Os custos com colheita e pós-colheita de café arábica aumentaram 6,37% no último ano. A produção manual tem custo 34% maior que a mecanizada. Os defensivos influenciaram o aumento de 5,18% no Custo Operacional Total do café conilon no primeiro trimestre de 2015.
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Ativos cafe-março2015
1. Ano 9 - Edição 20 - Março de 2015
Custos com colheita e pós-colheita sobem 6,37%
em um ano
Produção de arábica com manejo manual tem COT
34% superior ao manejo mecanizado
Participação da colheita e pós-colheita no COE
Os custos com a colheita e a pós-colheita
na cafeicultura brasileira aumentaram
6,37% no período de abril de 2014 e
março deste ano.
No mês passado, estas etapas do pro-
cesso produtivo custaram aproximada-
mente, em média, R$119,42/saca para o
produtor de café arábica. Nos municípios
que realizam a colheita manualmente,
Manhumirim (MG) teve o maior custo,
de R$221,64/saca, o que correspondeu
a 51,33% do Custo Operacional Efetivo
(COE) da atividade na região. Em segui-
da, aparece o município de Abatiá (PR),
com um custo de R$214,69/saca, o equi-
valente a 53,75% do COE.
Entre as regiões com colheita mecaniza-
da, Capelinha (MG) apresentou os maio-
res custos. No município, a colheita e a
pós-colheita contribuíram com R$98,54/
saca em março/2015. O município de
Franca (SP) veio em seguida, com um
custo de R$83,48/saca. Estes valores re-
presentaram 32,68% e 28,49% do COE
nestas regiões, respectivamente.
Na produção de café conilon, colheita e
pós-colheita responderam por 39,79%
do COE em março/2015. Em abril/2014,
a participação era de 38,58%, em média,
o que representava R$78,00/saca, apro-
ximadamente. No mês passado, este va-
lor subiu para R$84,00/saca.
A dependência de trabalhos manuais na
produção de café arábica interfere dras-
ticamente no custo operacional unitário.
A topografia das diferentes regiões pro-
dutoras é decisiva para a determinação
da tecnologia utilizada. Assim, em fun-
O maior custo com colheita e pós-co-
lheita entre os produtores de conilon foi
observado em Jaguaré (ES), onde a des-
pesa com este grupo totalizou R$ 85,20/
saca em março/2015. Em Cacoal (RO), o
valor observado foi de R$79,86/saca em
março. Em Itabela (BA), o custo foi de
R$73,27/saca.
Visto que muitos produtores já se
preparam para colher seus cafés, ou
já estão colhendo, no caso de algumas
ção desta característica, principalmente,
algumas diferenças na composição do
Custo Operacional Total (COT) podem
ser justificadas.
Em média, a diferença no COT entre o
regiões produtoras de conilon, deve-
se ter cautela no planejamento e na
execução desta etapa produtiva. Sua
expressividade nos custos de produção
influencia diretamente as margens
de lucro. A fim de gerenciar os custos
gerados, o escalonamento da colheita
deve ser minucioso. Além disso, os
produtores devem seguir boas práticas
de pós-colheita, pois os diferenciais
de preços para cafés melhores estão
elevados.
manejo manual e o mecanizado em ja-
neiro deste ano era de 32%. Com o re-
ajuste salarial de 2015, esta diferença
subiu para 34% em fevereiro e março.
Considerando o manejo semimecani-
zado, a diferença no COT em relação ao
Elaboração: CIM/UFLA
2. 2Ano 9 - Edição 20 - Março de 2015
No primeiro trimestre de 2015, o Custo
Operacional Total (COT) nos municípios
produtores de café conilon teve alta de
5,18%, em média. Em Itabela (BA), o
COT ficou em R$220,14/saca. Em Caco-
al (RO) e Jaguaré (ES), R$234,55/saca e
R$243,21/saca, respectivamente. As ele-
vações nos custos dos defensivos agríco-
las e fertilizantes, além do reajuste sala-
rial, contribuíram para este cenário.
Em média, os defensivos apresentaram
custos 5,89% mais altos em março/2015.
Em Cacoal (RO), ficaram 25,97% mais
caros. Em Itabela (BA) e Jaguaré (ES),
subiram 6,98% e 2,48%, respectivamen-
te. No primeiro município, este grupo
contribuiu com R$3,58/saca no COE. Os
demais contribuíram com R$9,69/saca
e R$18,31/saca. Assim, estes valores re-
presentaram, respectivamente, 1,74%,
5,18% e 8,95% do COE em cada municí-
pio.
Os fertilizantes ficaram 0,38% mais caros,
em média. No Espírito Santo, o aumento
foi de 0,06%. Em Rondônia, a alta foi de
0,75%, e na Bahia, de 3,23%. Os custos
com fertilizantes contribuíram com R$
30,36/saca em Jaguaré, R$ 32,59/saca
em Cacoal e R$ 47,21/saca em Itabela.
Comparando os custos com defensivos
e fertilizantes entre abril/2014 e mar-
ço/2015, entretanto, observa-se redução
em Cacoal e Jaguaré. Onde os defensivos
caíram 3,53% e 4,34%, respectivamente.
Também os fertilizantes tiveram retração
de 9,31% e 10,92%, nas duas regiões.
Apenas no município de Itabela houve
aumento destes custos neste período. Os
defensivos ficaram 8,45% mais caros, e
os fertilizantes subiram 2,97%.
Defensivos influenciam alta no COT do café conilon
no primeiro trimestre
manejo manual nestes últimos dois me-
ses foi de 1%, aproximadamente.
O COT médio da produção com manejo
considerado manual em março/2015 foi
de R$472,01 por saca, enquanto no me-
canizado o custo total foi de R$353,54.
No manejo semimecanizado, o COT foi
de R$466,53 por saca.
A maior participação no COT de regiões
com produção manual é do grupo de
colheita e pós-colheita. Em regiões me-
canizadas, a maior participação é dos
fertilizantes. Nestas últimas, as depre-
ciações de máquinas, implementos e
benfeitorias merecem destaque, pois são
superiores quando comparadas às situa-
ções manuais. Desta forma, a queda do
Custo Operacional Efetivo (COE) ocorre
em maior proporção que o COT, quando
comparadas ao manejo manual.
Entre os municípios com produção ma-
nual, Guaxupé (MG) apresentou o maior
COT em março/2015: R$501,28 por saca.
Os municípios de Santa Rita do Sapucaí
(MG) e Manhumirim (MG) aparecem em
seguida, com R$473,71/saca e R$469,97/
saca, respectivamente. A produção semi-
mecanizada em Abatiá (PR) apresentou
COT de R$466,53 por saca. Entre as pro-
duções mecanizadas, o menor custo de
produção foi verificado em Luís Eduardo
Magalhães (BA), que apresentou COT de
R$238,04 por saca. O COT, em Franca
(SP), foi de R$378,65 e, em Monte Car-
melo (MG), R$356,21 por saca.
Dos diferentes tipos de manejo, aqueles
considerados mecanizados fazem uso
da mecanização (máquinas automoto-
ras, por exemplo, trator e colhedoras)
nas atividades de condução da lavoura e
nas de colheita. Nos semimecanizados, a
mecanização é utilizada na condução da
lavoura, mas não na colheita. No manu-
al, não existem atividades realizadas por
máquinas automotoras. É importante
lembrar que as máquinas acopladas ao
corpo humano (“costais”), neste caso,
não caracterizam um processo produtivo
como mecanizado.
COT da cafeicultura de acordo com o tipo de manejo
Elaboração: CIM/UFLA
Elaboração: CIM/UFLA
3. 3Ano 9 - Edição 20 - Março de 2015
Boletim Ativos do Café é um boletim elaborado
pela Superintendência Técnica da CNA e Centro de
Inteligência em Mercados (CIM) - da Universidade
Federal de Lavras (UFLA).
Reprodução permitida desde que citada a fonte.
SGAN - Quadra 601 - Módulo K - Brasília/DF
(61) 2109-1419 | cna.comunicacao@cna.org.br
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E
PECUÁRIA DO BRASIL
Segundo o Bureau de Inteligência Com-
petitiva do Café, várias empresas estão
apoiando os cafeicultores africanos. São
diversas iniciativas, que oferecem desde
mudas para renovação de lavouras até
assistência técnica e treinamento aos
produtores. Além disso, vários governos
do continente criaram planos de reno-
vação e ampliação da cafeicultura. Essas
ações devem ser monitoradas, já que um
possível aumento da competitividade
da cafeicultura africana poderia afetar
diretamente a cadeia produtiva brasilei-
ra. Desta forma, os dados de produção
daquele continente nos últimos 10 anos
foram analisados e comparados aos do
Brasil, de modo a identificar se ocorre-
ram alterações expressivas.
A África produz grãos das duas principais
espécies comerciais. No entanto, dados
do Departamento de Agricultura dos Es-
tados Unidos (USDA) mostram que, entre
as safras 2004/2005 e 2013/2014, houve
uma pequena redução no volume colhi-
do de café robusta (-0,89%), o que coloca
o continente na contramão da tendência
global de aumento na oferta deste tipo
de grão. A produção de café arábica,
por sua vez, mostrou um incremento de
29,72%. Estes dados podem indicar que
as lavouras de robusta do continente não
são tão competitivas quanto as do Viet-
nã e do Brasil. Ao considerar a oferta de
ambas as espécies, no mesmo período, o
crescimento foi de 15,08%, com um vo-
lume de 15,48 milhões de sacas colhidas
na safra 2013/2014. Destas, 6,38 milhões
de sacas correspondem ao café robusta e
9,1 milhões ao café arábica. Segundo da-
dos do USDA, no período em questão, a
produção mundial cresceu 25,44%, o que
significa que a África perdeu participação
no mercado global.
A produção brasileira, por outro lado,
apresentou um crescimento consistente.
Segundo dados da Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab), de 2005 a
2014, a produção nacional aumentou de
32,9 milhões de sacas para 45,3 milhões,
alta de 37,65%. Considerando-se médias
bienais, o aumento foi de 37,73 milhões
(biênio 2005/2006) para 47,25 milhões
(biênio 2013/2014), o que representa um
ganho de 25,24%.
Os dados analisados demonstram que,
para a década compreendida entre 2005
e 2014, a cafeicultura brasileira foi mais
competitiva do que a cafeicultura africa-
na. Até o momento, as diversas notícias
de projetos para o desenvolvimento da
cafeicultura africana não se traduziram
em ganhos reais de produção. Apesar
disso, o monitoramento dos concorren-
tes africanos deve continuar.
Produção de robusta na África cai 0,89% na última
década, com tendência contrária à global
Fonte: USDA
Elaboração: CIM/UFLA
Produção africana (milhões de sacas)