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USINAGEM
1
Prof. Fernando Penteado.
USINAGEM
Usinagem é um processo onde a peça é obtida
através da retirada de cavacos (aparas de metal)
de uma peça bruta, através de ferramentas
adequadas.
A usinagem confere à peça uma precisão
dimensional e um acabamento superficial que
não podem ser obtidos por nenhum outro
processo de fabricação.
É por este motivo que a maioria das peças, mesmo
quando obtidas através de outros processos,
recebe seu formato final através de usinagem.
2
Prof. Fernando Penteado.
A USINAGEM NO
CONTEXTO DOS
PROCESSOS DE
FABRICAÇÃO
3
Prof. Fernando Penteado.
Uma pequena história da
Usinagem
 A Pré-História compreende o período que vai desde o
surgimento do homem até o aparecimento da escrita,
sendo subdividida em:
-Idade da Pedra Lascada (Paleolítico- machado de pedra
lascada)
-Idade da Pedra Polida (Neolítico- foice de osso)
-Idade dos Metais (pontas de armas)
Observe que a usinagem evoluiu juntamente com o
homem, sendo usada como parâmetro de subdivisão de
um período.
4
Prof. Fernando Penteado.
A Usinagem na Pré-História
 Surge o Princípio da Fabricação
No Período Paleolítico, as facas, pontas de
lanças e machados eram fabricados com lascas
de grandes pedras.
 No Período Neolítico, os artefatos eram
obtidos com o desgaste e polimento da pedra
(Princípio da Retificação).
5
Prof. Fernando Penteado.
A Usinagem na Pré-História
 Surge o Conhecimento de Novos Materiais
O Homem passa a usar metais na fabricação de
ferramentas e armas no fim da pré-história.
 Os primeiros metais a serem conhecidos foram o
cobre e o ouro, e , em escala menor, o estanho.
O ferro foi o último metal que o homem passou a
utilizar na fabricação de seus instrumentos.
6
Prof. Fernando Penteado.
A Evolução da Usinagem
 A Evolução da Ferramenta
Com a pancada de uma cunha manual surgiu o
cinzel, movimentando esta ferramenta para
frente e para trás, aplicando-se pressão surgiu
a serra
Dispositivo da era Neolítica usado no corte de pedras
7
Prof. Fernando Penteado.
Um grande avanço nesse período foi a transformação
do movimento de translação em movimento de rotação
(com sentido de rotação invertido a cada ciclo). Este
princípio foi aplicado em um dispositivo denominado
Furação de Corda Puxada
A Evolução da Usinagem
8
Prof. Fernando Penteado.
 As primeiras formas usadas para motorizar
máquinas foi a roda d’água.
 No século XVIII surgem as máquinas movidas
a vapor (energia esta transmitida através da
oficina por meio de eixos, correias e
roldanas).
 Finalmente, no fim do século XIX, o vapor
seria substituído pela energia elétrica. Foi
após esta inovação que apareceram as
máquinas modernas de usinagem,
responsáveis em grande parte pelo
crescimento da indústria de produtos de
consumo.
A Evolução da Usinagem
9
Prof. Fernando Penteado. Intr. Usin.
 Na obtenção de peças pela retirada de cavacos
verificamos que cada material tem um comportamento
diferente.
 Enquanto uns podem ser trabalhados facilmente,
outros apresentam problemas tais como:
Empastamento, desgaste rápido da ferramenta, mau
acabamento, necessidade de grande potência para o
corte, etc. Isto varia de acordo com a usinabilidade do
material
 Podemos definir usinabilidade como sendo o
grau de dificuldade que determinado material
apresenta para ser usinado.
Usinabilidade dos Materiais
10
Prof. Fernando Penteado.
 A usinabilidade não depende apenas das
características do material, mas também, de outros
parâmetros da usinagem, tais como: refrigeração,
rigidez do sistema máquina-ferramenta, das
características da ferramenta, tipo de operação, etc
 Assim, dependendo das condições de usinagem um
mesmo material poderá ter variações em sua
usinabilidade.
Usinabilidade dos Materiais
11
Prof. Fernando Penteado.
 A usinabilidade normalmente é determinada por
comparação e para determinada característica, tal
como a vida da ferramenta.
 Neste caso pode-se determinar um índice de
usinabilidade através da comparação com o
desempenho previamente conhecido de um material
padrão.
Critérios para a Determinação da
Usinabilidade dos Materiais
12
Prof. Fernando Penteado.
 Os principais critérios, que são passíveis de serem
expressos em valores numéricos, são:
 · Vida da ferramenta
 · Força de corte
 · Potência consumida
Determinação da Usinabilidade dos
Materiais
13
Prof. Fernando Penteado.
 Esses parâmetros servem, também, para definir o
custo do trabalho de usinagem.
 Assim, a vida da ferramenta entre duas afiações
sucessivas tem grande influência no custo de
operação.
 A força e a potência limitam as dimensões máximas de
corte e, portanto, o volume de material removido por
hora-máquina.
 Além disso, a exigência de um acabamento de alta
qualidade poderá influir, também, no custo de
usinagem.
Determinação da Usinabilidade dos
Materiais
14
Prof. Fernando Penteado.
 Baseadas principalmente nestes critérios é que são
estabelecidas as tabelas e os gráficos que indicam o
comportamento de cada material na usinagem.
Embora seja impossível determinar-se com precisão
um índice de usinabilidade para cada material, estas
tabelas são de grande valor para estabelecer
parâmetros iniciais de partida que, de acordo com as
condições específicas de cada trabalho, poderão ser
trazidos para valores mais adequados, através de
ensaios e experimentações.
Determinação da Usinabilidade dos
Materiais
15
Prof. Fernando Penteado.
 Dureza e resistência mecânica: Valores baixos
geralmente favorecem a usinabilidade
 Ductibilidade: Valores baixos geralmente
favorecem a usinabilidade
 Condutividade térmica: Valores elevados
geralmente favorecem a usinabilidade
 Taxa de encruamento: Valores baixos
geralmente favorecem a usinabilidade
Propriedade dos Materiais que podem
influenciar na Usinabilidade
16
Prof. Fernando Penteado.
Movimentos na Usinagem
 Movimento de corte:
É o movimento entre a ferramenta e a peça que
provoca remoção de cavaco durante uma
única rotação ou um curso da ferramenta.
Geralmente este movimento ocorre através da
rotação da peça (torneamento) ou da ferramenta
(fresamento).
17
Prof. Fernando Penteado.
 Movimento de avanço ( f ):
É o movimento entre a ferramenta e a peça que,
juntamente com o movimento de corte, possibilita
uma remoção contínua do cavaco ao longo da peça.
Movimentos na Usinagem
18
Prof. Fernando Penteado.
Movimentos na Usinagem
 Movimento de ajuste ou penetração (a ):
É o movimento entre a ferramenta e a peça, no
qual é predeterminada a espessura da camada
de material a ser removida.
MOVIMENTO DE AJUSTE
p
19
Prof. Fernando Penteado.
Movimentos na Usinagem
 Movimento efetivo de corte:
É o movimento entre a ferramenta e a peça, a
partir do qual resulta o processo de usinagem.
Quando o movimento de avanço é continuo, o
movimento efetivo é a resultante da composição
dos movimentos de corte e de avanço.
MOVIMENTO EFETIVO
20
Prof. Fernando Penteado.
Movimento Efetivo de Corte
21
Prof. Fernando Penteado.
 Movimento de correção:
É o movimento entre a ferramenta e a peça,
empregado para compensar alterações de
posicionamento devidas, por exemplo, pelo
desgaste da ferramenta.
Movimentos na Usinagem
22
Prof. Fernando Penteado.
 Movimento de aproximação:
É o movimento da ferramenta em direção à peça,
com a finalidade de posicioná-la para iniciar a
usinagem.
Movimentos na Usinagem
23
Prof. Fernando Penteado.
 Movimento de recuo:
É o movimento da ferramenta pelo qual ela,
após a usinagem, é afastada da peça
Movimentos na Usinagem
24
Prof. Fernando Penteado.
Tanto os movimentos ativos como passivos
são importantes, pois eles estão associados
a tempos que, somados, resultam no tempo total
de fabricação.
Movimentos na Usinagem
25
Prof. Fernando Penteado.
Par.corte
Cálculo da Velocidade de Corte
Vc = velocidade de corte [m/min]
d = diâmetro da peça (ferramenta) [mm]
n = rotação da peça (ferramenta) [rpm]
1000
Π.d.n
vc 
26
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo da Velocidade de Avanço
Vf = velocidade de avanço [mm/min]
f = avanço [mm/rot]
n = rotação da peça (ferramenta) [rpm]
Vc = velocidade de corte [m/min]
d = diâmetro da peça (ferramenta) [mm]
.f
Π.d
1000.v
f.n
v c
f 

27
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo do Tempo de Corte
(tempos ativos)
tc = tempo de corte [min]
If = percurso de avanço [mm]
Vf = velocidade de avanço [mm/min]
c
f
f
f
f
1000.f.v
Π.d.I
f.n
I
v
I
tc 


28
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo dos Tempos Passivos
Os tempos passivos nem sempre podem ser
calculados. Geralmente são estimados por
técnicas específicas que estudam os movimentos
e a cronometragem dos tempos a eles relacionados,
estabelecendo os chamados tempos padrões.
29
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo da Seção Transversal de Corte
A= área da seção transversal de um cavaco a ser
removido [mm²]
ap= profundidade ou largura de usinagem, medida
perpendicularmente ao plano de trabalho [mm]
.f
a
Α p

30
Prof. Fernando Penteado.
Exercício
Dados de um torneamento cilíndrico:
 Comprimento a usinar: 500 mm.
 Diâmetro da peça: 80 mm
 Velocidade de corte recomendada: 32 m/min
 Avanço: 0,8 mm/rot
 Profundidade: 3 mm
 Rotaçoes disponíveis no torno: 70 – 100 – 120 – 150
– 175-200
Calcular o tempo ativo de corte.
31
Prof. Fernando Penteado.
Mecanismo de formação do cavaco
A formação do cavaco influencia diversos fatores
ligados a usinagem, tais como:
• Desgaste da ferramenta
• Esforços de corte
• Calor gerado na usinagem
• Penetração do fluido de corte, etc
32
Prof. Fernando Penteado.
Mecanismo de formação do cavaco
Assim estão envolvidos com o processo de formação
de cavaco os seguintes aspectos:
• Econômicos
• Qualidade da peca
• Segurança do Operador
• Utilização adequada da máquina, etc
33
Prof. Fernando Penteado.
Etapas da formação do cavaco
1) recalque (deformação elástica)
2) deformação plástica
3) ruptura (cisalhamento)
4) movimento sobre a superfície de saída
34
Prof. Fernando Penteado.
Mecanismo de formação do cavaco
O corte dos metais envolve o cisalhamento concentrado
ao longo de um plano chamado plano de cisalhamento.
O ângulo entre o plano de cisalhamento e a direção de
de corte é chamado de ângulo de cisalhamento (Ø).
Quanto maior a deformação do cavaco sendo formado,
menor será Ø e maior será o esforço de corte.
35
Prof. Fernando Penteado.
Mecanismo de formação do cavaco
Ø
Plano de cisalhamento
Ângulo de cisalhamento
36
Prof. Fernando Penteado.
Cizalha
Fratura
Tipos de cavaco
De ruptura Contínuo
De cisalhamento
O fenômeno de formação do cavaco é periódico
Aço
Ferro
fundido Aço
37
Prof. Fernando Penteado.
Cav.&Past
FERRAMENTA
PEÇA
Zona primária
(cisalhamento)
Zona secundária
(cisalhamento/atrito)
Fontes de Calor
Zona terciária
(atrito)
38
Prof. Fernando Penteado.
Distribuição de Calor
39
Prof. Fernando Penteado.
Temp.corte
Controle da Forma do Cavaco
Problemas relacionados à forma do cavaco:
 Segurança do Operador
 Possíveis danos à ferramenta e à peça
 Dificuldades de manuseio e
armazenagem do cavaco
 Forças de corte, temperatura e vida da
ferramenta
Mecanismo de formação do cavaco
40
Prof. Fernando Penteado.
Ângulos de saída positivos e negativos
41
Prof. Fernando Penteado.
Contínuo: O ângulo de saída deve ser grande
De ruptura: O ângulo de saída deve ser baixo, nulo
ou negativo.
Mecanismo de formação do cavaco
42
Prof. Fernando Penteado.
Formas assumidas pelos cavacos
•Em fita
•Em pedaços
43
Prof. Fernando Penteado.
A melhor maneira de se promover a curvatura
vertical do cavaco, para causar a sua ruptura
é a colocação de um obstáculo no caminho do
fluxo do cavaco, chamado de quebra-cavaco
A diminuição do ângulo de saída e/ou
inclinação da ferramenta e o aumento do
atrito cavaco-ferramenta, também promovem
a curvatura vertical
Mecanismo de ruptura do cavaco
44
Prof. Fernando Penteado.
Pastilha
Quebra-cavaco
Mecanismo de ruptura do cavaco
Os quebra-cavacos podem ser moldados na superfície de saída
da ferramenta ou postiços 45
Prof. Fernando Penteado.
Influência da velocidade de corte
na quebra do cavaco
• Em baixas velocidades de corte os cavacos
geralmente apresentam boa curvatura,
quebrando com facilidade.
• Quando as velocidades aumentam, no caso de
materiais dúcteis, pode haver maior dificuldade
para a quebra.
46
Prof. Fernando Penteado.
Influência da profundidade de
usinagem na quebra do cavaco
• Grandes profundidades de usinagem facilitam a
quebra do cavaco.
• A relação entre o raio da ponta da ferramenta e
a profundidade de usinagem influencia na quebra
do cavaco:
ap/r pequeno = dificuldade na quebra
ap/r grande = facilidade na quebra
r
47
Prof. Fernando Penteado.
Forças de Usinagem
Fu
Ff
Fp
Fc=Fap
Ft
FU=força de usinagem
Ft=força ativa.
Fp=força passiva
Fc=força de corte
Ff=força de avanço
Fap=força de apoio
48
Prof. Fernando Penteado.
Potências de Usinagem
Potência de Corte
]
kW
[
.
V
.
F c
c
3
10
60

c
P
Fc [N] e Vc [m/min]
49
Prof. Fernando Penteado.
Potências de Usinagem
Potência de Avanço
]
kW
[
.
V
.
F f
f
6
10
60

f
P
Ff [N] e Vc [mm/min]
50
Prof. Fernando Penteado.
Potências de Usinagem

 c
P
Pm
Como Pf<<<Pc costuma-se dimensionar o motor da
máquina operatriz apenas pela Pc
Potência fornecida pelo motor

 60% a 80% para máquinas convencionais e
90% para máquinas CNC
51
Prof. Fernando Penteado.
Potências de Usinagem
A
.
K
F s

c
A força de corte pode ser expressa pela relação:
Ks = Pressão específica de corte
A = b.h = ap.f = Área da seção de
corte
52
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo da pressão específica de corte - Ks
z
h
. 
 s1
K
Ks
Segundo Kienzle Ks é função da espessura de corte h
b
.
h
.
K
b
.
h
.
K
F z
s
s



 1
1
c
53
Prof. Fernando Penteado.
Cálculo da pressão específica de corte - Ks
Material σt [N/mm²] 1-z Ks1
Aço 1030 520 0,74 1990
1040 620 0,83 2110
1050 720 0,70 2260
1045 670 0,86 2220
1060 770 0,82 2130
8620 770 0,74 2100
4320 630 0,70 2260
4140 730 0,74 2500
4137 600 0,79 2240
6150 600 0,74 2220
Fofo HRc = 46 0,81 2060
54
Prof. Fernando Penteado.
Exercício
Determinar a potência do motor de um torno universal
que deve fazer um torneamento cilíndrico em uma barra
de aço 8620 com diâmetro 50 mm.
Parâmetros de corte: Vc = 110 m/min, ap = 1,4 mm e
f = 0,4 mm/rot.
Ferramenta: Metal duro s/fluido de corte.
Rendimento mecânico da transmissão do motor à árvore
principal: 70%.
55
Prof. Fernando Penteado.

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  • 2. USINAGEM Usinagem é um processo onde a peça é obtida através da retirada de cavacos (aparas de metal) de uma peça bruta, através de ferramentas adequadas. A usinagem confere à peça uma precisão dimensional e um acabamento superficial que não podem ser obtidos por nenhum outro processo de fabricação. É por este motivo que a maioria das peças, mesmo quando obtidas através de outros processos, recebe seu formato final através de usinagem. 2 Prof. Fernando Penteado.
  • 3. A USINAGEM NO CONTEXTO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 3 Prof. Fernando Penteado.
  • 4. Uma pequena história da Usinagem  A Pré-História compreende o período que vai desde o surgimento do homem até o aparecimento da escrita, sendo subdividida em: -Idade da Pedra Lascada (Paleolítico- machado de pedra lascada) -Idade da Pedra Polida (Neolítico- foice de osso) -Idade dos Metais (pontas de armas) Observe que a usinagem evoluiu juntamente com o homem, sendo usada como parâmetro de subdivisão de um período. 4 Prof. Fernando Penteado.
  • 5. A Usinagem na Pré-História  Surge o Princípio da Fabricação No Período Paleolítico, as facas, pontas de lanças e machados eram fabricados com lascas de grandes pedras.  No Período Neolítico, os artefatos eram obtidos com o desgaste e polimento da pedra (Princípio da Retificação). 5 Prof. Fernando Penteado.
  • 6. A Usinagem na Pré-História  Surge o Conhecimento de Novos Materiais O Homem passa a usar metais na fabricação de ferramentas e armas no fim da pré-história.  Os primeiros metais a serem conhecidos foram o cobre e o ouro, e , em escala menor, o estanho. O ferro foi o último metal que o homem passou a utilizar na fabricação de seus instrumentos. 6 Prof. Fernando Penteado.
  • 7. A Evolução da Usinagem  A Evolução da Ferramenta Com a pancada de uma cunha manual surgiu o cinzel, movimentando esta ferramenta para frente e para trás, aplicando-se pressão surgiu a serra Dispositivo da era Neolítica usado no corte de pedras 7 Prof. Fernando Penteado.
  • 8. Um grande avanço nesse período foi a transformação do movimento de translação em movimento de rotação (com sentido de rotação invertido a cada ciclo). Este princípio foi aplicado em um dispositivo denominado Furação de Corda Puxada A Evolução da Usinagem 8 Prof. Fernando Penteado.
  • 9.  As primeiras formas usadas para motorizar máquinas foi a roda d’água.  No século XVIII surgem as máquinas movidas a vapor (energia esta transmitida através da oficina por meio de eixos, correias e roldanas).  Finalmente, no fim do século XIX, o vapor seria substituído pela energia elétrica. Foi após esta inovação que apareceram as máquinas modernas de usinagem, responsáveis em grande parte pelo crescimento da indústria de produtos de consumo. A Evolução da Usinagem 9 Prof. Fernando Penteado. Intr. Usin.
  • 10.  Na obtenção de peças pela retirada de cavacos verificamos que cada material tem um comportamento diferente.  Enquanto uns podem ser trabalhados facilmente, outros apresentam problemas tais como: Empastamento, desgaste rápido da ferramenta, mau acabamento, necessidade de grande potência para o corte, etc. Isto varia de acordo com a usinabilidade do material  Podemos definir usinabilidade como sendo o grau de dificuldade que determinado material apresenta para ser usinado. Usinabilidade dos Materiais 10 Prof. Fernando Penteado.
  • 11.  A usinabilidade não depende apenas das características do material, mas também, de outros parâmetros da usinagem, tais como: refrigeração, rigidez do sistema máquina-ferramenta, das características da ferramenta, tipo de operação, etc  Assim, dependendo das condições de usinagem um mesmo material poderá ter variações em sua usinabilidade. Usinabilidade dos Materiais 11 Prof. Fernando Penteado.
  • 12.  A usinabilidade normalmente é determinada por comparação e para determinada característica, tal como a vida da ferramenta.  Neste caso pode-se determinar um índice de usinabilidade através da comparação com o desempenho previamente conhecido de um material padrão. Critérios para a Determinação da Usinabilidade dos Materiais 12 Prof. Fernando Penteado.
  • 13.  Os principais critérios, que são passíveis de serem expressos em valores numéricos, são:  · Vida da ferramenta  · Força de corte  · Potência consumida Determinação da Usinabilidade dos Materiais 13 Prof. Fernando Penteado.
  • 14.  Esses parâmetros servem, também, para definir o custo do trabalho de usinagem.  Assim, a vida da ferramenta entre duas afiações sucessivas tem grande influência no custo de operação.  A força e a potência limitam as dimensões máximas de corte e, portanto, o volume de material removido por hora-máquina.  Além disso, a exigência de um acabamento de alta qualidade poderá influir, também, no custo de usinagem. Determinação da Usinabilidade dos Materiais 14 Prof. Fernando Penteado.
  • 15.  Baseadas principalmente nestes critérios é que são estabelecidas as tabelas e os gráficos que indicam o comportamento de cada material na usinagem. Embora seja impossível determinar-se com precisão um índice de usinabilidade para cada material, estas tabelas são de grande valor para estabelecer parâmetros iniciais de partida que, de acordo com as condições específicas de cada trabalho, poderão ser trazidos para valores mais adequados, através de ensaios e experimentações. Determinação da Usinabilidade dos Materiais 15 Prof. Fernando Penteado.
  • 16.  Dureza e resistência mecânica: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade  Ductibilidade: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade  Condutividade térmica: Valores elevados geralmente favorecem a usinabilidade  Taxa de encruamento: Valores baixos geralmente favorecem a usinabilidade Propriedade dos Materiais que podem influenciar na Usinabilidade 16 Prof. Fernando Penteado.
  • 17. Movimentos na Usinagem  Movimento de corte: É o movimento entre a ferramenta e a peça que provoca remoção de cavaco durante uma única rotação ou um curso da ferramenta. Geralmente este movimento ocorre através da rotação da peça (torneamento) ou da ferramenta (fresamento). 17 Prof. Fernando Penteado.
  • 18.  Movimento de avanço ( f ): É o movimento entre a ferramenta e a peça que, juntamente com o movimento de corte, possibilita uma remoção contínua do cavaco ao longo da peça. Movimentos na Usinagem 18 Prof. Fernando Penteado.
  • 19. Movimentos na Usinagem  Movimento de ajuste ou penetração (a ): É o movimento entre a ferramenta e a peça, no qual é predeterminada a espessura da camada de material a ser removida. MOVIMENTO DE AJUSTE p 19 Prof. Fernando Penteado.
  • 20. Movimentos na Usinagem  Movimento efetivo de corte: É o movimento entre a ferramenta e a peça, a partir do qual resulta o processo de usinagem. Quando o movimento de avanço é continuo, o movimento efetivo é a resultante da composição dos movimentos de corte e de avanço. MOVIMENTO EFETIVO 20 Prof. Fernando Penteado.
  • 21. Movimento Efetivo de Corte 21 Prof. Fernando Penteado.
  • 22.  Movimento de correção: É o movimento entre a ferramenta e a peça, empregado para compensar alterações de posicionamento devidas, por exemplo, pelo desgaste da ferramenta. Movimentos na Usinagem 22 Prof. Fernando Penteado.
  • 23.  Movimento de aproximação: É o movimento da ferramenta em direção à peça, com a finalidade de posicioná-la para iniciar a usinagem. Movimentos na Usinagem 23 Prof. Fernando Penteado.
  • 24.  Movimento de recuo: É o movimento da ferramenta pelo qual ela, após a usinagem, é afastada da peça Movimentos na Usinagem 24 Prof. Fernando Penteado.
  • 25. Tanto os movimentos ativos como passivos são importantes, pois eles estão associados a tempos que, somados, resultam no tempo total de fabricação. Movimentos na Usinagem 25 Prof. Fernando Penteado. Par.corte
  • 26. Cálculo da Velocidade de Corte Vc = velocidade de corte [m/min] d = diâmetro da peça (ferramenta) [mm] n = rotação da peça (ferramenta) [rpm] 1000 Π.d.n vc  26 Prof. Fernando Penteado.
  • 27. Cálculo da Velocidade de Avanço Vf = velocidade de avanço [mm/min] f = avanço [mm/rot] n = rotação da peça (ferramenta) [rpm] Vc = velocidade de corte [m/min] d = diâmetro da peça (ferramenta) [mm] .f Π.d 1000.v f.n v c f   27 Prof. Fernando Penteado.
  • 28. Cálculo do Tempo de Corte (tempos ativos) tc = tempo de corte [min] If = percurso de avanço [mm] Vf = velocidade de avanço [mm/min] c f f f f 1000.f.v Π.d.I f.n I v I tc    28 Prof. Fernando Penteado.
  • 29. Cálculo dos Tempos Passivos Os tempos passivos nem sempre podem ser calculados. Geralmente são estimados por técnicas específicas que estudam os movimentos e a cronometragem dos tempos a eles relacionados, estabelecendo os chamados tempos padrões. 29 Prof. Fernando Penteado.
  • 30. Cálculo da Seção Transversal de Corte A= área da seção transversal de um cavaco a ser removido [mm²] ap= profundidade ou largura de usinagem, medida perpendicularmente ao plano de trabalho [mm] .f a Α p  30 Prof. Fernando Penteado.
  • 31. Exercício Dados de um torneamento cilíndrico:  Comprimento a usinar: 500 mm.  Diâmetro da peça: 80 mm  Velocidade de corte recomendada: 32 m/min  Avanço: 0,8 mm/rot  Profundidade: 3 mm  Rotaçoes disponíveis no torno: 70 – 100 – 120 – 150 – 175-200 Calcular o tempo ativo de corte. 31 Prof. Fernando Penteado.
  • 32. Mecanismo de formação do cavaco A formação do cavaco influencia diversos fatores ligados a usinagem, tais como: • Desgaste da ferramenta • Esforços de corte • Calor gerado na usinagem • Penetração do fluido de corte, etc 32 Prof. Fernando Penteado.
  • 33. Mecanismo de formação do cavaco Assim estão envolvidos com o processo de formação de cavaco os seguintes aspectos: • Econômicos • Qualidade da peca • Segurança do Operador • Utilização adequada da máquina, etc 33 Prof. Fernando Penteado.
  • 34. Etapas da formação do cavaco 1) recalque (deformação elástica) 2) deformação plástica 3) ruptura (cisalhamento) 4) movimento sobre a superfície de saída 34 Prof. Fernando Penteado.
  • 35. Mecanismo de formação do cavaco O corte dos metais envolve o cisalhamento concentrado ao longo de um plano chamado plano de cisalhamento. O ângulo entre o plano de cisalhamento e a direção de de corte é chamado de ângulo de cisalhamento (Ø). Quanto maior a deformação do cavaco sendo formado, menor será Ø e maior será o esforço de corte. 35 Prof. Fernando Penteado.
  • 36. Mecanismo de formação do cavaco Ø Plano de cisalhamento Ângulo de cisalhamento 36 Prof. Fernando Penteado. Cizalha Fratura
  • 37. Tipos de cavaco De ruptura Contínuo De cisalhamento O fenômeno de formação do cavaco é periódico Aço Ferro fundido Aço 37 Prof. Fernando Penteado. Cav.&Past
  • 38. FERRAMENTA PEÇA Zona primária (cisalhamento) Zona secundária (cisalhamento/atrito) Fontes de Calor Zona terciária (atrito) 38 Prof. Fernando Penteado.
  • 39. Distribuição de Calor 39 Prof. Fernando Penteado. Temp.corte
  • 40. Controle da Forma do Cavaco Problemas relacionados à forma do cavaco:  Segurança do Operador  Possíveis danos à ferramenta e à peça  Dificuldades de manuseio e armazenagem do cavaco  Forças de corte, temperatura e vida da ferramenta Mecanismo de formação do cavaco 40 Prof. Fernando Penteado.
  • 41. Ângulos de saída positivos e negativos 41 Prof. Fernando Penteado.
  • 42. Contínuo: O ângulo de saída deve ser grande De ruptura: O ângulo de saída deve ser baixo, nulo ou negativo. Mecanismo de formação do cavaco 42 Prof. Fernando Penteado.
  • 43. Formas assumidas pelos cavacos •Em fita •Em pedaços 43 Prof. Fernando Penteado.
  • 44. A melhor maneira de se promover a curvatura vertical do cavaco, para causar a sua ruptura é a colocação de um obstáculo no caminho do fluxo do cavaco, chamado de quebra-cavaco A diminuição do ângulo de saída e/ou inclinação da ferramenta e o aumento do atrito cavaco-ferramenta, também promovem a curvatura vertical Mecanismo de ruptura do cavaco 44 Prof. Fernando Penteado.
  • 45. Pastilha Quebra-cavaco Mecanismo de ruptura do cavaco Os quebra-cavacos podem ser moldados na superfície de saída da ferramenta ou postiços 45 Prof. Fernando Penteado.
  • 46. Influência da velocidade de corte na quebra do cavaco • Em baixas velocidades de corte os cavacos geralmente apresentam boa curvatura, quebrando com facilidade. • Quando as velocidades aumentam, no caso de materiais dúcteis, pode haver maior dificuldade para a quebra. 46 Prof. Fernando Penteado.
  • 47. Influência da profundidade de usinagem na quebra do cavaco • Grandes profundidades de usinagem facilitam a quebra do cavaco. • A relação entre o raio da ponta da ferramenta e a profundidade de usinagem influencia na quebra do cavaco: ap/r pequeno = dificuldade na quebra ap/r grande = facilidade na quebra r 47 Prof. Fernando Penteado.
  • 48. Forças de Usinagem Fu Ff Fp Fc=Fap Ft FU=força de usinagem Ft=força ativa. Fp=força passiva Fc=força de corte Ff=força de avanço Fap=força de apoio 48 Prof. Fernando Penteado.
  • 49. Potências de Usinagem Potência de Corte ] kW [ . V . F c c 3 10 60  c P Fc [N] e Vc [m/min] 49 Prof. Fernando Penteado.
  • 50. Potências de Usinagem Potência de Avanço ] kW [ . V . F f f 6 10 60  f P Ff [N] e Vc [mm/min] 50 Prof. Fernando Penteado.
  • 51. Potências de Usinagem   c P Pm Como Pf<<<Pc costuma-se dimensionar o motor da máquina operatriz apenas pela Pc Potência fornecida pelo motor   60% a 80% para máquinas convencionais e 90% para máquinas CNC 51 Prof. Fernando Penteado.
  • 52. Potências de Usinagem A . K F s  c A força de corte pode ser expressa pela relação: Ks = Pressão específica de corte A = b.h = ap.f = Área da seção de corte 52 Prof. Fernando Penteado.
  • 53. Cálculo da pressão específica de corte - Ks z h .   s1 K Ks Segundo Kienzle Ks é função da espessura de corte h b . h . K b . h . K F z s s     1 1 c 53 Prof. Fernando Penteado.
  • 54. Cálculo da pressão específica de corte - Ks Material σt [N/mm²] 1-z Ks1 Aço 1030 520 0,74 1990 1040 620 0,83 2110 1050 720 0,70 2260 1045 670 0,86 2220 1060 770 0,82 2130 8620 770 0,74 2100 4320 630 0,70 2260 4140 730 0,74 2500 4137 600 0,79 2240 6150 600 0,74 2220 Fofo HRc = 46 0,81 2060 54 Prof. Fernando Penteado.
  • 55. Exercício Determinar a potência do motor de um torno universal que deve fazer um torneamento cilíndrico em uma barra de aço 8620 com diâmetro 50 mm. Parâmetros de corte: Vc = 110 m/min, ap = 1,4 mm e f = 0,4 mm/rot. Ferramenta: Metal duro s/fluido de corte. Rendimento mecânico da transmissão do motor à árvore principal: 70%. 55 Prof. Fernando Penteado.