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                                           EDIÇÃO Nº 1




	
                            OPINIÃO       JORGE NUNES BARBOSA, MAIO 2012


Afinal o que é
crescer?
A eleição de Hollande em França já
fez mais pela Europa, ainda antes de
dar início às suas funções, do que
muitos esperam que venha a fazer
depois de tomar posse.

Recolocou o problema do crescimento
de uma forma tal, que o tornou o tema
dominante da atividade política nos
últimos dias. Hollande abriu a boca
para dizer “croissance économique” e
logo todas as bocas se abriram, umas
para dizer Wirtschaftswachstum, outras
economic growth, outras la crescita
economica, etc.

DIRÃO TODOS A MESMA COISA?                   Crescimento Light?
No entanto, se fizermos uma recolha
                                             Merkell concebe o crescimento       negativo no último trimestre de
atenta das notícias e declarações de
                                             como o resultado de uma política    2011, e, se tiver idêntico
Hollande, de Merkell ou de Mario
                                             de aumento da competitividade.      resultado no primeiro trimestre
Monti, encontraremos diferenças de
                                             Na verdade, o seu grande desejo     de 2012, será considerada
tal modo gritantes que fica difícil
                                             é que as diferenças entre os        oficialmente em recessão. O
saber se alguma vez o acordo na
                                             povos europeus e as                 crescimento na Europa só pode
Europa sobre o tema vai ser possível.
                                             desigualdades dentro de cada        ser um objetivo prioritário. Só
Desde uma perspetiva social                  país sejam trazidas para            que esse crescimento, segundo
democrata, como a de Hollande, até           limiares suportáveis, isto é, que   ela, deve ser alcançado pela
às crenças liberais de Monti,                permitam que os povos e as          redução dos custos do trabalho,
passando, obviamente, pela                   pessoas ricas continue,m            isto é, através de políticas de
perspetiva “neurótica” (no bom               ricos(as), e a sua riqueza não      austeridade e, por conseguinte
sentido) de Merkell, já quase nada           seja posta em causa por             da competitividade
falta dizer.                                 aumento da pobreza. A
                                             Alemanha teve um crescimento
                     continua na pág. 2
Afinal o que é crescer?
                                               nacional”. Por outras palavras, os
                                               países mais pobres endividavam-se                    1. 	

                       Hollande
                                               alegremente para financiar o
                                               crescimento europeu.                                 2. 	

                          Merkell
                                               Esta modalidade de gestão dos
                                               fundos estruturais também financiou
                                                                                                    3. 	

                           Monti
                                               a redução ou supressão total dos
                                               meios próprios dos países pobres,
                                                                                                    4. 	

 Crescimento económico
                                               destruindo parques industriais,
                                               reduzindo a produção agrícola e as
                                                                                                    5. 	

                Desigualdade
          Por Jorge Barbosa
                      •••
Hollande, basicamente, propõe que o
                                               pescas. Havia, na Europa, dinheiro
                                               suficiente para pagar o luxo de não
                                                                                                    6. 	

                          Justiça
crescimento económico na Europa
resulte de uma gestão europeia dos
                                               produzir. Esse luxo era parcialmente
                                               pago pelo sistema de endividamento
                                                                                                    7. 	

                  Democracia
investimentos estruturais. No
essencial, isso significa que aqueles
                                               de cada país.
                                                                                                    8. 	

                     Liberdade
                                               Agora, que Portugal e outros países,
investimentos, a fazer em cada país,
que tenham origem num programa                 por prudência elementar, já não
                                                                                                    9. 	

          Desenvolvimento
                                               querem recorrer a esses fundos
europeu comum, não penalizem
esses países, sobretudo os mais                estruturais, a Holanda, a França e a
                                                                                                    10. 	

                           Rigor

débeis, por terem forçosamente de              própria Alemanha estão com
contribuir para o bem comum                    dificuldades em crescer
europeu com recursos de que não                economicamente. Dá para entender..
dispõem, entrando num processo de
                                               Vistas as coisas deste modo, o
endividamento que, já se viu, é
                                               crescimento torna-se uma                         MONTI
insustentável.
                                               prioridade.                                       O tecnocrata Monti,
                                                                                                                       que está ao
TGV E A EUROPA DE HOLLANDE                                                                       leme do governo italia
                                               Hollande propõe, então, que esse                                          no, é um
Os países, como Portugal, que                                                                   liberal, quase libertári
                                               crescimento tenha uma                                                     o. A sua
beneficiaram largamente dos fundos                                                               ideia de crescimento
                                               configuração aproximada do                                               tem
estruturais, já eram obrigados a                                                                sobretudo a ver com
                                               plano Marshall: os países mais                                          a anulação de
aplicá-los em políticas europeias de                                                            qualquer sistema de
                                                                                                                      proteção a
                                               ricos e financiadores vão                        agentes do mercado.
crescimento. Assim se encontra                                                                                        No fundo, ele
                                               ganhar muito com isso, e os                     acha que o meios para
explicação para o investimento                                                                                          o
                                               países pobres e financiados não                  crescimento devem res
centrado em infra-estruturas. Esse                                                                                       ultar da
                                               vão ser prejudicados. Por                       suspensão de qualque
investimento, por via dos fundos                                                                                       r ajuda ao
                                               outras palavras, a França vai                  sistema financeiro. Pr
estruturais animavam alegremente                                                                                       opõe,
                                               poder vender a Portugal o seu                  portanto, uma purga
as economias dos países europeus                                                                                     financeira,
                                               TGV, sem prejuízo para os                      enquanto a senhora
mais desenvolvidos, sobretudo a                                                                                     Merkell
                                               portugueses, e a Alemanha vai                  propõe uma purga no
própria Alemanha. No entanto, os                                                                                      trabalho.
                                               poder vender novos
países, onde esses investimentos
                                               submarinos ou carris de
eram realizados, endividavam-se
                                               caminho de ferro.
para garantir a dita “contribuição


HOLLANDE E MONTI                                HOLLANDE E MERKELL                                            JORGE BARBOSA
Num aspeto, Hollande e Monti estão de           Há um ponto em que Hollande e Merkell                                 Edição nº 1
acordo. O Estado não deve financiar, ou pior     concordam. O investimento não pode                                   VOLUME 01
ainda, compensar perdas do sistema              conduzir a um descontrolo do
financeiro. Só que Hollande separa o capital     endividamento. Os dois defendem o rigor
de depósitos do capital especulativo, e         orçamental, só que, segundo parece,                           http://web.mac.com/jbarbo00
propõe a separação destes dois tipos de         Hollande prefere que uma parte da
capital, assumindo o Estado só a salvaguarda    consolidação orçamental se faça através do
do capital, associado à produção e ao           crescimento. Por isso, propõe que esse
trabalho: os depósitos.                         equilíbrio orçamental seja adiado até 2017.

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Crescimento Económico?

  • 1. GRATUITO EDIÇÃO Nº 1 OPINIÃO JORGE NUNES BARBOSA, MAIO 2012 Afinal o que é crescer? A eleição de Hollande em França já fez mais pela Europa, ainda antes de dar início às suas funções, do que muitos esperam que venha a fazer depois de tomar posse. Recolocou o problema do crescimento de uma forma tal, que o tornou o tema dominante da atividade política nos últimos dias. Hollande abriu a boca para dizer “croissance économique” e logo todas as bocas se abriram, umas para dizer Wirtschaftswachstum, outras economic growth, outras la crescita economica, etc. DIRÃO TODOS A MESMA COISA? Crescimento Light? No entanto, se fizermos uma recolha Merkell concebe o crescimento negativo no último trimestre de atenta das notícias e declarações de como o resultado de uma política 2011, e, se tiver idêntico Hollande, de Merkell ou de Mario de aumento da competitividade. resultado no primeiro trimestre Monti, encontraremos diferenças de Na verdade, o seu grande desejo de 2012, será considerada tal modo gritantes que fica difícil é que as diferenças entre os oficialmente em recessão. O saber se alguma vez o acordo na povos europeus e as crescimento na Europa só pode Europa sobre o tema vai ser possível. desigualdades dentro de cada ser um objetivo prioritário. Só Desde uma perspetiva social país sejam trazidas para que esse crescimento, segundo democrata, como a de Hollande, até limiares suportáveis, isto é, que ela, deve ser alcançado pela às crenças liberais de Monti, permitam que os povos e as redução dos custos do trabalho, passando, obviamente, pela pessoas ricas continue,m isto é, através de políticas de perspetiva “neurótica” (no bom ricos(as), e a sua riqueza não austeridade e, por conseguinte sentido) de Merkell, já quase nada seja posta em causa por da competitividade falta dizer. aumento da pobreza. A Alemanha teve um crescimento continua na pág. 2
  • 2. Afinal o que é crescer? nacional”. Por outras palavras, os países mais pobres endividavam-se 1. Hollande alegremente para financiar o crescimento europeu. 2. Merkell Esta modalidade de gestão dos fundos estruturais também financiou 3. Monti a redução ou supressão total dos meios próprios dos países pobres, 4. Crescimento económico destruindo parques industriais, reduzindo a produção agrícola e as 5. Desigualdade Por Jorge Barbosa ••• Hollande, basicamente, propõe que o pescas. Havia, na Europa, dinheiro suficiente para pagar o luxo de não 6. Justiça crescimento económico na Europa resulte de uma gestão europeia dos produzir. Esse luxo era parcialmente pago pelo sistema de endividamento 7. Democracia investimentos estruturais. No essencial, isso significa que aqueles de cada país. 8. Liberdade Agora, que Portugal e outros países, investimentos, a fazer em cada país, que tenham origem num programa por prudência elementar, já não 9. Desenvolvimento querem recorrer a esses fundos europeu comum, não penalizem esses países, sobretudo os mais estruturais, a Holanda, a França e a 10. Rigor débeis, por terem forçosamente de própria Alemanha estão com contribuir para o bem comum dificuldades em crescer europeu com recursos de que não economicamente. Dá para entender.. dispõem, entrando num processo de Vistas as coisas deste modo, o endividamento que, já se viu, é crescimento torna-se uma MONTI insustentável. prioridade. O tecnocrata Monti, que está ao TGV E A EUROPA DE HOLLANDE leme do governo italia Hollande propõe, então, que esse no, é um Os países, como Portugal, que liberal, quase libertári crescimento tenha uma o. A sua beneficiaram largamente dos fundos ideia de crescimento configuração aproximada do tem estruturais, já eram obrigados a sobretudo a ver com plano Marshall: os países mais a anulação de aplicá-los em políticas europeias de qualquer sistema de proteção a ricos e financiadores vão agentes do mercado. crescimento. Assim se encontra No fundo, ele ganhar muito com isso, e os acha que o meios para explicação para o investimento o países pobres e financiados não crescimento devem res centrado em infra-estruturas. Esse ultar da vão ser prejudicados. Por suspensão de qualque investimento, por via dos fundos r ajuda ao outras palavras, a França vai sistema financeiro. Pr estruturais animavam alegremente opõe, poder vender a Portugal o seu portanto, uma purga as economias dos países europeus financeira, TGV, sem prejuízo para os enquanto a senhora mais desenvolvidos, sobretudo a Merkell portugueses, e a Alemanha vai propõe uma purga no própria Alemanha. No entanto, os trabalho. poder vender novos países, onde esses investimentos submarinos ou carris de eram realizados, endividavam-se caminho de ferro. para garantir a dita “contribuição HOLLANDE E MONTI HOLLANDE E MERKELL JORGE BARBOSA Num aspeto, Hollande e Monti estão de Há um ponto em que Hollande e Merkell Edição nº 1 acordo. O Estado não deve financiar, ou pior concordam. O investimento não pode VOLUME 01 ainda, compensar perdas do sistema conduzir a um descontrolo do financeiro. Só que Hollande separa o capital endividamento. Os dois defendem o rigor de depósitos do capital especulativo, e orçamental, só que, segundo parece, http://web.mac.com/jbarbo00 propõe a separação destes dois tipos de Hollande prefere que uma parte da capital, assumindo o Estado só a salvaguarda consolidação orçamental se faça através do do capital, associado à produção e ao crescimento. Por isso, propõe que esse trabalho: os depósitos. equilíbrio orçamental seja adiado até 2017.