1. A morte do povo português
Carolina Machado, 11ºJ
O patriota português lutou sem tréguas, chorou lágrimas de sangue, rastejou
por amor ao seu país. Patriotismo é devoção, entrega, generosidade e, sobretudo,
acção. O patriota agiu. Agiu de corpo e alma pela Pátria, pelo seu povo, pelos seus
irmãos. Todos os retrocessos nessa batalha pesaram que nem chumbo sobre o seu
espírito, todas as renúncias foram traição. Impulsivo e implacável, o patriota
actuou sempre com o intuito de salvar o seu país do mal, da escuridão. E a
escuridão foi chegando de mansinho a terras de Portugal. A força, que parecia
infinita, começava a esgotar-se. Muitos ficaram pelo caminho, desistiram de lutar
contra os novos donos do poder, essas figuras superiores com outros interesses
que não o de defender e honrar o país. O povo português foi perdendo aquela
alma, aquela coragem que nos deu inúmeras glórias, que venceu o invencível, que
atravessou oceanos, que descobriu e educou grande parte deste Mundo. E, assim,
fomos esquecendo as nossas raízes, a nossa história. O português navegador, o
patriota, deu lugar ao português individualista. Não sabemos quem somos,
perdemo-nos... Muita gente nos perdeu, muita gente nos abandonou! Fomos meio
para incontáveis fins, arma para incontáveis assassinatos. Querem matar este povo
e este povo está a deixar-se matar. Homicídio, suicídio? Ambos.
Desejo fervorosamente um renascimento, um gigantesco golpe de Estado,
um céu aberto, ruas aos gritos, vingança aos que nos continuam a esmagar,
liberdade, justiça! Afinal, que valor damos nós às nossas conquistas, àquilo que por
tanto lutámos? Valeu a pena tanto esforço, tanto suor e tanta dor para sermos o
que hoje somos? Um caminho duro e tão longo, uma luta esquecida. Quem é que
ainda ama Portugal? Quem é que ainda ama este povo? E que povo é este?
É triste sentir a morte desta ocidental praia lusitana a aproximar-se.