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CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA DE MACAÚBA EM COMUNIDADES
DO ESTADO DE MINAS GERAIS
CAMILLA FERREIRA LÔBO1
, TITO CARLOS ROCHA DE SOUSA2
, JOZENEIDA LÚCIA
PIMENTA DE AGUIAR1
, LEO DUC HAA CARSON SCHWARTZHAUPT DA CONCEIÇÃO2
,
NILTON JUNQUEIRA TADEU VILELA2
, MARCIA APARECIDA DE SOUZA1
INTRODUÇÃO
A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lood. ex Mart.) é uma palmeira arborescente
perene, frutífera, nativa de florestas tropicais, com ampla distribuição geográfica que ocorre do sul
do México até ao sul do Brasil, Paraguai e Argentina (MORCOTE-RIOS & BERNAL, 2001).
Dentre as palmeiras nativas é considerada a de maior disseminação no território brasileiro e de
ampla distribuição pelas áreas do cerrado com as maiores concentrações localizadas nos estados de
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (BONDAR, 1964; SILVA, 1994;
HENDERSON ET AL., 1995). A exploração de produtos florestais é uma alternativa valiosa para
as populações rurais que tradicionalmente dependem dos mesmos para subsistência. Posicionada no
grupo de espécies que apresentam altos rendimentos de óleo por hectare, a macaúba, a cada dia,
ganha contornos de realidade concreta como fonte alternativa de matéria prima para produção de
biodiesel. Assim, objetivou-se neste trabalho caracterizar os locais onde se coleta macaúba nos
municípios mineiros de Abaeté, Carmo do Paranaíba, Jaboticatubas e Jequitibá.
MATERIAIS E MÉTODOS
O levantamento de informações ocorreu no período compreendido entre dezembro de 2011
e março de 2012, realizada por meio de entrevista com 13 coletores, nos municípios mineiros de
Abaeté, Carmo do Paranaíba, Jaboticatubas e Jequitibá. Foi utilizado um roteiro semi estruturado
com 29 perguntas abertas e questionamentos a respeito do local de coleta dos frutos. Os coletores
foram abordados em suas propriedades, iniciando-se pela apresentação dos entrevistadores e o
objetivo da pesquisa. Para a análise dos dados obtidos foi utilizado recursos da estatística descritiva,
por meio da classificação de dados em tabelas e em gráficos, considerando a distribuição de
freqüências.
1
Bolsista CNPq/ Embrapa Cerrados, kmillalobo@gmail.com; jozeneida@gmail.com; marciasouzajr@gmail.com.
2
Pesquisadores Embrapa Cerrados, tito.carlos@embrapa.br; leo.carson@embrapa.br; nilton.junqueira@embrapa.br.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tempo gasto por cada entrevista variou de 09 a 58 minutos Dos 13 coletores
entrevistados, 38,5% são do município de Jequitibá, 30,8% de Carmo do Paranaíba, 23,1% de
Jaboticatubas e 7,7% são de Abaeté (Tabela 1). Foi observado que a colheita dos frutos realizada no
período de setembro a abril, o período máximo de colheita ocorre nos meses de: dezembro (30,5%),
novembro (21,5%), janeiro (21%) e fevereiro (16,5%); e com menor intensidade em março (5,5%),
outubro (3%), abril (1%) e setembro (1%). Os meses de maior colheita coincidem com os períodos
de maior frutificação e amadurecimento dos frutos dos maciços (Figura 1). A coleta do coco de
macaúba em sua maioria (61,5%) é feita em área de pastagem e cultura 23,1% coletam em área de
pastagem nativa, (7,7%) em área de floresta e (7,7%) em área de cultura (Figura 2). O cultivo
consorciado de pastagem com palmeiras tem sido uma alternativa de melhoria e manutenção da
fertilidade do solo, uma vez que a presença do componente arbóreo e da biodiversidade constituinte
no sistema agroflorestal contribui significativamente no aporte de nutrientes no solo (PENEREIRO,
1999; SILVEIRA, 2007). Foi observado que as culturas consorciadas com macaúba são: Milho
(23,1%), Cana (15,4%), Feijão (7,7%), Hortaliças (7,7%) e Maracujá (7,7%), sendo que 38,5% não
informaram qual o cultivo associado com a macaúba nativa, (Figura 4). A macaúba em sua maioria
é coletada em propriedade de terceiros (30,8%), onde geralmente o coletor paga uma taxa ao
proprietário da terra que pode chegar até R$ 40,00 referente ao imposto que pagam da terra ou até
mesmo é pago com troca de serviços. Em relação ao local de coleta, 38,5% realizam na própria
propriedade, 23,1% coletam na própria propriedade e em propriedade de terceiros e 7,7% coletam
em área de terceiros e em área comunal, (Figura 4).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A caracterização dos locais de coleta de macaúba em municípios mineiros permitiu
verificar que, pastagem e culturas de cana, feijão, hortaliças, maracujá e milho consorciadas com
macaúba é predominante nas áreas de coleta. Foi verificado que toda a produção de macaúba nos
municípios estudados é feita por meio do extrativismo, sendo essa prática adotada de maneira
sustentável ou não. A coleta é feita para o incremento da renda no período da safra de setembro a
abril. A forma de obtenção da macaúba depende exclusivamente da atividade extrativista sendo
conhecida ou não, formalmente pelos órgãos públicos ambientais e do setor agrícola em Minas
Gerais. O extrativismo da macaúba é uma importante fonte de renda para as populações rurais
estudadas, principalmente essas de menor poder aquisitivo, que têm no extrativismo um meio de
complementar a renda familiar no período da safra. O extrativismo é também uma alternativa para a
conservação da espécie, o que a torna economicamente atrativa. Sendo assim, a falta de recursos
financeiros e a falta de informações técnicas e científicas e de elaboração dos planos de manejo
inviabilizam a possibilidade de obter o fruto da macaúba com melhor qualidade. Neste aspecto,
cabe ressaltar a importância de se realizar estudos para o desenvolvimento de técnicas e tecnologia
para extração, beneficiamento e controle de qualidade fitossanitária. Aparentemente a exploração
macaúba em conjunto com outras atividades econômicas, como agricultura e pecuária, pode
contribuir para a transformação da atual realidade dos extrativistas. A coleta de frutos, entretanto,
requer que os diferentes segmentos da sociedade atuem em conjunto e busquem melhorias como,
por exemplo, na qualificação de mão-de-obra para diminuir as dificuldades do baixo rendimento de
forma que, que a atividade se transforme em um fator de renda e inclusão social.
REFERÊNCIAS
BONDAR, G. Palmeiras do Brasil. São Paulo: Instituto de Botânica, São Paulo, n:2, p. 50-554,
1964.
MOTTA, P. E. F.; CURI, N.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da
Macaúba em Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37: 1023-1031,2002.
MORCOTE-RIOS, G. & BERNAL, R. Remains of palms (Palmae) at archaeological sites in the
New Word: a review. The Botanical Review, New York, v.67, n.3, p.309-350, 2001.
TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1 - Distribuição dos coletores nos municípios mineiros.
Municípios Números de entrevistados Percentual (%)
Abaeté 1 7,7
Carmo do Paranaíba 4 30,8
Jaboticatubas 3 23,1
Jequitibá 5 38,4
Total 13 100,0
Figura 1 - Percentual de macaúba coletada no período de Setembro a Abril, nos municípios
estudados.
Figura 2 - Percentual do ambiente onde acontece a coleta de macaúba.
Figura 3 - Percentual de culturas consorciadas com de macaúba.
Figura 4 - Local onde coleta-se macaúba.
AGRADECIMENTOS
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Petróleo Brasileiro S.A. e Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento e pela concessão de bolsa.

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Caracterização dos locais de coleta de macaúba em comunidades mineiras

  • 1. CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE COLETA DE MACAÚBA EM COMUNIDADES DO ESTADO DE MINAS GERAIS CAMILLA FERREIRA LÔBO1 , TITO CARLOS ROCHA DE SOUSA2 , JOZENEIDA LÚCIA PIMENTA DE AGUIAR1 , LEO DUC HAA CARSON SCHWARTZHAUPT DA CONCEIÇÃO2 , NILTON JUNQUEIRA TADEU VILELA2 , MARCIA APARECIDA DE SOUZA1 INTRODUÇÃO A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lood. ex Mart.) é uma palmeira arborescente perene, frutífera, nativa de florestas tropicais, com ampla distribuição geográfica que ocorre do sul do México até ao sul do Brasil, Paraguai e Argentina (MORCOTE-RIOS & BERNAL, 2001). Dentre as palmeiras nativas é considerada a de maior disseminação no território brasileiro e de ampla distribuição pelas áreas do cerrado com as maiores concentrações localizadas nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (BONDAR, 1964; SILVA, 1994; HENDERSON ET AL., 1995). A exploração de produtos florestais é uma alternativa valiosa para as populações rurais que tradicionalmente dependem dos mesmos para subsistência. Posicionada no grupo de espécies que apresentam altos rendimentos de óleo por hectare, a macaúba, a cada dia, ganha contornos de realidade concreta como fonte alternativa de matéria prima para produção de biodiesel. Assim, objetivou-se neste trabalho caracterizar os locais onde se coleta macaúba nos municípios mineiros de Abaeté, Carmo do Paranaíba, Jaboticatubas e Jequitibá. MATERIAIS E MÉTODOS O levantamento de informações ocorreu no período compreendido entre dezembro de 2011 e março de 2012, realizada por meio de entrevista com 13 coletores, nos municípios mineiros de Abaeté, Carmo do Paranaíba, Jaboticatubas e Jequitibá. Foi utilizado um roteiro semi estruturado com 29 perguntas abertas e questionamentos a respeito do local de coleta dos frutos. Os coletores foram abordados em suas propriedades, iniciando-se pela apresentação dos entrevistadores e o objetivo da pesquisa. Para a análise dos dados obtidos foi utilizado recursos da estatística descritiva, por meio da classificação de dados em tabelas e em gráficos, considerando a distribuição de freqüências. 1 Bolsista CNPq/ Embrapa Cerrados, kmillalobo@gmail.com; jozeneida@gmail.com; marciasouzajr@gmail.com. 2 Pesquisadores Embrapa Cerrados, tito.carlos@embrapa.br; leo.carson@embrapa.br; nilton.junqueira@embrapa.br.
  • 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO O tempo gasto por cada entrevista variou de 09 a 58 minutos Dos 13 coletores entrevistados, 38,5% são do município de Jequitibá, 30,8% de Carmo do Paranaíba, 23,1% de Jaboticatubas e 7,7% são de Abaeté (Tabela 1). Foi observado que a colheita dos frutos realizada no período de setembro a abril, o período máximo de colheita ocorre nos meses de: dezembro (30,5%), novembro (21,5%), janeiro (21%) e fevereiro (16,5%); e com menor intensidade em março (5,5%), outubro (3%), abril (1%) e setembro (1%). Os meses de maior colheita coincidem com os períodos de maior frutificação e amadurecimento dos frutos dos maciços (Figura 1). A coleta do coco de macaúba em sua maioria (61,5%) é feita em área de pastagem e cultura 23,1% coletam em área de pastagem nativa, (7,7%) em área de floresta e (7,7%) em área de cultura (Figura 2). O cultivo consorciado de pastagem com palmeiras tem sido uma alternativa de melhoria e manutenção da fertilidade do solo, uma vez que a presença do componente arbóreo e da biodiversidade constituinte no sistema agroflorestal contribui significativamente no aporte de nutrientes no solo (PENEREIRO, 1999; SILVEIRA, 2007). Foi observado que as culturas consorciadas com macaúba são: Milho (23,1%), Cana (15,4%), Feijão (7,7%), Hortaliças (7,7%) e Maracujá (7,7%), sendo que 38,5% não informaram qual o cultivo associado com a macaúba nativa, (Figura 4). A macaúba em sua maioria é coletada em propriedade de terceiros (30,8%), onde geralmente o coletor paga uma taxa ao proprietário da terra que pode chegar até R$ 40,00 referente ao imposto que pagam da terra ou até mesmo é pago com troca de serviços. Em relação ao local de coleta, 38,5% realizam na própria propriedade, 23,1% coletam na própria propriedade e em propriedade de terceiros e 7,7% coletam em área de terceiros e em área comunal, (Figura 4). CONSIDERAÇÕES FINAIS A caracterização dos locais de coleta de macaúba em municípios mineiros permitiu verificar que, pastagem e culturas de cana, feijão, hortaliças, maracujá e milho consorciadas com macaúba é predominante nas áreas de coleta. Foi verificado que toda a produção de macaúba nos municípios estudados é feita por meio do extrativismo, sendo essa prática adotada de maneira sustentável ou não. A coleta é feita para o incremento da renda no período da safra de setembro a abril. A forma de obtenção da macaúba depende exclusivamente da atividade extrativista sendo conhecida ou não, formalmente pelos órgãos públicos ambientais e do setor agrícola em Minas Gerais. O extrativismo da macaúba é uma importante fonte de renda para as populações rurais estudadas, principalmente essas de menor poder aquisitivo, que têm no extrativismo um meio de complementar a renda familiar no período da safra. O extrativismo é também uma alternativa para a conservação da espécie, o que a torna economicamente atrativa. Sendo assim, a falta de recursos financeiros e a falta de informações técnicas e científicas e de elaboração dos planos de manejo
  • 3. inviabilizam a possibilidade de obter o fruto da macaúba com melhor qualidade. Neste aspecto, cabe ressaltar a importância de se realizar estudos para o desenvolvimento de técnicas e tecnologia para extração, beneficiamento e controle de qualidade fitossanitária. Aparentemente a exploração macaúba em conjunto com outras atividades econômicas, como agricultura e pecuária, pode contribuir para a transformação da atual realidade dos extrativistas. A coleta de frutos, entretanto, requer que os diferentes segmentos da sociedade atuem em conjunto e busquem melhorias como, por exemplo, na qualificação de mão-de-obra para diminuir as dificuldades do baixo rendimento de forma que, que a atividade se transforme em um fator de renda e inclusão social. REFERÊNCIAS BONDAR, G. Palmeiras do Brasil. São Paulo: Instituto de Botânica, São Paulo, n:2, p. 50-554, 1964. MOTTA, P. E. F.; CURI, N.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da Macaúba em Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37: 1023-1031,2002. MORCOTE-RIOS, G. & BERNAL, R. Remains of palms (Palmae) at archaeological sites in the New Word: a review. The Botanical Review, New York, v.67, n.3, p.309-350, 2001. TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1 - Distribuição dos coletores nos municípios mineiros. Municípios Números de entrevistados Percentual (%) Abaeté 1 7,7 Carmo do Paranaíba 4 30,8 Jaboticatubas 3 23,1 Jequitibá 5 38,4 Total 13 100,0 Figura 1 - Percentual de macaúba coletada no período de Setembro a Abril, nos municípios estudados.
  • 4. Figura 2 - Percentual do ambiente onde acontece a coleta de macaúba. Figura 3 - Percentual de culturas consorciadas com de macaúba. Figura 4 - Local onde coleta-se macaúba. AGRADECIMENTOS Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Petróleo Brasileiro S.A. e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento e pela concessão de bolsa.