O documento descreve a história da publicidade e propaganda no Brasil desde os primeiros anúncios impressos em 1808 até a década de 1970. Os principais pontos abordados são: o surgimento dos primeiros anúncios em jornais no início do século XIX; a popularização da propaganda impressa e do rádio nas décadas de 1920 e 1930; a expansão da televisão a partir da década de 1950 e seu impacto na publicidade.
5. Quem quiser comprar uma morada de
casas de sobrados com frente para
Santa Rita, fale com Ana Joaquina da
Silva, que mora nas mesmas casas, ou
com o Capitão Francisco Pereira
Mesquita, que tem ordem para vender
6. Este foi o primeiro anúncio publicado no
Brasil em 1808, na Gazeta do Rio de
Janeiro em 1808. Tempo do Príncipe
regente fugido de Portugal para o Rio que
tinha na época 70.000 habitantes.
7. Na sociedade Brasileira do final do século
XIX, tinha uma mercadoria valiosa que
aparecia com freqüência nos reclames:
O Negro.
8. Vende-se um creoulo de 22 anos
Sem vício e muito fiel:
bom e aceado cozinheiro, copeiro,
boleiro...
Para tratar: a Ladeira de S. Francisco n.4
9. Com o advento do
jornalismo no Brasil, a partir
de 1808, aquilo que se
fazia na Europa, em termos
de propaganda impressa,
foi logo assimilado e posto
em prática pelos periódicos
brasileiros da época, com a
venda de espaços para
informação à comunidade.
10. Estes anúncios usavam uma linguagem
simples, sem artifícios de convencimento,
que primava pela informação objetiva e era
bem adjetivada, a exemplo do que se
praticava em Portugal naquela época.
11. Os Primeiros
reclames ilustrados
com desenho e
litogravuras surgiram
em 1875 nos jornais
Mequetrefe e O
Mosquito.
12. No final do século XIX,
alguns jornais já
apresentavam páginas
inteiras de reclames.
Eram anunciantes
preocupados com a
fixação de suas marcas
ou seus produtos.
13. Os tapumes de construção serviam para
exibir letreiros e cartazes anunciando
produtos e serviços, dando origem aos
nossos atuais outdoors.
Os painéis públicos passavam a ter uma
linguagem própria, e as vezes, uma bela
ilustração, dando emprego a muitos
artistas.
14. Anos 00
O segundo tempo da
propaganda brasileira
começa em 1900, com A
Revista da Semana. A
ela se juntaram outras
bem depressa, todas com
um lindo padrão gráfico,
com influência francesa,
cultural no genérico e art-
nouveau no estilo, que se
refletia na propaganda
fortemente em peças de
bom gosto.
15. Casemiro de Abreu foi precursor do
texto publicitário e Olavo Bilac, o
príncipe dos poetas o nosso maior
free-lancer, que foram ilustrados
também por muita gente de
renome. E juntos, deram o tom de
época e se projetaram para o
futuro.
Com poetas escrevendo anúncios,
tivemos anúncios rimados. A rima
ajuda a guardar, reter, ouvir
cadenciado, rimado, para depois
lembrar. Feito letra de música. A
nossa propaganda foi e é assim.
16. Anos 10
Mas o negócio publicitário ainda era
marginal. Só em 1913 ou 1914, foi
surgir em São Paulo a primeira
agência de propaganda: Castaldi&
Bennaton, futura Eclética.
Estávamos nas vésperas da I grande
guerra, e apesar do quadro pouco
favorável, no final da guerra já
tínhamos 5 agências funcionando em
SP.
17. Anos 20
Durante os anos 20, elas
floresceram num período de enorme
impulso, a partir do aparecimento de
anunciantes regulares em grandes
campanhas.
Bayer, Biotônico Fontoura, Parc
Royal e Bromil.
É uma época de verdadeiras obras
prima da criação, como Jeca
Tatuzinho criado por Monteiro
Lobato para uma campanha do
Biotônico Fontoura.
18. O primeiro grande anunciante foi
a Bayer. Inúmeras campanhas
com anúncios bem ilustrados e
títulos sugestivos que inundaram
as revistas e os jornais da época.
Em 1926 chegou a GM e com ela
a influência americana na
propaganda, que nos acompanha
até hoje. Quando chegou no
Brasil a GM preferiu montar uma
house, reunindo os melhores
profissionais do mercado.
19. Somente em 1929, com a
chegada da J. W.
Thompson no Brasil é
que a GM entregou sua
conta para uma agência. A
Thompson chegou a
atender a conta de várias
marcas estrangeiras que
já atuavam no Brasil como
a Chevrolet, Colgate e
Nestlé.
22. Sabonete Batatal
Sua chegada oficial no
Brasil se deu em 1922 na
semana da
Independência e no ano
que ocorreu a Semana de
Arte Moderna (movimento
cultural que revolucionou
a arte moderna no Brasil).
23. Talco Roos
Com o rádio veio a música e
com a música vieram os
jingles e os spots.
Rádio Phonógrafo Semp
24. Anos 30
A década de 30 começou
tumultuada, a partir da queda
da bolsa em 1029, gerando
grande crise mundial. As
dificuldades eram muitas, os
parques gráficos eram ruins, e
muitas vezes os anúncios não
passavam de imensos borrões.
Mas felizmente havia o rádio, a
alegre novidade que seria a
tônica dos anos 30.
O rádio vinha trazer um novo
campo de atuação publicitária,
uma nova mídia,
transformando-se rapidamente
num grande veículo
publicitário.
GE
Máquina de lavar
Gordine
25. Em 1933, só no RJ, já existiam 50 mil receptores de rádio. Já estávamos
diante de um veículo que conseguiu atingir um número de audiência nunca
antes imaginado. Era a Comunicação de Massa.
O rádio assumiu uma importância tão grande, que uma agência nacional, a
Standart, inaugurou os seus estúdios próprios para gravar novelas jingles
e spots patrocinados pelos seus clientes.
Foi também na década de 30 que chegaram ao Brasil importantes
agências internacionais como a Mc Cann – Erickson, que entregou a
direção da agência para o brasileiro Armando de Moraes Sarmento, que
chegou ao mais alto cargo na publicidade mundial.
26. Anos 40
Ao começar a II Grande Guerra Mundial em 1940, o Radio já
era notícia. E as chamadas do Repórter Esso, o primeiro a
dar as últimas, traziam o mundo e a guerra para dentro das
casas.
A guerra veio e passou. Mas deixou um rastro de destruição,
inclusive para a propaganda brasileira, que sentiu seus
efeitos através das muitas limitações das importações,
diminuindo o número de produtos a serem anunciados, já
que a indústria brasileira ainda não podia suprir o mercado
com produtos similares.
Resultado: as agências ficavam com capacidade ociosa, os
anúncios ficaram escassos e usavam como tema básico, as
motivações da guerra.
EucatexChevrolet
27. Mais tarde, quando o Brasil seguiu o único
caminho que lhe indicava a consciência do povo,
a propaganda se engajou na luta contra o nazi-
facismo.
Nos anos 40, os jingles surgem com toda a força
“Melhoral, Melhoral, é melhor e não faz mal” ou
“Magnésia Leitosa, gostosa, fiel, Magnésia
Leitosa, Orlando Rangel”. A chegada de novas
marcas aumenta a concorrência e é aí que se
começa a falar de Marketing agregado a
propaganda.
Colgate VASP
28. Despertados pela concorrência lançamos o crediário e o
loteamento, ou seja, o financiamento de quaisquer bens de
consumo (carros, roupas, eletrodomésticos, casas e
apartamentos).
Basta ser um rapaz direto
para ter um crédito n’A
Exposição
Depois de uma época economicamente muito conturbada
pelos efeitos da Guerra, na segunda metade da década o
comércio começa a se aquecer e o surto da industrialização
vai se consolidando e diversificando.
Variant
29. Com o crescimento da indústria brasileira e o
conseqüente crescimento do mercado
publicitário, começa a haver uma real
necessidade de uma regulamentação do
exercício da propaganda.
Em 1949 foi fundada a ABAP (Associação
Brasileira das Agências de Propaganda) e
aconteceu o primeiro congresso brasileiro de
Propaganda onde foi aprovado o Código de
Ética dos Profissionais de Propaganda.
Cica
30. Anos 50
A televisão chegou no Brasil pelas mãos do polemico e
visionário Assis Chateubriand, dono do primeiro império das
tele-comunicações do país, e que sonhava implantar aqui a
quarta estação de televisão do mundo e a primeira da
América latina.
A TV Tupi nasceu no dia 18
de setembro de 1950, às 21
horas, na cidade de São
Paulo.
E foi assim, com base em sonhos, garra e muito improviso
que a televisão brasileira foi inaugurada oficialmente.
31. A TV no Brasil começou com muita tensão,
improviso e atraso, tudo por conta de 1 das
3 câmeras que previstas para a estréia, ter
quebrado na ultima hora. Tendo,
provavelmente, mais gente atrás das
câmeras que diante delas.
32. A TV no Brasil nasceu do radio, com seus
profissionais, técnicos e artistas. Sua
programação era muito parecida com o
radio só que com imagens em movimento.
Era um espaço colossal manter
praticamente 14 horas de programação ao
vivo, com Cassiano Gabus Mendes
comandando o espetáculo.
34. No principio, o modelo de televisão
brasileira era o americano, onde os nossos
profissionais iam fazer os cursos técnicos
para implantar a TV brasileira, mas aos
poucos fomos implantando o nosso
“jeitinho” e descobrindo novas técnicas
através do improviso e capacidade de
achar soluções para novos problemas.
36. Nossa primeira leva de profissionais da TV veio
da rádio, depois começamos a importar e
incorporar os do teatro e do cinema.
O cinema era seu principal concorrente, pois
haviam pouco mais de 2.000 aparelhos de
televisão no Brasil e só os ricos podiam adquirir.
Aos poucos a tecnologia foi se aprimorando e os
aparelhos foram ficando com um preço mais
acessível e, e juntamente com um grande
incentivo do apelo da propaganda a TV brasileira
foi ganhando audiência.
Quinzinho o ousado
37. A televisão é o novo que chega
e, rapidamente se instala,
trazendo em sua linguagem
audiovisual imediata e acessível.
Os primeiros comerciais eram
feitos ao vivo e, na sua maioria,
não passavam de
demonstrações de produtos,
carinhosamente alisados,
enquanto as anunciadoras
declamavam suas virtudes.
Criando um dos poucos mitos
da publicidade brasileira: A
garota propaganda.
Começamos uma nova era
eletrônica.
38.
39. Na medida em que a televisão vai
ganhando forças, os patrocinadores
começam a aparecer e é assim que surge
uma outra inovação da televisão brasileira
que surgiu da necessidade de divulgar a
marca dos patrocinadores:
o Repórter Esso, que já fazia um enorme
sucesso no rádio e foi absorvido pela TV
com 17 anos de sucesso.
40. Era uma época de grandes verbas e grandes
salários.
Os veículos começaram a se esforçar para uma
melhora e o rádio parte para a solução Música e
notícia.
A Revista Manchete aparece permitindo o
anúncio em cores.
Surgem o Outdoor e as revistas especializadas.
A capital do país se mudou para Brasília e a
criatividade passou a ser o nome do jogo.
41. Anos 60
Nos anos 60 vamos encontrar uma
propaganda brasileira madura que compete
em pé de igualdade com o que se estava
fazendo de qualidade em todo o mundo.
42. Criação e criatividade são a tônica dos anos 60. Chegamos
ao anúncio como uma idéia global. Aos homens de
conceitos, que vêem o texto e o layout, e se preocupam com
o que poderia chamar de criatividade.
Os anúncios também deixaram de ser o único produto de
uma agência. Agora ela tinha que oferecer aos seus clientes
planos generalizados de mercadologia, envolvendo
estratégias, comercialização, promoção, distribuição,
assessoria de marketing...
43. Com o acirramento da concorrência e o
domínio da técnica a TV brasileira foi
ganhando qualidade e encerra a década de
50 com outra grande novidade, o vídeo
tape (VT).
44. A era do VT
A TV ao vivo é um
cavalo solto, depois
que ele parte não
tem como segurar as
rédeas.
Os anos 60 inauguram uma nova era da TV. É que, com a aquisição
do vídeo tape toda a programação podia agora ser pré-gravada,
testada e editada e isso gerou um salto quantitativo, muito grande na
TV brasileira.
45. Nessa época já existiam 200 mil
receptores de TV, a TV Tupi fez a primeira
transmissão em cadeia nacional, através
de um satélite da NASA, e fez o primeiro
teleteatro a usar o VT com a peça Hamlet
de William Shakespeare
46. Em 1965 inaugura a TV Globo observando
as melhores programações do mercado
como Boni, Walter Clark e Daniel Filho.
47. Anos 70
A TV como meio de manipulação
A década de 70 se inicia com a copa do mundo
sendo transmitida ao vivo e já tínhamos quatro
milhões de lares com TV.
Estávamos na pior fase da ditadura no Brasil com
uma forte censura e muita perseguição política, e
a TV devido à sua força passou a ser usada pelo
regime militar como meio de programação
ideológica (AI-5).
48. Foi Nesta época também que Janete Clair
se consagra com a novela “Irmãos
Coragem” que atinge 80% da audiência, e
os investimentos em propaganda
aumentam consideravelmente.
49. O investimento no conhecimento do público
da TV cresce cada vez mais, pois se fazia
necessário conhecer mais das demandas
do público alvo para se criar programas
específicos para cada segmento. É a fase
da profissionalização da TV. É nessa
década que tem início o movimento de
defesa do consumidor.
50. Em 1972, no dia 19 de fevereiro, é feita a
primeira transmissão em cores via
Embratel, com a festa da uva no Rio
Grande do Sul.
Surge o conceito de REDE.
51. No final da década, 1979, é extinto o AI-5 e
a TV brasileira volta a produzir programas
como “Malu Mulher”.
A publicidade se tornou cada vez mais
técnica e menos artística, baseada em
conhecimento das tecnologias que
predominam no mundo da imagem, do
som, do marketing e da produção
52. Anos 80.
A década começa com o fim da TV Tupi. E o SBT de Silvio Santos
iniciando as operações, seguido de Adolph Block inaugurando a
rede Manchete.
Em 1984, a TV brasileira adere a campanha “diretas já” pela
redemocratização do país.
Em 85 estréia “Roque Santeiro” a novela de maior sucesso da rede
Globo com 90% de audiência.
Em 1987 a TV já atinge 90 milhões de telespectadores com 31
milhões de aparelhos.
Nesta década a linguagem da publicidade se torna ainda mais
requintada com a utilização de jogo de palavras e imagens.
53. Anos 90.
A década começa com a posse de
Fernando Collor de Melo, o primeiro
presidente eleito pelo voto direto depois do
golpe de 64, que foi deposto por
impeachment anos depois.
A copa do mundo é transmitida por todas
as emissoras.
54. Surge a MTV brasileira, sendo o primeiro
canal de TV segmentada do país.
55. Acontecem as primeiras concessões de TV a
cabo no Brasil.
É também o inicio da década que as emissoras
do mundo inteiro tem recordes de audiência com
a guerra do Golfo Pérsico, com a rendição de
Sadan Hussen transmitida ao vivo para todo o
mundo.
Em 92 as emissoras transmitem ao vivo o
impeachment de Collor.
56. É inaugurado o Projac – A Central Globo
de produções no RJ,
A copa do mundo, em 98, supera o recorde
de audiência com 37 bilhões de
telespectadores.
57. O novo milênio
a TV faz 50 anos.
Quando completou
cinqüenta anos, a palavra
onipresença lhe cabia
perfeitamente. Ele já esta
em todos os lugares, em
bares, lares, praças,
escritórios, filas de bancos,
escolas e esquinas, entre os
ricos e entre os pobres
58. Atualmente, novas formas de linguagens vêem
sendo pesquisadas pelos redatores publicitários e
experts no assunto, voltados para a aplicação de
recursos lingüísticos como a semântica, a
semiótica e da retórica.
Hoje predominam a criatividade, a inovação, a
busca de recursos inusitados, tanto nos textos
quanto na ilustração, aperfeiçoada pela
tecnologia.
59. O novo milênio trouxe muitas mudanças no comportamento
social do homem. Hoje já conseguimos nos adaptar
completamente a diversos tipos de linguagens e
compreendê-las ao mesmo tempo.
A globalização é um fato social que mudou nossas vidas por
completo, aproximando o mundo e as pessoas, encurtando
distâncias e mudando até o nosso referencial de espaço-
tempo.
E isso tudo, é claro influencia na forma de nos comunicar.
60. Devido a essa nova forma, muito mais
rápida, muito mais próxima, muito mais
interativa, a propaganda também mudou.
Hoje, podemos, e devemos ousar. A
propaganda rompe novas barreiras a todo
o instante, com linguagens e propostas
diferentes e cada vez mais dirigida ao seu
público alvo.