. O carbono é um elemento essencial na estrutura dos compostos orgânicos. Nesse ponto de nosso estudo vamos aprofundar a compre- ensão de como podem ser compreendidas as ligações covalentes dos átomos de carbono com outros átomos. Vamos começar por investigar as ligações químicas em uma molécula de metano, CH4. Questões Q9. Em seu caderno, faça a distribuição eletrônica por subníveis para o átomo de carbono. Q10. No caderno, faça a distribuição eletrônica por subníveis para o átomo de hidrogênio.
  • 25. 23 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Q11. Considerando a distribuição eletrônica feita para os átomos de carbono e hidrogênio, quantas ligações poderiam ser realizadas? Q12. Que composto de carbono e hidrogênio poderia ser formado se participas- sem das ligações os dois orbitais p do átomo de carbono que possuem elé- trons desemparelhados? Para compreender como são feitas as ligações covalentes da mo- lécula de metano (CH4), você fez a distribuição eletrônica para os áto- mos de carbono e hidrogênio. Se você fez corretamente essas distribuições, pôde verificar que só seria possível a formação de duas ligações com átomos de hidrogênio. Nesse caso, o carbono estaria uti- lizando dois orbitais p e poderia ser formado o composto CH2. Esse composto já foi detectado, mas é muito reativo, ou seja, pouco estável. Sabemos que a menor molécula formada entre carbono e hidrogê- nio que se apresenta estável é o metano (CH4). Isso significa que o carbo- no se apresenta estável quando estabelece ligações covalentes com quatro átomos de hidrogênio, e não com dois, como somos levados a considerar tendo em vista a distribuição eletrônica por subníveis. Então, como é possível compreender que o CH4 exista de forma estável? A diferença de energia entre os orbitais 2s e 2p não é muito gran- de. Isso nos leva a considerar a possibilidade de que um dos elétrons do orbital 2s seja promovido para um dos orbitais 2p, o qual se encon- traria vazio. Esse procedimento requer que certa quantidade de energia seja fornecida e podemos pensar que essa energia pode ser obtida a partir da formação das ligações carbono-hidrogênio. É exatamente isso que propõe o modelo da mecânica quântica. Assim, o carbono pode formar quatro ligações com quatro átomos de hidrogênio. Considerando que o orbital 2s do carbono é menor que os orbitais 2p, uma das ligações C H, aquela feita usando um orbital 2s do carbono, deveria ser menor que as outras três, aquelas feitas com os orbitais p do carbono. Entretanto, verificou-se experimentalmente que as quatro liga- ções C H apresentam o mesmo comprimento: 1,1 ? 10-11 m. Como podemos explicar esse dado experimental? O modelo matemático usado propõe a “mistura” de um orbital s com três orbitais p, formando quatro novos orbitais, denominados sp3 , de mesma energia. A essa “mistura de orbitais” dá-se o nome de hibridação. A figura a seguir mostra representações para a distribuição ele- trônica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativa- do e no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp3 . estado fundamental 1s2 2s2 2p2 estado ativado 1s2 2s1 2p3 estado híbrido 1s2 sp3 Figura 1.9 Diagramas representando a distribuição dos elétrons do átomo de carbono nos subníveis, nos estados fundamental, ativado e híbrido sp3 . Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 23 4/8/13 9:19 AM
  • 26. 24 A ligação covalente formada pela interpenetração frontal dos orbi- tais sp3 – no caso de uma ligação entre dois átomos de carbono, como na molécula de etano –, é uma ligação conhecida como ligação sigma, s. Em todas as situações em que o carbono participa de ligações simples, este modelo propõe a formação de orbitais sp3 resultante de hibridação. No caso da ligação s com os átomos de hidrogênio, o que ocorre é uma sobre- posição frontal entre um orbital sp3 do átomo de carbono e um orbital s do átomo de hidrogênio. A formação dessas ligações do tipo sigma está ilus- trada nas figuras 1.10 e 1.11, para o metano e o etano, respectivamente. H C H H H C ⫹ 4 H C H H H H átomo de carbono com hibridação sp3 sobreposição dos orbitais s e sp3 ligações ␴ no metano 1 átomo de carbono sp3 átomo de carbono sp3 ligações s no etano (os seis orbitais sp3 remanescentes estão em azul) (em cada caso, os orbitais sp3 estão coloridos em vermelho) C C C C Mas o carbono, em outras moléculas, pode formar outro tipo de ligação, conhecida como ligação dupla. Na ligação dupla, além de uma ligação s, há também uma ligação pi, p. Esse tipo de ligação está presente na molécula de eteno, C2H4. No eteno, cada átomo de carbono está ligado a três átomos. Pode- ríamos supor que apenas três dos orbitais semipreenchidos do carbono participassem da formação dessa ligação. Nesse caso, no entanto, continua a ocorrer uma hibridação, só que agora ela envolve apenas o orbital s e dois dos orbitais p, formando três novos orbitais de mesma energia denominados sp2 . O outro orbital p não participa da hibridação e o elétron que ocupa esse orbital perma- nece com a mesma energia que apresentava anteriormente. Assim, cada carbono tem a possibilidade de fazer três ligações covalentes do tipo s e uma ligação covalente do tipo p, que vai constituir a segunda das ligações que formam a dupla ligação presente no carbono. Ilustrações: Avits/Arquivo editora Figura 1.10 Formação das ligações sigma na molécula de metano. Figura 1.11 Formação das ligações sigma na molécula de etano. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 24 4/8/13 9:19 AM
  • 27. 25 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Portanto, cada átomo de carbono na molécula de eteno apresenta: • 2 ligações s formadas a partir da sobreposição frontal de orbital sp2 do carbono e orbital s do hidrogênio; • 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbitais sp2 dos carbonos – esta é uma das ligações da dupla ligação; • 1 ligação p formada a partir da superposição lateral de orbitais p – esta é a segunda ligação da dupla ligação. A figura abaixo mostra representações para a distribuição eletrô- nica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativado e no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp2 . estado fundamental 1s2 2s2 2p2 estado ativado 1s2 2s1 2p3 estado híbrido 1s2 sp2 p A ligação covalente formada pela interpenetração frontal dos orbi- tais sp2 – no caso de uma ligação entre dois átomos de carbono, como na molécula de eteno – é uma ligação s. Em todas as situações em que o carbono participa de ligações duplas, esse modelo propõe a formação de orbitais sp2 resultante de hibridação. No caso da ligação s com os áto- mos de hidrogênio, o que ocorre é uma sobreposição frontal entre um orbital sp2 do átomo de carbono e um orbital s, do átomo de hidrogênio. No caso da ligação dupla entre os átomos de carbono, uma das ligações é do tipo s, resultante da interpenetração dos orbitais sp2 e a outra é uma ligação p, resultante da formação de uma nuvem eletrônica abaixo e acima do plano formado pela ligação s. Essa ligação é formada a partir dos orbitais p dos átomos de carbono. A formação dessas ligações, do tipo s e p, para o eteno, está representada na figura a seguir. C 120o H p sp2 H H H C H H H H C C s p sobreposição dos orbitais sp2 e p ligação p Um outro composto de carbono e hidrogênio, o etino, C2H2, apresenta uma ligação tripla entre os átomos de carbono. Nessa mo- lécula, cada átomo de carbono está ligado a dois átomos diferentes e, portanto, apenas dois dos orbitais semipreenchidos do carbono Figura 1.12 Diagramas que representam a distribuição dos elétrons do átomo de carbono nos subníveis, nos estados fundamental, ativado e híbrido sp2 . Avits/Arquivo da editora Figura 1.13 Formação das ligações s e p na molécula de eteno.
  • 28. 26 participam da formação dessas ligações. Os outros dois orbitais p vão participar da formação de duas ligações p, resultantes da forma- ção de uma nuvem eletrônica abaixo e acima do plano formado pela ligação s – umas das ligações p – e outra nuvem eletrônica atrás e na frente da do plano formado pela ligação s. Na ligação s, por outro lado, a hibridação envolve apenas o orbi- tal s e um dos orbitais p, formando dois novos orbitais de mesma ener- gia, denominados orbitais sp. Os dois outros orbitais p não participam da hibridação e os elétrons nesses orbitais permanecem com a mesma energia que apresentavam anteriormente. Eles vão ser responsáveis pela formação das ligações p. A formação dessas duas ligações p e da ligação s, para o etino, está representada na figura a seguir. C H C C C ligação ␲ ligação ␲ py py pz pz H H H ␴ Assim, cada carbono no etino tem a possibilidade de fazer duas ligações covalentes simples e duas ligações duplas: • 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbital sp do carbono e orbital s do hidrogênio; • 1 ligação s formada a partir da sobreposição frontal de orbitais sp dos carbonos; • 2 ligações p formadas a partir da superposição lateral de orbitais p. A figura a seguir mostra representações para a distribuição ele- trônica do átomo de carbono no estado fundamental, no estado ativado e no estado no qual os orbitais s e p estão como híbridos sp. estado fundamental 1s2 2s2 2p2 estado ativado 1s2 2s1 2p3 estado híbrido 1s2 sp p p A sobreposição lateral de orbitais p é menos eficiente do que a sobreposição frontal dos orbitais, sejam eles sp, sp2 ou sp3 . Assim, as ligações p são mais fracas do que as ligações s. Dessa forma é necessá- rio mais energia para promover a quebra de ligações sigma do que para promover a quebra de ligações pi. Avits/Arquivo da editora Figura 1.14 Formação das ligações s e p na molécula de etino. Figura 1.15 Diagramas que representam a distribuição dos elétrons do átomo de carbono nos subníveis, nos estados fundamental, ativado e híbrido sp.
  • 29. 27 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Questões Q13. Considerandoomodeloatualparaoátomo,comosepodeconceber um orbital? Q14. O orbital 1s pode ser representado como uma esfera com o cen- tro no núcleo do átomo, como vemos na figura ao lado. Por que a nuvem eletrônica é representada de forma mais densa no cen- tro da esfera? Q15. Que características apresentam os orbitais p? Q16. Faça a distribuição dos elétrons seguindo os princípios descri- tos no texto para os átomos de: a) boro; b) nitrogênio; c) flúor. Q17. Utilizando a ideia de hibridação discutida no texto, explique como é possível compreender que o CH4 exista de forma estável. Q18. O que é uma ligação sigma (s)? Q19. O que é uma ligação pi (p)? Q20. Descreva as ligações existentes na molécula de eteno. Q21. Descreva as ligações existentes na molécula de etino. Q22. Considere os arranjos de balões feitos na Atividade 1. Estabeleça a corres- pondência entre tais arranjos e o arranjo dos orbitais sp3 , sp2 e sp que estu- damos no texto anterior. Justifique sua resposta. texto 5 Geometria molecular e moléculas orgânicas Quando você e seu grupo amarraram os balões na Atividade 1, foi possível observar que eles ficaram arranjados de tal forma que se afastaram o máximo possível um do outro. Na primeira situação você amarrou dois balões que adquiriram um arranjo que chamamos de geo- metria linear, pois os dois balões estão dispostos ao longo de uma li- nha imaginária, guardando um ângulo de 180º entre si. Quando você amarrou três balões, eles ficaram organizados em um plano numa con- figuração que denominamos geometria trigonal plana, pois todos os balões estão no mesmo plano, guardando um ângulo de 120º entre si. Finalmente no terceiro arranjo, com quatro balões, a configuração é conhecida como geometria tetraédrica, pois os balões estão distribuí- dos ao longo dos vértices de um tetraedro. nuvem eletrônica probabilidade c r Figura 1.16 Diagrama da função de onda (y) em função do raio da esfera (r) para o orbital 1s. Ilustrações: Avits/Arquivo da editora Não escreva no livro. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 27 4/8/13 9:19 AM
  • 30. 28 A figura a seguir mostra os arranjos dos balões nas três situações: Fotos: Sérgio Dotta Jr/Arquivo da editora Podemos fazer uma analogia dos balões de aniversário com os pa- res de elétrons existentes ao redor do átomo central em uma molécula. Do mesmo modo que os balões adquirem um arranjo geométrico no qual estão mais afastados um do outro, os pares de elétrons existen- tes ao redor do átomo central de uma molécula também tenderão a se afastar ao máximo uns dos outros. Isso está relacionado ao fato de pos- suírem carga de mesmo sinal (negativa) e, portanto, se repelirem mu- tuamente. O formato dos orbitais sp3 não é equivalente àquele dos orbitais s ou p não híbridos. Os dois lóbulos de um orbital híbrido não são si- métricos. nó Os quatro orbitais sp3 formam, idealmente, um ângulo de 109,5º entre si, uma vez que se orientam ao longo dos vértices de um tetrae- dro regular. No caso do metano teríamos um tetraedro com o átomo de carbono ao centro e os quatro átomos de hidrogênio nos vértices do tetraedro. H H H H C C Figura 1.17 Orientação espacial dos balões de látex. Na primeira situação estão amarrados dois balões, na segunda estão amarrados três balões e, na terceira situação, estão amarrados quatro balões. Figura 1.18 Formato geral de um orbitais híbrido. Neste orbital, por exemplo, o lobo positivo (mais escuro) é considerado maior que o negativo. Figura 1.19 Orientação espacial dos orbitais sp3 . Os lóbulos dos orbitais sp3 são orientados ao longo dos vértices do tetraedro. Ilustrações: Avits/Arquivo da editora Figura 1.20 Orientação espacial dos orbitais na molécula de metano. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 28 4/8/13 9:19 AM
  • 31. 29 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Já os três orbitais sp2 orientam-se no espaço de acordo com uma geometria trigonal planar, ou seja, todos se encontram no mesmo plano e o ângulo entre esses orbitais é de 120º. 120o O orbital que não participa da hibridação fica orientado perpen- dicularmente ao plano que contém os três orbitais sp2 . Os dois carbonos estão ligados por uma dupla ligação. Uma dessas duas ligações é covalente, uma ligação s. A outra dessas duas ligações é formada por orbitais p desses carbonos – perpendiculares ao plano da molécula – que se sobrepõem, formando a ligação p, que também é uma ligação covalente. A figura 1.22 é uma representação para a orientação espacial e para os tipos de ligação formados na molécula de eteno. H H H H sigma sp2 -sp2 pi sigmasp 2 -s C C Os dois orbitais sp do carbono estão orientados ao longo de um mesmo eixo, mas em direções opostas. O ângulo entre esses orbitais é de 180º. Os orbitais que não participam da hibridação ficam orientados perpendicularmente ao plano que contém os três orbitais sp. No etino formam-se duas ligações p. A figura a seguir é uma representação para a orientação espacial das ligações no etino. ␲ etino H C C H ␲ H ␴ sp-s H ␴ sp-s ␴ sp-sp C C Ilustrações: Avits/Aquivo da editora Figura 1.21 Orientaçãoespacialdosorbitaissp2 . Figura 1.22 Orientação espacial dos orbitais na molécula de eteno. Figura 1.23 Orientação espacial dos orbitais sp. Figura 1.24 Orientação espacial dos orbitais na molécula de etino. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 29 4/8/13 9:19 AM
  • 32. 30 texto 6 um pouco sobre a nomenclatura dos compostos orgânicos A nomenclatura dos compostos orgânicos segue regras muito sim- ples, definidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (conhecida pela sigla inglesa Iupac). Na nomenclatura Iupac são utiliza- dos prefixos que designam quantos átomos de carbono existem na ca- deia principal da molécula. Os sufixos indicam a que função orgânica pertence a substância, e os números mostram a posição dessas funções ou dos grupos que substituem os hidrogênios. A numeração é sempre feita na cadeia carbônica principal e começa na extremidade da cadeia mais próxima ao grupo funcional. É escolhida como cadeia principal, a ser numerada, a mais longa que contenha o grupo funcional. Vamos re- tomar a fórmula do 2,3-dimetil-2-buteno para exemplificar essas regras: CH3 CH3 1 2 3 4 C C CH3 CH3 Note que, nesse caso, como a dupla ligação está situada no meio da cadeia numerada, não faz diferença começar a numerar da esquer- da para a direita ou da direita para a esquerda. Como a cadeia mais longa que contém o grupo funcional – nesse caso uma dupla ligação, características do alqueno – possui quatro átomos de carbono, o pre- fixo usado para dar nome ao composto é but. Como a função é um alqueno, o sufixo usado para o nome do composto é eno. Daí chega-se ao nome buteno, que resulta da junção do prefixo but – para quatro carbonos – com o sufixo eno – para os alquenos. O número 2 imediatamente antes do nome buteno indica a posição do carbono de menor número que contém esse grupo fun- cional, no caso a dupla ligação, que está entre os carbonos 2 e 3. As ramificações ligadas à cadeia principal são designadas nesse caso por metil, que é o nome do grupo –CH3. Os números 2 e 3 antes da palavra dimetil indi- cam que esses grupos estão ligados aos car- bonos 2 e 3. O prefixo di, em dimetil, indica que são dois desses gru- pos substituindo os áto- mos de hidrogênio. No quadro ao lado apresentamos os prefi- xos usados para cadeias carbônicas contendo de 1 a 5 átomos: Quadro 1.3 Prefixos usados para cadeias de 1 a 5 átomos. Nome do prefixo N- º de átomos de C Exemplo da cadeia met 1 C et 2 C C prop 3 C C C but 4 C C C C pent 5 C C C C C Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 30 4/8/13 9:19 AM
  • 33. 31 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Essa lógica prossegue para cadeias maiores com o uso dos prefi- xos hex, hept, oct, non e dec para cadeias de 6, 7, 8, 9 e 10 átomos respectivamente, e assim por diante. São três os menores grupos, que fazem parte da classe de grupos alquila e são suficientes para lidar com as moléculas mais simples. Esses grupos podem ser formalmente considerados como deriva- dos do alcano correspondente pela perda de um átomo de hidrogênio. Assim, o metano (CH4), pela perda de um átomo de hidrogênio origina o grupo metil (–CH3). Grupos alquila são aqueles derivados dos hidrocarbonetos alifáticos. O grupo mais comum derivado de um hidrocarboneto aromático é o grupo fenila, que pode ser formalmente considerado derivado do benzeno pela perda de um átomo de hidrogênio. Quanto ao sufixo, para as funções que já conhecemos usamos ano para os alcanos, eno para os alquenos e ino para os alquinos. Vimos tam- bém que para o grupo amina é utilizado o próprio nome amina como sufixo. À medida que formos estudando outras funções orgânicas neste capítulo, explicitaremos os sufixos correspondentes. texto 7 a representação das moléculas orgânicas: os alcanos Para entendermos um pouco mais as representações das molécu- las de substâncias orgânicas, vamos tomar dois exemplos de substân- cias constituídas por moléculas com apenas átomos de carbono e os correspondentes átomos de hidrogênio. Por conterem apenas esses átomos, essas substâncias pertencem à função orgânica denominada hidrocarboneto. O butano, um dos constituintes do gás de cozinha, de fórmula molecular C4H10, poderia ser representado como: CH3 CH2 CH2 CH3 Essa representação, no entanto, não nos fornece qualquer infor- mação sobre como os átomos estão distribuídos no espaço. Se repre- sentarmos a mesma molécula usando o artifício de omitir os átomos de carbono e hidrogênio, ganhamos em informação sobre a distribuição dos átomos no espaço. Veja a figura 1.26. Note que, nessa representação, cada ponta dos traços representa- dos indica a presença de um átomo de carbono, ligado aos seus respec- tivos hidrogênios. É simples calcular o número de átomos de hidrogênio, pois a valência do carbono é igual a quatro nos compostos orgânicos. Isso significa que cada átomo de carbono deve estar partici- pando de quatro ligações químicas com os átomos vizinhos. Figura 1.25 Grupo fenila, que pode ser representado por – C6H5. Figura 1.26 Representação da molécula do butano omitindo os átomos de carbono e hidrogênio. Nome Grupo metil – CH3 etil – CH2 – CH3 propil – CH2 – CH2 – CH3 Quadro 1.4 Prefixos utilizados para grupos originados de alcanos pela perda de um átomo de hidrogênio. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 31 4/8/13 9:19 AM
  • 34. 32 No caso dessa classe específica de hidrocarbonetos exemplifica- da pelo butano, basta observar a quantos outros átomos de carbono cada átomo de carbono está ligado e adicionar o número de hidrogê- nios suficiente para perfazer quatro ligações. Note que, no caso do bu- tano, os dois átomos de carbono da extremidade da cadeia estão ligados a apenas um outro átomo de carbono. Dessa forma, cada um estará li- gado a mais três átomos de hidrogênio. Já os dois átomos de carbono situados no meio da cadeia se ligam a dois outros átomos de carbono. Dessa forma, cada um desses dois átomos estará ligado a mais dois átomos de hidrogênio. É assim que chegamos à seguinte representação: CH3 CH2 CH2 CH3 O butano faz parte do conjunto de hidrocarbonetos conhecidos como alcanos. Alcanos são hidrocarbonetos que apresentam átomos de carbono participando apenas de ligações simples com outros átomos de carbono. Em todos os alcanos, os átomos de carbono, por participarem apenas de ligações simples, apresentam geometria tetraédrica. Isso sig- nifica que, considerando o átomo de carbono no centro de um tetraedro, cada um dos átomos ligados a esse átomo está localizado nas extremida- des desse tetraedro. O valor do ângulo entre essas ligações é de 109,5º. Note que, nessa representação, as duas linhas comuns estão situa- das no mesmo plano – o plano definido pela folha do papel –, enquan- to a linha tracejada está “entrando” para esse plano e a linha mais grossa está “saindo” desse plano. Veja a figura 1.27. atividade 2 a estrutura das moléculas orgânicas e os orbitais – II A estrutura das moléculas orgânicas nem sempre é de fácil visua- lização. Nesta atividade vocês vão construir as estruturas de moléculas utilizando massa de modelar para facilitar a compreensão do arranjo espacial dos orbitais das moléculas. Materiais Massa de modelar (ou bolinhas de poliestireno), palitos de dente. O que fazer A7 Construam um modelo para a molécula de metano (CH4) usando massa de modelar (ou bolinhas de poliestireno) e palitos de dente. A8 Apartirdosmodelosdasmoléculasdemetanoquevocêsfizeram,construam, comamassademodelar,ummodeloparaamoléculaden-butano(C4H10). A9 Construam, ainda com a massa de modelar, um modelo para a molécula de 2-metil-propano (C4H10). Figura 1.27 Representação tetraédrica para os carbonos que participam apenas de ligações simples. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 32 4/8/13 9:19 AM
  • 35. 33 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Questões Q23. Qual é a principal diferença entre os modelos construídos em A8 e A9? Q24. Que tipo de ligação química existe entre os átomos de carbono na molécula de n-butano? No modelo que vocês construíram é possível girar os átomos de carbono em torno da ligação? Q25. A figura ao lado apresenta as variações de energia potencial, devido à rotação sobre a ligação C2 – C3 de uma molécula de n-butano. As representações para as moléculas são conhecidas como proje- ções de Newman. Nessa representação destaca-se, no caso do n-butano, a liga- ção C2 – C3, pois este destaque permite evidenciar o que ocorre com os grupos que estão ligados a esses átomos quan- do ocorre o giro dos átomos em torno da ligação. A essas diferentes configura- çõesqueamoléculapodeassumirdá-se o nome de conformações. a) Quais as formas mais estáveis para o n-butano? Justifiquem. b) Que características têm as formas menos estáveis que promovem o aumento da energia potencial da molécula? texto 8 Propriedades físicas dos alcanos Os alcanos de até quatro átomos de carbono são gases à tempera- tura ambiente. Vamos agora comparar as temperaturas de fusão e de ebulição desses compostos com compostos de massas molares seme- lhantes, por exemplo, a água e a acetona. Substância Fórmula molecular Massa molar (g/mol) Temperatura de fusão (ºC) Temperatura de ebulição (ºC) metano CH4 16 183 162 etano C2H6 30 172 88,5 propano C3H8 44 187 42 n-butano C4H10 58 138 0 acetona C3H6O 58 94 56 água H2O 18 0 100 Handbook of Chemistry and Physics. 79. ed. Florida: CRC Press, 1998. CH3 CH3 escalonada CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 escalonada anti 3,4kJ 14,2kJ 18,4-25,5kJ rotação energia potencial Figura 1.28 Variações de energia potencial devido à rotação sobre a ligação C2 –C3 do n-butano. Quadro 1.5 Temperaturas de fusão e de ebulição de alguns compostos e suas respectivas massas molares.
  • 36. 34 Questões Q26. O que você observa quando compara as tempera- turas de fusão e ebulição para o n-butano e a ace- tona? Q27. ExpliqueoquefoiobservadoemQ26considerando a massa molar e os tipos de interações intermole- cularesexistentesemcadaumadassubstâncias. Q28. Oquevocêobservaquandocomparaastempera- turasdefusãoeebuliçãoparaoetanoeaágua? Q29. ExpliqueoquefoiobservadoemQ28considerando a massa molar e os tipos de interações intermole- cularesexistentesemcadaumadassubstâncias. Q30. Oquevocêobservaquandocomparaastempera- turasdefusãoeebuliçãoparaacetonaeágua? Q31. ExpliqueoquefoiobservadoemQ30considerando a massa molar e os tipos de interações intermole- cularesexistentesemcadaumadassubstâncias. Como se pode observar, as moléculas dos alcanos apresentam apenas interações intermoleculares do tipo Van der Waals. Como essas interações são fracas, as temperaturas de fusão e ebulição dos alcanos são relativamen- te baixas. Assim, os alcanos de cadeia linear constituídos por até quatro átomos de carbono são gases; os constituídos por cinco átomos de carbono até 18 são líquidos; e, a partir de 18, são sólidos à temperatura ambiente. Quando comparamos as temperaturas de fusão e ebulição dos al- canos com a acetona, observamos que para a mesma massa molar os valores para a acetona são maiores do que para o n-butano. Isso pode ser explicado já que na acetona há um grupo carbonila, o que confere à mo- lécula a possibilidade de estabelecer interações intermoleculares do tipo dipolo-dipolo permanente, que são mais intensas do que as intera- ções de Van der Waals presentes nos alcanos (figura 1.29). Já quando comparamos o etano e a água, observamos diferença semelhante. Os valores de temperatura de fusão e ebulição para a água são bem maiores que os valores para o etano. Nesse caso, a diferença se deve à possibilidade que a água tem de estabelecer ligações de hidrogê- nio entre suas moléculas. Essas interações são ainda mais fortes que aquelas presentes na acetona, o que fica claro quando comparamos os dados de temperaturas de fusão e ebulição para a água e a acetona. Vamos analisar agora alcanos que possuem a mesma massa molar e temperaturas de fusão e ebulição diferentes. Veja o quadro 1.6: Substância Fórmula molecular Fórmula estrutural Temperatura de fusão (ºC) Temperatura de ebulição (ºC) hexano C6H14 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 295,3 68,7 2,2-dimetil- -butano C6H14 CH3 CH3 CH3 CH2 C CH3 299,0 49,7 heptano C7H16 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 290,6 98,5 2,2-dimetil- -pentano C7H16 CH3 CH3 CH3 CH2 C CH2 CH3 2123,8 79,2 octano C8H18 CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 256,8 125,6 2,2-dimetil- -hexano C8H18 CH3 CH3 CH3 CH2 C CH2 CH2 CH3 2121,1 106,8 C O Figura 1.29 Representação para a carbonila. Nela observamos a ligação dupla entre os átomos de carbono e oxigênio. Quadro 1.6 Temperaturas de fusão e ebulição para algumas substâncias e suas fórmulas estruturais. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 34 4/8/13 9:19 AM
  • 37. 35 A químicA dAs drogAs e medicAmentos e As funções orgânicAs capítulo 1 1 Questões Q32. Considerando os alcanos de mesma fórmula molecular, que diferença exis- te entre as estruturas de cada par? Q33. Oquevocêpodedizeremrelaçãoàstemperaturasdefusãoeebuliçãopara cada par de substâncias de mesma fórmula molecular? Q34. Explique a diferença de valores observados em Q33 utilizando o modelo de interações intermoleculares. No quadro 1.6, listamos três pares de substâncias orgânicas com a mesma fórmula molecular e, portanto, de mesma massa molar. Cada par continha um composto com cadeia linear (sem ramificações) e ou- tro com cadeia ramificada. Em cada par, os compostos de cadeia linear têm temperaturas de fusão e ebulição maiores do que os de cadeia ramificada. Pode-se ex- plicar esse fato admitindo-se que a superfície de contato é menor entre as cadeias ramificadas quando comparadas às cadeias normais. Os hidrocarbonetos apresentam, entre suas moléculas, apenas interações de Van der Waals. O fato de que essas interações dependam da superfície de contato entre as moléculas é observável para um gran- de número de substâncias orgânicas. Como as cadeias orgânicas de hidrocarbonetos com uma mesma massa molar podem ser mais ou me- nos ramificadas, a comparação entre suas temperaturas de fusão e ebu- lição evidencia esse fato. Os alcanos são solúveis em solventes apolares, como éter, benze- no e clorofórmio, e insolúveis em água e outros solventes polares. Um material constituído por alcanos muito utilizado em nossa so- ciedade é a gasolina. Ela é composta por uma mistura constituída princi- palmente por octanos, que são alcanos com oito átomos de carbono nas suas moléculas. A gasolina é insolúvel em água, mas solubiliza o etanol (álcool etílico, C2H5OH). No entanto, se agitarmos em uma proveta água e gasolina, o etanol passará para a fase da água. Isso pode ser explicado pelo fato de o etanol ter uma parte de sua molécula semelhante à dos hidrocar- bonetos e, portanto, interagindo com a gasolina. O grupo OH presente no etanol possibilita que ele seja mais solúvel na água do que na gasolina. texto 9 alquenos e a isomeria cis-trans Discutimos anteriormente a geometria de moléculas como o me- tano, o eteno e o etino. Vejamos agora o exemplo do 2-buteno, de fór- mula molecular C4H8. Se escrevermos a fórmula dessa molécula representando todos os átomos de carbono e hidrogênio, teremos: CH3 CH CH CH3 Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 35 4/8/13 9:19 AM
  • 38. 36 Essa representação, como já comentamos, não nos fornece qual- quer informação sobre a geometria da molécula, ou seja, a distribuição de seus átomos no espaço. Se representarmos a mesma molécula usando o artifício de omi- tir os átomos de carbono e hidrogênio, é realçada a informação sobre a distribuição dos átomos no espaço. Nesse caso, como a ligação du- pla entre carbonos não pode girar em torno de seu eixo, é possível existir duas estruturas diferentes. Assim, temos o cis-2-buteno, no qual os dois grupos –CH3 estão no mesmo lado, considerando-se os dois lados – o de cima e o de baixo – definidos pela ligação dupla. No trans-2-buteno, os dois grupos –CH3 estão em lados opostos (figura 1.30). A possibilidade da existência de mais de uma fórmula estrutural para a mesma fórmula molecular é conhecida como isomeria. O fato de que os átomos de uma molécula se distribuem de forma diferente no espaço pode conferir propriedades físicas e quí- micas diferentes a compostos que são isômeros entre si. Compostos isômeros têm a mesma fórmula molecular e diferentes fórmulas estruturais. Essas diferenças podem ser bem acentuadas caso os dois compostos apresentem isomeria de função. Neste caso estão, por exemplo, o etanol e o éter dimetílico, que pertencem a duas funções orgânicas diferentes e por isso apresentam propriedades físicas e químicas bem diferentes. No caso da chamada isomeria de posição, a diferença está na posi- ção do grupo funcional nas moléculas dos isômeros. Por exemplo, o 1-bu- teno é isômero de posição do 2-buteno e a diferença entre eles está na posição da dupla ligação, situada entre os carbonos 1 e 2, no caso do 1-buteno. A diferença entre suas propriedades físicas e químicas não é tão acentuada como no caso da isomeria de função. Em outros casos, como na isomeria cis-trans e na isomeria ópti- ca, também chamada de estereoisomeria, a diferença é apenas na con- figuração espacial dos grupos e as diferenças entre as propriedades físicas e químicas de um par de isômeros podem não ser tão acentua- das e se restringir a apenas algumas propriedades físicas e químicas. Quando estão envolvidas substâncias com atividade farmacoló- gica − como drogas e medicamentos –, as diferenças na configuração espacial dos grupos podem, no entanto, ser fundamentais, com um dos isômeros podendo apresentar atividade biológica e o outro, não. Um bom exemplo é a talidomida. Como é um sedativo leve, pode ser utilizado no tratamento das náuseas, muito comuns no período inicial da gravidez. Quando foi lançado como medicamento no merca- do, o produto continha uma mistura de seus dois isômeros ópticos, a R-talidomida e a S-talidomida. O que não se sabia, à época, era que o isômero S tinha atividade teratogênica, que leva à má-formação congê- nita e afeta principalmente o desenvolvimento dos braços e das pernas do bebê. Essa mesma atividade não é observada no isômero R, que age cis-2-buteno trans-2-buteno Figura 1.30 Estruturas possíveis para o 2-buteno. Mortimer_Quimica_V3_PNLD2015_012a087.indd 36 4/8/13 9:19 AM