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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

Economia Política da Comunicação e Consumo: uma perspectiva sobre o mercado
de televisão por assinatura no Brasil1
Ricardo Vernieri de ALENCAR2
Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI

RESUMO
Este estudo teve como objetivo levantar informações sobre a cadeia de valor da
indústria cultural da Tv por assinatura no Brasil sob a perspectiva da economia política
da comunicação, tendo como objeto de estudo a Tv por assinatura no Brasil e suas
relações com o consumidor deste tipo de serviço. Para a realização do estudo foi
aplicada a pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se dados secundários, com a
intenção de levantar informações que auxiliem em um estudo mais aprofundado sobre
as relações de consumo na indústria cultural da Tv por assinatura.
PALAVRAS-CHAVE: economia política; comunicação; mercado; televisão; consumo.

Introdução
Este artigo tem por finalidade levantar reflexões (indagações) sob o mercado de
televisão paga no Brasil tendo como arcabouço teórico a economia política da
comunicação e sua visão crítica. Portanto, procurou-se pesquisar a estrutura de mercado
que envolve a televisão por assinatura no Brasil, seu modelo, características e
estratégias, por meio da observação e analise de sua cadeia de valor (produção –
distribuição – consumo) tendo um olhar crítico a manutenção de um tipo de estrutura de
mercado que privilegia monopólios e oligopólios e de certa forma tenta criar
consumidores passivos com pouco senso analítico da realidade que os cerca.
O fenômeno abordado por este artigo vem a ser a economia política da
comunicação, tendo como objeto de estudo o mercado de televisão por assinatura no
Brasil, observando a sua característica predominantemente capitalista e oligopolista na
oferta dos conteúdos midiáticos, resultante de sua cadeia de valor, voltada
prioritariamente a maximização do lucro dos atores envolvidos no processo de produção
e distribuição dos produtos comunicacionais.
O atual cenário da televisão digital é muito diferente da época em que houve a
sua implantação no país, por volta dos anos 50 do século passado.3 Tanto a estrutura de

1

Trabalho apresentado no GP Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura do XI Encontro dos Grupos
de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2
Professor do Curso de Administração da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, email: vernieri09@gmail.com

1
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XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

mercado, como a cadeia de valor modificaram-se em grande parte por conta da evolução
natural do processo de inovação tecnológica, com também pelo do aumento do fluxo de
negócios dos grupos de organizações transnacionais. Pode-se dizer que a estrutura de
mercado da televisão digital no Brasil esta na fase da multiplicidade da oferta, estrutura
essa caracterizada por mudanças tecnológicas que envolvem a digitalização televisa.
Notadamente, o modelo comunicacional da Fase da Multiplicidade da Oferta destaca os
aspectos como: a prioridade da lógica da demanda em vez da lógica da oferta o que
permite aos consumidores finais do produto midiático a escolherem o seu mix de
programação impactando na produção e programação do conteúdo comunicacional;
aumento do gasto por pessoa no consumo de informação e entretenimento e uma
customização do consumo 4. Entendemos que a televisão por assinatura evoluiu pelo
ponto de vista neoliberal, porém, acreditamos que seu atual modelo contribui para a
concentração de poder nas mãos de poucos grupos organizacionais, criando barreiras a
novos entrantes, restringindo a oferta de informação à grande massa populacional, fato
este prioritário na formação e manutenção de uma sociedade pluralista e democrática.
Outro aspecto a ser considerado no âmbito da televisão por assinatura é o atual cenário
da convergência digital. Como afirma Sérgio Matos:
Nos últimos dez anos, o cenário das comunicações sofreu significativa
mudança estrutural devido ao desenvolvimento tecnológico que contribuiu
para o surgimento de um ambiente de convergência midiática a para a
produção de conteúdos multimídia. Isso foi possível graças ao
desenvolvimento da internet e da digitalização dos conteúdos de áudio, vídeo
e texto. Por meio da internet pode-se transportar, armazenar e redistribuir
produtos audiovisuais, dados e voz (VOIP – voz sobre protocolo de internet).
A convergência tecnológica permitiu uma mudança na relação entre as redes
de produtores e transmissores de conteúdos com os prestadores de serviços.
Antes, uma rede atuava como suporte para a prestação de um único serviço.
Agora, com o avanço da tecnologia, constata-se a tendência de uma mesma
rede oferecer mais de um serviço.5

A televisão por assinatura também esta inserida no processo de convergência
digital, disponibilizando produtos pelos seus vários tipos de convergências: a
3

SIMÕES, Denis, BITTENCOURT; Maíra. A televisão brasileira no processo de digitalização. In
BRITTOS, Valério (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010,
p.73.
4

BRITTOS, Valério Cruz (Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências Brasil e
Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009, p.22-23.
5

Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para
celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e
democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p.53-54.

2
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convergência setorial ou genérica, a convergência entre serviços; a convergência entre
redes e a convergência entre terminais.6 Contudo, sob á ótica do consumo, para ter
direito aos serviços ou benefícios disponíveis pelas operadoras, o consumidor deverá ter
um gasto com assinatura e em alguns casos, para usufruir de algum produto específico
da grade de programação da operadora que não esteja no seu “pacote” de serviços
contratados, ele terá que pagar adicionalmente por isso, o que termina gerando uma
“bola de neve”. É importante levarmos em consideração que a cadeia de valor dessa
indústria midiática desenvolve constantemente estratégias com o objetivo de criar
desejos em um consumidor pertencente a uma sociedade onde o consumo pode ser visto
como uma forma de status social.
Cadeia de valor no mercado de TV paga brasileiro
Embora tecnologia já nos proporcione o universo digital em quase todos os
sentidos, foi somente há partir de 2007 que TV digital passou a fazer parte oficialmente
da sociedade brasileira, porém, apenas 3% da população têm acesso a qualidade da TV
digital e bem menos ainda a TV digital paga. 7 Contudo, a disseminação da tecnologia da
convergência digital pelos produtores e distribuidores da cadeia de valor tenta criar de
forma desenfreada uma demanda da população por produtos e serviços baseados em
plataformas de convergência digital (informação, celular, TV, web, computador),
criando uma cultura digital de dependência.
O mercado de TV digital paga se desenvolve pela estrada já aberta desde o início
da implantação da TV no Brasil, portanto, pouco se alterou nesses anos quanto a novos
entrantes no mercado do audiovisual que compreende a TV brasileira, permanece a
mesma estrutura de mercado oligopolista, ou seja, poucos vendedores detendo as
maiores fatias do mercado, havendo, em contrapartida, um elevado número de

6

Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para
celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e
democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p.54.
7
Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para
celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e
democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p, 52.
3
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compradores, de forma que os vendedores exercem grande controle sobre os mercados,
portanto, é caracterizado pela forte barreira a novos entrantes. 8

Nossa observação e análise crítica sobre fenômeno pesquisado foi desenvolvida
tendo como área de estudo a cadeia de valor do mercado de televisão por assinatura no
Brasil. Como se comportam as estruturas responsáveis pela produção, distribuição e
consumo da televisão paga, tendo com princípios norteadores a economia política da
comunicação. Para Mosco:
A economia política da comunicação tem-se destacado pela sua preocupação
de descrever e observar a importância das formas estruturais responsáveis
pela produção, distribuição e troca dos produtos de comunicação e pela
regulação do mercado da comunicação.9

Segundo Sérgio Matos o desenvolvimento da televisão no Brasil pode ser
analisada por períodos, destacamos aqui os períodos da globalização e da televisão paga
(1999-2000) e o período da convergência e da qualidade digital (do ano 2000 em
diante).10 Durante esses dois períodos Brittos formula o conceito denominado Fase da
Multiplicidade da Oferta, que possui como aspectos formadores: (a) um maior número
de redes abertas de televisões disputando a mesma audiência; (b) a explosão de canais
por assinatura; (c) novos modelos de televisivos disponibilizados na internet; (d)
aumento da presença do capital transnacional; (e) ampliação da concorrência intramídia
e intermídia. 11 Como resultante deste cenário apresenta-se um mercado mais
competitivo para as operadoras de televisão. Verifica-se então que a estrutura do
mercado de televisão por assinatura apresenta um alto nível de competitividade, fazendo
com que os atores desse mercado busquem alternativas estratégicas, tanto para ampliar
seus negócios para outros segmentos de mercado, como para penetrar ainda mais em seu
mercado, desenvolvendo ações objetivando o aumento de participação no atual
mercado. Essas estratégias podem provocar dois tipos de crescimento dentro da

8

KALIKOSKE, Andres. Mercado latino-americano de televisão. In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv
digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p, 52.
9
MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e
sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, V. 12, ns. 1-2, 1992, p, 107.
10
MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 2002. p, 78-79.
11
BRITTOS, Valério Cruz(Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências Brasil e
Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009, p, 20.
4
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estrutura de mercado: o crescimento horizontal e o crescimento vertical dos negócios.
Como alternativa para a redução desse nível de competitividade entre os players as
organizações do setor de TV paga nos últimos anos vêm utilizando a estratégia da fusão
empresarial e ou compra participações acionárias entre si como forma de aumentar suas
participações no setor. Movimento este que pode resultar em uma concentração ainda
maior de poder das organizações que desenvolvem atividades de produção e
distribuição de recursos comunicacionais no mercado de televisão paga no Brasil, desta
forma, no nosso entendimento, contribuírem para a diminuição do nível de concorrência
no setor e como conseqüência dificultar a entrada de novos entrantes.
O consumo de TV paga no Brasil
Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, 465
municípios no Brasil são atendidos por serviços de TV por assinatura, sendo que,
somada a sua população desses municípios teremos mais de 90 milhões de habitantes
que podem ter acesso ao serviço, conforme quadro 1.
Quadro 1
Total de

%

População

%

municípios
465
Fonte:

Número de

%

domicílios
8,4

90.754.236
Portal

51,9
da

28.452.747
ANATEL

53,7
<

http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documentoVersionado.asp?numer
oPublicacao=251424&documentoPath=251424.pdf&Pub=&URL=/Portal/verificaDocu
mentos/documento.asp> Acesso em: 10 jul 2011.
Porém, segundo dados da Associação Brasileira de Tv por Assinatura – ABAT, 30
milhões de pessoas tem acesso a TV por assinatura no Brasil, segundo fonte da
ANATEL. O que nos dá a entender que existem atualmente 60 milhões de pessoas que
moram em áreas que possuem cobertura de TVs por assinatura, contudo não consomem
o serviço. Isso aparentemente releva que existe um grande potencial de mercado para o
crescimento da TV por assinatura no Brasil. Talvez esse dado nos esclareça melhor a
volúpia a qual as grandes organizações, que por hora integram e dominam o setor,

5
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XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

possuem em utilizar todas as ferramentas do capitalismo a fim de buscar aumentar a sua
hegemonia.
Descrevendo com maior profundidade o fenômeno estudado, verificamos conforme
dados da publicação Mídia Fatos por Assinatura da ABTA que o consumo de TV por
assinatura no Brasil apresenta uma forte penetração junto às classes sociais A e B da
população brasileira, conforme podemos ver no gráfico 1.

Gráfico 1

Fonte:

Ibope

Mídia

-

Media

Workstation

-

8

mercados

RJ+SP+BH+CTA+POA+DFE+CAM+FLO) - jan a dez/09 total de indivíduos com TV
por assinatura
O assinante ainda é o responsável por grande parte do faturamento das empresas
prestadoras de serviços de Tv por assinatura, segundo dados da ABTA no ano de 2009
os canais por assinatura faturaram R$ 9,83 bilhões obtendo um crescimento de 16% em
relação a 2008. A mesma publicação da ABTA informa que o crescimento do
faturamento publicitário bruto anual dos canais por assinatura cresceu algo em torno de
40%, chegando ao total em 2009 de R$ 822,90 milhões, conforme quadros 2 e 3.
Portanto verifica-se que a venda de espaços publicitários, embora ainda em
desvantagem em relação ao faturamento por assinatura, vem crescendo e ganhando
6
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importância nas estratégias de marketing das Tvs por assinatura, pois neste caso,
percebemos que o consumidor é visto como “moeda de troca” perante a venda de
espaços publicitários aos potenciais anunciantes. A intenção das operadoras de Tvs por
assinatura é mostrar aos potenciais anunciantes que o assinante possui um potencial
elevado de consumo e por isso anunciar na Tv paga é um bom negócio. Talvez essa seja
uma estratégia que venha a enfraquecer a lógica da Tv por assinatura, pois o que se
espera ao contratar esse tipo de serviço como assinante é obter um entretenimento de
qualidade e obter mais uma opção de entretenimento e conhecimento sem a necessidade
dos intervalos comerciais da televisão aberta. O que podemos observar é que o formato
da televisão por assinatura caminha para se igualar a da televisão aberta com a
vantagem (para o capital) de obterem a venda de assinatura como mais uma fonte de
receita. No nosso ponto de vista o lado do consumo na cadeia de valor da Tv por
assinatura tende a ficar em desvantagem, pois os interesses dos produtores e
intermediários (distribuidores) sempre vão prevalecer em um sistema de capitalismo
hegemônico.
Nesse sentido, entendemos que o produto final é algo oferecido a um mercado com
a finalidade de satisfazer seus “desejos” e “necessidades”. Contudo, nem sempre o
consumidor sabe o que precisa e deseja, ficando a mercê das estratégias de
mercadológicas da indústria da mídia.
Quadro 2
Ano

Faturamento (assinatura, pay-per-view,
venda de canais e serviços de internet) –
bilhões de Reais

2002

2,93

2003

3,46

2004

3,98

2005

4,66

2006

5,50

2007

6,70

2008

8,50

2009

9,83

7
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

Fonte:

Mídia

e

Fatos

Revista

Eletrônica

ABTA/2010

<

http://www.midiafatos.com.br/index.aspx> Acesso em: 10 de jul. 2011.

Quadro 3
Faturamento publicitário – milhões de

Ano

Reais
2002
2003

188,30

2004

303,80

2005

374,20

2006

529,90

2007

638,60

2008

802,71

2009
Fonte:

183,10

822,90

Mídia

e

Fatos

Revista

Eletrônica

ABTA/2010

<

http://www.midiafatos.com.br/index.aspx> Acesso em: 10 de jul. 2011.
O potencial das classes socioeconômicas C e D
Analisando-se o critério utilizado pela Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisas – ABEP, o Critério de Classificação Econômica Brasil – CCEB percebemos
que nos últimos anos as classes econômicas que mais cresceram foram justamente a C e
D respectivamente, o que representa cerca de 70 % da população brasileira o que pode
indicar que a indústria de Tv paga venha a desenvolver estratégias mercadológicas com
a finalidade de aumentar a demanda pelos serviços de televisão por assinatura nas
classes socioeconômicas C e D.
Gráfico 2

8
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

Fonte: Portal ABEP < http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=301>
Acesso em 10 de jul. 2011.
Ao observarmos algumas ações de mercado de operadoras de Tv por Assinatura
como a Sky e Embratel, verificamos que as mesmas já começam a oferecer pacotes de
programação específicos ao público das classes socioeconômicas C e D da população
brasileira, são pacotes de programação com preços mais baixos, com um número menor
de canais disponíveis e com apelo de programação mais popular. A atenção dos grandes
grupos de comunicacionais que prestam serviços de Tv por Assinatura talvez tenha sido
despertada pelo grande número de ligações clandestinas existentes nas maiores
metrópoles do Brasil e que são comercializadas geralmente pelo crime organizado. Um
fenômeno que de aparentemente revela o potencial de mercado dessa classe
socioeconômica.
Considerações conclusivas
A forma como consumimos informação passou do paradigma analógico para o
digital há alguns anos, essa evolução tecnológica proporciona a sociedade mais opções
de acesso à informação, contudo essa oferta ainda se mantém no controle das
organizações que integram a produção e a distribuição dessa cadeia de valor da
plataforma digital, ficando o consumo com o ser passivo em todo o processo, este que
em princípio deveria ser o principal beneficiário do sistema.

9
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
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A televisão digital por assinatura já é uma realidade no Brasil, embora o fenômeno
seja recente, o seu modelo de negócio parece ser bem conhecido, privilegiando as
grandes corporações da mídia nacional e internacional, globalizando o conteúdo e
desconfigurando as realidades locais. O consumidor é ainda visto como mero
coadjuvante no processo, as informações até então disponíveis sobre o consumo da tv
por assinatura no Brasil são em grande parte quantitativas, servindo para agregar apenas
dados estatísticos aos estudos de mercado dos seus produtores e distribuidores, essa
indústria cultural carece que um estudo em maior profundidade em relação ao valor
oferecido a população. O setor até então é dominado pela economia de mercado, não
sendo tratado como política pública de comunicação pelo Estado e sim como uma
questão de política de Governo, percebe-se que os grandes beneficiados continuam
sendo as corporações midiáticas que vem dominando o setor há décadas.
Todo esse cenário fortalece a necessidade de um estudo na perspectiva da economia
política da comunicação, investigando as relações de poder existentes na cadeia de valor
da indústria cultural da Tv por assinatura no Brasil e suas contribuições a um modelo de
comunicação democrática que venha a somar para a melhoria da qualidade de vida de
toda a sociedade.
Referências bibliográficas
BOLAÑO, César (Org.). Comunicação e a crítica da economia política: perspectivas
teóricas e epistemológicas. São Cristovão: Editora UFS, 2008.
_______, Valério Cruz(Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências
Brasil e Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009.
________, Valério Cruz (Org.). Digitalização e práticas sociais.São Leopoldo: Editora
Unisinos, 2009.
BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São
Leopoldo: UNISINOS, 2010.
HAUSSEN, Doris Fagundes; BRITTOS, Valério Cruz (Orgs.). Economia política,
comunicação e cultura: aportes teóricos e temas emergentes na agenda política
brasileira. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.
MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e
política. 2. ed. Petrópolis:Vozes, 2002. p, 78-79.

10
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XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011

MELO, José Marques (Org.). O campo da comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes,
2008.
MÍDIA E FATOS REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
TELEVISÃO
POR
ASSINATURA,
São
Paulo.
Disponível
em:
<http://www.midiafatos.com.br/index.aspx>. Acesso em: 10 de jul. 2001.
MORAES, Dênis de (Org.). Mutações do visível: da comunicação de massa à
concentração em rede. Rio de Janeiro: Pão e Rosas, 2010.
MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral.
Comunicação e sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, V. 12, ns. 1-2, 1992, p, 97120.
PORTAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES, Brasília.
Disponível
em:
m:<http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documentoVersionado.asp?nu
meroPublicacao=251424&documentoPath=251424.pdf&Pub=&URL=/Portal/verificaD
ocumentos/documento.asp>. Acesso em: 10 jul 2011.
PORTAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA, São
Paulo.
Disponível
em:<http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=301>
Acesso em 10 de jul. 2011.

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Economia política da comunicação e consumo uma perspectiva sobre o mercado de televisão por assinatura no brasil

  • 1. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 Economia Política da Comunicação e Consumo: uma perspectiva sobre o mercado de televisão por assinatura no Brasil1 Ricardo Vernieri de ALENCAR2 Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI RESUMO Este estudo teve como objetivo levantar informações sobre a cadeia de valor da indústria cultural da Tv por assinatura no Brasil sob a perspectiva da economia política da comunicação, tendo como objeto de estudo a Tv por assinatura no Brasil e suas relações com o consumidor deste tipo de serviço. Para a realização do estudo foi aplicada a pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se dados secundários, com a intenção de levantar informações que auxiliem em um estudo mais aprofundado sobre as relações de consumo na indústria cultural da Tv por assinatura. PALAVRAS-CHAVE: economia política; comunicação; mercado; televisão; consumo. Introdução Este artigo tem por finalidade levantar reflexões (indagações) sob o mercado de televisão paga no Brasil tendo como arcabouço teórico a economia política da comunicação e sua visão crítica. Portanto, procurou-se pesquisar a estrutura de mercado que envolve a televisão por assinatura no Brasil, seu modelo, características e estratégias, por meio da observação e analise de sua cadeia de valor (produção – distribuição – consumo) tendo um olhar crítico a manutenção de um tipo de estrutura de mercado que privilegia monopólios e oligopólios e de certa forma tenta criar consumidores passivos com pouco senso analítico da realidade que os cerca. O fenômeno abordado por este artigo vem a ser a economia política da comunicação, tendo como objeto de estudo o mercado de televisão por assinatura no Brasil, observando a sua característica predominantemente capitalista e oligopolista na oferta dos conteúdos midiáticos, resultante de sua cadeia de valor, voltada prioritariamente a maximização do lucro dos atores envolvidos no processo de produção e distribuição dos produtos comunicacionais. O atual cenário da televisão digital é muito diferente da época em que houve a sua implantação no país, por volta dos anos 50 do século passado.3 Tanto a estrutura de 1 Trabalho apresentado no GP Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura do XI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Professor do Curso de Administração da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, email: vernieri09@gmail.com 1
  • 2. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 mercado, como a cadeia de valor modificaram-se em grande parte por conta da evolução natural do processo de inovação tecnológica, com também pelo do aumento do fluxo de negócios dos grupos de organizações transnacionais. Pode-se dizer que a estrutura de mercado da televisão digital no Brasil esta na fase da multiplicidade da oferta, estrutura essa caracterizada por mudanças tecnológicas que envolvem a digitalização televisa. Notadamente, o modelo comunicacional da Fase da Multiplicidade da Oferta destaca os aspectos como: a prioridade da lógica da demanda em vez da lógica da oferta o que permite aos consumidores finais do produto midiático a escolherem o seu mix de programação impactando na produção e programação do conteúdo comunicacional; aumento do gasto por pessoa no consumo de informação e entretenimento e uma customização do consumo 4. Entendemos que a televisão por assinatura evoluiu pelo ponto de vista neoliberal, porém, acreditamos que seu atual modelo contribui para a concentração de poder nas mãos de poucos grupos organizacionais, criando barreiras a novos entrantes, restringindo a oferta de informação à grande massa populacional, fato este prioritário na formação e manutenção de uma sociedade pluralista e democrática. Outro aspecto a ser considerado no âmbito da televisão por assinatura é o atual cenário da convergência digital. Como afirma Sérgio Matos: Nos últimos dez anos, o cenário das comunicações sofreu significativa mudança estrutural devido ao desenvolvimento tecnológico que contribuiu para o surgimento de um ambiente de convergência midiática a para a produção de conteúdos multimídia. Isso foi possível graças ao desenvolvimento da internet e da digitalização dos conteúdos de áudio, vídeo e texto. Por meio da internet pode-se transportar, armazenar e redistribuir produtos audiovisuais, dados e voz (VOIP – voz sobre protocolo de internet). A convergência tecnológica permitiu uma mudança na relação entre as redes de produtores e transmissores de conteúdos com os prestadores de serviços. Antes, uma rede atuava como suporte para a prestação de um único serviço. Agora, com o avanço da tecnologia, constata-se a tendência de uma mesma rede oferecer mais de um serviço.5 A televisão por assinatura também esta inserida no processo de convergência digital, disponibilizando produtos pelos seus vários tipos de convergências: a 3 SIMÕES, Denis, BITTENCOURT; Maíra. A televisão brasileira no processo de digitalização. In BRITTOS, Valério (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p.73. 4 BRITTOS, Valério Cruz (Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências Brasil e Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009, p.22-23. 5 Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p.53-54. 2
  • 3. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 convergência setorial ou genérica, a convergência entre serviços; a convergência entre redes e a convergência entre terminais.6 Contudo, sob á ótica do consumo, para ter direito aos serviços ou benefícios disponíveis pelas operadoras, o consumidor deverá ter um gasto com assinatura e em alguns casos, para usufruir de algum produto específico da grade de programação da operadora que não esteja no seu “pacote” de serviços contratados, ele terá que pagar adicionalmente por isso, o que termina gerando uma “bola de neve”. É importante levarmos em consideração que a cadeia de valor dessa indústria midiática desenvolve constantemente estratégias com o objetivo de criar desejos em um consumidor pertencente a uma sociedade onde o consumo pode ser visto como uma forma de status social. Cadeia de valor no mercado de TV paga brasileiro Embora tecnologia já nos proporcione o universo digital em quase todos os sentidos, foi somente há partir de 2007 que TV digital passou a fazer parte oficialmente da sociedade brasileira, porém, apenas 3% da população têm acesso a qualidade da TV digital e bem menos ainda a TV digital paga. 7 Contudo, a disseminação da tecnologia da convergência digital pelos produtores e distribuidores da cadeia de valor tenta criar de forma desenfreada uma demanda da população por produtos e serviços baseados em plataformas de convergência digital (informação, celular, TV, web, computador), criando uma cultura digital de dependência. O mercado de TV digital paga se desenvolve pela estrada já aberta desde o início da implantação da TV no Brasil, portanto, pouco se alterou nesses anos quanto a novos entrantes no mercado do audiovisual que compreende a TV brasileira, permanece a mesma estrutura de mercado oligopolista, ou seja, poucos vendedores detendo as maiores fatias do mercado, havendo, em contrapartida, um elevado número de 6 Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p.54. 7 Mattos, Sérgio. A televisão digital, a convergência, a produção e a distribuição de conteúdos para celulares e receptores móveis, In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p, 52. 3
  • 4. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 compradores, de forma que os vendedores exercem grande controle sobre os mercados, portanto, é caracterizado pela forte barreira a novos entrantes. 8 Nossa observação e análise crítica sobre fenômeno pesquisado foi desenvolvida tendo como área de estudo a cadeia de valor do mercado de televisão por assinatura no Brasil. Como se comportam as estruturas responsáveis pela produção, distribuição e consumo da televisão paga, tendo com princípios norteadores a economia política da comunicação. Para Mosco: A economia política da comunicação tem-se destacado pela sua preocupação de descrever e observar a importância das formas estruturais responsáveis pela produção, distribuição e troca dos produtos de comunicação e pela regulação do mercado da comunicação.9 Segundo Sérgio Matos o desenvolvimento da televisão no Brasil pode ser analisada por períodos, destacamos aqui os períodos da globalização e da televisão paga (1999-2000) e o período da convergência e da qualidade digital (do ano 2000 em diante).10 Durante esses dois períodos Brittos formula o conceito denominado Fase da Multiplicidade da Oferta, que possui como aspectos formadores: (a) um maior número de redes abertas de televisões disputando a mesma audiência; (b) a explosão de canais por assinatura; (c) novos modelos de televisivos disponibilizados na internet; (d) aumento da presença do capital transnacional; (e) ampliação da concorrência intramídia e intermídia. 11 Como resultante deste cenário apresenta-se um mercado mais competitivo para as operadoras de televisão. Verifica-se então que a estrutura do mercado de televisão por assinatura apresenta um alto nível de competitividade, fazendo com que os atores desse mercado busquem alternativas estratégicas, tanto para ampliar seus negócios para outros segmentos de mercado, como para penetrar ainda mais em seu mercado, desenvolvendo ações objetivando o aumento de participação no atual mercado. Essas estratégias podem provocar dois tipos de crescimento dentro da 8 KALIKOSKE, Andres. Mercado latino-americano de televisão. In BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p, 52. 9 MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, V. 12, ns. 1-2, 1992, p, 107. 10 MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. p, 78-79. 11 BRITTOS, Valério Cruz(Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências Brasil e Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009, p, 20. 4
  • 5. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 estrutura de mercado: o crescimento horizontal e o crescimento vertical dos negócios. Como alternativa para a redução desse nível de competitividade entre os players as organizações do setor de TV paga nos últimos anos vêm utilizando a estratégia da fusão empresarial e ou compra participações acionárias entre si como forma de aumentar suas participações no setor. Movimento este que pode resultar em uma concentração ainda maior de poder das organizações que desenvolvem atividades de produção e distribuição de recursos comunicacionais no mercado de televisão paga no Brasil, desta forma, no nosso entendimento, contribuírem para a diminuição do nível de concorrência no setor e como conseqüência dificultar a entrada de novos entrantes. O consumo de TV paga no Brasil Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, 465 municípios no Brasil são atendidos por serviços de TV por assinatura, sendo que, somada a sua população desses municípios teremos mais de 90 milhões de habitantes que podem ter acesso ao serviço, conforme quadro 1. Quadro 1 Total de % População % municípios 465 Fonte: Número de % domicílios 8,4 90.754.236 Portal 51,9 da 28.452.747 ANATEL 53,7 < http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documentoVersionado.asp?numer oPublicacao=251424&documentoPath=251424.pdf&Pub=&URL=/Portal/verificaDocu mentos/documento.asp> Acesso em: 10 jul 2011. Porém, segundo dados da Associação Brasileira de Tv por Assinatura – ABAT, 30 milhões de pessoas tem acesso a TV por assinatura no Brasil, segundo fonte da ANATEL. O que nos dá a entender que existem atualmente 60 milhões de pessoas que moram em áreas que possuem cobertura de TVs por assinatura, contudo não consomem o serviço. Isso aparentemente releva que existe um grande potencial de mercado para o crescimento da TV por assinatura no Brasil. Talvez esse dado nos esclareça melhor a volúpia a qual as grandes organizações, que por hora integram e dominam o setor, 5
  • 6. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 possuem em utilizar todas as ferramentas do capitalismo a fim de buscar aumentar a sua hegemonia. Descrevendo com maior profundidade o fenômeno estudado, verificamos conforme dados da publicação Mídia Fatos por Assinatura da ABTA que o consumo de TV por assinatura no Brasil apresenta uma forte penetração junto às classes sociais A e B da população brasileira, conforme podemos ver no gráfico 1. Gráfico 1 Fonte: Ibope Mídia - Media Workstation - 8 mercados RJ+SP+BH+CTA+POA+DFE+CAM+FLO) - jan a dez/09 total de indivíduos com TV por assinatura O assinante ainda é o responsável por grande parte do faturamento das empresas prestadoras de serviços de Tv por assinatura, segundo dados da ABTA no ano de 2009 os canais por assinatura faturaram R$ 9,83 bilhões obtendo um crescimento de 16% em relação a 2008. A mesma publicação da ABTA informa que o crescimento do faturamento publicitário bruto anual dos canais por assinatura cresceu algo em torno de 40%, chegando ao total em 2009 de R$ 822,90 milhões, conforme quadros 2 e 3. Portanto verifica-se que a venda de espaços publicitários, embora ainda em desvantagem em relação ao faturamento por assinatura, vem crescendo e ganhando 6
  • 7. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 importância nas estratégias de marketing das Tvs por assinatura, pois neste caso, percebemos que o consumidor é visto como “moeda de troca” perante a venda de espaços publicitários aos potenciais anunciantes. A intenção das operadoras de Tvs por assinatura é mostrar aos potenciais anunciantes que o assinante possui um potencial elevado de consumo e por isso anunciar na Tv paga é um bom negócio. Talvez essa seja uma estratégia que venha a enfraquecer a lógica da Tv por assinatura, pois o que se espera ao contratar esse tipo de serviço como assinante é obter um entretenimento de qualidade e obter mais uma opção de entretenimento e conhecimento sem a necessidade dos intervalos comerciais da televisão aberta. O que podemos observar é que o formato da televisão por assinatura caminha para se igualar a da televisão aberta com a vantagem (para o capital) de obterem a venda de assinatura como mais uma fonte de receita. No nosso ponto de vista o lado do consumo na cadeia de valor da Tv por assinatura tende a ficar em desvantagem, pois os interesses dos produtores e intermediários (distribuidores) sempre vão prevalecer em um sistema de capitalismo hegemônico. Nesse sentido, entendemos que o produto final é algo oferecido a um mercado com a finalidade de satisfazer seus “desejos” e “necessidades”. Contudo, nem sempre o consumidor sabe o que precisa e deseja, ficando a mercê das estratégias de mercadológicas da indústria da mídia. Quadro 2 Ano Faturamento (assinatura, pay-per-view, venda de canais e serviços de internet) – bilhões de Reais 2002 2,93 2003 3,46 2004 3,98 2005 4,66 2006 5,50 2007 6,70 2008 8,50 2009 9,83 7
  • 8. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 Fonte: Mídia e Fatos Revista Eletrônica ABTA/2010 < http://www.midiafatos.com.br/index.aspx> Acesso em: 10 de jul. 2011. Quadro 3 Faturamento publicitário – milhões de Ano Reais 2002 2003 188,30 2004 303,80 2005 374,20 2006 529,90 2007 638,60 2008 802,71 2009 Fonte: 183,10 822,90 Mídia e Fatos Revista Eletrônica ABTA/2010 < http://www.midiafatos.com.br/index.aspx> Acesso em: 10 de jul. 2011. O potencial das classes socioeconômicas C e D Analisando-se o critério utilizado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas – ABEP, o Critério de Classificação Econômica Brasil – CCEB percebemos que nos últimos anos as classes econômicas que mais cresceram foram justamente a C e D respectivamente, o que representa cerca de 70 % da população brasileira o que pode indicar que a indústria de Tv paga venha a desenvolver estratégias mercadológicas com a finalidade de aumentar a demanda pelos serviços de televisão por assinatura nas classes socioeconômicas C e D. Gráfico 2 8
  • 9. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 Fonte: Portal ABEP < http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=301> Acesso em 10 de jul. 2011. Ao observarmos algumas ações de mercado de operadoras de Tv por Assinatura como a Sky e Embratel, verificamos que as mesmas já começam a oferecer pacotes de programação específicos ao público das classes socioeconômicas C e D da população brasileira, são pacotes de programação com preços mais baixos, com um número menor de canais disponíveis e com apelo de programação mais popular. A atenção dos grandes grupos de comunicacionais que prestam serviços de Tv por Assinatura talvez tenha sido despertada pelo grande número de ligações clandestinas existentes nas maiores metrópoles do Brasil e que são comercializadas geralmente pelo crime organizado. Um fenômeno que de aparentemente revela o potencial de mercado dessa classe socioeconômica. Considerações conclusivas A forma como consumimos informação passou do paradigma analógico para o digital há alguns anos, essa evolução tecnológica proporciona a sociedade mais opções de acesso à informação, contudo essa oferta ainda se mantém no controle das organizações que integram a produção e a distribuição dessa cadeia de valor da plataforma digital, ficando o consumo com o ser passivo em todo o processo, este que em princípio deveria ser o principal beneficiário do sistema. 9
  • 10. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 A televisão digital por assinatura já é uma realidade no Brasil, embora o fenômeno seja recente, o seu modelo de negócio parece ser bem conhecido, privilegiando as grandes corporações da mídia nacional e internacional, globalizando o conteúdo e desconfigurando as realidades locais. O consumidor é ainda visto como mero coadjuvante no processo, as informações até então disponíveis sobre o consumo da tv por assinatura no Brasil são em grande parte quantitativas, servindo para agregar apenas dados estatísticos aos estudos de mercado dos seus produtores e distribuidores, essa indústria cultural carece que um estudo em maior profundidade em relação ao valor oferecido a população. O setor até então é dominado pela economia de mercado, não sendo tratado como política pública de comunicação pelo Estado e sim como uma questão de política de Governo, percebe-se que os grandes beneficiados continuam sendo as corporações midiáticas que vem dominando o setor há décadas. Todo esse cenário fortalece a necessidade de um estudo na perspectiva da economia política da comunicação, investigando as relações de poder existentes na cadeia de valor da indústria cultural da Tv por assinatura no Brasil e suas contribuições a um modelo de comunicação democrática que venha a somar para a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. Referências bibliográficas BOLAÑO, César (Org.). Comunicação e a crítica da economia política: perspectivas teóricas e epistemológicas. São Cristovão: Editora UFS, 2008. _______, Valério Cruz(Org). Digitalização, diversidade e cidadania: convergências Brasil e Moçambique. São Paulo: Annablume, 2009. ________, Valério Cruz (Org.). Digitalização e práticas sociais.São Leopoldo: Editora Unisinos, 2009. BRITTOS, Valério Cruz (Org). Tv digital, economia política e democracia. São Leopoldo: UNISINOS, 2010. HAUSSEN, Doris Fagundes; BRITTOS, Valério Cruz (Orgs.). Economia política, comunicação e cultura: aportes teóricos e temas emergentes na agenda política brasileira. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. 2. ed. Petrópolis:Vozes, 2002. p, 78-79. 10
  • 11. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Recife, PE – 2 a 6 de setembro de 2011 MELO, José Marques (Org.). O campo da comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2008. MÍDIA E FATOS REVISTA ELETRÔNICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TELEVISÃO POR ASSINATURA, São Paulo. Disponível em: <http://www.midiafatos.com.br/index.aspx>. Acesso em: 10 de jul. 2001. MORAES, Dênis de (Org.). Mutações do visível: da comunicação de massa à concentração em rede. Rio de Janeiro: Pão e Rosas, 2010. MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, V. 12, ns. 1-2, 1992, p, 97120. PORTAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES, Brasília. Disponível em: m:<http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documentoVersionado.asp?nu meroPublicacao=251424&documentoPath=251424.pdf&Pub=&URL=/Portal/verificaD ocumentos/documento.asp>. Acesso em: 10 jul 2011. PORTAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA, São Paulo. Disponível em:<http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=301> Acesso em 10 de jul. 2011. 11