O documento é um discurso em homenagem aos combatentes no Dia Municipal do Combatente em Gondomar. O discurso destaca o dever de honrar aqueles que lutaram pelo país, mesmo privados de suas famílias. Também refere-se aos conflitos em África entre 1961-1974 como extremamente difíceis, com Portugal isolado internacionalmente. Termina expressando confiança no futuro de Portugal e orgulho na eleição de António Guterres como Secretário-Geral da ONU.

1. Exmo Sr
Coronel Jose Manuel da Glória Belchior
Presidente do Nucleo do Porto da Liga dos Combatentes
Exmo Sr
Tenente CoronelModesto Fernandes
Exma Sra Dra Sandra Almeida
Vereadorado Pelouro do Protocolo e Relações Publicas – estimada colega
Exmo Sr Dr Daniel Vieira
Presidente da União de Freguesias de Fanzeres S Pedro da Cova
Exmo Homenageado com a Medalha Comemorativa das Campanhas
1º Cabo Manuel Fernando Cunha Vilela
Exmos Ex Combatentes
Excelencias
Senhoras / Senhores
É com imensa honra que hoje represento o Sr Presidente da Camara de Gondomar,
Dr Marco Martins, e todo o executivo e que em seu nome Vos saúdo calorosamente a
todos.
Estamos aqui reunidos perante este monumento para celebrarmos o Dia Municipal do
Combatente – esta justa cerimónia impunha-se e impõe-se pelo dever de render
homenagem aqueles que, privados dos seus confortos familiares lutaram pelo país e
pelo pais tombaram.
Um Estado define-se pela existência de um povo, um território e um poder político.
Porém, Portugal, entidade com perto de 900 anos de existência é mais que um
Estado! É um Estado Nação e orgulha-se da sua história e orgulha-se dos seus heróis
e orgulha-se do seu povo. A nossa memória coletiva é composta de sucessos e de
vicissitudes, de alegrias e de tristezas mas é NOSSA e é GRANDIOSA. Temos este
dever que cumprimos com sentido de responsabilidade. O dever de homenagear, o

2. dever de manter viva a memória e o dever de a transmitir às gerações seguintes. Só
assim sabemos quem somos, de onde vimos e para onde vamos. É desta forma que
se cultiva e honra a identidade coletiva de um povo.
Portugal viveu de 1961 a 1974 conflitos armados em 3 teatros de operações no
continente africano. Em qualquer conflito armado a primeira vitima é sempre a
verdade. Como tal não nos compete, hoje, avaliar a natureza e a justeza desses
mesmos conflitos, tanto mais que o faríamos à luz de conceitos e valores atuais e que
necessariamente deturpariam a análise. A História encarrega-se desses juízos de
valor. No entanto é preciso ter em conta que foram conflitos (e não uso a palavra
guerra porque não se cumpriram alguns dos requisitos para ser considerada uma
guerra) extremamente difíceis e por vezes muito desequilibrados. Portugal viu-se
sozinho nestes conflitos, os seus aliados assobiaram para o lado e a NATO recusou
apoio tendo até alguns dos nossos tradicionais aliados virado as costas. Todos se
lembrarão da celebre “ORGULHOSAMENTE SÓS”. Foi a realidade, foram os factos.
O mundo vivia um clima de crispação ocidente/leste, dois blocos políticos disputavam
a hegemonia geo-estrategica. A famigerada guerra fria manifestou-se de forma
violenta no continente africano usando terceiros num combate desigual e
desproporcional muitas das vezes. Os nossos militares combateram sempre no
respeito da lealdade à sua pátria e à sua bandeira mas não deixaram de
progressivamente se irem consciencializando que o seu dever poderia ter que passar
por uma revolução em Portugal. Assim foi e assim aconteceu a Revolução do 25 de
Abril de 1974 em Portugal. Outro grande momento da nossa história em que os
nossos militares souberam estar à altura da sua mais nobre missão. A missão de
protegerem o seu povo. Por isso a revolução se fez com cravos e não resultou em
derrame generalizado de sangue.
Mas o mundo não pára, o mundo mudou. Hoje continuamos expostos a riscos e a
ameaças. A maioria das vezes a riscos e a ameaças não militares. Os países, os
povos e as instituições devem saber acompanhar as mudanças e devem adaptar-se
aos tempos e por isso, hoje, também quero aqui deixar uma palavra de homenagem

3. aos jovens Hugo Abreu e Dylan da Silva que recentemente faleceram no treino do
curso de Comandos.Para a famílias as nossas condolências também.
Quero agora para terminar, partilhar convosco uma mensagem de confiança, uma
mensagem de esperança.
Portugal e os portugueses foram, são e serão um país e um povo naturalmente dado
à multiculturalidade, à tolerância, à sensatez e ao Humanismo. Estes valores foram
recentemente reconhecidos portoda a comunidade internacional.
Foi com o peito cheio de orgulho que assistimos todos bem recentemente à eleição
por aclamação, repito...POR ACLAMAÇAO do nosso compatriota Antonio Guterres
para Secretário Geral da ONU. O mais alto cargo internacional alguma vez
desempenhado por um português. É com confiança e esperança que lhe desejamos o
maior sucesso nesta missão. Uma missão que é de paz, uma missão que é
solidariedade, uma missão que é também de humildade de serviço aos mais
desfavorecidos.
Vivam os combatentes,viva Gondomar,Viva Portugal
Dia Municipal do Combatente
Gondomar, 15 de outubro de 2016