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Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
Resumo
Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: Alcoolismo. Família. Apoio Social.
Abstract Resumen
KKKKKeeeeeywywywywywororororords:ds:ds:ds:ds: Alcoholism. Family. Social Support. Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave: Alcoholismo. Familia. Apoyo Social.
COMPREENDENDO O ALCOOLISMO NA FAMÍLIA
Understanding Alcoholism in the Family Context
Comprendiendo el Alcoholismo en la Família
Carmen Lúcia Alves Filizola Camila de Jesus Perón Mariana Montagner Augusto do Nascimento
Sofia Cristina Iost Pavarini José Fernando Petrilli Filho
O alcoolismo é um sério problema de saúde pública. O seu tratamento é complexo e a inclusão da família tem sido enfatizada.
Esta pesquisa teve como objetivo identificar a estrutura, as relações, a rede de suporte e a vivência de famílias diante do
alcoolismo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com cinco famílias de alcoolistas de uma
Unidade de Saúde da Família. Verificamos que o alcoolismo constituiu-se no maior problema para as famílias que demonstram
pouco conhecimento sobre o tema. Entre as maiores dificuldades encontramos a violência sofrida pelos familiares. As
relações familiares são conturbadas. A maioria das famílias isola-se evitando falar do alcoolismo com outros. Portanto, a rede
de suporte social seria fundamental. Ao analisá-la constatamos a precariedade de recursos públicos, o desconhecimento dos
existentes e a não utilização de Grupos de Apoio pelas famílias.
Alcoholism is a serious problem for the public health. Its
treatment is complex and the inclusion of the patient’s family
has been emphasized. The objective of this research was to
identify the structure, relationships, support network and
experiences of families before the alcoholism. The data
collection was made through semi-structured interviews with
five alcoholics’ families of a Family Health Unit. We verified
thatalcoholismcomposesthemajorproblemforthesefamilies
that demonstrated not much knowledge about the topic.
Among the major difficulties we found the violence suffered
by the relatives. The family relations are disturbed. Most
families avoid talking about alcoholism with other people.
Therefore, the social support network is vital. Analyzing that,
we verified the precariousness of the public resources, the
unawareness of the existing resources and the non-utilization
of the Support Groups by families.
El alcoholismo es un serio problema de salud pública. Su
tratamiento es complejo y la inclusión de la familia ha sido
enfatizada. Esta investigación tuvo como objetivo identificar
la estructura, las relaciones, la red de suporte y la vivencia
de la familias perante al alcoholismo. La recolección de datos
fue realizada a través de entrevistas semiestructuradas con
cinco familias de alcohólicos de una Unidad de Salud de
Familia. Verificamos que el alcoholismo se constituyó como
mayor problema para las familias que demuestran poco
conocimiento sobre el tema. Dentro de las mayores
dificultades encontramos laviolenciasufridapor los familiares.
Las relaciones familiares son conturbadas. La mayoría de las
familias evita hablar del alcoholismo con otros se alejando.
Por esto, la red de suporte social seria fundamental. Al
analizarla constatamos la precariedad de recursos públicos,
el desconocimiento de los existentes y la no utilización de
Grupos de Apoyo por las familias.
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Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
INTRODUÇÃO
O alcoolismo é um sério problema de saúde pública.
Segundo o Ministério da Saúde, o uso do álcool impõe às
sociedades de todos os países uma carga global de agravos
indesejáveis e extremamente dispendiosos, que acometem
os indivíduos em todos os domínios de sua vida1
.
O 1º Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas
Psicotrópicas no Brasil indica uma prevalência do uso do
álcool na vida de 68,7% sendo ela maior para o sexo
masculino (17,1%) do que para o feminino (5,7%). No
total, há uma estimativa de 11,2% de dependentes de
bebidas alcoólicas nas 107 maiores cidades do Brasil2
.
Atualmente, o termo “alcoolismo” vem sendo
substituído por Síndrome de Dependência do Álcool
(SDAS), a qual se diferencia por ser entendida como
um processo no qual a pessoa ficaria gradualmente
dependente do álcool, eliminando a visão dicotômica
de “tudo ou nada” implícita no termo alcoolismo3
.
Os prejuízos trazidos pelo uso excessivo de álcool
são inúmeros. Entre eles ressaltam-se as alterações
comportamentais da pessoa que faz uso e abuso do
álcool levando, na maioria das vezes, à desestruturação
familiar, a gastos excessivos com tratamentos médicos
e internações hospitalares, a elevado número de
acidentes de trânsito com pessoas alcoolizadas,
violência urbana e mortes prematuras2
.
Sobre os efeitos do alcoolismo na família, estudos
demonstram que viver em um “ambiente alcoolista”
afeta negativamente os descendentes de alcoolistas e
que, para cada alcoolista, cinco ou seis pessoas da
família são afetadas4
. Problemas familiares como
desavenças, falta de credibilidade e desconfianças são
sentimentos despertados nas pessoas que já passaram
pela experiência de ter um dependente e, quando há
um dependente na família, todos adoecem5
.
O tratamento do alcoolismo é complexo e,
dependendo da necessidade do usuário e do recurso
disponível, pode ocorrer tanto em serviços
especializados como nos CAPS ad (álcool e drogas),
quanto em serviços da atenção básica, ambulatórios,
hospitais e grupos de apoio da comunidade1
.
A inclusão da família no tratamento tem sido
enfatizada como imperiosa no processo terapêutico
desses pacientes1, 6
. O Ministério da Saúde propõe como
diretriz para o atendimento no CAPS ad, além do
oferecimento de cuidado aos familiares de usuários
do serviço, um trabalho junto a usuários e familiares
que aborde os fatores de proteção para o uso de
substâncias psicoativas e a diminuição do estigma e
preconceito em relação às referidas substâncias,
mediante atividades de cunho preventivo/educativo1
.
Diante da magnitude do problema, do
reconhecimento de suas conseqüências na família e
da importância da inclusão da família no processo de
tratamento, temos buscado compreender e intervir nas
condições de vulnerabilidade de famílias que vivenciam
a experiência de alcoolismo na família7
.
Ao realizarmos a avaliação e intervenção na família,
tem-se utilizado o referencial do Modelo Calgary de
Avaliação e Intervenção na Família8
. Ele utiliza, na
avaliação estrutural da família, os instrumentos
Genograma e Ecomapa, que possibilitam a
compreensão da estrutura da família, de suas relações
internas e com o contexto e os recursos sociais de
apoio que utiliza para enfrentar suas condições de
vulnerabilidade. O Genograma tem sido amplamente utilizado
em estudos com famílias que enfrentam diferentes
problemas, em diferentes abordagens metodológicas e
referenciais teóricos. Alguns autores o utilizam na terapia
sistêmica de família de alcoolistas e o recomendam no
trabalho com famílias que enfrentam esse problema9
.
Diante do exposto, apresenta-se neste artigo a
experiência na avaliação de famílias de usuários de
álcool adstritas a uma Unidade do Programa de Saúde
da Família (PSF) de um município do interior de São
Paulo. A escolha por trabalhar com famílias de uma
Unidade de Saúde da Família (USF) aconteceu em
função de a família constituir-se em um novo modelo
de atenção em saúde tornando-se objeto do cuidado.
Dessa forma, esta pesquisa vai ao encontro das
diretrizes do Ministério da Saúde, em sua política de
atenção aos usuários de álcool e outras drogas no
âmbito do SUS. Essa política foi instituída através do
Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada
aos usuários de Álcool e outras Drogas enfatizando a
estruturação e o fortalecimento de uma rede de
assistência centrada na atenção comunitária associada
à rede de serviços de saúde e sociais1
.
Assim sendo, este trabalho teve como objetivo
compreender o alcoolismo na família através da identificação
da estrutura e das relações familiares, da rede de suporte
social da família e da vivência dessas famílias.
METODOLOGIA
Este estudo insere-se nos pressupostos do
método qualitativo de investigação.
A pesquisa qualitativa trabalha com universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores
e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis10:105
.
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Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
Operacionalização, técnica de coleta de
dados, análise e apresentação dos resultados
Conforme afirmado, pautamo-nos nesta pesquisa
na avaliação estrutural descrita no Modelo Calgary de
Avaliação da Família (MCAF), realizada através de
entrevista com a família8
.
Sujeitos da pesquisa
Os membros de cinco famílias de usuários de álcool foram
sujeitos desta pesquisa. Essas famílias foram indicadas pelos
agentes comunitários de uma USF, na cidade de São Carlos.
Inicialmente, houve planejamento para realizar
a entrevista com todos os membros da família,
incluindo o usuário de álcool. Porém, elas
ocorreram sem a presença desse familiar, uma vez
que as famílias não se dispuseram a incluí-lo
alegando que se sentiriam constrangidas em sua
presença. Elas também ocorreram com, no
máximo, dois membros de cada família, uma vez
que foram esses que se disponibilizaram. O quadro
abaixo relaciona o total de entrevistados por família
e o parentesco em relação ao(s) membro(os)
alcoolista(s) das famílias (Quadro 1).
Entrevista (roteiro, tempo de duração,
local, anotação e análise dos dados)
As entrevistas foram semi-estruturadas. Portanto, o
entrevistador dispôs de um roteiro de entrevista de forma a
orientarosdadosaseremcoletados.Esseroteiroeracomposto
de duas partes: a primeira compreendia questões de forma
a levantar a estrutura, o contexto e a rede de suporte social
da família, ou seja, compreendia a construção do genograma
e ecomapa junto com a família. A segunda, continha questões
abertas relativas às vivências da família diante do alcoolismo.
O tempo de duração das entrevistas foi de no máximo
uma hora e trinta minutos. Elas ocorreram tanto no domicílio
como na própria USF, sendo gravadas em fita magnética
cassete, em áudio após a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da instituição onde o trabalho foi desenvolvido. Os nomes
dos entrevistados foram substituídos por outros nomes para
garantir o sigilo e o anonimato dos participantes.
De posse dos dados, primeiramente, construímos
os genogramas e ecomapas das famílias. A análise dos
dados referentes à vivência da família se deu através
da análise de conteúdo11
.
Família*Família*Família*Família*Família*
Família 1
Família 2
Família 3
Família 4
Família 5
Número deNúmero deNúmero deNúmero deNúmero de
entrevistadosentrevistadosentrevistadosentrevistadosentrevistados
1
2
2
2
1
Número de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuários
de álcool nade álcool nade álcool nade álcool nade álcool na
Família e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relação
de parentescode parentescode parentescode parentescode parentesco
com o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistado
1 (marido)
2 (marido e filho)
1 (marido e genro)
1 (filho e enteado)
9 (marido e filho)
Parentesco doParentesco doParentesco doParentesco doParentesco do
entrevistadoentrevistadoentrevistadoentrevistadoentrevistado
em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s)
usuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcool
Esposa
Esposa/mãe e filha/irmã
Esposa e sogra
Mãe e padrasto
Esposa/mãe
QUADRO 1:
Número de membros entrevistados de cada família e grau de parentesco em relação ao(s) usuário(s) de álcool.
*As famílias entrevistadas foram identificadas de um a cinco
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente são apresentados os dados relativos à
estrutura, às relações e a rede de apoio social das
famílias, obtidos através dos Genogramas e Ecomapas
(Figuras 1,2,3,4,5). Em seguida, os dados da vivência das
famílias entrevistadas diante do alcoolismo na família.
1. A estrutura, as relações e a
rede de apoio social das famílias
Família 1
Ana (32) é casada com Edilson (33) há 11 anos e
mora com ele e seus 4 filhos Caio (11), Pedro (10),
Renato (8) e Daniel (4) em uma casa bastante simples
de 2 cômodos, sem reboco e inacabada. Ela revela que
o marido faz uso de bebida alcoólica há alguns anos
com bastante freqüência e que o uso do álcool se iniciou
por influência dos amigos de trabalho. A família precisou
mudar de bairro, segundo Ana, devido a dívidas que o
marido contraía em bares e não conseguia pagar. A
família mora no bairro atual há cinco anos. Ana relata
que, na maioria das vezes, o marido chega em casa
embriagado e se torna agressivo com ela e com as
crianças. Apesar de a família possuir vínculos fortes
entre si, percebe-se que os conflitos, devido ao
alcoolismo, são constantes. Ana conta que foi agredida
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Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
várias vezes e que houve momentos em que as crianças
pediam para sair de casa por sentirem-se ameaçadas.
Família 2
Márcia (67) e Moacir (59) moram há 14 anos em
uma casa simples. O filho mais novo, Jorge (25), casado
e ao problema do alcoolismo, está, há algum tempo,
fazendo “bicos” como servente de pedreiro.
Larissa (29), a filha mais velha, mora com seu
filho (10) na casa em frente à de sua família.
Percebemos que ela se preocupa muito com a
dependência de álcool que seu pai apresenta. Relata
que muitas vezes tentou ajudá-lo conversando,
procurando recursos de apoio, porém acredita que
sozinha não conseguirá livrar o pai da dependência.
Família 3
Joana (49) e Carlos (41) são casados há 19 anos.
Moram numa casa própria, com 5 cômodos,
apresentando boas condições de higiene. Eles
moravam em São Paulo e migraram para São Carlos
há alguns anos para ficarem mais perto da filha de
Joana. Junto com eles, mora D. Antonieta (74), mãe de
e pai de duas meninas (seis e sete anos), mora, também,
na casa de seus pais, devido à dificuldade financeira. A
família veio do Paraná em busca de melhores condições
de vida e trabalho. Márcia trabalhou muitos anos “na
roça” e, hoje, é aposentada. Seu marido Moacir trabalhou
em muitas empresas, porém, devido à saúde debilitada
Joana. No momento da entrevista, realizada no próprio
domicílio, estavam presentes Joana e D. Antonieta.
Observamos que Joana estava bastante nervosa e
preocupada com o futuro de seu casamento por causa
do problema do alcoolismo do marido, mostrando-se
até um pouco desorientada no dia em que a visitamos,
inclusive dizendo que a única solução para melhorar
sua vida seria se separar de Carlos. Percebemos que
a maior objeção a uma possível separação era o fato
dela ser muito religiosa e acreditar que não deveria
fazer isso por causa das “leis de Deus”. Entretanto,
em outros momentos ela afirma que ama o marido.
Família 4
Sr. João (73) e D. Maria (75) moram juntos numa
casa própria, simples, com 4 cômodos,
apresentando boas condições de higiene. O filho
dela, do primeiro casamento, Ronaldo (42), solteiro,
Figura 1: Genograma e Ecomapa da Família 1
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Figura 2: Genograma e Ecomapa da Família 2
Figura 3: Genograma e Ecomapa da Família 3
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Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
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mora com eles e nos foi indicado pela agente de
saúde como sendo alcoolista.
Na primeira entrevista, realizada no próprio domicílio,
conversamos com D. Maria e Sr. João. D. Maria contou-
nos que Ronaldo estava trabalhando na colheita da
laranja e que o uso de álcool do filho era um problema.
O casal demonstrou certo alívio por Ronaldo ter
começado a trabalhar (o dia da entrevista era o primeiro
dia de um novo serviço) porque afirmaram que Ronaldo
diminuiu a ingestão de álcool. Entretanto, percebemos,
também, na primeira visita, que Sr. João e D. Maria
convivem com o uso abusivo de álcool de Ronaldo.
Família 5
Dona Marta (64) e Sr. João (70) são casados há 47 anos
e moram numa casa simples sem acabamento. Tiveram
doze filhos, dez estão vivos e dois morreram (um com dezoito
dias e outro com cinco dias). Entre os filhos vivos, moram
com o casal Cláudio (39), Edson (36), Flávio (34) e Bruno
(28) que são solteiros e alcoolistas como o pai.
Arnaldo (44), Carla (43), Osvaldo (41), Cecília
(40), Emerson (38) e Wagner (30) são casados e
moram com suas respectivas famílias, exceto
Osvaldo que, apesar de ser casado, está
desempregado e está vivendo temporariamente na
casa de seus pais, pois sua esposa fica mais na
casa de sua mãe do que na casa adquirida por eles.
Segundo Dona Marta, todos os filhos homens,
casados, também já apresentaram problemas com
a bebida no passado, porém se recuperaram.
Contudo, Osvaldo, devido sua atual situação, vem
apresentando uma recaída.
Figura 4: Genograma e Ecomapa da Família 4
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Figura 5: Genograma e Ecomapa da Família 5
1. Compreendendo a vivência
da família diante do alcoolismo
A partir da análise dos dados referentes à vivência
das famílias foram criadas cinco categorias: 1 - Os
problemas enfrentados pelas famílias; 2 - O
conhecimento sobre o alcoolismo; 3 - O sofrimento
diante do alcoolismo e as relações familiares; 4 - As
dificuldades dos familiares em relação ao alcoolismo
e 5 - A rede de apoio social à família.
Categoria 1
Os problemas enfrentados pelas famílias
Ao analisar os problemas enfrentados pelas
famílias, verifica-se que, embora apresentem
dificuldades financeiras, o alcoolismo constituiu-se no
maior problema para a maioria.
O único problema que eu tava enfrentando era a
bebedeira dele. E graças a Deus que ele diminuiu
bem. Não sei o que aconteceu com ele. Se foi
também o que aconteceu com o irmão dele. Acho
que ele sentiu, né. Aí ele maneirou bem. De
primeiro era garrafa de pinga dentro de casa.
Ele me batia, me espancava. Mas graças a Deus
tá parando com tudo isso. (Ana - Família 1)
O problema maior é esse. A bebida. Se não é
meu marido, é meu filho. (Márcia – Família 2)
As famílias também se referiram a outros problemas,
tais como: o uso de outros tipos de drogas além do
álcool, a falta de apoio de outros membros da família, a
falta de contato com outros ou demais membros da
família e, finalmente, os problemas financeiros.
Categoria 2
O conhecimento sobre o alcoolismo
Verificamos que as famílias demonstram pouco
conhecimento sobre o alcoolismo, desconhecendo
conceitos importantes para a compreensão deste
problema de saúde e do seu tratamento. Há uma
familiar que reconhece que não sabe nada:
Sinceramente nada. Só sei que chega uma
época que o organismo não agüenta mais. Como
aconteceu com meu sogro. Chegou uma época,
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ele trabalhava muito bem, na Lápis. Aí depois
se aposentou começou a beber, beber e chegou
um tempo ele que tava dormindo na rua e a
gente precisava buscar ele. Aí chegou uma
época que ele não tava mais agüentando. Até
álcool puro ele tava bebendo. Nem a bebida tava
mais satisfazendo ele. (Ana – Família 1)
Outra, embora reconheça que o alcoolismo é uma doença,
desconfiaqueapessoafazusodadoençaemproveitopróprio,
sendo o alcoolismo uma forma de se acomodar.
Olha, eu tenho certeza que é uma dependência,
mas tem momentos que, como se fala, tem
aquela pessoa que quer se aproveitar da
situação, também. (Joana – Família 3)
Há também uma família que considera que quem
faz uso do álcool, mas continua realizando seu trabalho
não é um alcoolista.
...ele bebe pinga, mas continua trabalhando.
(Da. Maria – Família 4)
Outras famílias desconhecem os determinantes
do alcoolismo acreditando que a pessoa já nasce
alcoolista ou que a pessoa torna-se alcoolista por
vontade própria, desconhecendo ainda que a recaída
faz parte do problema.
É a mãe dele fala que, ele até brinca: ‘Esse aí já
bebia quando tava dentro da minha barriga.’ Eu
achava tão triste ela falar... (Joana - Família 3)
Ele ficou um tempo sem beber, mas agora
voltou... Eu não tenho a mínima idéia do porque
ele voltou a beber. De repente ele apareceu aqui
bêbado. Eu imaginei que nunca mais ele fosse
beber. (Larissa – Família 2)
Há uma familiar que não sabe discorrer sobre a
doença, mas sabe que o alcoolismo prejudica a
saúde levando à morte.
O alcoolismo, a pessoa alcoólica não tem saúde,
porque o vício de beber é uma coisa que mata, né?
Quantas pessoa que eu já escutei falar que morreu
de tanto beber. É uma coisa incrível não pode. A
bebida mata a pessoa. (Da. Marta – Família 5)
O reconhecimento do alcoolismo como doença
representa uma dificuldade tanto para as famílias como
para a sociedade. A idéia do alcoolismo como doença
surge no século XIX quando passa a ser considerado
um problema de saúde pública3
.
O conceito de doença do alcoolismo foi proposto a
partir de pesquisas clínicas incluindo o indivíduo e o seu
ambiente, sendo reconhecido pela Organização Mundial
de Saúde como uma patologia e, mais recentemente,
como Síndrome da Dependência do Álcool12
.
Um outro fator de dificuldade do reconhecimento
do alcoolismo como doença é o fato da ingestão de
bebidas alcoólicas levar a quadros muito diferentes
com cursos irregulares e prognósticos variáveis12
.
Categoria 3
O sofrimento diante do alcoolismo
e as relações familiares
O sofrimento das famílias em ter um familiar alcoolista
é muito grande, na maioria dos casos. A fala de uma
familiar sobre o que é o alcoolismo na família ilustra o
que realmente representa isso para as famílias, ou seja:
só quem passa é que sabe. Verificamos que, quando há
a presença de violência, o sofrimento é ainda maior:
Um desastre! Porque só quem passa por isso
dentro de casa que sabe, né?. Eu já apanhei
muito. Uma vez ele tava bêbado, e ele fica tão
irritado que muda, parece que tem outra pessoa.
Não é ele. Chegou a derrubar o armário inteiro
com lata de arroz, feijão. Minha geladeira ele
virou, jogou tudo que tinha dentro pro cachorro.
Eu sei que foi um inferno! Mas agora não tem
nem comparação. (Ana – Família 1)
A violência sofrida pelos familiares e suas
repercussões para os filhos (crianças com dificuldades
na fala, de aprendizagem e relacionamento) são
algumas das dificuldades enfrentadas pela família.
Também estão presente a frustração e o desgaste
emocional diante da constante busca em convencer o
familiar a se tratar, uma vez que poucos aceitaram
algum tipo de ajuda, ao longo dos anos. Ainda revelaram
forte sentimento de vergonha em relação ao familiar
alcoolista devido a suas atitudes constrangedoras e
comprometedoras da vida social das mesmas.
É chato, né, menina. Porque você não pode ir
em nenhuma festa de medo de ele beber, ou
bater até na frente dos outros ele é capaz, de
xingar. É vergonhoso. Os outros ficam vendo ele
bebendo. (Ana – Família 1)
Ele fica gritando, quebrando as coisas, falando
palavrão. Outro dia a Amanda, lá do Projeto veio
aqui. Eu morri de vergonha da Amanda. Ela veio
aqui e começou a conversar e ele veio e
começou a me chamar de minha filha. Aí eu
falei pra Amanda: ‘Me desculpa Amanda, mas
este senhor é assim mesmo. Todo mundo que
ele conhece, ele chama de filha..’ É uma coisa
muito feia. (Larissa – Família 2)
Ao analisar as relações familiares, constatamos que
elas são, na maioria das vezes, conturbadas,
principalmente quando eles estão alcoolizados. Três
esposas entrevistadas sofreram agressões físicas. Elas
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Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
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vivem considerando a separação como uma das formas
de solução do problema. Há, também, uma grande
preocupação com os filhos, quando eles ainda são
menores de idade.
Porque ele tava me batendo, me batendo e eu
tinha medo de ele me machucar, eu reagir e
ele me machucar porque eu pensava nas
crianças.(Ana - Família 1)
Em consequência do alcoolismo, os filhos afastam-
se dos pais alcoolistas por medo e vergonha. Também
existe o isolamento da família.
...é diferente de antes, porque antes, todo dia,
eles, minhas cunhadas vinham aqui e deixavam
as crianças. Mas agora, o dia que ele bebe, elas
não deixam mais. Pedem pra eles [crianças]
ficarem na creche. (Larissa – Família 2)
Categoria 4
As dificuldades dos familiares
em relação ao alcoolismo
Ao analisar as dificuldades das famílias frente ao
alcoolismo, encontra-se a violência sofrida pelos
familiares como o mais grave dos problemas:
Não, ele tinha parado porque eu aprendi a bater
também. Porque ele tava me batendo, me
batendo e eu tinha medo de ele me machucar.
(Ana – Família 1)
A essa altura já passei por problemas do lado
moral...Ah, eu não sei explicar...Então, a
vergonha de alguém, se ele tem que fazer ele
faz. (Joana - Família 3)
Uma outra grande dificuldade é a repercussão nos
filhos menores, porque são muito afetados. Uma mãe
relata que eles ficam amedrontados, nervosos, têm
dificuldades na escola e na vida pessoal.
Teve uma época que meus moleques tavam indo
ruim na escola. Aí a professora me chamava e eu
abri o jogo com ela. Aí elas começaram a lidar
com eles diferente dos outros, porque elas tavam
vendo que o negócio em casa tava prejudicando
eles na escola. Tanto é que eu tenho um moleque
que nem fala direito. Ele fala tudo enrolado este
de 8 anos. Ele não fala direito, ele precisa de fono.
Mas como é corrido. (Ana – Família 1)
Outras repercussões são o nervosismo e a insônia,
pois os familiares preocupam-se e não sabem como
lidar com a situação. Além disso, existe a dificuldade
em lidar com atitudes do familiar consideradas imorais,
tais como o roubo de dinheiro para o uso com bebidas.
É muita dificuldade. Tem dia que a gente não
dorme, fica preocupada. (Márcia – Família 2)
Não, ele pegava, mesmo...Até que eu passei pra
minha mãe guardar. Até que ele começou a revirar
as gavetas dela, também. E aí, num dá. Então, deixa
lá, recebe, paga o que tem que pagar, compra
passe e vem embora. (Joana - Família 3)
Os familiares ainda enfrentam a recusa na
realização de outros tratamentos médicos
reforçando o uso do álcool:
Ele não quer beber, não toma o remédio da
pressão... Ele fala: Péra aí, que eu já sei qual é
o meu remédio pra ela abaixar. Vai lá e toma
duas pingas. (Da. Marta – Família 5)
Além de tudo isso, a mesma familiar queixa-se da
sua relação conjugal, da vida marido/mulher.
Eu tô sofrendo filha, nessas parte eu tô
sofrendo. À noite eu quero dormi e falo: eu já
tive doze filhos com você e... que você quer
mais? Então, já que você gosta da sua pinga,
então você fica com a sua pinga e eu fico
descansando! Porque agora, eu tô velha eu
quero descansar. (Da. Marta – Família 5)
Atualmente existe uma grande preocupação sobre
as diferentes formas de violência doméstica, bem como
suas relações com o uso, abuso e dependência do
álcool uma vez que esse vem crescendo entre a
população. Tais problemáticas não afetam apenas os
casais, mas crianças e adolescentes, comprometendo
o bem estar físico e psicológico da família12
.
Diante desses resultados consideramos que a
rede de apoio social seria de fundamental
importância para essas famílias.
Categoria 5
A rede de apoio social à família
A rede social é um sistema composto por vários
objetos sociais (pessoas), funções (atividades dessas
pessoas) e situações (contexto), que oferece apoio
instrumental e emocional à pessoa, em suas diferentes
necessidades13
. Apoio instrumental é entendido como
ajuda financeira, ajuda na divisão de responsabilidades
em geral e informação prestada ao indivíduo. Apoio
emocional, por sua vez, refere-se à afeição, aprovação,
simpatia e preocupação com o outro e, também, a ações
que levam a um sentimento de pertencer ao grupo.
Entre os recursos oferecidos destacam-se as redes
de saúde, as agências sociais, as instituições civis, as
associações familiares, os centros comunitários, grupos
de cultura, educação, lazer e esporte. Os grupos têm
como principal objetivo o fortalecimento da auto-estima,
da criatividade, da independência, da autonomia e da
socialização, favorecendo um caráter sócial interativo14
.
Na área do alcoolismo, identificam-se os grupos de
669669669669669
Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
auto-ajuda AL-Anon e Alateen (para familiares e filhos
de alcoolistas, respectivamente) como importantes
fontes de apoio à família.
Os recursos sociais de apoio entre os serviços de
saúde que as famílias entrevistadas mais utilizam é a
Unidade de Saúde da Família. Assim falam:
A gente procura o médico, o posto. O posto aqui
e aquele lá de cima. (Ana - Família 1)
Eu uso o postinho família, pronto socorro, Santa
Casa. (Larissa - Família 2)
...Olha gente, abaixo de Deus pra mim, essa
turma, essa equipe é o anjo de Deus na terra.
(Joana - Família 3)
Aí eu peguei meu marido, arrumo um
carro. Aí eu fui lá no postinho, lá em cima.
(Da. Marta - Família 5)
Portanto, constata-se que a maioria das famílias,
quando questionadas sobre os recursos que utilizam,
não citou uso de quaisquer recursos, seja da saúde
ou de grupos de apoio para ajudá-las no
enfrentamento do alcoolismo. Esses dados tornam-se
preocupantes uma vez que estudos têm assinalado a
importância da rede social e do apoio social como
elementos significativos na manutenção da saúde15
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
Ao considerar o que nossa aproximação às famílias
de alcoolistas trouxe, deve-se assinalar primeiramente
o enorme sofrimento e as sérias repercussões que
esse problema traz para a família, o que nos leva à
reafirmação de que este é um grave problema de saúde
que deve ser enfrentado pela sociedade.
Ao analisar os problemas que as famílias vêm
enfrentando, verifica-se que, embora elas apresentem
dificuldades financeiras, o alcoolismo constitui-se no maior
problema para a maioria delas, afetando toda a família, o
que vem reforçar os achados encontrados na literatura.
As famílias também demonstraram pouco
conhecimento sobre o alcoolismo, desconhecendo
conceitos importantes para a compreensão desta
doença/síndrome e de seu tratamento, o que leva à
identificação da necessidade de receberem maiores
informações sobre o alcoolismo e o seu tratamento.
Quanto às relações familiares, verifica-se que elas
são, na maioria das vezes, conturbadas. Os filhos
afastam-se dos pais alcoolistas por medo e vergonha,
algumas esposas estão sempre considerando a
possibilidade de separação como única forma de
solucionar o problema, relatando também que há
prejuízos para a vida conjugal. Ainda constata-se que
a maioria das famílias evita falar do alcoolismo com os
demais familiares isolando-se diante do problema. Os
familiares revelaram também um forte sentimento de
vergonha em relação ao familiar alcoolista devido a
suas atitudes constrangedoras, o que compromete
sobremaneira a vida social das mesmas.
Entre as maiores dificuldades enfrentadas pela família
encontra-se a violência sofrida pelos familiares e suas
repercussões sobre os filhos. Também estão presentes
a frustração e o desgaste emocional diante da constante
busca em convencer o familiar a fazer o tratamento uma
vez que poucos aceitaram algum tipo de ajuda, ao longo
dos anos, e nenhum se encontrava em tratamento.
Diante desses resultados, a rede de apoio social seria
de fundamental importância para essas famílias.
Entretanto, ao se analisar a situação da rede de saúde,
encontra-se a precariedade de recursos públicos de saúde
na área de atenção ao alcoolismo no município em
questão16
, o desconhecimento das famílias sobre os
recursos existentes e a não utilização dos Grupos de Apoio
para famílias e filhos de alcoolistas (Al-Anon e Alateen).
Ainda em relação à rede de saúde, a Unidade de Saúde
da Família é o recurso de saúde mais utilizado pelas
famílias, o que leva ao seu reconhecimento como uma
importante estratégia no enfrentamento do alcoolismo.
Finalmente, cabe indagar como o Programa de Saúde da
Família tem trabalhado com o alcoolismo na família.
Certamente essa é uma questão que necessita ser
analisada mais detidamente, em futuras investigações.
1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN/
DST/AIDS. A política do Ministério da Saúde para a atenção integral a
usuários de álcool e outras drogas. Brasília (DF); 2004.
2. Carlini EA et al. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas
psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades
do país: 2001. [on line] [citado 18 abr 2004]. Disponível em: http:/
/www.cebrid.epm.br/levantamento_brasil/parte_1.pdf
3. Laranjeira R, Pinsky I. O alcoolismo. São Paulo (SP): Contexto; 1998.
4.HillE,GauerG,GomesWB.Umaanálisesemiótico-fenomenológicadas
mensagens auto-reflexivas de filhos adultos de alcoolistas. Psicologia:
reflexãoecrítica. [online] 1998;[citado09 ago 2006];11(1).Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
5. Buchele F, Marcatti M, Rabelo DR. Dependência química e prevenção
à “recaída”.Texto & Contexto Enferm 2004; 1(1): 233-40.
6. Martins ACC, Pillon SC, Luis MAV. A família e sua importância a
dependentes de substâncias psicoativas. In: Luis MAV, Pillon SC,
organizadores. Assistência a usuários de álcool e drogas no estado
de São Paulo: uma amostra de serviços e programas. Ribeirão Preto
(SP): FIERP; 2004. p. 216-28.
670670670670670
Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70.
Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família
Filizola CLA et al
Sobre os Autores
7.NascimentoMMA,SilvaHF,FilizolaCLA,PeronCJ.Intervindojuntoafamílias
dealcoolistasdeumPSFdomunicípiodeSãoCarlos.Resumosdostrabalhos
apresentadosno8ºEncontrodePesquisadoresemSaúdeMental.7º
Encontro
deEspecialistasemEnfermagemPsiquiátrica;2004abr5-8;RibeirãoPreto
(SP),Brasil.RibeirãoPreto(SP):EERP;2004.p.215.
8. Whight LM, Leahey M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação
e intervenção na família. São Paulo (SP): Roca; 2002.
9. Zuse AS,Rossato VMD, Backes,VMS. Genetograma: um instrumento
de trabalho na compreensão sistêmica de vida. Rev Latino-Am
Enfermagem 2002 maio/jun; 10 (3): 308-20.
10. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
saúde. São Paulo (SP):Hucitec/ ABRASCO; 1992.
11. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo (SP): Ed 70; 1977.
12. Pinto EF, Pillon SC. Alcoolismo e violência doméstica. In: Luis MAV,
Pillon SC, organizadores. Pesquisas sobre a prática da assistência a
usuários de álcool e drogas no estado de São Paulo. Ribeirão Preto
(SP): FIERP; 2004, p. 79-94.
13. Dessen MA, Braz MP. Rede social de apoio durante transições
familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: teoria e
pesquisa 2000 set-dez; 16 (3): 7-14.
14.VarotoVAG.Equandoadependênciachegar?[tesededoutorado].São
Carlos(SP):DepartamentodeEngenhariadeProdução/UFSCar;2005.
15.GriepRH.Confiabilidadeevalidadedeinstrumentosdemedidaderede
socialeapoiosocialutilizadosnoestudoPró-Saúde.[tesededoutorado].
RiodeJaneiro(RJ):EscolaNacionaldeSaúdePública/FGV;2003.
Recebido em 26/10/2006
Reapresentado em 26/11/2006
Aprovado em 29/11/2006
CarCarCarCarCarmen Lúciamen Lúciamen Lúciamen Lúciamen Lúcia AlvAlvAlvAlvAlves Filizes Filizes Filizes Filizes Filizolaolaolaolaola
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP
Camila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus Perón
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP
Mariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do Nascimento
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP
Sofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost Pavarini
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP
JJJJJosé Fosé Fosé Fosé Fosé Fererererernando Pnando Pnando Pnando Pnando Petrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filho
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP
16. Tagliaferro P, Andrade AS, Filizola CLA. Rede de suporte social para
famílias de usuários com transtorno mental do município de São Carlos.
Resumos dos trabalhos apresentados no 13º
Simpósio Internacional de
IniciaçãoCientíficadaUSP-SIICUSP;2005nov10-11;RibeirãoPreto(SP),
Brasil.RibeirãoPreto(SP):USP;2005. p.111.

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Compreendendo o alcoolismo na família

  • 1. 660660660660660 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al Resumo Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave:Palavras-chave: Alcoolismo. Família. Apoio Social. Abstract Resumen KKKKKeeeeeywywywywywororororords:ds:ds:ds:ds: Alcoholism. Family. Social Support. Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave:Palabras clave: Alcoholismo. Familia. Apoyo Social. COMPREENDENDO O ALCOOLISMO NA FAMÍLIA Understanding Alcoholism in the Family Context Comprendiendo el Alcoholismo en la Família Carmen Lúcia Alves Filizola Camila de Jesus Perón Mariana Montagner Augusto do Nascimento Sofia Cristina Iost Pavarini José Fernando Petrilli Filho O alcoolismo é um sério problema de saúde pública. O seu tratamento é complexo e a inclusão da família tem sido enfatizada. Esta pesquisa teve como objetivo identificar a estrutura, as relações, a rede de suporte e a vivência de famílias diante do alcoolismo. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas com cinco famílias de alcoolistas de uma Unidade de Saúde da Família. Verificamos que o alcoolismo constituiu-se no maior problema para as famílias que demonstram pouco conhecimento sobre o tema. Entre as maiores dificuldades encontramos a violência sofrida pelos familiares. As relações familiares são conturbadas. A maioria das famílias isola-se evitando falar do alcoolismo com outros. Portanto, a rede de suporte social seria fundamental. Ao analisá-la constatamos a precariedade de recursos públicos, o desconhecimento dos existentes e a não utilização de Grupos de Apoio pelas famílias. Alcoholism is a serious problem for the public health. Its treatment is complex and the inclusion of the patient’s family has been emphasized. The objective of this research was to identify the structure, relationships, support network and experiences of families before the alcoholism. The data collection was made through semi-structured interviews with five alcoholics’ families of a Family Health Unit. We verified thatalcoholismcomposesthemajorproblemforthesefamilies that demonstrated not much knowledge about the topic. Among the major difficulties we found the violence suffered by the relatives. The family relations are disturbed. Most families avoid talking about alcoholism with other people. Therefore, the social support network is vital. Analyzing that, we verified the precariousness of the public resources, the unawareness of the existing resources and the non-utilization of the Support Groups by families. El alcoholismo es un serio problema de salud pública. Su tratamiento es complejo y la inclusión de la familia ha sido enfatizada. Esta investigación tuvo como objetivo identificar la estructura, las relaciones, la red de suporte y la vivencia de la familias perante al alcoholismo. La recolección de datos fue realizada a través de entrevistas semiestructuradas con cinco familias de alcohólicos de una Unidad de Salud de Familia. Verificamos que el alcoholismo se constituyó como mayor problema para las familias que demuestran poco conocimiento sobre el tema. Dentro de las mayores dificultades encontramos laviolenciasufridapor los familiares. Las relaciones familiares son conturbadas. La mayoría de las familias evita hablar del alcoholismo con otros se alejando. Por esto, la red de suporte social seria fundamental. Al analizarla constatamos la precariedad de recursos públicos, el desconocimiento de los existentes y la no utilización de Grupos de Apoyo por las familias.
  • 2. 661661661661661 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al INTRODUÇÃO O alcoolismo é um sério problema de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, o uso do álcool impõe às sociedades de todos os países uma carga global de agravos indesejáveis e extremamente dispendiosos, que acometem os indivíduos em todos os domínios de sua vida1 . O 1º Levantamento Domiciliar sobre o uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil indica uma prevalência do uso do álcool na vida de 68,7% sendo ela maior para o sexo masculino (17,1%) do que para o feminino (5,7%). No total, há uma estimativa de 11,2% de dependentes de bebidas alcoólicas nas 107 maiores cidades do Brasil2 . Atualmente, o termo “alcoolismo” vem sendo substituído por Síndrome de Dependência do Álcool (SDAS), a qual se diferencia por ser entendida como um processo no qual a pessoa ficaria gradualmente dependente do álcool, eliminando a visão dicotômica de “tudo ou nada” implícita no termo alcoolismo3 . Os prejuízos trazidos pelo uso excessivo de álcool são inúmeros. Entre eles ressaltam-se as alterações comportamentais da pessoa que faz uso e abuso do álcool levando, na maioria das vezes, à desestruturação familiar, a gastos excessivos com tratamentos médicos e internações hospitalares, a elevado número de acidentes de trânsito com pessoas alcoolizadas, violência urbana e mortes prematuras2 . Sobre os efeitos do alcoolismo na família, estudos demonstram que viver em um “ambiente alcoolista” afeta negativamente os descendentes de alcoolistas e que, para cada alcoolista, cinco ou seis pessoas da família são afetadas4 . Problemas familiares como desavenças, falta de credibilidade e desconfianças são sentimentos despertados nas pessoas que já passaram pela experiência de ter um dependente e, quando há um dependente na família, todos adoecem5 . O tratamento do alcoolismo é complexo e, dependendo da necessidade do usuário e do recurso disponível, pode ocorrer tanto em serviços especializados como nos CAPS ad (álcool e drogas), quanto em serviços da atenção básica, ambulatórios, hospitais e grupos de apoio da comunidade1 . A inclusão da família no tratamento tem sido enfatizada como imperiosa no processo terapêutico desses pacientes1, 6 . O Ministério da Saúde propõe como diretriz para o atendimento no CAPS ad, além do oferecimento de cuidado aos familiares de usuários do serviço, um trabalho junto a usuários e familiares que aborde os fatores de proteção para o uso de substâncias psicoativas e a diminuição do estigma e preconceito em relação às referidas substâncias, mediante atividades de cunho preventivo/educativo1 . Diante da magnitude do problema, do reconhecimento de suas conseqüências na família e da importância da inclusão da família no processo de tratamento, temos buscado compreender e intervir nas condições de vulnerabilidade de famílias que vivenciam a experiência de alcoolismo na família7 . Ao realizarmos a avaliação e intervenção na família, tem-se utilizado o referencial do Modelo Calgary de Avaliação e Intervenção na Família8 . Ele utiliza, na avaliação estrutural da família, os instrumentos Genograma e Ecomapa, que possibilitam a compreensão da estrutura da família, de suas relações internas e com o contexto e os recursos sociais de apoio que utiliza para enfrentar suas condições de vulnerabilidade. O Genograma tem sido amplamente utilizado em estudos com famílias que enfrentam diferentes problemas, em diferentes abordagens metodológicas e referenciais teóricos. Alguns autores o utilizam na terapia sistêmica de família de alcoolistas e o recomendam no trabalho com famílias que enfrentam esse problema9 . Diante do exposto, apresenta-se neste artigo a experiência na avaliação de famílias de usuários de álcool adstritas a uma Unidade do Programa de Saúde da Família (PSF) de um município do interior de São Paulo. A escolha por trabalhar com famílias de uma Unidade de Saúde da Família (USF) aconteceu em função de a família constituir-se em um novo modelo de atenção em saúde tornando-se objeto do cuidado. Dessa forma, esta pesquisa vai ao encontro das diretrizes do Ministério da Saúde, em sua política de atenção aos usuários de álcool e outras drogas no âmbito do SUS. Essa política foi instituída através do Programa Nacional de Atenção Comunitária Integrada aos usuários de Álcool e outras Drogas enfatizando a estruturação e o fortalecimento de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária associada à rede de serviços de saúde e sociais1 . Assim sendo, este trabalho teve como objetivo compreender o alcoolismo na família através da identificação da estrutura e das relações familiares, da rede de suporte social da família e da vivência dessas famílias. METODOLOGIA Este estudo insere-se nos pressupostos do método qualitativo de investigação. A pesquisa qualitativa trabalha com universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis10:105 .
  • 3. 662662662662662 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al Operacionalização, técnica de coleta de dados, análise e apresentação dos resultados Conforme afirmado, pautamo-nos nesta pesquisa na avaliação estrutural descrita no Modelo Calgary de Avaliação da Família (MCAF), realizada através de entrevista com a família8 . Sujeitos da pesquisa Os membros de cinco famílias de usuários de álcool foram sujeitos desta pesquisa. Essas famílias foram indicadas pelos agentes comunitários de uma USF, na cidade de São Carlos. Inicialmente, houve planejamento para realizar a entrevista com todos os membros da família, incluindo o usuário de álcool. Porém, elas ocorreram sem a presença desse familiar, uma vez que as famílias não se dispuseram a incluí-lo alegando que se sentiriam constrangidas em sua presença. Elas também ocorreram com, no máximo, dois membros de cada família, uma vez que foram esses que se disponibilizaram. O quadro abaixo relaciona o total de entrevistados por família e o parentesco em relação ao(s) membro(os) alcoolista(s) das famílias (Quadro 1). Entrevista (roteiro, tempo de duração, local, anotação e análise dos dados) As entrevistas foram semi-estruturadas. Portanto, o entrevistador dispôs de um roteiro de entrevista de forma a orientarosdadosaseremcoletados.Esseroteiroeracomposto de duas partes: a primeira compreendia questões de forma a levantar a estrutura, o contexto e a rede de suporte social da família, ou seja, compreendia a construção do genograma e ecomapa junto com a família. A segunda, continha questões abertas relativas às vivências da família diante do alcoolismo. O tempo de duração das entrevistas foi de no máximo uma hora e trinta minutos. Elas ocorreram tanto no domicílio como na própria USF, sendo gravadas em fita magnética cassete, em áudio após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde o trabalho foi desenvolvido. Os nomes dos entrevistados foram substituídos por outros nomes para garantir o sigilo e o anonimato dos participantes. De posse dos dados, primeiramente, construímos os genogramas e ecomapas das famílias. A análise dos dados referentes à vivência da família se deu através da análise de conteúdo11 . Família*Família*Família*Família*Família* Família 1 Família 2 Família 3 Família 4 Família 5 Número deNúmero deNúmero deNúmero deNúmero de entrevistadosentrevistadosentrevistadosentrevistadosentrevistados 1 2 2 2 1 Número de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuáriosNúmero de usuários de álcool nade álcool nade álcool nade álcool nade álcool na Família e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relaçãoFamília e relação de parentescode parentescode parentescode parentescode parentesco com o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistadocom o entrevistado 1 (marido) 2 (marido e filho) 1 (marido e genro) 1 (filho e enteado) 9 (marido e filho) Parentesco doParentesco doParentesco doParentesco doParentesco do entrevistadoentrevistadoentrevistadoentrevistadoentrevistado em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s)em relação ao(s) usuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcoolusuários de álcool Esposa Esposa/mãe e filha/irmã Esposa e sogra Mãe e padrasto Esposa/mãe QUADRO 1: Número de membros entrevistados de cada família e grau de parentesco em relação ao(s) usuário(s) de álcool. *As famílias entrevistadas foram identificadas de um a cinco RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente são apresentados os dados relativos à estrutura, às relações e a rede de apoio social das famílias, obtidos através dos Genogramas e Ecomapas (Figuras 1,2,3,4,5). Em seguida, os dados da vivência das famílias entrevistadas diante do alcoolismo na família. 1. A estrutura, as relações e a rede de apoio social das famílias Família 1 Ana (32) é casada com Edilson (33) há 11 anos e mora com ele e seus 4 filhos Caio (11), Pedro (10), Renato (8) e Daniel (4) em uma casa bastante simples de 2 cômodos, sem reboco e inacabada. Ela revela que o marido faz uso de bebida alcoólica há alguns anos com bastante freqüência e que o uso do álcool se iniciou por influência dos amigos de trabalho. A família precisou mudar de bairro, segundo Ana, devido a dívidas que o marido contraía em bares e não conseguia pagar. A família mora no bairro atual há cinco anos. Ana relata que, na maioria das vezes, o marido chega em casa embriagado e se torna agressivo com ela e com as crianças. Apesar de a família possuir vínculos fortes entre si, percebe-se que os conflitos, devido ao alcoolismo, são constantes. Ana conta que foi agredida
  • 4. 663663663663663 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al várias vezes e que houve momentos em que as crianças pediam para sair de casa por sentirem-se ameaçadas. Família 2 Márcia (67) e Moacir (59) moram há 14 anos em uma casa simples. O filho mais novo, Jorge (25), casado e ao problema do alcoolismo, está, há algum tempo, fazendo “bicos” como servente de pedreiro. Larissa (29), a filha mais velha, mora com seu filho (10) na casa em frente à de sua família. Percebemos que ela se preocupa muito com a dependência de álcool que seu pai apresenta. Relata que muitas vezes tentou ajudá-lo conversando, procurando recursos de apoio, porém acredita que sozinha não conseguirá livrar o pai da dependência. Família 3 Joana (49) e Carlos (41) são casados há 19 anos. Moram numa casa própria, com 5 cômodos, apresentando boas condições de higiene. Eles moravam em São Paulo e migraram para São Carlos há alguns anos para ficarem mais perto da filha de Joana. Junto com eles, mora D. Antonieta (74), mãe de e pai de duas meninas (seis e sete anos), mora, também, na casa de seus pais, devido à dificuldade financeira. A família veio do Paraná em busca de melhores condições de vida e trabalho. Márcia trabalhou muitos anos “na roça” e, hoje, é aposentada. Seu marido Moacir trabalhou em muitas empresas, porém, devido à saúde debilitada Joana. No momento da entrevista, realizada no próprio domicílio, estavam presentes Joana e D. Antonieta. Observamos que Joana estava bastante nervosa e preocupada com o futuro de seu casamento por causa do problema do alcoolismo do marido, mostrando-se até um pouco desorientada no dia em que a visitamos, inclusive dizendo que a única solução para melhorar sua vida seria se separar de Carlos. Percebemos que a maior objeção a uma possível separação era o fato dela ser muito religiosa e acreditar que não deveria fazer isso por causa das “leis de Deus”. Entretanto, em outros momentos ela afirma que ama o marido. Família 4 Sr. João (73) e D. Maria (75) moram juntos numa casa própria, simples, com 4 cômodos, apresentando boas condições de higiene. O filho dela, do primeiro casamento, Ronaldo (42), solteiro, Figura 1: Genograma e Ecomapa da Família 1
  • 5. 664664664664664 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al Figura 2: Genograma e Ecomapa da Família 2 Figura 3: Genograma e Ecomapa da Família 3
  • 6. 665665665665665 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al mora com eles e nos foi indicado pela agente de saúde como sendo alcoolista. Na primeira entrevista, realizada no próprio domicílio, conversamos com D. Maria e Sr. João. D. Maria contou- nos que Ronaldo estava trabalhando na colheita da laranja e que o uso de álcool do filho era um problema. O casal demonstrou certo alívio por Ronaldo ter começado a trabalhar (o dia da entrevista era o primeiro dia de um novo serviço) porque afirmaram que Ronaldo diminuiu a ingestão de álcool. Entretanto, percebemos, também, na primeira visita, que Sr. João e D. Maria convivem com o uso abusivo de álcool de Ronaldo. Família 5 Dona Marta (64) e Sr. João (70) são casados há 47 anos e moram numa casa simples sem acabamento. Tiveram doze filhos, dez estão vivos e dois morreram (um com dezoito dias e outro com cinco dias). Entre os filhos vivos, moram com o casal Cláudio (39), Edson (36), Flávio (34) e Bruno (28) que são solteiros e alcoolistas como o pai. Arnaldo (44), Carla (43), Osvaldo (41), Cecília (40), Emerson (38) e Wagner (30) são casados e moram com suas respectivas famílias, exceto Osvaldo que, apesar de ser casado, está desempregado e está vivendo temporariamente na casa de seus pais, pois sua esposa fica mais na casa de sua mãe do que na casa adquirida por eles. Segundo Dona Marta, todos os filhos homens, casados, também já apresentaram problemas com a bebida no passado, porém se recuperaram. Contudo, Osvaldo, devido sua atual situação, vem apresentando uma recaída. Figura 4: Genograma e Ecomapa da Família 4
  • 7. 666666666666666 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al Figura 5: Genograma e Ecomapa da Família 5 1. Compreendendo a vivência da família diante do alcoolismo A partir da análise dos dados referentes à vivência das famílias foram criadas cinco categorias: 1 - Os problemas enfrentados pelas famílias; 2 - O conhecimento sobre o alcoolismo; 3 - O sofrimento diante do alcoolismo e as relações familiares; 4 - As dificuldades dos familiares em relação ao alcoolismo e 5 - A rede de apoio social à família. Categoria 1 Os problemas enfrentados pelas famílias Ao analisar os problemas enfrentados pelas famílias, verifica-se que, embora apresentem dificuldades financeiras, o alcoolismo constituiu-se no maior problema para a maioria. O único problema que eu tava enfrentando era a bebedeira dele. E graças a Deus que ele diminuiu bem. Não sei o que aconteceu com ele. Se foi também o que aconteceu com o irmão dele. Acho que ele sentiu, né. Aí ele maneirou bem. De primeiro era garrafa de pinga dentro de casa. Ele me batia, me espancava. Mas graças a Deus tá parando com tudo isso. (Ana - Família 1) O problema maior é esse. A bebida. Se não é meu marido, é meu filho. (Márcia – Família 2) As famílias também se referiram a outros problemas, tais como: o uso de outros tipos de drogas além do álcool, a falta de apoio de outros membros da família, a falta de contato com outros ou demais membros da família e, finalmente, os problemas financeiros. Categoria 2 O conhecimento sobre o alcoolismo Verificamos que as famílias demonstram pouco conhecimento sobre o alcoolismo, desconhecendo conceitos importantes para a compreensão deste problema de saúde e do seu tratamento. Há uma familiar que reconhece que não sabe nada: Sinceramente nada. Só sei que chega uma época que o organismo não agüenta mais. Como aconteceu com meu sogro. Chegou uma época,
  • 8. 667667667667667 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al ele trabalhava muito bem, na Lápis. Aí depois se aposentou começou a beber, beber e chegou um tempo ele que tava dormindo na rua e a gente precisava buscar ele. Aí chegou uma época que ele não tava mais agüentando. Até álcool puro ele tava bebendo. Nem a bebida tava mais satisfazendo ele. (Ana – Família 1) Outra, embora reconheça que o alcoolismo é uma doença, desconfiaqueapessoafazusodadoençaemproveitopróprio, sendo o alcoolismo uma forma de se acomodar. Olha, eu tenho certeza que é uma dependência, mas tem momentos que, como se fala, tem aquela pessoa que quer se aproveitar da situação, também. (Joana – Família 3) Há também uma família que considera que quem faz uso do álcool, mas continua realizando seu trabalho não é um alcoolista. ...ele bebe pinga, mas continua trabalhando. (Da. Maria – Família 4) Outras famílias desconhecem os determinantes do alcoolismo acreditando que a pessoa já nasce alcoolista ou que a pessoa torna-se alcoolista por vontade própria, desconhecendo ainda que a recaída faz parte do problema. É a mãe dele fala que, ele até brinca: ‘Esse aí já bebia quando tava dentro da minha barriga.’ Eu achava tão triste ela falar... (Joana - Família 3) Ele ficou um tempo sem beber, mas agora voltou... Eu não tenho a mínima idéia do porque ele voltou a beber. De repente ele apareceu aqui bêbado. Eu imaginei que nunca mais ele fosse beber. (Larissa – Família 2) Há uma familiar que não sabe discorrer sobre a doença, mas sabe que o alcoolismo prejudica a saúde levando à morte. O alcoolismo, a pessoa alcoólica não tem saúde, porque o vício de beber é uma coisa que mata, né? Quantas pessoa que eu já escutei falar que morreu de tanto beber. É uma coisa incrível não pode. A bebida mata a pessoa. (Da. Marta – Família 5) O reconhecimento do alcoolismo como doença representa uma dificuldade tanto para as famílias como para a sociedade. A idéia do alcoolismo como doença surge no século XIX quando passa a ser considerado um problema de saúde pública3 . O conceito de doença do alcoolismo foi proposto a partir de pesquisas clínicas incluindo o indivíduo e o seu ambiente, sendo reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como uma patologia e, mais recentemente, como Síndrome da Dependência do Álcool12 . Um outro fator de dificuldade do reconhecimento do alcoolismo como doença é o fato da ingestão de bebidas alcoólicas levar a quadros muito diferentes com cursos irregulares e prognósticos variáveis12 . Categoria 3 O sofrimento diante do alcoolismo e as relações familiares O sofrimento das famílias em ter um familiar alcoolista é muito grande, na maioria dos casos. A fala de uma familiar sobre o que é o alcoolismo na família ilustra o que realmente representa isso para as famílias, ou seja: só quem passa é que sabe. Verificamos que, quando há a presença de violência, o sofrimento é ainda maior: Um desastre! Porque só quem passa por isso dentro de casa que sabe, né?. Eu já apanhei muito. Uma vez ele tava bêbado, e ele fica tão irritado que muda, parece que tem outra pessoa. Não é ele. Chegou a derrubar o armário inteiro com lata de arroz, feijão. Minha geladeira ele virou, jogou tudo que tinha dentro pro cachorro. Eu sei que foi um inferno! Mas agora não tem nem comparação. (Ana – Família 1) A violência sofrida pelos familiares e suas repercussões para os filhos (crianças com dificuldades na fala, de aprendizagem e relacionamento) são algumas das dificuldades enfrentadas pela família. Também estão presente a frustração e o desgaste emocional diante da constante busca em convencer o familiar a se tratar, uma vez que poucos aceitaram algum tipo de ajuda, ao longo dos anos. Ainda revelaram forte sentimento de vergonha em relação ao familiar alcoolista devido a suas atitudes constrangedoras e comprometedoras da vida social das mesmas. É chato, né, menina. Porque você não pode ir em nenhuma festa de medo de ele beber, ou bater até na frente dos outros ele é capaz, de xingar. É vergonhoso. Os outros ficam vendo ele bebendo. (Ana – Família 1) Ele fica gritando, quebrando as coisas, falando palavrão. Outro dia a Amanda, lá do Projeto veio aqui. Eu morri de vergonha da Amanda. Ela veio aqui e começou a conversar e ele veio e começou a me chamar de minha filha. Aí eu falei pra Amanda: ‘Me desculpa Amanda, mas este senhor é assim mesmo. Todo mundo que ele conhece, ele chama de filha..’ É uma coisa muito feia. (Larissa – Família 2) Ao analisar as relações familiares, constatamos que elas são, na maioria das vezes, conturbadas, principalmente quando eles estão alcoolizados. Três esposas entrevistadas sofreram agressões físicas. Elas
  • 9. 668668668668668 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al vivem considerando a separação como uma das formas de solução do problema. Há, também, uma grande preocupação com os filhos, quando eles ainda são menores de idade. Porque ele tava me batendo, me batendo e eu tinha medo de ele me machucar, eu reagir e ele me machucar porque eu pensava nas crianças.(Ana - Família 1) Em consequência do alcoolismo, os filhos afastam- se dos pais alcoolistas por medo e vergonha. Também existe o isolamento da família. ...é diferente de antes, porque antes, todo dia, eles, minhas cunhadas vinham aqui e deixavam as crianças. Mas agora, o dia que ele bebe, elas não deixam mais. Pedem pra eles [crianças] ficarem na creche. (Larissa – Família 2) Categoria 4 As dificuldades dos familiares em relação ao alcoolismo Ao analisar as dificuldades das famílias frente ao alcoolismo, encontra-se a violência sofrida pelos familiares como o mais grave dos problemas: Não, ele tinha parado porque eu aprendi a bater também. Porque ele tava me batendo, me batendo e eu tinha medo de ele me machucar. (Ana – Família 1) A essa altura já passei por problemas do lado moral...Ah, eu não sei explicar...Então, a vergonha de alguém, se ele tem que fazer ele faz. (Joana - Família 3) Uma outra grande dificuldade é a repercussão nos filhos menores, porque são muito afetados. Uma mãe relata que eles ficam amedrontados, nervosos, têm dificuldades na escola e na vida pessoal. Teve uma época que meus moleques tavam indo ruim na escola. Aí a professora me chamava e eu abri o jogo com ela. Aí elas começaram a lidar com eles diferente dos outros, porque elas tavam vendo que o negócio em casa tava prejudicando eles na escola. Tanto é que eu tenho um moleque que nem fala direito. Ele fala tudo enrolado este de 8 anos. Ele não fala direito, ele precisa de fono. Mas como é corrido. (Ana – Família 1) Outras repercussões são o nervosismo e a insônia, pois os familiares preocupam-se e não sabem como lidar com a situação. Além disso, existe a dificuldade em lidar com atitudes do familiar consideradas imorais, tais como o roubo de dinheiro para o uso com bebidas. É muita dificuldade. Tem dia que a gente não dorme, fica preocupada. (Márcia – Família 2) Não, ele pegava, mesmo...Até que eu passei pra minha mãe guardar. Até que ele começou a revirar as gavetas dela, também. E aí, num dá. Então, deixa lá, recebe, paga o que tem que pagar, compra passe e vem embora. (Joana - Família 3) Os familiares ainda enfrentam a recusa na realização de outros tratamentos médicos reforçando o uso do álcool: Ele não quer beber, não toma o remédio da pressão... Ele fala: Péra aí, que eu já sei qual é o meu remédio pra ela abaixar. Vai lá e toma duas pingas. (Da. Marta – Família 5) Além de tudo isso, a mesma familiar queixa-se da sua relação conjugal, da vida marido/mulher. Eu tô sofrendo filha, nessas parte eu tô sofrendo. À noite eu quero dormi e falo: eu já tive doze filhos com você e... que você quer mais? Então, já que você gosta da sua pinga, então você fica com a sua pinga e eu fico descansando! Porque agora, eu tô velha eu quero descansar. (Da. Marta – Família 5) Atualmente existe uma grande preocupação sobre as diferentes formas de violência doméstica, bem como suas relações com o uso, abuso e dependência do álcool uma vez que esse vem crescendo entre a população. Tais problemáticas não afetam apenas os casais, mas crianças e adolescentes, comprometendo o bem estar físico e psicológico da família12 . Diante desses resultados consideramos que a rede de apoio social seria de fundamental importância para essas famílias. Categoria 5 A rede de apoio social à família A rede social é um sistema composto por vários objetos sociais (pessoas), funções (atividades dessas pessoas) e situações (contexto), que oferece apoio instrumental e emocional à pessoa, em suas diferentes necessidades13 . Apoio instrumental é entendido como ajuda financeira, ajuda na divisão de responsabilidades em geral e informação prestada ao indivíduo. Apoio emocional, por sua vez, refere-se à afeição, aprovação, simpatia e preocupação com o outro e, também, a ações que levam a um sentimento de pertencer ao grupo. Entre os recursos oferecidos destacam-se as redes de saúde, as agências sociais, as instituições civis, as associações familiares, os centros comunitários, grupos de cultura, educação, lazer e esporte. Os grupos têm como principal objetivo o fortalecimento da auto-estima, da criatividade, da independência, da autonomia e da socialização, favorecendo um caráter sócial interativo14 . Na área do alcoolismo, identificam-se os grupos de
  • 10. 669669669669669 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al auto-ajuda AL-Anon e Alateen (para familiares e filhos de alcoolistas, respectivamente) como importantes fontes de apoio à família. Os recursos sociais de apoio entre os serviços de saúde que as famílias entrevistadas mais utilizam é a Unidade de Saúde da Família. Assim falam: A gente procura o médico, o posto. O posto aqui e aquele lá de cima. (Ana - Família 1) Eu uso o postinho família, pronto socorro, Santa Casa. (Larissa - Família 2) ...Olha gente, abaixo de Deus pra mim, essa turma, essa equipe é o anjo de Deus na terra. (Joana - Família 3) Aí eu peguei meu marido, arrumo um carro. Aí eu fui lá no postinho, lá em cima. (Da. Marta - Família 5) Portanto, constata-se que a maioria das famílias, quando questionadas sobre os recursos que utilizam, não citou uso de quaisquer recursos, seja da saúde ou de grupos de apoio para ajudá-las no enfrentamento do alcoolismo. Esses dados tornam-se preocupantes uma vez que estudos têm assinalado a importância da rede social e do apoio social como elementos significativos na manutenção da saúde15 . CONSIDERAÇÕES FINAIS Referências Ao considerar o que nossa aproximação às famílias de alcoolistas trouxe, deve-se assinalar primeiramente o enorme sofrimento e as sérias repercussões que esse problema traz para a família, o que nos leva à reafirmação de que este é um grave problema de saúde que deve ser enfrentado pela sociedade. Ao analisar os problemas que as famílias vêm enfrentando, verifica-se que, embora elas apresentem dificuldades financeiras, o alcoolismo constitui-se no maior problema para a maioria delas, afetando toda a família, o que vem reforçar os achados encontrados na literatura. As famílias também demonstraram pouco conhecimento sobre o alcoolismo, desconhecendo conceitos importantes para a compreensão desta doença/síndrome e de seu tratamento, o que leva à identificação da necessidade de receberem maiores informações sobre o alcoolismo e o seu tratamento. Quanto às relações familiares, verifica-se que elas são, na maioria das vezes, conturbadas. Os filhos afastam-se dos pais alcoolistas por medo e vergonha, algumas esposas estão sempre considerando a possibilidade de separação como única forma de solucionar o problema, relatando também que há prejuízos para a vida conjugal. Ainda constata-se que a maioria das famílias evita falar do alcoolismo com os demais familiares isolando-se diante do problema. Os familiares revelaram também um forte sentimento de vergonha em relação ao familiar alcoolista devido a suas atitudes constrangedoras, o que compromete sobremaneira a vida social das mesmas. Entre as maiores dificuldades enfrentadas pela família encontra-se a violência sofrida pelos familiares e suas repercussões sobre os filhos. Também estão presentes a frustração e o desgaste emocional diante da constante busca em convencer o familiar a fazer o tratamento uma vez que poucos aceitaram algum tipo de ajuda, ao longo dos anos, e nenhum se encontrava em tratamento. Diante desses resultados, a rede de apoio social seria de fundamental importância para essas famílias. Entretanto, ao se analisar a situação da rede de saúde, encontra-se a precariedade de recursos públicos de saúde na área de atenção ao alcoolismo no município em questão16 , o desconhecimento das famílias sobre os recursos existentes e a não utilização dos Grupos de Apoio para famílias e filhos de alcoolistas (Al-Anon e Alateen). Ainda em relação à rede de saúde, a Unidade de Saúde da Família é o recurso de saúde mais utilizado pelas famílias, o que leva ao seu reconhecimento como uma importante estratégia no enfrentamento do alcoolismo. Finalmente, cabe indagar como o Programa de Saúde da Família tem trabalhado com o alcoolismo na família. Certamente essa é uma questão que necessita ser analisada mais detidamente, em futuras investigações. 1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. SVS/CN/ DST/AIDS. A política do Ministério da Saúde para a atenção integral a usuários de álcool e outras drogas. Brasília (DF); 2004. 2. Carlini EA et al. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país: 2001. [on line] [citado 18 abr 2004]. Disponível em: http:/ /www.cebrid.epm.br/levantamento_brasil/parte_1.pdf 3. Laranjeira R, Pinsky I. O alcoolismo. São Paulo (SP): Contexto; 1998. 4.HillE,GauerG,GomesWB.Umaanálisesemiótico-fenomenológicadas mensagens auto-reflexivas de filhos adultos de alcoolistas. Psicologia: reflexãoecrítica. [online] 1998;[citado09 ago 2006];11(1).Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid 5. Buchele F, Marcatti M, Rabelo DR. Dependência química e prevenção à “recaída”.Texto & Contexto Enferm 2004; 1(1): 233-40. 6. Martins ACC, Pillon SC, Luis MAV. A família e sua importância a dependentes de substâncias psicoativas. In: Luis MAV, Pillon SC, organizadores. Assistência a usuários de álcool e drogas no estado de São Paulo: uma amostra de serviços e programas. Ribeirão Preto (SP): FIERP; 2004. p. 216-28.
  • 11. 670670670670670 Esc Anna Nery R Enferm 2006 dez; 10 (4): 660 - 70. Compreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na FamíliaCompreendendo o Alcoolismo na Família Filizola CLA et al Sobre os Autores 7.NascimentoMMA,SilvaHF,FilizolaCLA,PeronCJ.Intervindojuntoafamílias dealcoolistasdeumPSFdomunicípiodeSãoCarlos.Resumosdostrabalhos apresentadosno8ºEncontrodePesquisadoresemSaúdeMental.7º Encontro deEspecialistasemEnfermagemPsiquiátrica;2004abr5-8;RibeirãoPreto (SP),Brasil.RibeirãoPreto(SP):EERP;2004.p.215. 8. Whight LM, Leahey M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação e intervenção na família. São Paulo (SP): Roca; 2002. 9. Zuse AS,Rossato VMD, Backes,VMS. Genetograma: um instrumento de trabalho na compreensão sistêmica de vida. Rev Latino-Am Enfermagem 2002 maio/jun; 10 (3): 308-20. 10. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo (SP):Hucitec/ ABRASCO; 1992. 11. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo (SP): Ed 70; 1977. 12. Pinto EF, Pillon SC. Alcoolismo e violência doméstica. In: Luis MAV, Pillon SC, organizadores. Pesquisas sobre a prática da assistência a usuários de álcool e drogas no estado de São Paulo. Ribeirão Preto (SP): FIERP; 2004, p. 79-94. 13. Dessen MA, Braz MP. Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: teoria e pesquisa 2000 set-dez; 16 (3): 7-14. 14.VarotoVAG.Equandoadependênciachegar?[tesededoutorado].São Carlos(SP):DepartamentodeEngenhariadeProdução/UFSCar;2005. 15.GriepRH.Confiabilidadeevalidadedeinstrumentosdemedidaderede socialeapoiosocialutilizadosnoestudoPró-Saúde.[tesededoutorado]. RiodeJaneiro(RJ):EscolaNacionaldeSaúdePública/FGV;2003. Recebido em 26/10/2006 Reapresentado em 26/11/2006 Aprovado em 29/11/2006 CarCarCarCarCarmen Lúciamen Lúciamen Lúciamen Lúciamen Lúcia AlvAlvAlvAlvAlves Filizes Filizes Filizes Filizes Filizolaolaolaolaola Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP Camila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus PerónCamila de Jesus Perón Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP Mariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do NascimentoMariana Montagner Augusto do Nascimento Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP Sofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost PavariniSofia Cristina Iost Pavarini Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP JJJJJosé Fosé Fosé Fosé Fosé Fererererernando Pnando Pnando Pnando Pnando Petrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filhoetrilli Filho Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP 16. Tagliaferro P, Andrade AS, Filizola CLA. Rede de suporte social para famílias de usuários com transtorno mental do município de São Carlos. Resumos dos trabalhos apresentados no 13º Simpósio Internacional de IniciaçãoCientíficadaUSP-SIICUSP;2005nov10-11;RibeirãoPreto(SP), Brasil.RibeirãoPreto(SP):USP;2005. p.111.